Buscar

JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL F9

Prévia do material em texto

Justiça e 
diálogo sociaL
O Poder Judiciário 
no Ceará
Rafael Lira Monteiro 
9
ESTA PUBLICAÇÃONÃO PODE SER COMERCIALIZADA
GRATUITA
Sumário
 1. Primeira Instância ................................................................................................. 131
 1.1. Considerações históricas .................................................................................... 131
 1.2. Organização judiciária de Primeira Instância .................................................... 131
 1.3. Divisão territorial da jurisdição e especialização ............................................. 134
 2. Tribunal de Justiça ................................................................................................137
 2.1. Introduções históricas ........................................................................................137
 2.2. Organização do Tribunal de Justiça ................................................................. 138
 3. Órgãos Administrativos ....................................................................................... 141
 3.1. Órgãos diretivos .................................................................................................... 141
 3.2. A Ouvidoria do Poder Judiciário ........................................................................ 142
 Referências ........................................................................................................... 143
1. 
Primeira 
Instância
1.1. Considerações 
históricas
Com base em registros históricos, po-
de-se afirmar que o sistema judiciário 
cearense tem origem por volta do século 
XVII, quando revelava ainda um aspecto 
rudimentar, dependendo do sistema de 
outras localidades. Vinculando-se, em 
diferentes momentos, aos Estados da 
Bahia e do Maranhão, bem como à capi-
tania do Pernambuco, apresentava estru-
tura e prestação judiciária precárias, de-
pendendo os jurisdicionados de longos e 
perigosos trajetos de deslocamento para 
persecução de seus direitos, o que eleva-
da sobremaneira o custo dos processos e 
reduzia o acesso à justiça pela população. 
Com a criação da primeira Câmara 
no Iguape, no ano de 1700, observou-se 
um avanço na formação da estrutura ju-
diciária do Ceará. Sobre esse sistema, 
afirma Geraldo da Silva Nobre (1974, p. 19):
[...] em princípio, as atribuições das 
Câmaras constituíam uma delegação 
das atribuições do representante da 
justiça, administrada em nome do 
Rei, através de Ouvidorias, cabendo 
a presidência daquelas corporações 
políticas de cada Cidade, ou Vila, 
precisamente, ao juiz ordinário, e, 
ademais, ficando elas sujeitas às 
correções do magistrado superior.
Mantendo-se, entretanto, a Capita-
nia do Ceará subordinada a outra loca-
lidade (Pernambuco, no início do século 
XVIII), os problemas resultantes da au-
sência de um órgão próprio responsá-
vel pela jurisdição local permaneceram, 
ocasionando morosidade e ineficácia 
na resolução de demandas judiciais, o 
que se agravava à medida que crescia o 
quantitativo populacional da Capitania. 
Em 1723, a Capitania do Ceará passou a 
ter ouvidores próprios, dando-se origem 
à Ouvidoria cearense. 
Após a transferência da Família Real 
para o Brasil, em 1808, houve dinamiza-
ção das estruturas administrativa e eco-
nômica brasileiras, o que atingiu as capi-
tanias. No caso do Ceará, verificaram-se 
a criação de comarcas e a designação 
dos chamados Juízes de Fora, encarre-
gados de resolver as demandas jurídicas 
das respectivas vilas.
A criação de escolas de Direito 
contribuíram para evolução da educa-
ção jurídica no Brasil, contribuindo para 
uma adequada formação de juristas no 
próprio território. Pode-se citar, como 
exemplo, Clóvis Beviláqua, jurista cea-
rense nascido em Viçosa do Ceará e 
formado pela Faculdade de Direito de 
Recife. Por sua relevância no panorama 
jurídico brasileiro e representatividade 
cearense, seu nome foi dado ao atual 
Fórum de Fortaleza.
Com Proclamação da Independên-
cia, em 07 de setembro de 1822, houve 
profunda modificação da estrutura e da 
organização judiciária brasileira, o que 
teve reflexos sobre os sistemas locais. 
A Constituição Brasileira de 1824 pre-
viu a criação de Tribunais da Relação 
em todas as províncias, os quais seriam 
responsáveis pelas funções de segunda 
instância. Entretanto, questões financei-
ras e logísticas dificultaram a implanta-
ção desses Tribunais tal como previsto 
na norma constitucional. No caso do 
Ceará, o Tribunal da Relação só foi final-
mente instalado em 1874. 
O crescente aumento populacional 
da província do Ceará ensejou o aumen-
to de comarcas, visando a atender a de-
manda local. Outro reflexo das reformas 
judiciárias ocorridas na época foi a ex-
tinção de cargos do Judiciário, seguida 
de outras modificações na organização 
judiciária brasileira resultantes de refor-
mas ulteriores, até se alcançar a estrutu-
ra atualmente em vigor. 
1.2. Organização 
judiciária de Primeira 
Instância
Assim como ocorre nos demais Estados 
da Federação, ao Poder Judiciário do 
Estado do Ceará, é assegurada autono-
mia administrativa e financeira, que lhe 
permite certa liberdade de auto-organi-
zação, obedecidos os critérios e normas 
legais e constitucionais para tanto. Des-
sa forma, a definição da estrutura e do 
funcionamento do Poder Judiciário e de 
seus serviços auxiliares deve estar sem-
pre consoante os princípios das Cons-
tituições Federal e Estadual, devendo 
atentar, ainda, para as disposições da Lei 
Orgânica da Magistratura Nacional – LO-
MAN (Lei Complementar nº 35, de 14 de 
março de 1979). 
A organização judiciária dos Estados 
federativos é disposta em lei de iniciati-
va dos respectivos Tribunais de Justi-
ça, conforme prevê a norma constante 
no §1º do artigo 125 da Constituição da 
República de 19881. Atualmente, a or-
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE132
ganização judiciária do Estado do Ceará 
se encontra disposta na Lei Estadual nº 
16.397 de 14 de novembro de 2017, que 
sucedeu o antigo Código de Divisão e 
Organização Judiciária (Lei Estadual nº. 
12.342, de 1994) nessa função. Corrobo-
rando a supracitada norma constitucio-
nal, assim dispõe o artigo 3º da atual Lei 
de Organização Judiciária cearense:
Artigo 3º Compete privativamente 
ao Tribunal de Justiça do Estado 
do Ceará a iniciativa de lei que 
disponha sobre a organização 
judiciária estadual e a criação 
de unidades judiciárias, bem 
como a elaboração de seu 
regimento interno, disciplinando 
a composição e as atribuições 
de seus órgãos, o processo e 
o julgamento dos feitos de sua 
competência e a disciplina dos 
seus serviços.
