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1
UNIDADE 1
CIDADANIA E SOCIEDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade tem por objetivos:
• compreender diferentes conceitos de democracia, ética, cidadania e socio-
diversidade;
•	 verificar	os	padrões	de	conduta	moral	ao	longo	do	tempo	e	em	diversas	
culturas;
•	 identificar	a	importância	da	responsabilidade	social	e	os	três	setores:	pú-
blico,	privado	e	terceiro	setor	para	uma	sociedade	equânime;
•	 entender	a	importância	da	cultura	e	da	arte	no	desenvolvimento	da	sociedade.
Esta	unidade	está	dividida	em	cinco	tópicos.	No	decorrer	da	unidade	você	
encontrará	autoatividades	com	o	objetivo	de	reforçar	o	conteúdo	apresentado.
TÓPICO	1	 –	DEMOCRACIA,	ÉTICA	E	CIDADANIA
TÓPICO	2	 –	SOCIODIVERSIDADE	E	INCLUSÃO	
TÓPICO	3	 –	MULTICULTURALISMO:	VIOLÊNCIA,	TOLERÂNCIA/INTO-
	 	 LERÂNCIA	E	RELAÇÕES	DE	GÊNERO
TÓPICO	4	 –	RESPONSABILIDADE	SOCIAL:	SETOR	PÚBLICO,	SETOR	PRI-
 VADO E TERCEIRO SETOR
TÓPICO	5	 –	CULTURA	E	ARTE
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
1 INTRODUÇÃO
Entraremos	 no	 mundo	 do	 comportamento	 humano	 em	 sociedade	 e	
suas	 regras	 de	 conduta	 e	 participação	 social,	 política	 e	 econômica,	 no	 qual	
trabalharemos	a	questão	da	formação	dos	princípios	morais	e	éticos	dos	homens	
que	vivem	e	convivem	em	sociedade,	além	de	abordarmos	questões	pertinentes	à	
democracia	e	à	cidadania.	
Esses	conceitos	estão	previstos	na	Portaria	INEP	nº	493	de	6	de	junho	de	
2017,	em	seu	Art.	1º,	que	destaca:
O	Exame	Nacional	de	Desempenho	dos	Estudantes	 (ENADE),	parte	
integrante	 do	 Sistema	Nacional	 de	Avaliação	da	Educação	 Superior	
(SINAES),	 tem	 como	 objetivo	 geral	 avaliar	 o	 desempenho	 dos	
estudantes	 em	 relação	 aos	 conteúdos	 programáticos	 previstos	 nas	
diretrizes	 curriculares,	 às	habilidades e competências para atuação 
profissional e aos conhecimentos sobre a realidade brasileira e 
mundial,	 bem	 como	 sobre	 outras	 áreas	 do	 conhecimento	 (BRASIL,	
2017,	grifos	nossos).
A	mesma	portaria,	 em	 seu	Art.	 5º,	 indica	 como	 referência	 do	perfil	 do	
concluinte,	no	âmbito	da	Formação Geral,	as	seguintes	características:	
I.	ético	e	comprometido	com	as	questões	sociais,	culturais	e	ambientais;	
II.	 humanista	 e	 crítico,	 apoiado	 em	 conhecimentos	 científico,	 social	 e	
cultural,	historicamente	construídos,	que	transcendam	o	ambiente	próprio	
de	sua	formação;	
III.	protagonista	do	saber,	com	visão	do	mundo	em	sua	diversidade	para	
práticas	de	letramento,	voltadas	para	o	exercício	pleno	de	cidadania;	
IV.	 proativo,	 solidário,	 autônomo	 e	 consciente	 na	 tomada	 de	 decisões	
pautadas	pela	análise	contextualizada	das	evidências	disponíveis;	
V.	 colaborativo	 e	 propositivo	 no	 trabalho	 em	 equipes,	 grupos	 e	 redes,	
atuando	com	respeito,	cooperação,	iniciativa	e	responsabilidade	social.
E	 no	Art.	 6º	 é	 indicado	 que	 a	 prova	 ENADE	 avaliará	 se	 o	 concluinte	
desenvolveu,	no	processo	de	formação,	competências	para:
I.	fazer	escolhas	éticas,	responsabilizando-se	por	suas	consequências;	
II.	ler,	interpretar	e	produzir	textos	com	clareza	e	coerência;	
III.	compreender	as	linguagens	como	veículos	de	comunicação	e	expressão,	
respeitando	 as	 diferentes	 manifestações	 étnico-culturais	 e	 a	 variação	
linguística;	
IV.	interpretar	diferentes	representações	simbólicas,	gráficas	e	numéricas	
de	um	mesmo	conceito;	
V.	 formular	 e	 articular	 argumentos	 consistentes	 em	 situações	
sociocomunicativas,	expressando-se	com	clareza,	coerência	e	precisão;	
VI.	organizar,	interpretar	e	sintetizar	informações	para	tomada	de	decisões;	
VII.	planejar	e	elaborar	projetos	de	ação	e	intervenção	a	partir	da	análise	de	
necessidades, de forma coerente, em diferentes contextos; 
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
4
QUADRO 1 – FORMAS DE DEMOCRACIA
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 133)
FORMAS DE DEMOCRACIA
Democracia 
direta
Na	 qual	 o	 povo	 decide	 diretamente,	 por	 meio	 de	 referendo/
plebiscito,	 se	 aceita	 ou	 não	 determinadas	 questões	 políticas	 e	
administrativas	de	sua	localidade,	Estado	ou	país.
Democracia 
indireta
Nesta,	 o	 povo	 participa	 democraticamente,	 por	meio	 do	 voto,	
elegendo	 seu	 representante	 político,	 ou	 seja,	 uma	 pessoa	 que	
o	 represente	 nas	 diversas	 esferas	 governamentais,	 para	 tomar	
decisões	cabíveis	em	nome	do	povo	que	o	elegeu.
VIII.	 buscar	 soluções	 viáveis	 e	 inovadoras	 na	 resolução	 de	 situações-
problema;	
IX.	 trabalhar	 em	 equipe,	 promovendo	 a	 troca	 de	 informações	 e	 a	
participação	coletiva,	com	autocontrole	e	flexibilidade;	
X.	 promover,	 em	 situações	 de	 conflito,	 diálogo	 e	 regras	 coletivas	 de	
convivência,	integrando	saberes	e	conhecimentos,	compartilhando	metas	
e	objetivos	coletivos.
Para	tanto,	abordaremos	a	compreensão	dos	significados	dos	princípios	
norteadores	da	democracia,	 ética	 e	 cidadania,	 além	de	 realizar	uma	 reflexão	e	
uma	discussão	sobre	as	questões	ético-morais,	na	relação	indivíduo	e	sociedade.
2 A DEMOCRACIA EM PAUTA 
Estamos	 vivendo	 em	 um	país	 apresentado	 como	 democrático!	 Será	 que	
todos	nós	compreendemos	o	sentido	real	da	democracia	e	seus	reflexos	na	sociedade	
brasileira?	Em	outros	termos,	o	que	realmente	é	este	Estado	Democrático	de	Direito	
em	que	vivemos?
Neste	sentido,	Moisés	(2010,	p.	277)	expõe	que	“o	significado	mais	usual	
da democracia se refere aos procedimentos e aos mecanismos competitivos de 
escolha	de	governos	através	de	eleições”,	ou	seja,	a	democracia	é	compreendida	
habitualmente	somente	como	um	processo	de	escolha	dos	nossos	representantes	
legais	em	todas	as	esferas,	tanto	local,	municipal,	estadual	quanto	federal,	no	qual	a	
população	dessas	esferas,	por	meio	de	seu	voto,	seleciona	e	elege	o	seu	representante	
para	legislar	em	nome	dessa	mesma	população.	Assim,	“podemos	considerar	que	
a	democracia	nada	mais	é	do	que	um	sistema de governo,	no	qual	o	povo	governa	
para	sua	própria	sociedade”	(PIERITZ,	2013,	p.	133,	grifos	do	original).
Deste	modo,	pode-se	observar	que	a	democracia	pode	ser	exercida	de	duas	
formas	distintas,	pois	 ela	pode	 ser	direta	ou	 indireta	 (Quadro	1).	O	conceito	de	
democracia	é	notoriamente	o	entendimento	de	toda	massa	populacional	brasileira	
nos	dias	de	hoje,	pois	quando	 se	 indaga	às	pessoas	 com	relação	ao	 conceito	de	
democracia,	 é	 este	 conceito	 de	 escolha	 de	 nossos	 representantes	 legais,	 por	
intermédio	do	voto	popular,	que	aparece	nos	discursos	da	população	de	nosso	país.
TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
5
Cunha	 (2011,	 p.	 105)	 expõe	 que	 a	 democracia	 pode	 ser	 compreendida	
como	“método	de	organização	social	 e	política	 tendente	à	maior	 realização	da	
liberdade	 e	 da	 igualdade.	 [é	 um]	 Sistema	 político	 em	 que	 o	 povo	 constitui	 e	
controla	o	governo,	no	interesse	de	todos”.
Outro	 fator	 que	 não	 podemos	 esquecer	 é	 que,	 quando	 falamos	 em	
democracia,	 também	 falamos	 de	 Estado Democrático de Direito.	 Segundo	
Cunha	 (2011,	 p.	 138),	 o	 “Estado	de	direito	 [é	 aquele]	 que	 se	 organiza	 e	 opera	
democraticamente”.	Nossa	Carta	Magna	de	1988,	já	em	seu	preâmbulo,	instituiu	
um	 Estado	 Democrático	 de	 Direito,	 ou	 seja,	 a	 Constituição	 da	 República	
Federativa	do	Brasil	se	organizou	e	definiu	suas	normativas	em	prol	de	um	Estado 
Democrático, no	qual	a	democracia	deverá	ser	a	base	fundamental	da	República	
Federativa	 do	 Brasil.	 Assim,	 segundo	 Pieritz	 (2013,	 p.	 133),	 “este	 sistema	 de	
governo	democrático	possui	 formatos	diferentes	 nas	diversas	 sociedades,	 pois	
em	cada	uma	existem	regras	e	normas	diferentes,	e	 isto	acontece	por	causa	da	
constituição	dos	princípios	ético-morais	de	cada	localidade”.	
Vale	salientar	que	a	democracia	vai	muito	além	desse	discurso	sintético	de	
representação	e	de	voto,	pois	Moisés	(2010,	p.	277,	grifos	nossos)	coloca-nos	que:
existem	outras	perspectivas	que	ampliam	a	compreensão	do	conceito,	
incluindo	 tanto	 as	 dimensões	 que	 se	 referem	 aos	 conteúdos	 da	
democracia,	como	também	os	seus	resultados	práticos	esperadosno	
terreno	da	economia	e	da	sociedade.	Por	uma	parte,	acompanhando	
a	abordagem	minimalista	de	Schumpeter	(1950)	e	a	procedimentalista	
de	Dahl	(1971),	vários	autores	definiram	a	democracia	em	termos	de	
competição, participação e contestação pacífica do poder.	
Neste	 sentido,	 no	 que	 tange	 à	 conotação	 que	 a	 democracia	 tem	 de	
competição,	 participação	 e	 contestação	 pacífica	 do	 poder,	 pode-se	 expor	 que	
falar	 de	 democracia	 também	 está	 atrelado	 ao	 conceito	 do	 “jogo de poderes”,	
principalmente	 a	 disputa	 e	 concorrência	 de	 cargos	 em	 todas	 as	 esferas	
governamentais	 ou	 não,	 além	 da	 competição	 entre	 partidos	 políticos	 e	 outros	
grupos	econômicos,	políticos,	culturais	e	sociais.	
Além	 disso,	 não	 podemos	 esquecer	 um	 elemento	 fundamental	 da	
democracia,	que	é	a	questão	da	“participação do povo”,	em	que	cada	cidadão	
brasileiro	é	elemento	fundamental	no	processo	democrático	do	Brasil,	pois	direta	
ou	 indiretamente	 é	 parte	 do	 processo	 democrático	 instaurado	 neste	 país.	 Ao	
proferir	sua	escolha,	independentemente	do	que	for	ou	de	que	escolha	fora	feita,	
torna-se	automaticamente	parte	do	Estado	Democrático	de	Direito	e	integra-se	ao	
sistema	vigente	de	democracia	daquele	determinado	Estado.
Resumidamente,	 a	 Figura	 1	 apresenta	 o	 primeiro	 entendimento	 da	
definição	e	o	significado	da	democracia	e	o	Estado	Democrático	de	Direito.
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
6
FIGURA 1 – DEMOCRACIA E O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO
FONTE: Os autores
Maciel	 (2012,	 p.	 73,	 grifos	 do	 original)	 complementa	 expondo	 que	 a	
democracia	“tornou-se	uma	aspiração	universal,	por	ser	o	regime	de	governo	mais	
propenso	a	garantir	os	direitos	individuais,	porém	não	se	resume	simplesmente	
ao	 ato	 de	 votar,	 sendo	 que	 o	direito à participação	 tornou-se	 uma	 atividade	
importante	diante	da	constituição	da	cidadania”.
