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14/05/2020 Disciplina Portal
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Teoria Geral da Investigação
e Perícia
Aula 1 - Aspectos Gerais e Introdutórios
INTRODUÇÃO
Para estudarmos a sistemática da investigação e suas rami�cações com aplicabilidades será importante aprofundar
algumas noções sobre con�ito e a �nalidade contemporânea com que os juristas compreendem a investigação na pós-
modernidade.
OBJETIVOS
14/05/2020 Disciplina Portal
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Examinar o conceito e o alcance da investigação forense;
Compreender o signi�cado do con�ito como fenômeno social e o direito como mecanismo de seu controle;
Esclarecer que a investigação não deixa de ser um mecanismo de busca para a solução de con�itos, por meio da
descoberta da verdade.
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CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DO CONFLITO
O homem, por ser um animal gregário, somente pode viver em sociedade. Organizando-se em grupo, o homem busca a
obtenção de �ns comuns:
Ao se reunir em sociedade, busca alcançar o que alguns nomeiam de “felicidade”. (glossário)
Nesse contexto surge o Estado. Os homens renunciam parcela de sua liberdade com o �m de criar esse ente �ctício
chamado Estado, com seus três elementos: povo, território e governo. Este conceito foi extraído da obra o ilustre
�lósofo e teórico político Jean-Jacques Rousseau. (glossário)
Saiba Mais
, Tourinho Filho, lecionando sobre o tema, a�rma: “visando à continuidade da vida em sociedade, à defesa das liberdades
individuais, em suma, ao bem-estar geral, os homens organizaram-se em Estado. Desde então eles se submeteram às ordens dos
governantes, não mais fazendo o que bem queriam e entendiam, mas o que lhes era permitido ou não proibido”.
É certo que a criação do Estado e a reunião do homem em sociedade não têm o condão de eliminar as intempéries
externas por completo, mas podem reduzi-las para níveis controláveis. Contudo, a própria evolução da sociedade,
acompanhada da evolução cientí�ca e do domínio do homem sobre a natureza, �zeram nascer novos fatores de risco à
sobrevivência do ser humano, enquanto raça humana. Foi o que o sociólogo Ulrich Beck chamou de “sociedade de
risco”. (glossário)
CONFLITO DE INTERESSES
No entanto, não foram apenas os riscos externos que atemorizaram os homens no viver em sociedade. A própria
convivência gera con�itos internos que ameaçam sua própria existência. Aqui sobressai a relevância ao que os
processualistas chamam de con�ito de interesses.
Frequentemente, surge no âmbito social con�itos entre seus integrantes. O sentido comum do vocábulo interesse nos
remete à ideia de desejo, anseio, aspiração, cobiça, ambição, ou seja, a coisa que o homem quer. Não raro duas
pessoas desejam o mesmo bem, ou seja, possuem interesse pelo mesmo objeto, inclusive acreditando terem direito a
tal bem.
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Atenção
, Entretanto, os bens são limitados à porção do mundo exterior e que possam satisfazer a necessidade do homem, enquanto esta
mesma necessidade é ilimitada, fazendo surgir um con�ito de interesses, pois um depende do outro, há uma ligação entre esses
dois termos, daí a decorrência do con�ito. E sendo os bens limitados e a vontade humana ilimitada, a sociedade precisou
disciplinar tal con�ito que surgiam em torno dos bens.
Surge o con�ito de interesses quando a situação favorável à satisfação de uma necessidade excluir a situação
favorável à satisfação de uma necessidade distinta. Isso é vislumbrado quando uma pessoa possuir mais de um
interesse que se sobrepõe ao interesse do outro.
Quando uma das partes envolvidas nesse con�ito resiste à pretensão da outra, diz-se que existe o con�ito de
interesses ou litígio.
Pois bem, o con�ito está intimamente ligado à ideia de interesse, uma vez que deste decorre. Cada ser humano possui
a sua necessidade e procura a sua satisfação. Ocorre que muitas vezes a busca por essa satisfação se dá por meio de
um bem, confrontando ao interesse de outrem, pois os bens são limitados. Segundo orientação de Schnitman (1999):
MODOS DE SOLUÇÃO DOS CONFLITOS
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Fonte da Imagem: Supoj Pongpancharoen / Shutterstock
Para a solução de con�itos, os homens desenvolveram, ao longo da história, inúmeras formas de resolução de
con�itos, inicialmente relegadas ao próprio particular, conhecida como justiça privada.
A primeira delas e, talvez, a mais usual, era o uso da força, conhecida tecnicamente como autodefesa ou autotutela.
Dito de outra forma, quando a decisão do con�ito depende da força dos competidores, o mais forte sempre terá a
razão ao seu lado.
A autodefesa sempre apresentou graves inconvenientes, pois a solução do con�ito estaria ligada diretamente à
superioridade de forças de uma das partes.
Considerando os inconvenientes da justiça privada e da autotutela, nasceu a necessidade de que a solução dos
con�itos na sociedade fosse realizado de forma pací�ca e justa, e que o ato de decidir �casse a cargo de uma terceira
pessoa, não interessada diretamente no litígio, pois assim poderia solucioná-lo com equidade e justiça. Mas não
poderia ser qualquer terceira pessoa. Haveria a necessidade de termos um terceiro forte o su�ciente para que pudesse
ter sua decisão aceita espontaneamente ou imposta coercitivamente, principalmente aos integrantes do con�ito.
Dessa necessidade, surgiu o monopólio da administração da justiça (glossário) pelo Estado. A tutela pelo Estado.
Nesta feita, ele avoca para si a tarefa de compor os con�itos da sociedade, afastando a possibilidade da vingança
privada, que somente passa a ser possível de forma excepcional.
Atenção
, O Estado detém, portanto, o monopólio da administração da justiça , cabendo a ele, na pessoa do Juiz, dizer o direito no caso
concreto de maneira de�nitiva. Para tanto, se utiliza do processo, visto como instrumento que dispõe o Juiz e as partes para
reconstruírem os fatos objeto do con�ito, possibilitando que o Juiz possa aplicar a lei ao caso concreto, ou seja, solucionar os
con�itos.
Nesta linha, a investigação criminal e a consequente instrução processual passam a ser instrumentos para a busca da
verdade, possibilitando ao julgador (juiz) decidir o con�ito.
Aqui utilizaremos a investigação criminal como norte já que foi desta espécie de investigação que se rami�cou as
demais investigações que estudaremos nesta disciplina.
A VERDADE COMO FORMA DE SOLUÇÃO DO CONFLITO
A verdade nem sempre foi a forma encontrada pela sociedade para a composição do con�ito. Outras fórmulas foram
utilizadas ao longo da história da sociedade.
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Por exemplo, na Alta Idade Média (século V a X) a composição do con�ito se dava por meio da denominada justiça
privada, pelo mecanismo da autodefesa; pelo duelo; ordálios ou juízos de Deus.
Já na Baixa Idade Média (séculos XI a XIV) o con�ito ocorria pela sujeição e submissão do suserano ao vassalo, com
fortes in�uências da Igreja, período denominado de Feudalismo. Na Idade Moderna, o Estado absolutista (séculos XV a
XVIII) substitui pela ideia dos contratualistas a dominação por uma pessoa na �gura de um ente �ctício, qual seja o
Estado, como acumulando todos os poderes de legislar, executar e julgar, até os dias de hoje com a idade
Contemporânea (século XIX até hoje), na qual esses poderes são divididos em três.
A ideia de verdade surge no Estado absolutista como mecanismo de substituiçãode forças. Substitui-se a força
privada e do mito pela força do Estado, e futuramente pelas ideias de fé, que até hoje norteiam alguns paradigmas
jurídicos, como o denominado senso comum teórico, que é objeto de desconstrução das ciências sociais aplicadas,
como é o caso do Direito e sua interdisciplinariedade.
A verdade que se quer comprovar, por muito tempo se a�rmou ser uma verdade real, capaz de reconstruir com
absoluta perfeição os fatos exatamente como aconteceram. Por isso, se a�rmava que adotávamos o princípio da
verdade real no processo penal.
Contudo, esse conceito, ao longo do tempo, foi sendo alterado, pois se percebeu que a busca por essa verdade tida
como real acabava por cegar o caminho da investigação, que se preocupava apenas em alcançá-la a qualquer custo.
Naquela época os �ns justi�cavam os meios, e tanto é verdade essa a�rmação que a tortura era aceita, pois era um
instrumento e�caz para se conseguir a con�ssão.
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A prova obtida por meio da con�ssão era a que possuía maior valor, com efeito, satisfatória para dar por reconstruído
os fatos exatamente com aconteceram. Acreditava ser possível reconstruir, em especial com a con�ssão, os fatos
exatamente como aconteceram em uma “verdade” absoluta, por isso tida como real.