Assim, a definição das diretrizes e 
da estrutura organizacional do Poder 
Judiciário estadual é apontada pelo Tri-
bunal de Justiça, que o faz por meio de 
projeto de lei cuja iniciativa lhe é priva-
tiva, bem como pela elaboração do seu 
Regimento Interno. 
A Lei de Organização Judiciária do 
Estado do Ceará enumera, em seu arti-
go 21, os órgãos que compõem o Poder 
Judiciário estadual, quais sejam: o Tribu-
nal de Justiça, as Turmas Recursais dos 
Juizados Especiais Cíveis e Criminais e 
da Fazenda Pública, os Tribunais do Júri, 
os Juizados Especiais Cíveis, Criminais, 
Cíveis e Criminais, e da Fazenda Pública, 
os Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher, a Auditoria Mili-
tar, os Juízes de Direito, os Juízes de Di-
reito Substitutos e a Justiça de Paz, bem 
como outros órgãos criados por lei. Con-
forme previsão dos incisos do artigo 42 
da mesma lei, a primeira instância juris-
dicional é composta da seguinte forma:
Artigo 42. A Justiça de primeiro 
grau é composta pelos seguintes 
órgãos:
I - Turmas Recursais dos Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais, e da 
Fazenda Pública;
II - Tribunais do Júri;
III- Juizados Especiais Cíveis, 
Criminais, Cíveis e Criminais, e da 
Fazenda Pública;
IV - Juizados de Violência Doméstica 
e Familiar contra a Mulher;
V - Auditoria Militar;
VI- Juízes de Direito;
VII - Juízes de Direito Substitutos;VIII - Justiça de Paz.
No que diz respeito aos Juizados Es-
peciais, segundo previsão do artigo 72 da 
Lei de Organização Judiciária, há, na Co-
marca de Fortaleza, 20 (vinte) unidades 
dos Juizados Especiais Cíveis e 4 (qua-
tro) unidades dos Juizados Criminais, 
cuja distribuição é disciplinada por Re-
solução do Tribunal de Justiça, a quem 
também compete a regulamentação das 
respectivas jurisdições. Quanto às co-
marcas do interior, referida lei prevê, em 
seu artigo 88, a instalação de 18 (dezoito) 
unidades dos Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais, localizadas nas Comarcas de 
Aquiraz, Aracati, Baturité, Caucaia (duas 
unidades), Crateús, Crato, Icó, Iguatu, 
Itapipoca, Juazeiro do Norte (duas Uni-
dades), Maracanaú, Quixadá, Senador 
Pompeu, Sobral, Tauá e Tianguá. 
Aos Juizados Especiais Cíveis, 
competem as causas de menor com-
plexidade, para conciliação, processa-
mento, julgamento e execução, confor-
me definição legal (artigo 73 da Lei nº 
16.397/2017). Os Juizados Criminais são 
encarregados da conciliação, do proces-
so, do julgamento e da execução de seus 
julgados, nos casos de infrações penais 
de menor potencial ofensivo, nos termos 
da lei, observadas as regras de conexão 
e continência e a competência da Vara 
de Execuções Penais e Corregedoria dos 
Presídios e da Vara de Execução de Pe-
nas e Medidas Alternativas (artigo 74 da 
Lei nº 16.397/2017).
Quanto aos Juízes de Direito dos 
Juizados Especiais da Fazenda Pública, 
a estes compete, com exclusividade, a 
conciliação, o processamento e o julga-
mento de causas cíveis de interesse da 
Fazenda Pública estadual e municipal, 
incluindo-se suas autarquias, fundações 
e empresas públicas, até o valor de 60 
(sessenta) salários mínimos, nos termos 
da Lei Federal nº 12.153, de 22 de dezem-
bro de 2009. A Lei nº 16.397/2017 prevê, 
ainda, as causas que não se encontram 
na competência dos Juizados Especiais 
da Fazenda Pública, elencadas no pará-
grafo único do artigo 75.
Os recursos interpostos contra as 
decisões dos Juizados Especiais serão 
objeto de apreciação e julgamento pelas 
Turmas Recursais, órgãos colegiados de 
primeiro grau com jurisdição sobre todo 
o território do Estado e sediados no mu-
nicípio de Fortaleza. Existem três turmas: 
duas dos Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais e uma do Juizado Especial da 
Fazenda Pública, todas compostas, cada 
uma, por três juízes de direito, conforme 
previsão do artigo 43 da Lei de Organiza-
ção Judiciária cearense.
À competência das Turmas Recur-
sais encontra-se delineada no parágrafo 
3º do referido artigo, que assim dispõe:
1 Artigo 125. Os Estados organi-
zarão sua Justiça, observados 
os princípios estabelecidos nesta 
Constituição.
§ 1º A competência dos tribunais 
será definida na Constituição do 
Estado, sendo a lei de organização 
judiciária de iniciativa do Tribunal 
de Justiça.
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 133
Artigo 43 [...]
§ 3º Compete às Turmas 
Recursais processar e julgar:
I - o mandado de segurança e 
o habeas corpus contra ato de 
Juiz de Direito dos Juizados 
Especiais Cíveis, Criminais, Cíveis 
e Criminais, e contra seus próprios 
atos;
II - os recursos interpostos 
contra sentenças dos Juizados 
Especiais Cíveis; Criminais; Cíveis 
e Criminais; e da Fazenda Pública;
III - os embargos de declaração 
opostos a seus acórdãos;
IV - as homologações de 
desistência e transação, nos feitos 
que se achem em pauta;
V - agravo de instrumento 
interposto contra decisões 
cautelares ou antecipatórias 
proferidas nos Juizados Especiais 
da Fazenda Pública;
VI - conflito de competência entre 
juízes de Juizados Especiais.
Conforme previsão do §6º do artigo 
43, o Tribunal de Justiça poderá cons-
tituir tantas Turmas Recursais quantas 
forem necessárias à prestação jurisdi-
cional, seja em caráter temporário ou 
permanente. Trata-se de atribuição do 
Órgão Especial da Corte, que o fará por 
meio de resolução e desde que median-
te a destinação de cargos já existentes, 
sem aumento da despesa.
São também previstos como órgãos 
da justiça cearense de primeiro grau, 
dentre outros, os Tribunais do Júri e a 
Justiça de Paz. Os primeiros são com-
petentes para o julgamento de crimes 
dolosos contra a vida (competência essa 
atribuída pelo artigo 5º, inciso XXXVIII, 
da Constituição da República de 1988) e 
funcionarão em cada comarca do Estado, 
sendo sua composição e funcionamento 
orientados pelas normas estabelecidas 
em lei (artigo 44 da Lei nº 16.397/2017). A 
Justiça de Paz, criada e organizada con-
forme o disposto no inciso II do artigo 98 
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE134
da Constituição Federal2, encontra-se 
devidamente regulamentada no artigo 
106 da Lei nº 16.397/2017. 
