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A Criança como Produtora Cultural
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1.
1
2/188
A Criança como Produtora Cultural
Autora: Rosa Maria de Freitas Rogerio
Como citar este documento: ROGERIO, Rosa Maria de Freitas. A Criança como Produtora Cultural. 
Valinhos: 2016.
Sumário
Apresentação da Disciplina 04
Unidade 1: A Educação Infantil no Brasil 06
Assista a suas aulas 21
Unidade 2: A Construção Social da Infância 28
Assista a suas aulas 43
Unidade 3: Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-
Culturais
50
Assista a suas aulas 66
Unidade 4: A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas 73
Assista a suas aulas 88
2/188
3/1883
Unidade 5: A Criança Como Produtora de Cultura 95
Assista a suas aulas 111
Unidade 6: A Relação Cuidar e Educar na Educação Infantil 118
Assista a suas aulas 135
Unidade 7: A Importância da Brincadeira na Educação Infantil 142
Assista a suas aulas 158
Unidade 8: Relações Étnico-Raciais na Educação Infantil 165
Assista a suas aulas 181
Sumário
A Criança como Produtora Cultural
Autora: Rosa Maria de Freitas Rogerio
Como citar este documento: ROGERIO, Rosa Maria de Freitas. A Criança como Produtora Cultural. 
Valinhos: 2016.
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Apresentação da Disciplina
A disciplina A criança como Produtora 
Cultural possibilitará a você estudar a 
educação infantil no Brasil, com destaque 
para a reflexão sobre o currículo da 
infância, em especial, as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação 
Infantil (DCNEI), que foram elaboradas em 
1999 e revisadas em 2009. Você conhecerá 
também a experiência de educação infantil 
pública da Rede Municipal de Ensino de 
São Paulo, que completou oitenta anos em 
2015. A reflexão sobre a educação infantil 
apresenta o contexto no qual as crianças 
de zero a cinco anos têm sido acolhidas, 
educadas e cuidadas nas instituições de 
educação infantil. A partir desse contexto 
será possível aprofundar a discussão 
sobre a construção social da infância e os 
diversos modos de ser criança, contando 
com a contribuição das teorias do 
desenvolvimento humano fundamentadas 
em pressupostos sócio-histórico-culturais, 
com destaque para as teorias de Vygotsky 
e Wallon. A infância e suas linguagens 
serão estudadas a partir da experiência 
italiana de educação infantil de Reggio 
Emilia, da ideia das cem linguagens da 
criança de Loris Malaguzzi, da Pedagogia 
da Infância e de como é ser professor 
na educação infantil sem dar aulas. 
Você estudará também a criança como 
produtora de culturas infantis na relação 
com as culturas familiares e escolares, a 
relação indissociável do cuidar e do educar 
na educação infantil, a educação e o 
cuidado de bebês, o trabalho pedagógico 
5/188
no Berçário, a importância da brincadeira 
para as crianças e as relações de gênero e 
étnico-raciais na educação infantil.
6/188
Unidade 1
A Educação Infantil no Brasil
Objetivos
1. Refletir sobre a educação infantil 
no Brasil a partir da legislação 
educacional.
2. Apreciar as Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação Infantil.
3. Conhecer a história dos 80 anos de 
educação infantil em São Paulo.
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil7/188
Introdução 
Você sabia que, desde 1º de janeiro de 
2016, a educação infantil, aos 4 e aos 5 
anos de idade, é obrigatória no Brasil? Esse 
avanço para a educação infantil aconteceu 
a partir da promulgação da LEI nº 12.796, 
de 4 de abril de 2013, que altera a LDB 
nº 9394/96 e institui que a educação 
obrigatória e gratuita no Brasil passa a ser 
dos 4 aos 17 anos de idade. Apesar de ser 
um avanço, a LEI deixou de fora as crianças 
de 0 a 3 anos. 
Entendemos que a temática sobre 
a obrigatoriedade da matrícula de 
bebês e crianças de 0 a 3 anos, na 
educação infantil, é de fato complexa 
porque, por um lado, quando não há a 
obrigatoriedade, as redes públicas de 
ensino não são responsabilizadas pelo não 
oferecimento de vagas a todas as crianças 
e as filas por uma vaga em instituições de 
educação infantil crescem a cada ano. Por 
outro, a obrigatoriedade tiraria da família 
o direito de decidir se o bebê vai aos 
quatro ou aos seis meses de idade para a 
instituição da educação infantil ou se ele 
fica no seio da família. 
Você deve pensar: se a LEI que altera 
a LDB é de 2013, por que somente em 
2016 ela passou a valer? Os legisladores 
entenderam que as redes públicas de 
ensino de todo o país precisavam de um 
tempo para se organizar e se preparar para 
atender a todas as crianças de 4 e 5 anos, 
por isso houve esse prazo de adaptação à 
nova LEI. 
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil8/188
A LDB em vigor explica que a educação 
infantil, como “primeira etapa da 
educação básica, tem como finalidade 
o desenvolvimento integral da criança 
de até 5 anos, em seus aspectos 
físico, psicológico, intelectual e social, 
complementando a ação da família e da 
comunidade (artigo 29)”, que ela será 
oferecida em “creches ou instituições 
equivalentes para crianças de até três anos 
de idade (artigo 30, inciso I)” e em “pré-
escolas, para as crianças de 4 e 5 anos 
de idade (artigo 30, inciso II)”. Em grande 
parte das redes públicas de ensino as 
denominações ‘creche’ e ‘pré-escola’ têm 
sido substituídas por ‘centro de educação 
infantil’ ou algum termo equivalente. 
Isso tem acontecido devido aos estudos 
de pedagogos, sociólogos da infância e 
psicólogos, que explicam que a educação 
infantil tem importância e valor em si 
mesma e não é preparação para o ensino 
fundamental. Diante desse contexto, o 
termo ‘pré-escola’ que ensejava a ideia de 
preparação para a escola fundamental e o 
termo ‘creche’ que foi criado no contexto 
da assistência social e não da educação 
têm sido substituídos por centro de 
educação infantil, escola de educação 
infantil, jardim de infância, entre outros.
A educação infantil pública precisa ser 
organizada de acordo com as seguintes 
regras, previstas na LDB, em seu artigo 31: 
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil9/188
I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento 
das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao 
ensino fundamental;
II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por 
um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional;
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o 
turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral;
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, 
exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) do total de 
horas;
V - expedição de documentação que permita atestar os processos de 
desenvolvimento e aprendizagem da criança.
O inciso I traz uma orientação bastante importante: a educação infantil por não ser 
preparatória para o ensino fundamental, não tem como objetivo a promoção da criança para a 
próxima etapa da educação básica. Isso quer dizer que nenhuma criança pode ser ‘reprovada’ 
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil10/188
na educação infantil por não ter alcançado 
um pré-requisito para cursar o primeiro 
ano do ensino fundamental. 
A seguir, você estudará as Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação 
Infantil, que foram revisadas em 2009 
pelo Conselho Nacional de Educação 
e pela Câmara de Educação Básica, e 
conhecerá a experiência de uma rede 
pública de ensino que já tem oitenta anos 
de educação infantil.
1. As Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação 
Infantil 
Você já deve ter ouvido algo sobre os 
Parâmetros Nacionais Curriculares, 
que ficaram conhecidos como PCN na 
década de 1990. O Referencial Curricular 
Nacional para a Educação Infantil 
(RCNEI), elaborado pelo Conselho Nacional 
de Educação, em 1998, no contexto dos 
PCN, contém a origem das Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação 
Infantil (DCNEI), que foram instituídas em 
1999. 
Link
<http://portal.mec.gov.br/escola-de-
gestores-da-educacao-basica/323-
secretarias-112877938/orgaos-vinculados-
82187207/14306-cne-historico>.http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/14306-cne-historico
http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/14306-cne-historico
http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/14306-cne-historico
http://portal.mec.gov.br/escola-de-gestores-da-educacao-basica/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/14306-cne-historico
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil11/188
As DCNEI são balizas norteadoras 
obrigatórias, porém flexíveis na sua 
realização, que orientam o planejamento, o 
desenvolvimento e avaliação da Educação 
Infantil no Brasil. As DCNEI concebem 
o currículo na Educação Infantil como 
“um conjunto de práticas que buscam 
Link
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/
pdf/livro01.pdf e http://portal.mec.gov.
br/par/195-secretarias-112877938/seb-
educacao-basica-2007048997/12657-
parametros-curriculares-nacionais-5o-a-
8o-series.
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/
rcnei_vol1.pdf>. 
