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PARTE 01 - Fundamentos e Metodologia de História e Geografia

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Parte 1
O ENSiNO DA HiSTóRiA 
E DA GEOGRAFiA: 
CONCEPçõES, CONCEiTOS, 
CuRRíCuLOS E FONTES
1
As ciências humanas 
e o conhecimento de 
História e de Geografia 
na educação básica
Querido(a) aluno(a), daremos início ao nosso texto de funda-
mentos e métodos de ensino de História e Geografia situando estas 
disciplinas no quadro das ciências humanas, onde estas se enqua-
dram, tendo em vista as séries iniciais do ensino fundamental. Tam-
bém veremos como as ciências humanas se configuram neste nível de 
ensino e de que forma podem contribuir para sua formação.
Apresentaremos as concepções e os principais conceitos das 
disciplinas História e Geografia com o objetivo de que você tenha 
uma compreensão ampla das matérias. Este texto foi construído sob 
a consulta de outros autores. É uma compilação de outras pesquisas 
já feitas no cenário da disciplina, portanto é importante que você 
busque ampliar a compreensão deste tema lendo as indicações para 
leitura que são realizadas ao longo deste texto. Desejo a você uma 
boa leitura, recomendando que tenha à mão um dicionário para au-
xiliar a sua compreensão de palavras que, por ventura, ainda não 
tenha domínio.
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia14
1 .1 As Ciências Humanas no Ensino Fundamental
Caro(a) aluno(a), vamos começar esse texto 
esclarecendo que as ciências naturais e as ciências 
humanas tratam de objetos bem diferentes, que 
não são sequer parecidos entre si.
Os objetos tratados pelas ciências naturais1 
diferem dos objetos tratados nas ciências huma-
nas, pelo seu grau de complexidade. Nas ciências 
naturais, são permitidos os experimentos na busca 
de comprovações concretas, enquanto nas ciências 
humanas isso não acontece porque os métodos de 
estudos usados entre as duas corrente científicas 
diferem. Tenha em mente que as ciências naturais 
estuda os objatos da natureza – ciências físicas, 
químicas e biológicas fazem parte desses objetos. 
Os fatos tratados pelas ciências humanas se 
mostram bem mais complexos do que os fatos tra-
tados pelas ciências naturais. Tenham em mente 
que os objetos tratados nas ciências humanas es-
tão ligados as ações humanas, a exemplo dos fatos 
ligados ao comportamento do homem.
Para Emile Durkheim2, considerado um dos 
pais do positivismo nas ciências humanas, há uma 
complexidade em compreender estas ciências de 
forma exata. Este autor defendia que devíamos 
“considerar os fatos sociais como coisas” e desta 
forma a mente humana apenas poderia compre-
ender sob a condição de sair de si mesma pela 
observação e pela experimentação. Levemos em 
conta que a observação dos fatos humanos e so-
ciais mostra e demonstram problemas que só são 
encontrados nesta modalidade das ciências, nun-
ca nas ciências naturais. Vejamos como exemplo: 
o que podemos observar para compreender o fe-
nômeno da evasão escolar no ensino básico, ou 
as atitudes de discriminação entre as pessoas, 
1 Acreditamos que 
você tenha clareza 
do que tratam as 
ciências naturais e 
humanas já que é 
um tema recorrente 
no ensino médio 
e estudado nas 
matérias de metodo-
logia científica entre 
outras. Entretanto, 
para relembrar 
recorra ao texto 
de metodologia 
científica ou veja 
os Parâmetros Cur-
riculares Nacionais. 
PCNs no endereço: 
http://portal.mec.
gov.br/seb/arquivos/
pdf/ciencias.pdf.
Para as ciências 
humanas consulte: 
http://portal.mec.
gov.br/seb/arquivos/
pdf/cienciah.pdf
2 Durkheim - 
Coleção Grandes 
Cientistas Sociais 
– Ática Disponível 
em http://www.
culturabrasil.pro.br/
durkheim.htm
15Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
ou as desigualdades sociais no mundo, ou ainda 
as diversas faces do comportamento humano. Se 
pensarmos em submeter tais fatos à experimenta-
ção, a complexidade aumenta nos afastando com-
pletamente de uma resposta segura. Nas ciências 
naturais podemos dispor da experimentação com 
precisão, por exemplo, em química, a combinação 
de dois corpos, afastados os demais fatores, pos-
sibilita a observação do efeito de um corpo sobre 
o outro determinando uma explicação causal - a 
causa leva ao efeito, o efeito explica a causa - prin-
cípio da lei de causa e efeito. Podemos determinar 
experimentações, que sobre as mesmas condições 
darão sempre os mesmo resultados. Nas ciências 
humanas não podemos fazer o mesmo: imagine se 
pudéssemos colocar os alunos de uma determina-
da turma numa sala de aula de vidro para observar 
seu comportamento! Os alunos ali presentes, ao 
saberem que estavam sendo observados teriam um 
comportamento completamente diferente do natu-
ral exercido no cotidiano em sala de aula comum.
Para compreendermos bem o aspecto do tra-
balho pedagógico dentro da proposta dos funda-
mentos de ensino de História e Geografia devemos 
saber que várias disciplinas contribuem na produ-
ção do saber das ciências humanas para o ensino 
fundamental. Podemos destacar entre essas, a So-
ciologia, a Antropologia, a História, a Geografia, a 
Economia e a Política, entre outras.
De acordo com Penteado (2011 p.22), A Ge-
ografia privilegia as relações do homem com o es-
paço, buscando compreender as características do 
espaço natural no qual os homens se situam. A 
isso denominamos de Geografia Física. As formas 
de ocupação e uso desse espaço, através das rela-
ções que os homens mantêm entre si, chamamos 
de Geografia Humana. A Geografia também recorre 
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia16
às outras ciências humanas e naturais para se con-
solidar. Por exemplo, a Física, a Matemática, entre 
outras.
Ainda Conforme Penteado (2011, p.22) “A So-
ciologia focaliza as relações que os homens tecem 
entre si, no seu espaço e tempo”, procurando com-
preender a sociabilidade humana nas diversas re-
lações, a exemplo do trabalho, da família, do lazer, 
bem como nas relações religiosas, e nas relações 
de poder, assim promove a inter-relação nessas re-
lações, sua organização e seu funcionamento na 
sociedade. 
Seguindo o mesmo raciocínio, esta autora 
nos conta que a Antropologia foca seus estudos 
nos homens e nos resultados de suas ações, dedi-
cando-se a aquisição de conhecimentos sobre o ser 
humano enquanto espécie animal, o que denomi-
namos como Antropologia Física. Essa ciência tam-
bém se ocupa das criações humanas, e neste caso 
denominamos como Antropologia Cultural. A Socio-
logia utiliza também conhecimentos produzidos em 
outros campos das ciências humanas a exemplo 
da história e economia bem como das ciências da 
natureza além das ciências físicas, químicas e bio-
lógicas.
Penteado (2011, p.22), ainda nos brinda com 
a definição da disciplina, História a qual “procura 
estudar o homem através dos tempos, nos diferen-
tes lugares em que tem vivido.” Neste contexto, 
a história pesquisa “permanências e mudanças ou 
transformações do seu modo de vida, no empenho 
de compreendê-las.” Concordamos que efetivamen-
te esta disciplina necessita contar com o apoio de 
outras ciências humanas a exemplo da Sociologia, 
da Antropologia, da Economia e da Política.