Conforme prevê o mencionado 
dispositivo da Lei, a Justiça de Paz tem 
caráter temporário e é composta de ci-
dadãos eleitos para cumprirem mandato 
de quatro anos. Aos juízes de paz, cum-
pre verificar o processo de habilitação de 
casamento, celebrar casamentos civis e 
exercer atribuições conciliatórias, sem 
caráter jurisdicional. Os requisitos para 
o exercício dessa função estão previstos 
no §1º do artigo 106, como se pode ob-
servar adiante:
Artigo 106. [...]
§ 1º São requisitos para o exercício 
do cargo:
a) nacionalidade brasileira;
b) pleno exercício dos direitos 
políticos;
c) idade mínima de 21 
(vinte e um) anos;
d) escolaridade equivalente ao 
ensino médio completo;
e) aptidão física e mental;
f) idoneidade moral;
g) certificado de participação 
e aproveitamento em curso 
específico ministrado pela Escola 
Superior da Magistratura do 
Estado do Ceará;
h) residência na sede do distrito 
para o qual concorrer.
Além dos mencionados órgãos que 
compõem o Poder Judiciário cearense, 
a Lei nº 16.397/2017 faz referência, em 
seus artigos 107 a 133, aos chamados 
serviços auxiliares da Justiça, cuja atua-
ção permite o adequado funcionamento 
desse sistema e o exercício das funções 
jurisdicionais. Referidos serviços são 
compostos pelos órgãos que compõem 
o foro judicial e o extrajudicial.
Integram os serviços do foro judicial 
as secretarias do Tribunal de Justiça, as 
Diretorias dos Foros e suas respectivas 
unidades. A composição e as atribuições 
das referidas secretarias e diretorias se 
definem em lei específica, que dispõe 
sobre a estrutura administrativa do Po-
der Judiciário (Lei Estadual n.º 16.208, de 
03 de abril de 2017). Compõem também 
o foro judicial, as secretarias de unidades 
judiciárias e juizados. 
Os serviços do foro extrajudicial 
compreendem os tabelionatos de no-
tas, os ofícios de registro de distribui-
ção, os ofícios de registro de imóveis, 
os ofícios de registro civil das pessoas 
naturais e os ofícios de registro de títu-
los e documentos e civis das pessoas 
jurídicas, bem como os ofícios de pro-
testos de títulos e ofícios de contratos 
marítimos. Nos referidos serviços, são 
lavradas as declarações de vontade das 
partes e executados os atos decorren-
tes de legislação sobre notas e registros 
públicos (artigo 109 da Lei de Organiza-
ção Judiciária do Ceará).
1.3. Divisão territorial 
da jurisdição e 
especialização
Visando a melhor administração da juris-
dição, o território cearense é dividido em 
comarcas sedes e comarcas vinculadas, 
as quais são subdivididas em distritos ju-
diciários, na forma descrita em anexo da 
Lei de Organização Judiciária.
O artigo 11 da referida lei descreve os 
limites das comarcas como sendo cor-
respondentes aos de um município ou 
aos de um agrupamento de dois ou mais. 
Conforme imposição do artigo 6º mesma 
lei, cada município deverá conter sede de 
comarca. Nos casos em que a comarca 
corresponder a um agrupamento de mu-
nicípios, um destes será considerado sua 
sede, enquanto os demais configurarão 
comarcas vinculadas. Sobre estas, as-
sim dispõe o caput da Lei nº 16.397/2017:
Artigo 12. As comarcas 
vinculadas são circunscrições que 
correspondem aos municípios 
que não constituem sedes de 
comarcas, integrando, enquanto 
nessa condição, a jurisdição decomarcas implantadas, a cujo 
juízo ficam afetos os respectivos 
serviços judiciais.
As comarcas vinculadas, portanto, 
formam, com suas respectivas sedes, 
uma única jurisdição. A prestação jurisdi-
cional nelas realizada fica sob a responsa-
bilidade de juiz titular de unidade instalada 
na sede, em sistema de rodízio anual onde 
houver mais de uma; ou por juiz auxiliar da 
respectiva Zona Judiciária, exigindo-se 
prévia designação do Tribunal de Justiça 
em quaisquer dos casos (artigo 13).
2 Artigo 98. A União, no Distrito Fe-
deral e nos Territórios, e os Estados 
criarão: 
[...]
II - justiça de paz, remunerada, 
composta de cidadãos eleitos pelo 
voto direto, universal e secreto, 
com mandato de quatro anos e 
competência para, na forma da 
lei, celebrar casamentos, verificar, 
de ofício ou em face de impugna-
ção apresentada, o processo de 
habilitação e exercer atribuições 
conciliatórias, sem caráter jurisdi-
cional, além de outras previstas na 
legislação.
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 135
As comarcas podem ser classifica-
das em três categorias ou entrâncias: 
inicial, intermediária e final. A categori-
zação das comarcas cearenses se en-
contra discriminada no Anexo I da Lei 
de Organização Judiciária em vigor, ad-
mitindo-se elevação de entrância, caso 
cumpridos os requisitos legais expos-
tos nos incisos do artigo 20 da Lei nº 
16.397/2017, transcritos a seguir:
Artigo 20. Para a elevação de 
comarca entre entrâncias devem 
ser observados requisitos relativos 
à população, eleitorado e demanda, 
nos seguintes termos:
I - da entrância inicial para a 
intermediária:
a) população mínima de 30.000 
(trinta mil) habitantes; eleitorado 
não inferior a 60% (sessenta por 
cento) de sua população; e média 
anual de casos novos, considerado 
o triênio anterior ao da elevação, 
igual ou superior a 1.300 (um mil e 
trezentos) feitos; ou
b) população mínima de 40.000 
(quarenta mil) habitantes; eleitorado 
não inferior a 60% (sessenta por 
cento) de sua população; e média 
anual de casos novos, considerado 
o triênio anterior ao da elevação, 
igual ou superior a 1.200 (um mil e 
duzentos) feitos; ou
c) população mínima de 50.000 
(cinquenta mil) habitantes; 
eleitorado não inferior a 60% 
(sessenta por cento) de sua 
população; e média anual de casos 
novos, considerado o triênio anterior 
ao da elevação, igual ou superior a 
1.100 (um mil e cem) feitos;
II - da entrância intermediária 
para a final: população mínima 
de 200.000 (duzentos mil) 
habitantes e eleitorado não inferior 
a 60% (sessenta por cento) de sua 
população; ou média anual de casos 
novos, considerado o triênio anterior 
ao da elevação, igual ou superior a 
8.000 (oito mil) feitos.