Esse período em que se buscava a verdade real não mais vigora em tempos atuais, sendo necessário reconhecer que a
verdade que se alcança é uma versão verossímil dos fatos.
Atenção
, Nesse diapasão, por hora, precisamos assimilar que é impossível reconstruir os fatos exatamente como aconteceram na
realidade se o meio para fazer isso é o processo, logo devemos nos contentar e aceitar que a verdade que se comprova em juízo é
uma verdade caracterizada pelo princípio da verossimilhança, que é a construção de uma versão fundamentada, que seja
razoável, conforme os elementos de informação colhidos., , Contudo, a comprovação dos fatos com a apresentação de uma
versão verossímil necessitará, muitas vezes, de uma investigação. Essa necessidade tanto se aplica aos aspectos criminais como
civis. A investigação, que na sua essência é uma pesquisa sobre os acontecimentos da vida humana (no aspecto do processo
Penal ou Civil de relevância jurídica), tem incidência em qualquer fato da vida humana que desperte interesse a outra pessoa.
Por isso, podemos fazer a ilação de que a solução de um con�ito de interesse, muitas vezes será decidido por quem
melhor investigar e conseguir construir uma versão verossímil dos fatos como por exemplo:
  Comprovar a culpa no processo penal e com isso conseguir uma condenação.
  Construção de uma versão verossímil e com isso comprovar uma união estável para posterior solicitação de
divisão de bens.
  Comprovar uma fraude de um funcionário para justi�car a demissão com justa causa.
  Comprovar a in�delidade de um dos cônjuges para lhe imputar a culpa da separação e ulterior indenização
por danos morais se for o caso.
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Essa atividade de investigar dependerá, para ter sucesso, da competência de quem realiza a tarefa. Logo, saber quais
competências pro�ssionais o investigador deve possuir é muito importante.
ABORDAGENS SOCIOLÓGICAS DO CONFLITO
Além da abordagem sistêmica, podemos destacar abordagens sociológicas do con�ito.
A teoria do con�ito social se origina com o pensamento de Karl Marx, um conhecido �lósofo e teórico político. Marx
estudou a maneira como os con�itos dirigem os comportamentos humanos e de um grupo, indo do nível individual ao
governamental. Existem vários tipos de teoria de con�ito social. Cada um deles parte de um ângulo ou de uma
abordagem especí�cos para discutir o con�ito, a luta pelo poder e a alocação de recursos.
Teoria materialista do con�ito
A abordagem materialista do con�ito social vê a história como impulsionada pelo tipo de
trabalho desempenhado em uma sociedade e por como esse trabalho sustenta as
necessidades básicas do trabalhador. Karl Marx teorizou que qualquer coisa de valor em
uma sociedade é produto do trabalho humano. Ele postulou que o processo de trabalho e de
construção da sociedade leva à consciência humana, e não o contrário.
Na teoria do con�ito social baseada no materialismo de Marx, existem duas classes: a
classe dominante e a classe dominada. A classe dominante detém a propriedade e o
controle dos meios de produção, incluindo os trabalhadores, as fábricas e as máquinas. De
acordo com Marx, a classe dominante vai continuar a oprimir a classe trabalhadora para
estabelecer �rmemente a divisão entre as duas.
Teoria crítica
A teoria crítica é um tipo de teoria do con�ito que procura explicar o con�ito por meio das
humanidades e das ciências sociais, incluindo áreas como a literatura, a política e outras
tendências sociais. A teoria crítica enfatiza a mudança social, em vez de simplesmente se
concentrar em observações e descobertas sobre uma determinada classe social,
movimento ou geração.
Teoria feminista
A teoria feminista é um tipo de teoria do con�ito que vai mais longe do que os movimentos
feministas que procuram entender e explicar as tendências da sociedade. Teóricos
feministas examinam as desigualdades de gênero e buscam atribuir determinados males
sociais e problemas a essas desigualdades. Dentro da área da teoria feminista, artes,
linguagem, cinema, �loso�a, geogra�a, política, estudos do sexo e da economia são usados 
para fornecer um olhar sobre os problemas entre as classes sociais e as desigualdades de
gênero em vários campos.
Pós-moderna
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A teoria pós-moderna rejeita o pensamento modernista e o uso de contextos históricos para
analisar as lutas entre as classes. Os pós-modernistas não acreditam em verdades objetivas
sobre as classes sociais, movimentos e gerações, porque a narrativa histórica dos
movimentos e períodos anteriores foi essencialmente escrita pelas classes dominantes.
Voltando à teoria original de Marx, é fácil ver por que os pós-modernistas seriam céticos
com relação aos construtos sociais de hoje, já que eles foram formados a partir das
narrativas feitas pela classe dominante - aqueles com poder e dinheiro. Os pós-modernistas
a�rmam que muito da história foi deixado de fora da narrativa central da política global.
Existem muitos outros tipos de teoria do con�ito social, como:
1. Teoria sobre gênero;
2. Teoria pós-colonial;
3. Teoria pós-estruturalista;
4. Teoria dos sistemas mundiais.
Cada uma apresenta uma abordagem diferente para a ideia fundamental de con�ito-luta entre duas classes para
alcançar riqueza, poder ou um bem desejado.
Esse aspecto de lutas traz re�exos em alguns teóricos ao abordar a educação, como por exemplo, a visão de Max
Weber que demonstra, atualmente, não mencionando a luta de classes, mas denominando como racionalização do
conhecimento pela educação, uma forma de burocratizar o acesso de controle do Estado.
Em outras palavras, será pela educação que o Estado realizará o controle da sociedade.
Saiba Mais
, As re�exões de Weber sobre a educação pode ser compreendida no âmbito de sua Sociologia Política e de sua Sociologia da
Religião e que in�uenciaram decididamente no modo de vida das pessoas. A Educação é, segundo Weber, o instrumento que
propicia ao homem a preparação necessária para o exercício de atividades funcionais adequadas às exigências das mudanças
ocasionadas pela racionalização que o homem irá se deparar socialmente.
O fundamento da racionalidade, da submissão à lei, e da preparação de indivíduos para gerenciar as atividades
burocráticas do estado foi lentamente se difundindo. Na constituição do Estado e do capitalismo moderno esses
elementos são indissociáveis.Por isso Weber enfatiza dois aspectos:
• A constituição pautada no Direito Racional (um dos sustentáculos do processo de racionalização da vida).
• A constituição da Administração Racional (embasada no modelo burocrático).
Saiba Mais
, A Educação, para Weber, na medida em que a sociedade se racionaliza historicamente, não é mais a preparação para que o
indivíduo compreenda seu papel no conjunto harmônico do contexto social. E nem é vista como meio de libertação. Torna-se o
meio determinante de estrati�cação social, uma maneira distinta em que se busca obter privilégios sociais., , A Educação
sistemática, na análise de Weber, tornou-se um conjunto de conteúdos e regras direcionadas para a quali�cação de pessoas que
demonstrassem reais possibilidades de gerenciar o Estado, as empresas e a política, de maneira racional.
Um dos pressupostos básicos na formação do Estado moderno é a constituição de uma administração burocrática
racional. Esse processo só ocorreu na sua totalidade no Ocidente, com a substituição gradual de trabalhadores sem
quali�cação, por trabalhadores quali�cados, e com orientação política fundamentada em normas racionais.
Esses aspectos in�uenciarão a formação do sistema jurídico de controle social, quando a educação não é focada para
o evitamento do con�ito, mas para a preparação de pessoas para manipular o sistema e manter aqueles que não se
adequam a esta sistemática fora da comunidade, pela ideia autoritária do encarceramento em massa.
QUESTÃO 1
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Para compreendermos a noção de con�ito nos dias atuais podemos realizar um pequeno exercício sobre o tema e sua
contextualização histórica e suas políticas do modelo de investigação criminal. Nesse sentido, qual período histórico
mais adequando para a charge a seguir?
Resposta Correta
Glossário
FELICIDADE
Para um aprofundamento �losó�co sobre o tema ler: FREUD, Sigmund. O mal-estar na civilização. São Paulo: Companhia das
Letras, 2011.
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JEAN-JACQUES ROUSSEAU
Do Contrato Social. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv00014a.pdf
(http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv00014a.pdf)
JEAN-JACQUES ROUSSEAU
O conceito de sociedade de risco foi originariamente desenvolvido pelo sociólogo alemão Ulrich Beck, em 1986, quando publicou
seu livro Risikogesellschaft: Auf dem Weg in eine andere Moderne, traduzido para o português como Sociedade de Risco: rumo a
uma outra modernidade. 2. ed. São Paulo: Editora 34, 2011. Beck, ao realizar uma análise entre o capitalismo e a evolução
tecnológica, conclui que vivemos em um momento de ruptura da sociedade moderna, que passa a assumir novos contornos de
uma sociedade de risco. O advento dessa nova modernidade opera, nos dizeres de Beck, mudanças radicais na política, na
economia e no comportamento, na medida em que a produção social de riquezas se faz acompanhar, cada vez mais, de uma
produção social de riscos da instabilidade dos mercados às catástrofes ambientais e ao terrorismo, por exemplo.
