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Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 1 Você no curso certo. TCM DIREITO CONSTITUCIONAL PROFESSOR IRAPUà BELTRÃO Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 2 Você no curso certo. NOSSO PROGRAMA 1. Constituição: conceito, origens, conteúdo, estrutura e classificação. Supremacia da Constituição. Interpretação, Eficácia e Aplicabilidade das Normas Constitucionais. Princípios Constitucionais. Controle da Constitucionalidade das Leis. Normas Constitucionais e Inconstitucionais. 2. Ação Direta de Declaração de Inconstitucionalidade. Ação Direta de Constitucionalidade. 3. Poder Constituinte Originário e Derivado. 4.Organização do Estado Brasileiro; divisão espacial do poder; Estado Federal; União; Estados Federados; Distrito Federal; Municípios; intervenção federal e estadual; repartição de competências. Constituição do Estado do Rio de Janeiro e Lei Orgânica do município do Rio de Janeiro. 5. Poder Legislativo. Estrutura. Funcionamento. Atribuições. Processo Legislativo. Espécies normativas. Garantias dos Parlamentares. Fiscalização Contábil, Financeira e Orçamentária. O TCU na Constituição. 6. Poder Executivo. Presidente e Vice-Presidente da República. Atribuições e Responsabilidades. Poder Regulamentar e Medidas Provisórias. 7. Poder Judiciário. Garantias. Jurisdição. Estrutura. Órgãos e Competência. Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Tribunais Regionais Federais; Juizes Federais; garantias da magistratura. 8. Funções essenciais à Justiça. 9. Ministério Público da União. Natureza. Função. Autonomia. Atribuições e Vedações Constitucionais de seus Membros. A Advocacia Pública. 10. Da Tributação e do Orçamento; Princípios básicos da Tributação e limitações ao Poder de Tributar. 11. Direitos e Garantias Fundamentais. Direitos e Deveres Individuais Difusos e Coletivos. Direitos Sociais. 12. Garantias Constitucionais. Garantias Constitucionais Individuais. Garantias dos Direitos Coletivos, Sociais e Políticos. Remédios Constitucionais. 13. Ordem Econômica e Financeira. Atividade Econômica do Estado. Princípios das Atividades Econômicas, Propriedades da Ordem Econômica. Sistema Financeiro Nacional. 14. Ordem social. 15. Da seguridade social. 16. Princípios constitucionais da seguridade social. Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 3 Você no curso certo. Teoria Geral do Direito Constitucional 1- DO DIREITO CONSTITUCIONAL Direito = sistema normativo; conjunto de regras de conduta fixadas para ordenamento da sociedade. Historicamente, separa-se, para fins didáticos, como elucidava o Professor MIGUEL REALE: “O Direito divide-se, em primeiro lugar, em duas grandes classes: As relações que se referem ao Estado e traduzem o predomínio do interesse coletivo são chamadas relações públicas, ou de Direito Público. Porém, o homem não vive apenas em relação ao Estado mas também e principalmente em ligação com seus semelhantes.(...) Essas são as relações de Direito Privado” 1. Direito Público X Direito Privado marcado pela relação havida presença Estado entre particulares Conceito “Direito Constitucional é o ramo do Direito Público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado”. Objeto – a Constituição política do Estado. No constitucionalismo antigo (até as revoluções do século XVIII), as normas constitucionais serviam para nortear as relações entre o povo e seu governo. Ali, as previsões tinham base nas raízes culturais e nos costumes locais e não possuem a característica de serem codificados em um único texto. 2- DA CONSTITUIÇÃO . Lei fundamental – organização dos seus elementos essenciais, ou seja, “conjunto de normas que organiza os elementos constitutivos do Estado”. 1 Lições Preliminares de Direito. 22ª ed, São Paulo: Ed. Saraiva, 1995, p. 04 Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 4 Você no curso certo. Por seu turno, o Estado é formado de elementos básicos que o integram: ♦ Povo ♦ Território ♦ Governo Soberano ♦ Finalidade => Bem comum Historicamente, sempre conceituou-se um Estado a partir dos seus elementos. Modernamente, diz-se que quatro são os componentes do Estado: 2.1 Povo - não existe Estado sem que haja na sua composição um contingente populacional. Se é verdade que o povo decidiu pela formação do Estado, naquilo que a Sociologia chamou de Pacto Social, não existirá Estado sem a presença mínima de um grupo de pessoas; 2.2 Território - esta quantidade indispensável de pessoas deverá estar fixada dentre de um determinado espaço físico. Toda a confusão, por exemplo, no Oriente se resolve por uma simples questão: existe uma quantidade maior de grupos étnicos do que terra para sua distribuição. A verdade é que não há povo sem um território determinado, capazes de, assim, serem entendidos como integrantes de um Estado. 2.3 Governo Soberano - ocorre que aquele povo, fixado dentro daquele território, precisa de uma terceira pessoa para regulamentar suas relações a fim de que não prevalece, por exemplo, a "lei do mais forte". Assim, o governo, dotado de poderes de império dobre os integrantes do povo, atua para dispor sobre as relações entre o componente populacional. 2.4 Finalidade - de todo modo, o governo estabelecido para regulamentar os conflitos eventualmente existentes entre os integrantes do povo, não existe como uma finalidade em si mesmo. O governo não existe por si só, a finalidade do Estado e, portanto, do governo, é o Bem Comum. Desta forma, o conceito de Estado extrai-se da conjugação dos elementos ou componentes assinalados acima. Com isso, o Estado constitui-se pela fixação de um determinado povo em um território estipulado, cujas relações serão solucionadas por um Governo dotado de Soberania, sempre atendendo ao Bem Comum dos integrantes daquele povo. Nesta esteira, a Constituição, ao organizar tais componentes constitutivos do Estado, pode ser entendida num triplo sentido: Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 5 Você no curso certo. Sociológico (1) Triplo sentido político (2) Jurídico (lógico-jurídico e jurídico-positivo) (3) (1) Visão apresentada por FERDINAND LASSALLE (O que é Constituição), na qual aquela deve representar os “fatores reais do poder”, ou seja, as forças políticas presentes num determinado grupo social que se organiza. (2) Visão apresentada por CARL SCHMITT (Teoria da Constituição). É uma decisão política fundamental e deve abordar os temas fundamentais da organização política da sociedade (forma de Estado e de governo; o sistema e regime de governo e estrutura do Estado; direitos fundamentais e alguns poucos outros). As demais regras, ainda que presentes na Constituição e que não trate destes assuntos podem ser consideradas como leis constitucionais, mas não fazem parte da Constituição em si. (3) Visão apresentada por HANS KELSEN (Teoria Pura do Direito), afirma a Constituição como uma norma superior de cumprimento obrigatório, com todas as normas e regras que ali contiver, um dever-ser. O Direito Brasileiro sempre procurou conjugar estas três visões, mas prevalece na estrutura jurídica a visão última, sobretudo pela existência de outras normas a serem produzidas a partir da Constituição. Neste sentido, a CONSTITUIÇÃO seria "o conjunto de regras concernentes à forma do Estado, à forma de governo, ao modo de aquisição e exercício do poder, ao estabelecimento de seus órgãos, aos limites de sua ação" (Kelsen), ou seja, as normas fundamentais da estrutura do Estado. Normas Constitucionais Normas Infraconstitucionais Primárias (ou Legais) e Secundárias (ou Infralegais) Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 6 Você no curso certo. 3. CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES Dada a diversidade constitucional nahistória e nos países, surgiram várias classificações, sendo que no Brasil a mais repetida é a produzida pelo Professor JOSÉ AFONSO DA SILVA 2: 3.1. quanto ao conteúdo Material ou substancial (organização total do Estado e seus elementos, com regime político, regulando a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e a competência de cada um deles e os direitos fundamentais) Formal (normas incluídas no texto, mas não seriam necessariamente parte daquela função da Constituição) 3.2 – quanto a forma Escrita (codificada, num único texto, elaborado, via de regra, por um órgão de natureza constituinte) Não escrita ou costumeira ou consuetudinária (não significa inexistir textos escritos, mas sim não estarem concentradas num único documento, além dos costumes, da jurisprudência. ex.: Constituição Inglesa ). 3.3 – quanto ao modo de elaboração ou formação Dogmática (elaborada por órgão constituinte e fixa dogmas jurídicas sendo um reflexo do pensamento jurídico dominante naquele momento) História ou costumeira (é o evoluir das tradições e cultura de um povo) 3.4 – quanto a origem Populares ou promulgadas ou democráticas (tem sua origem num órgão constituinte composto por representantes do povo, usualmente eleitos para elaborar e a Constituição => deriva assembleia popular) Outorgadas (elaborada sem a participação popular; via de regra imposta de forma arbitrária) 3.5 – quanto a estabilidade, mutabilidade, consistência (ou o processo de reforma) rígida (solenidades e exigências especiais para a modificação do texto constitucional, cujo procedimento será distinto e mais dificultoso do que aqueles exigidos para a elaboração de leis comuns) flexível (livremente modificada pela vontade do legislador comum, por isto, também chamada de plástica) semi-rígida (parte rígida e parte flexível) 2 SILVA, José Afonso. Curso de Direito Constitucional Positivo. 