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Relações trabalhistas e sindicais Aula 1: Sindicalismo Apresentação O sindicalismo surgiu a partir da manifestação dos trabalhadores na luta por melhores condições de vida e trabalho, tomando maior proporção durante a revolução industrial. A classe operária se tornou mais forte com a chegada da industrialização, e, no Brasil, a presença maciça de imigrantes na força de trabalho in�uenciou os movimentos grevistas. Com a proteção do Estado, o sindicalismo no país movimentou questões políticas e sociais, prosperando com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho na década de 1940, e a promulgação da Constituição Federal de 1988. Objetivos Analisar o sindicalismo a partir da revolução industrial, e a luta da classe operária. Descrever como se formou o sindicalismo no Brasil e o seu desenvolvimento. Revolução Industrial Para entendermos o sindicalismo e como ele surgiu, vamos voltar a meados do século XVIII, na Inglaterra, onde se desenvolveu a revolução industrial, que trouxe a expansão da sociedade capitalista. Naquela época, os trabalhos eram braçais na produção artesanal e manufatureira. Na artesanal, o mestre artesão era o dono da produção e do capital; na manufatureira, que tem base econômica mercantil, o burguês, preocupado em acumular bens de capital, dependia dos trabalhadores, que detinham a força de trabalho em troca de salário. Shutterstock | Por Radoslaw Maciejewski Em 1750, teve início a Primeira Revolução Industrial, quando os trabalhadores começaram a controlar máquinas que pertenciam aos donos dos meios de produção. Da Inglaterra, o movimento logo se espalhou por outros países, como França, Bélgica, Itália, Alemanha, Rússia, Japão e Estados Unidos. Surgiu, então, a máquina a vapor, que passou a ser utilizada em diversas indústrias como, por exemplo, a de tecido. No entanto, o avanço maior foi nos transportes de passageiros e carga com os navios e as locomotivas. Atividade 1) Antes da Primeira Revolução Industrial, o trabalho era desenvolvido pelos trabalhadores em que tipo de produção? a) Siderúrgica e metalúrgica b) Tecnológica e Mercantil c) Artesanal e manufatureira A luta da classe operária e o sindicalismo Quando falamos em classe operária nos referimos aos trabalhadores, que, apesar dos avanços na indústria, da maior produção e de mais lucros, ainda trabalhavam longas jornadas de trabalho diária, sem descanso e em condições precárias e degradantes, tanto homens quanto mulheres e crianças. Mas, foi a partir desses avanços que surgiram os primeiros movimentos da classe operária. Um desses movimentos defendia os interesses da classe operária explorada pelos donos do poder na época, e lutavam pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores. A Europa vivia um grande momento com a Revolução Industrial e era preciso treinar a classe operária para operar as máquinas com e�ciência, para que alcançassem maior produtividade e, por consequência, tivessem menor custo com a redução do número de trabalhadores. Selecione uma alternativa. Shutterstock Por Everett Historical No mesmo momento em que crescia o capitalismo , avançava também o sindicalismo, pois os trabalhadores começaram a se organizar. A evolução do sindicalismo Clique no botão acima. A evolução do sindicalismo Com o desenvolvimento industrial, que teve início no �nal do século XVIII e começo do século XIX, houve também a evolução considerável do sindicalismo, sendo a Inglaterra o berço desses acontecimentos históricos. Com isso, o sindicalismo se enraizou por outros segmentos da economia, tornando mais poderoso o seu poder de representatividade. Essa evolução teve início com o movimento sindical reformista que se opunha ao proletariado, classe social mais baixa que se formou dentro das sociedades industrializadas, com simples pretensão de melhora da situação dos trabalhadores dentro do sistema capitalista. A partir da livre associação dos operários, permitida pelo parlamento inglês, surgiram as Trade-unions, que antecederam os sindicatos e eram uniões de trabalhadores, consideradas reformistas. Em 1824, passou-se a �xar salários para as categorias e, em função do lucro, aumentos que variavam conforme a produtividade industrial. Em 1886, nos Estados Unidos, o sindicalismo sofreu um duro golpe, com mais de cinco