MONOPÓLIO DA ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA
Art. 5º, inciso XXXV, da CRFB. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv00014a.pdf
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Teoria Geral da Investigação
e Perícia
Aula 2 - Noções sobre a investigação criminal
no Brasil
INTRODUÇÃO
A investigação no direito brasileiro pode ser empreendida por vários instrumentos, mas tem-se no inquérito policial a
forma mais conhecida.
Regulamentado pelo art. 4º do Código de Processo Penal, de 1941 (glossário), o inquérito policial é, se não o principal,
talvez o mais conhecido instrumento de apuração de fatos criminosos.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del3689.htm
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A investigação busca uma reconstrução histórica dos fatos no sentido de se determinar a verdade dos acontecimentos
objetos de investigação.
Vamos falar mais sobre esse assunto, nesta aula.
Bons estudos!
OBJETIVOS
De�nir o conceito de investigação criminal;
Compreender a investigação inserida em um Estado Democrático de Direito;
Distinguir as consequências do sistema acusatório no inquérito policial.
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INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
Lopes Jr. (2013, p.224) a�rma que “O CPP de 1941 denomina a investigação preliminar de inquérito policial em clara
alusão ao órgão encarregado da atividade. O inquérito policial é realizado pela polícia judiciária, que será exercida pelas
autoridades policiais no território de suas respectivas circunscrições, e terá por �m a apuração das infrações penais e
de sua autoria (art. 4º)”.
Segue o texto do art. 4º do Código de Processo Penal para uma melhor análise:
Art. 4º, CPP. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por
�m a apuração das infrações penais e da sua autoria (Redação
dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995 (glossário)).
Fonte: Ross Strachan / Shutterstock
Fonte: Photographee.eu / Shutterstock
https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9043.htm
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Por essa leitura do art. 4º do Código de Processo Penal, temos uma clara alusão ao propósito do inquérito policial, que
pode ser estendido para o próprio �m de toda investigação criminal: a determinação de indícios de autoria e prova da
materialidade do delito.
Nessa linha, informa o professor Nicolitt (2014, p.179):
A �nalidade do inquérito é proporcionar ao Ministério Público, ou
ao ofendido no caso de ação penal privada, os elementos
necessários para dar seguimento à persecutio criminis através da
ação penal, a saber: indícios de autoria e materialidade do fato.
Bettiol (1973, p.250), já ensinava que o �m de todo processo será a busca da verdade (glossário) dos fatos, para que
sejam provados em sua subsistência histórica. A busca dessa verdade, no contexto da investigação criminal, seria, nos
termos do art. 4º do Código de Processo Penal, a reconstrução histórica dos fatos, demonstrando-se quem foi o autor
do fato criminoso (indícios de autoria) e a própria existência desse fato criminoso (materialidade do delito).
Nesse momento, já podemos delimitar um breve conceito sobre inquérito policial, que passará pela análise de sua
natureza jurídica. Veja a seguir:
O inquérito, embora seja doutrinariamente o principal instrumento utilizado na investigação, não é o único e,
atualmente, talvez seja o menos prestigiado. Pelo seu excessivo formalismo, produto de uma legislação datada de
1941 (glossário), a sociedade moderna demandou novos instrumentos investigativos.
Uma dessas inovações foi a edição da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 (glossário), que, entre outros institutos,
criou os chamados Termos Circunstanciados de Ocorrências, com o objetivo de desburocratizar as investigações e
substituir o inquérito policial.
Fonte: Verkhozina Ekaterina / Shutterstock
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9099.htm
14/05/2020 Disciplina Portal
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Art. 69, Lei 9.099/95. A autoridade policial que tomar
conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o
encaminhará imediatamenteao Juizado, com o autor do fato e a
vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais
necessários.
Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo,
for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o
compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em
�agrante, nem se exigirá �ança. Em caso de violência doméstica, o
juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento
do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima (Redação
dada pela Lei nº 10.455, de 13.5.2002).
Essa maneira de investigação (procedimento investigativo) encontrava-se restrita às infrações penais de menor
gravidade chamadas de pequeno potencial ofensivo, ou de menor potencial ofensivo (glossário). Nesses casos, o
inquérito policial era substituído por outro procedimento investigatório, menos formal, chamado Termo
Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
Fonte:
Embora o inquérito policial e o Termo Circunstanciado apresentem peculiaridades procedimentais distintas, ambos
preservam sua �nalidade como princípio reitor: a busca pela reconstrução história da verdade dos fatos (autoria e
materialidade do delito).
Características da investigação criminal
Vejamos algumas características da investigação criminal, também chamada de persecução penal. Essas
características são apontadas pelos doutrinadores como sendo características do inquérito policial, mas se estendem
às outras formas procedimentais de investigação.
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Esse tema será melhor estudado no conteúdo da disciplina de Processo Penal, mas necessitamos desenvolver
antecipadamente algumas dessas características. Veja, a seguir.
Unidirecional
Essa é a característica do inquérito policial (e de todas as outras formas de investigação). Nicolitt (2014, p. 185), ao
estudar essa característica, a�rmou:
O objetivo único do inquérito policial é apurar os fatos e
encaminhar os resultados à apreciação do Ministério Público.
Fonte da Imagem: Andrey_Popov / Shutterstock
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Em razão desse raciocínio, o delegado de polícia não poderia realizar nenhum juízo de valor sobre os elementos
informativos do inquérito, o que na prática não ocorre, já que para o delegado aplicar a lei é necessário realizar uma
análise jurídica sobre os fatos. E cada fato ou ocorrência policial possui peculiaridades do caso concreto, o que
forçosamente exige a aplicação do conhecimento jurídico deste pro�ssional para aplicar a lei ao caso concreto, sejam
as normas penais ou processuais penais.
Em algumas ocasiões, a própria lei já deixa essa necessidade de forma expressa, como ocorre no art. 52, I da Lei
11.343/06 (glossário):
Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a
autoridade de polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito
ao juízo:
I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justi�cando as
razões que a levaram à classi�cação do delito, indicando a
quantidade e natureza da substância ou do produto apreendido, o
local e as condições em que se desenvolveu a ação criminosa, as
circunstâncias da prisão, a conduta, a quali�cação e os
antecedentes do agente;”
Fonte: Ross Strachan / Shutterstock
A investigação, com base nessa perspectiva controvertida, portanto, tem como seu principal destinatário o Ministério
Público (glossário), órgão com atribuição constitucional para a propositura da ação penal pública em juízo (glossário),
ou o próprio ofendido (vítima do crime), nos casos de ação penal privada.
, Essa concepção não é tão clara assim em relação ao delegado de polícia. No entanto, na 6ª edição de seu livro, Nicolitt (2016, p.
201) alterou seu entendimento com base na doutrina do professor e Delegado Henrique Hoffmann: “nas edições anteriores
a�rmávamos que o inquérito era unidirecional, no intuito de demonstrar que sua função é exclusivamente direcionada a formar a
opinião do MP sobre a propositura ou não da ação penal. No entanto, a doutrina tem vinculado que o sentido de tal característica
seria a impossibilidade do delegado de polícia fazer juízo de valor no âmbito do inquérito policial. Certo é que, no curso da
investigação, a autoridade policial emite inúmeros juízos de valor.”
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm
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Inquisitorial ou inquisitivo
O inquérito policial também é inquisitivo ou inquisitório, se contrapondo ao processo que, por previsão expressa na
Constituição, deve respeitar o princípio do contraditório (art. 5º, inciso LV, CRFB).
Art. 5º, CRFB. [...]
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos
acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; [...].
O inquérito, bem como as demais formas de investigação, é um procedimento. E como tal, não se encontra abrangido
pelo princípio do contraditório, visto como a organização dialética entre as partes (acusação e defesa). Assim, temos:
Fonte: Ross Strachan / Shutterstock
Por ser inquisitivo e unidirecional, o inquérito policial objetiva unicamente que o órgão acusador promova a acusação
em juízo, ou seja, proponha a ação penal.
Nessa linha, outra característica que se relacionará com o modelo inquisitivo é o sigilo da investigação. Vejamos a
seguir.
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Sigiloso
O modelo inquisitivo sigiloso é previsto no art. 20 do Código de Processo Penal. Observe:
Art. 20, CPP. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da
sociedade.
Desde a edição do Código de Processo Penal, o sigilo do inquérito sofreu grande mitigação, inclusive ganhando novos
contornos e funções.