Com isso, já podemos observar que as ci-
ências humanas formam uma vasta rede de co-
17Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
nhecimentos, valendo-se dos seus vários campos, 
constituindo assim, recursos didáticos, viabilizado 
e abordando o tratamento científico da realidade 
vivenciada pelos homens em sociedade.
Podemos dizer praticamente o mesmo das 
outras ciências? Certamente sim! Pelo menos das 
ciências humanas e das ciências naturais, dado o 
fato que as duas se imbricam3 para se favorecer, 
mutuamente. Constatamos então que essas ques-
tões favorecem sobremaneira as relações de produ-
ção do conhecimento científico. Este se distingue 
dos demais conhecimentos e da compreensão da 
realidade, pois o conhecimento científico é produ-
zido através do trabalho sistematizado, levando em 
conta normas indispensáveis à construção do sa-
ber científicoque deve partir sempre da observação 
metódica do objeto que se pretende conhecer, para 
em seguida proceder-se a análise das informações 
coletadas e somente depois destes procedimentos 
podemos dar como terminado o trabalho. Após 
a conclusão deste processo, podemos identificar 
possíveis conceitos e generalizações que poderão 
reforçar conhecimentos produzidos anteriormente, 
como também, podem ampliar ou até negar sabe-
res já existente.
As Ciências Humanas nos currículos da Educa-
ção Básica
Tradicionalmente as ciências humanas sur-
gem na educação fundamental através da discipli-
na estudos sociais que veio a ser substituída pela 
matéria História e Geografia, não obstante permear 
várias outras disciplinas. Certamente isso caracte-
riza a redução das ciências humanas a uma disci-
plina e isso deve ser motivo de preocupação, pois 
embora essa tenha grande importância para a for-
3 Imbricar, interpor, 
sobrepor entrelaçar. 
Dispor coisas de 
modo que umas se 
sobreponham em 
parte às outras, 
como as telhas de 
um telhado.
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia18
mação dos alunos de educação básica, as ciências 
humanas não está limitada apenas a esta discipli-
na. Somos conhecedores que a escola, sobretudo, 
o ensino fundamental – direito de todos e dever do 
Estado - é o principal veículo de acesso da popu-
lação ao conhecimento sistematizado e produzido 
pelas ciências. 
O conhecimento científico é por si desmisti-
ficador em sua essência. É um saber que promove 
em quem o acessa várias inquietações e curiosida-
de. O cidadão que tem acesso a esse conhecimento 
tende a se tornar indagador, passando a ser um 
cidadão mais crítico e atuante.
É verdade que o acesso da população ao co-
nhecimento produzido pelas ciências humanas tem 
sido negligenciado através do tempo no que se 
refere à educação escolarizada. As razões para isso 
são diversas, vão de questões históricas e sociais 
marcado por um passado colonialista, a razões 
politiqueiras pautadas em regimes autoritários e 
governos populistas onde a educação não é priori-
dade. Ainda assim existem leis, a exemplo da LDB 
9394/96, que conseguiu assegurar alguns direitos 
para a educação.
Vamos então, refletir sobre o papel do saber 
científico nos espaços escolares. Como a História 
e a Geografia se apropriam das ciências humanas 
e das ciências naturais para representar seus sa-
beres durante a educação básica? Aprofunde seus 
conhecimentos sobre esse assunto lendo este texto 
e também buscando outros autores que escrevem 
sobre o tema.
É importante saber que nem sempre a matéria 
História e Geografia estiveram presentes nos currí-
culos escolares. De acordo com Penteado (2011, p. 
25) com o advento da lei 5692/71 introduziu-se no 
curso de primeiro grau os Estudos Sociais. Esta lei 
19Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
acrescida do parecer 853/71 determinou que: “Estu-
dos sociais é uma área que tem por objetivo a inte-
gração espaço-temporal do educando, servindo-se 
para tanto dos conhecimentos da História e da Ge-
ografia como base e das outras ciências humanas 
– Antropologia, Sociologia, Política e Economia – 
como instrumentos necessários para a compreen-
são da história e ajustamento do meio social a que 
pertence o educando”
Nesta perspectiva, a autora Heloísa Penteado 
(2011) lança três aspectos que julgamos importan-
tes destacar aqui:
- as Ciências Humanas como instrumento ne-
cessário para a compreensão da História;
- as Ciências humanas como instrumento ne-
cessário para o ajustamento ao meio social a que 
pertence o educando;
- a ideia de “área de estudos” interdiscipli-
nar, importante pela possibilidade que criava de 
trabalho integrado entre profissionais de diferente 
formação, que introduzia na probabilidade de su-
perar o corporativismo que caracterizava a organi-
zação do trabalho escolar e também, nossa própria 
formação marcada pelo corporativismo das institui-
ções que nos educaram.
O que consideramos nestes três destaques?
No primeiro destaque é relevante considerar 
a importância da compreensão do educando no 
que tange sua própria realidade social vivenciada 
naquele momento histórico, na condição de sujeito 
participante do fato histórico e social.
No segundo destaque compreendemos esse 
ajustamento como um processo de interação cons-
tante fruto da ação reação e transformação do meio 
em que o educando vivencia.
O terceiro destaque já anuncia seu caráter 
interdisciplinar no âmbito do trabalho numa expec-
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia20
tativa que anuncia as relações interpessoais coope-
rativas entre os atores do processo.
Podemos dizer, com isso, que as ciências hu-
manas estão presentes de forma efetiva na forma-
ção do aluno de ensino médio e fundamental? 
Entendemos que há ainda a necessidade da 
quebra de velhos paradigmas constituídos nos mol-
des colonialistas e regimes ditatoriais ou populis-
tas que impedem a aplicação prática de inovações 
necessárias ao avanço das ciências humanas em 
direção à formação dos alunos de ensino funda-
mental e básico.
INDICAção DE LEITURA CoMPLEMENTAR
PENTEADO, Heloísa Dupas. Metodologia do Ensino 
do Ensino de História e Geografia. 4. ed., São Pau-
lo: Cortez, 2011.
A autora faz uma analise histórica e contemporâ-
nea das ciências humanas no ensino de História 
e Geografia no ensino fundamental e básico com 
destaque para área do conhecimento humano. Pro-
cure discutir com seus colegas a importância das 
ciências humanas no contexto escolar.
DIONE, Jean; LAVILLE, Christian. A Construção do 
Saber: manual de metodologia da pesquisa em ci-
ências humanas. São Paulo Artmed, 1999.
Os autores fazem uma apresentação detalhada das 
ciências humanas no contexto da produção cientí-
fica.
Prossiga atentamente com sua leitura, pois este 
texto irá orientá-lo pelos caminhos da disciplina. 
21Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
Busque outros autores além dos recomendados 
aqui, quanto mais você conhecer sobre o tema me-
lhor preparado estará para atuar na sua profissão 
de professor.
PARA REfLETIR
Reflita com os seus colegas qual a importância das 
ciências humanas no cotidiano do estudante de pe-
dagogia. 
1 .2 Concepções e conceitos da História e da 
Geografia
Caro(a) aluno(a), para que possamos compre-
ender bem este conteúdo precisamos entender as 
concepções da História e da Geografia, portanto 
vamos falar um pouco sobre isso. 
