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Universidade Veiga de Almeida Graduação em Gestão Comercial Jucirlene Paulino Santos (Matrícula 20191302282) Trabalho de AVA2 de Análise Econômica de Mercado Crise econômica Mundial Rio de Janeiro – RJ 2020 Jucirlene Paulino Santos (Matrícula 20191302282) Trabalho de AVA2 da disciplina Análise Econômica de Mercado Crise Econômica Mundial Trabalho avaliativo da disciplina Crise Econômico Mundial apresentado em ambiente virtual a Universidade Veiga de Almeida como requisito o conhecimento do conteúdo estudado. Professor Tutor: Claudia do Nascimento Martins Rio de Janeiro – RJ 2020 Principais crises econômicas mundiais O que é crise econômica? Antes de tudo, a economia é cíclica – apesar de apresentar certos períodos de certa estabilidade. Isso significa dizer que em certos períodos há crescimento e em outros há queda da atividade econômica, um padrão normal do sistema capitalista. Ou seja, de tempos em tempos passaremos por crises, isso é inevitável. O que pode variar são as razões que levam as crises e quais setores da economia serão mais afetados e a intensidade delas. Em geral, grandes crises afetam de alguma forma todos os países do sistema capitalista, pois suas economias são dependentes entre si. 1929 – A Grande Depressão Para entender a crise econômica de 1929, vale relembrar o que estava acontecendo antes desse período. Com o final da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos tinham a Europa como um grande consumidor dos seus produtos, afinal, a indústria europeia tinha sido afetada pela guerra e boa parte dos produtos tinha que vir de fora. Mas, aos poucos, a indústria dos países europeus foi se recuperando, a necessidade de importar produtos diminuiu e esses países passaram a comprar menos dos Estados Unidos. Embora as exportações americanas tenham diminuído, o ritmo de produção permaneceu o mesmo. Com os estoques em alta e os preços em queda, várias empresas foram à falência. O marco da crise de superprodução foi a queda das ações da Bolsa de Valores de Nova York, em 29 de outubro de 1929. Nos três anos seguintes, o PIB mundial encolheu 15%. Só nos Estados Unidos, a produção industrial encolheu 46% entre 1929 e 1932. O desemprego chegou a 25%. Para complicar o cenário, muitos países passaram a adotar medidas protecionistas, o que favoreceu uma maior retração. Nesses três anos, o comércio exterior americano encolheu 70%; o britânico, 6%; o francês, 54%; e o alemão, 61%. A recuperação nos Estados Unidos começou em 1933. Para superar a crise, o presidente Franklin Roosevelt (1933-1945) adotou um programa de medidas conhecido como New Deal, que rompia com o princípio da não intervenção do Estado na economia. Entre as medidas que foram adotadas estavam o controle dos preços de diversos produtos, a realização de obras públicas para oferecer trabalho aos desempregados, a criação de seguro-desemprego e o controle das produções agrícola e industrial, para que se tornassem compatíveis com o nível de consumo. Foram necessários 10 anos para que o PIB americano voltasse aos níveis de 1929. E mesmo no início da Segunda Guerra Mundial, o desemprego ainda era elevado: 15%, em 1940. O Brasil também sentiu os impactos da Crise de 1929. A área que sofreu mais com a recessão econômica foi a de produção do café – o principal produto de exportação do país. Getulio Vargas assumira o poder através de um movimento militar conhecido por Revolução de 1930. A economia balançava. As exportações que atingiram US$ 445 milhões em 1929, caíram para US$ 180 milhões em 1930. Para conter a queda no valor do café, o governo decidiu realizar a compra das sacas que estavam paradas para aumentar o valor do café no mercado internacional. As sacas que foram compradas pelo governo eram incendiadas. Houve uma acentuada queda na compra de produtos do exterior, também desestimulada pela desvalorização da moeda brasileira. Mesmo com os esforços do governo e a adoção de uma política de “socialização dos prejuízos” dos cafeicultores, era impossível deter o declínio das receitas cambiais brasileiras. A estratégia do governo Vargas para enfrentar a crise baseou-se principalmente na substituição das importações, por meio do desenvolvimento da indústria local, e na intervenção do Estado na economia. A economia cafeeira, embora em decadência, gerou os recursos necessários para impulsionar a industrialização e favoreceu o desenvolvimento de um mercado interno, formado pela mão de obra assalariada dos imigrantes e pelos produtores rurais e suas famílias. Inicialmente, a demanda