mil greves no período, o que resultou em quatro operários condenados à morte e outros à prisão perpétua por falsa acusação de um atentado. Isso ocorreu em 1º de maio, quando se originou o Dia do Trabalho, comemorado até hoje pela classe trabalhadora. O sindicalismo continuou avançando e se tornou revolucionário em suas lutas, mesmo com o capitalismo cada vez mais violento na exploração da classe operária, principalmente, em países como França e Itália. Surgiu, então, o sindicalismo anarquista a partir do sindicalismo revolucionário, que negavam a luta política e defendiam a exclusividade dos sindicatos no processo de emancipação da sociedade, baseando-se na autogestão e negação de qualquer forma de administração estatal. Em 1891, no papado de Leão XIII, surgiu o sindicalismo cristão que atribuiu ao capitalismo a necessidade de desenvolver a função social com pretensão de tornar o sistema mais justo e igualitário. Já o sindicalismo comunista lutou pelo �m do sistema capitalista, �cando evidente a preocupação com a formação ideológica dos trabalhadores, promovendo a educação política para construção de uma sociedade socialista, com forte nível de consciência revolucionária. Ganhou força a partir de 1917, com a revolução russa. Na Itália, em 1927, o sindicalismo corporativista apareceu como tendência para colaboração e conciliação entre o trabalho e o capital, mas com rejeição à existência de lutas de classes, o que ocasionou a exploração da classe operária. O sindicalismo no Brasil No Brasil, o movimento operário ocorreu entre o �nal do século XIX e início do século XX. A formação da classe trabalhadora teve uma forte presença de imigrantes europeus, como italianos, espanhóis e portugueses, com in�uência dos princípios anarquistas e comunistas. 1900 a 1910 Durante o período de 1900 a 1910, o Brasil já contabilizava um contingente de mais de cem mil trabalhadores, com grande presença nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Nessas capitais, havia reivindicações por melhores salários, bem como pela redução da jornada de trabalho. Continue lendo... 1906 Em 1906, foi realizado o 1º Congresso Operário Brasileiro, no Rio de Janeiro. Esse mesmo congresso, com a in�uência dos anarquistas, aprovou a formação de uma Confederação Operária Brasileira, só fundada em 1908. 1917 O ano de 1917 foi marcado por muita tensão com diversos trabalhadores dos ramos alimentício, grá�co, têxtil e ferroviário, que organizaram uma greve bem mais ampla face à intransigência e a morosidade do governo. Continue lendo... Atividade 2) A formação da classe trabalhadora no Brasil teve uma forte presença de trabalhadores imigrantes, mas sem nenhuma in�uência política. A a�rmativa é falsa ou verdadeira? A era Vargas e o sindicalismo http://estacio.webaula.com.br/cursos/GRA251/aula1.html http://estacio.webaula.com.br/cursos/GRA251/aula1.html A chamada era Vargas ocorreu com a chegada do presidente Getúlio Vargas ao poder, em 1930 até 1945. Houve aproximação com as classes trabalhadoras que agitavam o país com os seus movimentos reivindicatórios, o que fez com que a Constituição de 1934 contemplasse a jornada de trabalho de oito horas diárias, as férias remuneradas, o descanso semanal remunerado obrigatório, a licença para gestantes e a proibição do trabalho para menores de 14 anos. Na época, foi considerado um grande avanço nas conquistas dos trabalhadores. Essa revolução veio modernizar e consolidar um Estado forte e muito próximo da classe trabalhadora e tinha como objetivo atuar em todas as relações fundamentais de uma sociedade. Mas, com essas conquistas, a estrutura sindical se atrelava ao Estado e o movimento sindical se estabilizou. A partir daí nasceu o populismo... Presidente Getúlio Vargas | Wikipédia O populismo no Brasil Clique no botão acima. O populismo no Brasil O Brasil passou a ser um país industrial com o fortalecimento da classe operária, tratava-se o con�ito capital e trabalho como questão política. Foi criado o Ministério do Trabalho, a Justiça do Trabalho e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), e também instituído o imposto sindical para custear os sindicatos. Entretanto, não podemos dizer que houve uma parceria entre Vargas e os trabalhadores, mas, sim, uma jogada estratégica para que o governo não sofresse com paralisações que pudessem