Por	 conseguinte,	 pode-se	 expor	 que	 democracia	 denota	 participação	
direta	ou	indireta	da	população	em	todos	os	espaços	que	necessitem	do	veredito	
do	povo	em	prol	de	objetivos	comuns	a	ele	mesmo.	Assim,	Beethan	(2003,	p.	110	
apud	MACIEL,	2012,	p.	73,	grifos	nossos)	complementa	expondo	que:	
O	 direito	 à	 participação	 pode	 ser	 tanto	 reativo	 quanto	 proativo.	 Em	
sua	 forma	 reativa,	 a	 participação	 consiste	 na	 articulação coletiva de 
respostas	a	políticas	de	desenvolvimento.	Na	forma	proativa,	ela	invoca	
a responsabilidade popular	 no	 desencadeamento	 da	 articulação	 de	
políticas	de	desenvolvimento.	No	primeiro	caso,	os	governos	propõem	
e	os	cidadãos	reagem;	no	segundo,	os	cidadãos	propõem	e	os	governos	
reagem.	Em	ambas	as	formas,	o	direito de participação assume a lógica 
de colaborar com o desenvolvimento. “No	 coração	 da	 democracia	
repousa,	assim,	o	direito	do	cidadão	de	opinar	nos	assuntos	públicos	e	
de	exercer	controle	sobre	o	governo,	em	pé	de	igualdade	com	os	demais”.
Deste	modo,	 pode-se	 expor	 que	 um	 dos	 elementos	 da	 democracia	 é	 a	
articulação	 coletiva	 do	 povo	 em	 prol	 de	 uma	 determinada	 demanda	 social,	
política,	cultural	ou	econômica.	Para	que	se	possa	debater	coletivamente	os	prós	e	
contras,	no	que	tange	aos	assuntos	pertinentes	ao	interesse	coletivo,	dando	assim	
respostas	a	esta	mesma	demanda.
Vale	salientar	que	a	não	participação	e	a	omissão	também	são	formas	de	
participação,	 pois	 retratam	 a	 sua	 alienação,	 indiferença,	 contestação	 ou	 o	 seu	
descontentamento	em	relação	ao	sistema	vigente.	Então,	isto	não	quer	dizer	que	
aquele	 cidadão	 que	 se	 omitiu	 ou	 apenas	 não	 quis	 participar	 não	 fez	 parte	 do	
TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
7
QUADRO 2 – CONDIÇÕES BÁSICAS PARA O REGIME DEMOCRÁTICO
FONTE: Adaptado de Moisés (2010, p. 277)
Disponível em: <http://
rafaelsilva.over-blog.es/arti-
cle-objetivo-democracia-
-iv-124370354.html>.
Direito	 dos	 cidadãos	 de	 ESCOLHEREM GOVERNOS por 
meio de eleições	 com	 a	 participação	 de	 todos	 os	 membros	
adultos	 da	 comunidade	 política.	 A	 isso	 se	 dá	 o	 nome	 de	
sufrágio universal (direito	ao	voto).
ELEIÇÕES	regulares,	livres,	competitivas,	abertas	e	significativas.
GARANTIA DE DIREITOS	de	expressão,	reunião	e	organização,	
em	especial,	de	partidos	políticos	para	competir	pelo	poder.
Acesso a fontes alternativas de INFORMAÇÃO	sobre	a	ação	
de	governos	e	a	política	em	geral.	
Essas	quatro	condições	mínimas	para	implantar	um	regime	democrático	
são	de	fundamental	importância	para	que	haja	a	participação	democrática	de	um	
povo	em	prol	dos	objetivos	comuns	do	próprio	povo,	uma	vez	que	a	democracia	
vai	muito	além	da	simples	representação	e	de	voto,	ela	se	efetiva	e	concretiza-se	
com	a	participação,	com	a	competição	e	a	contestação	dos	processos	pacíficos	da	
busca	do	poder	no	Estado	Democrático	de	Direito.
Sucintamente,	 a	 Figura	 2	 apresenta	 a	 ampliação	 da	 compreensão	 do	
entendimento	do	significado	da	democracia,	ou	seja,	o	seu	conceito	ampliado:
FIGURA 2 – CONCEITO AMPLIADO DE DEMOCRACIA
FONTE: Os autores
processo	democrático	de	um	país,	pelo	contrário,	todo	cidadão	tem	o	direito	de	
participar	ou	não,	mesmo	que	o	voto	no	Brasil	seja	obrigatório,	pois	ao	votar	ele	
exprime	a	sua	vontade,	ou	o	seu	desejo.
Aqui	fica	claro	que	a	população,	ao	exercer	seu	direito	de	participação	de	
forma	proativa,	demonstra	seus	direitos	e	responsabilidades	perante	os	efeitos	da	
decisão	coletiva.	Entretanto,	também	existem	quatro	condições	necessárias	para	
que	se	possa	instaurar	um	regime	governamental	pautado	na	democracia.
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
8
3 A QUESTÃO DA ÉTICA
O	tema	que	abordaremos	neste	momento	é	 relativo	à	questão	da	ética,	
a	qual	permeia	constantemente	nosso	dia	a	dia,	 seja	no	âmbito	 familiar,	 social	
ou	profissional.	Aparentemente,	compreendemos	o	seu	significado	e	seus	efeitos,	
mas	será	que	realmente	compreendemos	o	seu	sentido	real?	Será	que	sabemos	o	
que	é	certo	ou	errado	para	nós	na	sociedade	em	que	vivemos?	
Neste	 sentido,	 Tomelin	 e	 Tomelin	 (2002,	 p.	 89)	 expõem	 que	 “a	 ética	 é	
uma	das	 áreas	 da	 filosofia que	 investiga	 sobre	 o	 agir	 humano	 na	 convivência	
com	os	outros	[...]”.	Em	outros	termos,	as	nossas	ações	perante	a	sociedade	em	
que	vivemos	são	orientadas	por	princípios	éticos	e	morais,	e	esses	princípios	são	
norteadores	de	consciência	moral do	certo	e	do	errado,	do	bem	e	do	mal.
De	modo	mais	abrangente,	a	ética	pode	ser	conceituada	como	a	área	da	
filosofia	 que	 investiga	 o	 agir	 humano,	 tanto	 aqueles	 com	 repercussão	 social,	
quanto	aqueles	sem	maiores	impactos	na	sociedade,	ou	seja,	não	somente	os	atos	
relativos	à	convivência	com	os	outros,	mas	também	consigo	mesmo.
Assim,	no	que	tange	a	esta	problemática	relativa	à	ética,	Pieritz	(2013,	p.	
3)	expõe	que	“a	ética	não	é	facilmente	explicável,	mas	todos	nós	sabemos	o	que	é,	
pois	está	diretamente	relacionada	aos	nossos	costumes	e	às	ações	em	sociedade,	
ou	seja,	ao	nosso	comportamento,	ao	nosso	modo	de	vida	e	de	convivência	com	
os	outros	integrantes	da	sociedade”.	E	que	esses	valores	éticos	são	construídos	
historicamente	pelos	povos,	de	geração	em	geração.
O	que	 são	valores?	Pedro	 (2014,	p.	 490)	 faz	um	 resgate	 etimológico	da	
palavra	Axiologia,	de	origem	grega,	que	significa	estudo	dos	valores	ou	ciência	do	
valor,	e	aponta	para	um	significado,	o	da	vivência	do	valor,	independentemente	
do	valor	que	for,	pois	este	é	experienciado	como	um	fenômeno	que	se	apresenta	
à	consciência	como	tal	e	como	um	acontecimento	que	nos	é	imediatamente	dado.
Para	a	filósofa	húngara	Agnes	Heller	(1972,	p.	4),	“valor	é	tudo	aquilo	que	
faz	parte	do	ser	genérico	do	homem	e	contribui,	direta	ou	mediatamente	para	a	
explicação	desse	ser	genérico”.	Vejamos	no	Quadro	3	quais	são	os	atributos	dos	
valores	humanos	na	perspectiva	de	Heller:
QUADRO 3 – ATRIBUTOS DOS VALORES HUMANOS
OBJETIVAÇÃO
-	que	se	expressa	prioritariamente	por	intermédio	do	trabalho;
-	 que	 proporciona	 sair	 do	 subjetivo	 e	 passar	 para	 o	 real	 e	
concreto.
Caro acadêmico, para colaborar com seusestudos, veja que a junção das Figuras 
1 e 2 proporciona o entendimento global do que é democracia.
ATENCAO
TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
9
FONTE: Adaptado de Bonetti et al. (2010, p. 23)
FONTE: Os autores
QUADRO 4 – EXEMPLOS DOS VALORES E VIRTUDES HUMANOS
SOCIALIDADE
-	que	se	expressa	com	a	convivência	com	o	outro,	em	grupo;
-	aprendizagem	com	o	outro;
-	assimilação	de	normas	sociais.
CONSCIÊNCIA
-	tomar	ciência	dos	fatos	ou	de	alguma	coisa;
-	reconhecimento	da	realidade;
-	descoberta	de	algo;
-	capacidade	de	perceber	as	coisas.
UNIVERSALIDADE
-	universal;
- o todo;
-	fazer	parte	de	um	determinado	grupo.
LIBERDADE -	livre-arbítrio.	
Portanto,	os	atributos	dos	valores	humanos	apresentados	no	Quadro	3	são	
os	elementos	constitutivos	do	ser	humano,	do	ser	social,	que	formam	os	nossos	
valores	morais.	 Complementando,	 no	Quadro	 4	 apresentamos	mais	 exemplos	
dos	valores	e	virtudes	do	ser	humano,	que	vive	e	convive	em	sociedade.
Amizade Justiça Obediência Respeito Simplicidade
Lealdade Compreensão Sinceridade Pudor Generosidade
Paciência Ordem Humildade Autoestima Liberdade
Deste	 modo,	 podemos	 expor	 que	 “todos	 nós	 possuímos	 princípios	 e	
valores	que	foram	e	são	constituídos	por	nossa	sociedade.	E,	com	relação	a	esses	
valores,	cada	um	de	nós	possui	uma	visão	do	que	é	certo	e	errado,	do	que	é	o	bem	
e	o	mal”	(PIERITZ,	2012,	p.	57).
Não	podemos	nos	esquecer	de	que	“esta	consciência	moral	é	determinada	por	
um	consenso	coletivo	e	social,	ou	seja,	o	conjunto	da	sociedade	é	que	formula	e	compõe	
as	normas	de	conduta	que	o	regem.	Como	exemplo,	temos	a	nossa	Constituição	Federal	
e	outras	regras	e	normas	de	nossa	sociedade”	(PIERITZ,	2013,	p.	4).
São	estas	regras	e	normativas	jurídicas	e	sociais	que	determinam	o	nosso	
agir	em	sociedade,	e	cada	grupo	social	possui	suas	características,	ou	seja,	não	
se	pode	dizer	 que	 todos	nós	 somos	 iguais,	 que	 todas	 as	 nações	 e	Estados	 são	
iguais,	porque	não	somos,	pois,	independentemente	do	Estado,	do	país	ou	grupo	
social,	fomos	moldando	nossos	valores	e	princípios	de	forma	diferente	ao	longo	
de	nossa	existência.
Agora,	acadêmico,	raciocine	o	seguinte:	se	é	um	fato	que	nossa	consciência	
moral	é	construída	no	seio	de	uma	sociedade	e	com	a	influência	do	meio	e	das	
pessoas	com	as	quais	convivemos,	há ainda outros fatores que concorrem para 
a constituição da consciência moral, e esse elemento é chamado de Lei natural 
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
10
– pelos jusnaturalistas – e tem caráter universal, pois perpassa as sociedades 
políticas,	é	algo	mais	profundo	que	elas,	constitui-se	na	própria	natureza	humana	
em	sua	universalidade	(ROHLING,	2012).	Segundo	Valls	(2003,	p.	8):
 
costuma-se	 separar	os	problemas	 teóricos	da	 ética	 em	dois	 campos:	
num,	os	problemas	gerais	e	fundamentais	(como	liberdade,	consciência,	
bem,	valor,	 lei	e	outros);	e	no	segundo,	os	problemas	específicos,	de	
aplicação	concreta,	como	os	problemas	da	ética	profissional,	de	ética	
política,	de	ética	sexual,	de	ética	matrimonial,	de	bioética	etc.
Em	outros	termos,	os	problemas	éticos	permeiam	todas	as	nossas	ações	em	
sociedade.	Neste	sentido,	vale	salientar	que	“cada	sociedade	possui	suas	normas	
de	conduta	comportamental	e	seus	princípios	morais,	ou	seja,	cada	grupo	social	
constitui	o	que	é	certo	e	errado,	o	que	é	o	bem	e	o	mal	para	o	seu	povo,	portanto,	
nem	sempre	o	que	é	certo	para	nós	pode	ser	certo	para	um	outro	grupo	social	e	
vice-versa”	(PIERITZ,	2013,	p.	4).
Então,	como	desvelar	esta	situação?	Como	saber	se	estamos	no	caminho	
certo?	Se	estamos	fazendo	certo	ou	errado?	Ou	se	realmente	estamos	fazendo	o	
bem	ou	o	mal	a	alguém?	São	muitas	indagações!
Para	 auxiliar	 a	 reflexão	 sobre	 essas	 questões,	 Finnis	 (filósofo	 e	 jurista	
australiano)	identifica	sete	valores	básicos,	os	quais	são	os	seguintes:	
I)	vida;	II)	o	conhecimento;	III)	o	 jogo;	IV)	a	experiência	estética;	V)	a	
sociabilidade;	VI)	a	razoabilidade	prática;	e,	VII)	a	religião.	Esses	valores,	
contudo,	não	são	os	únicos,	pois	existem,	evidentemente,	muitos	outros,	
os	quais,	segundo	propõe	o	autor,	são	modos	ou	combinações	de	modos	
de	buscar	–	embora	nem	sempre	com	sensatez	–	e	de	 realizar	–	nem	
sempre	exitosamente	–	uma	das	sete	formas	básicas	de	bem,	ou	alguma	
combinação	delas	(ROHLING,	2012,	p.	163).
