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Antiparasitários A prevenção das doenças parasitárias, tais como: - adoção de medidas ecológicas, - Medidas sanitárias, - controle de vetores, é sem dúvida a melhor maneira de evitar infecções parasitárias na população. Contudo, uma vez instalada a doença, o recurso que resta é o tratamento. O desenvolvimento de antiparasitários específicos está condicionado ao entendimento da fisiologia do parasito. A recíproca é verdadeira, isto é, o entendimento do modo de ação de um antiparasitário pode fornecer informações sobre a fisiologia do parasito. O modo de ação de diferentes classes de drogas, permite, com base no conhecimento da bioquímica do parasita, uma discussão de ação em diferentes alvos e assim propicia o substrato para o desenvolvimento de novas drogas. Novos fármacos são sempre necessários uma vez que os parasitas sempre acabam apresentando, através de mecanismos diversos, resistência ao antiparasitário mais frequentemente utilizado. Mecanismos de ação dos antiparasitários 1. O agente antiparasitário deve causar dano ao parasito sem contudo ser prejudicial ao hospedeiro. Características ideais de um antiparasitário O fármaco deve ter alvos de ação específicos, os quais de preferência, estejam ausentes no hospedeiro, ou se presentes, a especificidade apresentada deve ter maior afinidade no parasito do que no hospedeiro. 2. O fármaco deve ser de fácil administração e de preferência deve causar nenhum ou poucos efeitos colaterais no hospedeiro Fármacos de administração oral são melhores que injetáveis. Outros alvos ou reações adversas, mesmo que inofensivas (por exemplo, alteração da cor da urina) devem ser evitadas. 5. Metabolismo em geral. 1. Material Genético : danos em DNA, RNA, Síntese de Proteínas. 2. Respiração celular. 3. Transporte e movimento. 4. Permeabilidade. Alvos farmacológicos 1. Formação de Radicais Livres Tóxicos. 2. Interferência na Biossíntese ou Metabolismo de Folatos. 3. Interferência da Biossíntese de Pirimidinas. 4. Interferência no metabolismo de Purinas. 5. Interferência em reações de metilação. 6. Interferência na síntese de poliaminas. 7. Interferência da via glicolítica. 8. Efeito em microtúbulos. 9. Efeitos em Nervo e Músculo. 10. Outros alvos. 11. Mecanismo ainda desconhecido. Exemplos de mecanismos de ação A demonstração que uma droga afeta uma determinada enzima ou uma atividade biológica particular não constitui uma prova de que aquele é o modo de ação da droga. Além disso um fármaco pode agir em diferentes atividades metabólicas ao mesmo tempo. Este é o caso para agentes que exercem seus efeitos através da formação de radicais livres tóxicos (a). Metronidazol (derivado de 5-nitroimidazol) 1. Formação de Radicais Livres Tóxicos: Não é tóxico, mas a redução do grupamento nitro resulta na formação de radicais livres de vida curta que são cito-tóxicos. Organismos com via metabólicas cujo potencial de óxido-redução seja baixo e cujo transporte de elétrons esteja ligado a ferrodoxina ou riboflavina são eficientes na redução de nitroimidazol. É portanto, contra este tipo de organismos que o metranidazol vai ser eficiente. Os detalhes da ação da droga não são conhecidos uma vez que os produtos intermediários não são isoláveis e sua existência foi inferida indiretamente. Organismos que apresentam metabolismo anaeróbico. Giardia lamblia, Entamoeba histolytica, Trichomonas vaginalis. DANO: Material genético, proteínas e possivelmente outros alvos. A enzima que faz a redução do metronidazol é a piruvato ferrodoxina oxidoredutase. Essa enzima não existe em células de mamíferos. Derivado de nitrofurano, é uma das poucas drogas efetivas contra Trypanosoma cruzi. Na presença de NADH ou NADPH, gera ânions superóxidos e peróxido de hidrogênio que provavelmente atuam na oxidação de lipídeos. Uma dose de 15mg/kg propicia uma concentração sérica de 10 a 20 M, concentração essa requerida para inibir o crescimento de T. cruzi in vitro e a mesma concentração que produz a formação máxima de O2 - na fração mitocondrial do parasita. T. cruzi possue superóxido dismutase mas não possue catalase e apresenta pouca atividade de peroxidases. A célula hospedeira, apesar de possuir essas enzimas ainda sofre efeitos tóxicos da droga, provavelmente danos causados pelos mesmos radicais livres. A ação anti-parasitária de algumas células fagocíticas dependem em parte de um "burst" oxidativo que provavelmente libera radicais oxigênio e peróxido de hidrogênio. A síntese de novo de pirimidinas envolve a ação de folato coenzimas . O hospedeiro vertebrado é normalmente capaz de sintetizar pirimidinas, mas necessita de uma fonte exógena de ácido fólico. Parasitas em que ocorre síntese de ácido fólico são sensíveis a drogas tais como ácido -aminobenzóico, (sulfa) que inibe a formação do ácido fólico. 