Por uma leitura exclusiva do art. 20 do CPP, tem-se um sigilo absoluto, visto sob uma “função utilitarista”, ou seja, com
o �m de assegurar a e�cácia da investigação no interesse da sociedade.
Contudo, modernamente, principalmente após a promulgação da Constituição de 1988 (glossário), a pessoa
investigada (suspeita de um crime) deixa de ser vista como mero objeto de uma investigação, passando a ser
observada como sujeito de direitos. Nessa linha, desenvolve-se uma função garantista do sigilo do inquérito policial, no
sentido de garantir a intimidade e dignidade da pessoa investigada (que tecnicamente se chama indiciado).
Além disso, com a promulgação do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, Lei 8.906, de 4 de julho de 1994
(glossário), restou mitigado o sigilo do Inquérito, na medida em que o art. 7º, inciso XIV, concedeu a prerrogativa
funcional ao advogado ter acesso à procedimentos de investigação.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8906.htm
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Art. 7º, Lei 8.906/94. São direitos do advogado:
[...]
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir
investigação, mesmo sem procuração, autos de �agrante e de
investigações de qualquer natureza, �ndos ou em andamento,
ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar
apontamentos, em meio físico ou digital; (Redação dada pela Lei
nº 13.245, de 2016).
O aparente con�ito entre o direito de acesso do advogado a investigações em curso e o sigilo do inquérito policial
acabou chegando ao Supremo Tribunal Federal, que paci�cou o tema com a edição da Súmula Vinculante nº 14,
permitindo o acesso do advogado aos elementos de prova já documentados na investigação, no interesse do exercício
de defesa doinvestigado. Observe:
Súmula Vinculante nº 14 do STF: É direito do defensor, no
interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de
prova que, já documentados em procedimento investigatório
realizado por órgão com competência de polícia judiciária,
digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Escrito
O inquérito policial também possui como característica o fato de ser escrito, conforme dispõe o art. 9º do Código de
Processo Penal.
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Art. 9º, CPP. Todas as peças do inquérito policial serão, num
só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste
caso, rubricadas pela autoridade.
Indisponível
O inquérito policial pode ser, ainda, indisponível, pois uma vez instaurado não pode a Autoridade Policial determinar seu
arquivamento, conforme art. 17 do Código de Processo Penal.
Dispensável
O inquérito policial também pode ser dispensável, pois o titular da ação penal poderá utilizar outras fontes de
informação para a propositura da ação penal.
Art. 17, CPP. A autoridade policial não poderá mandar
arquivar autos de inquérito.
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Fonte da Imagem: O�cial / Shutterstock
A investigação criminal é procedimento normalmente conduzido por delegado de polícia, servidor público integrante
das Polícias Civis, no âmbito estadual, ou da Polícia Federal, no âmbito federal.
Contudo, a função de investigar não é monopólio das polícias, conforme interpretação do parágrafo único, art. 4º do
CPP e art. 144 da CRFB. Veja a seguir.
Art. 4º, CPP. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades
policiais no território de suas respectivas circunscrições e terá por
�m a apuração das infrações penais e da sua autoria (Redação
dada pela Lei nº 9.043, de 9.5.1995).
Parágrafo único. A competência de�nida neste artigo não excluirá
a de autoridades administrativas, a quem por lei seja cometida a
mesma função.
Art. 144, CRFB. A segurança pública, dever do Estado, direito e
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através
dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
[...]
§ 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira,
incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de
polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
militares.
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O monopólio da investigação penal pela polícia é tema que já chegou aos Tribunais brasileiros. Nesse sentido, o
Supremo Tribunal Federal decidiu que ao cuidar das funções de polícia judiciária e investigações criminais atribuídas
às Polícias Civis, o texto constitucional do §4º do art. 144 não utiliza o termo exclusividade (glossário).
Assim, outros órgãos podem realizar investigação criminal. São eles:
Ministério Público
Possui atribuição para praticar atos de investigação por força de interpretação de vários
dispositivos legais e constitucionais esparsos.
Comissão Parlamentar de Inquéritos (CPI)
Possui competência expressa para realizar investigações criminais por força do art. 58, § 3º,
da CRFB.
Art. 58, CRFB. O Congresso Nacional e suas Casas terão comissões
permanentes e temporárias, constituídas na forma e com as atribuições
previstas no respectivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
[...]
§ 3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos
nos regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos
Deputados e pelo Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante
requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato
determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso,
encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a responsabilidade
civil ou criminal dos infratores.
Tribunais
Também poderão, embora excepcionalmente, realizar investigação criminal quando houver
indício da prática de crime por parte de magistrado.
Art. 33, LC 33/79 (Loman). São prerrogativas do magistrado:
Parágrafo único - Quando, no curso de investigação, houver indício da
prática de crime por parte do magistrado, a autoridade policial, civil ou
militar, remeterá os respectivos autos ao Tribunal ou órgão especial
competente para o julgamento, a �m de que prossiga na investigação.
Como examinamos, o inquérito policial, visto como uma das formas procedimentais mais conhecidas para se realizar a
investigação criminal, é o instrumento utilizado para a busca da verdade dos fatos. Ou seja, por meio da investigação
criminal busca-se provar algo.
O vocábulo prova não possui um único sentido, podendo ser entendido de duas maneiras:
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Fonte: Ross Strachan / Shutterstock
Desse binômio entre objeto de prova e meio de prova é que ganhará relevância o tema das perícias, vista como um dos
meios de prova mais relevantes na investigação e no processo judicial.
ATIVIDADE
Após compreender os modelos e formas de investigação criminal no Brasil realize a atividade a seguir:
Analise a charge e indique a forma e o órgão mais adequados para realizar a investigação criminal.
Resposta Correta
Denomina-se de sistema acusatório:
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a) O sistema processual penal, na qual as funções de investigar, acusar, defender e julgar são exercidas por órgãos distintos.
b) O sistema processual penal, na qual as funções de investigar, acusar, defender e julgar são exercidas um mesmo órgão.
c) O sistema processual penal, na qual as funções de investigar, acusar, defender e julgar são exercidas pela Polícia Judiciária,
Ministério Público e o Judiciário.
d) O sistema processual penal, na qual as funções de acusar, defender e julgar são exercidas pelo Ministério Público e o
Judiciário.
e) Sistema processual penal exercido pelo poder judiciário.
Justi�cativa
Pelos estudos do nosso sistema processual penal e uma breve leitura do artigo 26 do Código de Processo Penal:
“Art. 26.  A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em �agrante ou por meio de portaria
expedida pela autoridade judiciária ou policial.”, podemos concluir:
a) É exemplo típico do funcionamento do sistema acusatório.
b) Traduz o atual modelo brasileiro.
c) Traduz um modelo universal, consagrado em quase todos os países do mundo, que adotam o sistema acusatório.
d) Que se trata de uma permissão para que o juiz ou delegado possam dar início a ação penal pública, porém, não mais
constitucional porque a ação penal pública é privativa do Ministério Público.
e) Como está na lei deve ser cumprido.
Justi�cativa
Sobre os estudos do modelo brasileiro de sistema acusatório previsto na Constituição da República, assinale a opção
mais adequada, que explique a redação do art. 155 do Código de Processo Penal:
“Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas”.
a) A redação traduz um ideal inquisitorial.
b) A redação representa um ideal acusatório.
c) A redação é tipicamente de um sistema de juizado de instrução.
d) Aplica-se a modelos de Códigos tipicamentefascistas.
e) Aplica-se a modelos de Códigos tipicamente nazistas.
Justi�cativa
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Glossário
VERDADE
Essa concepção de verdade dos fatos, embora seja amplamente dominante na doutrina jurídica brasileira, vem sendo criticada,
cada vez mais, frente à impossibilidade de se utilizar o método analítico-cientí�co das ciências naturais nas ciências sociais.
Para um aprofundamento no tema, ver KHALED JR., Salah. A busca da verdade no processo penal: para além da ambição
inquisitorial. São Paulo: Atlas, 2013.
LEGISLAÇÃO DATADA DE 1941
O inquérito policial encontra-se previsto principalmente no Código de Processo Penal, promulgado pelo Decreto-Lei nº 3.689, de 3
de outubro de 1941.
MENOR POTENCIAL OFENSIVO
O próprio legislador de�niu as infrações de pequeno potencial ofensivo como sendo todas as contravenções penais e os crimes
cuja pena máxima cominada em abstrato não fosse superior a 2 anos, conforme art. 61 da Lei 9.099/95:
“Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a
que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa.” (Redação dada pela Lei nº 11.313, de
2006).
MINISTÉRIO PÚBLICO
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O Ministério Público, por força constitucional, é o órgão responsável pela propositura da ação penal nos crimes de ação pública,
conforme art. 129, inciso I, da CRFB: São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal
pública, na forma da lei; [...].