Neste	sentido,	podemos	observar	ainda	que:
os	 problemas	 éticos	 se	 distinguem	 da	moral	 pela	 sua	 característica	
genérica,	 enquanto	 que	 a	 moral	 se	 caracteriza	 pelos	 problemas	 da	
vida	cotidiana.	O	que	há	de	comum	entre	elas	é	fazer	o	homem	pensar	
sobre	a	responsabilidade	das	consequências	de	suas	ações.	A	ética	faz	
pensar	sobre	as	consequências	universais,	sempre	priorizando	a	vida	
presente	e	futura,	local	e	global.	A	moral	faz	pensar	as	consequências	
grupais,	adverte	para	normas	culturalmente	formuladas	ou	pode	estar	
fundamentada	num	princípio	ético.	A	ética	pode,	desta	forma,	pautar	
o	comportamento	moral	(TOMELIN;	TOMELIN,	2002,	p.	90).
 
Podemos	expor	que	deste	ponto	de	vista	existem	diferenças	nítidas	entre	
ética	e	moral,	sendo	que	a	ética	é	generalista	e	a	moral	reflete	o	comportamento	
socialmente	construído	e	 legitimado	pelo	seu	povo.	Enfim,	Tomelin	e	Tomelin	
(2002,	 p.	 89,	 grifos	 do	 original)	 complementam	 expondo	 que	 “a	 palavra	 ética 
provém	do	grego	ethos	e	significa	hábitos,	costumes,	e	se	refere	à	morada	de	um	
povo	ou	sociedade.	A	palavra	moral	provém	do	latim	moralis	e	significa	costume,	
conduta”.	Logo,	conforme	Pieritz	(2012,	p.	58,	grifos	nosso):	
TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
11
A principal função	da	ética	é	sugerir	qual	o	melhor	comportamento	
que	cada	pessoa	ou	grupo	social	tem	ou	venha	a	ter.	Indicando	o	que	
é	certo	ou	errado,	o	que	é	bom	ou	mal.	Porém,	este	comportamento	
sempre	 partirá	 do	 ponto	 de	 vista	 dos	 princípios	 morais	 de	 cada	
sociedade,	ou	seja,	seu	grupo	social.	A	ética	auxilia	no	esclarecimento	e	
na	explicação	da	realidade	cotidiana	de	cada	povo,	procurando	sempre	
elaborar	 seus	 conceitos	 conforme	 o	 comportamento	 correspondente	
de	cada	grupo	social.
 Por	conseguinte, “o	ético	transforma-se	assim	numa	espécie	de	legislador	
do	comportamento	moral	dos	indivíduos	ou	da	comunidade”	(VÁZQUEZ,	2005,	
p.	20),	ou	seja,	a	ética	está	para	regular	o	nosso	comportamento	em	sociedade.
Complementando,	Vázquez	(2005,	p.	21)	coloca-nos	que	“a	ética	é	teoria,	
investigação	 ou	 explicação	 de	 um	 tipo	 de	 experiência	 humana	 ou	 forma	 de	
comportamento	dos	homens	[...]”,	ou	seja,	“o	valor	de	ética	está	naquilo	que	ela	
explica	–	o	fato	real	daquilo	que	foi	ou	é	–,	e	não	no	fato	de	recomendar	uma	ação	
ou	uma	atitude	moral”	(PIERITZ,	2013,	p.	7,	grifo	nosso).
Devemos	 compreender	 as	 diferenças	 conceituais	 de	 ética	 e	moral,	 pois	
“podemos	 afirmar	 que	 a	 ética	 estuda	 e	 investiga	 o	 comportamento	moral	 dos	
seres	humanos.	E	esta	moral	é	constituída	pelos	diferentes	modos	de	viver	e	agir	
dos	 homens	 em	 sociedade,	 que	 é	 formada	 por	 suas	 diretrizes	morais	 da	 vida	
cotidiana,	transformando-se	no	decorrer	dos	tempos”	(PIERITZ,	2013,	p.	19).
Todavia, o que é a moral?
Segundo	Aranha	e	Martins	(2003,	p.	301,	grifos	do	original),	“a	MORAL 
vem	 do	 latim	 mos, moris,	 que	 significa	 ‘costume’,	 ‘maneira	 de	 se	 comportar	
regulada	 pelo	 uso’,	 e	 de	moralis, morale,	 adjetivo	 referente	 ao	 que	 é	 ‘relativo	
aos	 costumes’”.	Assim,	 a	moral	 é	 compreendida	 como	um	 conjunto	de	 regras	
de	condutas	socialmente	admitidas	em	determinadas	épocas	ou	por	um	grupo	
de	pessoas,	ou	seja,	“a	moralidade	dos	homens	é	um	reflexo	direto	do	modo	de	
ser	 e	 conviver	 em	 sociedade,	 no	 qual	 o	 caráter,	 os	 sentimentos	 e	 os	 costumes	
determinam	 o	 seu	 comportamento	 individual	 e	 social,	 que	 foi	 ou	 está	 sendo	
perpetuado	num	espaço	de	tempo”	(PIERITZ,	2013,	p.	35).	Ainda	de	acordo	com	
Pieritz	(2013,	p.	38):	
A	moral	sugere,	constantemente,	a	valorização	de	nossas	ações	e	de	
nossos	comportamentos	em	sociedade,	mas	é	a	moral	que	determinaquais	 são	 os	 nossos	 direitos	 e	 deveres	 perante	 a	 sociedade	 em	 que	
vivemos.	 Estes	 deveres	 são	 conectados	 ao	 nosso	 modo	 de	 ser	 e	
conviver	em	sociedade,	gerando	certas	responsabilidades	com	relação	
a	si	próprio	e	aos	outros,	tais	como:	
• sentimentos;
•	escolhas;	
•	desejos;	
•	atitudes;	
•	posicionamentos	diante	da	realidade;	
•	juízo	de	valor;	
•	senso	moral;
•	consciência	moral.	
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
12
Sob	estas	concepções	de	ética	e	moral,	apresentamos	as	suas	principais	
diferenças	na	Figura	3:
FIGURA 3 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
FIGURA 4 – DIFERENÇAS ENTRE ÉTICA E MORAL
FONTE: Adaptado de Tomelin e Tomelin (2002, p. 89-90)
FONTE: Adaptado de Paulo Netto (apud BONETTI et al., 2010, p. 23)
Assim,	 podemos	 observar	 que	 existem	diferenças	 concretas	 entre	 estes	
dois	conceitos,	no	entanto,	ainda	devemos	compreender	que:
TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
13
Assim,	concluímos	que	a	moral:
Vem	se	constituindo	historicamente,	mudando	no	decorrer	da	própria	
evolução	do	homem	em	sociedade.	Em	que	seus	hábitos	e	costumes	
são	constituídos	por	esta	relação	social,	em	que	a	essência	humana	é	
pautada	por	estes	princípios	morais.	E	estes,	por	sua	vez,	constituem	o	
ser	social	que	somos.	E	a	ética	nesta	questão	chega	para	simplesmente	
regular	e	analisar	estes	preceitos	morais	(PIERITZ,	2013,	p.	21).
Por	 conseguinte,	 segundo	 Pieritz	 (2013,	 p.	 21,	 grifo	 nosso),	 “a	 ética	
é	 precursora	 da	 TRANSFORMAÇÃO SOCIAL dos	 diversos	 sistemas	 ou	
estruturas	 sociais.	 Sistemas	 estes	 que	 imprimiam	 suas	 mudanças	 sociais,	 tais	
como:	Capitalismo	e	Socialismo”.
Por	fim,	Pieritz	(2013,	p.	21)	expõe	que	“quando	é	constituída	uma	nova	
estrutura	 social,	 a	 ética,	 os	 valores	 e	 princípios	 morais	 são	 modificados	 para	
constituir	assim	esta	nova	concepção	de	sociedade”.	Ou	seja,	historicamente,	com	
as	transformações	sociais,	políticas	e	econômicas	de	um	povo,	automaticamente	
o	sistema	de	valores	morais	e	éticos	se	transforma,	para	que	assim	seja	possível	
constituir	um	novo	padrão	sócio-histórico	daquele	determinado	grupo.
Salientando	ainda	que	nesse	processo	de	transformação	social	devemos	
respeitar	 a	 permanência	 de	 alguns	 valores	 socialmente	 construídos,	 como	 a	
solidariedade,	a	igualdade	e	a	fraternidade,	para	que	todos	possamos	construir	
uma	sociedade	mais	justa,	ética,	democrática	e	cidadã.
4 O PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA CIDADANIA
No	 que	 tange	 às	 questões	 pertinentes	 à	 cidadania,	 partiremos	 de	 sua	
concepção	advinda	do	Título	I	–	“Dos	Princípios	Fundamentais”	da	Constituição	
da	República	Federativa	do	Brasil	de	1988,	a	qual	assim	expressa:
Art.	 1º	 A	 República	 Federativa	 do	 Brasil,	 formada	 pela	 união	
indissolúvel	dos	Estados	e	Municípios	e	do	Distrito	Federal,	constitui-
se	em	Estado	democrático	de	direito	e	tem	como	fundamentos:	
I	-	a	soberania;	
II - a cidadania; 
III	-	a	dignidade	da	pessoa	humana;	
IV	-	os	valores	sociais	do	trabalho	e	da	livre	iniciativa;	
V	-	o	pluralismo	político.	
Parágrafo	 único.	 Todo	 o	 poder	 emana	 do	 povo,	 que	 o	 exerce	 por	
meio	 de	 representantes	 eleitos	 ou	 diretamente,	 nos	 termos	 desta	
Constituição.
Neste	sentido,	podemos	observar	que	um	dos	princípios	fundamentais	da	
Carta	Magna	brasileira	é	a	cidadania,	mas	você	sabe	o	seu	significado?
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
14
Vejamos:	cidadania	“é	um	conjunto	de	direitos	e	deveres	que	denotam	e	
fundamentam	as	condições	do	comportamento	de	cada	indivíduo	em	relação	à	
sociedade,	ou	seja,	a	cidadania	designa	normas	de	conduta	para	o	convívio	social,	
determinando	nossas	obrigações	e	direitos	perante	os	outros	integrantes	da	nossa	
sociedade”	(PIERITZ,	2013,	p.	132).	Neste	sentido:	
Ser	 cidadão	é	 respeitar	 e	participar	das	decisões	da	 sociedade,	para	
melhorar	 suas	 vidas	 e	 a	 de	 outras	 pessoas.	 Ser	 cidadão	 é	 nunca	
esquecer	 das	 pessoas	 que	 mais	 necessitam.	 A	 cidadania	 deve	 ser	
divulgada	através	de	instituições	de	ensino	e	meios	de	comunicação,	
para	o	bem-estar	e	desenvolvimento	da	nação.	A	cidadania	consiste	
desde	o	gesto	de	não	jogar	papel	na	rua,	não	pichar	os	muros,	respeitar	
os	 sinais	 e	 placas,	 respeitar	 os	 mais	 velhos	 (assim	 como	 todas	 as	
outras	pessoas),	não	destruir	telefones	públicos,	saber	dizer	obrigado,	
desculpe,	por	favor	e	bom	dia	quando	necessário	[...],	até	saber	lidar	
com	o	abandono	e	a	exclusão	das	pessoas	necessitadas,	o	direito	das	
crianças	 carentes	 e	 outros	 grandes	 problemas	 que	 enfrentamos	 em	
nosso	país.	‘A	revolta	é	o	último	dos	direitos	a	que	deve	um	povo	livre	
para	garantir	os	interesses	coletivos:	mas	é	também	o	mais	imperioso	
dos	deveres	impostos	aos	cidadãos’.	Juarez	Távora	-	Militar	e	político	
brasileiro	(WEB	CIÊNCIA,	2009	apud	PIERITZ,	2013,	p.	132).
Portanto,	podemos	observar	que	a	cidadania	possui	três	dimensões.
QUADRO 5 – DIMENSÕES DA CIDADANIA
FONTE: Adaptado de Pieritz (2013, p. 132-133)
	DIMENSÕES	DA	CIDADANIA
Cidadania 
civil
São	aqueles	direitos	advindos	da	LIBERDADE de cada indivíduo, 
por	exemplo:	
	 •	 o	livre-arbítrio	para	expressar	nossos	pensamentos;	
	 •	 o	direito	de	propriedade	(venda	e	compra	de	um	
	 	 imóvel,	um	bem	ou	serviço);	
	 •	 entre	outros.
Cidadania 
política
Podemos	considerar	que	a	cidadania	política	se	legitima	quando	
os	 homens	 exercem seu poder político de ELEGER e SER 
ELEITOS	para	o	exercício	do	poder	político,	independentemente	
da	 instituição	pública	 ou	privada	na	 qual	 venham	exercer	 suas	
atribuições.
Cidadania 
social
Compreendida como o conjunto de direitos concernentes ao 
CONFORTO de cada cidadão,	no	que	tange	à	sua	vida	econômica	
e	social,	ou	seja,	do	seu	bem-estar	social.
A	cidadania	expressa	os	direitos	e	deveres	de	todas	as	pessoas	que	vivem	
e	 convivem	em	sociedade,	 seja	na	esfera	 social,	política	ou	 civil,	no	que	 tange	
ao	respeito	a	si,	ao	próximo	e	ao	patrimônio	público	e	privado.	Além	de	que	a	
cidadania	é	participação	nos	espaços	públicos	de	discussão,	a	qual	permeia	as	
questões	de	democracia	e	ética	de	toda	a	população	daquele	determinado	grupo	
social,	político	ou	econômico.