Tenha em mente que somos agentes partici-
pantes da História e dos fatos históricos. Da mes-
ma forma interferimos, transformando os espaços 
geográficos, em muitas situações modificando ge-
ográfica e historicamente estes espaços. Os espa-
ços geográficos estão imbricados4 na história e vice 
versa. Neste conteúdo faremos uma exposição em 
separado da História e da Geografia para uma com-
preensão mais completa.
A história da história: um dropes
Quando falamos da história existem certas 
definições que são julgadas como sendo desneces-
sárias para o assentamento do conceito. Convive-
4 Diz-se das partes 
de um agregado 
que se sobrepõem 
parcialmente umas 
às outras, como 
as telhas de um 
telhado, as escamas 
dos peixes. Algo 
que se interpõe.
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia22
mos cotidianamente com o termo história desde 
a nossa infância. Se perguntarmos para alguém o 
que é história, possivelmente essa pessoa se con-
siderará apta a responder, mas isso não acontece 
em outras situações. Entretanto, ao responder a 
pergunta, possivelmente, a pessoa se enrolará não 
chegando a uma definição precisa, ou apelará para 
um consenso generalizado, dizendo que “história é 
o que já aconteceu há muito tempo”. Se levarmos 
em conta a chamada civilização europeia ocidental, 
sabemos que o Brasil pode ser considerado um 
país muito jovem e praticamente sem história, ou 
pelo menos sem o registro histórico nos padrões 
civilizatório.Os cinco séculos de registro oficial não 
são suficientes para gerar uma consciência desse 
passado e menos ainda uma consciência do pas-
sado anterior a esse registro. De acordo com IBGE 
tínhamos no Brasil em 2010, uma população de 
190.755.7995 pessoas, desta população mais de 
15 milhões são analfabetos. Como podemos ver a 
quantidade de analfabetos é enorme e isso pro-
move um afastamento da cultura letrada e conse-
qüente desprestígio das ciências humanas e como 
se não bastasse temos um ensino, em muitos mo-
mentos, antiquado e desmotivador.
O resultado disso é que enfrentamos um 
descaso constante com a preservação das fontes 
históricas, resultando na destruição dos vestígios 
do nosso passado – construções, paisagens, do-
cumentação pictórica, escrita e falada – tudo isso 
resulta num desinteresse pela história do país.
Sabemos que se lançarmos um olhar sobre o 
passado colocado como algo distante e sem ligação 
com o presente sentiremos realmente uma grande 
desmotivação em estudá-lo, pois o passado pelo 
passado pode não representar algo significativo, 
entretanto a história hoje em dia não visa explicar 
5 Disponível em 
http://www.ibge.gov.
br/home/presidencia/
noticias/noticia_vi-
sualiza.php?id_
noticia=1866&id_pa-
gina=1
23Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
um passado distante e morto, mas busca contribuir 
para a compreensão da realidade em que vivemos. 
Precisamos difundir a história para além dos muros 
das universidades se desejarmos que essa perspec-
tiva mude. É preciso compreender que a história, 
assim como as outras formas de conhecimento da 
realidade, está permanentemente se constituindo, 
sabemos que o conhecimento que ela produz, as-
sim como os demais saberes, não é definitivo, não 
está pronto e acabado, cabendo sempre novas pes-
quisas e novas interpretações.
Caro aluno, não entenda com isso que os 
conhecimentos produzidos são algo sem valor. O 
que estamos dizendo é que a partir de pesquisas 
novos elementos surgem que podem alterar certos 
conhecimentos assentados ou construindo novos 
saberes. Para isso, é preciso uma pesquisa criterio-
sa e adequada.
Mas enfim o que é história e o que essa pa-
lavra representa?
“História” é uma palavra de origem grega, 
que significa investigação, informação. Surgiu no 
século VI, antes de Cristo (a.C) (BORGES, 1993, 
p.11), entretanto, sabemos que os homens sempre 
sentiram a necessidade de se comunicar e comu-
nicar aos outros seus feitos e sua vivência. Então 
é correto dizer que a história existe desde que o 
homem existe.
Uma forma de registrar a história na antigui-
dade era o uso do mito que passava de geração 
para geração através da comunicação oral. Efetiva-
mente havia outras formas de transmitir a informa-
ção dessa história: a escrita nas pedras, pinturas 
em cavernas e artefatos produzidos para suprir as 
necessidades humanas foram e são registros da 
história, entretanto o mito foi por muito tempo um 
veículo eficiente no registro da história.
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia24
Os mitos contam histórias da criação do ho-
mem e seus feitos, seus deuses, suas angústias e 
amores e também se reportam ao momento em que 
tudo começou, o que alguns estudiosos chamam 
de “O mito da Criação”. Obviamente não vamos 
aprofundar aqui o que diziam esses mitos, pois não 
é a proposta do texto e, por outro lado, não é pos-
sível precisar em que tempo isso aconteceu. São 
histórias sagradas em um tempo sagrado, além das 
possibilidades de cálculo, em que a cultura oral 
predominava. Não quaremos registrar cronologica-
mente os fatos históricos, mas vamos dar alguns 
exemplos para facilitar sua compreensão: entre VI 
e III século a.C., haviam sociedades avançadas que 
registraram através da escrita sua forma de organi-
zação e como funcionava sua sociedade. Era uma 
sociedade monárquica dirigida por um rei que era 
considerado como um deus que tomava todas as 
decisões. Destacavam-se a egípcia e mesopotâmi-
ca. Essas civilizações entraram para a história como 
as mais importantes da antiguidade oriental6.
Embora a explicação mítica perdure até nos-
sos dias a história, como ciência, não privilegia o 
mito e é registrada de forma sistemática em nossa 
sociedade. A história como conhecemos surge junto 
com a filosofia, como várias outras ciências, mas, 
como as demais ciências, a história também se tor-
na independente. São os gregos os primeiro a des-
cobrirem a importância da história como ciência. 
Influenciado por Hecateu de Mileto (550-486 a.C.), 
Heródoto (484-420 a.C.) foi o primeiro a se propor 
a fazer investigações em busca da verdade e por 
isso é considerado o pai da história.
6 Para melhor 
compreender esse 
tema leia o texto “O 
que é história” da 
autora Vavy Pacheco 
Borges. Da Coleção 
Primeiros Passos. 
Editora Brasiliense.
25Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
Para que serve a Geografia e o que ela repre-
senta – um dropes 
A Geografia como conhecemos, a exemplo da 
História e das demais ciências, também tiveram ori-
gens ligadas à filosofia. Agora, você pode refletir 
um pouco sobre o que a Geografia representou e 
representa para a formação das sociedades. Vamos 
pensar que desde o surgimento do homem, ele ne-
cessitou se utilizar do conhecimento do tempo e 
especo para se locomover e se situar no espaço-
tempo. Então podemos afirmar que a Geografia 
existe desde que os homens buscam demarcar seus 
territórios e promover suas conquistas. 
Os historiógrafos afirmarão com segurança 
que a Geografia é um saber tão antigo quanto à 
história dos homens.
Podemos usar como referência a Grécia e 
suas batalhas que se desenrolaram nas cidades 
gregas em prol da democracia. Essas lutas perdura-
ram em sua história, pois estava em jogo o interes-
se do comércio imposto pelos mercadores. Naquele 
momento, a Geografia evolui em duas vertentes, a 
primeira está ligada exatamente as lutas democráti-
cas, o que seria uma vertente política, e a segunda 
representa os territórios demarcações em mapas e 
determinações de áreas que vêm representar os in-
teresses do comércio.