A implantação de comarcas depen-
derá do atendimento aos requisitos dis-
postos na Lei nº 16.397/2017, prevendo o 
seu artigo 17 e incisos as seguintes exi-
gências para tanto:
Artigo 17. São requisitos para a 
implantação de comarcas:
I - população mínima de 15.000 
(quinze mil) habitantes e eleitorado 
não inferior a 60% (sessenta por 
cento) de sua população;
II - haver registrado média anual 
de casos novos, considerado o 
triênio anterior ao da implantação, 
igual ou superior a 50% (cinquenta 
por cento) daquela registrada, por 
juiz, no âmbito do Poder Judiciário 
do Estado do Ceará.
Os distritos judiciários integram 
suas respectivas comarcas e terão a de-
nominação e os limites correspondentes 
aos da divisão administrativa dos res-
pectivos municípios. Os que atendam a 
determinados requisitos populacionais e 
socioeconômicos contarão, a critério do 
Tribunal de Justiça, com um juizado de 
paz e um ofício de registro civil de pes-
soas naturais, criado por lei (artigos 15 e 
16 da Lei nº 16.397/2017).
Ainda acerca da organização territo-
rial do Poder Judiciário cearense, dispõe 
a Lei de Organização o agrupamento das 
comarcas do interior do Estado em zonas 
judiciárias, dotadas de juízes auxiliares 
com jurisdição no respectivo território 
previamente designados pelo Presidente 
do Tribunal de Justiça (artigos 5º e 9º). 
Trata-se de uma forma de organiza-
ção que visa a melhor administração das 
demandas jurisdicionais, contribuindo 
para a consolidação de uma estrutura 
mais eficiente. Para tanto, afirma o pa-
rágrafo único do artigo 10 que “a zona 
judiciária poderá ter mais de uma sede, 
de modo a atender à racionalidade e à 
eficiência do serviço”.
Atualmente, há quatorze zonas ju-
diciárias no Ceará, sediadas, conforme o 
Anexo II da Lei nº 16.397/2017, em Juazei-
ro do Norte (1ª); Iguatu (2ª); Quixadá (3ª); 
Russas (4ª); Caucaia e Maracanaú (5ª); 
Itapipoca (6ª); Sobral (7ª); Tianguá (8ª); 
Crateús (9ª); Baturité (10ª); Camocim (11ª); 
Aracati (12ª); Canindé (13ª); e Tauá (14ª). 
As comarcas são organizadas em 
varas judiciais, cuja distribuição, assim 
como a quantidade de juízes, é propor-
cional à demanda judicial e à respectiva 
população, conforme determinação do 
artigo 8º da Lei de Organização Judiciária. 
O mesmo dispositivo afirma que as co-
marcas de mais de 50.000 (cinquenta mil) 
habitantes deverão ter, no mínimo, duas 
unidades judiciárias. No caso da comarca 
de Fortaleza, prevê a referida lei, em seu 
artigo 50, a seguinte distribuição em rela-
ção à especialização das varas:
Artigo 50. Na Comarca de Fortaleza, 
a jurisdição será exercida de acordo 
com as atribuições e competências 
definidas nesta Lei e nas normas 
pertinentes editadas pelo Tribunal 
de Justiça, nos termos do artigo 42, 
§ 1º, contemplando as seguintes 
especialidades:
I - 26 (vinte e seis) Varas Cíveis 
Comuns;
II - 13 (treze) Varas Cíveis 
Especializadas nas Demandas em 
Massa;
III - 2 (duas) Varas de Recuperação 
de Empresas e Falências;
IV - 18 (dezoito) Varas de Família;
V - 5 (cinco) Varas de Sucessões;
VI -11 (onze) Varas da Fazenda 
Pública;
VII - 2 (duas) Varas de Registros 
Públicos;
VIII - 18 (dezoito) Varas Criminais, 
uma das quais privativa de 
Audiências de Custódia; 
IX - 5 (cinco) Varas do Júri;
X - 1 (uma) Vara da Auditoria Militar;
XI - 4 (quatro) Varas de Delitos de 
Tráfico de Drogas;
XII -3 (três) Varas de Execução 
Penal e Corregedoria dos 
Presídios;
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE136
XIII - 1 (uma) Vara de Execução de 
Penas e Medidas Alternativas;
XIV - 6 (seis) Varas de Execução 
Fiscal;
XV - 5 (cinco) Varas da Infância e 
da Juventude;
XVI - 20 (vinte) Juizados Especiais 
Cíveis;
XVII - 4 (quatro) Juizados 
Especiais Criminais;
XVIII - 4 (quatro) Juizados 
Especiais da Fazenda Pública;
XIX - 1 (um) Juizado da Violência 
Doméstica e Familiar contra a 
Mulher;
XX - 2 (duas) Turmas Recursais 
dos Juizados Especiais Cíveis e 
Criminais; 
XXI - 1 (uma) Turma Recursal dos 
Juizados Especiais da Fazenda 
Pública;
XXII – 36 (trinta e seis) Juizados 
Auxiliares, assim divididos:
a) 5 (cinco) Juizados Auxiliares 
Privativos das Varas do Júri;
b) 1 (um) Juizado Auxiliar Privativo 
do Juizado da Violência Doméstica 
e Familiar contra a Mulher;
c) 2 (dois) Juizados Auxiliares 
Privativos das Varas da Infância 
e Juventude, para o atendimento 
das atribuições previstas nos 
parágrafos únicos, dos arts. 67 e 
69 desta Lei;
d) 1 (um) Juizado Auxiliar Privativo 
da 17ª Vara Criminal – Vara 
Única Privativa de Audiências de 
Custódia;
e) 1 (um) Juizado Auxiliar Privativo 
das Varas de Execução Penal e 
Corregedoria dos Presídios, para 
o atendimento das atribuições 
previstas no artigo 62, parágrafo 
único, desta Lei;
f) 7 (sete) Juizados Auxiliares 
das Varas Cíveis Comuns; Cíveis 
Especializadas nas Demandas em 
Massa; Recuperação de Empresas e 
Falências; e Registros Públicos;
g) 6 (seis) Juizados Auxiliares 
das Varas Criminais; de Delitos 
de Tráfico de Drogas; de Penas 
Alternativas; da Auditoria 
Militar; e da Vara de Delitos de 
Organizações Criminosas; 
h) 5 (cinco) Juizados Auxiliares das 
Unidades dos Juizados Especiais 
Cíveis; Juizados Especiais Criminais; 
Turmas Recursais dos Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais;
i) 4 (quatro) Juizados Auxiliares 
das Varas de Família; Sucessões;e 
Infância e Juventude;
j) 2 (dois) Juizados Auxiliares das 
Varas da Fazenda Pública; dos 
Juizados Especiais da Fazenda 
Pública e da Turma Recursal dos 
Juizados Especiais da Fazenda 
Pública;
k) 1 (um) Juizado Auxiliar das Varas 
de Execuções Fiscais e da Vara de 
Crimes contra a Ordem Tributária. 