TÓPICO 1 | DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA
15
Deste	modo,	Maciel	 (2012,	 p.	 29)	 expõe	 que	hoje	 em	dia	 a	 cidadania	 é	
“sinônimo	de	participação	que	remete	ao	exercício	da	democracia	para	além	das	
eleições.	Somos	‘controladores’	da	política,	do	orçamento,	ou	seja,	das	ações	do	
Estado	como	um	todo”.	Cada	cidadão	tem	o	dever	e	o	direito	de	participar	de	
todos	os	espaços	democráticos	do	seu	município,	Estado	ou	Federação.
Nesse	sentido,	tem-se	a	participação	como	um	mecanismo	do	exercício	da	
cidadania,	ou	seja,	“O	conceito	contemporâneo	de	cidadania	transcende	a	simples	
lógica	da	garantia	de	direitos	 legais.	Segundo	a	concepção	de	Dallari	 (2004),	a	
cidadania	expressa	um	conjunto	de	direitos	que	dá	à	pessoa	a	possibilidade	de	
participar	da	vida	e	do	governo	de	seu	povo”	(MACIEL,	2012,	p.	31).	Portanto,	
a	palavra	de	ordem	é	“participar”,	fazer	parte	do	processo	democrático,	pois,	de	
acordo	com	Maciel	(2012,	p.	32),	quem	não	exerce	sua	cidadania	“está	excluído	
da	 vida	 social	 e	 da	 tomada	 de	 decisões.	 A	 cidadania	 não	 significa	 apenas	
uma	 conquista	 legal	 de	 alguns	 direitos,	 mas	 sim	 a	 realização	 destes	 direitos.	
Ela	 é	 construída	 e	 conquistada	 a	 partir	 da	 nossa	 capacidade	 de	 organização,	
participação	e	intervenção	social”.
Vale	salientar	que	a	cidadania	é	conquistada	pela	nossa	participação	nos	
momentos	das	discussões	e	decisões	coletivas,	portanto	a	cidadania	se	dá	pela	
participação	ativa	de	nossa	vida	em	sociedade	e	na	vida	pública.
16
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 A	 compreensão	 do	 significado	 mais	 usual	 da	 democracia	 denota	 que	 a	
democracia	é	compreendida	como	um	sistema de governo,	no	qual	o	povo	
governa	para	sua	própria	sociedade.
•	 A	democracia	pode	ser	exercida	de	duas	formas	distintas,	pois	ela	pode	ser	
direta	ou	indireta.
•	 	 A	 democracia	 é	 compreendida	 popularmentecomo	 a	 escolha	 de	 nossos	
representantes	legais,	por	intermédio	do	voto	popular.
•	 O	Estado	Democrático	de	direito,	que	é	aquele	Estado	que	se	organiza	e	opera	
democraticamente.
•	 A	Constituição	da	República	Federativa	do	Brasil	se	organizou	e	definiu	suas	
normativas	em	prol	de	um	Estado	Democrático, no	qual	a	democracia	deverá	
ser	a	base	fundamental	da	República	Federativa	do	Brasil.
•	 A	 democracia	 também	 está	 atrelada	 ao	 conceito	 do	 “jogo	 de	 poderes”,	
principalmente	 a	 disputa	 e	 concorrência	 de	 cargos	 em	 todas	 as	 esferas	
governamentais	ou	não.	
•	 É	 importante	 relembrar	 que	 o	 elemento	 fundamental	 da	 democracia	 é	 a	
“participação	do	povo”.	
•	 A	ética	é	uma	das	áreas	da	filosofia que	investiga	o	agir	humano	na	convivência	
com	os	outros.
•	 	 A	 ética	 está	 diretamente	 relacionada	 aos	 nossos	 costumes	 e	 às	 ações	 em	
sociedade,	 ou	 seja,	 ao	 nosso	 comportamento,	 ao	 nosso	modo	 de	 vida	 e	 de	
convivência	com	os	outros	integrantes	da	sociedade.
•	 Todos	nós	possuímos	princípios	e	valores	que	foram	e	são	constituídos	por	
nossa	sociedade.	E,	com	relação	a	estes	valores,	cada	um	de	nós	possui	uma	
visão	do	que	é	certo	e	errado,	do	que	é	o	bem	e	o	mal.
•	 A	consciência	moral	é	determinada	por	um	consenso	coletivo	e	social,	ou	seja,	
o	conjunto	da	sociedade	é	que	formula	e	compõe	as	normas	de	conduta	que	o	
regem.	
•	 Os	problemas	éticos	permeiam	todas	as	nossas	ações	em	sociedade.
 
RESUMO DO TÓPICO 1
17
•	 Existem	diferenças	nítidas	entre	ética	e	moral,	sendo	que	a	ética	regula	a	moral,	
a	ética	é	generalista	e	a	moral	reflete	o	comportamento	socialmente	construído	
e	legitimado	pelo	seu	povo.
•	 A	principal	função	da	ética	é	sugerir	qual	o	melhor	comportamento	que	cada	
pessoa	ou	grupo	social	tem	ou	venha	a	ter.	Indicando	o	que	é	certo	ou	errado,	
o	que	é	bom	ou	mal.	
•	 O	valor	da	ética	está	naquilo	que	ela	explica,	o	fato	real	daquilo	que	foi	ou	é,	e	
não	no	fato	de	recomendar	uma	ação	ou	uma	atitude	moral.
•	 Um	dos	princípios	fundamentais	da	Carta	Magna	brasileira	é	a	cidadania.
•	 A	cidadania	designa	normas	de	conduta	para	o	convívio	social,	determinando	
nossas	obrigações	e	direitos	perante	os	outros	integrantes	da	nossa	sociedade.
•	 A	cidadania	expressa	os	direitos	e	deveres	de	todas	as	pessoas	que	vivem	e	
convivem	em	sociedade,	seja	na	esfera	social,	política	ou	civil,	no	que	tange	ao	
respeito	a	si,	ao	próximo	e	ao	patrimônio	público	e	privado.	
•	 Cada	 cidadão	 tem	 o	 dever	 e	 o	 direito	 de	 participar	 de	 todos	 os	 espaços	
democráticos	 do	 seu	 município,	 Estado	 ou	 Federação.	 A	 participação	 é	
compreendida	como	um	mecanismo	do	exercício	da	cidadania.
18
1 (ENADE-2010,	 Formação	 Geral,	 Questão	 9)	 As	 seguintes	 acepções	 dos	
termos	democracia	e	ética	foram	extraídas	do	Dicionário	Houaiss	da	Língua	
Portuguesa.
democracia. POL.	1 governo	do	povo;	 governo	 em	que	 o	 povo	
exerce	 a	 soberania	 2 sistema	 político	 cujas	 ações	 atendem	 aos	
interesses	populares	3 governo	no	qual	o	povo	toma	as	decisões	
importantes	 a	 respeito	 das	 políticas	 públicas,	 não	 de	 forma	
ocasional	ou	circunstancial,	mas	segundo	princípios	permanentes	
de	legalidade	4 sistema	político	comprometido	com	a	igualdade	
ou	com	a	distribuição	equitativa	de	poder	entre	todos	os	cidadãos	
5 governo	que	acata	a	vontade	da	maioria	da	população,	embora	
respeitando	os	direitos	e	a	livre	expressão	das	minorias.
ética. 1 parte	 da	 filosofia	 responsável	 pela	 investigação	 dos	
princípios	 que	motivam,	 distorcem,	 disciplinam	 ou	 orientam	 o	
comportamento	humano,	 refletindo	especialmente	a	 respeito	da	
essência	das	normas,	valores,	prescrições	e	exortações	presentes	
em	qualquer	realidade	social.	2 p.ext. conjunto	de	regras	e	preceitos	
de	ordem	valorativa	e	moral	de	um	indivíduo,	de	um	grupo	social	
ou	de	uma	sociedade.
Dicionário	Houaiss	da	Língua	Portuguesa.	Rio	de	Janeiro:	Objetiva,	2001.
Considerando	as	acepções	acima,	elabore	um	texto	dissertativo,	com	até	15	linhas,	
acerca	do	seguinte	tema: Comportamento ético nas sociedades democráticas.
Em	seu	texto,	aborde	os	seguintes	aspectos:
a)	conceito	de	sociedade	democrática;	
b)	evidências	de	um	comportamento	não	ético	de	um	indivíduo;	
c)	 exemplo	 de	 um	 comportamento	 ético	 de	 um	 futuro	 profissional	
comprometido	com	a	cidadania.	
2	(ENADE-2010,	Formação	Geral,	Questão	2)
AUTOATIVIDADE
19
A	charge	acima	representa	um	grupo	de	cidadãos	pensando	e	agindo	de	modo	
diferenciado,	 frente	 a	 uma	 decisão	 cujo	 caminho	 exige	 um	 percurso	 ético.	
Considerando	a	imagem	e	as	ideias	que	ela	transmite,	avalie	as	alternativas	
que	seguem.
I-	A	ética	não	se	impõe	imperativamente	nem	universalmente	a	cada	cidadão;	
cada	um	terá	que	escolher	por	si	mesmo	os	seus	valores	e	ideias,	isto	é,	praticar	
a	autoética.
II-	A	ética	política	supõe	sujeito	responsável	por	suas	ações	e	pelo	seu	modo	
de	agir	na	sociedade.
III-	A	ética	pode	se	reduzir	ao	político,	do	mesmo	modo	que	o	político	pode	se	
reduzir	à	ética,	em	um	processo	a	serviço	do	sujeito	responsável.
IV-	A	ética	prescinde	de	condições	históricas	e	sociais,	pois	é	no	homem	que	se	
situa	a	decisão	ética,	quando	ele	escolhe	os	seus	valores	e	as	suas	afinidades.
V-	 A	 ética	 se	 dá	 de	 fora	 para	 dentro,	 como	 compreensão	 do	 mundo,	 na	
perspectiva	do	fortalecimento	dos	valores	pessoais.
Estão	corretas:
a)	 (	 )	 I	e	II.	
b)	 (	 )	 I	e	V.	
c)	 (	 )	 II	e	IV.	
d)	(	 )	 III	e	IV.	
e)	 (	 )	 III	e	V.
20
21
TÓPICO 2
SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Vamos	iniciar	o	nosso	tópico	apresentando	algumas	definições	e	conceitos	
a	respeito	dos	problemas	sociais	ocasionados	pela	diversidade	que	gera	diferenças	
entre	 coisas	 e	 seres,	 que	 por	 consequência	 geram	 os	mais	 diversos	 preconceitos,	
desigualdades	e	conflitos	sociais.
Vamos	reconhecer	a	necessidade	e	a	essencialidade	da	inclusão	como	uma	
forma	de	democratização	das	relações	sociais,	principalmente	na	emancipação	e	na	
sutileza	do	trato	com	o	outro,	seja	em	relação	aos	“iguais”	ou	entre	iguais	e	diferentes,	
o	que	 significa	apenas	uma	concepção	criada	para	diferenciar	pessoas	ou	grupos	
sociais	que,	de	alguma	forma,	ainda	não	foram	incluídos	no	contexto	social.
2 CONCEITOS DE DIVERSIDADE CULTURAL E 
DESIGUALDADE SOCIAL
A	diversidade	cultural	e	a	desigualdade	social,	apesar	de	terem	conceitos	
distintos,	 desempenham	 uma	 ampla	 relação	 entre	 seus	 termos,	 isto	 é,	 quanto	
maior	for	a	diversidade	cultural,	maior	será	a	desigualdade	social.	
Neste	sentido,	Gomes	(2012,	p.	678)	afirma	que	“a	diversidade,	entendida	
como	 construção	 histórica,	 social,	 cultural	 e	 política	 das	 diferenças,	 realiza-se	
em	meio	 às	 relações	 de	 poder	 e	 ao	 crescimento	 das	 desigualdades	 e	 da	 crise	
econômica	que	se	acentuam	no	contexto	nacional	e	internacional”.
A	diversidade	cultural	brasileira	 se	deu	pelo	processo	de	miscigenação	
entre	brancos,	índios	e	negros	e	foi	marcada	por	uma	série	de	crenças,	hábitos,	
costumes	 e	 conceitos	 contraditórios,	 alimentando	 assim	 uma	 discussão	
permanente	a	respeito	dos	direitos	e	deveres	dos	seres	humanos.	Principalmente	
no	 combate	 aos	 preconceitos	 remanescentes	 e	 oriundos	 dessa	 relação,	 que	
perdurou	por	séculos,	trazendo	sérias	consequências	a	uma	imensa	população	de	
oprimidos,	incluindo-se	aí	os	negros,	os	índios,	os	pobres,	os	portadores	de	algum	
tipo	de	deficiência,	tipos	de	preferências,	relações	e	diferenças	sexuais,	doenças	
crônicas,	dentre	outras	 formas	de	relações	consideradas	por	uma	boa	parte	da	
sociedade	como	algo	fora	da	normalidade	e,	por	esse	motivo,	não	aceitável.
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
22
3 DIVERSIDADE CULTURAL E DESIGUALDADE SOCIAL
A	diversidade	no	contexto	cultural	significa	uma	grande	quantidade	de	
coisas,	ações,	pensamentos,	ideias	e	pessoas	que	se	diferenciam	entre	si	dentro	de	
grupos	sociais	ou	dentro	de	uma	mesma	sociedade,	e	os	mesmos	são	passíveis	
de	 discussão,	 apelos,	 protestos,	 discórdia	 e	 geralmenteacabam	 em	 conflitos,	
chegando	até	às	desigualdades	sociais.		