AÇÃO PENAL PÚBLICA EM JUÍZO
Somente para uma breve contextualização, necessitamos antecipar alguns conceitos. A doutrina processual penal classi�ca a
ação penal como sendo: crime de ação pública (incondicionada e condicionada) e crimes de ação privada. Nos primeiros (crimes
de ação pública), caberá ao próprio Estado, mediante a atuação do Ministério Público, a propositura da ação penal, mediante uma
peça técnica chamada de “denúncia”. Já nos crimes de ação privada, cabe à própria vítima do crime, chamada de querelante, a
propositura da ação penal, mediante a peça técnica chamada de “queixa-crime”. A repercussão social do crime, de�nida na
própria lei, é que determinará se o crime é de ação penal pública (quando o interesse lesado atinge, além da vítima do crime, a
sociedade/Estado/coletividade) ou de ação penal privada (quando o interesse lesado atinge apenas a vítima).
CONSTITUIÇÃO DE 1988
A Constituição de 1988 prevê no art. 1º a dignidade da pessoa humana como fundamento da República.
Art. 1º, CRFB. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...]
III - a dignidade da pessoa humana; [...].
EXCLUSIVIDADE
O tema restou paci�cado no julgamento do RE 593727 (18.05.15), com repercussão geral reconhecida.
ATOS DE INVESTIGAÇÃO
A possibilidade do Ministério Público realizar investigações criminais decorreria da interpretação conjunta do art. 129, VIII, CRFB;
Art. 7º e 8º da LC 75/83; art. 26 da Lei 8.625/93; e aplicação da chamada teoria dos poderes implícitos, reproduzido no brocado
“quem pode o mais, pode o menos”, na medida em que se o Ministério Público pode realizar a propositura da ação penal, por ser o
titular da ação penal pública, poderia, também, realizar investigação criminal.
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Teoria Geral da Investigação
e Perícia
Aula 3 - Noções sobre a investigação criminal
no Direito Comparado
INTRODUÇÃO
Os países da América Latina dos anos 1980 em diante realizaram diversas alterações em seus ordenamentos, frutos
da transição de sistemas autoritários para democráticos.
Por essa razão se faz necessário compreender a investigação criminal inserida em um contexto político com essa
perspectiva e quais os efeitos colaterais dessa transição no Brasil.
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OBJETIVOS
Compreender o conceito de investigação criminal no período de transição democrática no mundo;
Examinar a investigação inserida em uma transição política na América Latina;
Conhecer as consequências das alterações, advertindo para uma mudança no sistema brasileiro.
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NECESSIDADE DE MUDANÇA
Estudiosos partiram de algumas premissas para a construção de um sistema processual penal democrático,
fundamentalmente, em uma instrução processual penal informada pelos seguintes corolários:
Os elementos informativos colhidos na fase investigativa, prévia
ao processo, servem exclusivamente para a formação da opinio
delicti do acusador, a ser aferida pelo juiz, não podendo ingressar
nos autos e ser valorados como provas (salvo se forem provas
antecipadas, de natureza cautelar, que serão submetidas ao
contraditório posterior);
O exercício da jurisdição depende de acusação formulada por
órgão ou pessoa diversa do juiz (o que corresponde ao aforismo
romano nemo in iudicium tradetur sine accusatione);
Todo o processo há de desenvolver-se em contraditório, perante
o juiz natural. Eis o ponto nodal desses estudos: o modelo de
instrução processual penal, adotado na Espanha, em Portugal e
na América Latina incorpora esses postulados fundamentais do
modelo acusatório? Quais são os países que o adotam, quais os
projetos de reforma que dele se aproximam, quais os sistemas
ainda renitentes às novas exigências de uma instrução penal que
siga o modelo acusatório?
Em uma tentativa de sistematização, os países da comunidade ibero-americana serão agrupados em três categorias
básicas:
Fonte: Mdesignstudio / Shutterstock
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Observe-se que os dois primeiros modelos se enquadram no sistema misto, também denominado de instrução formal,
em que a etapa de instrução pode ser con�ada, dependendo de cada sistema, ao juiz de instrução ou ao Ministério
Público.
A diferença entre os dois tipos não se fez pela autoridade inquirente, mas sim pela circunstância de existir, ou não,
contraditório nessa etapa. O terceiro modelo é o da denominada citação direta, em que o Ministério Público apresenta
sua acusação, na base dos elementos colhidos na investigação prévia, correndo todo o processo por audiências,
suprimida a etapa prévia de instrução.
O sistema misto clássico
As principais características desse sistema são as seguintes:
Quanto à etapa da instrução
Trata-se de etapa escrita e secreta, sendo que o informe mexicano prefere falar em publicidade restrita às partes e aos
procuradores; no Uruguai, essas características acentuam-se no pré-sumário. Na Venezuela, mesmo na legislação
especial mais recente, a oralidade só começa com o "acto de cargos", praticado em audiência pública, já no plenário.
Em alguns países, a etapa do sumário não é regida pelos princípios da concentração, da imediação, da identidade
física da autoridade inquirente; em outros, apenas pela imediação (México) ou pela imediação e concentração
(Venezuela), ou ainda pela identidade física (Uruguai).
O sumário pode ser dirigido por um juiz (Venezuela, Uruguai) ou pelo Ministério Público (México), mas em qualquer
caso não existe a separação entre as funções de acusar, defender e julgar, havendo apenas o inquirente e o inquirido.
O sumário desenvolve-se inteiramente sem contraditório(no Uruguai, para o pré-sumário), ou em contraditório limitado
(como na Venezuela e no sumário uruguaio em que, na prática, o inquirido pode requerer a produção de provas e o
tribunal pode deferi-las, não lhe sendo dado, porém, intervir na prova; ou como no México, limitadamente a certos atos,
como o interrogatório).
O direito de defesa, na instrução, não é assegurado no pré-sumário do Uruguai; é fortemente limitado no México, na
Venezuela e no sumário uruguaio, sendo que, neste último sistema, a assistência técnica pode tomar conhecimento
dos atos praticados, exercendo sobre eles um certo controle.
As medidas cautelares (prisão, busca e apreensão, sequestro, interceptações telefônicas etc.) são determinadas pela
própria autoridade inquirente, com controle interno, pelos recursos aos tribunais superiores (Venezuela, Uruguai); e no
México existe um juiz para as medidas cautelares, uma vez que a etapa de instrução é presidida pelo Ministério
Público.
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Os direitos constitucionais não são observados na etapa de instrução do sistema uruguaio, inteiramente divorciado das
garantias constitucionais e onde a prisão preventiva é a regra geral. No México, os direitos e garantias constitucionais
atuam de forma bastante limitada, estando o sumário sujeito ao poder discricionário do Ministério Público, embora
com possibilidade de recursos; na Venezuela, há direitos e garantias constitucionais asseguradas para o sumário mas,
na prática, é permanente a luta contra as violações cometidas sobretudo pela polícia. Contudo, importantes inovações
relativas às garantias constitucionais e à liberdade do acusado submetido a processo foram introduzidas neste país
pela legislação mais recente.
A etapa da instrução pode ser precedida por uma fase investigativa prévia, conduzida pela polícia, no Uruguai e na
Venezuela. Esta fase prévia não existe no México.
Quanto à etapa do juízo
Desenvolve-se perante juiz monocrático, no México, no Uruguai e na Venezuela, sendo que nestes últimos países é o
mesmo juiz da etapa do sumário que preside a do juízo.
A forma é escrita no México e no Uruguai; também é escrita na Venezuela, ressalvado o "acto de cargos", oral. É oral
nos demais países pesquisados.
A publicidade é ampla no México, na Venezuela e no Uruguai.
O princípio observado na etapa do juízo é o da imediação, no México e na Venezuela. Não se observam a concentração
e a identidade física do juiz, exceto no sentido de que é o juiz da etapa do sumário que preside a dos debates, na
Venezuela e no Uruguai.
As provas colhidas na etapa do sumário ingressam livremente na do juízo, no México e no Uruguai; na Venezuela
também, embora sejam submetidas a contraditório na etapa do juízo.
O juiz pode formar seu convencimento, embasando-se livremente nas provas produzidas na etapa do sumário, no
México e no Uruguai; na Venezuela, só pode apoiar-se nas provas produzidas na fase de instrução, se elas forem
submetidas a contraditório posterior.
O sistema misto com instrução contraditória
Assim podem ser indicadas as características desse sistema, pelos países pesquisados:
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Quanto à etapa da instrução
A instrução é dirigida pelo juiz instrutor, ressalvada a previsão do art. 785 bis LECRIM espanhola, em que a instrução,
nos procedimentos abreviados, pode excepcionalmente, e sob certas condições, ser dirigida pelo Ministério Público.
