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SAÚDE PÚBLICA
PROFESSOR CARLOS ALBERTO RODRIGUES
“O único homem que está isento de erros é aquele que não arrisca acertar.”
 
 
DECLARAÇÃO DE ALMA-ATA
CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE
CUIDADOS PRIMÁRIOS DE SAÚDE
ALMA-ATA, URSS, 6-12 DE SETEMBRO DE 1978
 
MUDANÇA NO PARADIGMA DO PROCESSO SAÚDE-DOENÇA
“Saúde para todos no ano 2000”, principalmente por meio da atenção primária à saúde”.
 
A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, reunida em Alma-Ata aos doze dias do mês de
setembro de mil novecentos e setenta e oito, expressando a necessidade de ação urgente de todos os governos, de todos os
que trabalham nos campos da saúde e do desenvolvimento e da comunidade mundial para promover a saúde de todos os povos
do mundo, formulou a seguinte declaração:
I) ​A Conferência enfatiza que a saúde - estado de completo bem- estar físico, mental e social, e não simplesmente a
ausência de doença ou enfermidade - é um direito humano fundamental, e que a consecução do mais alto nível possível de
saúde é a mais importante meta social mundial, cuja realização requer a ação de muitos outros setores sociais e
econômicos, além do setor saúde.
II) ​A chocante desigualdade existente no estado de saúde dos povos, particularmente entre os países desenvolvidos e
em desenvolvimento, assim como dentro dos países, é política, social e economicamente inaceitável e constitui, por isso,
objeto da preocupação comum de todos os países.
III) O desenvolvimento econômico e social baseado numa ordem econômica internacional é de importância fundamental para a
mais plena realização da meta de Saúde para Todos no Ano 2000 e para a redução da lacuna existente entre o estado de
saúde dos países em desenvolvimento e o dos desenvolvidos. A promoção e proteção da saúde dos povos é essencial para
o contínuo desenvolvimento econômico e social e contribui para a melhor qualidade de vida e para a paz mundial.
IV) ​É direito e dever dos povos participar individual e coletivamente no planejamento e na execução de seus cuidados
de saúde.
V) ​Os governos têm pela saúde de seus povos uma responsabilidade que só pode ser realizada mediante adequadas
medidas sanitárias e sociais. Uma das principais metas sociais dos governos, das organizações internacionais e de toda a
comunidade mundial na próxima década deve ser a de que todos os povos do mundo, até o ano 2000, atinjam um nível de
saúde que lhes permita levar uma vida social e economicamente produtiva. Os cuidados primários de saúde constituem a
chave para que essa meta seja atingida, como parte do desenvolvimento, no espírito da justiça social.
VI) Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde baseados em métodos e tecnologias práticas,
cientificamente bem fundamentadas e socialmente aceitáveis, colocadas ao alcance universal de indivíduos e famílias da
comunidade, mediante sua plena participação e a um custo que a comunidade e o país possam manter em cada fase de seu
desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e automedicação. Fazem parte integrante tanto do sistema de saúde do país,
do qual constituem a função central e o foco principal, quanto do desenvolvimento social e econômico global da comunidade.
Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo
qual os cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham, e
constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde.
 
VII) Os cuidados primários de saúde:
1- Refletem, e a partir delas evoluem, as condições econômicas e as características socioculturais e políticas do
país e de suas comunidades, e se baseiam na aplicação dos resultados relevantes da pesquisa social,
biomédica e de serviços de saúde e da experiência em saúde pública.
2- Têm em vista os principais problemas de saúde da comunidade, proporcionando serviços de proteção, cura e
reabilitação, conforme as necessidades.
3- Incluem pelo menos: educação, no tocante a problemas prevalecentes de saúde e aos métodos para sua
prevenção e controle, promoção da distribuição de alimentos e da nutrição apropriada, previsão adequada de
água de boa qualidade e saneamento básico, cuidados de saúde materno-infantil, inclusive planejamento
familiar, imunização contra as principais doenças infecciosas, prevenção e controle de doenças localmente
endêmicas, tratamento apropriado de doenças e lesões comuns e fornecimento de medicamentos essenciais.
4- Envolvem, além do setor saúde, todos os setores e aspectos correlatos do desenvolvimento nacional e
comunitário, mormente a agricultura, a pecuária, a produção de alimentos, a indústria, a educação, a
habitação, as obras públicas, as comunicações e outros setores.
5- Requerem e promovem a máxima autoconfiança e participação comunitária e individual no planejamento,
organização, operação e controle dos cuidados primários de saúde, fazendo o mais pleno uso possível de
recursos disponíveis, locais, nacionais e outros, e para esse fim desenvolvem, através da educação
apropriada, a capacidade de participação das comunidades.
6- Devem ser apoiados por sistemas de referência integrados, funcionais e mutuamente amparados, levando à
progressiva melhoria dos cuidados gerais de saúde para todos e dando prioridade aos que têm mais
necessidade.
7- Baseiam-se, nos níveis locais e de encaminhamento, nos que trabalham no campo da saúde, inclusive médicos,
enfermeiros, parteiras, auxiliares e agentes comunitários, conforme seja aplicável, assim como em praticantes
tradicionais, conforme seja necessário, convenientemente treinados para trabalhar, social e tecnicamente, ao
lado da equipe de saúde e responder às necessidades expressas de saúde da comunidade.
 
VIII) Todos os governos devem formular políticas, estratégias e planos nacionais de ação para lançar/sustentar os cuidados
primários de saúde em coordenação com outros setores. Para esse fim, será necessário agir com vontade política, mobilizar os
recursos do país e utilizar racionalmente os recursos externos disponíveis.
 
IX) Todos os países devem cooperar, num espírito de comunidade e serviço, para assegurar os cuidados primários de saúde a
todos os povos, uma vez que a consecução da saúde do povo de qualquer país interessa e beneficia diretamente todos os
outros países. Nesse contexto, o relatório conjunto da OMS/UNICEF sobre cuidados primários de saúde constitui sólida base
para o aprimoramento adicional e a operação dos cuidados primários de saúde em todo o mundo.
 
X) Poder-se-á atingir nível aceitável de saúde para todos os povos do mundo até o ano 2000 mediante o melhor e mais
completo uso dos recursos mundiais, dos quais uma parte considerável é atualmente gasta em armamento e conflitos militares.
Uma política legítima de independência, paz, distensão e desarmamento pode e deve liberar recursos adicionais, que podem ser
destinados a fins pacíficos e, em particular, à aceleração do desenvolvimento social e econômico, do qual os cuidados primários
de saúde, como parte essencial, devem receber sua parcela apropriada.
A Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde concita à ação internacional e nacional urgente e
eficaz, para que os cuidados primários de saúde sejam desenvolvidos e aplicados em todo o mundo e, particularmente, nos
países em desenvolvimento, num espírito de cooperação técnica e em consonância com a nova ordem econômica internacional.
Exorta os governos, a OMS e o UNICEF, assim como outras organizações internacionais, entidades multilaterais e bilaterais,
organizações governamentais, agências financeiras, todos os que trabalham no campo da saúde e toda a comunidade mundial
a apoiar um compromisso nacional e internacional para com os cuidados primários de saúde e a canalizar maior volume de
apoio técnico e financeiro para esse fim, particularmente nos países em desenvolvimento. A Conferência concita todos a
colaborar para que os cuidados primários de saúde sejam introduzidos, desenvolvidose mantidos, de acordo com a letra e
espírito desta Declaração.
 