comprometer sua atuação política, mas sim, que se aproveitasse da situação para ganhar cada vez mais popularidade. O oferecimento de muitos direitos foi seguido de uma contrapartida que custou a autonomia organizacional e ideológica dos trabalhadores brasileiros naquela época. Estava instalado então o emprego do corporativismo, que impediria o con�ito de interesses entre os trabalhadores e os donos de indústria. Getúlio Vargas assumiu para si a responsabilidade de conduzir o interesse de grupos sociais, sendo que a maioria de trabalhadores teriam suas atividades políticas e sindicais controladas por leis governamentais. A garantia desse controle era a de que os representantes do empresariado se colocavam dispostos a arcar com vários custos que a legislação trabalhista produziria ao longo do tempo. Em março de 1931, a Lei de Sindicalização impôs que os sindicatos só entrariam em funcionamento a partir da aprovação o�cial e, para agradar a classe trabalhadora, foi criada a lei 2/3, que obrigava as empresas a terem em seus quadros 2/3 de brasileiros, afastando a participação de vários trabalhadores imigrantes, que espalhavam os ideais socialistas e anarquistas nas instituições, o que era um sinal do governo para mais empregos para os trabalhadores brasileiros. Ficava evidente o interesse de controle dos trabalhadores pelo Estado. Com os trabalhadores muito próximos da atividade estatal, a política passou a in�uenciar vários sindicatos em que a disciplina e a cooperação davam lugar a lutas e debates de ideias. Assim, o regime de Vargas passou a perseguir e prender líderes trabalhistas ligados a qualquer atividade política de esquerda. As lideranças foram substituídas por outros líderes que passaram a divulgar, nos sindicatos, a propaganda o�cial �cando ao lado do governo por meio do controle exercido sobre os recursos �nanceiros oriundos do imposto sindical. A partir daí, vários líderes sindicais passaram a elogiar os feitos de Vargas, e trabalhadores desistiram de defender seus interesses para enaltecer a �gura do presidente protetor dos trabalhadores, e dispostos a atender suas demandas. O corporativismo passou a ser palavra de ordem nas relações de trabalho daquela época. O sindicalismo brasileiro do pós guerra Logo após a Segunda Guerra Mundial, o movimento operário voltou a crescer e passou a contar com uma atuação muito forte do Partido Comunista Brasileiro (PCB), na legalidade já em 1945. Além de ter grande presença nos sindicatos, o partido também in�uenciou os demais setores progressistas da sociedade. 1947 Em 1947, o governo do presidente Dutra tornou o partido ilegal e, com isso, o PCB clamou para que os militantes abandonassem os sindicatos o�ciais e organizassem centros operários fora da estrutura do Ministério do Trabalho. Esse vai e volta de legalidade e ilegalidade perdurou até 1952 e agitou a massa operária. O pacto pela unicidade sindical foi criado e se estendeu a vários sindicatos. Em 1953, houve uma fortíssima repressão policial nas greves que surgiram no período. 1960 A ligação forte entre o partido comunista e a classe operária perdurou na política até a década de 1960, tornando comuns os regimes populistas. A partir da década de 1960, o sindicalismo brasileiro, bem forti�cado, começou a se aliar com os setores progressistas da sociedade brasileira, atuando consideravelmente nos rumos da política nacional. 1964 Em 1964, ocorreu o golpe militar, os sindicatos foram invadidos e seus principais líderes presos ou levados à clandestinidade. O governo militar fazia o discurso de que não tinha interesse em alterar os direitos trabalhistas já conquistados, mas lançou medidas para o �m da estabilidade, com a criação do FGTS. 1977 A partir de 1977, mesmo com o controle dos sindicatos, oposições sindicais começaram a mobilizar a classe operária na região do ABC paulista, com a intenção de afastar a interferência da classe patronal e do Estado. Mas, não conseguiram êxito em suas propostas, pois foram derrotados pelo grupo que apoiava a manutenção da presença do Estado nos sindicatos, a força política falou mais alto. 1980 A partir de 1980, um novo Brasil começou a surgir com o movimento das Diretas Já, na luta pela liberdade de expressão e pelas políticas sociais, com forte presença dos sindicatos, culminando em 1985, com o �m do regime militar. 