Mas então, quando surgiu a Geografia que 
aprendemos na escola? A Geografia que estudamos 
e que usamos em nossa sociedade nasce no século 
XIX com os alemães. Por volta de 1750 os pensado-
res alemães, Kant, Humboldt e Ratzel, vão instalar 
as bases da escola de geografia alemã, mas a his-
tória fala de outras vertentes além da escola alemã. 
Fala da escola francesa, a escola angla saxônica e 
escola sueca de geografia.
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia26
A escola alemã ou o imperialismo alemão 
como se costumou chamar, desenvolveu duas ver-
tentes na ciência geográfica: a primeira era a “geo-
grafia político-estatística” dando prosseguimento às 
ideias de geografia ântica e conhecida até aquele 
momento. A segunda referenda as questões limites 
natural de território. Ambas despontam no sec. XIX 
buscam favorecer uma questão recorrente: o desen-
volvimento do capitalismo alemão: “... a saída do 
atraso perante os níveis mais avançados do capi-
talismo na Inglaterra e França, e a solução do pro-
blema doméstico devido à aceleração do desenvol-
vimento capitalista, ou seja, a necessária unificação 
do território alemão.” (MOREIRA, 1994, p. 21)
A escola francesa surge em 1870, como re-
sultado da derrota da França perante a Alemanha 
Prussiana7. A França derrotada precisa se reerguer 
e a escola de geografia será de suma importância 
neste processo de recuperação pós-guerra. No en-
tanto, a Geografia na França ainda é muito atrasada 
diante da Geografia alemã, pois se trata de uma 
matéria secundária atrelada a disciplina de História. 
Então entendendo que o estudo da geografia po-
derá lançar a França ao nível da Alemanha, aquele 
país trata de dar outra conotação a sua geografia. 
Assim, a Geografia alemã será o espelho para a 
escola francesa, sobretudo o trabalhodo geógra-
fo alemão Ratzel- (1844-1904). Os trabalhos deste 
geógrafo promoverão vários debates na academia 
francesa. Um dos maiores intelectuais daquela épo-
ca Emile Durkheim8 (1858 – 1917)um dos criadores 
da Sociologia, se somará ao propósito dos geógra-
fos naquele momento. Da crítica Ratzel brota um 
elemento chave para o fortalecimento da escola 
francesa, conhecida como possibilismo – (Doutrina 
política e social que preconiza reformas sucessivas, 
sem violência). Seu criador foi Paul Vidal de La Bla-
7 A origem da 
Prússia aconteceu 
no território dos 
prussianos bálticos 
(hoje sul da Lituâ-
nia, distrito russo 
de Kaliningrado 
e nordeste de 
Polônia, região dos 
lagos Mazúrios). 
Neste sítio físico, as 
tribos dos germanos 
(Mitologia postados 
no Blog) estavam 
instalados a oeste, 
os polacos ao sul, 
os sudóvios ao 
leste, os curlândios 
ao nordeste e os 
lituanos ao noro-
este. Fonte: http://
cc25dejulho.blogs-
pot.com/2010/11/um-
pouco-de-historia-
prussia-e-alemanha.
html
8 Durkheim, 
nascido em 1858 
na cidade francesa 
Épinal, fazia parte 
de uma família 
pobre de origem 
judia. Durkheim é 
considerado como 
um dos fundadores 
da Sociologia, essa 
é um ramo das 
ciências humanas 
que estuda as 
relações sociais e 
seus fenômenos. 
Durkheim ingressou 
na Escola Normal 
Superior de Paris 
em 1879, depois 
de 8 anos ele se 
tornou o primeiro 
professor na 
França de Ciência 
Sociológica.
Fonte: http://www.
mundoeducacao.
com.br/sociologia/
emile-durkheim.htm.
27Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
che (1845 - 1918), seu trabalho ganha o status de 
oficialidade na França, se tornando a cátedra da 
Geografia encampada pela Sorbonne9.
Das escolas de geografia houve um embate 
epistêmico10 entre a escola alemã e a escola france-
sa que resultou na Geografia contemporânea. 
Transposto para o plano do 
saber geográfico, o conflito in-
terimperialista franco-alemão 
traduzir-se-á em divergência en-
tre “escolas” de geografia: a “es-
cola alemã”, matriz primeira da 
geografia científica, e a “escola 
francesa” (MOREIRA, 1994 p.15)
Sobre esta questão os historiadores classifi-
carão como um embate de concepções divergentes, 
referentes à defesa da forma como se dá a relação 
do homem e seu meio e inter-relação homem, so-
ciedade e ambiente. 
A Geografia permite aos homens melhorar 
suas relações sociais possibilitando acordos de 
produção exploração, comércio internacional e lo-
cal, além de possibilitar as mais variadas relações 
sociais que promovem um encontro harmônico en-
tre sociedade e natureza.
INDICAção DE LEITURA CoMPLEMENTAR
BORGES, Vavy Pacheco. o que é História. ed. rev. 
São Paulo: Brasiliense, 1993.
Vavy, apresenta a história da história com grande 
propriedade fazendo uma retrospectiva deste tema. 
Você compreenderá melhor o surgimento da histó-
9 Universidade 
Francesa, de renome 
internacional famosa 
em todo o mundo.
10 Epistemologia
Filos Teoria ou 
ciência da origem, 
natureza e limites 
do conhecimento.
s.f. Estudo das 
ciências, no que 
cada uma, e o seu 
conjunto, tem por 
objeto apreciar seu 
valor para o espírito 
humano; teoria do 
conhecimento.
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia28
ria sua relação o homem seus mitos e suas divin-
dades. Para quem quer compreender a importância 
da história para os nos dias encontrará neste texto 
muitas informações pertinentes.
MOREIRA, Rui. o que é Geografia. 14. ed. São Pau-
lo: Brasiliense, 1994.
Este autor faz uma apresentação da Geografia e 
sua evolução, destacando os principais pontos de 
discussão sobre a Geografia, desde a idade antiga 
até a contemporaneidade. Com essa leitura você 
poderá se aprofundar sobre a relação da que a Ge-
ografia tem com os fatos políticos, as guerras, fei-
tos humanos, a História e a sociedade atual.
PARA REfLETIR
Estabeleça com um grupo de colegas uma discus-
são sobre a importância de compreender a função 
da História e Geografia para o cotidiano do profes-
sor pedagogo
29Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
1 .3 A trajetória da História e da Geografia na 
escola brasileira
Para que possamos atuar na disciplina de 
História e Geografia nas séries iniciais do ensino 
fundamental é necessário proceder a uma reflexão 
sobre a representação destas matérias na formação 
do aluno em consonância com sua história cultural 
e social. 
Tivemos, durante muito tempo nas escolas, 
uma metodologia de ensino de História que apre-
sentava heróis bonzinhos agindo de forma inusi-
tada, realizando feitos retumbantes11 e totalmente 
fora do seu contexto.