MODELOS DE ATENÇÃO À SAÚDE
 
MODELO MÉDICO-ASSISTENCIAL PRIVATISTA
 
O modelo médico-assistencial privatista é o mais conhecido e prestigiado, apesar de não contemplar o conjunto dos
problemas de saúde de toda a população. Predomina no Brasil, estando voltado para os indivíduos que, na dependência do seu
grau de conhecimento e/ou sofrimento, procuram os serviços de saúde por "livre iniciativa". Conseqüentemente, os indivíduos e
os grupos populacionais que não percebam a existência de problemas de saúde ou que não estejam alertas para as medidas de
prevenção deixarão de ser alcançados pelo sistema de saúde, já que não constituiriam uma "demanda espontânea". Esse
modelo assistencial reforça a atitude dos indivíduos de só procurarem os serviços de saúde quando se sentem doentes. Nesse
caso, as preocupações das instituições de saúde restringem-se a manter em funcionamento uma dada oferta de atendimento. É
a pressão espontânea e desordenada da demanda que condiciona a organização de recursos para a oferta. Outras vezes é a
própria oferta, distorcida em relação às necessidades de saúde, que determinaria o consumo de serviços médicos. No Brasil, o
modelo médico-assistencial privatista tem origens na assistência filantrópica e na medicina liberal, é fortalecido com a expansão
da previdência social e consolida-se com a capitalização da medicina nas últimas décadas. Entretanto, esse modelo assistencial
que caracteriza a assistência médica individual não é exclusivo do setor privado. Reproduz-se, também, no setor público dada a
especificidade dessa assistência:
 
"Relação sempre interindividual (privatizante e individualizante nesta direção), mas coletivamente estruturada enquanto
assistência; ato institucionalmente produzido, mas individualmente operado na consulta direta ao médico; serviço público e
coletivamente oferecido, mas privada e individualmente acionado, na demanda 'espontânea' de cada cidadão" (Schraiber,
1993).
 
Assim, o modelo médico-assistencial privatista, centrado na "demanda espontânea", está presente na medicina liberal,
nas cooperativas médicas, na medicina de grupo, no seguro saúde e, também, nos serviços públicos (hospitais, centros de
saúde e laboratórios) quando não se encontram organizados para atender às necessidades de uma população definida. E,
então, predominantemente curativo, tende a prejudicar o atendimento integral ao paciente e à comunidade, além de não se
comprometer com o impacto sobre o nível de saúde da população.
A forma de organização da produção de ações de saúde mais conhecida e difundida é, portanto, a que busca atender
aqueles que procuram por assistência médica e hospitalar em serviços de urgência e emergência, ambulatórios, centros de
saúde, consultórios, clínicas, hospitais etc. Como essa forma de organização é incapaz de alterar, significativamente, os níveis
de saúde da população, as instituições públicas têm adotado de forma subalterna o modelo assistencial "sanitarista", voltado
para as necessidades de saúde, sentidas ou não, que dá primazia às campanhas e aos programas especiais de Saúde Pública.
 
 
MODELO ASSISTENCIAL "SANITARISTA"
 
O modelo "sanitarista" corresponde à Saúde Pública institucionalizada no Brasil durante o século XX, que tem
enfrentado os problemas de saúde da população mediante campanhas (vacinação, combate às epidemias, reidratação oral etc.)
e programas especiais (controle de tuberculose e da hanseníase, saúde da criança, saúde da mulher, saúde mental etc.).
Usualmente essas formas de intervenção não contemplam a totalidade da situação de saúde, isto é, concentram sua atenção no
controle de certos agravos ou em determinados grupos supostamente em risco de adoecer ou morrer. Deixam de se preocupar
com os determinantes mais gerais da situação sanitária. Conseqüentemente, configuram um modelo assistencial que não
enfatiza a integralidade da atenção e não estimula a descentralização na organização dos serviços.
As campanhas de Saúde Pública têm um caráter geralmente temporário, requerem uma grande mobilização de
recursos e dispõem de uma administração centralizada. Muitas vezes aparentam uma operação militar visando ao combate de
uma epidemia (cólera, dengue etc.), ao controle de determinado agravo à saúde (acidente de trabalho), ou ao esclarecimento e
à informação da comunidade (AIDS). E como um trabalho de bombeiro, tentando sempre "apagar incêndios".
As campanhas têm sido consideradas "um mal necessário" para enfrentar problemas de saúde que a rede de serviços
não conseguiu resolver através das suas atividades usuais. E o caso, por exemplo, das campanhas de vacinação (pólio,
sarampo etc.) e do controle da dengue ou da meningite. Criam problemas na organização e na administração dos serviços de
saúde, pois desestruturam certas atividades de rotina nos períodos que antecedem e sucedem a sua realização, além de
apresentarem altos custos.
Os programas especiais de saúde pública dispõem geralmente de uma administração única e vertical, de modo que
atravessam instituições, estabelecimentos e serviços de saúde de forma individualizada e desintegrada (Teixeira & Paim, 1990).
Detêm um conjunto de recursos (humanos, materiais e financeiros) e de atividades visando a objetivos bem definidos.
Apresentam um caráter mais permanente que as campanhas, mas, quando geridos verticalmente, propiciam conflitos na ponta
do sistema (centros de saúde, hospitais e laboratórios) pelas dificuldades de integração com outras atividades dos serviços de
saúde. Assim, existem programas de controle de tuberculose ou de saúde da criança e da mulher que muitas vezes não
interagem com os programas e campanhas de imunização e com as atividades de vigilância epidemiológica.
Muitos desses programas são substitutos de campanhas que se prolongaram, enquanto outros constituem respostas
pontuais a certas mudanças do perfil epidemiológico. O seu vínculo institucional tem origem basicamente no Ministério da
Saúde, passando por metamorfoses institucionais (Campanha de Erradicação da Malária, Departamento Nacional de Endemias
Rurais, Fundação SESP Superintendência de Campanhas de Saúde Pública, Fundação Nacional de Saúde, Secretaria de
Vigilância em Saúde etc.) e sendo reproduzidos pelas secretarias estaduais e municipais de saúde.
 
DÉCADA DE 1980 E A REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA
 
Nos anos 80, a sociedade brasileira ao mesmo tempo em que vivenciou um processo de democratização política
superando o regime ditatorial instaurado em 64, experimentou uma profunda e prolongada crise econômica que persiste até os
dias atuais. As decepções com a transição democrática ocorreram ,principalmente, com seu giro conservador após 1988, não se
traduzindo em ganhos materiais para a massa da população. A saúde, nessa década, contou com a participação de novos
sujeitos sociais na discussão das condições de vida da população brasileira e das propostas governamentais apresentadas para
o setor, contribuindo para um amplo debate que permeou a sociedade civil. Saúde deixou de ser interesse apenas dos técnicos
para assumir uma dimensão política, estando estreitamente vinculada à democracia. Dos personagens que entraram em cena
nesta conjuntura, destaca-se: os profissionais de saúde, representados pelas suas entidades, que ultrapassaram o
corporativismo, defendendo questões mais gerais como a melhoria da situação saúde e o fortalecimento do setor público.
Em março DE 1980 ocorreu a 7ª Conferência Nacional de Saúde, que debateu a implantação e o desenvolvimento do
Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-Saúde), a regionalização e organização dos serviços de saúde nas
Universidades Federais, além da articulação dos serviços básicos com os serviços especializados no sistema saúde.
 