2- Interferência na Biossíntese ou Metabolismo de Folatos. Em Plasmodium e outros coccidia a enzima dehidrofolato redutase é diferente da forma correspondente no vertebrado. Na realidade a dehidrofolato redutase e a timidilato sintetase são, nesses organismos, uma única enzima com as duas atividades associadas. Assim, inibidores de dehidrofolato redutase acabam por atuar na síntese de timidina e na consequente inibição da síntese de DNA. Os mamíferos possuem uma "via de salvação" de timidina, na qual participa a timidina quinase, e portanto não sofrem as conseqüências da inibição na via de síntese principal. Plasmodium é sensível a pirimetamina (inibidor de DHFR) e também a sulfonamidas. Como as duas drogas atuam em diferentes pontos, administradas em conjunto elas apresentam uma ação sinergística. Esse tipo de ação conjunta diminue as chances de aparecimento de resistência. A droga age sobre a enzima humana, mas tem uma afinidade muito maior pela enzima do parasita. 3 - Interferência da Biossíntese de Pirimidinas. Hidroxinaftoquinonas (quinonas - cloroquina) Inibem a síntese de pirimidinas. Provavelmente a dihidroorotato deshidrodrogenase. Derivados sintéticos As afinidades são diferentes o que acaba tornando o composto mais efetivo em doses terapêuticas. BW720C é efetivo em doses terapêuticas de 2,5 mg/kg quando comparado a parvaquone cuja dose é 20 mg/kg. (Theileria em gado) 4 - Interferência no metabolismo de purinas. Todos os protozoários requerem uma fonte exógena de purinas. Nenhum é capaz de sintetizar purinas de novo. Isto também foi observado para Schistosoma mansoni. Assim esses parasitas, ao contrário do seu hospedeiro vertebrado dependem de várias vias de salvação de purinas. Isto oferece enzimas únicas para alvos quimioterápicos, principalmente se a enzima em questão não é encontrada no hospedeiro. A nucleotidil fosfotransferase, encontrada em Leishmania, transfere grupamentos fosfato de uma variedade de esters monofosfatos para a posição 5' de purina nucleosídeos e análogos. Esses análogos fosforilados podem então seguir por dois caminhos. Ou inibem fortemente enzimas essenciais do metabolismo de purinas, ou caso formem nucleotídeos correspondentes, podem ser incorporados no DNA/RNA do organismo, causando a formação de uma molécula defeituosa e portanto letal. Alopurinol: efetivo no tratamento de leishmaniose. Atenção : é usado para tratamento de gota (reduz os níveis de ácido úrico no sangue). Mas deve ser observada a idade do paciente. Quando o alvo da droga é DNA ou RNA, mesmo que a droga atue em enzimas do hospedeiro, deve se levar em consideração que a velocidade de replicação ou o próprio metabolismo do parasita é maior que a do hospedeiro, o que faz com que os danos sejam maiores para o parasita do que para o hospedeiro. 5 - Interferência em reações de metilação. * A droga sinefungin é um análogo de adenosina conhecidopor inibir metil transferases. Em uma concentração de 0,3 M ocorre a completa inibição do crescimento de P. falciparum, in vitro. É ativa na inibição de outros protozoários parasitas, mas, em nenhum caso foi demonstrado o mecanismo exato de ação e a relação com a metilação. * Tendo em vista a importância da metilação no controle da expressão gênica e do tRNA metilado na síntese proteica, este é um campo aberto para ser explorado. 