A estes feitos atribuem-se datas lineares e 
aleatórias difíceis de verificação, acabando por im-
pedir, ou no mínimo, dificultar qualquer verificação 
e associação com a realidade. “O apego à ordem 
cronológica dos acontecimentos sequenciados line-
armente, como se a história se desenvolvesse num 
sentido único, constitui outro filão que alimentou 
esse trabalho” (PENTEADO, 2011, p.32). Com o en-
sino de Geografia não foi diferente:
Extensas listas de nomes 
de acidentes geográficos, 
bem como extensas listas de 
números – indicando altura de 
picos e montanhas, altitudes 
de planaltos e planícies, ex-
tensão de rios, seus volume 
de água, graus de temperatura 
máxima e mínima de diferentes 
locais da terra etc., como se 
esses dados fossem dados 
aleatórios e independentes 
entre si, eternos constantes 
11 Significado de 
Retumbar Refletir o 
som com estrondo; 
ressoar, ecoar, 
estrondear, ribom-
bar: os tambores 
retumbavam; as 
praças retumbavam 
o eco dos cantos 
fúnebres.
Fonte: http://www.
dicio.com.br
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia30
e imutáveis – nortearam a 
docência dessa disciplina, en-
tão preocupada com procedi-
mentos meramente descri-
tivos. (PENTEADO, 2011, p.32)
Atualmente os estudos desenvolvidos no 
espaço da escola se apresentam de maneira mais 
concêntrica12: nasce no espaço social habitado pelo 
aluno que compreende o âmbito da família, do bair-
ro, da escola e da sua cidade, para então abranger 
o espaço de mundo. As ações acontecem de forma 
integrada respeitando a vivência dos alunos. 
Esta abordagem recente deverá tratar os te-
mas escolares em consonância com o fazer cotidia-
no aproximando a escola e a prática pedagógica 
com a história social dos atores envolvidos no pro-
cesso.
Com isso, podemos concordar com Penteado 
(2011, p. 32) quando afirma que desta forma “o 
processo de aprendizagem do homem ocorre mais 
facilmente [...] assegura que o processo de apren-
dizagem se dá de forma mais fácil e rendosa” ao 
desenvolvermos o caminho do próximo pra o dis-
tante, do concreto para o abstrato atuamos mais 
facilmente na zona proximal dos sujeitos afinando 
sua práxis com a teoria produzindo resultados mais 
satisfatórios.
Ainda de acordo com o pensamento de Pen-
teado (2011, p. 32) há um terceiro procedimento 
que “apoia-se na convicção de que nosso processo 
de aprendizagem realiza-se de maneira mais aces-
sível e eficiente quando se caminha da ‘parte’ para 
o ‘todo’”. 
Embora seja consenso, a ideia de que apren-
demos melhor partindo do “simples” para o “com-
plexo”, precisamos relativizar essa prática tomando 
12 adj. Geom. Diz-se 
das curvas, que têm 
o mesmo centro e 
raios diferentes.
Que partem do 
centro e em várias 
direções.
31Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
o máximo cuidado ao aplicar em sala de aula, sob 
pena do uso indevido da metodologia, podendo 
desembocar em uma prática esvaziada com conse-
quência inesperadas e até prejudicando a aprendi-
zagem, por conta de desse uso indevido.
Para que você compreenda melhor como 
podemos desenvolver esta prática, vamos partir 
do princípio de que podemos considerá-la como 
simples, um evento que comporta uma pequena 
quantidade de variáveis intervenientes entre si. “É 
precisoentão identificar o evento que correspon-
de a tal critério no campo das ciências humanas” 
(PENTEADO, 2011, p. 33) Se tomarmos como exem-
plo a escola submetendo-a ao evento em questão, 
percebe-se que diversas variáveis conjuntas apa-
recerão como parte do processo correspondente a 
sequencia citada acima. Nesta composição pode-
mos observar: variáveis de competência política es-
tatal, competência educacional familiar, da compe-
tência sociocultural e da competência profissional 
dos professores da área de ensino que integram.
Devemos ter em mente que a escola se apre-
senta como um novo espaço de aprendizagem na 
vida do educando e que por ser novo se converte 
num espaço atemorizante ou, no mínimo, assusta-
dor sob a ótica do aluno.
Mas o que seria um evento próximo e um 
evento distante?
Esta concepção de próximo e de distante estaria 
ligada espacialmente ao que está próximo ou afasta-
do do sujeito, limitando o sentido espacial geográfico 
como sendo o elemento de aproximação da apropria-
ção de determinado conceito de aprendizagem?
Está próximo de você o que se situa nas ad-
jacências da sua residência? 
Vamos ilustrar melhor esta questão contando 
uma experiência vivenciada em sala de aula numa 
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia32
escola em Aracaju. Havia, entre a turma alguns alu-
nos que moravam no bairro João Alves, na cidade de 
Nossa Senhora do Socorro e, todos os dias, ao irem 
para a escola, cruzavam a ponte sobre o rio que faz 
divisa entre as duas cidade. Mas estes alunos,ao 
serem perguntados, não tinham lembrança do rio, 
entretanto lembravam-se muito bem da praia de Ata-
laia, que fica bem mais distante das suas casas e 
que eles também eles frequentam esporadicamente.
Com este exemplo fica claro que a represen-
tação de próximo e distante necessita de relativi-
dade que cada professor poderá identificar na sua 
prática pedagógica.
Quando pensamos no evento concreto e abs-
trato podemos conceituá-la da mesma forma.
O evento abstrato seria mais complexo que o 
evento mais simples? Na sua concepção o que seria 
“o concreto”? Podemos afirmar que o concreto está 
vinculado a experiências palpáveis? 
Vamos ilustrar com uma experiência vivencia-
da pela autora Heloísa Penteado:
Fazendo um levantamento lin-
guístico junto à população 
de uma ilha de difícil acesso, 
situada no litoral brasileiro na 
altura de São Sebastião, es-
tado de São Paulo, algumas 
pesquisadores constataram 
que as crianças desta ilha um 
agudo sentido de percepção 
para detectar a presença de 
cobras, abundantes no local. 
Raramente morriam em con-
sequência de picadas. Porém, 
quando por qualquer razão 
iam ao continente eram vítimas 
33Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
frequentes de atropelamentos 
por carro em São Sebastião. O 
que seria mais visível, audível e 
palpável: uma cobra ou um car-
ro? (PENTEADO, 2011, p. 33-34)
Podemos compreender com essa experiência 
a necessidade de relativizar também o concreto e o 
abstrato, pois estes também carecem de verificação 
apurada, considerando a história e o conhecimento 
prévio de cada um.
As habilidades desenvolvidas pelos alunos 
são fruto de diversas variáveis que incidem sobre 
suas experiências e nesta condição é necessário 
que o professor consiga estabelecer critérios de ob-
servação que contemplem essas habilidades.
Vamos refletir como fica mais fácil para uma 
criança aprender? Devemos partir das partes para o 
todo ou do todo para as partes? 
Seria mais fácil para uma criança montar um 
bolo de formato desconhecido a partir de suas fa-
tias ou seria mais fácil conhecendo o formato do 
bolo inteiro dividi-lo em fatias?
Como podemos querer que uma criança tenha 
a dimensão do planeta terra para depois cortá-lo 
em pedaços e entender cada continente, cada país, 
cada região, cada estado, cada cidade, cada bairro, 
cada casa e por fim as divisões destas casas?
Seria mais eficiente começar estudando o es-
paço do seu quarto para então pensar na casa, no 
bairro e ampliar até pensarmos no planeta? 