AÇÕES INTEGRADAS DE SAÚDE-1983
– Repasse dos recursos do INAMPS para as Secretarias Estaduais de
Saúde (para expansão da rede de saúde);
– Tentativa incipiente de descentralização do poder;
– Gestão ainda no nível Federal.
–Amplia as ações de assistência (serviços previdenciários) para a
POPULAÇÃO NÃO CONTRIBUINTE.
 
PRIMEIRA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL
SOBRE PROMOÇÃO DA SAÚDE
Ottawa, novembro de 1986
CARTA DE OTTAWA
​A Primeira Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, Canadá, em novembro de 1986,
apresenta neste documento sua Carta de Intenções, que seguramente contribuirá para se atingir Saúde para Todos no Ano
2000 e anos subseqüentes. Esta Conferência foi, antes de tudo, uma resposta às crescentes expectativas por uma nova saúde
pública, movimento que vem ocorrendo em todo o mundo. As discussões focalizaram principalmente as necessidades em saúde
nos países industrializados, embora tenham levado em conta necessidades semelhantes de outras regiões do globo.
​As discussões foram baseadas nos progressos alcançados com a Declaração de Alma-Ata para os Cuidados Primários
em Saúde, com o documento da OMS sobre Saúde Para Todos, assim como com o debate ocorrido na Assembléia Mundial da
Saúde sobre as ações intersetoriais necessárias para o setor.
 
PROMOÇÃO DA SAÚDE
​Promoção da saúde é o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua
qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo. Para atingir um estado de completo
bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber identificar aspirações, satisfazer necessidades e modificar
favoravelmente o meio ambiente. A saúde deve ser vista como um recurso para a vida, e não como objetivo de viver. Nesse
sentido, a saúde é um conceito positivo, que enfatiza os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Assim,
a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável, na
direção de um bem-estar global.
 
PRÉ-REQUISITOS PARA A SAÚDE
As condições e os recursos fundamentais para a saúde são:
Paz – Habitação – Educação – Alimentação – Renda - ecossistema estável – recursos sustentáveis - justiça social e
eqüidade
O incremento nas condições de saúde requer uma base sólida nestes pré-requisitos básicos.
 
DEFESA DE CAUSA
​A saúde é o maior recurso para o desenvolvimento social, econômico e pessoal, assim como uma importante dimensão
da qualidade de vida. Fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, ambientais, comportamentais e biológicos podem tanto
favorecer como prejudicar a saúde. As ações de promoção da saúde objetivam, através da defesa da saúde, fazer com que as
condições descritas sejam cada vez mais favoráveis.
 
 
CAPACITAÇÃO
​Alcançar a eqüidade em saúde é um dos focos da promoção da saúde. As ações de promoção da saúde objetivam
reduzir as diferenças no estado de saúde da população e assegurar oportunidades e recursos igualitários para capacitar todas
as pessoas a realizar completamente seu potencial de saúde. Isto inclui uma base sólida: ambientes favoráveis, acesso à
informação, a experiências e habilidades na vida, bem como oportunidades que permitam fazer escolhas por uma vida mais
sadia. As pessoas não podem realizar completamente seu potencial de saúde se não forem capazes de controlar os fatores
determinantes de sua saúde, o que se aplica igualmente para homens e mulheres.
 
MEDIAÇÃO
​Os pré-requisitos e perspectivas para a saúde não são assegurados somente pelo setor saúde. Mais importante, a
promoção da saúde demanda uma ação coordenada entre todas as partes envolvidas: governo, setor saúde e outros setores
sociais e econômicos, organizações voluntárias e não-governamentais, autoridades locais, indústria e mídia. As pessoas, em
todas as esferas da vida, devem envolver-se neste processo como indivíduos, famílias e comunidades. Os profissionais e
grupos sociais, assim como o pessoal de saúde, têm a responsabilidade maior na mediação entre os diferentes, em relação à
saúde, existentes na sociedade. As estratégias e programas na área da promoção da saúde devem se adaptar às necessidades
locais e às possibilidades de cada país e região, bem como levar em conta as diferenças em seus sistemas sociais, culturais e
econômicos.
 
SIGNIFICADO DAS AÇÕES DE PROMOÇÃO DA SAÚDE: CONSTRUINDO POLÍTICAS PÚBLICAS SAUDÁVEIS
​A promoção da saúde vai além dos cuidados de saúde. Ela coloca a saúde na agenda de prioridades dos políticos e
dirigentes em todos os níveis e setores, chamando-lhes a atenção para as conseqüências que suas decisões podem ocasionar
no campo da saúde e a aceitarem suas responsabilidades políticas com a saúde. A política de promoção da saúde combina
diversas abordagens complementares, que incluem legislação, medidas fiscais, taxações e mudanças organizacionais. É uma
ação coordenada que aponta para a eqüidade em saúde, distribuição mais eqüitativa da renda e políticas sociais. As ações
conjuntas contribuem para assegurar bens e serviços mais seguros e saudáveis, serviços públicos saudáveis e ambientes mais
limpos e desfrutáveis. A política de promoção da saúde requer a identificação e a remoção de obstáculos para a adoção de
políticas públicas saudáveis nos setores que não estão diretamente ligados à saúde. O objetivo maior deve ser indicar aos
dirigentes e políticos que as escolhas saudáveis são as mais fáceis de realizar.
 
CRIANDO AMBIENTES FAVORÁVEIS
​Nossas sociedades são complexas e inter-relacionadas. Assim a saúde não pode estar separada de outras metas e
objetivos. As inextricáveis ligações entre a população e seu meio-ambiente constituem a base para uma abordagem
socioecológica da saúde. O princípio geral orientador para o mundo, as nações, as regiões e até mesmo as comunidades é a
necessidade de encorajar a ajuda recíproca – cada um a cuidar de si próprio, do outro, da comunidade e do meio-ambiente
natural. A conservação dos recursos naturais do mundo deveria ser enfatizada como uma responsabilidade global. Mudar os
modos de vida, de trabalho e de lazer tem um significativo impacto sobre a saúde. Trabalho e lazer deveriam ser fontes de
saúde para as pessoas. A organização social do trabalho deveria contribuir para a constituição de uma sociedade mais
saudável. A promoção da saúde gera condições de vida e trabalho seguras, estimulantes, satisfatórias e agradáveis. O
acompanhamento sistemático do impacto que as mudanças no meio-ambiente produzem sobre a saúde – particularmente, nas
áreas de tecnologia, trabalho, produção de energia e urbanização – é essencial e deve ser seguido de ações que assegurem
benefícios positivos para a saúde da população. A proteção do meio-ambiente e a conservação dos recursos naturais devem
fazer parte de qualquer estratégia de promoção da saúde.
 