15ª. Ed. São Paulo: Ed Malheiros, 1998 Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 7 Você no curso certo. Estes cinco critérios sempre representaram as formas mais repetidas pela doutrina, sendo que, a partir destes, podemos assim resumir a história constitucional brasileira: Constituição Conteúdo forma elaboração Origem mutabilidade 1824 Material Escrita Dogmática Outorgada Semi-rígida 1889 Material e formal Escrita Dogmática promulgada rígida 1934 Material e formal Escrita Dogmática promulgada rígida 1937 Material e formal Escrita Dogmática Outorgada rígida 1946 Material e formal Escrita Dogmática promulgada rígida 1967 Material e formal Escrita Dogmática Outorgada rígida Emenda 19693 Material e formal Escrita Dogmática Outorgada rígida 1988 Material e formal Escrita Dogmática promulgada rígida Em relação a classificação de seu conteúdo, o histórico das Constituições Brasileiras sempre foi de conter as normas essencialmente constitucionais (tais como a organização do Estado, com a separação de poderes e das competências dos entes federativos, por exemplo), mas também de possuir dispositivos estranhos ao texto constitucional, que foram constitucionalizados em busca da segurança ou proteção contra mais fácil modificação (ex.: a previsão do art. 242, §2°, com a referência ao Colégio Pedro II). Diante da existência de vários dispositivos de natureza puramente formal, a grande maioria da doutrina prefere optar, como característica final, por afirmar que a Constituição de 1988 é de natureza FORMAL. Igualmente, alguns autores chegam a sugerir que a Constituição de 1988, em razão da existência de vários dispositivos insuscetíveis de alteração, seria classificada como SUPERRÍGIDA. Modernamente, sobretudo após a renovação do processo do constitucionalismo com a independência das últimas colônias e o fim de alguns regimes autoritários do século passado, novos critérios de classificação das Constituições passaram a ser divulgado, em especial pela obra do Professor português CANOTILHO4: 3 Alguns autores consideram a Emenda n° 01, de 1969, com uma nova Constituição, já que a mesma reescreveu todo o texto anterior 4 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Constituição Dirigente e Vinculação ao Legislador. Coimbra: Ed. Almedina Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 8 Você no curso certo. 3.6 – quanto ao seu objeto ou função ou modelo Dirigentes ou programáticas (além de disciplinar as matérias essencialmente constitucionais, apresenta metas a serem alcançadas pelos poderes ali estabelecidos, orientando o legislador ordinário num plano de evolução política; ex: Constituição Portuguesa de 1976 e Constituição Brasileira de 1988) Garantia (procura estabelecer os princípios fundamentais com amplo espaço de interpretação; ex. Constituição dos EUA) Balanço (documento típico nos países que passam por processos de ruptura já que pretende preparar uma transição para uma nova etapa social; ex: Constituição Soviética) 3.7 - Quanto à extensão5: concisa (ou sintética) - dispõe apenas, de forma sucinta, sobre os aspectos fundamentais do Estado e os princípios gerais. prolixa (ou analítica) - trata de detalhes do ordenamento jurídico que poderia, a princípio estar em normas ordinárias. Estas Constituições representam cada vez mais a experiência dos países e tem se multiplicado, incluindo-se aí a atual Constituição Brasileira. 3.8 – quanto a ideologia eclética - linha política indefinida, equilibra princípios ideológicos. Ex. Carta Brasileira de 1988 ortodoxa - linha política bem definida, traduz apenas uma ideologia. Assim, podemos encaixar tanto a Constituição de Cuba como a dos EUA Nestas perspectivas, podemos assim caracterizar a Constituição de 1988, de acordo com os clássicos critérios: Formal Escrita Dogmática promulgada rígida E utilizando os parâmetros e mais novos critérios: analítica dirigente eclética 5 Classificação dada por BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Ed. Malheiros, 2002, p. 73 Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 9 Você no curso certo. 4. OBJETO E CONTEÚDO DAS CONSTITUIÇÕES. 4.1 Objeto – “estabelecer a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos, o modo de aquisição do poder e seu exercício limites de sua atuação, assegurar os direitos e garantias dos indivíduos, fixar o regime político e disciplinar os fins sócio-econômico do Estado” 4.2 Conteúdo - histórico e variável. Neste aspecto, faz parte de um conteúdo natural das Constituições definirem os poderes do Estado (não apenas na sua acepção do legislativo, executivo e do judiciário), mas notadamente seu modo de aquisição e exercício, além das previsões de sua organização – elementos orgânicos ou organizacionais do Estado. Na nossa história constitucional, o conteúdo das cartas nacionais foi crescendo em razão daquela sua feição analítica, sendo destacado, neste sentido, a inclusão sobre a ordem econômica realizada pela Constituição de 1934 e a parte da ordem social trazida pela Constituição de 1988. Marca fundamental do constitucionalismo moderno, é a fixação de elementos limitativos dos poderes estatais, com a enunciação de um catálogo dos direitos fundamentais das pessoas. É o Sistema de Garantia das Liberdades. Ainda baliza a atual característica da Constituição dos países serem tais normas dispostas em textos escritos e codificados. De forma ilustrativa, podemos identificar alguns elementos presentes nas Constituições: 1- ORGÂNICOS: Títulos III (Da Organização do Estado), IV (Da Organização dos Poderes), V – Cap. II (Das forças armadas) e III (Da segurança pública) e VI (Da Tributação e do Orçamento) 2- LIMITATIVOS : Tít. II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais) 3- SÓCIO-IDEOLÓGICOS (Direitos Sociais, Título VII - Da Ordem Econômicae Financeira, Título VIII - Da Ordem Social) Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 10 Você no curso certo. 4- DE ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL : Intervenção (art. 34/36), estado de defesa e estado de sítio (arts. 136/139) 5- ELEMENTOS DE APLICABILIDADE : Preâmbulo6, ADCT7, art. 5.º, §1.º. 5. SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO . - Constituição se coloca no vértice do sistema jurídico do país, conferindo validade a todos. - Decorre da maior dificuldade de modificação (rigidez constitucional, tais como as previsões de procedimentos próprios para a reforma => art. 60 e §§ CF 1988) - Estabelece normas fundamentais 6. PODER CONSTITUINTE : ORIGINÁRIO E DERIVADO Sinteticamente, o denominado poder constituinte “é o poder de elaborar a Constituição” 8 para a criação e organização do Estado. Fruto desta conceituação, pode-se reconhecer que não se confunde o real titular do poder constituinte com o seu exercente. De todo, podemos assim resumir: ⇒ titular = povo ⇒ exercente = Congresso ou Assembleia Constituinte, como regra democrática Uma vez elaborada a Constituição, afirma-se que o poder já está constituído. Entretanto, esta não será a única manifestação do poder, eis que, historicamente, os próprios textos elaboradas reconhecem a possibilidade de novas manifestações de natureza constitucional. ⇒ Originário ou genuíno = ilimitado e incondicionado ⇒ Derivado = Poder já constituído; Poder decorrente (Constituições Estaduais – art. 25 CF) e Poder Reformador (Emendas Constitucionais) Podemos assim resumir as características do poder constituinte em suas duas versões 6 "Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa". (STF, ADI 2.076, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 08/08/03) 7 "Os postulados que informam a teoria do ordenamento jurídico e que lhe dão o necessário substrato doutrinário assentam-se na premissa fundamental de que o sistema de direito positivo, além de caracterizar uma unidade institucional, constitui um complexo de normas que devem manter entre si um vínculo de essencial coerência. O Ato das Disposições Transitórias, promulgado em 1988 pelo legislador constituinte, qualifica-se, juridicamente, como um estatuto de índole constitucional. A estrutura normativa que nele se acha consubstanciada ostenta, em conseqüência, a rigidez peculiar as regras inscritas no texto básico da Lei Fundamental da República. Disso decorre o reconhecimento de que inexistem, entre as normas inscritas no ADCT e os preceitos constantes da Carta Política, quaisquer desníveis ou desigualdades quanto a intensidade de sua eficácia ou a prevalência de sua autoridade. Situam- se, ambos, no mais elevado grau de positividade jurídica, impondo-se, no plano do ordenamento estatal, enquanto categorias normativas subordinantes, a observância compulsória de todos, especialmente dos órgãos que integram o aparelho de Estado." (STF, RE 160.486, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 09/06/95) 8 SLAIBI Filho, Nagib. Anotações à Constituição de 1988. Rio de Janeiro: Ed. Forense, 1989, p. 25 Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 11 Você no curso certo. ORIGINÁRIO DERIVADO Inicial Subordinado Incondicionado Condicionado Ilimitado Limitado PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO DERIVADO (1° grau) (2° grau) Emendas Decorrente (Const. Estados) Reforma Revisão 6.1 – Poder Decorrente nos Estados Observando o art. 25 da CF e o art. 11 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), os Estados devem elaborar as suas Constituições, seguindo os princípios explícitos e implícitos da Constituição da República => Simetria Constitucional9. 