Por	isso,	a	presença	da	diversidade	no	acontecer	humano	nem	sempre	
garante	um	trato	positivo	dessa	diversidade.	Os	diferentes	contextos	
históricos,	 sociais	 e	 culturais,	 permeados	 por	 relações	 de	 poder	 e	
dominação,	 são	 acompanhados	de	uma	maneira	 tensa	 e,	 por	 vezes,	
ambígua	de	lidar	com	o	diverso.	Nessa	tensão,	a	diversidade	pode	ser	
tratada	de	maneira	desigual	e	naturalizada	(GOMES,	2007,	p.	19).
No	 entanto,	 existem	 pontos	 de	 vista	 convergentes	 e	 pontos	 de	 vista	
divergentes,	ambos	discriminatórios,	um	no	sentido	positivo	e	outro	no	sentido	
negativo,	 isto	 é,	 no	 primeiro	 caso,	 trata-se	 daquilo	 que	 já	 foi	 estipulado	 pela	
sociedade	como	regras	relacionadas	com	bom	senso;	já	no	segundo	caso,	são	ações	
que	não	condizem	com	a	ordem	preestabelecida	através	das	leis,	normas	e	regras	
que	 regulam	 e	 inibem	 o	 que	 podemos	 definir	 como	 procedimentos	 absurdos.	
Portanto,	a	desigualdade	social	tem	os	seus	princípios	pautados	nas	tendências	e	
nas	diferenças	de	cada	indivíduo.	Vejamos:
A	 pobreza:	 é	 uma	 condição	 que	 faz	 parte	 de	 um	 determinado	 grupo	
de	pessoas	 que	vivem	à	margem	da	 sociedade,	 que	 são	 carentes	dos	 recursos	
existentes,	como	moradia,	alimentação,	situação	financeira	etc.	O	que,	na	visão	
de	alguns	autores,	é	a	condição	que	mais	degrada	o	ser	humano	e	a	que	mais	se	
aproxima	e	se	identifica	como	um	fator	ou	um	elemento	causal	do	desequilíbrio	
econômico	e	da	desigualdade	social.
Raça:	trata-se	da	discriminação	social,	o	que	é	muito	presente	nos	dias	de	
hoje	por	alguns	grupos	inescrupulosos	que	agridem	com	palavras	ou	pela	violência	
física	pessoas	que	não	são	da	mesma	etnia,	não	têm	a	mesma	cor	da	pele,	ou	são	de	
diferentes	religiões	ou,	até	mesmo,	por	causa	de	seu	comportamento	sexual.	
A	 discriminação	 racial	 diz	 respeito	 à	 raça/cor/fenótipo,	 que	 é	 um	 fator	
inerente	 à	pessoa.	Tal	discriminação	 é	 abominável,	 assim	como	a	discriminação	
a	 deficientes	 físicos	 ou	 idosos,	 pois	 tratam-se	 de	 aspectos	 involuntários	 e	 que,	
ademais,	revelam	a	riqueza	multifacetada	da	ordem	criada,	da	diversidade	natural.	
Outro	tipo	de	discriminação	é	a	avaliação	dos	atos	e	comportamentos,	seja	
na	escolha	de	uma	religião	e	suas	práticas	ou	nas	ações	que	envolvem	a	sexualidade,	
entre	outros	aspectos	do	comportamento	humano,	pois	nesses	casos	não	se	trata	
de	aspectos	inerentes	ou	involuntários,	mas	de	opções	sobre	as	quais	podemos	[e	
devemos]	fazer	 juízos	morais.	Do	contrário,	por	que	estaríamos	discutindo	isso?	
Será	 que	 o	 ser	 humano,	 com	 toda	 capacidade	 de	 raciocínio	 e	 reflexão	 sobre	 si	
mesmo,	reconhece	a	riqueza	da	pessoa?	Haveria	alguma	etnia	“melhor”	que	outra?
TÓPICO 2 | SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
23
Podemos	citar	como	exemplo	o	que	aconteceu	com	os	judeus,	conhecido	
como	o	holocausto,	ou	o	caso	da	África	do	Sul,	que	teve	repercussão	mundial,	
também	conhecido	como	segregação	 racial	 (Apartheid),	 que	 significa	 separação	
entre	negros	e	os	brancos	das	classes	dominantes.
DICAS
Sugerimos que você assista ao filme Mandela, que fala sobre a vida do ex-
presidente da África do Sul e líder da luta contra o Apartheid. O filme tem como diretor 
Justin Chadwick.
Como	podemos	perceber,	o	preconceito,	a	discriminação	e	o	descaso	com	
algumas	pessoas	têm	ocasionado	uma	série	de	sofrimento	e	dor,	principalmente	
para	aquelas	que	são	rejeitadas	por	uma	grande	parte	da	sociedade,	em	que	as	
mesmas	são	 julgadas	e	condenadas	ao	mesmo	tempo,	após	serem	classificadas	
como	diferentes,	porém,	diferentes	no	sentido	tendencioso	e	pejorativo,	e	muitas	
vezes	 essas	 pessoas	 são	 taxadas	 e	 rotuladas	 como	 pervertidas,	 no	 caso	 dos	
homossexuais,	e	frágeis,	no	caso	das	mulheres.	Vejamos:
Mulher:	infelizmente,	as	estatísticas	comprovam	que	apesar	das	várias	leis	
existentes,	no	caso	específico	da	Lei	Maria	da	Penha,	instituída	para	a	proteção	
da	integridade	da	mulher	brasileira	contra	casos	de	violência	doméstica,	ainda	
existem	casos	absurdos	de	desrespeito	à	dignidade	humana,	não	discriminando	
raça,	religião	ou	posição	social.
Homossexualidade:	é	o	comportamento	sexual	entre	pessoas	do	mesmo	
sexo,	e	para	alguns	 indivíduos	esse	 tipo	de	comportamento	 fere	as	normas	de	
conduta	universal.	No	entanto,	 já	existem	projetos	no	Congresso	Nacional	que	
criminalizam	certas	atitudes	discriminatórias	contra	essa	parcela	da	sociedade,	o	
que	significa	um	avanço	na	busca	de	um	espaço	alternativo,	o	que	é	perfeitamente	
compreensivo	em	uma	sociedade	cultural	democrática.
De	 acordo	 com	 Silva	 (2007,	 p.	 133),	 “[...]	 os	 diferentes	 grupos	 sociais,	
situados	 em	 posições	 diferenciadas	 de	 poder,	 lutam	 pela	 imposição	 de	 seus	
significados	 à	 sociedade	mais	 ampla”.	Assim,	 é	 fundamental	 que	 percebamos	
as	diferenças	e	desigualdades	não	de	forma	natural,	mas	como	uma	construção	
histórica	possível	de	ser	desestabilizada	em	sua	forma	rígida,	para	ser	transformada	
em	algo	que	possa	ser	identificado	e	reconhecido	como	base	para	a	construção	de	
relações	 interpessoais	mais	democráticas	dentro	da	 sociedade,	 isto	é,	devemos	
pensar	e	repensar	o	seu	conceito	histórico	e	a	sua	trajetória	futura,	pois,	de	acordo	
com	Gomes	(2007,	p.	22):		
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
24
A	diversidade	cultural	varia	de	contexto	para	contexto.	Nem	sempre	aquilo	
que	julgamos	como	diferença	social,	histórica	e	culturalmente	construída	
recebe	 a	mesma	 interpretação	 nas	 diferentes	 sociedades.	Além	 disso,	 o	
modo	de	ser	e	de	interpretar	o	mundo	também	é	variado	e	diverso.
Por	 isso,	 a	 diversidade	 precisa	 ser	 entendida	 em	 uma	 perspectiva	
relacional.	 Ou	 seja,	 as	 características,	 os	 atributos	 ou	 as	 formas	
‘inventadas’	pela	cultura	para	distinguir	tanto	o	sujeito	quanto	o	grupo	
a	que	ele	pertence	dependem	do	lugar	por	eles	ocupado	na	sociedade	
e	da	relação	que	mantêm	entre	si	e	com	os	outros.	
Portanto,	 o	 caráter	 multicultural	 de	 nossas	 sociedades	 revela-se	 hoje	
temática	 quase	 obrigatória	 nas	 discussões	 sobre	 sociedade	 e	 sobre	 educação.	
Porém,	 refletir	 sobre	 a	diversidade	 exige	um	posicionamento	 crítico	diante	de	
uma	realidade	cultural	e	racialmente	miscigenada,	assunto	que,	apesar	de	já	ter	
sido	discutido	anteriormente,	achamos	prudente	e	viável	inserir	neste	parágrafo	
outra	opinião,	que	confirma	as	anteriores	a	respeito	do	processo	de	miscigenação.	
“Não	podemos	esquecer	que	a	sociedade	é	construída	em	contextos	históricos,	
socioeconômicos	 e	 políticos	 tensos,	 marcados	 por	 processos	 de	 colonização	 e	
dominação.	Estamos,	portanto,	no	terreno	das	desigualdades,	das	identidades	e	das	
diferenças”	(GOMES,	2007,	p.	22).	E	ainda	segundo	Gomes	(2003,	p.	73):
O	 reconhecimento	 dos	 diversos	 recortes	 dentro	 da	 ampla	 temática	
da	 diversidade	 cultural	 (negros,	 índios,	 mulheres,	 portadores	 de	
necessidades	 especiais,	 homossexuais,	 entre	 outros)	 coloca-nos	
frente	a	frente	com	a	luta	desses	e	outros	grupos	em	prol	do	respeito	
à	 diferença.	 Coloca-nos	 também	 diante	 do	 desafio	 de	 implementar	
políticas	públicas	em	que	a	história	e	a	diferença	de	cada	grupo	social	e	
cultural	sejam	respeitadas	dentro	das	suas	especificidades,	sem	perder	
o	rumo	do	diálogo,	da	troca	de	experiências	e	da	garantia	dos	direitos	
sociais.	A	luta	pelo	direito	e	pelo	reconhecimento	das	diferenças	não	
pode	se	dar	de	forma	separada	e	isolada	e	nem	resultar	em	práticas	
culturais,	políticas	e	pedagógicas	solidárias	e	excludentes.
No	entanto,	a	diversidade	e	a	diferença	dizem	respeito	não	somente	aos	
sinais	que	podem	ser	vistos	a	olho	nu,	mas	também	àqueles	que	são	construídos	
socialmente	ao	longo	de	um	processo	histórico,	tendo	os	seus	pontos	divergentes	
e	convergentes,	que	são	construídos	através	das	relações	sociais	e,	principalmente,	
nas	relações	de	poder	e	de	submissão,	e	para	algumas	pessoas,	nem	sempre	esse	
posicionamento	é	entendido	dessa	forma.	
Como	 nos	 diz	 Carlos	 RodriguesBrandão	 (1986	 apud	 GOMES,	 2007,	 p.	
25),	“por	diversas	vezes,	os	grupos	humanos	 tornam	o	outro	diferente	para	 fazê-
lo	 inimigo”.	Aprofundando	essa	reflexão,	 tomamos	como	exemplo	a	Constituição	
Federal	de	1988,	que	trata	no	Artigo	5º	dos	Direitos	e	Deveres	Individuais	e	Coletivos:
Art.	 5º	 Todos	 são	 iguais	 perante	 a	 lei,	 sem	 distinção	 de	 qualquer	
natureza,	garantindo-se	 aos	brasileiros	 e	 aos	 estrangeiros	 residentes	
no	País	a	inviolabilidade	do	direito	à	vida,	à	liberdade,	à	igualdade,	à	
segurança	e	à	propriedade,	nos	termos	seguintes:
I	-	homens	e	mulheres	são	iguais	em	direitos	e	obrigações,	nos	termos	
desta	Constituição;
TÓPICO 2 | SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
25
II	 -	ninguém	será	obrigado	a	 fazer	ou	deixar	de	 fazer	 alguma	coisa	
senão	em	virtude	de	lei;
III	-	ninguém	será	submetido	a	tortura	nem	a	tratamento	desumano	ou	
degradante;	[...]	(BRASIL,	1988,	s.p.).
Neste	 sentido,	 surgem	 algumas	 perguntas	 relacionadas	 à	 diversidade	
humana	 e	 seus	 direitos:	 se	 “todos	 são	 iguais	 perante	 a	 lei,	 sem	 distinção	 de	
qualquer	 natureza”,	 tendo	 reconhecidas	 suas	 individualidades	 de	 homem	 e	
mulher	como	cidadãos,	por	que	tanto	se	discute	sobre	as	“questões	de	gênero”?	
Será	que	essa	ideologia	propõe	a	valorização	da	pessoa	humana?	Ou	está	disposta	
a	trazer	divisão,	confusão	de	ideias	ou	até	mesmo	a	negação	da	ordem	natural?	
Ao	 privilegiar	 determinados	 grupos	 em	 detrimento	 de	 outros,	 não	 estaria	
contrariando	a	própria	Constituição?