Seria suficiente apresentar a criança uma re-
presentação do planeta através do globo ou de um 
mapa-mundi e apenas dizer para ele aqui é a terra?
Como resolver esses problemas sabendo que 
a criança não tem um domínio empírico do espaço 
do seu bairro?
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia34
Certamente devemos trabalhar com essa 
criança oferecendo condições de acesso a com-
preensões anteriores, pois para ela compreender, 
olhando para um globo que está na sua mão que 
ela é uma ínfima, parte daquilo se torna muito di-
fícil quando ela sabe que o seu bairro e a sua casa 
já é grande ao ponto de não caber na sua mão, 
Penteado sugere que devemos desenvolver uma 
forma de preparar a criança para compreender no-
vas questões que surgirem a partir de etapas ante-
riores: “inicialmente seria importante proporcionar 
à criança a oportunidade de lidar com o espaço 
dominável por ela” (PENTEADO, 2011, p. 37). 
Para isso devemos explorar as possibilidades 
que tivermos à mão, entre estas possibilidades po-
demos desenvolver habilidades lúdicas.
Você pode, por exemplo, realizar experiências 
lúdicas e ao final de uma delas confeccionar sua 
representação através de um desenho.
Assim a criança vivencia noções de dentro e 
fora pode experimentar limites e fronteira de for-
ma prazerosa em quanto aprende, poderia viven-
ciar as noções espaços concêntricos, descobriria a 
impossibilidades de estar simultaneamente dentro 
de espaços heterocêntricos, enquanto isso ela esta 
sendo iniciada, através do desenho em representa-
ção espacial, que irá facilitar a sua compreensão na 
leitura dessas representações a exemplo de mapas. 
Lembre que as representações por desenho e 
fotografias facilitam a compreensão e interpretação 
por parte da criança. Conforme esta criança alcan-
ça graus mais elevados no seu aprendizado mais 
fácil fica compreender representações históricas e 
geográficas.
As diversas teorias existentes sobre educa-
ção comprovam que não devemos encarar o ser 
humano como um depósito de informações, asse-
35Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
melhando-se a um arquivo, onde estas podem ser 
gravadas e recuperadas a qualquer momento, sem 
prejuízo do entendimento e da compreensão.
 O saber se constitui na relação das informa-
ções e experiências vivenciadas, que propiciam a 
construção do conhecimento do sujeito. 
É importante compreendermos que as várias 
teorias existentes sobre educação e aprendizagens 
são frutos de pesquisas e também de experiências. 
A experimentação empírica traduz resultados bem 
aceitos no campo da Pedagogia, segundo Penteado 
(2011, p.38) as experiências no ensino de História 
e Geografia vêm atendendo a novas constatações 
positivas que, segundo a autora, nos fazem chegar 
a seguintes conclusões:
• a aprendizagem se faz num movimen-
to que vai tanto das partes para o todo 
como do todo para as partes, ao longo 
de todo seu processo;
• é concreto para o aprendiz aquilo que 
ele acredita que realmente existe; ignorar 
esse fato nos faz incorrer em erros como 
confundir “concreto” com o que simples-
mente acontece ou ao lado das crianças 
e que é perceptível aos órgãos dos sen-
tidos;
• é próximo do aprendiz aquilo que pela 
significação e importância por ele atribuí-
da, passa a fazer parte de sua realidade; 
se isso não fosse verdade, os meios de 
comunicação de massa não teriam a in-
fluência que têm.
Vamos fazer aqui uma ressalva importante: 
quando uma criança chega ao 1º ano, ela já viveu, 
pelo menos, seis anos de sua vida e durante este 
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia36
tempo aprendeu muito junto a sua família e amigos 
sobre o espaço onde mora, já reconhece no mínimo 
o seu bairro e pode fazer pequenas distinções, em-
bora não tenha a habilidade de explicar para alguém, 
esse reconhecimentoé feito de forma espontânea. 
Geralmente, os professores da escola, nas 
aulas de História e Geografia, desconsideram esse 
conhecimento. Com isso, despreza grande oportu-
nidade trabalhar com a criança num campo de do-
mínio que facilita sua compreensão.
É preciso considerar a História e Geografia 
como disciplinas responsáveis por gerar no a aluno 
a possibilidade de acesso aos conhecimentos pro-
duzidos no campo das ciências humanas, criando 
as possibilidades de atuarmos nessas disciplinas 
ultrapassando os limites demarcados por proble-
mas que até hoje enfrentamos em sala de aula.
Vamos finalizar este tema afirmando a ne-
cessidade que temos de nos afastar da apreensão 
fragmentada da vida social que são apresentadas 
ao aluno para oferecer uma compreensão articula-
da da vida social, contemplando sua historicidade 
conforme seu funcionamento.
INDICAção DE LEITURA CoMPLEMENTAR
PENTEADO, Heloísa Dupas. Metodologia do Ensino 
do Ensino de História e Geografia. 4. ed., São Pau-
lo: Cortez, 2011.
A autora faz uma análise de como acontece e de 
como deve acontecer às aulas de Hstória e Geogra-
fia no ensino fundamental.
Com esta leitura, você irá desvendar novas possibi-
lidades de atuação na sua sala de aula. Descobrirá 
37Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
o incentiva a criatividade a buscar resposta para 
questões propostas a prática reflexiva poderá ofe-
recer.
BORGES, Vavy Pacheco. o que é História. ed. rev. 
São Paulo: Brasiliense, 1993.
Lendo esta autora, você compreenderá claramente 
as contribuições da História para a formação do 
indivíduo. Para quem quer compreender a impor-
tância da história para os nossos dias encontrará 
neste texto muitas informações pertinentes.
PARA REfLETIR 
Discuta com seus colegas qual é a função das dis-
ciplinas História e Geografia nas escolas de ensino 
fundamental.
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia38
1 .4 A importância Social da História e da 
Geografia 
Querido(a) aluno(a), começaremos esse con-
teúdo convidando você a pensar sobre a sociedade 
que lhe cerca. Pense nas instituições sociais que 
você conhece: as empresas, as igreja, os super-
mercados, as escolas, as famílias, enfim tudo que 
compõe a sociedade a nossa volta. 
Todas as instituições, juntamente com as 
pessoas, formam uma sociedade com sua cultura, 
sua forma ver, sentir e fazer ações que somadas 
definem o perfil cultural de uma sociedade.
E o que a História e a Geografia têm a ver 
com isso?
Vamos fazer uma pequena incursão histórica 
sobre os nossos feitos e nosso avanço tecnológi-
co e social. Mas antes queremos lembrar a você 
para prosseguir essa leitura tendo em mente que 
os seres humanos, embora, sejam o animal que é 
menos pronto ao nascer é também o que mais tem 
a capacidade de adaptação e assim o conhecimen-
to produzido na sociedade é passado de geração 
para geração. Isso significa que ao nascermos não 
temos que aprender tudo novamente, partindo do 
zero, nós não necessitamos redescobrir as ciências 
ou refazer os saberes. Nascemos dentro de deter-
minada cultura onde os valores nos são ensinados 
através da família, dos costumes, da escola, entre 
outras instituições. Está aí a principal importância 
da história para a sociedade.
Agora vamos fazer uma pequena viagem em 
direção ao tempo histórico.