A forma da instrução é escrita na Espanha, Peru, e no Anteprojeto do Uruguai, ressalvados, evidentemente, os atos
processuais orais por natureza, como os depoimentos; e é mista (escrita e oral) em El Salvador e no Brasil, quanto aos
procedimentos de competência do Júri.
A instrução é sigilosa no Peru, sendo regida pela publicidade restrita às partes na Espanha (salvo nos casos em que
seja declarado, especial e limitadamente, o sigilo), em El Salvador e no Anteprojeto do Uruguai. A publicidade é ampla
no Brasil, na instrução dos processos de competência do Tribunal do Júri.
Os princípios que regem a instrução são, no Peru, a concentração, a imediação e a identidade física do juiz; no
Anteprojeto do Uruguai e em El Salvador, a identidade física do juiz. Na Espanha e no Brasil (para a instrução
preparatória do Júri) os princípios mencionados não se aplicam à etapa da instrução.
Em todos os países analisados, as funções de acusar, defender e julgar, na instrução, são separadas e atribuídas a
órgãos distintos.
Com exceção do Peru e de El Salvador, onde o contraditório é limitado a certos atos, nos demais sistemas estudados, a
instrução desenvolve-se em contraditório pleno. Na Espanha, prevê-se expressamente a produção antecipada da prova,
em incidente processual, para os casos legalmente contemplados. Todavia, há hipóteses em que a prática do ato pode
ser acompanhada apenas pelo Ministério Público e ainda casos de sigilo nas diligências, declarado pelo juiz.
O direito de defesa é plenamente observado em todos os países analisados, tendo sido extraordinariamente
potenciado pela Constituição, na Espanha.
Quanto às medidas cautelares, pessoais e reais, são elas de competência do juiz da instrução em todos os países
pesquisados. Na Espanha, o ordenamento permite excepcionalmente a expedição de provimentos cautelares por parte
do Ministério Público e da Polícia Judiciária, com controle posterior e imediato do juiz da instrução. Os provimentos
cautelares, em todos os países, estão submetido ao controle jurisdicional, pelos recursos ordinários ou por habeas
corpus.
Os direitos e garantias constitucionais, amplamente assegurados na etapa da instrução, são efetivamente operantes e
sua observância é submetida ao controle dos tribunais superiores, em todos os países. A Espanha ressalta o avanço da
Constituição de 1978, que incorporou diversas garantias processuais. O Anteprojeto do Uruguai rea�rma todas as
garantias oriundas da Constituição e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos. Há instrumentos processuais
adequados, em todos os países - incluindo, em alguns deles, o habeas corpus - para assegurar a efetiva
operacionalidade dos direitos e garantias fundamentais na fase de instrução. O habeas corpus brasileiro é utilizado
não somente em relação à privação da liberdade, mas também como controle sobre o procedimento, que deve ser
pautado pelas garantias do devido processo legal.
A etapa da instrução é precedida por uma fase investigativa prévia, necessária no Peru, em El Salvador e no Brasil
(neste país, no tocante aos crimes da competência do Tribunal do Júri); e eventual na Espanha e no Uruguai. A
investigação prévia é conduzida pelo Ministério Público, com o auxílio da Polícia Judiciária, no Peru. Nos demais
países, é levada a cabo diretamente pela Polícia, normalmente a Polícia Judiciária, com exceção do Uruguai, que não
conta com essa instituição. Na Espanha, a Polícia Judiciária é órgão auxiliar do Poder Judiciário e do Ministério
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Público, trabalhando sob as ordens destes. Se os fatos investigados se caracterizam como infrações penais, a fase
investigativa incorpora-se à fase judicial de instrução. Se os fatos não constituírem delitos, a fase conserva caráter
administrativo.
No CPP uruguaio é expressa a determinação de que as informações administrativas da fase investigativa policial só
podem ter valor de indicação para a instrução, carecendo de qualquer força probatória. No Brasil, a Polícia Judiciária
integra o Poder Executivo, mas é submetida ao controle externo do Ministério Público (órgão considerado como
exercendo funções essenciais à Justiça e contemplado fora do capítulo do Poder Judiciário e do Poder Executivo,
tendo asseguradas todasas garantias da magistratura).
Quanto à etapa do juízo
O juízo desenvolve-se perante um juiz monocrático - que é o mesmo da instrução - no Anteprojeto uruguaio; perante um
juiz unipessoal ou um tribunal colegiado, conforme o caso, na Espanha; sempre perante um tribunal colegiado, no Peru
e em El Salvador. E, no Brasil, perante o Tribunal do Júri, pois só a instrução dos processos da competência deste
submetem-se ao regime bifásico.
Em todos os países pesquisados, a etapa do juízo é pública, sendo regida pelos princípios da concentração, da
imediação e da identidade física do juiz. A oralidade é plena na maioria dos países, com exceção de alguns atos
preparatórios escritos no Anteprojeto Uruguaio (acusação e defesa), prosseguindo depois o processo por audiências.
Também no Brasil, para os atos preparatórios do julgamento do Tribunal do Júri, embora o juízo seja essencialmente
oral, há alguns atos escritos.
A atividade probatória da etapa do juízo destina-se à formação do convencimento judicial sobre a pretensão punitiva,
em todos os países. Mas duas questões devem ser realçadas: há que saber-se, em primeiro lugar, se, na etapa do juízo,
podem ser aproveitadas as provas produzidas na etapa de instrução; e, em segundo lugar, se o juiz ou tribunal, para
julgar o mérito, pode apoiar-se nas provas produzidas durante a instrução. E aqui as respostas divergem.
- Quanto ao aproveitamento, na etapa do juízo, das provas produzidas durante a instrução: No Anteprojeto uruguaio,
todas as provas que tenham sido submetidas a contraditório na etapa da instrução ingressam livremente na fase do
juízo. É o mesmo sistema do Júri brasileiro, que incorpora perante os Jurados as provas produzidas durante a
instrução, todas submetidas a contraditório nesta fase. No Peru, todas as provas lícitas, relevantes e pertinentes,
produzidas na instrução, ingressam livremente na fase do juízo, sendo submetidas a contraditório nesta. El Salvador
não admite o ingresso, na fase do juízo, das provas produzidas na etapa de instrução, com exceção das irrepetíveis.
Também na Espanha, somente são consideradas provas as produzidas na fase do juízo, não podendo ser aproveitadas
as da instrução, salvo quando se tratar de prova antecipada, em incidente probatório, que se desenvolve segundo os
mesmos princípios que regem o juízo oral. A informação recebida, porém, também se refere à "leitura de diligências
sumariais, sob pressupostos estritos".
- Quanto à formação do convencimento do juiz ou tribunal do mérito poder basear-se, ou não, nas provas produzidas na
instrução: O Uruguai, pelo Anteprojeto, admite que na etapa do juízo o juiz do debate forme seu convencimento com
base nas provas produzidas em contraditório na fase da instrução.
O mesmo ocorre no Brasil, onde, porém, o veredicto dos jurados - que julgam sobre os fatos - é de consciência, não
sendo motivado. No Peru, as provas da instrução, desde que submetidas a contraditório na etapa do juízo, embasam o
convencimento do juiz ou tribunal do mérito. Em El Salvador, o tribunal não pode apoiar-se em provas produzidas
apenas na fase de instrução, salvo no que respeita às irrepetíveis. Na Espanha, coerentemente com a linha segundo a
qual só as provas produzidas antecipadamente em incidente probatório, regido pelas mesmas regras aplicáveis ao
debate oral, podem ingressar na etapa do juízo, somente nestas, entre as colhidas durante a instrução, pode
fundamentar-se a decisão do juiz ou tribunal do mérito, observada, porém, a possibilidade de leitura das diligências
sumariais, sob certos pressupostos, que também podem embasar a formação do convencimento do juiz ou tribunal.
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O SISTEMA ACUSATÓRIO SEM JUIZADOS DE INSTRUÇÃO
A última etapa do caminho evolutivo da instrução rumo ao modelo acusatório cumpre-se pela adoção de um sistema
que aboliu os juizados de instrução, substituindo-os por uma fase investigativa prévia de índole administrativa,
produzida pelo Ministério Público ou pela Polícia Judiciária, como ocorre no Reino Unido, denominado sistema inglês,
cuja acusação e cujos elementos informativos não são consideradas provas, nem podem fundamentar a decisão de
mérito. Após a investigação preliminar, oferecida a acusação, inicia-se o processo, todo moldado pelo contraditório e
conduzido em audiências públicas, sendo emprenhado de maior ou menor oralidade, conforme os diversos países.
Filiam-se a esse sistema, que é o do Código de Processo Penal, Portugal, Bolívia, Brasil - para os crimes que não sejam
da competência do Tribunal do Júri - Chile, Costa Rica, Guatemala, Honduras e Paraguai. Seguem o mesmo modelo os
códigos argentinos das Províncias de Tucumã, de Córdoba e de Santiago del Estero.