<http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/
resolucao_ceb_0199.pdf>
Para saber mais
Para saber mais sobre o Referencial Curricular 
Nacional para a Educação Infantil, acesse o 
artigo “O Referencial Curricular Nacional para a 
Educação Infantil no contexto das reformas”, de 
Ana Beatriz Cerisara. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/es/
v23n80/12935.pdf>. 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/12657-parametros-curriculares-nacionais-5o-a-8o-series
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/resolucao_ceb_0199.pdf
http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/resolucao_ceb_0199.pdf
ttp://www.scielo.br/pdf/es/v23n80/12935.pdf
ttp://www.scielo.br/pdf/es/v23n80/12935.pdf
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil12/188
articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do 
patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico” (BRASIL, 2013, p. 86). É preciso estar 
atento para o fato de que esse conjunto de práticas acontece em meio a relações sociais que a 
criança estabelece com os adultos e com as outras crianças na instituição de educação infantil, 
o que contribui para a construção de sua identidade. Os princípios básicos que orientam essas 
práticas são:
• Éticos: da autonomia, da responsabilidade, da solidariedade e do 
respeito ao bem comum, ao meio ambiente e às diferentes culturas, 
identidades e singularidades.
• Políticos: dos direitos de cidadania, do exercício da criticidade e do 
respeito à ordem democrática.
• Estéticos: da sensibilidade, da criatividade, da ludicidade e da liberdade 
de expressão nas diferentes manifestações artísticas e culturais 
(BRASIL, 2010, p. 16).
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil13/188
Em relação aos princípios éticos, 
defendemos que a instituição de educação 
infantil deve promover práticas educativas 
nas quais os interesses da criança sejam 
considerados, sua voz seja ouvida, seus 
desejos sejam percebidos, sua curiosidade 
seja valorizada, sua autonomia seja 
incentivada, suas necessidades sejam 
atendidas, as questões de gênero 
e das relações étnico-raciais sejam 
problematizadas e os preconceitos sejam 
combatidos. 
No rol dos princípios políticos, entendemos 
que a principal questão é a convivência 
com os outros, ou seja, a vida em 
sociedade. Dessa forma, as práticas 
educativas precisam promover a formação 
integral da criança, considerando suas 
emoções, seus interesses e suas diferenças 
e fazendo com que cada criança perceba 
e respeite as emoções, os interesses e as 
diferenças das outras crianças.
No que diz respeito aos princípios 
estéticos, considero que as práticas 
educativas na educação infantil precisam 
estar organizadas no sentido de permitir 
que a criança se inspire, crie e produza arte, 
cultura, brincadeiras, respostas e soluções 
para questões do cotidiano a partir de 
situações motivadoras, desafiadoras, 
estimulantes e seguras.
A seguir você conhecerá a experiência de 
educação infantil pública que completou 
80 anos em 2015.
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil14/188
2. Os 80 Anos de Educação 
Infantil em São Paulo
A educação infantil no Brasil surge no 
final do século XIX, em São Paulo e no Rio 
de Janeiro, com a criação de jardins de 
infância privados e públicos (OLIVEIRA, 
2007). Foi preciso mais de um século para 
garantir, por força de lei, o direito de parte 
das crianças – com quatro e cinco anos 
de idade – à educação infantil. É nesse 
contexto que apresentamos para você a 
experiência de educação infantil da Rede 
Municipal de Ensino de São Paulo que 
completou 80 anos em 2015. 
A história da educação infantil em São 
Paulo tem início quando Mario de Andrade, 
então diretor do Departamento de Cultura 
do município, cria três Parques Infantis (PI) 
em 1935, para atender às crianças de 3 a 
12 anos de idade. A educação infantil em 
São Paulo nasce a partir da relação entre 
educação, cultura, arte, lazer, recreação e 
desenvolvimento integral da criança, tendo 
o caráter lúdico e artístico como articulador 
dessa relação. Nos Parques Infantis as 
crianças
Para saber mais
Para saber mais, leia a edição especial da Revista 
Magistério em: <http://portal.sme.prefeitura.
sp.gov.br/Portals/1/Files/24816.pdf>.
http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/24816.pdf
http://portal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/24816.pdf
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil15/188
[...] produziam cultura e conviviam com a diversidade da cultura nacional, 
quando o cuidado e a educação não estavam antagonizados, e a 
educação, a assistência social e a cultura estavam macunaimicamente 
integradas, no tríplice objetivo parqueano: educar, assistir e recrear 
(FARIA, 1999, p. 62).
Com o passar dos anos, os jogos, as brincadeiras, a liberdade, a ludicidade e a arte que davam 
o tom às práticas educativas nos parques infantis foram sendo substituídos pelo modelo 
escolarizado do ensino fundamental e os parques infantis ganharam nova nomenclatura: 
Escolas Municipais de Educação Infantil. Apesar disso, entendemos que a Rede Municipal de 
Ensino de São Paulo tem buscado resgatar a autenticidade e a beleza do projeto de Mario de 
Andrade para a educação infantil ao promover formação continuada para os profissionais da 
educação na perspectiva da descolonização do currículo da educação infantil e dos estudos da 
pedagogia e da sociologia da infância. 
Outro capítulo da história da educação infantil na Rede Municipal de Ensino de São Paulo 
aconteceu no início dos anos 2000, quando as creches, pertencentes à Secretaria de 
Assistência Social, passaram a pertencer à Secretaria Municipal de Educação. Essa passagem da 
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil16/188
assistência social para a educação conferiu 
à creche um salto qualitativo no que diz 
respeito ao atendimento das crianças 
de zero a três anos. A denominação 
creche deu lugar ao nome centro de 
educação infantil e a criança passou a ser 
considerada como um sujeito de direitos. 
Em 2016, a Rede Municipal de Ensino de 
São Paulo atende acerca de meio milhão 
de crianças em 2016 nos Centros de 
Educação infantil (que atendem a crianças 
de zero a três anos), em 545 Escolas 
Municipais de Educação Infantil (que 
atendem a crianças de quatro e cinco anos) 
e em 5 Centros Municipais de Educação 
Infantil (que atendem a crianças de zero a 
cinco anos). 
Entendemos que a experiência dessa rede 
contribui para a educação infantil no 
Brasil porque considera a criança como 
ser social e histórico que ao estabelecer 
múltiplas relações com as pessoas com as 
quais convive, produz cultura (as culturas 
infantis), constrói seus saberes, reinventa 
e cria brincadeiras e são protagonistas de 
seu aprendizado e do seu desenvolvimento.
Para saber mais
Para saber mais sobre os números da Rede 
Municipal de Ensino de São Paulo acesse o 
portal da Secretaria Municipal de Educação 
no endereço: <http://portalsme.prefeitura.
sp.gov.br/>.
http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/
http://portalsme.prefeitura.sp.gov.br/
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil17/188
Glossário
Primeira infância: período que vai de zero a três anos de vida.
Questões de gênero: modos como a sociedade concebe os diferentes papéis sociais e 
comportamentos atribuídos aos homens e às mulheres.
Descolonização do currículo: questionamento do modo como o currículo tradicional tem sido 
construído e valorizado e que propõe outros paradigmas para a seleção de conteúdos.
Questão
reflexão
?
para
18/188
Você frequentou alguma instituição de educação 
infantil quando era criança? Escreva uma carta para 
sua professora daquela época, contando como foi 
essa experiência, relacionando com alguns assuntos 
estudados na aula. Se você não frequentou a educação 
infantil, escreva uma carta para o secretário de 
educação explicando qual o motivo que o levou a não 
frequentar a educação infantil e relacione com os 
assuntos estudados na aula.
19/188
Considerações Finais
• A educação infantil é a primeira etapa da educação básica e contempla as 
crianças de zero a cinco anos de idade.
• A partir de 2016 a educação infantil passou a ser obrigatória para as 
crianças de quatro e cinco anos de idade.
• As DCNEI são balizas norteadoras obrigatórias, porém flexíveis na sua 
realização, que orientam o planejamento, o desenvolvimento e avaliação da 
educação infantil no Brasil.
• A experiência de educação infantil paulistana completou 80 anos em 2015 
e considera a criança como ser social e histórico, produtora de cultura, 
construtora de saberes e protagonista de seu aprendizado.
Unidade 1 • A Educação Infantil no Brasil20/188
Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares 
Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares 
nacionais para a educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010.
FARIA, Ana Lucia Goulart de. A contribuição dos parques infantis de Mario de Andrade para a 
construção de uma pedagogia infantil. Educação e Sociedade. Campinas, v. 20, n. 69, p. 60-91, 
dez. 1999.
OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: fundamentos e métodos. 3ª ed. São Paulo: 
Cortez, 2007.
21/188
Assista a suas aulas
Aula 1 - Tema: A Educação Infantil no Brasil - 
Bloco I
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
ecc6f12b3d029e8fba319b4f45561d4c>.
Aula 1 - Tema: A Educação Infantil no Brasil - 
Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/pA-
piv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/ab-
2c995b6dcad5a4297a76d7d1dded8e>.
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22/188
1. A educação infantil no Brasil é obrigatória desde:
a) 1 de janeiro de 2013.
b) 1 de janeiro de 2014.
c) 1 de janeiro de 2015.
d) 1 de janeiro de 2016.
e) 4 de abril de 2013.
Questão 1
23/188
2. Pedagogos, sociólogos da infância e psicólogos entendem que:
a) A educação infantil tem importância e valor em si mesma e não é preparação para o ensino 
fundamental.
b) A educação infantil tem importância e valor em si mesma e é preparação para o ensino 
fundamental.
c) A educação infantil tem importância, mas não tem valor em si mesma e não é preparação 
para o ensino fundamental.
d) A educação infantil tem importância, mas não tem valor em si mesma e é preparação para 
o ensino fundamental.
e) A educação infantil não tem importância e nem valor em si mesma e não é preparação para 
o ensino fundamental.