6.2 – Exercício do Poder de reforma 9 “O poder constituinte outorgado aos Estados-Membros sofre as limitações jurídicas impostas pela Constituição da República. Os Estados-membros organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, submetendo-se, no entanto, quanto ao exercício dessa prerrogativa institucional (essencialmente limitada em sua extensão), aos condicionamentos normativos impostos pela Constituição Federal, pois é nessa que reside o núcleo de emanação (e de restrição) que informa e dá substância ao poder constituinte decorrente que a Lei Fundamental da República confere a essas unidades regionais da Federação.” (STF, ADI 507, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 08/08/03) Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 12 Você no curso certo. Limitações - temporais (art. 3° ADCT, não é normalmente considerado com tal, mas sim um procedimento de revisão) - circunstanciais (art. 60 §1° CF) - Materiais ou substanciais = cláusulas pétreas (art. 60§4° CF) - Formais = procedimentos para modificação do texto (próprio art. 60 CF) Importante, observar que o processo de revisão constitucional, previsto no art. 3° ADCT, não foi entendido pela maioria da doutrina e pelo próprio Congresso Nacional como uma limitação temporal, mas sim um procedimento próprio de exercício do poder constituinte derivado, com regras e quorum próprios, sendo ai feita a distinção entre reforma e revisão. São cláusulas pétreas (ou de intangibilidade) previstas no referido artigo 60 CF: Forma federativa de Estado Voto direto, secreto, universal e periódico Separação dos Poderes Direitos e garantias individuais Por outro lado, na análise das cláusulas pétreas reafirmou-se o conceito de que algumas matérias previstas na Constituição não estão no poder de alcance do legislador reformador, chegando a afirmar a doutrina que existiriam, além dos limites explícitos, outros implícitos, servindo de exemplo o próprio art. 60 e suas disciplinas. Por outro lado, não se pode confundir a mudança do texto da Constituição, com a mudança da interpretação constitucional (mutação constitucional). Ainda que com o resultado deste, haja a mudança do sentido da Constituição (ex.: inviolabilidades das comunicações) inexiste a alteração do texto escrito 7. Vigência das normas constitucionais Via de regra, as normas constitucionais entram em vigor na data de sua promulgação, podendo, por outro lado, determinar sua própria vigência, como fez a Constituição Federal de 1988, quanto as normas do Sistema Tributário Nacional (art. 34 ADCT) Em resumo: Vigência temporal da Constituição - data de promulgação => regra natural - outro momento => somente se expresso Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 13 Você no curso certo. 7.1 Repristinação Promulgado o novo sistema e vigente suas normas, há, como princípio, a revogação de toda a ordem constitucional anterior, sem que isto implica no retorno das eventuais normas constitucionais que já haviam sido revogadas por aquela que agora se revoga. Caso isto acontecesse, estar-se-ia admitindo a figura da REPRISTINAÇÃO, que somente se admite no nosso Direito de forma expressa. CF 1946 CF 1967/69 CF 1988 REVOGA REVOGA 9. Recepção constitucional Com a entrada em vigor de uma nova Constituição, deve ser verificada quais normas editadas sob a égide do ordenamento anterior permanecem válidas e compatíveis com o novo texto. - norma constitucional anterior é ab-rogada (totalmente revogada) Admite-se, contudo, que a nova Constituição expressamente trate parte do texto constitucional anterior de forma especial, como feito com o citado art. 34 do ADCT. - Normas infraconstitucionais = apura-se a compatibilidade. a) Compatíveis – são validadas e recepcionadas b) Incompatíveis – revogadas. Na recepção, pondera-se a verificação material desconsiderando o aspecto formal assumido pela norma. (admite que leis anteriormente ordinárias,passem a gozar do status de leis complementares e vice-versa) Fundamentos da recepção constitucional: ⇒ Princípio da Continuidade da ordem jurídica; ⇒ Economia Legislativa Formas de Recepção ⇒ Tácita (regra) ⇒ Expressa (ex. art. 34 §5° ADCT) 10.Desconstitucionalização A revogação da Constituição de 1967 pela Constituição de 1988 não implica no retorno das normas da Constituição de 1946 Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 14 Você no curso certo. A doutrina formulou ainda a Teoria da Desconstitucionalização no sentido de propor que preceitos da Constituição revogada não repetidos na Constituição superveniente e com esta compatíveis fossem mantidos no ordenamento jurídico, mas com o status de norma infraconstitucional (lei ordinária ou lei complementar). Como a nova Constituição revoga a anterior e as normas não contempladas perdem sua vigência e eficácia, somente seria admissível tal hipótese se houvesse previsão de desconstitucionalização expressamente. 11. Eficácia das normas constitucionais Por outro lado, mesmo estando em vigor a Constituição, nada garante ou assegura sua aplicação, mesmo porque podem exigir que aquela matéria seja tratada por lei infraconstitucional. Em razão desta necessidade de norma posterior, a doutrina norte-americana já classificou as normas constitucionais como: - Norma auto-aplicável = não terá seu tratamento por qualquer lei posterior, não dependem de qualquer complementação ou bastantes em si10 - Norma não auto-aplicável = dependem de complementação para serem exeqüíveis No Direito Brasileiro, o Professor JOSÉ AFONSO DA SILVA 11 propõe outra classificação, sendo costumeiramente repetida pelos autores: - Norma de eficácia plena = são de aplicabilidade imediata, na dependendo de qualquer legislação posterior - Norma de eficácia contida (ou restringível) = terá sua matéria versada por lei posterior, mas permite-se sua aplicação integral até que venha tal dispositivo. O professor MICHEL TEMER12 prefere chamar de norma de eficácia redutível já que, com a edição de norma infraconstitucional posterior, os efeitos poderão ser reduzidos - Norma de eficácia limitada (ou restrita) = terá seu dispositivo por lei posterior e esta lei torna-se necessária à efetiva aplicação, razão pelo qual conclui-se que não é possível a aplicação da norma constitucional até a vinda da lei regulamentadora OBS. – as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais tem aplicação imediata (art. 5° §1° CF) 10 MIRANDA, Pontes de. Comentários à Constituição de 1967. Rio de Janeiro: Rio de Janeiro 11 Aplicabilidade das Normas Constitucionais. São Paulo: Ed. Malheiros. 12 Elementos de Direito Constitucional. Ed. Malheiros, São Paulo Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 15 Você no curso certo. Estruturalmente, podemos assim resumir a junção das duas classificações: Norma não autoaplicável eficácia limitada Eficácia contida Norma autoaplicável Eficácia plena 12. Estrutura das normas constitucionais e Princípios Constitucionais Como toda estrutura normativa, a Constituição possui normas contendo regras e outras contendo princípios. Assim: Regras – normas concretas Princípios – mandamentos centrais do sistema jurídico Sobre os Princípios já se assinalou: JOSEF ESSER “... Princípios são aquelas normas que estabelecem fundamentos para que determinado mandamento seja encontrado. O princípio tem como função, servir como fundamento normativo para a tomada de decisão”. Ex.: o princípio da não-discriminação KARL LARENZ “...os princípios são normas de grande relevância para o ordenamento jurídico (...) estabelecem fundamentos normativos para a interpretação e aplicação do Direito”. Os princípios jurídicos, especialmente na estrutura normativa constitucional, tem relevante importância para determinar os valores sociais positivados no texto, assumindo ainda duas grandes funções, a saber: Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 16 Você no curso certo. - função positiva: informa materialmente os atos dos poderes públicos, como o princípio da publicidade, legalidade, impessoalidade, moralidade e eficiência na administração pública (ex.: art. 37); - função negativa: limita o Estado – como o Estado Democrático de Direito que fixa parâmetros e limites. Dentre os princípios, podemos encontrar alguma classificação que assim os examina e pondera sobre as suas funções: Princípios constitucionalmente conformadores ou estruturantes – explicitam as valorações e opões políticas (forma de Estado- Federativo, de governo-República, regime político-democracia indireta participativa, sistema de governo-presidencialismo). Representam normas constitutivas e indicativas das ideias diretivas básicas de toda a ordem constitucional. Princípios constitucionalmente impositivos – são chamados de princípios definidores dos fins do Estado; impõem tarefas aos órgãos do Estado, como o princípio da promoção do bem de todos, independentemente de origem raça, sexo, cor, etc.; os previstos no art. 6º da CF/88 – direitos sociais. Princípios-garantia – “ninguém será culpado até o trânsito em julgado”, “ninguém será privado da liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal; o habeas corpus, mandado de injunção, mandado de segurança, garantias processuais; 13. Interpretação das normas constitucionais Origem: resgate da supremacia constitucional, possuindo ainda como grandes fundamentos: – Assentamento mundial dos sistemas de controle de constitucionalidade – Dignidade humana como núcleo axiológico do Direito – Eficácia cada vez maior dos direitos fundamentais Com isto, foram determinadas algumas regras básicas para a interpretação constitucional. Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 17 Você no curso certo. � UNIDADE DA CONSTITUIÇÃO - Ao se interpretar determinada norma constitucional deve-se levar em conta todo o sistema constitucional � MÁXIMA EFETIVIDADE OU DA EFICIÊNCIA - optar pelo caminho (sentido) que dê maior eficácia a norma constitucional � CONCORDÂNCIA PRÁTICA OU HARMONIZAÇÃO - evitar o sacrifício de uma norma em relação a outra � EFEITO INTEGRADOR - integração política e social � FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - possibilita a atualização normativa, garantindo a eficácia e permanência das normas constitucionais � INTERPRETAÇÃO CONFORME A CONSITUIÇÃO a) dentre as várias possibilidades de interpretação, só se deve escolher uma interpretação não contrária ao texto e programa da norma constitucional; b) uma norma não deve ser declarada inconstitucional quando for possível extrair-se um significado que possa compatibilizá-la com a Constituição, desde que atendida a finalidade para a qual foi criada (o intérprete não pode chegar a ponto de criar uma nova lei); c) c) quando for possível duas ou mais interpretações que estejam em conformidade com a Constituição, deve-se optar pela interpretação que esteja melhor orientada para a Constituição. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1- Considerados os critérios de classificação das Constituições segundo sua estabilidade e extensão, a Constituição brasileira vigente é (FCC/Auditor Tributário Jaboatão/PE – 2006) a) semi-rígida e histórica. b) rígida e analítica. c) flexível e sintética. d) dogmática e outorgada. e) imutável e promulgada. 2- A supremacia formal da Constituição pressupõe (FCC/Analista de Controle Externo –TCE/MA - Superior-2005) a) a estabilidade sócio-política da Carta Magna. Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 18 Você no curso certo. b) a rigidez constitucional. c) o caráter costumeiro da elaboração constitucional. d) a declaração solene de direitos. e) o estado democrático de direito. 3- A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), pode ser classificadaquanto ao seu conteúdo, seu modo de elaboração, sua origem, sua estabilidade e sua extensão, como (FCC/Analista Judiciário - Execução Mandados TRF 4ª Reg 2007) a) formal, histórica ou costumeira, promulgada, flexível e sintética. b) material, dogmática, outorgada, rígida e sintética. c) formal, dogmática, promulgada, super-rígida e analítica. d) material, pragmática, outorgada, semi-rígida e sintética. e) formal, histórica ou costumeira, outorgada, flexível e analítica. 4- Tendo em vista a aplicabilidade das normas constitucionais, considere o que segue: (FCC/Analista Judiciário - administrativa - TRE-SP-2006) I - É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. II - São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Tais preceitos são considerados, respectivamente, de normas constitucionais de a) eficácia redutível ou restringível; e de princípio programático. b) eficácia limitada; e de princípio programático. c) princípio institutivo; e de eficácia plena. d) eficácia redutível ou restringível; e de eficácia absoluta. e) princípio contido; e de princípio institutivo. 5 - Da constituição que resulta do trabalho de uma Assembleia Nacional Constituinte, composta por representantes do povo, eleitos com a finalidade de elaborar o texto constitucional, diz-se que se trata de uma Constituição (ESAF/AFC/2002): a) Outorgada b) Histórica c) Imutável d) Promulgada e) Dirigente 6 – No Brasil o Poder constituinte derivado exercido pelo Congresso nacional: a) Não é inicial, mas é limitado e autônomo. b) É ilimitado apenas pelas cláusulas pétreas. c) Tem limitações substanciais e circunstanciais. d) É condicionado e secundário, mas tem limitações apenas materiais. 7 -O poder de reformar a Constituição está sujeito, conforme a Constituição Federal de 1988 (CEPERJ/Auditor Fiscal – Angra dos Reis/2010) a) a restrições temporais, sendo vedadas emendas durante o período de quatro anos de promulgação do texto constitucional. b) à iniciativa popular de proposta de emenda, composta de, no mínimo, dois terços do coeficiente eleitoral. Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 19 Você no curso certo. c) ao voto favorável de três quintos dos membros de cada Casa do Congresso Nacional, e em dois turnos de votação em cada uma. d) à reapresentação, na mesma sessão legislativa, de proposta de emenda nela rejeitada ou tida por prejudicada. e) a restrições de ordem material que se exaurem no respeito ao direito adquirido, à coisa julgada e ao ato jurídico perfeito. 8 - Assinale a assertiva falsa (ESAF/Auditor Fiscal da Receita Federal /2003). a) Emenda à Constituição não pode estabelecer o voto indireto para a eleição de prefeitos. b) A Constituição prevê expressamente a iniciativa popular para a emenda do Texto Magno. c) Emenda à Constituição não pode admitir a pena de morte para crimes hediondos. d) A matéria constante de proposta de emenda à Constituição rejeitada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. e) Enquanto a União estiver realizando intervenção federal em qualquer Estado-membro da Federação, a Constituição não pode ser emendada. 9 - Assinale a opção correta (ESAF/Oficial de Chancelaria - MRE /2002). a) É inconstitucional a emenda à Constituição que venha a permitir a instituição da pena de morte para crimes hediondos. b) Emenda à Constituição pode transformar o Estado Federal brasileiro num Estado unitário. c) Existem matérias que somente podem ser objeto de proposta de emenda à Constituição por iniciativa do Presidente da República. d) Uma proposta de emenda à Constituição que tenda a abolir uma cláusula pétrea somente pode ser objeto de deliberação pelo Congresso Nacional se for apresentada por, no mínimo, um terço dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal. e) A proposta de emenda à Constituição rejeitada no Congresso Nacional não pode, em nenhum tempo, ser reapresentada. 10 – O Poder Constituinte instituído ou de revisão está sujeito, na ordem constitucional brasileira, às limitações seguintes: a) Temporais, materiais e circunstanciais. b) Materiais explícitas e temporais implícitas. c) Materiais e circunstanciais implícitas, apenas. d) Materiais e circunstanciais explícitas e a certas limitações implícitas. 11. As normas constitucionais de eficácia contida são aquelas: (FMP/Adjunto do MP junto TCE RS/2008) (a) que são imediatamente aplicáveis desde a promulgação da Constituição e não podem ter sua eficácia restringida pelo Poder Legislativo. (b) que não são imediatamente aplicáveis desde a promulgação da Constituição, pois dependem de emenda constitucional para gerarem efeitos. (c) que são imediatamente aplicáveis desde a promulgação da Constituição, mas podem ter seus efeitos restringidos pela legislação infraconstitucional. (d) que não são imediatamente aplicáveis desde a promulgação da Constituição, pois dependem da edição de leis infraconstitucionais para gerarem efeitos. (e) que não são imediatamente aplicáveis desde a promulgação da Constituição, pois dependem de uma decisão judicial para gerarem efeitos. 12. A norma constitucional que dispõe que o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas é, quanto à aplicabilidade, uma norma (FCC/Auditor TCE-MG-2005) Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 20 Você no curso certo. a) auto-executável. b) incondicionada. c) programática. d) condicionada. e) de eficácia contida. 13. Possui aplicabilidade imediata e eficácia contida a norma constitucional segundo a qual (FCC/Procurador TCE-MA – 2005) a) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei. b) a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. c) a lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência. d) é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. e) ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado. 14. A norma constitucional que dispõe que “o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”, é norma: (Femperj/Analista Administrativo MP – RJ/2011) A) de eficácia contida, pois demanda a existência de norma infraconstitucional que a regulamente; B) de eficácia plena e de conteúdo passível de redução por lei ordinária; C) de eficácia plena e de conteúdo passível de redução apenas por emenda constitucional; D) auto-aplicável, como qualquer direito fundamental; E) semi-limitada, pois não obstante seja totalmente aplicável, seu conteúdo pode ser reduzido por lei ordinária. 15. Segundo o jurista José Afonso da Silva são cinco os elementos da Constituição Federal. Um deles vem a ser as normas que regulam a Estrutura do Estado e do Poder, dispondo sua organização e seu modo de funcionamento e denomina-se: (Fund. Dom Cintra/Técnico Legislativo – Duque de Caxias/2012) A) elementos limitativos; B) elementos socioideológicos; C) elementos formais de aplicabilidade; D) elementos de estabilização constitucional. E) elementos orgânicos. 13- Dispõem os incisos IX e XIII do artigo 5º e o artigo 190, todos da Constituição: “Art. 5º (...)”. IX. é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; XIII. é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.” “Art. 190. A lei regulará e limitará a aquisição ou o arrendamento da propriedade rural por pessoa física ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que dependerão de autorização do Congresso Nacional.” Referidos dispositivos constitucionais consagram, respectivamente, normas deeficácia (FCC/Auditor Fiscal Municipal - SP 2006) a) plena, contida e limitada. b) contida, limitada e plena. c) plena, limitada e contida. d) contida, plena e limitada. Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 21 Você no curso certo. e) plena, limitada e limitada. 17- Dispunha a Constituição brasileira de 1824, em seu artigo 178: “É só Constitucional o que diz respeito aos limites e atribuições respectivas dos Poderes Políticos e aos Direitos Políticos e individuais dos Cidadãos. Tudo o que não é Constitucional pode ser alterado sem as formalidades referidas [em procedimento descrito nos artigos 174 a 177 da Constituição], pelas Legislaturas ordinárias.” (grafia atualizada). O dispositivo acima transcrito evidencia que a Constituição do Império, quanto à estabilidade de suas normas, era (FCC/Advogado Analista Regulação CE/2006) a) outorgada, ao passo que a Constituição brasileira de 1988 é democrática. b) semi-rígida, ao passo que a Constituição brasileira de 1988 é rígida. c) histórica, ao passo que a Constituição brasileira de1988 é dogmática. d) sintética, ao passo que a Constituição brasileira de 1988 é analítica. e) flexível, ao passo que a Constituição brasileira de 1988 é super-rígida. 18) Proposta de emenda constitucional formulada por um terço dos membros do Câmara dos Deputados tem por objeto a instituição de eleição indireta para os cargos de prefeito e vereador de cidades com menos de dez mil habitantes. O fundamento da medida é de ordem econômica, pois o custo das eleições diretas compromete a saúde financeira dos pequenos municípios. A emenda institui que a escolha dos membros do executivo e legislativo desses Municípios ficará a cargo das Assembléias Legislativas dos Estados em que estiverem localizados. A referida emenda constitucional é (CEPERJ/Advogado de Furnas – 2009) A) inconstitucional, pois a Constituição de 1988 estabelece o quorum mínimo de um terço dos membros do Congresso Nacional, consideradas as duas casas legislativas, para a apresentação de propostas de emenda à Constituição. B) manifestação legítima do poder constituinte derivado, não estando o poder de emenda à Constituição sujeito ao controle de constitucionalidade, desde que respeitado o devido processo legislativo. C) inconstitucional, pois a Constituição de 1988 estabelece limites materiais ao exercício do poder constituinte derivado, proibindo a proposta de emenda tendente a abolir o voto direto para cargos políticos eletivos. D) inconstitucional, pois sua aprovação pelo Congresso Nacional violaria a autonomia política dos Municípios brasileiros, que têm competência exclusiva para legislar sobre a matéria. E) constitucional, pois a revisão do sistema político pelo poder constituinte derivado é expressão do princípio da mutação constitucional. GABARITO 1- B 2- B 3-C 4-D 5-D 6-C 7-C 8-B 9-A 10-D 11-C 12-C 13-D 14-A 15-E 16-A 17-B 18-C Princípios Fundamentais (arts. 1°/4° CF) Como caracterizava o renomado Professor MIGUEL REALE13, princípios são “certos enunciados lógicos admitidos como condição ou base de validade das demais asserções que compõem dado campo do saber” e os “princípios gerais do Direito são enunciações normativas 13 ob. citada, p. 299/300 Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 22 Você no curso certo. de valor genérico, quer para a sua aplicação e integração, quer para a elaboração de novas normas”. Assim, os Princípios fundamentais dos textos constitucionais funcionam como preceitos que passam a informar todos os conjuntos normativos que se seguem, funcionando como “regra-matriz (fundamentação) para a elaboração, interpretação e integração do sistema jurídico nacional” 14. Desta forma, são importantes porque os conceitos ali estabelecidos repercutiram em todo o texto constitucional. 1- OBJETO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA (ART. 1º, CAPUT CF) O art. 1º define o objeto da Constituição, que vem a ser o Estado denominado de REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Portanto, para que possamos compreender a referida norma, mister que saibamos o que é um Estado, e quais os conceito para República e a Federação. Nos próximos parágrafos procuraremos entender tais conceitos. 2- NOÇÃO DE ESTADO É uma associação humana, radicada em base espacial, que vive sob o comando de uma autoridade não sujeita a qualquer outra. 3- ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO A - Povo B - Território C - Governo Soberano D - Finalidade => Bem comum 4- SOBERANIA É o poder consistente na suprema capacidade de autodeterminação do Estado, além da sua possibilidade de auto-organização e autolegislação. 5- FORMAS DE GOVERNO Ao nos referirmos às formas de Estado, devemos ter em mente a relação de poder entre governantes e governados. Na verdade, deve ser visto se o poder político é exercido por tempo certo e determinado ou sem tais características o seu exercício interno poderá se dar de algumas formas, quais sejam: 14 CHIMENTI, Ricardo Cunha e outros. Curso de Direito Constitucional. 3ª. Ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2006, p. 33 Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 23 Você no curso certo. 5.1 República - nesta forma de governo, a característica do poder é que, além de dado em caráter transitório ao governante, pressupõe a elegibilidade deste. Assim sendo, o governante, além de eleito, tem o exercício do poder por tempo determinado. Desde de 1889, o Brasil é organizado nesta forma. 5.2 Monarquia - ao contrário da forma republicana, esta forma de governo caracteriza-se pela hereditariedade e vitaliciedade dos governantes. Exemplos disso são a Inglaterra e a Espanha, além de outros ainda no mundo atual. República É a forma de governo caracterizada pela eletividade periódica do Chefe de Estado (inaugurada pela Constituição de 1989 e repetida nas seguintes). Monarquia É a forma de governo caracterizada pela hereditariedade e vitaliciedade do Chefe de Estado (adotada pela Constituição de 1824). A Constituição ao consolidar no Estado Brasileiro o Princípio Republicano afirma que a sociedade escolherá os seus representantes, através de eleições periódicas para o exercício de mandatos temporários, pretendendo adotar a forma mais democrática de governo. 6- SISTEMAS DE GOVERNO Se a forma de governo traduz a relação de poder entre governantes e governados, os denominados sistemas de governo vão se Referir à relação de poder entre os poderes, especialmente entre o Legislativo e o Executivo. Assim, a própria estrutura adotada pela Constituição de 1988 determina ainda o Sistema de Governo. Hodiernamente, encontramos na quase totalidade dos países dois sistemas de governo. São eles: Os diversos autores constitucionais discutem sempre se o Princípio Republicano constitui uma das cláusulas pétreas do Direito Brasileiro, não havendo ponto pacífico na doutrina nem uma posição do Supremo Tribunal a respeito. Todavia, não há dúvidas de que constitui um dos princípios mais importantes do nosso ordenamento, tanto assim que constou na listagem dos chamados princípios sensíveis (art. 34, VII CF). Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 24 Você no curso certo. 6.1 Parlamentarismo - este sistema se caracteriza pela dualidade de funções dentro do Estado sendo exercido por pessoas distintas; pensando por exemplo na hipótese inglesa, encontramos a rainha exercendo tão somente a função de representação do Estado, enquanto o primeiro Ministro realmente governa. Podemos dizer que uma pessoa exerce as funções de chefe de Estado (representação), enquanto à outra atribui-se as funções de Chefe de Governo (administração, execução de medidas, etc...), sempre um representante do Parlamento (Poder Legislativo).6.2 Presidencialismo - ao contrário das características do sistema acima, neste não há a dicotomia entre as funções a as pessoas que as exercem; muito pelo contrário, uma só pessoa (Presidente) exerce ambas as funções de Chefe de Estado e Chefe de Governo. Note-se que na maioria dos países que adotam esta regra (como por exemplo no Brasil) elege-se também um Substituto para uma eventualidade de impossibilidade do exercício das duas funções simultaneamente. Esta possibilidade de substituição é a principal característica do Vice- Presidente neste sistema. - Presidencialismo Caracteriza-se por uma única pessoa chefiar a Administração Pública central (chefe de governo) e realizar as funções de chefe de Estado15. - Parlamentarismo Caracteriza-se por uma pessoa chefiar a Administração Pública central (chefe de governo) e outra realizar as funções de chefe de Estado. 7- FORMAS DE ESTADO Dada a unicidade do Direito e a existência de um único ente soberano no ordenamento constitucional, a forma de Estado refere-se à distribuição de poder dentro do território nacional, ou seja, visto o país internamente. A história registra as seguintes formas, resumidamente: ESTADO UNITÁRIO - É aquele em que só existe uma ordem jurídica, um governo. ESTADO FEDERAL - É aquele em que o território é divido em várias unidades que gozam de autonomia política e administrativa, ou seja, há vários governos. CONFEDERAÇÃO É a reunião de vários Estados soberanos. 15 Reconhecido em toda a estrutura constitucional de 1988 e confirmado pelo Plebiscito previsto no art. 2° do ADCT Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 25 Você no curso certo. 