XXIII - 1 (uma) Vara de Delitos de 
Organizações Criminosas; 
XXIV - 1 (uma) Vara de Crimes 
contra a Ordem Tributária.
A distribuição dos feitos deve, por-
tanto, orientar-se a partir dessa subdi-
visão, observando-se a especialização 
de cada juízo e, consequentemente, a 
competência adequada para o respec-
tivo julgamento. 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 137
2. 
Tribunal de 
Justiça
2.1. Introduções 
históricas 
O Tribunal de Justiça do Estado encon-
tra origem no Tribunal da Relação da 
Província do Ceará, instalado em 3 de 
fevereiro de 1874 por força do Decreto 
nº 5.456, de 5 de novembro de 1873, em 
cumprimento ao disposto no artigo 158 
da Constituição Brasileira de 1824. Re-
ferida norma previa a criação de Tribu-
nais da Relação em cada província do 
Império, visando a aperfeiçoar o atendi-
mento das demandas jurisdicionais em 
segunda instância.
A criação de um Tribunal da Relação 
em cada província possibilitaria um me-
lhor acesso do jurisdicionado à justiça, 
considerando as dificuldades inerentes 
ao deslocamento para outra localida-
de para se proceder a um recurso em 
segunda instância. No caso do Ceará, a 
urgência na criação do Tribunal se fazia 
presente também em face do elevado 
número de habitantes da província, bem 
como por questões geográficas. 
Dessa forma, em fevereiro de 
1874, inaugurou-se o Tribunal da Re-
lação do Ceará, sediado inicialmente 
na Rua Amélia, nº 38, e presidido pelo 
Conselheiro Bernardo Machado da 
Costa Dória, graduado em Direito pela 
Academia de Olinda. 
Em 1980, após a Proclamação da 
República, o Tribunal da Relação passou 
a ser denominado Tribunal de Apelação, 
voltando, entretanto, à sua denominação 
original em 1892. A Corte recebeu, ain-
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE138
da, outros nomes, como Superior Tribu-
nal de Justiça e Tribunal de Apelação. A 
denominação atual – Tribunal de Justiça 
– sobreveio em 1947, com a respectiva 
Constituição do Estado do Ceará. 
Atualmente, a Corte é composta por 
quarenta e três desembargadores, cuja 
nomeação é realizada segundo as dire-
trizes das Constituições Federal e Esta-
dual, bem como da Lei Orgânica da Ma-
gistratura Nacional – LOMAN, figurando 
como seu Presidente o Desembargador 
Washington Luis Bezerra de Araújo.
2.2. Organização do 
Tribunal de Justiça 
No âmbito da justiça estadual, as funções 
de órgão de segundo grau são exercidas 
pelo Tribunal de Justiça do Estado do 
Ceará, sediado na capital. Com jurisdição 
sobre todo o territorial estadual, ao Tri-
bunal de Justiça, são atribuídas compe-
tências de índole administrativa e judicial. 
São exemplos das primeiras a eleição de 
seus órgãos diretivos; a elaboração do 
seu regimento interno; o provimento dos 
cargos necessários à administração da 
justiça, consoante as normas das Cons-
tituições Federal e Estadual sobre a ma-
téria; o encaminhamento de propostas 
orçamentárias do Judiciário Estadual ao 
Poder Executivo; a apresentação de pro-
XI. a Vice-Presidência;
XII. a Corregedoria-Geral da 
Justiça;
XIII. a escola superior da 
magistratura (ESMEC);
XIV. a ouvidoria-geral do Poder 
Judiciário;
XV. o núcleo Permanente de 
métodos Consensuais de solução 
de Conflitos (NUPEMEC);
XVI. o Conselho editorial e de 
Biblioteca;
XVII. o Conselho Judiciário para a 
infância e Juventude do estado do 
Ceará (CINJ);
XVIII. o núcleo socioambiental;
XIX. a Comissão de Regimento, 
legislação e Jurisprudência;
XX. a Comissão de informática;
XXI. a Comissão estadual 
Judiciária de Adoção internacional 
(CEJAI-CE);
XXII. a Comissão de segurança 
Permanente;
XXIII. a Assistência militar;
XXIV. a Coordenadoria da infância 
e Juventude (CIJ);
XXV. a Coordenadoria estadual da 
mulher em situação de Violência 
doméstica e Familiar;
XXVI. a Coordenadoria dos 
Juizados especiais Cíveis e 
Criminais e da Fazenda Pública 
(JECCs);
jeto de lei propondo alteração da orga-
nização judiciária; dentre outras atribui-
ções (artigo 24).
No que diz respeito às competên-
cias jurisdicionais, algumas estão enun-
ciadas no artigo 25 da Lei nº 16.397/2017, 
que aponta competências de natureza 
originária (por exemplo, a apreciação de 
remédios constitucionais contra deter-
minadas autoridades) e recursal, além de 
outras incumbências. 
O artigo 4º do Regimento Interno 
do Tribunal em questão enumera os ór-
gãos que compõem a estrutura da Corte, 
adiante apresentados na transcrição dos 
incisos desse dispositivo: 
Artigo 4º. Compõem o tribunal de 
Justiça:
I. o Tribunal Pleno;
II. o Órgão Especial;
III. a seção de direito Público;
IV. a seção de direito Privado;
V. a seção Criminal;
VI. a Primeira, a segunda e terceira 
Câmaras de direito Público;
VII. a Primeira, a segunda, a 
terceira e a Quarta Câmaras de 
direito Privado;
VIII. a Primeira, a segunda e a 
terceira Câmaras Criminais;
IX. o Conselho superior da 
magistratura;
X. a Presidência;
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 139
XXVII. a Coordenadoria do Juizado 
do torcedor e de grandes eventos;
XXVIII. o núcleo de Cooperação 
Judiciária;
XXIX. o grupo de monitoramento e 
Fiscalização do sistema Carcerário 
(GMF); 
XXX. as Comissões, secretarias, 
Auditoria Administrativa de 
Controle interno e outros órgãos 
instituídos por lei e por este 
Regimento.
XXXI. o núcleo de gerenciamento 
de Precedentes (NU-GEP). 
Os órgãos julgadores do Tribunal 
de Justiça são o Tribunal Pleno, o Órgão 
Especial, a Seção de Direito Público, a 
Seção de Direito Privado, a Seção Cri-
minal, as Câmaras de Direito Público, as 
Câmaras de Direito Privado e as Câma-
ras Criminais.