Acadêmico,	 são	 muitos	 os	 questionamentos,	 e	 conforme	 destacado	 na	
apresentação	deste	livro,	“aprender a questionar é tão importante quanto buscar 
o saber”.	Por	 isso,	nosso	propósito	é	 estimular	o	 seu	 raciocínio	 crítico	 sobre	a	
realidade	 em	 que	 vivemos,	 em	 um	 tempo	 de	 profundas	 e	 rápidas	mudanças	
culturais,	um	tempo	de	aumento	do	individualismo,	da	comunicação	quase	que	
exclusivamente	on-line,	em	que	pouco	se	ouve,	vê,	toca	ou	sente.	O	diálogo	é	o	
caminho	que	nos	une,	 revela	nossa	 capacidade	de	 aprender	 com	o	próximo	 e	
permite	que	as	diferenças	favoreçam	a	complementariedade	promotora	da	paz.
Pensar	 na	 diversidade	 cultural	 é	 pensar	 em	 sociedade,	 que	 envolve	
pensamento,	 ideia,	 ação	 e	 mudanças,	 isto	 é,	 significa	 pensar	 não	 apenas	 no	
reconhecimento	do	outro,	mas	pensar	na	relação	entre	o	eu	e	o	outro,	pois,	quando	
consideramos	o	outro	estamos	 também	considerando	a	nossa	história,	o	nosso	
grupo	e	o	nosso	povo,	mas	não	apenas	como	um	simples	padrão	de	comparação,	
e	sim	em	sua	totalidade.	
FIGURA 5 – DIVERSIDADE CULTURAL
FONTE: Disponível em: <http://educacaobilingue.com/2010/01/17/indigena/>. 
Acesso em: 12 fev. 2014.
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
26
Nessa	 perspectiva,	 percebemos	 que	 “somos	 todos	 iguais	 como	 seres	
humanos.	 Por	 isso	 devemos	 combater	 qualquer	 forma	 de	 discriminação	 e	 de	
arrogância,	agindo	solidariamente	uns	com	os	outros”	(AQUINO	et	al.,	2002,	p.	
16).	O	ser	humano	veio	ao	mundo	não	somente	para	compor	ou	contribuir	para	o	
povoamento	da	Terra,	mas	para	ser	útil,	participativo,	democrático,	ético,	moral	
e	solidário	para	com	os	seus	semelhantes.	
Essas	são	as	diversas	opções	existentes,	que	além	de	motivadoras,	também	
servem	como	estímulo	na	adaptação	do	ser	humano,	bem	como	no	seu	processo	
de	desenvolvimento	pessoal	 frente	às	diversidades	existentes	no	universo,	que	
poderíamos	denominá-las	como	um	conjunto	de	atos	e	fatos	diferentes	entre	si	
que	formam	a	sociedade	como	um	todo.	Para	Saji	(2005,	p.	13),	“o	tema	diversidade	
é	bastante	amplo.	Sua	abordagem	vai	desde	definições	restritas	às	questões	de	
raça,	etnia	e	gênero,	até	as	mais	abrangentes,	que	consideram	como	diversidade	
qualquer	diferença	individual	entre	as	pessoas”.
AUTOATIVIDADE
Chegou	a	sua	vez!
Escreva	o	seu	conceito	para	Diversidade.
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Assim,	a	diversidade	faz	parte	da	natureza	das	coisas	existenciais,	sendo	
elas	 a	 diversidade	 relacionada	 à	 situação	 socioeconômica,	 ou	 à	 diversidade	
cultural,	em	que	as	mesmas	foram	se	transformando	em	essência	no	decorrer	dos	
tempos,	principalmente	em	se	tratando	das	diferenças	relacionadas	às	diferentes	
raças	e	suas	manifestações	culturais,	incluindo-se	aí	a	sua	descendência,	que,	por	
consequência,	deixam	de	fazer	parte	da	cultura	original	e	passam	a	fazer	parte	
de	outra	cultura	produzida	para	atender	a	uma	demanda	econômica.	Como	foi	
o	 caso	 da	 cultura	 da	 cana-de-açúcar,	 explorada	 pelos	 grandes	 latifundiários,	
gerando	 um	 longo	 período	 de	 uma	 relação	 conflitante	 e	 tumultuada	 entre	 o	
poder	daqueles	grupos	de	exploradores	e	a	submissão	dos	negros,	dos	 índios,	
das	mulheres,	das	crianças	e	adolescentes.	
Nenhum	povo	que	passasse	por	isso	como	sua	rotina	de	vida,	através	
de	séculos,	sairia	dela	sem	ficar	marcado	indelevelmente.	Todos	nós,	
brasileiros,	somos	carne	da	carne	daqueles	pretos	e	índios	supliciados.	
Todos	nós	brasileiros	somos,	por	igual,	a	mão	possessa	que	os	supliciou.	
A	doçura	mais	terna	e	a	crueldade	mais	atroz	aqui	se	conjugaram	para	
fazer	de	nós	a	gente	sentida	e	sofrida	que	somos	e	a	gente	insensível	e	
brutal,	que	também	somos.	Descendentes	de	escravos	e	de	senhores	de	
escravos,	seremos	sempre	servos	da	malignidade	destilada	e	instalada	
em	 nós,	 tanto	 pelo	 sentimento	 da	 dor	 intencionalmente	 produzida	
para	doer	mais,	quanto	pelo	exercício	da	brutalidade	sobre	homens,	
sobre	mulheres,	 sobre	 crianças	 convertidas	 em	pasto	de	nossa	 fúria	
(RIBEIRO,	1995,	p.	120).
TÓPICO 2 | SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
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AUTOATIVIDADE
Qual	o	seu	conceito	para	desigualdade	social?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
Então,	caro	acadêmico,	existe	uma	diversidade	de	coisas	diferentes	e	uma	
diversidade	de	pessoas	diferentes	em	todos	os	seus	aspectos.	A	esse	tipo	de	diversidade	
denominamos	de	diversidade	cultural,	o	que	significa,	na	prática,	o	relacionamento	
comunitário,	ou	melhor,	o	relacionamento	em	diferentes	comunidades,	podendo	esse	
relacionamento	contribuir	significativamente	no	sentido	cooperativo	ou	na	geração	
de	conflitos,	que	são	chamados	de	conflitos	sociais.	
Portanto,	 são	 essas	 diferenças	 que	 geram	 o	 princípio	 da	 desigualdade	
social,	 que	vão	 além	das	 características	humanas,	ultrapassando	o	bom	senso,	
descaracterizando	o	princípio	da	igualdade	e	do	amor	ao	próximo,	modificando	
ou	 alterando	 outros	 princípios	 considerados	 de	 grande	 importância	 para	 as	
questões	 relacionadas	 com	 o	 respeito,	 a	 dignidade,	 a	 reciprocidade	 e	 as	 boas	
práticas	das	relações	humanas	no	contexto	social.	
Acadêmicos!	É	preciso	que	haja	um	basta	nesta	triste	trajetória	de	descaso	e	
discriminação	entre	os	seres	humanos,	principalmente	frear	os	impulsos	daqueles	
mais	exaltados,	que	ferem	com	palavras	e	atos	e	cada	vez	mais	maculam	a	imagem	
e	obscurecem	a	identidade	do	indivíduo	como	pessoa	e	como	cidadão	com	direitos	
e	deveres.	Dessa	forma,	contribuindo	para	o	desenvolvimento	econômico	e	social.	
Isso	é	cidadania,	isso	é	respeito	e	é	também	uma	forma	de	inclusão	social.
Assim,	a	desigualdade	significa	não	só	a	diferença	existente	entre	pessoas	
ou	coisas	que	compõem	o	universo,	mas	significa	também	a	diferença	no	tratamento	
e	no	respeito	para	com	o	outro.	Nesse	caso,	estamos	nos	referindo	à	desigualdade	
humana,	que	na	maioria	das	vezes	está	 caracterizada	pelo	preconceito	e	pelos	
diversos	tipos	de	violências	e	pelas	suas	relações	conflitantes	dentro	do	contexto	
social.	Exemplo:	a	desigualdade	socioeconômica,	as	desigualdades	raciais,	a	falta	
de	segurança,	a	falta	de	acesso	à	moradia,	ao	saneamento	básico,	dentre	outras	
formas	de	exclusão	social.Muitas	vezes,	essas	diferenças	são	ocasionadas	pela	
falta	de	 oportunidade,	 excluindo	 até	 o	mais	digno	do	 ser	 humano,	 o	 que	não	
deixa	de	ser	uma	forma	preconceituosa	de	relação	e	convivência	social.	Aquino	et	
al.	(2002,	p.	34-35)	afirmam	que:
Toda	vez	que	julgamos	uma	pessoa,	um	grupo	ou	mesmo	um	povo	sem	
conhecê-los,	 estamos	 usando	 de	 preconceito.	 [...].	 O	 termo	 preconceito	
significa	 o	 conjunto	 de	 opiniões	 formadas	 antecipadamente	 sobre	 o	
outro,	 sem	 levar	 em	 conta	 suas	 qualidades	 ou	 suas	 capacidades.	 Os	
preconceituosos	têm	atitudes	intolerantes	com	as	pessoas	que	são	diferentes	
deles.	Julgam-se	superiores	e,	por	isso,	desvalorizam	e	desrespeitam	outras	
pessoas.	Preconceito	e	intolerância	andam	sempre	juntos.
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
28
São	atitudes	que	acontecem	no	dia	a	dia,	por	meio	de	atos,	gestos	ou	
palavras	que	tentam	diminuir,	rebaixar	os	modos	de	ser,	agir	e	sentir	
dos	outros.	E,	algumas	vezes,	elas	ocorrem	sem	que	as	percebamos	com	
clareza,	até	senti-las	na	própria	pele	–	por	exemplo,	quando	não	somos	
aceitos	por	alguém	ou	por	um	grupo.	Neste	caso,	somos	vítimas	de	um	
preconceito	aberto,	direto	e	explícito.	E	 isso	 já	aconteceu	com	 todos	
nós,	de	um	modo	ou	de	outro.	Mas	há	também	o	preconceito	indireto,	
implícito,	como	as	piadas	de	mau	gosto,	que	ofendem	as	pessoas	só	
por	causa	de	sua	raça,	nacionalidade,	sexo	e	outras	características.
Ainda	com	relação	aos	preconceitos,	segundo	a	denominação	de	inclusão	
e	exclusão	social,	 estas	 são	pautadas	e	divididas	em	grupos	ou	classes	sociais,	
que,	por	sua	vez,	são	classificadas	hierarquicamente	de	acordo	com	o	seu	poder	
aquisitivo,	 sua	 relação	 social,	 diferenças	 culturais,	 a	 cor	 da	 pele,	 sexualidade,	
etnia,	deficiências	físicas,	idade,	crenças	etc.	
Portanto,	 a	 diversidade	 humana	 (pessoas	 diferentes)	 deveria	 ser	 um	
instrumento	de	unificação	dos	seres,	diferentemente	das	desigualdades	sociais,	
que	significam	que	nem	todos	têm	as	mesmas	oportunidades,	o	que	em	grande	
parte	se	deve	às	diversas	formas	de	preconceito.	Alguns	deles,	no	modo	de	ver	
do	seu	praticante,	lhe	soam	como	se	isso	fosse	uma	espécie	de	elogio	ao	próximo.	
Exemplo:	E	aí,	negão!?	Essa	expressão,	que	parece	simples,	é	uma	forma	disfarçada	
de	discriminação.	“Algumas	expressões	corriqueiras	que	falamos	sem	pensar	são	
carregadas	de	preconceito”	(AQUINO	et	al.,	2002,	p.	44).
Aquino	et	al.	(2002,	p.	44)	trazem	mais	exemplos:	“é	o	caso	de	determinadas	
expressões	preconceituosas,	como:	os	negros	que	têm	‘almas	brancas’,	os	homossexuais	
que	parecem	‘pessoas	normais’,	os	idosos	que	parecem	‘jovens’,	os	obesos	que	são	
‘engraçados’,	as	pessoas	pobres	que	são	‘limpas’.	E	assim	por	diante”.
 
Como	sabemos,	o	descaso	e	as	práticas	discriminatórias	em	relação	a	essas	
pessoas,	que	fazem	parte,	assim	como	todos	nós,	de	um	mesmo	espaço	planetário,	
não	 deveriam	 existir,	 mesmo	 porque	 a	 diferença	 existente	 entre	 os	 seres	 de	
todas	as	espécies	faz	parte	de	um	processo	natural,	ou	melhor,	da	natureza	das	
coisas	existentes.	E	os	seres	humanos	vão	além	das	diferenças,	pois	nós	somos	
dotados	de	raciocínio	e	discernimento	para	avaliar	e	distinguir	o	certo	do	errado,	
comportamento	 esse	 que	 deveria	 ser	 institucionalizado	 pelas	 tradições,	 pelos	
valores	éticos	e	morais,	sem	a	necessidade	de	uma	imposição	legal,	como	é	o	caso	
da	Declaração	Universal	dos	Direitos	Humanos.
No	 entanto,	 parece	 que	 pouco	 têm	 efeito	 as	 leis	 que	 reprimem	 essas	
práticas	 discriminatórias,	 preconceituosas	 e	 racistas,	 visto	 que,	 infelizmente,	
parece	 existir	uma	autorrejeição	por	parte	de	 algumas	pessoas	ou	grupos	que	
ainda	mantêm	certos	padrões	de	comportamento	que	não	mais	condizem	com	
a	 realidade	dos	padrões	 atuais	 e	universais,	dos	direitos	 constituídos	 e	 com	o	
processo	democrático,	com	as	leis	de	proteção	às	crianças,	aos	idosos,	aos	negros,	
às	mulheres,	aos	indígenas,	aos	deficientes	físicos,	entre	outros.	São	seres	humanos	
que	sofrem	discriminação	e	negação	de	direitos	que	estão	incluídos	na	Declaração	
Universal	dos	Direitos	Humanos,	conforme	citado	no	parágrafo	acima.