Questão 2
24/188
3. O que são as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação 
Infantil?
a) São propostas pedagógicas obrigatórias que orientam o planejamento, o desenvolvimento 
e avaliação da Educação Infantil no Brasil.
b) São balizas norteadoras obrigatórias, porém flexíveis na sua realização, que orientam o 
planejamento, o desenvolvimento e avaliação da Educação Infantil no Brasil.
c) São balizas norteadoras obrigatórias que orientam o planejamento, o desenvolvimento e 
avaliação da Educação Infantil no Brasil e que precisam ser cumpridas.
d) São pressupostos obrigatórios que orientam o planejamento, o desenvolvimento e 
avaliação da Educação Infantil no Brasil.
e) São orientações, não obrigatórias, sobre o currículo na educação infantil que orientam o 
planejamento, o desenvolvimento e a avaliação.
Questão 3
25/188
4. As DCNEI concebem o currículo na Educação Infantil como:
a) Um conjunto de regulações políticas que direcionam as experiências das crianças e os 
conhecimentos que fazem parte do patrimônio artístico, científico e tecnológico.
b) Um conjunto de pressupostos filosóficos que orientam as experiências das crianças, 
de acordo com os conhecimentos que fazem parte apenas do patrimônio científico e 
tecnológico.
c) Um conjunto de orientações pedagógicas sobre as experiências das crianças em relação 
aos conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e 
tecnológico.
d) Um conjunto de práticas pedagógicas que direcionam todas as experiências das crianças 
que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e tecnológico.
e) Um conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças 
com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, científico e 
tecnológico.
Questão 4
26/188
5. A educação infantil em São Paulo nasce a partir da relação entre:
a) Educação, ciência, arte e desenvolvimento integral da criança, tendo o caráter cientifico e 
artístico como articulador dessa relação.
b) Educação, cultura, arte e ciência para o desenvolvimento integral da criança, tendo o 
caráter científico e artístico como articulador dessa relação.
c) Educação, cultura, arte, lazer, recreação e desenvolvimento integral da criança, tendo o 
caráter lúdico e artístico como articulador dessa relação.
d) Educação, cultura, arte, lazer e desenvolvimento integral da criança, tendo o caráter 
preparatório para o ensino fundamental como articulador dessa relação.
e) Educação, cultura, arte e desenvolvimento integral da criança, tendo o caráter científico e 
psicológico como articulador dessa relação.
Questão 5
27/188
Gabarito
1. Resposta: D.
A Lei nº 12796 é de 4 de abril de 2013, mas 
as redes de ensino tiveram um prazo para 
universalizar a educação infantil de 4 e 5 
anos.
2. Resposta: A.A educação infantil tem importância e 
valor em si mesma e não é preparação para 
o ensino fundamental.
3. Resposta: B.
As DCNEI são balizas norteadores 
obrigatórias, mas cada rede de ensino 
conta com autonomia e flexibilidade 
para fazer alterações de acordo com seu 
contexto sócio-histórico-cultural.
4. Resposta: E.
As DCNEI entendem o currículo a partir da 
articulação entre os saberes das crianças e 
os saberes sistematizados.
5. Resposta: C.
O currículo dos parques infantis era 
elaborado a partir da relação entre 
educação, cultura, arte, lazer, recreação e 
desenvolvimento integral da criança.
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Unidade 2
A Construção Social da Infância
Objetivos
1. Entender que a infância é construída 
social, cultural e historicamente.
2. Compreender a criança como ator 
social e sujeito de direitos.
3. Refletir sobre a instituição de 
educação infantil e sua relação com 
as múltiplas infâncias.
Unidade 2 • A Construção Social da Infância29/188
Introdução
Você tem percebido que os bebês e as 
crianças bem pequenas tem se mostrado 
muito espertas e tem interagido com 
o mundo a sua volta de modo cada vez 
mais inventivo, criativo e autoral? Há 
pessoas que dizem que ‘hoje as crianças 
já nascem falando’, que ‘hoje os bebês 
dormem menos do que antigamente’ 
e que ‘antigamente as crianças eram 
mais devagar em seu desenvolvimento e 
aprendizagem’. Você se lembra, ou já ouviu 
falar, que os bebês quando nasciam eram 
embrulhados como um ‘charutinho’ em 
cueiros e que demoravam cerca de sete 
dias para abrir os olhos? Os modos como a 
criança é cuidada e educada se relacionam 
diretamente às questões culturais do 
contexto histórico e social no qual a 
criança está inserida. No contexto social 
da década de 1970, o bebê era enrolado 
em cueiros e colocado em berço localizado 
em cômodo silencioso e com pouca luz, 
para que ele não fosse perturbado, o que 
também oferecia poucos estímulos para 
seu desenvolvimento e contribuía para que 
ele dormisse por muito tempo. Nos dias 
atuais entende-se que a criança precisa 
ter liberdade de movimentos, utilizando 
roupas confortáveis, e não se faz mais 
uso do cueiro para ‘engessar a criança’. A 
mãe alimenta o bebê assistindo televisão, 
mexendo no celular, o que implica estímulo 
sonoro e visual ao bebê. São as condições 
de vida do bebê e da criança pequena, em 
contextos sócio-histórico-culturais, que 
têm mudado e que têm gerado mudanças 
Unidade 2 • A Construção Social da Infância30/188
no modo como a infância é cuidada e 
educada e isso influencia diretamente a 
aprendizagem e o desenvolvimento das 
crianças e dos bebês. 
As ideias do parágrafo anterior ajudam 
a entender porque considero que a 
infância é construída social, cultural 
e historicamente. Para refletir sobre a 
construção social da infância conto com o 
conhecimento da sociologia da infância, 
que concebe a criança como sujeito 
histórico situado em um contexto cultural 
e social que influencia diretamente sua 
aprendizagem e seu desenvolvimento. 
Dessa forma, crianças são diferentes e 
diferentes são também suas infâncias, 
por isso não está correta a afirmação 
que ‘criança é tudo igual’. Cada contexto 
social de vida imputa à criança modos 
distintos de ser criança e de viver a 
infância. Nessa perspectiva, a criança é 
compreendida como um sujeito de direitos 
e o adultocentrismo é rechaçado por ser 
uma forma de colonização da criança.
Para saber mais
Para saber mais sobre sociologia da infância, leia 
o artigo ‘Sociologia da Infância no Brasil: uma 
área em construção’, disponível no link: <http://
periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/
view/1602>.
A sociologia da infância (FARIA; FINCO, 
2011 e ABRAMOWICZ; OLIVEIRA, 2010) é 
um campo teórico da sociologia, surgido 
no movimento da sociologia da infância 
http://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1602
http://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1602
http://periodicos.ufsm.br/reveducacao/article/view/1602
Unidade 2 • A Construção Social da Infância31/188
na Europa a partir da década de 1980, que 
entende a infância como uma construção 
social e que busca compreender o 
modo como a criança percebe o mundo 
e interage com ele. Desse modo, a 
sociologia da infância contesta as teorias 
da psicologia do desenvolvimento e do 
comportamento – com destaque para 
o que foi proposto por Jean Piaget, pois 
essas teorias apresentam características 
prescritivas, normalizantes e moralizantes 
para a infância. 
Link
<https://periodicos.ufsc.br/index.php/
perspectiva/article/view/10282>.
A partir do referencial teórico da sociologia 
da infância, a criança é estudada como 
um ser ativo no cotidiano, o que sinaliza 
a possibilidade de compreender de que 
modo ela interage no mundo do adulto, 
negociando, compartilhando e criando 
culturas. Se em outros referenciais teóricos 
a criança foi excluída, silenciada e vista 
sempre a partir da visão do adulto, com 
a sociologia da infância ela passa a ser 
compreendida em sua relação ativa com a 
cultura e a sociedade. E essa compreensão 
ajuda a considerar a existência de múltiplas 
infâncias e de variadas formas de se viver 
as infâncias. 
A seguir, você estudará os conceitos de 
criança e infância e refletirá sobre quais são 
as contribuições da sociologia da infância 
para as instituições de educação infantil.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/10282
https://periodicos.ufsc.br/index.php/perspectiva/article/view/10282
Unidade 2 • A Construção Social da Infância32/188
1. Os Conceitos de Infância e de Criança
Você tem a impressão que os conceitos ‘criança’ e ‘infância’ são tão comuns no dia a dia e 
nunca parou pra refletir melhor sobre eles? A etimologia da palavra infância deriva do latim 
infans que significa ‘aquele que não fala’ e traz a ideia também da ausência de razão, de 
irracionalidade. 
[...] por não falar, a infância não se fala e, não se falando, não ocupa a 
primeira pessoa nos discursos que dela se ocupam. E, por não ocupar 
esta primeira pessoa, isto é, por não dizer eu, por jamais assumir o 
lugar de sujeito do discurso, e, consequentemente, por consistir sempre 
um ele/ela nos discursos alheios, a infância é sempre definida de fora 
(LAJOLO, 2006, p. 230).
