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Caso Concreto: Caio, Tício e Mévio são servidores públicos federais exemplares, concursados do Ministério dos Transportes há quase dez anos. Certo dia, eles pediram a três colegas de repartição que cobrissem suas ausências, uma vez que sairiam mais cedo do expediente para assistir a uma apresentação de balé. No dia seguinte, eles foram severamente repreendidos pelo superior imediato, o chefe da seção em que trabalhavam. Nada obstante, nenhuma consequência adveio a Caio e Tício, ao passo que Mévio, que não mantinha boa relação com seu chefe, foi demitido do serviço público, por meio de ato administrativo que apresentou, como fundamentos, reiterada ausência injustificada do servidor, incapacidade para o regular exercício de suas funções e o episódio da ida ao balé. Seis meses após a decisão punitiva, Mévio o procura para, como advogado, ingressar com medida judicial capaz de demonstrar que, em verdade, nunca faltou ao serviço e que o ato de demissão foi injusto. Seu cliente lhe informou, ainda, que testemunhas podem comprovar que o seu chefe o perseguia há tempos, que a obtenção da folha de frequência demonstrará que nunca faltou ao serviço e que sua avaliação funcional sempre foi excelente. Como advogado, considerando o uso de todas as provas mencionadas pelo cliente, indique a peça processual adequada para amparar a pretensão de seu cliente e os fundamentos adequados. R: A peça adequada para o caso em comento seria uma petição inicial pelo rito ordinário. Não se admite a impetração de Mandado de Segurança, uma vez que Mévio pretende produzir provas, incluindo testemunhas para provar seus direitos, sendo a dilação probatória vedada no Mandado de Segurança. A petição deverá ser endereçada a um Juiz Federal de algum Estado. Sendo polo ativo da demanda Mévio e o polo passivo a União. No mérito, existe a possibilidade de análise do ato administrativo pelo Judiciário, para controle de legalidade, e o motivo alegado no ato de demissão é falso, em violação à teoria dos motivos determinantes. Além disso, cabe ressaltar que foi violado o Art. 41, § 1º, da Constituição Federal, uma vez que Mévio foi demitido do Serviço Público sem a abertura de regular processo administrativo. Vale ressaltar que Mevio não foi assegurado Princípio do contraditório e da ampla defesa, violando o devido processo legal. O ato representa violação aos princípios da isonomia. Porque Mevio é o único dos três servidores punido por ter saído mais cedo para assistir a uma apresentação de balé, e da impessoalidade, pois Mévio era alvo de perseguição pelo seu chefe. Sobre o pedido, deve conter a lesão patrimonial. Pois Mévio não recebeu seus vencimentos no período em que foi colocado arbitrariamente fora dos quadros da Administração pela demissão ilegal. Nesse sentido é a doutrina: Segundo entendimento de Francisco Xavier da Silva Guimarães, em sua obra Regime Disciplinar do Servidor Público Civil da União (Ed. Forense, 1998, p. 66), não é qualquer motivo que serve para justificar a ausência do servidor, do local de trabalho, por mais de trinta dias, só sendo aceitos aqueles que remetem a motivo de força maior, entendido, como tal, o obstáculo intransponível, de origem estranha, liberatório da responsabilidade. É necessário, segundo o autor, para ilidir o abandono de cargo, uma efetiva dirimente de responsabilidade, com ausência de culpa, diante da inevitabilidade do evento. A sujeição do servidor a constrangimento eficiente sobre ele exercido, com o fim de lhe tolher a resistência ou cercear a manifestação de vontade, caso de coação ilegal, também constitui excludente de responsabilidade, por provocar estado psíquico que anula, inteiramente, o livre arbítrio. Nesse sentido é a jurisprudência do Egrégio Tribunal: Superior Tribunal de Justiça STJ - MANDADO DE SEGURANÇA : MS 11382 DF 2006/0009611-1 Ementa PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. SERVIDOR PÚBLICO. PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR. DEMISSÃO POR ABANDONO DE CARGO. ESTUDO NO EXTERIOR. AUSÊNCIA DE RAZOABILIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO DE INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE AFASTAMENTO. RECONHECIMENTO EM AÇÃO PRÓPRIA AJUIZADA PELO PACIENTE. MANUTENÇÃO DA DEMISSÃO. ILEGALIDADE. SEGURANÇA CONCEDIDA. Superior Tribunal de Justiça STJ - MANDADO DE SEGURANÇA : MS 11382 DF 2006/0009611-1
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