O tempo que chamamos de Idade Média ficou 
marcado pela grande ascendência da fé. Naquele 
momento as lendas eram predominantes e acredi-
tava-se em paraíso, cidades de ouro, pregava-se o 
39Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
elixir da vida eterna e a pedra filosofal tinha a co-
notação de um objeto. A exploração do mundo es-
tava referendada por lendas que diziam que o mar 
era a moradia de monstros que devoravam aquele 
que se aventurasse em busca de novas conquistas, 
consequentemente, todos que se aventuravam vi-
ravam heróis.
As pessoas que viveram naquela época acre-
ditavam que a terra era plana e que acabava su-
bitamente, que navios que chegassem ao fim do 
mundo poderiam cair da Terra.
Tudo isso influenciou a forma como escreve-
mos a história. Mas tudo isso vai mudando com a 
produção do conhecimento. O surgimento de novas 
ciências gerou novos conhecimentos sobre o globo 
terrestre, surgem os estudos de Geografia, mapas 
são feitos, novas expectativas surgem e tudo isso é 
refletido na história e na forma como registramos.
Com o início da modernidade, a sociedade 
europeia ocidental entra num processo de des-
construção do modelo feudal para dar início a um 
novo modelo de sociedade onde um grupo social 
em ascensão – a burguesia, estavam interessados 
em promover um novo modelo de sociedade atra-
vés do comércio e a indústria – manufatura - como 
sendo a atividade principal das cidades. Um novo 
mundo em expansão está nascendo e os homens 
vão se dedicar a sua compreensão.
Aquela sociedade está diante do progresso e 
com ele vem à erudição e a razão, um dos princí-
pios do saber científico. 
Tenha em mente que essas mudanças são 
graduais e lentas, a visão dogmática da Idade Mé-
dia tinha muitos adeptos e afetava profundamente 
os estudiosos da época. 
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia40
Neste processo de transformação, a filosofia 
favoreceu bastante a compreensão sobre as mu-
danças que aconteciam, a exemplo do questiona-
mento a estrutura dogmática imposta pela igreja. 
Vale destacar aqui a importância da filosofia árabe 
e a filosofia grega – aristotélica - que influencia so-
bre maneira o ambiente cultural naquele momento. 
O resultado é a concepção não teológica do 
mundo e da história referendada pela geografia e a 
organização do espaço.
O conhecimento deixa de ser uma explicação 
divina para ser uma explicação baseada na razão. 
Esse conteúdo sobre a construção do conhecimen-
to, você já viu no texto de “Ensino e Pesquisa: 
organização de Projetos”, no período passado. Se 
julgar necessário, retome-o no primeiro tema.
Por hora, voltemos ao nosso assunto!
Outra corrente importante é o empirismo que 
valoriza a importância da experiência na construção 
do conhecimento.
As mudanças continuam acontecendo e du-
rante o Renascimento, a cultura europeia ocidental 
resolve retomar culturas mais antigas no aspecto 
do seu registro histórico.
Com a preocupação pelos tex-
tos antigos e sua exatidão, 
com a pesquisa e a formação 
de coleções de moedas, de 
objetos de arte, de inscrições 
antigas, vai ser levantado um 
enorme material para a re-
construção desse passado. 
Do século XVI ao XIX, vão-se 
multiplicar as técnicas para 
reunir, preparar e criticar toda 
essa documentação, que for-
41Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
nece os dados e os elementos 
para a interpretação históri-
ca. (BORGES, 1993, p. 28)
Esse texto trata a importância social da His-
tória e da Geografia daí a necessidade de balizar-
mos determinados momentos importantes na his-
tória. Essa retomada a Idade Média e momentos 
mais antigos serve para situar o tempo histórico 
e geográfico.
Então vamos retomar o séc. XIX, para referen-
ciar um fato social importante com a efetivação da 
sociedade burguesa e a implantação do capitalismo 
industrial, onde a História e a Geografia foram fun-
damentais. 
Em meados do séc. XIX dois pensadores im-
portantes, sobretudo, para a história do mundo 
ocidental, lançam uma nova concepção filosófica 
de mundo – materialismo dialético – esses pen-
sadores foram: Karl Marx (1818-1883) e friedrich 
Engels (1820-1895). Esses autores criticaram o capi-
talismo como forma eficiente de organização social.
Esta crítica resultou em um método conhe-
cido com materialismo histórico que busca uma 
transformação da sociedade e suas relações de 
produção. Entretanto não houve até o presente um 
resultado prático das suas ideias, não obstante têm 
sido amplamente discutida nos meiosacadêmicos.
O nosso sistema de produção continua sendo 
o capitalista implementado pelos burgueses, com 
poucas exceções, a exemplo de Cuba que tem um 
sistema diferente do nosso – o socialista. 
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia42
Para Marx e Engels,a história é 
um processo dinâmico, dialéti-
co, no qual cada realidade social 
traz dentro de si o princípio de 
sua própria contradição o que 
gera a transformação constante 
na história. A realidade não é 
estática, mais dialética, ou seja, 
está em transformação pelas 
suas contradições internas. 
No processo histórico, essas 
contradições são geradas pela 
luta entre as diferentes classes 
sociais. (BORGES, 1993, p. 37)
As ideias destes autores renderam bastantes 
discussões acadêmicas e têm um grande número 
de adeptos desta teoria, embora isso seja um fato, 
o capitalismo continua sendo referencia em todo o 
mundo.
Mas então, depois dessa retrospectiva his-
tórica, eu convido você a fazer uma releitura do 
significado social da história na sua vida.
Vejamos o homem com um ser criador e trans-
formador da sua própria história. Refiro-me aqui ao 
homem com um ser social e como tal, transforma-
dor do seu fazer cultural e dos espaços em sua 
volta numa inter-relação histórica e geográfica das 
transformações humanas.
Então para que serve a história? Borges (1993, 
p.49) nos conta que “a função da história desde o 
seu início, foi a de fornecer à sociedade uma expli-
cação sobre ela mesma.” Dia após dia, a história se 
aproxima com mais veemência das outras áreas do 
conhecimento – geografia, Antropologia, Sociolo-
gia, Economia, Psicologia, entre outras – se somam 
para promover a função social que cabe a cada um 
43Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
desses conhecimentos, entretanto é a união desses 
conhecimentos que tornam possível o cumprimento 
dessa função social.
“A história é filha do seu tempo” mesmo 
quando apresenta ou estuda fatos antigos, é neste 
tempo que a história se faz socialmente presente e 
é para seu tempo que ela tem valor.
A essa altura você já compreendeu bem o 
papel social da História. Mas e a Geografia, qual é 
o seu papel social?
Vamos criticar um pouco essa disciplina para 
compreender melhor sua função. Façamos um rá-
pido mergulho nos seus fundamentos e na sua es-
trutura.
A Geografia é um saber que exerce um lu-
gar de destaque perante os outros. Signos como o 
mapa e a paisagem são exemplos do uso corriquei-
ro da Geografia em nossas vidas, esses elementos 
fazem parte da nossa linguagem em vários lugares 
onde atuamos: nas lojas, nas fábricas, em nossa 
casa, na televisão, nos comícios, nos quartéis, nas 
delegacias, nas instituições públicas nas escolas, 
nas empresas onde trabalhamos e também nos veí-
culos de propagandas como folhetos, folders e out-
doors. Ora, se a Geografia é tão popular é porque 
ela realmente faz parte da vida humana. Podemos 
notar isso observando que todos os dias fazemos 
o nosso percurso geográfico, indo para o trabalho, 
para a academia, para a escola, indo ao supermer-
cado ou mesmo quando você se desloca do quarto 
para a sala está traçando um percurso geográfico.