TÓPICO 2 | SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
29
Nesta	 perspectiva,	 não	 se	 desconsidera	 que	 as	 diferenças	 existam	
e	 estejam	 colocadas	 socialmente,	 porém,	 elas	 não	 significam,	
necessariamente,	 exclusão	 social.	 Por	 exemplo,	 a	 condição	 de	 raça,	
gênero,	religião,	entre	outras,	não	seria	elemento	de	exclusão,	mas	de	
diferenciação	entre	as	pessoas,	não	as	tornando	‘desiguais’.	As	pessoas	
são	diferentes	umas	das	outras	e	isto	nada	tem	a	ver	com	privilégios.	
Assim,	racismos	e	preconceitos	se	fundamentam	no	entendimento	da	
diferença/diversidade	como	desigualdade.	Nestes	termos,	as	pessoas	
e	 os	 grupos	 sociais	 têm	 o	 direito	 a	 ser	 iguais	 quando	 a	 diferença	
os	 inferioriza	 e	 o	 direito	 a	 ser	 diferentes	 quando	 a	 igualdade	 os	
descaracteriza	(SANTOS,	2003	apud	MARQUES,	2009,	p.	68).
 
Para	que	possamos	entender	e	discursar	sobre	o	conceito	de	diversidade	não	
é	tão	fácil	como	parece,	pois	é	preciso	nos	aprofundarmos	sobre	o	seu	real	significado	
e	a	sua	real	importância	no	equilíbrio	natural	e	social,	na	relação	homem-natureza,	e	
principalmente	na	relação	entre	seres	humanos,	tanto	no	que	diz	respeito	à	tolerância	
e	ao	respeito	mútuo	entre	seres	da	mesma	espécie,	bem	como	a	compreensão	e	o	
sentimento	solidário,	que	são	a	base	do	princípio	da	igualdade.
Sem	diversidade	não	há	estímulos	para	pensar	diferente,	não	há	estímulos	
para	pensar	no	princípio	da	igualdade.	Portanto,	pensar	diferente	é	o	caminho	
para	viver	 e	 compreender	 o	 sentimento	 solidário	 que	devemos	 ter.	Apesar	de	
que,	no	dia	a	dia,	relacionar-se	com	as	inúmeras	diferenças	humanas	e	sociais	do	
mundo	atual	nem	sempre	traz	harmonia.
Assim,	 seguindo	 o	 raciocínio	 de	Aquino	 et	 al.	 (2002),	 o	 problema	 é	 o	
seguinte:	se	todas	as	pessoas	são	únicas	e	especiais	a	seu	modo,	quem	haveria	de	
ser	“mais”	ou	“melhor”	do	que	o	outro?	Em	outras	palavras,	somos	únicos	como	
indivíduos,	 e	por	 isso	 somos	diferentes,	 somos	 iguais	 como	seres	humanos.	A	
isso	se	dá	o	nome	de	equidade.	Convém	lembrar	que	ser	igual	não	é	ser	idêntico.	
Ao	 contrário,	 somos	 semelhantes,	 embora	 diversos.	Afinal	 de	 contas,	 em	 que	
nos	diferenciamos	uns	dos	outros?	A	 resposta	 é	óbvia:	 em	praticamente	 tudo.	
A	começar	pela	nossa	história	de	vida,	passando	pelas	características	biológicas	
(raça,	cor,	sexo),	até	as	de	cunho	social	(escolaridade,	condição	econômica,	opções	
políticas	etc.).	Mesmo	sendo	únicos,	continuamos	a	pertencer	à	mesma	espécie,	à	
raça	humana.	Por	essa	razão,	não	há	seres	humanos	“superiores”	ou	“inferiores”.	
Cada	um	é	especial	a	seu	modo.	Só	teremos	um	convívio	democrático	e	pacífico	
se	tratarmos	o	outro	da	mesma	forma	que	gostaríamos	de	ser	tratados.
Todos	 esses	 conceitos	 fazem	 parte	 de	 uma	 cultura	 geral,	 ou	 seja,	 da	
construção	e	da	desconstrução	do	processo	de	desenvolvimento	humano,	e	da	
sua	própria	sobrevivência.	A	cultura	é,	pois,	“o	conteúdo	da	construção	histórica	
da	 humanidade	 dos	 seres	 humanos,	 humanizando-os	 ou	 desumanizando-
os”	 (SOUZA,	 2002,	 p.	 53).	 O	 principal	 objetivo	 do	 nosso	 estudo	 é	 justamente	
conscientizar	 os	 nossos	 acadêmicos	 rumo	 a	 uma	 reflexão	 mais	 humanista	 a	
respeito	das	nossas	ações	e	na	superação	definitiva	da	desigualdade	social,	o	que	
diz	respeito	ao	cidadão	e	à	relação	com	o	meio	em	que	ele	vive,	em	que	o	respeito	
pelas	diferenças	forma	o	espírito	da	academia	e	a	humanização	social.	
Com	base	no	que	foi	dito	e	analisado	até	aqui,	nos	parece	que	o	ponto	de	
partida	para	a	solução,	pelo	menos	de	parte	dos	problemas	raciais,	das	diferenças,	
da	exclusão	e	da	 inclusão	social,	pode	estar	na	educação	de	base,	ou	seja,	se	o	
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
30
aluno	 tiver	uma	educação	 inicial	que	o	motive	a	ultrapassar	essas	barreiras.	A	
partir	daí	ele	poderia	formar	uma	base	sólida	para	ingressar	na	faculdade	melhorpreparado,	 o	 que	 sem	 dúvida	 é	 parte	 integrante	 para	 o	 seu	 desenvolvimento	
profissional	e	pessoal.	
Você quer descansar um pouco, sem deixar de refletir 
sobre o conteúdo? Assista ao filme “O Visitante”, ele 
contribuirá com seus estudos.
Sinopse: Walter, solitário professor universitário, tem 62 
anos e já não encontra prazer na vida. Ao viajar a Nova 
York para uma conferência, encontra o casal Tarek e 
Zainab, imigrantes sem documentos, morando em seu 
apartamento. Eles não têm para onde ir, e Walter acaba 
deixando que fiquem. Para retribuir, o talentoso Tarek ensina 
Walter a tocar o tambor africano e os dois ficam amigos. 
Quando a polícia prende o jovem e decide deportá-lo, 
Walter faz de tudo para ajudá-lo, com uma garra que há 
muito não sentia. Surge então a mãe de Tarek em busca do 
filho e um improvável romance tem início.
FONTE: Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=1aSoTQbewiI>. Acesso em: 9 set. 2017.
DICAS
4 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIAL DA DIVERSIDADE
Acadêmicos!	Já	compreendemos	o	caráter	plural	de	nossas	sociedades	e	
as	complexas	relações	estabelecidas	socialmente.	Diante	disso,	percebemos	que	
vivemos	em	uma	sociedade	dividida	em	classes,	em	que	a	luta	pela	manutenção	
ou	superação	das	divisões	sociais	é	constante.
Nesse	 sentido,	 lutamos	 em	 favor	 da	 inclusão	 escolar,	 em	 favor	 de	
currículos	 mais	 inclusivos,	 abertos	 às	 diferenças	 sociais,	 psíquicas,	 físicas,	
culturais,	religiosas,	raciais	e	ideológicas,	no	intuito	de	respeitar	o	caráter	plural	
da	 nossa	 sociedade,	 contribuindo	 para	 formar	 sujeitos	 autônomos,	 críticos	 e	
criativos,	aptos	a	compreender	como	as	coisas	são	e	por	que	são	assim.	
O	principal	objetivo	é	a	possibilidade	da	mudança,	da	construção	de	uma	
ordem	social	mais	justa	e	menos	excludente.	Sendo	isso	um	legado	do	presente	
para	as	gerações	futuras,	o	que	pode	ser	uma	prática	aprendida	e	reproduzida	
a	partir	da	família	e	da	escola,	que	são	os	agentes	formadores	de	opinião,	e	que	
juntamente	com	a	sociedade	esses	agentes	irão	definir	o	sucesso	ou	o	fracasso	no	
contexto	social.		
TÓPICO 2 | SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
31
5 INCLUSÃO ESCOLAR E SOCIAL DA DIVERSIDADE HUMANA
Acadêmico!	A	inclusão	escolar	tem	sido	mal	interpretada	tanto	por	parte	da	
escola,	seja	ela	comum	ou	especial,	quanto	dos	profissionais	da	educação.	“O	certo,	
porém,	é	que	os	alunos	jamais	deverão	ser	desvalorizados	e	inferiorizados	pelas	suas	
diferenças,	seja	nas	escolas	comuns,	seja	nas	especiais”	(MANTOAN,	2006,	p.	190).
Ainda	com	base	nesse	raciocínio,	“[...]	a	educação	escolar	não	pode	ser	
pensada	 nem	 realizada	 senão	 a	 partir	 da	 ideia	 de	 uma	 formação	 integral	 do	
aluno	–	segundo	suas	capacidades	e	seus	talentos	–	e	de	um	ensino	participativo,	
solidário,	 acolhedor”	 (MANTOAN,	 2006,	 p.	 9).	 Reverter	 o	 que	 historicamente	
foi	 construído	 é	 difícil,	 implica	 em	 construir	 alternativas	 que	 possibilitem	 a	
emancipação	 social	 dos	 diferentes	 sujeitos,	 fazendo	 uma	 clara	 opção	 política	
por	um	compromisso	contra	as	discriminações,	as	desigualdades	e	o	respeito	à	
diversidade	cultural.
O	 que,	 de	 acordo	 com	Mantoan	 (2006,	 p.	 9,	 grifo	 do	 original),	 trata-se	
de	um	 trabalho	de	“‘ressignificação’	do	papel	da	escola	 com	professores,	pais	
e	comunidades	 interessadas,	bem	como	de	adoção	de	formas	mais	solidárias	e	
plurais	de	convivência.	Para	terem	direito	à	escola,	não	são	os	alunos	que	devem	
mudar,	mas	 a	 própria	 escola!”.	 E	 a	 autora	 continua:	 “O	 direito	 à	 educação	 é	
natural	e	indisponível.	Por	isso,	não	faço	acordos	quando	me	proponho	a	lutar	
por	uma	escola	para	todos,	sem	discriminações,	sem	ensino	à	parte	para	os	mais	
e	para	os	menos	privilegiados”.
Dessa	 forma,	 a	 escola	 pode	 fazer	 o	 anúncio	 da	 construção	 de	 novos	
tempos	na	educação,	contribuindo	para	formar	alunos	não	conformistas,	e	sim,	
questionadores,	reagentes	e	competentes,	aptos	a	rejeitar	valores	celebrados	pela	
nova	 ordem	mundial,	 como	o	 egoísmo	 e	 o	 individualismo.	Mantoan	 (2006,	 p.	
14)	nos	coloca	que,	seja	ou	não	“uma	mudança	radical,	toda	crise	de	paradigma	
é	 cercada	 de	muita	 incerteza	 e	 insegurança,	mas	 também	 de	muita	 liberdade	
e	 ousadia	para	 buscar	 outras	 alternativas,	 novas	 formas	de	 interpretação	 e	de	
conhecimento	[...]	para	realizar	a	mudança”.
Mudança	essa	que	é	direito	expresso	na	Constituição	Federal	de	1988.	A	
Constituição	respalda	em	seu	artigo	206,	inciso	I,	que	o	ensino	será	ministrado	em	
“igualdade	de	condições	para	o	acesso	e	permanência	na	escola”.	Portanto,	temos	
que	entender	que:	
Ao	 garantir	 a	 todos	 o	 direito	 à	 educação	 e	 ao	 acesso	 à	 escola,	 a	
Constituição	 Federal	 não	 usa	 adjetivos.	 Por	 essa	 razão,	 toda	 escola	
deve	 atender	 aos	 princípios	 constitucionais	 sem	 excluir	 nenhuma	
pessoa	 em	 decorrência	 de	 sua	 origem,	 raça,	 sexo,	 cor,	 idade	 ou	
deficiência.	Apenas	 esses	 dispositivos	 já	 bastariam	para	 que	 não	 se	
negasse	a	qualquer	pessoa,	com	ou	sem	deficiência,	o	acesso	à	mesma	
sala	de	aula	que	qualquer	outro	aluno	(MANTOAN,	2006,	p.	26-27).
Percebe-se	então	que	os	discursos	precisam	ser	revistos,	compreendendo	
a	diversidade	humana	 como	algo	positivo,	 liberto	de	olhares	preconceituosos,	
possibilitando	a	valorização	pela	cultura	do	outro.	Portanto,	a	inclusão:	
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
32
[...]	exige	uma	mudança	de	mentalidade	e	de	valores	nos	modos	de	vida	
e	é	algo	mais	profundo	do	que	simples	recomendações	técnicas,	como	
se	fossem	receitas.	Requer	complexas	reflexões	de	toda	a	comunidade	
escolar	 e	 humana	 para	 admitir	 que	 o	 princípio	 fundamental	 da	
educação	 inclusiva	 é	 a	 valorização	 da	 diversidade,	 presente	 numa	
comunidade	humana	(STRIEDER;	ZIMMERMANN,	2011,	p.	146).
E	na	sequência	os	autores	continuam	afirmando	que	a	escola:	
Foi	 e	 continua	 sendo	 um	 espaço	 de	 padronizações	 ao	 promover	 a	
construção	 de	 conhecimentos	 com	 pouco	 significado,	 formalizado,	
pronto,	sem	relação	e	sentido	com	a	vida	dos	seres	humanos	que	lá	
estão,	 sejam	alunos	ou	docentes.	Ela	 é	 construtora	de	pensamentos,	
ações	e	movimentos	que	denotam	igualdade	e	repetição.	