 Enquanto o Tribunal Pleno é integra-
do por todos os membros da Corte, o Ór-
gão Especial é composto por dezenove 
desembargadores escolhidos consoante 
as normas previstas nas Constituições 
Federal e Estadual, na Lei Orgânica da 
Magistratura Nacional (Lei Complemen-
tar nº 35, de 14 de Março de 1979) e no 
Regimento Interno do Tribunal de Justiça 
(artigo 28 da Lei nº 16.397/2017).
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE140
Como bem descreve o artigo 4º 
da Lei Estadual nº 16.208/2017, o Tribu-
nal Pleno constitui o órgão máximo da 
Administração Superior do Poder Ju-
diciário estadual. Suas incumbências 
se encontram delineadas no artigo 6º 
do Regimento Interno do Tribunal de 
Justiça. Dentre elas, incluem-se eleger 
o Presidente do Tribunal, o Vice-Presi-
dente e o Corregedor-geral, dando-lhes 
posse; aprovar o Regimento do Tribunal 
de Justiça e suas respectivas emendas, 
mediante assentos; formar listas trípli-
ces para o preenchimento das vagas da 
Corte reservadas aos juízes, advoga-
dos e membros do ministério Público; 
apreciar e votar proposta de orçamento 
anual para o Poder Judiciário, para en-
caminhamento aos Poderes Executivo e 
Legislativo, consoante a Constituição e 
a Lei de Diretrizes Orçamentárias; e pro-
cessar e julgar reclamação para preser-
vação de sua competência e garantia da 
autoridade de suas decisões.
O Órgão Especial, por sua vez, exer-
ce atribuições administrativas e jurisdi-
cionais delegadas da competência do 
órgão Pleno. A direção de seus trabalhos 
é realizada pelo Presidente do Tribunal, 
que integra o Órgão Especial na condi-
ção de membro nato, assim como o Vi-
ce-Presidente e o Corregedor-geral.
Em observância ao inciso XI do ar-
tigo 93 da Constituição da República, 
metade da composição do Órgão Es-
pecial atende o critério da antiguidade, 
enquanto a outra metade é provida por 
eleição realizada pelo Tribunal Pleno, em 
sessão pública especialmente convoca-
da para esse fim. O mandato dos mem-
bros eleitos tem duração de dois anos, 
admitindo-se uma recondução, confor-
me previsão do §8º do artigo 12 do Regi-
mento da Corte.
O artigo 13 do Regimento Inter-no enumera as diversas competências 
do Órgão Especial da Corte, como, por 
exemplo, “solicitar, quando cabível, a 
intervenção federal no estado, por inter-
médio do supremo tribunal Federal, nos 
termos da Constituição da República” 
(inciso VI). São previstas atribuições ju-
risdicionais de notável relevância, dentre 
as quais se podem citar a declaração, por 
voto de maioria absoluta, de inconstitu-
cionalidade de lei ou ato normativo do 
Poder Público, nos casos de sua com-
petência originária e nos que, para tal 
fim, lhe forem remetidos pelos demais 
órgãos julgadores do Tribunal (inciso X); 
o julgamento, nos crimes comuns e de 
responsabilidade, de juízes estaduais, 
de membros do Ministério Público e da 
Defensoria Pública, do Vice-Governador 
e dos deputados estaduais, ressalvada a 
competência da Justiça eleitoral (inciso 
XI, alínea “a”); apreciação e julgamento 
de ações declaratórias de constituciona-
lidade e ações diretas de inconstitucio-
nalidade de lei ou ato normativo estadual 
ou municipal em face da Constituição do 
Estado (inciso XI, alínea “h”); a aprecia-
ção de conflitos de competência entre 
desembargadores e câmaras vinculadas 
a diferentes seções, bem como entre o 
Conselho da magistratura e qualquer 
órgão julgador do tribunal (alíneas “o” e 
“p”); dentre outras incumbências. 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 141
No que diz respeito às Seções de 
Direito Público, de Direito Privado e Cri-
minal, conforme previsão do artigo 29 da 
Lei de Organização Judiciária do Ceará, 
elas são formadas pelos integrantes das 
Câmaras de Direito Público, de Direi-
to Privado e Criminal e presididas, cada 
uma, pelo membro mais antigo do res-
pectivo órgão julgador. 
Cada uma das referidas Câmaras é 
composta por quatro Desembargadores, 
e seus julgamentos são realizados pelo 
voto de três deles (artigo 30 da Lei nº 
16.397/2017). A Presidência das Câmaras 
é exercida em mandatos de dois anos de 
duração, por meio de sistema de rodízio, 
utilizando-se o critério da antiguidade no 
Tribunal. A recondução é vedada até que 
todos os membros tenham exercido a 
função de presidente, respeitado o pedi-
do de dispensa (art. 75). 
3. 
Órgãos 
Administrativos
A estrutura administrativa do Poder Ju-
diciário do Ceará é definida em lei espe-
cífica, atualmente, a Lei nº 16.208, de 03 
de abril de 2017. Especificamente quanto 
ao Tribunal de Justiça, são também ins-
trumentos normativos responsáveis pela 
definição da organização administrativa 
o Regimento Interno e resoluções pró-
prias (artigo 23, §1º).
Uma das diretrizes que se revela 
nos primeiros artigos da referida lei é a 
busca pela concretização de uma orga-
nização administrativa eficiente e mo-
derna do Poder Judiciário, com claras 
características de uma administração 
gerencial. Para tanto, é dada ênfase à 
atualização de instrumentos adminis-
trativos e à aplicação de recursos tec-
nológicos, bem como à constante capa-
citação e treinamento de pessoal, sejam 
magistrados ou servidores. 
A preparação e a realização de pla-
nos e programas periódicos de aparelha-
mento dos órgãos desse Poder também 
são medidas previstas para uma gestão 
organizada do Judiciário estadual, visan-
do a compatibilidade do atendimento de 
suas demandas e necessidades com a 
reserva de recursos do Erário. 
3.1. Órgãos diretivos
A direção Tribunal de Justiça é realiza-
da pelo Presidente, pelo Vice-Presiden-
te e pelo Corregedor-geral de Justiça 
da Corte. Os titulares de tais cargos são 
escolhidos por meio de eleição decidida 
pela maioria absoluta dos membros efe-
tivos do Tribunal, para exercício de man-
dato com duração de dois anos, não se 
admitindo reeleição. 