Notadamente a geografia faz parte do nosso 
cotidiano então é natural que ela seja bem popu-
lar. Talvez você esteja pensando “não precisamos 
ir à escola para ter contato com a geografia”, é 
um pensamento válido, pois aprendemos e senti-
mos a geografia ao nosso redor apenas pelo fato 
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia44
de estamos vivos e nos locomovendo. Mas seria o 
bastante para entendê-la como ciência?
Vamos pensar um pouco sobre isso. Vivemos 
em um lugar diferente de onde vivem nossos pa-
rentes ou alguns amigos, às vezes a diferença é 
pequena, apenas de bairro ou de cidade, mas, em 
outras circunstâncias, as diferenças são de estados 
ou de países. 
Em todos os lugares são produzidas coisas 
que são transportadas, vendidas, trocadas e con-
sumidas por outras pessoas. Temos aí um grande 
fluxo de movimentos geográficos. Mandamos e re-
cebemos objetos, adquirimos diferentes coisas de 
lugares bem distintos.
Na nossa sociedade as coisas são organiza-
das geograficamente. Por exemplo: no supermerca-
do vende os produtos que devem conter naquele 
espaço específico.
Assim se queremos um remédio devemos ir 
à farmácia, se queremos pão devemos ir à padaria, 
cimento se encontra em uma loja de material de 
construção. Então uma combinação de lugares e 
suas relações, cria uma unidade de espaço. É o 
que chamamos de espaço geográfico que constitui 
o espaço de existência dos homens.
Feita essa afirmação, vamos buscar mais ele-
mentos. Devemos então buscar a compreensão do 
significado político da Geografia, que a meu ver não 
está estritamente ligado a sua popularidade, fatos 
que percebemos nesta leitura, mas na forma como 
esse saber é usado. A Geografia pode transformar o 
cidadão em um ser “esclarecido” ou “alienado” con-
forme o uso que se faça e o objetivo que se busque. 
Embora saibamos que para reconhecer a Geografia, 
necessitamos apenas da percepção, em muitas situ-
ações o que parece óbvio pode ser onde há o maior 
45Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
perigo de alienação do que o que aparenta ser mais 
complexo. Todos nós concordamos que embora a 
Geografia possa ser identificada apenas pela ação 
imperícia, este saber não deve estar limitado às apa-
rências, a um saber constituído apenas no senso co-
mum baseado na primeira impressão. Há um jargão 
popular que diz que “as aparências enganam” e a 
Geografia não seria uma ciência se estivesse conde-
nada apenas ao nível da percepção.
Assim a função política da Geografia depende 
do uso de que se faça deste saber. “A organização 
da sociedade nem sempre é a que está escrita. Há 
semelhanças formais e ai reside um detalhe que 
pode servir para uma teoria deformante da reali-
dade” (MOREIRA, 1994, p. 59). Por este motivo, 
devemos ver a Geografia como a ciência que ela é 
realmente.
Devemos considerar que a sociedade é o 
tema real da Geografia, precisamos estudá-la como 
representação visível do espaço social.
Entretanto, a nossa sociedade não é uma so-
ciedade igualitária, mas uma sociedade de classes 
e, por este motivo, sempre será fabricada as apa-
rências que nortearão a interpretação da Geografia 
como ciência organizadora dos espaços sociais.
Numa sociedade de classes a informação é 
um bem muito valioso para se entender as relações 
de poder e o poder do capital sob a ótica da força 
de trabalho. 
Os homens sobrevivem a partir da sua força 
de trabalho, vendendo para outros homens de clas-
ses sociais diferentes o seu tempo de produção. 
O reflexo dessa produção interfere diretamente na 
economia e faz girar a força do negócio no modelo 
de produção capitalista em que estamos inseridos.
Alguns destes homens têm consciência do 
seu papel social e buscam reverter sua condição 
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia46
procurando outras formas de produzir. Outros me-
nos favorecidos no processo de produção do mo-
delo capitalista sequer conseguem identificar os 
modos de produção e não têm clareza do seu papel 
nesta cadeia produtiva. As chances destes indivídu-
os residem na sua formação escolar
Para isso existe a escola, com a função de pre-
parar o indivíduo para a vida em sociedade. Moreira 
(1994, p.69) diz que “por isso a Geografia secularizou-
se como uma disciplina escolar”. Portanto a pedago-
gia se torna mais eficiente na promoção da aprendiza-
gem quando está em contato com o currículo exterior 
fortalecendo as relações de teoria e prática. Desta 
maneira, o fio tênue que separa a forma como a Ge-
ografia será utilizada – para alienar ou esclarecer - se 
torna mais definido a partir da organização dos currí-
culos escolares e da relação de ensino-aprendizagem 
no tempo e espaço do homem na escola.
INDICAção DE LEITURACoMPLEMENTAR
MOREIRA, Rui. o que é Geografia. 14. ed. São Pau-
lo: Brasiliense, 1994.
O autor apresenta a definição de Geografia e seu 
papel social trazendo aspectos relevantes que con-
tribuem bastante pera essa apreensão. Neste texto, 
você terá a oportunidade de compreender a relação 
da Geografia com o espaço da escola, sua relação 
com a sociedade do trabalho, a separação social das 
classes e os aspectos geográficos para política social.
Brasil, Secretaria de Educação Fundamental. Parâ-
metros curriculares nacionais: História e Geografia 
– Brasília: MEC/SEF, 1997.
47Tema 1 | As ciências humanas e o conhecimento de história e de geografia na educação básica
Os parâmetros curriculares de ensino de História 
e Geografia apresentam sugestões de instrução da 
matéria no ensino fundamental e orienta professo-
res, sobre os procedimentos e atitudes na sala de 
aula.
Nesta leitura, você terá a oportunidade de se apro-
priar as recomendações do Ministério da Educação 
no tange ao ensino de História e Geografia nos 
currículos escolares
PARA REfLETIR
Convide alguns colegas para discutir a função so-
cial da História e da Geografia nas escolas e tam-
bém na vida profissional e política do cidadão.
RESUMo Do TEMA
Caro aluno, neste tema vimos como as matérias 
História e Geografia são importantes para a forma-
ção da cidadania, lemos sobre o contexto social, 
professional e político das matérias. Vimos também 
como nossas vidas estão imbricadas com as ciên-
cias humanas e naturais e o que estas ciências têm 
a ver com as matérias História e Geografia. Apren-
demos um pouco mais sobre as ciências físicas, 
químicas e biológicas que compreendem as ciên-
cias naturais e estão se entrelaçadas nos processos 
de aprendizagem.
Fundamentos e Metodologias de História e Geografia48
Tivemos uma retrospectiva da história e do tempo 
histórico, reconhecemos o significado da Geografia 
no espaço tempo e também nas relações sociais. 
Fizemos uma amostragem do surgimento da Geogra-
fia e a influência alemã para disseminação da desta 
no mundo. Com isso amadurecemos os conceitos de 
História e Geografia, no ensino fundamental.

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