REFORÇANDO A AÇÃO COMUNITÁRIA
​A promoção da saúde trabalha através de ações comunitárias concretas e efetivas no desenvolvimento das prioridades,
na tomada de decisão, na definição de estratégias e na sua implementação, visando a melhoria das condições de saúde. O
centro deste processo é o incremento do poder das comunidades – a posse e o controle dos seus próprios esforços e destino. O
desenvolvimento das comunidades é feito sobre os recursos humanos e materiais nelas existentes para intensificar a auto-ajuda
e o apoio social, e para desenvolver sistemas flexíveis de reforço da participação popular na direção dos assuntos de saúde.
Isto requer um total e contínuo acesso à informação, às oportunidades de aprendizado para os assuntos de saúde, assim como
apoio financeiro adequado.
 
DESENVOLVENDO HABILIDADES PESSOAIS
​A promoção da saúde apóia o desenvolvimento pessoal e social através da divulgação de informação, educação para a
saúde e intensificação das habilidades vitais. Com isso, aumentam as opções disponíveis para que as populações possam
exercer maior controle sobre sua própria saúde e sobre o meio-ambiente, bem como fazer opções que conduzam a uma saúde
melhor. É essencial capacitar as pessoas para aprender durante toda a vida, preparando-as para as diversas fases da
existência, o que inclui o enfrentamento das doenças crônicas e causas externas. Estatarefa deve ser realizada nas escolas,
nos lares, nos locais de trabalho e em outros espaços comunitários. As ações devem se realizar através de organizações
educacionais, profissionais, comerciais e voluntárias, bem como pelas instituições governamentais.
 
 
REORIENTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE
​A responsabilidade pela promoção da saúde nos serviços de saúde deve ser compartilhada entre indivíduos,
comunidade, grupos, profissionais da saúde, instituições que prestam serviços de saúde e governos. Todos devem trabalhar
juntos, no sentido de criarem um sistema de saúde que contribua para a conquista de um elevado nível de saúde. O papel do
setor saúde deve mover-se, gradativamente, no sentido da promoção da saúde, além das suas responsabilidades de prover
serviços clínicos e de urgência. Os serviços de saúde precisam adotar uma postura abrangente, que perceba e respeite as
peculiaridades culturais. Esta postura deve apoiar as necessidades individuais e comunitárias para uma vida mais saudável,
abrindo canais entre o setor saúde e os setores sociais, políticos, econômicos e ambientais.
​A reorientação dos serviços de saúde também requer um esforço maior de pesquisa em saúde, assim como de
mudanças na educação e no ensino dos profissionais da área da saúde. Isto precisa levar a uma mudança de atitude e de
organização dos serviços de saúde para que focalizem as necessidades globais do indivíduo, como pessoa integral que é.
VOLTADOS PARA O FUTURO
​A saúde é construída e vivida pelas pessoas dentro daquilo que fazem no seu dia-a-dia: onde elas aprendem,
trabalham, divertem-se e amam. A saúde é construída pelo cuidado de cada um consigo mesmo e com os outros, pela
capacidade de tomar decisões e de ter controle sobre as circunstâncias da própria vida, e pela luta para que a sociedade
ofereça condições que permitam a obtenção da saúde por todos os seus membros.
​Cuidado, holismo e ecologia são temas essenciais no desenvolvimento de estratégias para a promoção da saúde. Além
disso, os envolvidos neste processo devem ter como guia o princípio de que em cada fase do planejamento, implementação e
avaliação das atividades de promoção da saúde, homens e mulheres devem participar como parceiros iguais.
 
COMPROMISSOS COM A PROMOÇÃO DA SAÚDE
Os participantes desta Conferência comprometem-se a:
• ​atuar no campo das políticas públicas saudáveis e advogar um compromisso político claro em relação à saúde e à
eqüidade em todos os setores;
• ​agir contra a produção de produtos prejudiciais à saúde, a degradação dos recursos naturais, as condições ambientais
e de vida não-saudáveis e a má-nutrição; e centrar sua atenção nos novos temas da saúde pública, tais como a poluição, o
trabalho perigoso e as questões da habitação e dos assentamentos rurais;
• ​atuar pela diminuição do fosso existente, quanto às condições de saúde, entre diferentes sociedades e distintos
grupos sociais, bem como lutar contra as desigualdades em saúde produzidas pelas regras e práticas desta mesma
sociedade;
• ​reconhecer as pessoas como o principal recurso para a saúde; apoiá-las e capacitá-las para que se mantenham
saudáveis a si próprias, às suas famílias e amigos, através de financiamentos e/ou outras formas de apoio; e aceitar a
comunidade como porta-voz essencial em matéria de saúde, condições de vida e bem-estar;
• ​reorientar os serviços de saúde e os recursos disponíveis para a promoção da saúde; incentivar a participação e
colaboração de outros setores, outras disciplinas e, mais importante, da própria comunidade;
• ​reconhecer a saúde e sua manutenção como o maior desafio e o principal investimento social dos governos; e
dedicar-se ao tema da ecologia em geral e das diferentes maneiras de vida;
• ​a Conferência conclama a todos os interessados juntar esforços no compromisso por uma forte aliança em torno da
saúde pública.
 
POR UMA AÇÃO INTERNACIONAL
​A Conferência conclama a OMS e outras organizações internacionais para a defesa da promoção da saúde em todos
os fóruns apropriados e para o apoio aos países no estabelecimento de estratégias e programas para a promoção da saúde. A
Conferência está firmemente convencida de que se as pessoas, as ONGs e organizações voluntárias, os governos, a OMS e
demais organismos interessados, juntarem seus esforços na introdução e implementação de estratégias para a promoção da
saúde, de acordo com os valores morais e sociais que formam a base desta Carta, a Saúde Para Todos no Ano 2000 será uma
realidade.
 
 
 