7.1 Estado Unitário Existe um Estado Unitário sempre que a descentralização administrativa, legislativa e/ou política não ocorrer, estando unicamente concentrado nas mãos do Poder Central. São exemplos desta forma estatal até hoje os nossos vizinhos Paraguai, Uruguai e Argentina, além da França e outros países europeus. Alguns países hoje em dia – como a França, por exemplo, caracterizam-se como unitário, com todo o poder político concentrado, apesar de adotarem descentralizações administrativas ligadas (lá denominadas de regiões administrativas), naturalmente, àquele poder único. 7.2 Estado Federal - a Federação Ao contrário do Estado Unitário, na organização Federativa ocorre a descentralização do poder entre diversos organismos políticos. O melhor exemplo disto é a própria organização Brasileira onde temos vários entes entre os quais é dividido o poder soberano dado ao Estado. 7.3 Estado Confederal - a Confederação Nesta forma, eventualmente adotada pelo Estado, também há de certa forma uma não concentração do poder, só que os entes integrantes desta Confederação permanecem com a sua soberania. Trata-se, na verdade, de uma reunião de Estados Soberanos, sem que, este agrupamento não retira dos integrantes os poderes ilimitados que detinham anteriormente. Como exemplo histórico desta forma estatal foram os Estados Unidos da América, desde a reunião das originárias 13 (treze) colônias até a transformação em Federação. A Constituição de 1988, seguindo a tradição inaugurada pela Constituição da República de 1889 sob a inspiração norte-americana adotou como forma de Estado o Federalismo que é a aliança ou união de coletividades parciais dotadas de autonomia. A doutrina recorrente afirma como características da nossa Federação: ⇒ Princípio da Indissociabilidade (art. 1º CF); ⇒ Descentralização político-administrativa constitucional - há uma repartição de competências entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios; ⇒ Constituição rígida para que não se permita a alteração da repartição de competências pela lei ordinária; ⇒ Existência de um órgão que manifeste a vontade dos membros da Federação (Senado Federal como representante dos Estados membros); ⇒ Autonomia financeira, política e administrativa dos Estados prevista na CF; ⇒ A Federação como cláusula pétrea, art. 60 § 4º CF. Importante notar que a Carta Constitucional de 1988 consagrou, em suas primeiras palavras, não só a forma de estado, mas também a forma do governo. Assim, no art 1° da Constituição temos reconhecida a adoção de uma República Federativa. Mais do que isto, ao enumerar a forma Federativa e Republicana, o art. 1° consagra o nome oficial do nosso Estado, ou seja, REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 26 Você no curso certo. 8 - ENTES QUE COMPÕEM A FEDERAÇÃO BRASILEIRA (art. 1º c/c art. 18 CF) Estruturados que estamos, então, na forma Federativa, o poder soberano foi repartido entre várias pessoas, como exige a própria noção de Federação. * UNIÃO * ESTADOS * MUNICÍPIOS * DISTRITO FEDERAL (todos dotados de autonomia política-administrativa, na forma da Constituição) Desde já ressalte-se que todas estas pessoas, na sua individualidade, não são portadores de soberania. Poderemos dizer, sim, que são pessoas dotadas de autonomia na sua atuação, mas sempre dentro da competência traçada no decorrer da Constituição. Por não poderem extrapolar àqueles limites, diz-se que não possuem soberania, mas tão somente, como já se disse de AUTONOMIA (art. 18 CF). Com isto, tornou-se impossível qualquer forma de separação ou quebra do Regime Federativo Brasileiro, razão pela qual os Estados Membros não podem pretender separar-se da República Federativa do Brasil, inexistindo o Direito de Secessão. 9 - ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO (art. 1º CF) O art. 1º salienta, ainda, que a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito. Mas, o que é isso? Em primeiro lugar, devemos saber o que é Estado de Direito, para depois definirmos Estado Democrático de Direito. 9.1 Estado de Direito é aquele em que todos - inclusive o próprio Estado - se submetem às leis editadas, respeitando-se os direitos individuais, e onde há separação de poderes. 9.2 Estado Democrático de Direito é o Estado de Direito onde está presente a soberania popular. 10 - SOBERANIA POPULAR (art. 1º, § único CF) De acordo com a Constituição Federal, todo o poder emana do povo que o exerce através de representantes eleitos ou diretamente. O povo brasileiro exerce o poder diretamente na forma do art. 1416, ou seja, mediante plebiscito17, referendo18 e iniciativa popular19. Para que 16 ali previstos de forma não taxativa já que no transcorrer da Constituição encontramos outros meios de exercício direto da participação popular 17 é uma forma de consulta prévia para se obter autorização direta do povo antes de se realizar um ato 18 consulta popular a posteriori, quando o ato praticado depende de ratificação popular para tornar-se plenamente eficaz 19 Iniciativa popular é a possibilidade do povo dar início a um processo aos poderes constituídos buscando conformar a vontade do povo Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 27 Você no curso certo. possamos interpretar o parágrafo único do art. 1º, é necessário que saibamos a diferença clara entre democracia direta, democracia indireta e democracia semidireta. Democracia direta É o governo exercido pelo próprio povo, sem necessidade de representantes. Democracia Indireta ou Representativa É o governo exercido pelo povo através de seus representantes, escolhidos por meio de eleição ou indicação, e atuam em nome daquele. Democracia Semidireta ou Semi-Representativa Caracteriza-se por ser um governo do povo realizado por seus representantes, contendo, todavia, alguns institutos de democracia direta, como a iniciativa popular, plebiscito e referendo. Portanto, no parágrafo único do artigo primeiro, fica estabelecida a democracia semidireta ou semi-representativa, chamada também por algunsautores modernos de DEMOCRACIA REPRESENTATIVA PARTICIPATIVA . 11 - PODERES DA UNIÃO (art. 2º CF) Ainda dentro dos chamados Princípios Fundamentais do Estado Brasileiro, preocupou- se a Constituição em estabelecer como seria exercido poder a nível federal. * PODER EXECUTIVO * PODER LEGISLATIVO * PODER JUDICIÁRIO Outra cláusula pétrea (art. 60 §4º, III CF) do Direito Brasileiro, derivada da teoria de MONTESQUIEU e da adoção do Estado de Direito, a tripartição dos poderes em legislativo, executivo e judiciário foi estabelecida nominalmente para os poderes da União, mas repercute em todos os demais entes da federação pelo Princípio da Simetria. De início, importante registrar que, tecnicamente, o poder é uno e pertence ao povo. Quanto a isto não há maiores dúvidas, mas um detalhe interessante é que a Constituição aí não estabeleceu que cada um deles terá ma função com exclusividade. Não se pode dizer que o Judiciário só julga, por exemplo, pois, na verdade, este exerce também as funções legislativas ou executivos, além é claro da função jurisdicional. Claro é, que cada um dos poderes poderá exerce Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 28 Você no curso certo. todas as funções da Administração do Estado, mas, individualmente, recebe uma especialização funcional. Tal separação não pode ser confundida com a separação de funções, existindo manifestações de atos judicantes, legiferantes e executórios em todos os três poderes. Ademais, não é absoluta, já que ainda que independentes (notadamente nas suas funções principais), são harmônicos entre si. Ganhou melhores contornos de interpretação no Direito norte-americano com a sua relativização pelo check and balances (sistema de freios e contrapesos), entendido aí como o controle do poder pelo poder. De toda sorte, entre tais poderes, determina a Constituição que deva existir um relacionamento, apesar de independente, harmônicos entre si. Deve haver ente nos três poderes além do dever de cooperação mútua, o controle entre suas funções. 12 - FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA FEDERATIVA (art. 1º, incisos CF) * Soberania * Cidadania * Dignidade da pessoa humana * Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa * Pluralismo político 13 - OBJETIVOS FUNDAMENTAIS - REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL (art. 3º CF) * Construir uma sociedade livre, justa e solidária * Garantir o desenvolvimento nacional * Erradicar a pobreza e marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais * Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação 14 - PRINCÍPIOS QUE REGEM O BRASIL NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS (art. 4º CF) * Independência Nacional * Prevalência dos Direitos Humanos * Autodeterminação dos povos * Não-intervenção * Igualdade entre os Estados * Defesa da paz Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 29 Você no curso certo. * Solução pacífica dos conflitos * Repúdio ao terrorismo e ao racismo * Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade * Concessão de asilo político Dentre estes, ganhou relevo os direitos humanos porque a Emenda Constitucional n°45, incluiu no art. 5° previsão sobre a equiparação dos tratados internacionais à emendas constitucionais: “§3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.” 15 - INTEGRAÇÃO DOS POVOS DA AMÉRICA LATINA (art. 4º, § único CF) A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos Povos da América Latina, visando a formação de uma comunidade latino-americana de nações. Apesar da referência dentre os princípios fundamentais, a celebração de tratados internacionais para este objetivo não dará a estes pactos natureza constitucional, o que somente ocorrerá com os versando sobre direitos humanos, na forma agora previsto no art. 5°§3° CF. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. Nos termos da estrutura normativa estabelecida pela Constituição Federal de 1988, pode-se considerar princípio atinente à forma de Governo a: (Ceperj/Analista de Controle Interno – RJ/2012) A) Solidariedade. B) Dignidade C) Justiça D) República E) Felicidade 2. O domínio do Poder Político por uma elite econômica e intelectual e o voto censitário, nos termos dos princípios adotados na Constituição Federal de 1988, confrontam com a: (Ceperj/Analista de Controle Interno – RJ/2012) A) Separação dos Poderes B) Democracia C) República D) Monarquia E) Ordem Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 30 Você no curso certo. 3. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (Vunesp/Analista Administrativo – IAMSPE/2012) (A) a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o pluralismo político. (B) a independência nacional; a prevalência dos direitos humanos; autodeterminação dos povos; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o bipartidarismo. (C) a forma federativa de Estado; a dignidade da pessoa humana; a prevalência dos direitos humanos; a livre iniciativa; o bipartidarismo. (D) a soberania; a cidadania; a dignidade da pessoa humana; a solução pacífica dos conflitos; a autodeterminação dos povos; o bicameralismo. (E) a independência nacional; autodeterminação dos povos; o bicameralismo; a soberania; a cidadania. 4- Marque a opção correta. (ESAF/Assistente Técnico Administrativo – MF/2009) a) A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, geográfica, política e educacional dos povos da América Latina. b) Construir uma sociedade livre, justa e solidária é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil. c) A cooperação entre os povos para o progresso da humanidade constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil. d) Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação é princípio que rege a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. e) O repúdio ao terrorismo e ao racismo é princípio que rege a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. 5) Sobre os princípios fundamentais da Constituição de 1988, assinale a opção correta (ESAF/Auditor Fiscal da Receita Federal/2000). a) A Constituição adotou um modelo de democracia representativa em que toda a participação possível do povo na vida política do Estado se realiza por meio do voto direto, secreto, universal e periódico. b) Ao aceitar expressamente o princípio da autodeterminação dos povos, o constituinte admite que um Estado da Federação brasileira possa dela se separar, desde que a população local assim o decida democraticamente. c) A criação de uma Federação dos Estados sul-americanos constitui objetivo fundamental a ser necessariamente buscado pelos poderes constituídos no Brasil. d) O princípio da soberania não é obstáculo a que norma de direito internacional obrigue o Brasil a respeitar direitos humanos, em seu território e em relação a seus nacionais. e) O princípio da defesa da paz, que rege as relações internacionais do Brasil, torna inconstitucional a participação oficial do país em missões de natureza militar promovidas pela Organização das Nações Unidas (ONU). 6) Constitui objetivo fundamental do Estado brasileiro (ESAF/Técnico da Receita Federal/2000): a) garantir o desenvolvimento regional b) construir uma sociedade livre, justa e solidária. c) promover o bem da população sem discriminação de raças d) propugnar pelo pluralismo políticoe social e) valorizar as relações com o mercado sul-americano 7) A Constituição confere o seguinte nome ao Brasil: (Téc. Jud. TRF/89) a) Estados Unidos do Brasil Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 31 Você no curso certo. b) Federação do Brasil c) República do Brasil d) União Federal e) República Federativa do Brasil 8- Assinale a opção em que não consta princípio que, segundo a Constituição, rege o Brasil nas suas relações internacionais (ESAF/Assist. de Chancelaria – MRE/2002). a) Independência nacional. b) Defesa da paz. c) Concessão de asilo político. d) Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade. e) Prevalência dos interesses econômicos nacionais 9) A respeito dos princípios fundamentais da Constituição Federal, assinale a opção correta (ESAF/Aud. Fisc. Natal/2001) a) O respeito à soberania de cada um dos Estados-membros que compõem a Federação brasileira é um dos fundamentos do Estado Democrático de direito entre nós. b) Todo o poder, de acordo com a Constituição Federal, emana do povo, mas esse poder somente pode ser exercido por meio dos seus representantes por ele eleitos. c) O princípio da separação dos poderes, consagrado constitucionalmente, não impede que certas funções tipicamente legislativas sejam cometidas pelo constituinte também ao Poder Executivo e ao Poder Judiciário. d) O Brasil, nas suas relações internacionais, rege-se pelo repúdio ao terrorismo e ao asilo político. e) A Constituição Federal impõe ao Brasil o dever de se integrar aos demais países da América Latina, para formar uma grande federação na região, regida por uma só Constituição, comum a todas as nações latino-americanas. 10 - A forma de Estado adotada na Constituição brasileira denomina-se: (FCC/Auditor Advogado MT – 2006) A) federação; B) república, C) presidencialismo, D) estado unitário; E) confederação. 11) A análise dos princípios fundamentais da Constituição de 1988 contempla a seguinte discriminação (ESAF/Técnico da Receita Federal/2000): a) princípios relativos à existência, forma, estrutura e tipo de Estado, respectivamente: Estado Democrático de Direito, República Federativa do Brasil e soberania. b) princípios relativos à comunidade internacional: do respeito aos direitos fundamentais da pessoa humana e princípio do pluralismo político. c) princípios relativos à forma de governo e à organização dos poderes, respectivamente: República e separação dos poderes. d) princípios relativos à prestação positiva do Estado: princípio da não-discriminação e princípio do repúdio ao terrorismo. e) princípios político-constitucionais relativos à cultura, criança e adolescente. 12 - Assinale a opção correta, a respeito das relações internacionais do Brasil com os outros países à luz da Constituição Federal de 1988 (ESAF/Técnico da Receita Federal /2003). a) Repúdio à violação aos direitos humanos para com países nos quais o Brasil não mantenha relações comerciais. Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 32 Você no curso certo. b) Apoio a guerra, quando declarada para a proteção de direitos humanitários desrespeitados por determinadas autoridades de determinados países. c) Busca de soluções bélicas em repúdio ao terrorismo. d) Interferência na escolha de dirigentes de outras Nações que sejam vinculados a grupos racistas. e) Colaboração como árbitro internacional na busca de solução pacífica de conflitos. 13) Considerando os princípios fundamentais da Constituição de 1988, julgue as ações governamentais referidas abaixo e assinale a opção correta. (ESAF/Técnico da Receita Federal/2003) I. Permissão dada a Nações estrangeiras para que colaborem com a proteção do meio ambiente por meio de unidades policiais alienígenas espalhadas em áreas como a Amazônia, patrimônio natural mundial da humanidade. II. Proposta de legislação que permita a escravidão no Brasil de indígenas perigosos condenados pela Justiça. III. Ações administrativas que promovam a conscientização política de todos os brasileiros. IV. Proposta de legislação complementar para a existência de um único partido político no Brasil. a) Todas estão incorretas. b) Somente III está correta. c) II e IV estão corretas. d) I e II estão corretas. e) III e IV estão corretas. 14) Com relação aos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, assinale a opção correta relativa a normas-regras que não contradizem os enunciados-principiológicos da Constituição Federal. (ESAF/Técnico da Receita Federal/2003) a) Incentivar o acúmulo de capitais nas mãos dos proprietários dos meios de produção para garantir o desenvolvimento nacional. b) Permitir o acesso dos cidadãos da região do Piauí e de Pernambuco aos cargos públicos para redução das desigualdades regionais. c) Estabelecer mecanismos tributários de justiça social para construção de uma sociedade justa e solidária. d) Facilitar nas corporações militares só o acesso a pessoas da raça negra, que possuem biologicamente organismos mais resistentes às intempéries do clima brasileiro. e) Combater a fome no Brasil privilegiando as mães e esposas, tendo em vista reduzir as desigualdades materiais na relação familiar e conjugal. 15. O princípio que NÃO se aplica às relações internacionais que regem a República Federativa do Brasil, é: (Fund. Dom Cintra/Técnico Legislativo – Duque de Caxias/2012) A) independência nacional; B) não intervenção; C) construção de uma sociedade livre, justa e igualitária; D) autodeterminação dos povos; E) prevalência dos direitos humanos. 16. A diplomacia brasileira sinaliza uma opção pátria pela concessão de asilo político, tendo como exemplo recente a recusa em extraditar o cidadão italiano Cesare Batisti. Tal tradição diplomática resulta do delineamento constitucional que rege a República Federativa do Brasil em suas relações internacionais, inserindo-se entre seus princípios fundamentais. Também regem as relações internacionais da República Federativa do Brasil as seguintes diretrizes constitucionais, EXCETO: (Femperj/Técnico Administrativo – MP RJ/2011) A) repúdio ao terrorismo e solução pacífica dos conflitos; B) não-intervenção e defesa da paz; Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 33 Você no curso certo. C) autodeterminação dos povos e repúdio ao racismo; D) igualdade entre os estados e independência nacional; E) neutralidade externa e adesão regional. 