Link
<http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem13pdf/sm13ss04_02.pdf>.
http://alb.com.br/arquivo-morto/edicoes_anteriores/anais16/sem13pdf/sm13ss04_02.pdf
Unidade 2 • A Construção Social da Infância33/188
Segundo os estudos do historiados francês 
Philippe Ariés (2014), a infância foi uma 
invenção da modernidade, pois na Idade 
Média a criança era tratada como um 
‘adulto em miniatura’ e não havia uma 
divisão significativa entre o que cabia a 
uma criança fazer e como ela deveria ser 
tratada. Por esse motivo, as crianças viviam 
vidas semelhantes às dos adultos. Somente 
na Idade Moderna a infância ganha outro 
sentido devido às várias transformações 
pelas quais a sociedade passa, como, por 
exemplo, a invenção da imprensa no final 
A infância não é um acontecimento 
natural, mas sim produto de um meio 
social, histórico e cultural, pois as crianças, 
ao longo da história sempre foram 
tratadas, cuidadas e educadas a partir de 
interesses políticos, culturais e econômicos 
da sociedade, em determinados momentos 
e lugares. O que me leva a entender que 
a criança tem sido cuidada e educada de 
modos distintos ao longo da história e 
de acordo com seu local de nascimento. 
Por isso prefiro sempre falar em infâncias 
no plural e de infâncias concretas, pois 
não compreendo a infância como algo 
idealizado, homogêneo e universal.
Link
<http://cchla.ufrn.br/publicacoes/olhar.
pdf>.
http://cchla.ufrn.br/publicacoes/olhar.pdf
http://cchla.ufrn.br/publicacoes/olhar.pdf
Unidade 2 • A Construção Social da Infância34/188
do século XV, que imputa à sociedade a 
necessidade de que mais pessoas fossem 
alfabetizadas. Nesse contexto, a criança 
passa a ser compreendida por outro 
prisma, o que a diferencia do adultoe começam estudos (DURAES, 2011 e 
HEYWOOD, 2004) e pesquisas sobre essa 
etapa específica da vida do ser humano. 
Para saber mais
Para saber mais leia o texto “Da infância 
sem valor à infância de direitos: diferentes 
construções conceituais de infância ao longo do 
tempo histórico”, no link: <http://www.pucpr.
br/eventos/educere/educere2008/anais/
pdf/892_632.pdf>. 
Depois de estudar o conceito de infância, 
você vai refletir sobre o conceito de criança. 
A etimologia da palavra criança se origina 
do latim criar que significa ‘criar, crescer’. 
Dessa forma, a criança é um ser humano 
que está em constante processo de criação 
e crescimento até doze anos incompletos 
(Lei nº 8069/90). Nas Diretrizes 
Curriculares Nacionais para a Educação 
Infantil (BRASIL, 2010, p. 12), o conceito de 
criança significa 
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/892_632.pdf
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/892_632.pdf
http://www.pucpr.br/eventos/educere/educere2008/anais/pdf/892_632.pdf
Unidade 2 • A Construção Social da Infância35/188
Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas 
cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, 
imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona 
e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura. 
Os conceitos de infância e de criança confirmam a ideia da criança como portadora de história, 
construtora de cultura e sujeito de direitos. Nesse contexto a infância adquire uma nova 
visibilidade, pois as crianças são seres ativos que desenvolvem interações complexas com os 
adultos e com outras crianças.
[...] Portanto, a concepção de criança e infância na qual acreditamos 
é a de que ela é um ser histórico, social e político, que encontra 
nos outros, parâmetros e informações que lhe permitem formular, 
questionar, construir e reconstruir espaços que a cercam. Apostamos 
numa concepção que não se fixa num único modelo, que está aberta à 
diversidade e à multiplicidade que são próprias do ser humano (KRAMER, 
1999, p. 277).
Unidade 2 • A Construção Social da Infância36/188
A seguir, você verá como as concepções 
de infância e de criança condicionam 
os modos como elas são tratadas nas 
instituições de educação infantil.
2. A Instituição de Educação 
Infantil e as Múltiplas Infâncias
As concepções de criança e de infância 
influenciam diretamente a organização e a 
gestão da instituição de educação infantil, 
e revelam como as crianças são recebidas, 
acolhidas, cuidadas e educadas pela escola. 
A instituição de educação infantil que 
proporciona o alcance das crianças aos 
materiais, aos brinquedos, à experiência 
de servir-se, de escolher o que quer comer, 
rompe com aquela imagem de instituição 
que promove a dependência da criança 
em relação ao adulto. Nesse contexto, 
a instituição de educação infantil que 
compreende a criança como um ator social 
– que tem interesses, curiosidades, saberes 
e opiniões sobre o cotidiano em que vive 
– promove práticas educativas que, ao 
considerar a criança como um sujeito de 
direitos, contribui para o desenvolvimento 
de sua autonomia e de seu protagonismo. 
Observar a criança e escutar sua voz com 
atenção, cuidado, respeito e curiosidade 
permite ao educador conhecer a criança, 
considerar seu ponto de vista e promover 
práticas educativas que tiram a criança 
de uma situação de invisibilidade. Dar 
visibilidade a uma criança significa 
considerá-la como um ator social, sujeito 
Unidade 2 • A Construção Social da Infância37/188
de direitos, inserida em diversos contextos 
concretos de vida que influenciam 
diretamente seus modos de viver a 
infância. Cada criança é única, por isso 
existem múltiplas infâncias. Diante disso, 
pergunto: Como os estudos da sociologia 
da infância trazem contribuições para a 
educação infantil?
Eu diria que as contribuições são:
• Assunção da criança como ator 
social e sujeito de direitos, portanto, 
protagonista de sua aprendizagem e 
de seu desenvolvimento.
• Valorização das múltiplas infâncias 
e dos múltiplos modos de viver a 
infância.
• Entendimento da criança como 
produtora de cultura infantil.
• Compreensão da criança como um 
ser do presente, onde a educação 
infantil tem um valor em si mesma 
e não é etapa preparatória para a 
próxima fase da vida.
Para saber mais
Para saber mais, acesse o link: <http://
www.fumec.br/revistas/paideia/article/
download/919/693>.
http://www.fumec.br/revistas/paideia/article/download/919/693
http://www.fumec.br/revistas/paideia/article/download/919/693
http://www.fumec.br/revistas/paideia/article/download/919/693
Unidade 2 • A Construção Social da Infância38/188
Por tudo que foi dito, as instituições de 
educação infantil precisam repensar 
suas práticas educativas no sentido de 
oportunizar para as crianças a vivência 
de experiências enriquecedoras e 
desafiadoras no que diz respeito às 
múltiplas linguagens, às brincadeiras, ao 
convívio coletivo, às rotinas de cuidado e 
de alimentação e ao acesso aos saberes, à 
cultura, às ciências etc.
Unidade 2 • A Construção Social da Infância39/188
Glossário
Sócio-histórico-cultural: qualidade de natureza social, histórica e cultural ao mesmo tempo.
Colonização da criança: se refere à atitude do adulto que desconsidera o ponto de vista e o 
interesse da criança para impor os seus; é um desrespeito à criança; é uma forma de silenciar a 
criança.
Adultocentrismo: poder centrado nas mãos dos adultos; as crianças não são consideradas 
como atores sociais que produzem saberes e culturas.
Questão
reflexão
?
para
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Assista ao documentário Babies, do diretor Thomas 
Balmés, que retrata o nascimento e os primeiros 
anos de vida de quatro bebês em diferentes partes 
do mundo e produza uma dissertação na qual você 
explica como cada cultura cuida e educa seu bebê, na 
perspectiva da construção social da infância.
Link
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=AXtgjdJ_8DE>. 
https://www.youtube.com/watch?v=AXtgjdJ_8DE
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Considerações Finais
• A infância não é um acontecimento natural, mas produto de um 
contexto social, histórico e cultural.
• Valorização das infâncias no plural e recusa da ideia de infância 
como algo idealizado, homogêneo e universal.
• Os conceitos de infância e de criança confirmam a ideia da criança 
como portadora de história, construtora de cultura e sujeito de 
direitos.
• As concepções de criança e de infância influenciam diretamente a 
organização e a gestão da instituição de educação infantil, e revelam 
como as crianças são recebidas, acolhidas, cuidadas e educadas.
Unidade 2 • A Construção Social da Infância42/188
Referências 
ABRAMOWICZ, Anete; OLIVEIRA, Fabiana de. A sociologia da infância no Brasil: uma área em 
construção. Educação (UFSM), Santa Maria, p. 39-52, maio 2010. 
ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. 2ª ed. Rio de Janeiro, LTC, 2014.
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes curriculares 
nacionais para a educação infantil. Brasília: MEC, SEB, 2010.
DURAES, Sarah Jane Alves. Aprendendo a ser professor(a) no século XIX: algumas influências de 
Pestalozzi, Froebel e Herbart. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 37, n. 3, p. 465-480, Dec. 2011.
FARIA, Ana Lúcia Goulart de; FINCO, Daniela (Orgs.). Sociologia da infância no Brasil. Belo 
Horizonte: Autores Associados, 2011. 