6 - Interferência na síntese de poliaminas. As poliaminas estão presentes em todos os organismos vivos e sua função está relacionada com a proliferação celular e diferenciação. (empacotamento de DNA) O primeiro e limitante passo da biossíntese de poliaminas é a formação de putrescina a partir da ornitina, numa reação catalisada pela ornitina descarboxilase. As outras poliaminas, espermidina e espermina são sucessivamente formadas a partir da putrescina em reações envolvendo a descarboxilato S-adenosil metionina. Um antimetabolito da ornitina, - (difluorometil)ornitina, DFMO, inibe especificamente a enzima ornitina descarboxilase. Esta droga tem sido usada como inibidor de crescimento de P. falciparum e Trypanosoma africano, in vivo. Uma vantagem, neste último caso consiste na capacidade desta droga em atravessar a barreira hemato-linquólica, podendo então atuar no sistema nervoso central, tecido alvo desses tripanosomas. Novamente, a associação com Sinefungin produz um efeito sinergístico. 7 - Interferência da via glicolítica. Plasmodium, Schistosoma, e Trypanosoma (sanguíneo) usam a via glicolítica para a obtenção de energia. Na forma sanguínea do tripanosoma, a enzima lactato desidrogenase está ausente. A regeneração do NAD a partir de NADH+ depende de um "shuttle" entre dehidroacetona fosfato:glicerol-3-fosfato mediado pela glicerol 3-fosfato oxidase. Em condições anaeróbicas ocorre o acúmulo de glicerol como produto final. O Ácido salicil-hidroxâmico (SHAM) inibe a glicerol 3 fosfato oxidase provocando uma simulação de anaerobiose. Se glicerol for acrescentado, inibindo a glicerol quinase o metabolismo para e o tripanosoma morre. Suramin inibe a glicerol-3-fosfato desidrogenase (Trypanosoma). Mersalen inibe piruvato quinase (tripanosoma). Antimoniais afetam a fosfofrutoquinase (Schistosoma; Leishmania). Todas as drogas são mais ativas sobre a enzima do parasita do que sobre a do hospedeiro. Este é um ponto importante quando os agentes atuam em sistemas tão vitais para o parasita quanto para o hospedeiro. 8 - Efeito em microtúbulos. Nesta categoria vamos encontrar os principais antihelmínticos. A ação está baseada no bloqueio do transporte de grânulos secretores e movimentação de organelas subcelulales de nematóides parasitas de intestino. Estes efeitos coincidem com o desaparecimento dos microtúbulos citoplasmáticos. Mebendazol e fenbendazol inibem a ligação de colchicina a tubulina de Ascaris com uma constante de inibição de 1.9 x 108 M e 6.5 x108 M respectivamente, valores estes de 250-400 vezes mais altos que aquele observado para inibição de ligação de colchicina a tubulina de cérebro bovino (7.3 x 106 M e 1.7 x 105 M). Esta afinidade diferencial certamente é favorável para a alta eficiência dessas drogas como antihelmínticos. Além disso, os benzimidaziois não são absorvidos pela mucosa intestinal. 9 - Efeitos em Nervo e Músculo. Obviamente drogas cuja ação afeta a motilidade muscular só são ativas em parasitas metazoários, tais como helmintos e artrópodes. A sua eficácia depende de importantes diferenças entre o sistema nervoso desses parasitas e dos seus hospedeiros vertebrados. Vertebrados apresentam prefencialmente receptores colinérgicos nicotínicos nas junções neuro-musculares enquanto que os nervos nos quais o ácido g -aminobutírico funciona como transmissor se encontram confinados no sistema nervoso central e portanto protegidos da ação de agentes presentes na circulação sanguínea pela barreira hemato-encefálica. Nos insetos, os músculos apresentam sinápses excitatórias que utilizam o ácido L-glutâmico e um nervo inibidor que se utiliza de GABA como transmissor. O nervo colinérgico é coordenado pelo sistema nervoso central. Em nematóides sinápses colinérgicas e GABAérgicas estão distribuidos ao longo de todo o corpo do organismo. Levamisole pode penetrar pela cutícula dos nematóides e agir sobre os receptores colinérgicos das junções neuro musculares, paralisando assim o verme que é então excretado pelo hospedeiro (ascaris - eliminado pelas fezes). Um importante grupo de quimioterápicos nesse tópico é constituído pelas avermectinas. Seu modo de ação consiste em agir como agonistas de GABA e assim causar paralisia. É interessante notar que avermectinas não tem ação sobre tremátodes e cestóides, o que sugere que nestes helmintos o sistema nervoso apresenta diferenças daquele dos nematóides. A droga não age sobre o hospedeiro pois não tem ação sobre o sistema nervoso central, uma vez que não atravessa