17) Pode-se afirmar que, dentre as proposições abaixo, apenas uma delas não integra o rol dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. Assinale-a: (Fumarc/Técnico Judiciário TJ MG/2012) a) a erradicação da pobreza e da marginalização e, assim, a redução das desigualdades sociais e regionais. b) igualdade entre os Estados. c) a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. d) estabelecer a garantia do desenvolvimento nacional. 18 – A República Federativa do Brasil tem como fundamentos: (Analista Administrativo – ANAC /2007) (A) o monoteísmo; (B) o socialismo; (C) a dignidade da pessoa humana; (D) o sindicalismo de resultados; (E) o bipartidarismo. 19 – Constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, nos termos do art. 3º da Constituição Federal: (Fiscal de Tributos – Município de Mesquita – 2007) (A) garantir a liberdade de consciência, de crenças e de cultos religiosos; (B) buscar integração econômica e política dos povos de toda a América; (C) defender a independência nacional; (D) buscar a defesa da paz nas suas relações internacionais; (E) reduzir as desigualdades sociais e regionais. 20 - NÃO constitui um direito fundamental dos Estados na ordem internacional: (Advogado INPI – 2002) (A) igualdade jurídica; (B) utilização da força contra outro Estado para preservar seus interesses; (C) independência em relação aos outros Estados; (D) exercício de jurisdição em seu território; (E) utilização das coisas comuns como o alto mar e o espaço aéreo sobrejacente. GABARITO 1- D 2-C3-A 4-E 5-D 6-B 7-E 8-E 9-C 10-A 11-C 12-E 13-B 14-C 15-C 16-E 17-B 18-C 19-E 20-C Direitos e Garantias Fundamentais Deve ser observado que a doutrina reconhece em primeiro lugar a figura dos direitos e garantias fundamentais, que nas palavras do Professor JOSÉ AFONSO DA SILVA “são aquelas prerrogativas e instituições que o Direito Positivo concretiza em garantias de uma convivência Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 34 Você no curso certo. digna, livre e igual de todas as pessoas” 20. Exatamente por conta desta natureza básica para a própria existência das pessoas e, quiçá, sua sobrevivência, reconheceu-se ainda as seguintes características: ⇒ Historicidade ⇒ Inalienabilidade - não é possível a transferência de direitos fundamentais, a qualquer título ou forma (ainda que gratuita); ⇒ Irrenunciabilidade - não está sequer na disposição do seu titular, abrir mão de sua existência; ⇒ Imprescritibilidade - não se perdem com o decurso do tempo; ⇒ Relatividade ou Limitabilidade - não há nenhuma hipótese de direito humano absoluto, eis que todos podem ser ponderados com os demais; ⇒ Universalidade - são reconhecidos em todo o mundo. Nem todo direito fundamental foi expressamente previsto na Constituição Federal (ex.: alguns direitos da personalidade, como o nome), ainda que a grande maioria ali esteja. Exatamente para que não fosse entendida tal previsão como uma lacuna, o próprio art. 5° contemplou o §2° com a admissão de que existiriam outros decorrentes dos sistemas adotados pelo país. Ademais, esta discriminação não se deu na Constituição de forma exaustiva ou taxativa, ex vi o parágrafo segundo do próprio artigo. Trata-se, na verdade, de rol apenas exemplificativo: “§2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa seja parte.” 1. EVOLUÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS Como estes direitos fundamentais foram sendo reconhecidos pelos textos constitucionais e o ordenamento jurídico dos países de forma gradativa e histórica, os autores começaram a reconhecer as gerações destes. � Direitos de primeira geração: Surgidos no século XVII, eles cuidam da proteção das liberdades públicas, ou seja, os direitos individuais, compreendidos como aqueles inerentes ao homem e que devem ser respeitados por todas os Estados, como o direito à liberdade, à vida, à propriedade, à manifestação, à expressão, ao voto, entre outros. Como afirma ALEXANDRE DE MORAES, “essas ideias encontravam um ponto fundamental em comum, a necessidade de limitação e controle dos abusos de poder do próprio 20 ob. citada Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 35 Você no curso certo. Estado e de suas autoridades constituídas e a consagração dos princípios básicos da igualdade e da legalidade como regentes do Estado moderno e contemporâneo” 21. � Direitos de segunda geração: os ora chamados direitos sociais, econômicos e culturais, onde passou a exigir do Estado sua intervenção para que a liberdade do homem fosse protegida totalmente (o direito à saúde, ao trabalho, à educação, o direito de greve, entre outros). Veio atrelado ao Estado Social da primeira metade do século passado. A natureza do comportamento perante o Estado serviu de critério distintivo entre as gerações, eis que o de primeiro geração exigiam do Estado abstenções (prestações negativas), enquanto os de segunda exige-se uma prestação positiva. � Direitos de terceira geração: os chamados de solidariedade ou fraternidade, voltados para a proteção da coletividade. As Constituições passam a tratar da preocupação com o meio ambiente, da conservação do patrimônio histórico e cultural, etc.; A partir destas, vários outros autores passam a identificar outras gerações, ainda que não reconhecidas pela unanimidade de todos os doutrinadores. � Direitos de quarta geração: o defensor é o Professor PAULO BONAVIDES, para quem seriam resultado da globalização dos direitos fundamentais, de forma a universalizá- los institucionalmente, citando como exemplos o direito à democracia, à informação, ao comércio eletrônico entre os Estados. � Direitos da quinta geração: defendida por apenas poucos autores para tentar justificar os avanços tecnológicos, como as questões básicas da cibernética ou da internet. Vale observar que ainda que se fale em gerações, não existe qualquer relação de hierarquia entre estes direitos, mesmo porque todos interagem entre si, de nada servindo um sem a existência dos outros. Esta nomenclatura adveio apenas em decorrência do tempo de surgimento, na eterna e constante busca do homem por mais proteção e mais garantias, com o objetivo de alcançar uma sociedade mais justa, igualitária e fraterna, como defendia NOBERTO BOBBIO22. Por isto, a mais moderna doutrina23 defende o emprego do termo dimensões no lugar de gerações. Ainda para prestigiar sua importância, em geral, os direitos e garantias fundamentais têm aplicabilidade imediata (art. 5º §1º CF), dependendo naturalmente da forma que foi enunciada pela Constituição. 2. CARACTERIZAÇÃO DOS DIREITOS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988 Além da classificação acima, podemos reconhecer que a estrutura constitucional de 1988 tratou dos direitos fundamentais de forma a separar o objeto de cada grupo. Assim, temos: 21 Direitos Humanos Fundamentais. 3ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2000, p. 19 22 A era dos Direitos 23 Por todos, SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais. 7ª. Ed. Porto Alegre: Ed. Livraria do Advogado, 2007 Curso DSc Prof. Irapuã Beltrão Página 36 Você no curso certo. � Direitos individuais: (art. 5º); � Direitos coletivos: representam os direitos do homem integrante de uma coletividade (art. 5º); � Direitos sociais: subdivididos em direitos sociais propriamente ditos (art. 6º) e direitos trabalhistas (art. 7º ao 11); � Direitos à nacionalidade: vínculo jurídico-político entre a pessoa e o Estado (art. 12 e 13); � Direitos políticos; direito de participação na vida política do Estado; direito de votar e de ser votado, ao cargo eletivo e suas condições (art. 14 ao 17). Direitos e Garantias Individuais e Coletivos (art. 5º CF) Inicialmente, cuidado ao estudar o Artigo 5º da Constituição com as inclusões feitas pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004. Esta inclusão serva ainda para demonstrar que o art. 5° como um todo não é imodificável como cláusula pétrea, mas sim que o seu conteúdo de direitos e garantias individuais não pode ser reduzido. Ainda é importante observar no artigo 5º: ⇒ Aplicabilidade imediata dos direitos fundamentais; ⇒ Existência de direitos e garantias INDIVIDUAIS e COLETIVOS; ⇒ Remédios constitucionais como forma de proteção de vários direitos ali contidos; ⇒ Os direitos individuais como cláusula pétrea do Direito Brasileiro; ⇒ Destinatários daqueles direitos. Quanto aos destinatários há certa divergência doutrinária. Alguns autores sustentam que a expressão estrangeiros residentes no Brasil (caput do art. 5º) deve ser entendida no sentido de que a Constituição assegura esses direitos a todos no território nacional e tendo caráter universal “deles serão destinatários todos os que se encontrem sob a tutela da ordem jurídica brasileira, pouco importando se são nacionais ou estrangeiros”24 , enquanto outros perfilam o entendimento de que se estrangeiro não é residente, mas de passagem terá essa proteção norma infraconstitucional25. O tema foi levado aos tribunais sendo possível a conclusão de que “o Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte interpretação para a redação do caput do art. 5°: `o qualificativo residentes no pais não é qualificativo do substantivo estrangeiro e sim do sujeito composto
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