HEYWOOD, Colin. Uma história da infância: da Idade Média à época contemporânea no 
ocidente. Porto Alegre: Artmed, 2004.
LAJOLO, Marisa. Infância de papel e tinta. In: FREITAS, M. C. (Org.). História social da infância 
no Brasil. São Paulo: Cortez, 2006.
KRAMER, Sônia. Infância e produção cultural. Campinas: Papirus, 1999.
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Assista a suas aulas
Aula 2 - Tema: A Construção Social da Infância 
- Bloco I
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
31d7a8ff2ba2830b0cc744863794b32d>.Aula 2 - Tema: A Construção Social da Infância 
- Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
beb3b45bd14bc9a1a1ff930f295c1962>.
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1. A ideia de infância construída social, cultural e historicamente se baseia na:
a) Ideia de criança como sujeito situado em um contexto cultural e social que quase não 
contribui para sua aprendizagem e seu desenvolvimento.
b) Concepção de criança como ser frágil, indefeso que precisa ser cuidado e educado de 
forma afetuosa.
c) Concepção de criança como sujeito histórico situado em um contexto cultural e social que 
influencia diretamente sua aprendizagem e seu desenvolvimento.
d) Ideia de criança como sujeito histórico, mas que passa por etapas biológicas de 
desenvolvimento independentemente do contexto cultural.
e) Concepção de criança como sujeito biológico que se desenvolve da mesma forma, pois 
pertence à espécie humana.
Questão 1
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2. A sociologia da infância entende a infância como uma construção social 
e busca:
Questão 2
a) Entender o modo como os adultos cuidam das crianças e a educam.
b) Contribuir para os estudos da pedagogia behaviorista sobre as crianças.
c) Conhecer as etapas de desenvolvimento da criança.
d) Compreender o modo como a criança percebe o mundo e interage com ele.
e) Refletir sobre o desenvolvimento da criança exclusivamente no espaço escolar.
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3. Por que a infância não é um acontecimento natural?
Questão 3
a) Porque a criança é cuidada e educada de modos distintos ao longo da história e de acordo 
com seu local de nascimento.
b) Porque a criança, por ser da espécie humana, se desenvolve do mesmo modo, 
independentemente da sua cultura.
c) Porque a infância é um acontecimento universal em que todas as crianças do mundo se 
desenvolvem da mesma forma.
d) Porque a infância é entendida a partir dos estágios de desenvolvimento fisiológico, 
biológico e psicológico da criança.
e) Porque a criança, ao ser educada de modos distintos, vai se desenvolvendo de acordo com 
estágios de maturação.
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4. Qual ideia os conceitos de infância e de criança confirmam?
Questão 4
a) A ideia da criança como ser universal, homogêneo, que se desenvolve por etapas de acordo 
com sua maturidade.
b) A ideia da criança como sujeito de direitos, que se desenvolve a partir de estágios, de 
acordo com os estímulos que recebe.
c) A ideia de criança como ator social, condicionada por seu desenvolvimento biológico, 
fisiológico e psicológico. 
d) A ideia da criança como ser humano, que precisa ser cuidada e educada de modo afetuoso 
e respeitoso.
e) A ideia da criança como portadora de história, construtora de cultura e sujeito de direitos.
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5. O educador que observa a criança e escuta sua voz com atenção, 
cuidado, respeito e curiosidade:
Questão 5
a) Reflete sobre a criança a partir do estágio de desenvolvimento no qual a criança se 
encontra.
b) Conhece a criança, considera seu ponto de vista e promove práticas educativas que tiram a 
criança de uma situação de invisibilidade.
c) Compreende a criança como sujeito de direitos, que precisa ser cuidada e educada de 
modo afetuoso, e de acordo com sua maturidade biológica.
d) Conhece a criança, considera seu ponto de vista e promove práticas pedagógicas a partir 
do estágio de desenvolvimento da criança.
e) Entende a criança como ator social, que precisa dos exemplos dos adultos e não das 
crianças para poder se desenvolver.
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Gabarito
1. Resposta: C.
As condições de vida da criança, em 
contextos sócio-histórico-culturais, têm 
mudado e têm gerado mudanças no modo 
como a infância é cuidada e educada, o que 
influencia diretamente sua aprendizagem e 
seu desenvolvimento.
2. Resposta: D.
Com a sociologia da infância a criança 
passa a ser compreendida em sua relação 
ativa com a cultura e a sociedade.
3. Resposta: A.
A infância é construída socialmente e não 
naturalmente.
4. Resposta: E.
Por ser uma construção social, a infância 
considera a criança a partir de seu contexto 
sócio-histórico-cultural.
5. Resposta: B.
Esse professor considera a criança como 
ator social e sujeito de direitos.
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Unidade 3
Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais
Objetivos
1. Conhecer teorias sobre o 
desenvolvimento humano com 
base em elementos sócio-histórico-
culturais.
2. Refletir sobre a Teoria Histórico-
Cultural de Vygotsky.
3. Entender a Psicologia Sócio-Histórica 
de Wallon.
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais51/188
Introdução
Você vai estudar duas teorias sobre o desenvolvimento humano que concebem a criança como 
ator social e sujeito histórico e que a estudam a partir da ideia da construção social da infância 
porque compreendem que a possibilidade da criança aprender a andar, a falar, a controlar 
o esfíncter, a imaginar, a pensar de modo raciocinado etc., está diretamente relacionada às 
qualidades dos estímulos que a criança recebe do meio em que vive, seja no contexto da família 
ou no contexto da instituição de educação infantil. 
Embora nessas aquisições a dimensão orgânica da criança se faça presente, 
suas capacidades para discriminar cores, memorizar poemas, representar 
uma paisagem através de um desenho, consolar uma criança que chora 
etc., não são constituições universais biologicamente determinadas e 
esperando o momento de amadurecer. Elas são histórica e culturalmente 
produzidas nas relações que estabelecem com o mundo material e social 
mediadas por parceiros mais experientes. (BRASIL, 2013, p. 86).
Compreendo que a aprendizagem e o desenvolvimento da criança acontecem a partir das 
possibilidades de interações entre os sujeitos – crianças ou adultos – e o ambiente social onde 
a criança está inserida. Por esse motivo escolhemos as teorias sobre o desenvolvimento 
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais52/188
humano elaboradas por Vygotsky (2007, 
1996, 1995 e 1987) e por Wallon (2008 e 
2007) para estudar o desenvolvimento da 
criança. 
Para saber mais
Para saber mais sobre criança, infância 
e Teoria Histórico-Cultural acesse o link: 
<http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/
TeorPratEduc/article/view/18549>.
Durante muito tempo o biólogo Jean 
Piaget (2002, 1987) foi considerado 
um dos principais estudiosos sobre o 
desenvolvimento da criança no meio 
pedagógico e psicológico. Piaget (1987) 
e Piaget & Inhelder (2007) explicam que 
a origem do desenvolvimento cognitivo 
da criança acontece de dentro do 
organismo para fora dele, de acordo com 
a maturidade fisiológica e biológica da 
criança. Desse modo, qualquer criança, 
por ser da espécie humana, em qualquer 
lugar do planeta, se desenvolve de modo 
semelhante porque o contexto sócio-
histórico-cultural da criança não é levado 
em consideração. É como se fosse possível 
afirmar que uma criança que nasce e é 
criada em uma situação de vulnerabilidade 
social e de pouco acesso aos bens 
culturais e materiais se desenvolva de 
modo semelhante a uma criança nascida 
e criada numa família com elevado poder 
aquisitivo que proporciona à criança 
múltiplas experiências linguísticas, de lazer, 
de cuidado, dealimentação, de acesso à 
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/18549
http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/TeorPratEduc/article/view/18549
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais53/188
cultura etc. Imagine o bebê do príncipe 
Willian, herdeiro do trono inglês e o bebê 
de João, pedreiro desempregado que reside 
em uma área invadida sem saneamento 
básico. Você acredita que esses dois bebês, 
em realidades sociais muito distintas, 
terão as mesmas oportunidades de 
aprendizagem e de desenvolvimento 
durante seus primeiros anos de vida? Eu 
respondo que não porque as condições 
concretas de vida na qual cada bebê está 
inserido influenciam diretamente os modos 
como ele vai ser cuidado e educado e as 
possibilidades que ele vai ter de acesso aos 
bens culturais e materiais, o que provocará 
aprendizagens e desenvolvimentos 
muito diferentes para cada bebê do 
exemplo dado. Por isso o contexto 
sócio-histórico-cultural da criança é 
condicionante para sua aprendizagem e 
seu desenvolvimento.
Vou apresentar a você alguns elementos 
da Teoria Histórico Cultural (VYGOTSKY, 
2007, 1996, 1995 e 1987) e da Psicologia 
Histórico Crítica (WALLON, 2008 e 2007).
Link
<http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_abstract&pid=S1414-
98932013000200012&lng=pt&nrm=iso&tln
g=pt>.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98932013000200012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98932013000200012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98932013000200012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1414-98932013000200012&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais54/188
Escolhemos os referenciais teóricos de 
Vygotsky e Wallon porque eles valorizam 
a relação professor-aluno e a escola como 
elementos fundamentais para o processo 
de desenvolvimento da criança.