1988 Em 1988, nasceu a nova Constituição Federal, com capítulos exclusivos abordando os direitos sociais, os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais e que visavam à melhoria de sua condição social e à livre associação pro�ssional ou sindical. 2017 Em 2017, surgiu a reforma trabalhista que atingiu consideravelmente os sindicatos e tornou não obrigatória a contribuição sindical. É o que estudaremos nas próximas aulas. Atividade 3) Marque a opção correta. a) Antes da revolução industrial, o trabalho era utilizado com máquinas movidas a energia elétrica. b) A máquina a vapor somente deu avanço ao transporte marítimo. c) O sindicalismo comunista lutou pelo fim do capitalismo. d) O sindicalismo cristão não tinha a pretensão de tornar o sistema mais justo e igualitário. e) O capitalismo se expandiu com o avanço da revolução industrial. 4) A partir de 1977, mesmo com o controle dos sindicatos, oposições sindicais começaram a mobilizar a classe operária na região do ABC paulista, com a intenção de afastar a interferência da classe patronal e do Estado. Houve êxito nesse movimento? a) Sim, porque o Estado brasileiro passou a ser refém dos movimentos sindicais da época. b) Não, porque somente a classe patronal é que controlava o movimento sindical. c) Sim, porque o regime militar cedeu as exigências feitas pelo movimento sindical. d) Não, porque as propostas foram derrotadas pelo grupo de apoio a presença do Estado. e) Sim, porque o regime militar atendeu ao pedido do sindicato patronal. Notas 1900 a 1910 (continue lendo) As greves começaram a surgir e trabalhadores de uma pedreira conseguiram redução na jornada de trabalho de 12 para 10 horas. Mais greves foram se sucedendo e a classe operária passou a ter representatividade, tendo sido criados dezenas de sindicatos, mesmo com forte repressão dos atos grevistas. 1917 (continue lendo) O confronto entre policiais e trabalhadores foi inevitável, culminando com a morte de um trabalhador que participava das manifestações. No mesmo período, ocorreu a revolução russa, que teve considerável impacto no Movimento Operário Brasileiro, o que contribuiu para impulsionar a greve geral de 1917. As greves continuaram, mas a repressão foi cada vez mais intensa, bem como a perseguição a seus líderes, mesmo após o encerramento das greves com boa parte das reivindicações atendidas. Referências ANTUNES, Ricardo C. O Que é Sindicalismo. Coleção Primeiros Passos, São Paulo: Brasiliense, 1985. DIAS, Antônio Carlos. A história das organizações sindicais. Disponível em: http://www.arcos.org.br/artigos/a-historia-das- organizaçoes-sindicais/Acesso em 31 mar. 2019. FRANÇA, Teones. Novo Sindicalismo no Brasil. Belo Horizonte: Cortez, 2013. HABIB ADVOCACIA. Nova CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) — atualizada com a Lei 13.467/2017. Disponível em: javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); https://www.habibadvocacia.com.br/download? pasta=conteudo&idsite=1&idconteudo=40&nome_servidor=20181016165948_5bc643348ff8d.jpg&nome_arquivo=111.jpg Acesso em: 11jul. 2019. MATTOS, Marcelo B. O Sindicalismo Brasileiro após 1930. Rio de Janeiro: Zahar, 2003. NASSYRIOS, Gabriela. Sindicalismo no Brasil. Disponível em: https://gabinassyrios.jusbrasil.com.br/artigos/339332671/sindicalismo-no-brasil. Acesso em 10 abr. 2019. PINTO, Antonio Luiz de Toledo; WINDT, Márcia Cristina Vaz dos Santos; CÉSPEDES, Livia. Vade Mecum – Constituição da República Federativa do Brasil e Consolidação das Leis do Trabalho. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. SINTETUFU. História do sindicalismo. Disponível em: http://www.sintetufu.org/historia-do-sindicalismo/. Acesso em 11 abr. 2019. SOUZA, Isabela. O que são e como funcionam os sindicatos no Brasil? Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/o-que-sao-e-como-funcionam-os-sindicatos-no-brasil/ Acesso em 10 abr. 2019. SOUZA, Isabela. Como surgiram os sindicatos? Disponível em: https://www.politize.com.br/sindicalismo-no-brasil-e-no-mundo/ Acesso em 12 abr. 2019. Próxima aula Estrutura sindical no Brasil; Formação dos sindicatos; Prerrogativas e deveres dos sindicatos. Explore mais Assista ao vídeo A origem do sindicalismo no Brasil. javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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