O Presidente do Tribunal de Justiça 
exerce a chefia do Poder Judiciário es-
tadual, representando-o em suas rela-
ções com os demais Poderes. Conforme 
aponta o artigo 3º, I, da Lei de Organiza-
ção Administrativa do Poder Judiciário 
(Lei nº 16.208/2017), a Presidência da 
Corte é um órgão superior de definição 
de políticas e estratégias. Ao Presiden-
te, são conferidas diversas atribuições 
previstas no Regimento Interno e na Lei 
nº 16.208/2017. Dentre elas, podem-se 
mencionar a direção dos trabalhos do 
Tribunal Pleno, do Órgão especial e do 
Conselho da Magistratura; e a autoriza-
ção da realização de despesas, obser-
vada a legislação específica (artigo 20, 
incisos II e VIII, do Regimento Interno).
Algumas das competências da 
Presidência da Corte são também pre-
vistas no artigo 37 da Lei de Organiza-
ção Judiciária, como o processamento 
e a expedição de ordem de pagamento 
das requisições judiciais resultantes de 
sentenças proferidas contra a Fazenda 
Pública (precatórios e requisições de 
pequeno valor), bem como a suspensão 
da execução de liminar ou de sentença, 
nos casos previstos na legislação fede-
ral, bem como (incisos IV e II, respecti-
vamente).
O Vice-Presidente, conforme previ-
são do artigo 38 da Lei de Organização 
Judiciária, auxilia o Presidente da Corte 
no exercício de suas atribuições, substi-
tuindo-o, com igual posição hierárquica, 
em suas ausências, férias, licenças, sus-
peições e impedimentos. Outras atribui-
ções da Vice-Presidência estão previs-
tas nos incisos do referido artigo, como 
presidir a distribuição dos processos no 
Tribunal, deliberar sobre pedido de desis-
tência de ação, incidente ou recurso em 
feitos ainda não distribuídos e despachar 
os recursos interpostos de decisões da 
Corte para o Supremo Tribunal Federal e 
para o Superior Tribunal de Justiça, reali-
zando o juízo de admissibilidade (incisos 
II, III e IV, respectivamente).
Outro relevante elemento da estru-
tura administrativa do Tribunal é a Cor-
regedoria-Geral da Justiça, órgão de 
controle interno e disciplinar da função 
jurisdicional. Referido órgão é gerido por 
um desembargador investido na função 
de Corregedor-Geral, que atua com au-
xílio de juízes de primeiro grau, na forma 
prevista na Lei de Organização Judiciária.
A atuação da Corregedoria-Geral 
é dirigida para a fiscalização, a disci-
plina e a orientação dos juízes de pri-
meiro grau, juízes de paz, servidores e 
serviços notariais e de registro (artigo 
39, Lei nº 16.397/2017). O artigo 41 da 
Lei de Organização Judiciária enumera 
atribuições do referido órgão, dispondo 
da seguinte forma:
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE142
Corregedoria-Geral de Justiça e de suas 
atribuições, assim como das demais 
unidades administrativas integrantes da 
estrutura da Corregedoria. Nela, atuam a 
Coordenadoria de Correção e Gestão da 
Produtividade, na qual funcionam a Se-
ção de Inspeção e Correição e a Seção 
de Monitoramento de Produtividade e 
Metas; e a Coordenadoria de Orientação 
e Padronização.
Em sua atuação, a Corregedoria-
-Geral busca coibir abusos e garantir a 
observância de garantias constitucio-
nais, como a ampla defesa e o contra-
ditório. É responsável, ainda, por realizar 
procedimentos disciplinares, como a 
Sindicância e o Processo Administrativo 
Disciplinar – PAD, seguindo as diretrizes 
estabelecidas pelo Conselho Nacional 
de Justiça. Dessa forma, a Corregedoria 
representa uma importante ferramenta 
na prevenção de irregularidades na pres-
tação da função jurisdicional no Estado, 
contribuindo para um melhor desempe-
nho desta.
3.2. A Ouvidoria do 
Poder Judiciário
Ainda acerca dos órgãos componentes 
da organização administrativa do Poder 
Judiciário do Ceará, impõe-se mencio-
nar a Ouvidoria, que constitui uma das 
unidades específicas de interação direta 
com os jurisdicionados, de políticas pú-
blicas e solução alternativa consensual 
de conflitos (artigo 3º, inciso V, da Lei nº 
16.208/2017). 
A função precípua da Ouvidoria tem 
estreita relação com a participação dos 
indivíduos na correta condução da ativi-
dade jurisdicional. Ao representar um elo 
de aproximação do Judiciário com o ju-
risdicionado, o órgão em questão contri-
bui para o aperfeiçoamento do exercício 
das funções vinculadas a esse poder.
A direção dos trabalhos da Ouvidoriano Tribunal é atribuição do Desembarga-
dor Ouvidor. O órgão tem suas atividades 
coordenadas por um profissional de nível 
superior de reputação ilibada e compe-
tência técnica na área, preferencialmen-
te bacharel em Direito, nomeado em co-
missão pela Presidência da Corte (artigo 
31, §1º, da Lei nº 16.208/2017). 
A Lei de Organização Administrativa 
do Poder Judiciário do Ceará prevê, no 
§2º do seu artigo 31, a existência de uma 
Ouvidoria no Fórum da Capital, coorde-
nada por um Juiz de Direito. A escolha 
deste resulta de indicação do Diretor 
do Fórum, a qual é objeto de apreciação 
pelo Órgão Especial do Tribunal, para 
então se proceder à nomeação. O Juiz 
coordenador na Ouvidoria no Fórum da 
Capital atua sob a orientação e colabora-
ção do Desembargador Ouvidor do Tri-
bunal de Justiça, conforme previsão do 
referido dispositivo legal. 
A interação do jurisdicionado com 
o Poder Judiciário por meio da Ouvido-
ria é uma das formas de aproximação do 
referido Poder com a sociedade, contri-
buindo para que suas funções atendam 
os interesses de seus destinatários de 
uma forma mais eficaz. Somando-se a 
outras importantes formas de controle, 
como a transparência na gestão da má-
quina judiciária, essa ferramenta amplia a 
participação dos indivíduos no exercício 
da função jurisdicional, tornando acessí-
vel a todos o controle social sobre esta. 
Artigo 41. São ações próprias da 
Corregedoria-Geral da Justiça:
I - orientar e fiscalizar os serviços 
judiciais e extrajudiciais em todo o 
Estado;
II - avaliar o desempenho dos 
juízes em estágio probatório para o 
fim de vitaliciamento;
III - fiscalizar as secretarias das 
unidades judiciais de primeiro grau 
e as serventias extrajudiciais;
IV - realizar correições e inspeções 
em comarcas, varas e serventias;
V - editar atos normativos para:
a) instruir autoridades judiciais, 
servidores do Poder Judiciário, 
notários e registradores;
b) evitar irregularidades;
c) corrigir erros e coibir abusos 
com ou sem cominação de pena;
VI - realizar sindicâncias e 
propor a abertura de processos 
administrativos disciplinares;
VII - aplicar as penas disciplinares 
cominadas aos ilícitos 
administrativos praticados por 
seus servidores;
VIII - responder a consultas a 
respeito do correto funcionamento 
do Poder Judiciário de primeiro 
grau e das serventias extrajudiciais.