 
8ª CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE
​Em agosto de 1985 foi instituída, através de portaria do Ministério da Saúde, a Comissão Organizadora da VIII
Conferência Nacional de Saúde, formada por parlamentares, representantes de entidades sindicais de trabalhadores e
empregadores, órgãos de classe dos profissionais de saúde, partidos políticos, instituições públicas envolvidas com a área da
saúde e entidades representativas da sociedade civil. Coube a presidência da referida comissão ao médico Antônio Sérgio da
Silva Arouca, na época presidente da Fiocruz.
​ O relatório elaborado pela comissão e aprovado pelo então ministro da Saúde Carlos Santanna, em novembro de
1985, estabeleceu que a VIII Conferência Nacional de Saúde teria como finalidade propor critérios para a reformulação do
Sistema Nacional de Saúde junto à Assembléia Nacional Constituinte. Realizada em março de 1986, em Brasília, teve como
temário central a saúde como direito inerente à cidadania; a reformulação do Sistema Nacional de Saúde em consonância com
os princípios de universalização, participação e descentralização; a integração orgânico-institucional; a redefinição dos papéis
institucionais das unidades políticas (União, estados, territórios e municípios) na prestação de serviços de saúde; e o
financiamento do setor saúde.
​A VIII Conferência Nacional de Saúde teve a participação de mais de quatro mil pessoas, com representantes de quase
todas as entidades públicas do setor saúde. Sua principal conquista foi a elaboração de um projeto de Reforma Sanitária
defendendo a criação de um sistema único de saúde que centralizasse as políticas governamentais para o setor, desvinculadas
da Previdência social e, ao mesmo tempo, regionalizasse o gerenciamento da prestação de serviços, privilegiando o setor
público e universalizando o atendimento. Por outro lado afirmava-se um conceito ampliado de saúde, como resultante de
condicionantes sociais, políticas e econômicas.
​Após o término da conferência foi criada a Comissão Nacional de Reforma Sanitária, com o objetivo explícito de
analisar as dificuldades identificadas no funcionamento da rede nacional de serviços de saúde, sugerindo opções para a nova
estrutura organizacional do sistema; examinar os instrumentos de articulação entre os setores do governo que atuam na área de
saúde e propor seu aperfeiçoamento; apontar mecanismos de planejamento plurianual no setor saúde, ajustando-os com
precisão às necessidades dos segmentos da população a ser atendida.
O modo como a assistência à saúde no Brasil estava organizada era decorrência de variados fatores, como:
• Existência de um sistema de saúde que não atendia as necessidades e carências da população, no que diz
respeito às políticas de saúde;
• O acesso seletivo à assistência à saúde, deixando enorme contingente populacional sem atenção;
• A mobilização governamental para reformular a assistência até então existente;
• O Movimento da Reforma Sanitária e o Sindical;
• A ampliação do conceito de saúde;
• A formulação de proposta de reorientação do sistema de saúde;
• A criação de legislação que viabilizasse a implantação do SUS.
 
EVOLUÇÃO DAS CONFERÊNCIAS DE PROMOÇÃO DA SAÚDE
• I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em Ottawa (1986)
• II Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em Adelaide (1988)
• III Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em Sundsvall (1991)
• Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde de Bogotá (1992)
• Primeira Conferência de Promoção da Saúde no Caribe,em Port of Spain (1993)
• IV Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em Jacarta (1997)
• Rede de Megapaíses para Promoção da Saúde, Suiça (1998)
• V Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde na Cidade do México (2000)
• III Conferência Latino Americana de Promoção da Saúde e Educação para a Saúde, em São Paulo (2002)
• VI Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde em Bangkok (2005)
• Conferência Internacional de Saúde para o Desenvolvimento, em Buenos Aires (2007)
 
RELATÓRIO FINAL DA VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE
TEMA 1 - SAÚDE COMO DIREITO
1. Em seu sentido mais abrangente, a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio
ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. É, assim,
antes de tudo, o resultado das formas de organização social da produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos
níveis de vida.
 
2. A saúde não é um conceito abstrato. Defini-se no contexto histórico de determinada sociedade e num dado momento de seu
desenvolvimento, devendo ser conquistada pela população em suas lutas cotidianas.
 
3. Direito à saúde significa garantia, pelo Estado, de condições dignas de vida e de acesso universal e igualitário às ações e
serviços de promoção e recuperação de saúde, em todos os seus níveis, a todos os habitantes do território nacional, levando ao
desenvolvimento pleno do ser humano em sua individualidade. 
 4. Esse direito não se materializa simplesmente pela sua formalização no texto constitucional. Há, simultaneamente,
necessidade de o Estado assumir explicitamente uma política de saúde conseqüente e integrada às demais políticas
econômicas e sociais, assegurando os meios que permitam efetivá-las. Entre outras condições, isso será garantido mediante o
controle do processo de formulação, gestão e avaliação das políticas sociais e econômicas pela população.
 
5. Deste conceito amplo de saúde e desta noção de direito como conquista social emerge a idéia de que o pleno exercício do
direito à saúde implica garantir:
 - trabalho com condições dignas, com amplo conhecimento e controle dos trabalhadores sobre o processo e o ambiente de
trabalho;
 - ​alimentação para todos, segundo as suas necessidades;
 - ​moradia higiênica e digna;
 - ​educação e informação plenas;
 - ​qualidade adequada do meio ambiente;
- ​transporte seguro e acessível;
- ​repouso, lazer e segurança;
- ​participação da população na organização, gestão e controle dos serviços e ações de saúde;
 - ​direito à liberdade; à livre organização e expressão;
 - ​acesso universal e igualitário aos serviços setoriais em todos os níveis.
 
6. ​As limitações e obstáculos ao desenvolvimento e aplicação do direito à saúde são de natureza estrutural.
 
 7. ​A sociedade brasileira, extremamente estratificada e hierarquizada, caracteriza-se pela alta concentração da renda e
da propriedade fundiária observando-se a coexistência de formas rudimentares de organização do trabalho produzido com a
mais avançada tecnologia de economia capitalista. As desigualdades sociais e regionais existentes refletem estas condições
estruturais que vêm atuando como fatores limitantes ao pleno desenvolvimento de um nível satisfatório de saúde e de uma
organização de serviços socialmente adequada.
 
8. ​A evolução histórica desta sociedade desigual ocorreu quase sempre na presença de um Estado autoritário,
culminando no regime militar, que desenvolveu uma política social mais voltada para o controle das classes dominadas,
impedindo o estabelecimento de canais eficazes para as demandas sociais e a correção das distorções geradas pelo
modelo econômico.
 
9. ​Na área de saúde, verifica-se um acúmulo histórico de vicissitudes que deram origem a um sistema em que
predominam interesses de empresários da área médico-hospitalar. O modelo de organização do setor público é anárquico,
pouco eficiente e eficaz, gerando descrédito junto à população.
 
10. Este quadro decorre basicamente do seguinte:
 - ​não prioridade pelos governos anteriores do setor social, neste incluída a saúde, privilegiando outros setores, como,
por exemplo, o da energia, que contribui para a atual dívida externa;
 - ​vigência de uma política de saúde implícita que se efetiva ao sabor de interesses em geral não coincidentes com os
dos usuários dos serviços, acentuadamente influenciada pela ação de grupos dedicados à mercantilização da saúde;
- ​debilidade de organização da sociedade civil, com escassa participação popular no processo de formulação e controle
das políticas e dos serviços de saúde;
- ​modelo assistencial excludente, discriminatório, centralizador e corruptor
- ​falta de transparência na aplicação de recursos públicos, o que contribuiu para o uso dispersivo, sem atender às reais
necessidades da população;
 - ​inadequada formação de recursos humanos tanto em nível técnico quanto nos aspectos ético e de consciência social,
associada a sua utilização em condições insatisfatórias de remuneração e de trabalho;
- ​controle do setor de medicamentos e equipamentos pelas multinacionais;
 - ​privilégio na aplicação dos recursos públicos na rede privada de assistência médica, como também em programas de
saneamento e habitação;
 - ​interferência clientelística no que se refere à contratação de pessoal;
 - ​excessiva centralização das decisões e dos recursos em nível federal.
 