era atendida pelas importações. Depois, passou a ser suprida pela produção local. Sem acesso aos importados, os consumidores representavam um mercado cativo para as empresas nacionais. Assim, apesar da crise externa, a produção industrial brasileira pôde crescer rapidamente. A crise financeira de 2008 A crise de 2008 se deu a partir de inúmeras falências de órgãos financeiros norte-americanos e europeus. Tais órgãos integravam um sistema financeiro mundial complexo. Pode-se afirmar que o estopim da crise de 2008 foi o estouro da bolha imobiliária nos Estados Unidos. Ela significou um colapso no sistema mundial de especulação econômica com fins lucrativos. Em 2001, o governo dos Estados Unidos começou a conceder um número elevado de créditos a baixos juros, assim como passou a incentivar os empréstimos financeiros. Tal ação fez com que a população norte-americana começasse a investir em imóveis como forma de obtenção de lucro, pois o indivíduo comprava uma casa com o objetivo de revendê-la a um preço elevado em relação à compra. O nome utilizado para se referir a esse movimento é especulação imobiliária. Com isso, o valor das casas elevou-se rapidamente. Com muitas pessoas comprando imóveis, o mercado de hipotecas se intensificou e empréstimos eram concedidos (para comprar mais casas) tendo como garantia o próprio imóvel do indivíduo. Esse movimento fez com que o mercado imobiliário se tornasse um negócio lucrativo. Casas foram construídas, assim como créditos foram ofertadas para pessoas das mais variadas classes sociais, o que não permitia nenhum tipo de garantia de pagamento. Sendo assim, houve uma desvalorização dos imóveis (pela grande quantidade), diminuindo os lucros e promovendo calotes na realização do pagamento das hipotecas. Em 2007 e principalmente 2008, os valores dos imóveis caíram drasticamente. Nesse momento, inúmeras empresas e bancos quebraram, provocando um colapso na economia dos Estados Unidos e Europa. Todo esse contexto intimidou o mercado com os bancos dificultando créditos e empréstimos. Dessa forma, a capacidade de investimento das empresas caiu vertiginosamente. A consequência disso tudo foi: demissões em massa, queda do consumo, menos lucro e menos geração de emprego. Mesmo com o governo dos Estados Unidos se esforçando para recuperar a economia, ela se espalhou e alcançou a Europa, dois anos depois. Iniciou-se, portanto, a Crise do Euro. Diversos países do continente europeu estavam endividados e sem formas de combater a crise. Os países que mais sentiram seu impacto foram: Espanha, Grécia, Itália e Portugal. Eles tiveram que assumir altos empréstimos no Fundo Monetários Internacional (FMI), Banco Mundial e União Europeia que demandaram cortes de gastos, tais como: privatizações, diminuição salarial, redução de funcionários públicos e contenção de direitos trabalhistas. Tais medidas geraram mais estagnação econômica o que resultou na revolta da população que respondeu com protestos, principalmente em 2012. Em geral, os países emergentes – dentre eles o Brasil– sentiram menos os efeitos da crise. Apesar do discurso otimista do então presidente da época (Lula) e de um impacto menor do que o ocorrido nas economias americana e europeia, a crise teve um impacto significativo no país. Em outubro, a Sadia reportou prejuízo milionário com investimentos em derivativos tóxicos (títulos que foram comprados por um valor muito maior do que o real) que levaram a um prejuízo trimestral de mais de R$ 2 bilhões. Outra grande empresa brasileira, a Aracruz, também perdeu dinheiro com derivativos e teve mais de R$ 3 bilhões de prejuízos no último quarto de 2018 e fez um acordo de aquisição com a VCP, criando a Fibria. Após esses acontecimentos, o governo viu que era necessário agir e baixou a taxa básica de juros, SELIC, de 13,75% para 8,75% ao ano em 2009, diminuindo os juros pagos para empréstimos tanto de pessoas físicas quanto de empresas, com o objetivo de aumentar o dinheiro em circulação. Além disso, diminuiu a alíquota de impostos (principalmente IPI) para produtos da linha branca, materiais de construção e automóveis e liberou bilhões de reais em depósitos compulsórios para os bancos, para aumentar a liquidez no mercado, ou seja, estimular a produção das indústrias e aumentar o dinheiro em circulação para que as pessoas consumissem mais. Apesar de no ano de 2008 o PIB nacional ter aumentado 5,2%, com o impacto da crise, em 2009, obteve uma retração de 0,3%. Ainda, a bolsa de valores, Bovespa, teve uma queda em 2008 de 4%, a maior desde a década de 70. Impacto econômico da Covid-19 