Em outras palavras, portanto, a Cor-
regedoria-Geral da Justiça fiscaliza a 
regularidade da função jurisdicional no 
Estado. Para tanto, apoia-se nas unida-
des previstas no §1º do artigo 8º da Lei 
Estadual nº 16.208/2017, quais sejam: 
Juízes Auxiliares, Diretoria de Gabine-
te, Inspetoria e Diretoria-Geral. Esta é 
encarregada da coordenação e da su-
pervisão administrativa dos serviços da 
JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL 143
Referências
ARAGÃO, R. Batista. História do Ceará. 
Vol. I. Fortaleza: IOCE, sd.
BRASIL. Constituição Política do Impé-
rio do Brazil (1824). Constituição Política 
do Império do Brasil, elaborada por um 
Conselho de Estado e outorgada pelo 
Imperador D. Pedro I, em 25.03.1824. 
Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui-
cao24.htm>. Acesso em: 29 out. 2019.
______. Constituição (1988). Consti-
tuição da República Federativa do Brasil. 
Brasília, DF, Senado, 1988.
______. Lei Complementar nº 35, de 
14 de março de 1979. Dispõe sobre a 
Lei Orgânica da Magistratura Nacional. 
Diário Oficial da União, Brasília, DF, 14 
mar. 1979. Disponível em: < http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp35.
htm>. Acesso em: 28 out. 2019.
CEARÁ. Constituição do Estado do 
Ceará (1989). Fortaleza, CE, Assembleia 
Legislativa do Estado do Ceará, 1989.
______. Lei Estadual nº 16.208, de 03 
de abril 2017. Dispõe sobre a organiza-
ção administrativa do Poder Judiciário. 
Diário Oficial do Estado do Ceará, For-
taleza, CE, 06 abr. 2017. Disponível em: 
<https://www2.al.ce.gov.br/legislativo/
legislacao5/leis2017/16208.htm>. Aces-
so em: 25 out. 2019.
______. Lei Estadual nº 16.397, de 14 
de novembro 2017. Dispõe sobre a or-
ganização judiciária do estado do Ceará. 
Diário Oficial do Estado do Ceará, For-
taleza, CE, 16 nov. 2017. Disponível em: 
<https://www2.al.ce.gov.br/legislativo/
legislacao5/leis2017/16397.htm>. Aces-
so em: 25 out. 2019.
______, Corregedoria-Geral de Justiça 
do Tribunal de Justiça do Ceará. Regi-
mento Interno da Corregedoria Geral 
da Justiça do Tribunal de Justiça do 
Ceará. Fortaleza: Tribunal de Justiça do 
Estado do Ceará, 2015.
______, Tribunal de Justiça. Regimen-
to Interno do Tribunal de Justiça do 
Ceará. Fortaleza: Tribunal de Justiça do 
Estado do Ceará, 2018.
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA. 
Tribunal de Justiça do Ceará: 140 anos 
- 1874-2014. Fortaleza: FUNDAÇÃO 
DEMÓCRITO ROCHA, 2014.
MOTA, Aroldo. História Política do Cea-
rá – 1930-1945. 2. ed. Fortaleza: ABC, 
2000.
NOBRE, Geraldo. História do Tribunal de 
Justiça do Ceará: 1874-1974. Fortaleza: 
Imprensa Universitária da Universidade 
Federal do Ceará, 1974.
NOBRE, Geraldo da Silva. Notas para 
a História Jurídica do Ceará, in: VAS-
CONCELOS, Abner Carneiro de. História 
Judiciária do Ceará. Vol. I. Fortaleza: Ins-
tituto do Ceará, 1987.
SOUSA, Eusébio de. Tribunal de apela-
ção do Ceará: Síntese histórica e dados 
biográficos (1874-1945). Fortaleza: 1945. 
VASCONCELOS, Abner Carneiro de. 
História Judiciária do Ceará. Fortaleza: 
Instituto do Ceará, 1987.
Apoio Realização
RAFAEL LIRA MONTEIRO (Autor)
Bacharel em Direito pelo Centro Universitário Farias Brito. Mestre em Direito Constitucional pela Faculdade de Direito 
da Universidade de Lisboa. Professor de turmas preparatórias para concursos. Advogado e consultor jurídico.
KARLSON GRACIE (Ilustrador)
Nasceu em Paulista, Pernambuco. Desenha desde criança. A arte e a leitura estiveram sempre presentes em sua 
vida. Filmes, desenhos animados, histórias em quadrinhos e videogames eram inspirações para desenhar. Integra o 
Núcleo de Design (NDE) da Fundação Demócrito Rocha, onde faz o que mais gosta: imaginar, criar e ilustrar.
FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidência: João Dummar Neto Direção Administrativo-Financeira: André Avelino de Azevedo Gerência 
Geral: Marcos Tardin Gerência Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Análise de Projetos: Emanuela Fernandes e Fabrícia Góis | UNIVERSIDADE 
ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerência Pedagógica: Viviane Pereira Coordenação de Cursos: Marisa Ferreira Design Educacional: Joel Bruno 
Secretaria Escolar: Thifane Braga | CURSO JUSTIÇA E DIÁLOGO SOCIAL Concepção e Coordenação Geral: Cliff Villar Coordenação Executiva: 
Ana Cristina Barros Coordenação Adjunta: Patrícia Alencar Coordenação de Conteúdo: Gustavo Brígido Editorial e Revisão: Verônica Alves 
Edição de Design: Amaurício Cortez Projeto Gráfico e Diagramação: Welton Travassos Ilustração: Karlson Gracie Coordenação de Produção: 
Gilvana Marques Produção: Juliana Guedes Análise de Projeto: Narcez Bessa Marketing e Estratégia: Andrea Araújo, Kamilla Damasceno e 
Wanessa Góes Performance Digital: Alice Falcão | TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará: 
Desembargador Washington Luís Bezerra de Araújo Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargadora Maria Nailde Pinheiro 
Nogueira Corregedor-Geral do Tribunal de Justiça do Ceará: Desembargador Teodoro Silva Santos | ISBN 978-65-86094-10-7
Todos os direitos desta edição reservados à:
Fundação Demócrito Rocha
Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora 
CEP 60055-402 - Fortaleza-Ceará 
Tel: (85) 3255.6073 - 3255.6203
fdr.org.br 
fundacao@fdr.org.br
Copyright © 2020 Fundação Demócrito Rocha

Continue navegando