 11. O Estado tem como responsabilidades básicas quanto ao direito à saúde:
 - ​adoção de políticas sociais e econômicas que propiciem melhores condições de vida, sobretudo para os segmentos
mais carentes da população;
- ​definição, financiamento e administração de um sistema de saúde de acesso universal e igualitário;
 - ​operação descentralizada de serviços de saúde;
 - ​normatização e controle das ações de saúde desenvolvidas por qualquer agente público ou privado de forma a
garantir padrões de qualidade adequados;
 
 12. Para assegurar o direito à saúde a toda população brasileira é imprescindível:
 - garantir uma Assembléia Nacional Constituinte livre, soberana, democrática,popular e exclusiva;
- ​assegurar na Constituição a todas as pessoas, as condições fundamentais de uma existência digna, protegendo o
acesso a emprego, educação, alimentação, remuneração justa e propriedade da terra aos que nela trabalham, assim como o
direito à organização e o direito de greve;
 - ​suspender imediatamente o pagamento dos juros da dívida externa e submeter à decisão da Nação, Via Assembléia
Nacional Constituinte, a proposta de não pagamento da dívida externa;
 - ​implantar uma reforma agrária que responda às reais necessidades e aspirações dos trabalhadores rurais e que seja
realizada sob o controle destes;
- ​estimular a participação organizada nos núcleos decisórios, nos vários níveis, assegurando o controle social sobre as
ações do Estado;
 - ​fortalecer os Estados e Municípios, através de uma ampla reforma fiscal e tributária;
 - ​estabelecer compromissos orçamentários em nível da União, Estados e Municípios para o adequado financiamento
das ações de saúde.
 
 13. É necessário que se intensifique o movimento de mobilização popular para garantir que a Constituinte inclua a saúde entre
as questões que merecerão atenção prioritária. Com este objetivo a partir da VIII Conferência Nacional de Saúde deverá ser
deflagrada uma campanha nacional em defesa do direito universal à saúde, contra a mercantilização da medicina e pela
melhoria dos serviços públicos, para que se inscrevam na futura Constituição:
- ​a caracterização da saúde de cada indivíduo como de interesse prioritária por parte das políticas sociais;
 - ​a garantia da extensão do direito à saúde e do acesso igualitário às nações e serviços de promoção, proteção e
recuperação da saúde, em todos os níveis a todos os habitantes do território nacional;
- ​a caracterização dos serviços de saúde como públicos e essenciais.
 
 
CONSTITUIÇÃO DE 1988: CONSTITUIÇÃO CIDADÃ
(05.10.1988)
PRINCÍPIO DAISONOMIA: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade.
 
Título VIII - Da Ordem Social
Capítulo I - Disposição Geral
Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e
como objetivo o bem-estar e a justiça sociais.
 
Capítulo II - Da Seguridade Social
Seção I - Disposições Gerais
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade,
destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e
à assistência social.
Parágrafo único. Compete ao poder público, nos termos da lei, organizar a seguridade social, com base nos seguintes objetivos:
I - universalidade da cobertura e do atendimento;
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços;
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios;
V - eqüidade na forma de participação no custeio;
VI - diversidade da base de financiamento;
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos
trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados.
 
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante
recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:
I - do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:
a) a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste
serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão
concedidas pelo regime geral de previdência social de que trata o art. 201;
III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior, ou de quem
a lei a ele equiparar.
§ 1º As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos
orçamentos, não integrando o orçamento da União.
§ 2º A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde,
previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias,
assegurada a cada área a gestão de seus recursos.
§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o
poder público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.
§ 4º A lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o
disposto no art. 154, I.
§ 5º Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte
de custeio total.
§ 6º As contribuições sociais de que trata este artigo só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da
publicação da lei que as houver instituído ou modificado, não se lhes aplicando o disposto no art. 150, III, b.
§ 7º São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às
exigências estabelecidas em lei.
§ 8º O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que
exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social
mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos
da lei.
§ 9º As contribuições sociais previstas no inciso I deste artigo poderão ter alíquotas ou bases de cálculo diferenciadas, em razão
da atividade econômica ou da utilização intensiva de mão-de-obra.
§ 10. A lei definirá os critérios de transferência de recursos para o sistema único de saúde e ações de assistência social da
União para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e dos Estados para os Municípios, observada a respectiva
contrapartida de recursos.
§ 11. É vedada a concessão de remissão ou anistia das contribuições sociais de que tratam os incisos I, a, e II deste artigo, para
débitos em montante superior ao fixado em lei complementar.
§ 12. A lei definirá os setores de atividade econômica para os quais as contribuições incidentes na forma dos incisos I, b; e IV do
caput, serão não-cumulativas.
§ 13. Aplica-se o disposto no § 12 inclusive na hipótese de substituição gradual, total ou parcial, da contribuição incidente na
forma do inciso I, a, pela incidente sobre a receita ou o faturamento.
 
 
SEÇÃO II - DA SAÚDE
 
ART. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução
do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação.
ART. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao poder público dispor, nos termos da lei, sobre
sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por
pessoa física ou jurídica de direito privado.
ART. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema
único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;
III - participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social, da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços públicos de saúde
recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar prevista no § 3º;
II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos
de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que forem transferidas aos respectivos
Municípios;
III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos
recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:
I - os percentuais de que trata o § 2º;
II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva redução das disparidades
regionais;
III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal;
IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.
ART. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste,
mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.
§ 3º É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitaisestrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos
casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para
fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo
vedado todo tipo de comercialização.
ART. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de
medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas para
consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos,
tóxicos e radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
SEÇÃO III - DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória,
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada;
II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário;
IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao
cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.
§ 1º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos beneficiários do regime
geral de previdência social, ressalvados os casos de atividades exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou
a integridade física, definidos em lei complementar.
§ 2º Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal
inferior ao salário mínimo.
§ 3º Todos os salários de contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, na forma da lei.
§ 4º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios
definidos em lei.
§ 5º É vedada a filiação ao regime geral de previdência social, na qualidade de segurado facultativo, de pessoa participante de
regime próprio de previdência.
§ 6º A gratificação natalina dos aposentados e pensionistas terá por base o valor dos proventos do mês de dezembro de cada
ano.
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições:
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os
trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes
incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal.
§ 8º Os requisitos a que se refere o inciso I do parágrafo anterior serão reduzidos em cinco anos, para o professor que
comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e
médio.
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na
§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na
atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente,
segundo critérios estabelecidos em lei.
§ 10. Lei disciplinará a cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente pelo regime geral de
previdência social e pelo setor privado.
§ 11. Os ganhos habituais do empregado, a qualquer título, serão incorporados ao salário para efeito de contribuição
previdenciária e conseqüente repercussão em benefícios, nos casos e na forma da
lei. § 12. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para trabalhadores de baixa renda, garantindo-lhes
acesso a benefícios de valor igual a um salário-mínimo, exceto aposentadoria por tempo de contribuição.
Art. 202. O regime de previdência privada, de caráter complementar e organizado de forma autônoma em relação ao regime
geral de previdência social, será facultativo, baseado na constituição de reservas que garantam o benefício contratado, e
regulado por lei complementar.
§ 1º A lei complementar de que trata este artigo assegurará ao participante de planos de benefícios de entidades de previdência
privada o pleno acesso às informações relativas à gestão de seus respectivos planos.
§ 2º As contribuições do empregador, os benefícios e as condições contratuais previstas nos estatutos, regulamentos e planos
de benefícios das entidades de previdência privada não integram o
contrato de trabalho dos participantes, assim como, à exceção dos benefícios concedidos, não integram a remuneração dos
participantes, nos termos da lei.
§ 3º É vedado o aporte de recursos a entidade de previdência privada pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, suas
autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista e outras entidades públicas, salvo na qualidade de
patrocinador, situação na qual, em hipótese alguma, sua contribuição normal poderá exceder a do segurado.
§ 4º Lei complementar disciplinará a relação entre a União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, inclusive suas autarquias,
fundações, sociedades de economia mista e empresas controladas direta ou indiretamente, enquanto patrocinadoras de
entidades fechadas de previdência privada, e suas respectivas entidades fechadas de previdência privada.
§ 5º A lei complementar de que trata o parágrafo anterior aplicar-se- á, no que couber, às empresas privadas permissionárias ou
concessionárias de prestação de serviços públicos, quando patrocinadoras de entidades fechadas de previdência privada.
§ 6º A lei complementar a que se refere o § 4º deste artigo estabelecerá os requisitos para a designação dos membros das
diretorias das entidades fechadas de previdência privada e disciplinará a inserção dos participantes nos colegiados e instâncias
de decisão em que seus interesses sejam objeto de discussão e deliberação.
 