A Espanha poderia ser incluída neste sistema somente com relação à hipótese excepcionalíssima do art. 785 bis
LECRIM, relativa a casos muito restritos atinentes aos procedimentos abreviados (semelhantes aos juizados especiais
criminais aqui no Brasil).
São as seguintes as características fundamentais do processo, nos países agrupados nesse sistema:
Quanto à investigação prévia, de índole administrativa
A �nalidade desta etapa é a de colher elementos informativos para a formação do convencimento do acusador, a �m
deste poder, oportunamente, acusar ou não, na base de sua opinio delicti.
Durante a investigação, o juiz intervém necessariamente para autorizar as medidas cautelares requeridas pelo
Ministério Público, bem como para presidir à colheita das provas antecipadas, em contraditório.
O juiz das medidas cautelares é um juiz diverso daquele do processo, no Código Modelo na Bolívia, na Costa Rica, no
Chile, na Guatemala, em Honduras e no Paraguai; mas é o mesmo juiz da futura instrução e julgamento, em Portugal e
no Brasil.
A etapa das investigações é dirigida pelo Ministério Público, com o auxílio da Polícia Judiciária, ou a Polícia Judiciária
investigando diretamente como ocorre no sistema inglês da Europa Continental, submetida ao controle externo do
Ministério Público, que pode a qualquer momento intervir nas investigações.
ATIVIDADES
Leia atentamente os artigos e a pergunta a seguir:
Art. 26. A ação penal, nas contravenções, será iniciada com o auto de prisão em �agrante ou por meio de portaria
expedida pela autoridade judiciária ou policial.
Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
Esses artigos do CPP brasileiro são adequados a que modelo de investigação criminal?
Resposta Correta
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Glossário
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Teoria Geral da Investigação
e Perícia
Aula 4 - Verdade e investigação
INTRODUÇÃO
É possível encontrarmos diversos parâmetros cientí�cos para a abordagem da verdade e seus re�exos no processo
penal, que vai desde a Bíblia, Jo: 18, 38, O que é verdade?, passando pela �loso�a de Aristóteles na Ética a Nicômaco,
Habermas, na obra Teoría de la Acción Comunicativa ou Hanna Arendt na obra Verdade e Política, cujo re�exo direta ou
indiretamente surge no conceito do justo como igualdade ou neutralidade, ou até mesmo em relação de dominação por
lutas entre poderes, como ocorre na abordagem do sociólogo Michel Foucault na obra A verdade e as formas jurídicas,
com re�exos diretos no sistema processual penal por toda a história da humanidade.
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OBJETIVOS
Compreendero surgimento histórico das formas jurídicas de controle;
Analisar o surgimento da verdade como uma forma de controle do Estado;
De�nir as diversas formas de verdades jurídicas em nosso ordenamento.
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O INÍCIO DO SISTEMA DE PROVAS
Vamos viajar no tempo e compreender o surgimento do sistema de provas...
Período aproximado dos séculos V a X
No direito feudal germânico, na Idade Média, a prova recaía na estratégia pela vitória e não na revelação de uma verdade, ou seja,
não havia uma sistematização comunicacional em busca de uma verdade, no período aproximado dos séculos V a X.
Séculos XI ao XII
Quando alcançamos os séculos XI ao XII surgiu o sistema de provas denominado ordálios, que era um sistema de provas de
cunho social, como critério de solução de con�ito, revelando-se a importância dos membros da sociedade como um mecanismo
de autopreservação, consequentemente, um mecanismo excludente.
Século XIII
A partir do século XIII surgiu o procurador do Rei associado à Igreja (clero) que passaram a balizar ideologias da fé cristã como
paradigma de controle social, inclusive punindo seus opositores como hereges.
Séculos XIV e XV
A opressão desse sistema fez surgir nos séculos XIV e XV formas de estabelecimento da verdade por testemunhos, geralmente
pessoas com conhecimentos cientí�cos, que perduraram até o XVIII, so�sticando-se as regras sobre provas, através da disputatio,
que consistia em um resultado do processo como elementos de con�rmação e refutação.
Século IX
No século IX, a so�sticação iluminista in�uenciou o desenvolvimento do método da verdade como forma de pesquisa, origem da
Sociologia, da Psicologia, da Criminologia no contexto social da Idade Moderna.
Sedimentou-se, na doutrina hodierna, que o processo como meio heterogêneo de composição de con�itos sociais,
entre outras �nalidades, visa à reconstrução de determinado fato pretérito, tendo como resultado �nal a aplicação de
uma regra jurídica adequada (glossário), prevista no ordenamento positivo.
Se esse pensamento tradicional é correto, não se deve esquecer que essa suposta reconstrução fática ocorre,
inevitavelmente, em termos de linguagem (comunicação entre os sujeitos processuais), pois, no processo, de acordo
com lições de Taruffo, os fatos são representados pelo que se diz dele.
Não se provam fatos, e sim alegações fáticas, consoante suas lições:
“No processo, o fato, na realidade, é o que se diz acerca
dele: é a enunciação fática, não o objeto empírico que é
enunciado” (TARUFFO, 2002, p.114).
Decerto, o juiz, para dar o direito no caso concreto a quem tem razão, precisa de meios que
o possibilitem alcançar a veracidade dos enunciados levados pelos demais sujeitos
processuais (Ministério Público ou querelante, assistente de acusação, e acusado)
ao seu conhecimento.
A esse mister judicante, a prova representa a possibilidade palpável de encontrar (justi�car)
essa verdade (racionalização da descoberta da verdade) e permitir que o magistrado pro�ra
uma decisão justa, ou melhor, um provimento �nal socialmente aceitável.
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Desse modo, em uma perspectiva processual, a verdade encontra-se delimitada pelo complexo probatório constante
dos autos, que poderá ser insu�ciente ou satisfatório, a depender da intensidade da atividade probatória das partes e
da atuação cooperativa do juiz, sem contudo, lhe atribuir caráter de inquisitorialidade.
Sucede que, atualmente, a controvérsia doutrinária consiste em saber se a verdade almejada no processo penal,
principalmente após a Constituição de 1988, que assegurou direitos e garantias fundamentais ao acusado, continua
sendo absoluta ou assumiu a conotação de relativa, diante da proibição da prova obtida por meio ilícito.
VERDADE REAL, VERDADE FORMAL E PROCESSUAL
Utilizar, processualmente, a expressão verdade real (absoluta) ou verdade relativa é, ainda que inconscientemente,
valorar, do ponto de vista espaço-temporal, a existência de um fato pretérito. Ora, esta é una, insuscetível de qualquer
apreciação valorativa:
ou o fato existiu, ou o fato não existiu.
Dito de outro modo, a verdade, em tese, não comporta predicados.
Todavia, a re�exão inadvertida sobre o assunto teve como efeito colateral a consagração da dicotomia verdade
absoluta/verdade relativa.
Segundo esta classi�cação, no processo civil predominaria a verdade relativa ou também denominada de formal,
porquanto, além da disponibilidade da relação jurídica deduzida em juízo, fenômenos como o das presunções legais,
inexigibilidade de prova sobre fatos incontroversos, preclusão e outros, impediriam o desvelamento da verdade real
(glossário), que, por sua vez, corresponderia ao processo penal, já que, em nome da tutela de interesses indisponíveis
(defesa social), não se toleraria o menor obstáculo para alcançá-la.
Nesse sentido, Julio Maier (1999, p. 859) sustenta que:
“por razão do ideal que persegue - averiguar a verdade objetiva, real ou material -, no
Direito Processual Penal, toda a regulação jurídica da prova, como método para alcançar esse objetivo,
é favorável à investigação do caso, em uma medida muito superior a prevista por outros procedimentos
judiciais. Este é, precisamente, um dos aspectos que caracteriza o Direito Processual Penal, que alguns
autores tem elevado à categoria de princípio” (tradução livre).
E complementa que:
“é preciso aclarar, em princípio, que, como sucede com a persecução penal, o interesse público pela pena
estatal está destituído do interesse particular, inclusive em matéria probatória. De tal maneira, o próprio Estado,
por intermédio de seus órgãos competentes, é interessado em averiguar a verdade acerca da existência ou
inexistência de um direito, para aplicar suas regras penais e, eventualmente, fazer atuar a consequência jurídica,
prescindindo do interesse particular” (Julio Maier, 1999, p. 860 tradução livre).
Comentário
, Alguns doutrinadores chegam a mencionar a denominada verdade eticamente construída ou verdade processual, pois o juiz
decide de acordo com as argumentações representativas dos fatos postos em juízo, o que não necessariamente representará a
verdade, mas os fatos conforme a visão argumentativa de cada um, que também poderá ser diferente da verdade compreendida
pelo juiz.