Para saber mais
Para saber mais sobre a Teoria Histórico 
Cultural leia o artigo disponível em: <http://
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1678-
51771996000100002&script=sci_
arttext&tlng=en>.
1. Vygotsky e a Teoria 
Histórico-Cultural
Você sabia que Vygotsky (1896-1934) 
estudou direito, psicologia, história, 
literatura e medicina? No meio educacional 
o estudioso russo é mais conhecido como 
psicólogo, pois foi um dos fundadores 
da Teoria Histórico-Cultural, que traz 
contribuições decisivas para o campo 
educacional, ao formular teorias que 
partem do pressuposto que as interações 
sociais e as condições de vida de cada 
pessoa influenciam diretamente seu 
aprendizado e seu desenvolvimento. 
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1678-51771996000100002&script=sci_arttext&tlng=en
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1678-51771996000100002&script=sci_arttext&tlng=en
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1678-51771996000100002&script=sci_arttext&tlng=en
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1678-51771996000100002&script=sci_arttext&tlng=en
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais55/188
Para Vygotsky (2007, 1996 e 1987) a 
aprendizagem acontece a partir do contato 
da criança com a sociedade, ou seja, a 
partir da interação com as pessoas e com 
o ambiente social, numa relação dialética 
na qual a criança modifica o ambiente e a 
cultura e é modificada por esse ambiente 
e por essa cultura. Vygotsky (2007, 1996 
e 1987) entende que o que diferencia 
o ser humano dos outros animais é a 
plasticidade cerebral que possibilita aos 
seres humanos ascender das funções 
psicológicas elementares como reflexos 
para processos psicológicos superiores 
– mais complexos – como, a linguagem, 
o pensamento, a memória, a atenção, a 
consciência, o discernimento, o raciocínio 
lógico etc. E a ascensão para os processos 
psicológicos superiores se dá através do 
aprendizado. 
A teoria de Vygotsky está fundamentada 
no método materialista histórico-dialético 
(MARX, 2008 e 2006) que considera a 
história do sujeito e suas condições de vida 
como determinante para seu processo de 
desenvolvimento e que se compromete 
com o pleno desenvolvimento da 
humanização das pessoas. Esse método foi 
Link
<http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_abstract&pid=S0102-
71822011000300005&lng=pt&nrm=iso&tln
g=pt>.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-71822011000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-71822011000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-71822011000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0102-71822011000300005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais56/188
decisivo para Vygotsky compreender que 
todos os fenômenos da vida do ser humano 
devem ser estudados como processos em 
movimento e em transformação porque 
as mudanças históricas, sociais e culturais 
ocorridas na sociedade e na vida material 
provocam transformações na consciência 
e no comportamento humano e nos seus 
modos de aprender e de se desenvolver.
A criança ao ter contato com as pessoas e 
com os objetos da cultura se apropria dos 
elementos dessa cultura (língua, uso dos 
objetos e instrumentos, costumes, valores, 
hábitos, lógica e tecnologia) e (re)produz 
a humanidade que é externa a ela no 
momento do nascimento, mas que passa a 
fazer parte dela. No contexto psicológico, 
ao se relacionar com o mundo humano 
da cultura, a criança adquire formas mais 
complexas em seu psiquismo. E o modo 
como a criança vai adquirindo essas formas 
mais complexas depende da qualidade dos 
estímulos e da mediação que a criança 
recebe em relação aos elementos desse 
mundo humano da cultura. 
Para saber mais
Para saber mais sobre a Teoria Histórico-
Cultural para a educação infantil leia o artigo 
disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_abstract&pid=S1984-
02922015000100039&lng=pt&nrm=iso&tln
g=pt>.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1984-02922015000100039&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1984-02922015000100039&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1984-02922015000100039&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1984-02922015000100039&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais57/188
Duas principais contribuições da Teoria 
Histórico Cultural para a educação das 
crianças são os conceitos de mediação e de 
zona de desenvolvimento proximal. A zona 
de desenvolvimento proximal é a distância 
ou o espaço entre aquilo que a criança já 
sabe, já domina e aquilo que ela poder vir 
a saber através da mediação de alguém 
que saiba mais do que ela ou que seja 
mais experiente que ela, seja um adulto 
ou uma criança. A mediação se refere ao 
ato de uma pessoa servir como mediador, 
servir como elo, entre o conhecimento ou 
a experiência que já se sabe o que se quer 
vir a saber. A função do professor nessa 
perspectiva teórica é ser o mediador entre 
o que a criança já sabe e o que ele pode vir 
a saber.
Link
<http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_abstract&pid=S1984-
02922015000100007&lng=pt&nrm=iso&tln
g=pt>.
A educação, a atividade da criança como 
protagonista de sua aprendizagem e as 
mediações com as outras pessoas e com 
o contexto social são premissas para 
o desenvolvimento das capacidades 
humanas e das funções psicológicas 
superiores. Nesse contexto, a cultura é 
parte essencial na constituição do ser 
humano, pois influencia diretamente o 
processo em que o biológico se transforma 
em sócio-histórico.http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1984-02922015000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1984-02922015000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1984-02922015000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1984-02922015000100007&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais58/188
2. Wallon e a Psicologia Sócio-
Histórica
Henri Wallon (1879-1962) foi um 
estudioso interdisciplinar formando-
se em filosofia, medicina e psicologia e 
dedicou especial atenção às crianças 
com deficiência e ao desenvolvimento 
do psiquismo humano. Wallon também 
fundamenta seus estudos no método 
materialista histórico dialético, o 
que significa que ele também tinha o 
compromisso com a plena humanização 
das pessoas. O psicólogo francês entende 
que o que o sujeito é se deve às suas 
relações com a realidade, com o contexto 
sócio-histórico-cultural e não aos fatores 
predeterminados pela biologia ou por sua 
Para saber mais
Para saber mais sobre o pensamento pedagógico 
de Henri Wallon acesse o link: <http://www.
crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_
p033-039_c.pdf>.
fisiologia. Apesar da questão biológica 
não determinar o desenvolvimento do 
psiquismo, sem o cérebro (que é biológico) 
não há psiquismo. Por isso há uma 
integração orgânico-social. 
Em seus estudos, Wallon chegou à 
conclusão de que as crianças têm também 
corpo e emoções, não apenas cabeça, na 
sala de aula. Por isso ele desenvolve sua 
teoria baseado na relação entre cognição, 
afetividade e emoção. O psicólogo francês 
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p033-039_c.pdf
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p033-039_c.pdf
http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/ideias_20_p033-039_c.pdf
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais59/188
atribui importância às emoções no desenvolvimento do ser humano ao entender que o primeiro 
meio utilizado pelo bebê para se relacionar com o mundo e com as pessoas é a emoção, antes 
mesmo da linguagem (WALLON, 2007).
À medida que a criança vai se desenvolvendo, as trocas afetivas vão 
ganhando complexidade. As relações permeadas por trocas afetivas por 
meio dos contatos epidérmicos durante os meses iniciais de vida vão 
sendo substituídas por outras de natureza cognitiva, tais como respeito e 
reciprocidade (SOUZA, PETRONI, BREMBERGER, 2007, p.105).
Wallon também enfatiza o papel da afetividade para a aprendizagem e o desenvolvimento 
da criança. A afetividade se refere à capacidade do ser humano de ser afetado – tocado, 
influenciado – positiva ou negativamente tanto por questões internas (biológicas) como 
externas (sociais) (WALLON, 2007). Pode-se dizer que a atividade emocional é social e biológica 
ao mesmo tempo (WALLON, 2007). 
Wallon entende a criança como pessoa integral, por isso não separa corpo e mente e não 
separa emoção de cognição. 
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais60/188
É contra a natureza tratar a criança fragmentariamente. Em cada idade, 
ela constitui um conjunto indissociável e original. Na sucessão de suas 
idades, ela é um único e mesmo ser em curso de metamorfoses. Feita 
de contrastes e de conflitos, a sua unidade será por isso ainda mais 
susceptível de desenvolvimento e de novidade. (WALLON, 2007, p. 198).
Uma das principais contribuições de Wallon para a educação infantil parte de sua concepção 
da criança como um sujeito de direitos e desejos, o que implica a necessidade da instituição 
de educação infantil repensar suas práticas pedagógicas no sentido de ser promotora do 
protagonismo infantil e do desenvolvimento máximo da criança. A Psicologia Sócio-Histórica, 
de Henri Wallon, ajuda a pensar a instituição de educação infantil para além do componente 
intelectual, valorizando a dimensão integral da criança.
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais61/188
Glossário
Psiquismo: conjunto de características psicológicas do ser humano, processos mentais.
Funções psicológicas superiores: são funções mentais conscientes do ser humano: linguagem, 
pensamento, atenção, memória, raciocínio etc.
Cognição: ato ou processo de conhecer.