Seção IV - Da Assistência Social
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e
tem por objetivos:
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;
V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não
possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei.
Art. 204. As ações governamentais na área da assistência social serão realizadas com recursos do orçamento da seguridade
social, previstos no art. 195, além de outras fontes, e organizadas com
base nas seguintes diretrizes:
I - descentralização político-administrativa, cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal e a coordenação e a
execução dos respectivos programas às esferas estadual e municipal,bem como a entidades beneficentes e de assistência
social;
II - participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações
em todos os níveis.
Parágrafo único. É facultado aos Estados e ao Distrito Federal vincular a programa de apoio à inclusão e promoção social até
cinco décimos por cento de sua receita tributária líquida, vedada a aplicação desses recursos no pagamento de:
I - despesas com pessoal e encargos sociais;
II - serviço da dívida;
III - qualquer outra despesa corrente não vinculada diretamente aos investimentos ou ações apoiados.
 
TRANSIÇÃO ENTRE O INAMPS E O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
​Antes do advento do Sistema Único de Saúde (SUS), a atuação do Ministério da Saúde se resumia às atividades de
promoção de saúde e prevenção de doenças (por exemplo, vacinação), realizadas em caráter universal, e à assistência médico-
hospitalar para poucas doenças; servia aos indigentes, ou seja, a quem não tinha acesso ao atendimento pelo Instituto Nacional
de Assistência Médica da Previdência Social. O INAMPS foi criado pelo regime militar em 1974 pelo desmembramento do
Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que hoje é o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS); era uma autarquia
filiada ao Ministério da Previdência e Assistência Social (hoje Ministério da Previdência Social), e tinha a finalidade de prestar
atendimento médico aos que contribuíam com a previdência social, ou seja, aos empregados de carteira assinada. O INAMPS
dispunha de estabelecimentos próprios, mas a maior parte do atendimento era realizado pela iniciativa privada; os convênios
estabeleciam a remuneração por procedimento.
​O movimento da Reforma Sanitária nasceu no meio acadêmico no início da década de 1970 como forma de oposição
técnica e política ao regime militar, sendo abraçado por outros setores da sociedade e pelo partido de oposição da época — o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em meados da década de 70 ocorreu uma crise do financiamento da previdência
social, com repercussões no INAMPS. Em 1979 o general João Baptista Figueiredo assumiu a presidência com a promessa de
abertura política, e de fato a Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados promoveu, no período de 9 a 11 de outubro de
1979, o I Simpósio sobre Política Nacional de Saúde, que contou com participação de muitos dos integrantes do movimento e
chegou a conclusões altamente favoráveis ao mesmo; ao longo da década de 1980 o INAMPS passaria por sucessivas
mudanças com universalização progressiva do atendimento, já numa transição com o SUS.
​A 8ª Conferência Nacional de Saúde foi um marco na história do SUS por vários motivos. Foi aberta em 17 de março de
1986 por José Sarney, o primeiro presidente civil após a ditadura, e foi a primeira CNS a ser aberta à sociedade; além disso, foi
importante na propagação do movimento da Reforma Sanitária. A 8ª CNS resultou na implantação do Sistema Unificado e
Descentralizado de Saúde (SUDS), um convênio entre o INAMPS e os governos estaduais, mas o mais importante foi ter
formado as bases para a seção "Da Saúde" da Constituição brasileira de 5 de outubro de 1988.
​A Constituição de 1988 foi um marco na história da saúde pública brasileira, ao definir a saúde como "direito de todos e
​A Constituição de 1988 foi um marco na história da saúde pública brasileira, ao definir a saúde como "direito de todos e
dever do Estado". A implantação do SUS foi realizada de forma gradual: primeiro veio o SUDS; depois, a incorporação do
INAMPS ao Ministério da Saúde (Decreto nº 99.060, de 7 de março de 1990); e por fim a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080,
de 19 de setembro de 1990) fundou o SUS. Em poucos meses foi lançada a Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que
imprimiu ao SUS uma de suas principais características: o controle social, ou seja, a participação dos usuários (população) na
gestão do serviço. O INAMPS só foi extinto em 27 de julho de 1993 pela Lei nº 8.689.
PRINCÍPIOS DO SUS
​O Sistema Único de Saúde teve seus princípios estabelecidos na Lei Orgânica de Saúde, em 1990, com base no artigo
198 da Constituição Federal de 1988. Os princípios da universalidade, integralidade e da eqüidade são às vezes chamados de
princípios ideológicos ou doutrinários, e os princípios da descentralização, da regionalização e da hierarquização de
princípios organizacionais, mas não está claro qual seria a classificação do princípio da participação popular.
 
UNIVERSALIDADE 
"A saúde é um direito de todos", como afirma a Constituição Federal. Naturalmente, entende-se que o Estado tem a obrigação
de prover atenção à saúde, ou seja, é impossível tornar todos sadios por força de lei. O acesso à Saúde deverá ser garantido a
todos sem discriminação de ordem previdenciária.
 
INTEGRALIDADE 
​A atenção à saúde inclui tanto os meios curativos quanto os preventivos; tanto os individuais quanto os coletivos. Em
outras palavras, as necessidades de saúde das pessoas (ou de grupos) devem ser levadas em consideração mesmo que não
sejam iguais às da maioria.
 
EQÜIDADE 
​Todos devem ter igualdade de oportunidade em usar o sistema de saúde; como, no entanto, o Brasil contém
disparidades sociais e regionais, as necessidades de saúde variam. Por isso, enquanto a Lei Orgânica fala em igualdade, tanto
o meio acadêmico quanto o político consideram mais importante lutar pela eqüidade do SUS. Tratamento DESIGUAL para
situações DESIGUAIS. É o princípio da JUSTIÇA SOCIAL
 
PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE
O controle social, como também é chamado esse princípio, foi melhor regulado pela Lei nº 8.142. Os usuários participam da
gestão do SUS através das Conferências de Saúde, que ocorrem a cada quatro anos em todos os níveis, e através dos
Conselhos de Saúde, que são órgãos colegiados também em todos os níveis. Nos Conselhos de Saúde ocorre a chamada
paridade: enquanto os usuários têm metade das vagas, o governo tem um quarto e os trabalhadores outro quarto.
 
DESCENTRALIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
​O SUS existe em três níveis, também chamados de esferas: nacional, estadual e municipal, cada uma com comando
único e atribuições próprias. Os municípios têm assumido papel cada vez mais importante na prestação e no gerenciamento dos
serviços de saúde; as transferências passaram a ser "fundo-a-fundo", ou seja, baseadas em sua população e no tipo de serviço
oferecido, e não no número de atendimentos.
 
GRAUS DE DESCENTRALIZAÇÃO:
• DELEGAÇÃO OU DESCENTRALIZAÇÃO FUNCIONAL: Expansão das autarquias, fundações ou
empresas públicas. Podemos citar o caso da empresa que vai administrar os Hospitais Universitários
• DESCONCENTRAÇÃO: deslocamento desde o nível central ao local de certos graus de autonomia
administrativa. Na saúde seria um exemplo de escritório do Ministério da saúde no estado do Piauí.
Tal estratégia serve para aliviar a sobrecarga de trabalho do nível central;
• PRIVATIZAÇÃO: Supõe transferência de funções e recursos a organizações filantrópicas ou empresas
privadas mantendo-se um relativo grau de controle governamental;
• DEVOLUÇÃO: Definição de níveis subnacionais de governo com relativa autonomia com reestruturação
radical dos serviços de saúde havendo fortalecimento da capacidade gestora local;
 
HIERARQUIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO 
Os serviços de saúde são divididos em níveis de complexidade; o nível primário deve ser oferecido diretamente à população,
enquanto os outros devem ser utilizados apenas quando necessário. Quanto mais bem estruturado for o fluxo de referência e
contra-referência entre os serviços de saúde, melhor a sua eficiência e eficácia. Cada serviço de saúde tem uma área de
abrangência, ou seja, é responsável pela saúde de uma parte da população. Os serviços de maior complexidade são menos
numerosos e por isso mesmo sua área de abrangência é mais ampla, abrangência a área de vários serviços de menor
complexidade.
 
 
SER EFICIENTE E EFICAZ, PRODUZINDO RESULTADOS COM QUALIDADES.
A Lei Orgânica da Saúde estabelece ainda os seguintes princípios:
• Preservaçãoda autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
• Direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
• Divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e sua utilização pelo usuário;
• Utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação
programática;
• Integração, em nível executivo, das ações de saúde, meio-ambiente e saneamento básico;
• Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos estados, do Distrito
Federal e dos municípios, na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
• Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e
• Organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.
 
Áreas de atuação
Segundo o artigo 200 da Constituição Federal, compete ao SUS:
• Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção
de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
• Executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
• Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
• Participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
• Incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e tecnológico;
• Fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e águas
para consumo humano;
• Participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos;
• Colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.
 
LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990.
 
Dispõe sobre as condições para
a promoção, proteção e
recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento
dos serviços correspondentes e
dá outras providências.
 
TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
 Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu
pleno exercício.
 § 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e sociais que
visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal
e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
 § 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.
 Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento
básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os
níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País.
 Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a
garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.
 
TÍTULO II
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
 Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e
municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o Sistema Único de Saúde
(SUS).
 § 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais e municipais de controle de
qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados, e de equipamentos para
saúde.
 § 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.
 
 
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES
 Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
 I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde;
 II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no
§ 1º do art. 2º desta lei;
 III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização
integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.
 Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):
 I - a execução de ações:
 a) de vigilância sanitária;
 b) de vigilância epidemiológica;
 c) de saúde do trabalhador; e
 d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
 II - a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico;
 III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;
 IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
 V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho;
 VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interesse para a saúde
e a participação na sua produção;
 VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde;
 VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano;
 IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos
psicoativos, tóxicos e radioativos;
 X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico;
 XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados.
 § 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de
intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços
de interesse da saúde, abrangendo:
 I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as
etapas e processos, da produção ao consumo; e
 II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde.
 § 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a detecção ou
prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade
de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.
 § 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina, através das ações
de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à
recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho,
abrangendo:
 I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do trabalho;
 II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, avaliação e
controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;
 III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscalização e controle
das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de
máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
 IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
 V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho,
doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de
admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;
 VI - participaçãona normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas instituições e empresas
públicas e privadas;
 VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua elaboração a
colaboração das entidades sindicais; e
 VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina, de setor de
serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
 
CAPÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
 Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que integram o Sistema
Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da Constituição Federal,
obedecendo ainda aos seguintes princípios:
 I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;
 II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e
curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema;
 III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
 IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
 V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
 VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
 VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orientação
programática;
 VIII - participação da comunidade;
 IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:
 a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
 b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;
 X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;
 XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
 XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e
 XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.
 
CAPÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO
 
 Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou mediante
participação complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de
complexidade crescente.
 Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Constituição Federal,
sendo exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
 I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
 II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e
 III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente.
 Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver em conjunto as ações e os serviços de saúde que
lhes correspondam.
 § 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos atos
constitutivos disporão sobre sua observância.
 § 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a integrar e articular
recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde.
 Art. 11. (Vetado).
 Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde,
integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil.
 Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde,
cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
 Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das comissões intersetoriais, abrangerá, em especial, as seguintes
atividades:
 I - alimentação e nutrição;
 II - saneamento e meio ambiente;
 III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
 IV - recursos humanos;
 V - ciência e tecnologia; e
 VI - saúde do trabalhador.
 Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de integração entre os serviços de saúde e as instituições de ensino
profissional e superior.
 Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finalidade propor prioridades, métodos e estratégias para a
formação e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera correspondente, assim
como em relação à pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.
 
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
SEÇÃO I
Das Atribuições Comuns
 Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as seguintes
atribuições:
 I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das ações e serviços de saúde;
 II - administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano, à saúde;
 III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e das condições ambientais;
 IV - organização e coordenação do sistema de informação de saúde;
 V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade e parâmetros de custos que caracterizam a
assistência à saúde;
 VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade para promoção da saúde do trabalhador;
 VII - participação de formulação da política e da execução das ações de saneamento básico e colaboração na proteção e
recuperação do meio ambiente;
 VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
 IX - participação na formulação e na execução da política de formação e desenvolvimento de recursos humanos para a
saúde;
 X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde (SUS), de conformidade com o plano de saúde;
 XI - elaboração de normas para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua relevância
pública;
 XII - realização de operações externas de natureza financeira de interesse da saúde autorizada pelo Senado Federal;
 XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de perigo iminente, de
calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade competente da esfera administrativa correspondente poderá
requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes assegurada justa indenização;
 XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;
 XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento e meio
ambiente;
 XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde;
 XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e outras entidades representativas da
sociedade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde;
 XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;
 XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
 XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;
 XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de atendimento emergencial.
 
Seção

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