, ÔNUS DA PROVA NO PROCESSO PENAL
Entre as repercussões práticas do princípio da verdade real, uma não poderia, ainda que sucintamente, deixar de ser analisada:
a relação entre a busca da verdade absoluta e o ônus da
prova objetivo
(presunção de inocência enquanto regra de julgamento) no
processo penal.
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Em verdade, nem sempre se logra, em um primeiro momento, conhecer a verdade dos fatos alegados
pelas partes no processo ou perseguido na investigação criminal, muitas vezes, possui dúvida irremovível
sob ponto relevante para o julgamento ou para a conclusão da investigação.
Vale dizer: ao valorar o complexo probatório constante dos autos, não se convence, su�cientemente,
sobre a (in)existência da conduta delitiva imputada ao réu seja para condená-lo seja para se perquirir
uma medida cautelar como a interceptação telefônica, consequentemente os aspectos da culpa ou
inocência, suspeito ou testemunha.
, QUAL A TERMINOLOGIA CORRETA?
Pouco importa a denominação. São apenas vocábulos que, de uma forma geral, designam a falsa representação de
uma realidade, algo imaginário, não cientí�co. São termos que demonstram o quão é inalcançável a verdade absoluta
dentro da investigação criminal.
Vale lembrar que a construção da verdade real repousa suas raízes no sistema inquisitório, estando, intrinsecamente,
ligado à concepção de um Estado autoritário, que, atravésde torturas, fez da con�ssão a rainha da provas.
Apesar disso, como nossa doutrina e Tribunais decidem
sobre a verdade?
A análise desse princípio inicia-se pelo conceito de verdade, que será sempre relativa, enquanto não �ndar as possibilidades
de se alcançar o retrato �el de como os fatos ocorreram na realidade.
Malatesta a�rma que a verdade é a“conformidade da noção ideológica com a realidade” e que a certeza é a crença
nessa conformidade, gerando um estado subjetivo do espírito ligado a um fato, sendo possível que essa crença não
corresponda a verdade objetiva.
Portanto, pode-se a�rmar que a certeza e a verdade nem
sempre coincidem; por vezes, duvida-se do que
objetivamente é verdadeiro; e a mesma verdade que parece
certa a um, a outros parece por vezes duvidosa ou até
mesmo falsa.
Fonte da Imagem: Andrey_Popov / Shutterstock
Diante disso jamais, no processo, pode assegurar o juiz ter alcançado a verdade objetiva, aquela que corresponde
perfeitamente com o acontecido no plano real.
Assim, pelo princípio da livre investigação das provas, a verdade material ou real é a que mais se aproxima da
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realidade, tendo o legislador facultado ao juiz ir além da iniciativa das partes na colheita das provas, devendo, se for o
caso, agir de ofício, esgotando todas as possibilidades para alcançar a verdade real sobre os fatos para fundamentar a
sentença.
STJ. RHC 1806/RJ 6ª Turma DJ 02.05.2006, já se posicionou nesse sentido “ A busca da verdade real constitui
princípio que rege o Direito Processual Penal. A produção de provas, porque constitui garantia constitucional, pode ser
determinada, inclusive, pelo Juiz, de ofício, quando julgar necessário.
Ressalte-se que na esfera penal a investigação trilha caminho diverso da esfera civil, na qual o tratamento da verdade
obedece a regras distintas, quando em regra de direitos disponíveis ou transacionáveis, permitindo a admissão da
parte contrária quando não impugna determinado fato trazido pelo autor na petição inicial, incidindo o princípio da
eventualidade e da impugnação especi�cada, trazendo efeitos materiais ao que ocorre em um dos efeitos materiais da
revelia, também no processo civil.
Em outras palavras, no processo civil, vige a verdade formal, em se tratando de algumas hipóteses, em sua maioria
admissíveis nos direitos disponíveis, e por assim o serem, atribui-se à parte inteira disposição sobre seu próprio direito
material, regulamentando como um ônus processual determinadas posturas do réu, que ao ferirem preceitos e
princípios (como os citados anteriormente) inerentes a esta disponibilidade, têm como consequência processual,
re�exo de ordem material, como tornar incontroversa matéria não impugnada ou presumirem verdadeiros aquilo, que
para o réu, não interessava impugnar.
ATIVIDADE
Será que estamos aptos a realizar um exercício de re�exão sobre o tema? Vamos tentar?
Analisando a �gura a seguir qual o aspecto da verdade que poderá prevalecer em nossa realidade jurídica?
Resposta Correta
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Glossário
APLICAÇÃO DE UMA REGRA JURÍDICA ADEQUADA
“As exposições clássicas costumam apresentar o mecanismo do julgamento sob a forma de um silogismo, em que a premissa
maior seria a norma, e a menor o enunciado fático. Essa explicação um tanto simplista des�gura em certa medida a dinâmica do
ato de julgar, mas não sofre dúvida que norma e fato serão sempre dois pontos básicos de referência no processo mental do
julgador” (MOREIRA, 1988, p. 73).
DESVELAMENTO DA VERDADE REAL
TARUFFO, Michel. Ob. Cit., p. 45. Quanto à impossibilidade prática de desvelar a verdade absoluta, Michele Taruffo registra que:
“[...] o juiz não dispõe de instrumentos cognoscitivos nem de tempo e da liberdade de investigação que dispõe o cientista ou
historiador. Diferentemente da atividade desses dois últimos, o processo deve se desenvolver em um tempo limitado, dado que
tanto o interesse público quanto privado pressionam para que o �nal do litígio seja alcançado rapidamente, e este é um grande
obstáculo para a busca da verdade.”
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Teoria Geral da Investigação
e Perícia
Aula 5 - Teoria geral da prova e meios de prova
INTRODUÇÃO
O termo prova vem do latim probatio que signi�ca ensaio, veri�cação, inspeção, exame, argumento, razão, aprovação
ou con�rmação.
Daí vem o verbo provar - probare - signi�cando ensaiar, veri�car, examinar, reconhecer por experiência, aprovar, estar
satisfeito com algo, persuadir alguém a alguma coisa ou demonstrar.
Para Adalberto José Q. T. Camargo Aranha, prova, no sentido jurídico, representa os atos e meios usados pelas partes
e reconhecidos pelo juiz como sendo a verdade dos fatos alegados.
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Paulo Rangel de�ne a prova como o meio instrumental de que se valem os sujeitos processuais (autor, juiz e réu) de
comprovar os fatos da causa, ou seja, os fatos deduzidos pelas partes como fundamento do exercício dos direitos de
ação e de defesa.
Falaremos mais sobre esse assunto, nesta aula.
Bons estudos!
OBJETIVOS
Compreender o regramento da prova no sistema acusatório;
Analisar a interpretação sobre elementos informativos ou evidências e a prova processual;
Identi�car as diversas formas de meios de se demonstrar formalmente a verdade na investigação no processo.
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Ao iniciar esta aula você conheceu o signi�cado do termo prova. No entanto, esse tema traz alguns questionamentos
que necessitam ser respondidos.
Camargo Aranha vai mais longe e diz que:
Fonte: sumkinn / Shutterstock
Fonte: Andrey_Popov / Shutterstock
Fonte: Prath / Shutterstock
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Atenção
, Desse modo, desde que os meios de prova não sejam indignos, imorais, ilícitos ou ilegais, respeitando a ética e o valor da pessoa
humana, poderão ser admitidos no processo, mesmo que não sejam legalmente relacionados no Código de Processo Penal.
Fonte: vicvic13 / Shutterstock
Fonte: NEstudio / Shutterstock
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Fonte:
A pessoa física é o sujeito ativo da prova e o juiz, o seu receptor.
Saiba Mais
, No entanto, quanto à titularidade, não se pode dizer que a prova é de uma ou de outra parte, ou seja, não existem provas da
acusação e da defesa, mas sim, provas do processo, do juízo, conforme se verá no estudo do princípio da comunhão da prova.
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS ÀS PROVAS
Veja, a seguir, os princípios que são aplicáveis às provas.
Autorresponsabilidade das partes
Cada parte deverá suportar ou assumir as consequências de sua inatividade, erros e
negligência, pois a demonstração do fato caberá a quem interessar.
Aquisição ou comunhão da prova
Fonte: Evlakhov Valeriy / Shutterstock
Fonte: Lisa S. / Shutterstock
14/05/2020 Disciplina Portal
estacio.webaula.com.br/Classroom/index.asp?chave=484D2D3F204DB2F19DC0C67F047D5F6656FF93C455DDA5EA2E2EAE6189072295CC… 6/9
Toda prova produzida servirá a ambas as partes e ao juiz, já que é colhida no interesse da
justiça e da busca da verdade.
O ônus de produzir a prova pertence a cada parte que tenha interesse, mas, uma vez
produzida a prova, existirá sua comunhão.
Veja um exemplo de julgado sobre o tema:

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