Questão
reflexão
?
para
62/188
Considerando que os estudos da sociologia da infância 
e as teorias de Vygotsky e de Wallon concebem a 
criança como sujeito histórico que sofre as influências 
da sociedade e da cultura ao mesmo tempo em que as 
influencia, quais relações você consegue estabelecer 
entre as teorias de Vygotsky e de Wallon e a sociologia 
da infância no contexto da educação infantil?
63/188
Considerações Finais
• O contexto sócio-histórico-cultural da criança é condicionante para sua 
aprendizagem e seu desenvolvimento.
• Os referenciais teóricos de Vygotsky e Wallon valorizam a relação 
professor-aluno e a escola como elementos fundamentais para o processo 
de desenvolvimento da criança.
• Vygotsky entende que é pela aprendizagem que o sujeito se desenvolve 
como ser humano.
• Wallon entende a criança como pessoa integral, por isso não separa corpo 
e mente e não separa emoção de cognição.
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais64/188
Referências 
BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretrizes Curriculares 
Nacionais Gerais da Educação Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
MARX, Karl. O capital: crítica da economia política. 26 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 
2008, v. 1.
______. Sobre o suicídio. São Paulo: Boitempo, 2006.
PIAGET, Jean. Epistemologia genética. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
______. Seis estudos de Psicologia, Rio de Janeiro: Forense, 1987.
PIAGET, Jean; INHELDER, Bärbel. A psicologia da criança. São Paulo: Difel, 2007.
SOUZA, Maria Cecília Braz Ribeiro de. A concepção de criança para o enfoque histórico-
cultural. Tese (Doutorado em Educação). Marília, SP: Faculdade de Filosofia e Ciências, 
Universidade Estadual Paulista, 2007.
SOUZA, Vera Lucia Trevisan; PETRONI, Ana Paula; BREMBERGER, Maria Eufrásia de Faria. 
Psicologia, educação e a sociedade contemporânea: reflexões sob a perspectiva da Psicologia 
sócio-histórica. Psicólogo informação. Ano 11, n. 11, jan./dez. 2007.
Unidade 3 • Teorias Sobre o Desenvolvimento Humano com Base em Elementos Sócio-Histórico-Culturais65/188
VYGOTSKY, Lev Semenovich. Formação social da mente: o desenvolvimento dos processos 
psicológicos superiores. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
______. Teoria e método em psicologia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
______. Obras escogidas. Tomo III. Madrid: Visor, 1995. 
______. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
WALLON, Henri. Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia comparada. Petrópolis, RJ: Vozes, 
2008.
______. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
66/188
Assista a suas aulas
Aula 3 - Tema: Teorias Sobre o Desenvolvimento 
Humano com Base em Elementos Sócio-
Histórico-Culturais - Bloco I
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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7f74211871c425b05b907dea640e631e>.
Aula 3 - Tema: Teorias Sobre o Desenvolvimento 
Humano com Base em Elementos Sócio-
Histórico-Culturais - Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
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9d670220f80c9c57b2fc809672b52488>.
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67/188
1. Como acontecem a aprendizagem e o desenvolvimento da criança para 
as teorias sócio-histórico-culturais?
a) A partir das possibilidades de interações entre os sujeitos – crianças ou adultos – e o 
ambiente social onde a criança está inserida.
b) A partir da maturação fisiobiológica da etapa na qual a criança se encontra.
c) A partir dos estímulos que a criança recebe do meio, desde que esses estímulos obedeçam 
as etapas de desenvolvimento fisiológico da criança.
d) A partir das interações entre a criança e o adulto, levando-se em consideração a 
maturação biológica da criança. 
e) A partir das interações entre a criança e o adulto, independentemente da condição social 
na qual a criança se encontra.
Questão 1
68/188
2. Por que a teoria de Jean Piaget não ajuda a compreender o 
desenvolvimento de bebês e crianças?
a) Porque ela se pauta em etapas de desenvolvimento motor e psicológico da criança.
b) Porque ela foi elaborada na metade do século XX e não é mais utilizada, pois o contexto 
social mudou muito.
c) Porque Jean Piaget considerou as relações das crianças com outras crianças e adultos em 
seu contexto concreto de vida.
d) Porque ele estudou apenas o desenvolvimento de seis crianças em uma aldeia na Suíça.
e) Porque ele não considerou que as condições concretas de vida da criança influenciam 
diretamente os modos como ela vai ser cuidada e educada.
Questão 2
69/188
3. Que estudiosos entendem que o desenvolvimento humano acontece 
a partir de processos de aprendizagens que contam com elementos 
racionais, sensoriais, empíricos, emocionais, culturais, sociais e históricos?
a) Wallon e Piaget.
b) Vygotsky e Piaget.
c) Vygotsky e Wallon.
d) Vygotsky e Skinner.
e) Wallon e Skinner.
Questão 3
70/188
4. Por que os referenciais teóricos de Vygotsky e Wallon contribuem para a 
educação infantil?
a) Porque eles apresentam etapas fixas que explicam o desenvolvimento da criança.
b) Porque eles elaboraram teorias que explicam o desenvolvimento da criança a partir de sua 
maturação biológica.
c) Porque seus referenciais psicológicos explicam que a criança se desenvolve para poder 
aprender.
d) Porque eles valorizam a relação professor-aluno e a escola como elementos fundamentais 
para o processo de desenvolvimento da criança.
e) Porque eles explicam que é o desenvolvimento da criança que contribui para seu 
aprendizado social.
Questão 4
71/188
5.O que é a zona de desenvolvimento proximal?
a) É o espaço ou a distância que anuncia a relação entre os conhecimentos que a criança já 
possui.
b) É a distância ou o espaço entre aquilo que a criança já sabe, já domina e aquilo que ela 
poder vir a saber.
c) É a distância ou o espaço entre o que a criança já sabe e o que ela pode vir a saber apenas 
quando ela vai para a escola.
d) É a distância ou o espaço entre saberes científicos que a criança já conhece.
e) É a distância ou o espaço entre saberes científicos que a criança pode vir a conhecer.
Questão 5
72/188
Gabarito
1. Resposta: A.
As teorias sócio-histórico-culturais se 
fundamentam em elementos sociais, 
históricos e culturais.
2. Resposta: E. 
Piaget não considerou os elementos sócio-
histórico-culturais da vida das crianças.
3. Resposta: C.
Vygotsky e Wallon são teóricos que 
consideram os elementos sócio-histórico-
culturais da vida das crianças.
4. Resposta: D.
Porque ambos estudaram também o 
processo de desenvolvimento das crianças 
em suas relações com a escola.
5. Resposta: B.
A zona de desenvolvimento proximal é uma 
teorização sobre um processo mental.
73/188
Unidade 4
A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas
Objetivos
1. Conhecer a experiência de educação 
infantil de Reggio Emilia.
2. Compreender os princípios da 
Pedagogia da Infância.
3. Entender como é ser professora e 
professor de educação infantil.
Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas74/188
Introdução
Você conhece a experiência de educação 
infantil da cidade de Reggio Emilia na 
Itália? Essa experiência nasceu no vilarejo 
de Vila Cella, na região de Reggio Emilia, 
após a Segunda Guerra Mundial, a partir 
do interesse coletivo dos familiares das 
crianças em promover uma educação 
infantil que contribuísse para a formação 
integral da criança, na perspectiva da 
construção de um mundo melhor. Nesse 
contexto, os familiares e educadores 
se uniram para construir uma escola 
da infância que considerasse a criança 
como ator social e sujeito de direitos. 
Desde a década de 1970 há escolas 
da infância em Reggio Emilia, que 
valorizam, respeitam e incentivam as 
vontades, os interesses e os desejos das 
crianças, contribuindo, dessa forma, para o 
desenvolvimento da autonomia da criança 
e para seu protagonismo nos processos de 
aprendizagem.
Link
<http://educacaointegral.org.br/
experiencias-internacionais/reggio-emilia-
escolas-feitas-por-professores-alunos-
familiares/>.
<https://www.youtube.com/
watch?v=4j8mtA_iDss>.
http://educacaointegral.org.br/experiencias-internacionais/reggio-emilia-escolas-feitas-por-professores-alunos-familiares/
http://educacaointegral.org.br/experiencias-internacionais/reggio-emilia-escolas-feitas-por-professores-alunos-familiares/
http://educacaointegral.org.br/experiencias-internacionais/reggio-emilia-escolas-feitas-por-professores-alunos-familiares/
http://educacaointegral.org.br/experiencias-internacionais/reggio-emilia-escolas-feitas-por-professores-alunos-familiares/
https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss
https://www.youtube.com/watch?v=4j8mtA_iDss
Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas75/188
O principal educador que, juntamente com os familiares das crianças de Vila Cella, participou 
da concepção do projeto educativo de Reggio Emilia foi Loris Malaguzzi (1920-1994). Ele 
escreveu o poema As cem linguagens da criança:
A criança é feita de cem / A criança tem cem mãos / cem pensamentos 
/ cem modos de pensar / de jogar e falar. Cem sempre cem / modos 
de escutar / de maravilhar e de amar. / Cem alegrias / para cantar e 
compreender. / Cem mundos para descobrir / Cem mundos para inventar 
/ Cem mundos para sonhar [...] (EDWARD, GANDINI, FORMAN, 1999, p. 23).