É	importante	a	escola	oportunizar	vivências	capazes	de	desconstruir	a	
realidade	do	igual,	da	repetição,	para	valorizar	a	diferença,	acreditando	
na	diversidade	da	vida,	das	cores,	sabores	e	movimentos	(STRIEDER;	
ZIMMERMANN,	2011,	p.	148).
Assim,	falar	sobre	inclusão	escolar	e/ou	social	é	falar	sobre	a	conscientização	
humana	na	democratização	das	relações	entre	os	povos	e	os	demais	indivíduos	
que	fazem	parte	do	contexto	social	como	um	todo,	independentemente	de	credo,	
raça,	poder	aquisitivo	ou	posição	social,	visto	que	fazemos	parte	de	uma	mesma	
sociedade	e	as	diferenças	fazem	parte	integrante	do	equilíbrio	social	e	da	própria	
espécie	humana.	No	entanto,	fica	aqui	a	indagação:	quais	as	oportunidades	que	
estão	 sendo	 oferecidas	 pelos	 agentes	 sociais	 a	 essa	massa	 de	 desamparados	 e	
excluídos	do	sistema	social?
De	acordo	com	texto	publicado	no	livro	“Ética	e	cidadania:	construindo	
valores	na	 escola	 e	na	 sociedade”,	desenvolvido	pelo	Ministério	da	Educação,	
a	escola	pode	e	deve	ser	um	ponto	de	partida	na	formação	de	cidadão	e	cidadã	
comprometidos	com	a	construção	dos	valores	éticos	e	morais,	tanto	no	contexto	
escolar,	como	no	âmbito	das	relações	sociais.
Aprender	 a	 ser	 cidadão	 e	 cidadã	 é,	 entre	 outras	 coisas,	 aprender	
a	 agir	 com	 respeito,	 solidariedade,	 responsabilidade,	 justiça,	 não	
violência;	aprender	a	usar	o	diálogo	nas	mais	diferentes	 situações	e	
comprometer-se	com	o	que	acontece	na	vida	da	comunidade	e	do	país.	
Esses	valores	e	essas	atitudes	precisam	ser	aprendidos	e	desenvolvidos	
pelos	estudantes	e,	portanto,	podem	e	devem	ser	ensinados	na	escola.
Para	 que	 o(a)s	 estudantes	 possam	 assumir	 os	 princípios	 éticos,	 são	
necessários	pelo	menos	dois	fatores:
-	que	os	princípios	 se	expressem	em	situações	 reais,	nas	quais	o(a)s	
estudantes	possam	ter	experiênciase	conviver	com	a	sua	prática;	
-	 que	 haja	 um	 desenvolvimento	 da	 sua	 capacidade	 de	 autonomia	
moral,	 isto	 é,	 da	 capacidade	 de	 analisar	 e	 eleger	 valores	 para	 si,	
consciente	e	livremente.
Outro	aspecto	importante	desse	processo	é	o	papel	ativo	dos	sujeitos	
da	aprendizagem,	estudantes	e	docentes,	que	interpretam	e	conferem	
sentido	aos	conteúdos	com	que	convivem	na	escola,	a	partir	de	seus	
valores	 previamente	 construídos	 e	 de	 seus	 sentimentos	 e	 emoções	
(LODI;	ARAÚJO,	2006,	p.	69).
TÓPICO 2 | SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
33
Com	 relação	 aos	 agentes	 citados	 nos	 parágrafos	 anteriores,	 também	
concordamos	 que	 a	 partir	 da	 inclusão	 escolar,	 principalmente	 no	 tocante	 à	
educação	 básica,	 ela	 deveria	 ser	 um	 espaço	 voltado	 para	 a	 harmonização	 da	
convivência	social	e	não	simplesmente	uma	mera	reprodução	de	saberes.	Em	que,	
na	maioria	das	vezes,	esses	saberes	são	direcionados	apenas	para	produzir	agentes	
econômicos,	dando	pouca	ou	quase	nenhuma	ênfase	às	questões	relacionadas	à	
ética	e	às	características	comportamentais	do	ser	humano	como	uma	forma	de	
equilíbrio	no	convívio	das	relações	sociais,	o	que	já	é	um	processo	discriminatório	
e	 de	 exclusão,	 ou,	 no	mínimo,	 uma	 forma	 de	 omissão	 do	 próprio	 sistema	 de	
ensino,	principalmente	com	relação	aos	índios	e	negros.
A	luta	travada	em	torno	da	educação	do	campo,	indígena,	do	negro,	
das	 comunidades	 remanescentes	 de	 quilombos,	 das	 pessoas	 com	
deficiência,	 tem	desencadeado	mudanças	na	 legislação	 e	na	política	
educacional,	 revisão	 de	 propostas	 curriculares	 e	 dos	 processos	 de	
formação	 de	 professores.	 Também	 tem	 indagado	 a	 relação	 entre	
conhecimento	escolar	e	o	conhecimento	produzido	pelos	movimentos	
sociais	(GOMES,	2007,	p.	32).
E	na	continuação	o	autor	chega	às	seguintes	conclusões:
A	 diversidade	 é	 muito	 mais	 do	 que	 o	 conjunto	 das	 diferenças.	 Ao	
entrarmos	 nesse	 campo,	 estamos	 lidando	 com	 a	 construção	 histórica,	
social	e	cultural	das	diferenças,	a	qual	está	 ligada	às	relações	de	poder,	
aos	processos	de	colonização	e	dominação.	Portanto,	ao	falarmos	sobre	a	
diversidade	(biológica	e	cultural)	não	podemos	desconsiderar	a	construção	
das	identidades,	o	contexto	das	desigualdades	e	das	lutas	sociais.	
A	 diversidade	 indaga	 o	 currículo,	 a	 escola,	 as	 suas	 lógicas,	 a	 sua	
organização	 espacial	 e	 temporal.	No	 entanto,	 é	 importante	destacar	
que	as	 indagações	aqui	apresentadas	e	discutidas	não	 são	produtos	
de	uma	discussão	 interna	à	 escola.	São	 frutos	da	 inter-relação	entre	
escola,	 sociedade	 e	 cultura	 e,	 mais	 precisamente,	 da	 relação	 entre	
escola	 e	movimentos	 sociais.	Assumir	 a	diversidade	 é	posicionar-se	
contra	as	diversas	formas	de	dominação,	exclusão	e	discriminação.	É	
entender	a	educação	como	um	direito	social	e	o	respeito	à	diversidade	
no	interior	de	um	campo	político	(GOMES,	2007,	p.	41).
Assim,	 é	 através	 dos	 movimentos	 sociais	 que	 podemos	 melhorar	 o	
sistema	educacional	e	corrigir	as	distorções	sociais,	que	são	frutos	de	um	processo	
longo	que	vem	se	arrastando	através	dos	tempos,	em	que	pouco	ou	quase	nada	
tem	sido	feito	como	forma	de	reparar	ou	pelo	menos	minimizar	os	seus	efeitos	
negativos	e	na	reparação	dos	erros	cometidos.	Portanto,	é	de	extrema	necessidade	
a	inserção	e	a	interação	de	todos	os	seres	humanos,	independentemente	de	suas	
características	ou	condições	sociais.
Para	Stainback	(1999),	a	total	inclusão	de	todos	os	membros	da	humanidade,	
de	 quaisquer	 raças,	 religiões,	 nacionalidades,	 classes	 socioeconômicas,	
culturas	ou	capacidades,	em	ambientes	de	aprendizagem	e	comunidade,	
pode	facilitar	o	desenvolvimento	do	respeito	mútuo,	do	apoio	mútuo	e	
do	aproveitamento	dessas	diferenças	para	melhorar	nossa	sociedade.	É	
durante	seus	anos	de	formação	que	as	crianças	adquirem	o	entendimento	
das	diferenças,	o	respeito	e	o	apoio	mútuos	em	ambientes	educacionais	
que	promovem	e	celebram	a	diversidade	humana.
UNIDADE 1 | CIDADANIA E SOCIEDADE
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A	 construção	 de	 sociedades	 e	 escolas	 inclusivas,	 abertas	 às	 diferenças	
e	 à	 igualdade	de	 oportunidades	 para	 todas	 as	 pessoas,	 é	 um	objetivo	
prioritário	da	educação	nos	dias	atuais.	Nesse	sentido,	o	trabalho	com	as	
diversas	formas	de	deficiências	e	uma	ampla	discussão	sobre	as	exclusões	
geradas	 pelas	 diferenças	 social,	 econômica,	 psíquica,	 física,	 cultural,	
racial,	de	gênero	e	ideológica,	devem	ser	foco	de	ação	das	escolas.	Buscar	
estratégias	 que	 se	 traduzam	 em	 melhores	 condições	 de	 vida	 para	 a	
população,	na	igualdade	de	oportunidades	para	todos	os	seres	humanos	
e	na	construção	de	valores	éticos	 socialmente	desejáveis	por	parte	dos	
membros	das	comunidades	escolares	é	uma	maneira	de	enfrentar	essas	
exclusões	e	um	bom	caminho	para	um	trabalho	que	visa	à	democracia	e	à	
cidadania	(ARAÚJO,	2007,	p.	16-17).
Portanto,	as	mudanças	comportamentais	e	as	inclusões	sociais	relacionadas	
com	todos	os	povos	não	podem	e	não	devem	ser	somente	responsabilidade	da	família	
e	das	instituições	de	classes,	mas	também	de	responsabilidade	das	escolas	inclusivas	
e	dos	seus	agentes	sociais.	Neste	sentido,	reafirmamos	que	a	inclusão	escolar:	
Só	será	viável	se	o	professor	e	toda	a	comunidade	escolar	mudarem	
seu	jeito	de	lidar	com	a	diferença,	via	aceitação	de	formas	relacionais	
de	 afetividade,	 de	 escuta	 e	 de	 compreensão,	 suspendendo	 juízos	
de	 valores	 como	 pena,	 repulsa	 e	 descrença.	 Uma	 mudança	 como	
desejo	 interior,	porque	algo	 interior	nos	diz	que	vale	a	pena	mudar	
(STRIEDER;	ZIMMERMANN,	2011,	p.	148).
E	 quando	 falamos	 em	mudanças,	 estamos	nos	 referindo	 a	uma	mudança	
estrutural,	 em	que	 todas	 as	 partes	 se	 relacionam,	 interagem	 e	 se	 complementam	
para	a	harmonização	do	todo,	que	por	sua	vez	é	parte	de	uma	estrutura	maior,	que	
podemos	 chamar	de	 estrutura	 social,	 que	 é	 composta,	 dentre	 outras,	 pela	 escola,	
família,	igreja,	governo	com	suas	políticas	públicas,	instituições	financeiras,	jurídicas	
e	organizações	sociais	propriamente	ditas,	as	ONGs.	Como	podemos	perceber,	tudo	
isso	constitui	um	grande	desafio	rumo	a	uma	mudança	significativa.	E,	por	estas	e	
outras	razões,	nos	parece	que	a	sociedade	está	caminhando	no	rumo	certo.
AUTOATIVIDADE
Então,	 acadêmico,	 você	 acredita	 que	 ainda	 existe	 perspectiva	 e	 esperança	
de	 dias	melhores?	 	 Como	 podem	 ser	 superadas	 as	 barreiras	 que	 afetam	 a	
harmonia	entre	os	humanos?	
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TÓPICO 2 | SOCIEDADE E A DIVERSIDADE
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Vejamos	o	que	nos	propõem	os	autores	Assmann	e	Sung	(2000,	p.	103):	
A	 esperança	 humana,	 da	 qual	 estamos	 falando,	 é	 um	 horizonte	 de	
futuro	tecido	com	desejo.	Não	o	desejo	de	um	único	indivíduo,	nem	
o	desejo	de	 subir	na	 ‘escada	do	 sucesso’	 segundo	os	parâmetros	da	
eficiência	do	mercado	regendo	todos	os	aspectos	da	nossa	vida,	mas	o	
desejo	do	reconhecimento	mútuo	e	respeitoso	entre	pessoas	e	grupos	
sociais,	o	desejo	de	uma	vida	mais	digna	e	prazerosa	para	todos\as.	O	
desejo	de	um	mundo	onde	caibam	muitos	e	muitos	mundos.	
E	concluindo	o	seu	pensamento:
É	esse	horizonte	de	esperança	que	nos	mostra,	nos	revela,	a	mesquinhez	
e	 a	 irracionalidade	 de	 uma	 sociedade	 centrada	 na	 exclusão	 e	
insensibilidade,	e	a	desumanidade	de	uma	vida	humana	voltada	para	
negar	a	sua	condição	humana.
Horizonte	de	esperança	não	é	algo	que	se	toma	dentre	as	ofertas	do	
mercado,	 nem	 pode	 ser	 produzido	 individualmente.	 Como	 todo	
horizonte	de	compreensão,	ele	deve	ser	tecido	no	diálogo,	na	construção	
de	uma	 linguagem	e	esperanças	comuns.	Por	 isso,	um	horizonte	de	
esperança	que	nos	abra	e	nos	interpele	para	a	sensibilidade	solidária	
só	pode	ser	fruto	de	um	desejo	de	dialogar	com	os\as	que	estão	dentro	
e	fora	da	sociedade,	do	nosso	mundo	(o	mundo	de	cada	um,	o	mundo	
de

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