Nos dias atuais, o mundo está enfrentando uma grave crise econômica provocada pelo avanço da pandemia da Covid-19. Economistas renomados estão projetando uma significativa desaceleração no crescimento nacional, uma recessão global em cenários menos otimistas. A crise sanitária do novo coronavírus trouxe medidas de isolamento social (quarentena) para conter seu avanço em países mais infectados, interrompendo as atividades normais das pessoas, atrelado a isso , houve fechamento do comercio , diminuindo a atividade econômica. Isso impactou negativamente a produção, o consumo corrente e os investimentos. Portanto, a gravidade dos efeitos econômicos da Covid-19 deve-se à sua capacidade de gerar, ao mesmo tempo, choques negativos na oferta e na demanda agregada mundiais. Ademais, há uma enorme pressão sobre os recursos (físicos e humanos) na área de saúde com o aumento dos casos de pessoas infectadas, sobretudo no pico da epidemia, o que requer uma espécie de economia de guerra nesse segmento. Aqui no Brasil combinação de instabilidade política com catástrofe sanitária ameaça ser explosiva para uma economia já cambaleante. Números e projeções apontam que esta não será apenas uma recessão, mas a maior que o país já viveu. Esta não será, no entanto, só mais uma crise. Para economistas entrevistados pela DW Brasil, pode ser a pior que o país já viveu. Isso porque ela surge em um momento no qual se tentava retomar o crescimento, ou seja, com uma economia ainda cambaleante e meio à instabilidade política. Além disso, não será possível contar com o setor externo, também severamente afetado pela pandemia. Em uma projeção da Genial Investimentos, a queda do PIB se mostra bastante sensível ao número de dias em que a economia ficará parada. No cenário mais otimista, com 50 dias de isolamento social, o recuo seria de 3,3%. No mais pessimista, de 70 dias, a cifra vai para 8,6%. Mas não é só do PIB que se espera um recorde. A taxa de desemprego pode chegar a 18,7% no país. Mas o Brasil tem o ingrediente da instabilidade política, com trocas constantes de ministros, pedidos de impeachment, brigas entre o Executivo e o Legislativo e entre o presidente da República e governadores. Se até aqui o consumo vinha pautando o crescimento, agora já não se pode contar tanto com ele. E para se contar com investimentos, sejam internos ou externos, é preciso previsibilidade - a incerteza é uma das coisas que mais atrapalham o investimento. Independentemente do retrato final que o novo corona vírus deixar no Brasil, seja pelo expressivo número de mortes ou pelo forte impacto na economia – ou por uma devastadora crise socioeconômica causada pela junção dos dois fatores –, é provável que, após o surto da Covid-19 a população ainda carregue efeitos colaterais por conta da pandemia, e será essa comoção coletiva o principal motor para que os brasileiros saiam às ruas para reivindicar algum direito ou promover protestos políticos. A reivindicação de direitos vai surgir de forma muito forte. O que estamos vendo é que a pandemia está revelando que o Brasil é um dos países mais desiguais do mundo e tem complicações muito sérias. Uma vez que a população sentir com profundidade a carência desses direitos, os protestos devem surgir em uma situação de pós-pandemia, ainda que haja um desequilíbrio sanitário. Referências: Augusto Fernandes. (01 de 06 de 2020). Estado de Minas. Acesso em 02 de 06 de 2020, disponível em Estado de Minas Politica: https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2020/06/01/interna_politica,1152516/coronavirus- desemprego-e-crise-politica-o-gatilho-para-mais-protesto.shtml Bruno Alexandre Freitas. (13 de 02 de 2020). politize. Acesso em 31 de 05 de 2020, disponível em https://www.politize.com.br/crise-financeira-de-2008/ Carvalho, T. d. (12 de 10 de 2018). Politize. Acesso em 29 de 05 de 2020, disponível em site da politize: https://www.politize.com.br/crise-economica-o-que-e/ Época. (04 de 01 de 2009). Revista cafeicultora. Acesso em 30 de 05 de 2020, disponível em cafeicultura: https://revistacafeicultura.com.br/index.php?tipo=ler&mat=18840 redação, D. (14 de 09 de 2018). gazeta do povo. Acesso em 29 de 05 de 2020, disponível em https://www.gazetadopovo.com.br/mundo/5-grandes-crises-economicas-que-abalaram-o-mundo- atheycnpmtjjl1dfe9srhaapl/ Larissa Linder. (19 de 05 de 2020). Uol. Acesso em 02 de 06 de 2020, disponível em economia uol: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/05/19/brasil-caminha-para- maior-crise-economica-de-sua-historia.htm
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