a barreira hemato-encefálica. Praziquantel - uma droga efetiva no tratamento de esquistossomose, afeta a contração muscular desses vermes aumentando o influxo de cálcio. Em Schistosoma, a contração muscular é dependente da tomada de Ca2+ externo. Novamente vemos uma diferença entre nematóides e cestóides, uma vez que nestes últimos a contração muscular é dependente do Ca2+ endógeno. A motilidade de Schistosoma pode também ser afetada através do metabolismo. A via glicolítica é a principal porém a formação de ovos requer oxigênio. Ainda é interessante notar que drogas cuja ação consiste num bloqueio de motilidade devem ter ação prolongada a ponto de dar tempo de se eliminar o parasita. Por exemplo: metrifonato é eficiente para S. hematobium e não para S. mansoni. O S. hematobium paralisado se solta das veias da bexiga e é carregado para os pulmões e daí são eliminados ou quando cessa o efeito da droga não conseguem voltar à bexiga. Já S. mansoni solta das veias mesentéricas e é carregado para o fígado. Ao se recuperar da paralisia retorna para as veias mesentéricas. 10 - Outros alvos gerais. Tetraciclina - anti malárico, inibindo síntese de proteína mitocondrial. Glaucorubinoses - droga efetiva contra câncer - anti malárico, inibidor de síntese proteica. Quelantes - atuam na deprivação de metais essenciais como ferro, ou interferem na ação de metalo-proteases, enzimas cuja ação é importante em alguns passos metabólicos Ex: fenol oxidase é essencial para a formação de ovos em Schistosoma - a droga disulfuram inibe específicamente estas oxidases causando portanto uma produção anormal de ovos. Organismos com um ciclo de vida complexo possibilitam a intervenção de quimioterápicos em diferentes pontos. Por exemplo, Schistosoma possue sexos separados e a fêmea necessita estar alojada no canal ginecóforo para estar madura sexualmente e assim colocar ovos. A droga oxamniquine mata diferencialmente machos de Schistosoma e assim a fêmea sem os fatores produzidos pelo macho sofre uma regressão no sistema reprodutivo e para de por ovos. Eliminação dos principais efeitos patogênicos, mas mantém a presença do verme: imunidade concomitante - impedindo novas infeções. 11 - Drogas cujo mecanismo de ação era ou ainda é desconhecido. Cloroquina, quinina, mefloquina, artenisina ou qinghaosu já eram utilizadas na China por volta de 1596 para o tratamento de malária. No entanto, o mecanismo de ação era desconhecido até recentemente. Em 1992, Wellems publica na revista Nature um possível mecanismo de ação. A sugestão inicial era que a droga acumularia no vacúolo parasitóforo (lisosomal) aumentando o pH e interferindo na digestão da hemoglobina, causando privaçãode aminoácidos. Wellems sugere que a droga inibe a enzima heme polimerase, responsável pela destoxificação dos grupamentos heme gerados durante a digestão da hemoglobina que são citotóxicos para a célula. 11 - Drogas cujo mecanismo de ação era ou ainda é desconhecido. Arsênicos - efeito em DNA de cinetoplasto. Intercalantes de DNA ou promovem uma desestruturação do giro da molécula de DNA através de "binding". Descinetoplastização: drogas como acriflavina, etídio, antricide promovem a eliminação de DNA de cinetoplasto e consequente perda da organela. Como a organela é importante para a respiração aeróbica, elimina-se o tripanosoma no inseto. A exposição a doses sub-letais de um agente citocida ou citoestático leva ao aparecimento de parasitas resistentes ao agente. IMPORTANTE: Ocasiona a constante necessidade de desenvolvimento de novos fármacos. Cinco mecanismos bioquímicos básicos podem estar envolvidos no aparecimento de resistência: 1- metabolizar a droga para uma forma inativa. 2- alterar a permeabilidade da droga, diminuíndo a tomada ou aumentando a excreção. 3- desenvolvimento ou ativação de vias metabólicas alternativas que promevem um "by pass" do passo lesionado. 4- alteração do alvo de modo a baixar a afinidade da droga. 