O poema As cem linguagens da criança apresenta de modo objetivo as principais ideias de 
Loris Malaguzzi sobre e para as crianças. As crianças apreendem o mundo, reinterpretam-
no e se expressam através de várias linguagens: choro, riso, língua materna, desenho, dança, 
silêncio, pintura, escultura, colagem etc. Por isso o poema de Malaguzzi é tão esclarecedor 
sobre as linguagens da criança. No mesmo poema o educador italiano tece uma crítica às 
escolas de educação infantil que não consideram a criança em sua integralidade e em suas 
potencialidades:
Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas76/188
A criança tem cem linguagens / (e depois cem, cem, cem) / mas 
roubaram-lhe noventa e nove. / A escola e a cultura / lhe separaram a 
cabeça do corpo. / Dizem-lhe: / de pensar sem as mãos / de fazer sem a 
cabeça / de escutar e não falar / de compreender sem alegrias / de amar 
e de maravilhar-se só na Páscoa e no Natal [...] / Dizem-lhe enfim: que o 
cem não existe. / A criança diz: ao contrário as cem existem (EDWARD, 
GANDINI, FORMAN, 1999, p. 23-24).
As escolas da infância em Reggio Emilia se organizam a partir da participação dos familiares 
das crianças, de membros da comunidade na qual a escola está inserida, das crianças, dos 
educadores e de profissionais de diversas áreas nos processos de gestão da escola da infância. 
Para saber mais
Para saber mais sobre essa experiência de educação infantilacesse o site: <http://www.
reggiochildren.it/?lang=en>.
http://www.reggiochildren.it/?lang=en
http://www.reggiochildren.it/?lang=en
Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas77/188
A experiência de educação infantil de 
Reggio Emilia tem sido divulgada como 
Abordagem Reggio Emilia e seu currículo 
é flexível, pois emerge das ideias, dos 
pensamentos e das observações das 
crianças, tendo como objetivo principal 
cultivar uma paixão permanente pela 
aprendizagem e pela exploração (RINALDI, 
2012). Na Abordagem Reggio Emilia a 
criança é protagonista, investigadora e 
comunicadora; o professor é um parceiro, 
um guia, um aprendiz; a arte ganha 
destaque com suas linguagens expressivas; 
os familiares das crianças são parceiros dos 
educadores e das crianças nos processos 
de ensino-aprendizagem.
Para saber mais
Para saber mais sobre a Abordagem 
Reggio Emilia acesse o site: <http://www.
reggiochildren.it/centro-internazionale-
loris-malaguzzi/?lang=en>.
A Abordagem Reggio Emilia está 
fundamentada na Pedagogia da Escuta 
(RINALDI, 2012) que se refere a escutar a 
criança não somente com os ouvidos, mas 
com todos os sentidos, de maneira aberta 
e sensível, para compreender sua voz, seus 
anseios, seus desejos, suas percepções 
sobre o mundo e sobre as relações sociais. 
Escutar também é estar aberto às diferenças, 
aos múltiplos pontos de vista e às variadas 
formas de interpretação do mundo. 
http://www.reggiochildren.it/centro-internazionale-loris-malaguzzi/?lang=en
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Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas78/188
A contribuição da Abordagem Reggio Emilia 
para a educação infantil no Brasil se revela 
na defesa de que a criança tem o direito 
de ser escutada e levada a sério, de ser 
compreendida como um ator social com 
direito à voz e à participação nas escolhas 
sobre seu cotidiano, de ser valorizada 
por suas criações e recriações, de ter o 
direito de ver o mundo com seus próprios 
olhos, elaborando hipóteses sobre ele, 
construindo relações e culturas infantis 
por meio da apreciação e da expressão 
nas múltiplas linguagens e nos diferentes 
modos de viver a infância, construindo seus 
saberes e suas opiniões e contribuindo para 
que os adultos possam ver o mundo com 
‘olhos de criança’. 
A seguir, você vai estudar em que consiste 
a Pedagogia da Infância e qual é o papel do 
professor de educação infantil.
1. Pedagogia da Infância 
A sociologia da infância e a Abordagem 
Reggio Emilia revelam a infância que 
assume visibilidade, pois as crianças 
deixam de ser consideradas como seres 
passivos e passam a ser concebidas como 
atores sociais que desenvolvem interações 
complexas com os adultos e com as outras 
crianças. Nesse contexto ganha destaque 
outro olhar sobre a pedagogia que lida 
com as crianças e que teoriza sobre elas: a 
Pedagogia da Infância. 
Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas79/188
A Pedagogia da Infância é construída para e com as crianças (OLIVEIRA-FORMOSINHO, 
KISHIMOTO, PINAZZA, 2007).
A pedagogia da infância, ou seja, a organização dos espaços e dos 
tempos que privilegia a brincadeira e a voz das crianças, coconstrutoras 
de seus pro cessos de desenvolvimento, de aprendizagem e de 
socialização tem como base a participação e a visibilidade das crianças 
pequenas e a produção de culturas infantis (NASCIMENTO, 2011, p. 158).
Os princípios que destaco como fundamentais para a Pedagogia da Infância são: considerar 
a criança como principal protagonista da ação educativa, sujeito de direitos, portadora de 
história e construtora de culturas infantis; valorizar a diversidade cultural das crianças e de 
Para saber mais
Para saber mais sobre a Pedagogia da Infância leia o artigo A pedagogia e a educação 
infantil, de Eloisa Rocha, disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-24782001000100004>.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782001000100004
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-24782001000100004
Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas80/188
suas famílias; reconhecer e valorizar a 
importância do brincar, da ludicidade e 
das expressões das crianças na prática 
pedagógica; organizar os tempos e espaços 
de aprendizagem de modo estimulador, 
desafiador e encorajador e promover 
a autonomia e a multiplicidade de 
experiências (SÃO PAULO, 2014).
Encontramos várias relações entre a 
Pedagogia da Infância, a sociologia da 
infância, a Abordagem Reggio Emilia, as 
teorias do desenvolvimento de Vygotsky 
e Wallon e as Diretrizes Curriculares 
Nacionais para a Educação Infantil, como, 
por exemplo, a concepção de criança 
como ator social e sujeito de direitos, 
portadora de história, protagonista de sua 
aprendizagem e de seu desenvolvimento, 
que sofre influência de seu contexto sócio-
histórico-cultural ao mesmo tempo em 
que o influencia, que vive a infância a 
partir de condições concretas de vida, que 
possui saberes e elabora hipóteses sobre 
o mundo e sobre as coisas, que é curiosa 
e engenhosa, que se utiliza de diversas 
linguagens para entender o mundo e se 
expressar e que, por isso mesmo, produz 
culturas infantis na relação com outras 
crianças e na ressignificação dos elementos 
do mundo do adulto. Desse modo, cada 
criança contribui para o entendimento da 
infância como construção social e para a 
existência de múltiplas infâncias. Nesse 
contexto, a professora e o professor de 
educação infantil precisam estar atento 
Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas81/188
a essa complexidade infantil de modo 
a promover práticas pedagógicas e 
experiências educativas que contribuam 
para a aprendizagem e o desenvolvimento 
das crianças. 
2. A Professora e o Professor de 
Educação Infantil 
A professora e o professor de educação 
infantil dão aulas? Aulas de quê? Nós 
entendemos que não e concordamos 
com Danilo Russo (2007) quando explica 
que o professor da infância não dá aulas. 
Como ser, então, professora e professor 
de educação infantil sem dar aulas? 
Russo (2007) entende que quanto mais 
a professora e o professor da infância 
se tornarem interessantes à medida 
que propõem atividades, experiências e 
brincadeiras interessantes, as crianças 
responderão a essas proposições e 
participarão ou não delas. Então, a 
professora e o professor de educação 
infantil precisam, necessariamente, 
ser seres brincantes, entusiastas de 
descobertas e promotores de experiências 
e atividades curiosas e desafiadoras. 
Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas82/188
[...] O papel do educador(a) da infância é o de criar condições, organizar 
tempos e espaços, selecionar e organizar materiais de forma criativa, 
observar as crianças, avaliar processos construindo registros que 
historicizem o tempo vivido, apoiar as suas descobertas e projetos a fim 
de possibilitar a ampliação das experiências das crianças, sem que o 
foco esteja centrado nele e sim na ação e invenção dos meninos e das 
meninas (SÃO PAULO, 2014, p. 17).
Os registros que historicizam o tempo vivido pela criança na instituição de educação infantil, 
que revelam os modos como ela compreende o mundo e interage com ele e que apresentam 
suas aprendizagens e seu desenvolvimento constituem a documentação pedagógica. 
[...] A sistematização desses registros permite uma reflexão permanente 
sobre as ações e pensamentos das crianças e assumem diferentes formas: 
relatórios descritivos individuais e do grupo, portfólios individuais e do 
grupo, fotos, filmagens, as próprias produções das crianças (desenhos, 
esculturas, maquetes, entre outras) [...] (SÃO PAULO, 2014, p. 23).
Unidade 4 • A Infância e suas Linguagens: Implicações Pedagógicas83/188
A documentação pedagógica também 
se

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