5- aumento da quantidade do alvo de modo a diminuir as consequências metabólicas. Resistência de malária à cloroquina. Um zoólogo americano, Dr. Van Gelder, trabalhava na seção de mamíferos do Museu de História Natural de Nova York e freqüentemente visitava o leste da África. Sempre, duas semanas antes dele iniciar a viagem, ele tomava uma dose semanal de 500 mg de cloroquina. Nunca ele tinha tido problemas, nem contraído malária até sua viagem em 1977. Dessa viagem ele retornou com febre e foi então diagnosticado malária. Ele foi tratado com cloroquina, mas após poucas semanas ele teve recaídas sucessivas. Após a terceira recaída ele sugeriu ao médicos a possibilidade de estar com uma cepa resitente a cloroquina. Os médicos não aceitaram a hipótese de imediato alegando que não havia cepas resistentes na África. Mas ele mostrou um artigo da Science relatando o aparecimento de resistência em cepas de P. falciparum derivadas da Gambia, que se tornaram resistentes com uma incrível rapidez. Van Elder foi então tratado com Fansidar (uma combinação de pirimetamina-sulfadoxina) e finalmente se curou. Contudo uma amostra do seu sangue foi retirado antes do tratamento e uma cultura de P. falciparum foi estabelecida e demonstrou-se que era resistente a 0,1 M de cloroquina (as concentrações em plasma são da ordem de 0,03 a 0,1 M). Resistência ao Fansidar também já foi constatada. O mecanismo de resistência a cloroquina não é conhecido. Resistência ao metotrexato: Metotrexato é um análogo de ácido fólico que inibe a dehidrofolato redutase na via de síntese de timidina. Em Leishmania, tratamento com metotrexato provoca o aparecimento de resistência devido a um aumento do número de genes que codificam a enzima. Este aumento, denominado amplificação gênica pode ocorrer de forma a integrar o DNA amplificado no genoma, ou então ocorre de forma episomal. No primeiro caso a resistência é irreversível, isto é, não desaparece na ausência da droga como o que é observado no segundo caso. O aparecimento de parasitas resistentes a drogas já existentes, a falta de efetividade absoluta, a existência de efeitos colaterais não desejados, são motivos suficientes para que a busca de novos fármacos seja motivada. Devem ser buscadas as vantagens: 1. melhor eficácia, 2. baixa toxicidade, 3. ação sobre uma via preferencial, 4. atividade sobre cepas resistentes a outras drogas, 5. meia-vida ambiental curta (especialmente para veterinária). Normalmente quando se pensa num alvo para um quimioterápico, se pensa numa enzima. Outras proteínas no entanto podem ser consideradas, tais como aquelas que atuam no transporte de macromoléculas ou nas bombas de íons. Outras macromoléculas devem ser consideradas tais como DNA e colesterol. A identificação de alvos como estes deve ser obtida através de estudos da biologia molecular, bioquímica e fisiologia do parasita e do hospedeiro. Outra maneira é através da investigação de mecanismos de ação de drogas já existentes. Não esta claro qual é o melhor caminho. No primeiro caso não se sabe do sucesso até o estudo estar completado, no segundo, uma droga já utilizada, pode ter ocasionado o aparecimento de resistência. Um passo crítico na caracterização do alvo potencial ou a validação do mecanismo de ação da droga, é o estabelecimento de um ensaio in vitro que seja de fácil execução, reprodutível e rápido, necessitando quantidade razoáveis de parasitas. Esse teste pode então ser usado para identificar drogas potenciais. Por último, depois de ter sido estabelecido um mecanismo de ação através de bioquímica comparativa, se encontra a necessidade de demonstrar que: 1 - a ação in vivo leva a morte ou paralisação do patógeno; e 2 - não existe contrapartida de ação no hospedeiro, ou se existir que a diferença seja altamente significante levando a uma seletividade e baixa toxicidade da droga. A identificação de um quimioterápico pode seguir um dos seguintes caminhos: 1- Identificação casual de compostos já existentes. 2- Seleção racional das drogas já existentes para um determinado alvo. 3- Análise de literatura, procurando químicos cuja ação já é conhecida em outros patógenos. 4- Síntese de análogos de substratos bem definidos. Requer muitos testes posteriores. 5- Desenho de novos fármacos baseados em estrutura de raio-X, NMR e computação gráfica. Leituras Complementares Living together - The biology of animal parasitism -Trager, W. 1986 capítulo 25 Modern Parasitology - Ed Cox, F.E.G. 1993 Capítulo 9 Chemotherapy Gutteridge,W.E.