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PAGE UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE FILOSOFIA NO ENSINO MÉDIO O ENSINO DE FILOSOFIA NO CONTEXTO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO EMILANA SOARES ZIANI Santa Maria 2016 O ENSINO DE FILOSOFIA NO CONTEXTO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO EMILANA SOARES ZIANI Monografia de Especialização apresentada ao Programa de Pós-Graduação Especialização em Ensino de Filosofia no Ensino Médio Universidade Federal de Santa Maria, RS. Orientadora: Simone Becher Araujo Moraes Santa Maria 2016 Agradecimentos A realização deste trabalho não seria possível sem o auxílio de muitas pessoas. Agradeço com muito carinho a todos, em especial: A minha orientadora Simone Becher, pelos ensinamentos e amizade durante o tempo que trabalhamos juntas, pelo tempo disponibilizado, pelo empenho e credibilidade, pela orientação clara e segura, que deu respaldo e confiança para a execução deste trabalho. A Profª Dr. Elisete Medianeira Tomazetti, que a partir de suas aulas no curso de licenciatura em Filosofia, mostrou-me as questões voltadas para a educação e o ensino de filosofia, bem como orientou-me enquanto bolsista do Programa de Bolsas de Iniciação á Docência (PIBID/Filosofia-UFSM), momentos estes que fizeram eu me apaixonar pela escola e pela educação e querer lutar por um ensino melhor e de qualidade. Aos demais Professores e tutores da Especialização Ensino de Filosofia no Ensino Médio, por todas as contribuições e ensinamentos no decorrer das disciplinas cursadas na especialização. Aos meus pais, Cleucésio e Loreci, exemplos de vida, força, garra, fé e conduta irrepreensível. Que não mediram esforços para me incentivar aos estudos, apesar das dificuldades enfrentadas, e muitas vezes abdicaram seus sonhos em prol dos meus. Se hoje realizo mais este sonho foi porque, de uma forma, ou de outra, vocês sempre estiveram ao meu lado sendo uma referência. A todos aqueles, que direta ou indiretamente, me apoiaram, auxiliaram e acreditaram no alcance e êxito dessa conquista, meus sinceros agradecimentos. RESUMO Este trabalho monográfico traz algumas reflexões acerca do Ensino de Filosofia atravessado pela mediação das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC). Tem como principal objetivo, pensar as potencialidades promovidas pelos aportes das TIC no planejamento e desenvolvimento do Ensino de Filosofia em sala de aula no ensino médio. Para tanto, esta investigação delineia-se a partir de três materialidades bibliográficas: a primeira constitui-se pela análise e apresentação das Políticas Públicas para a educação que discorrem sobre a necessidade da implementação do uso das TIC na educação. A segunda materialidade diz respeito ao estudo e análise de textos e livros que versam sobre a necessidade e a urgência de uma formação continuada do professor de filosofia, a saber: Cerletti (2009), Gallo (2000), Kohan (2000), Obiols (2002), Aspis (2009), Paiva (2013). Por fim, a terceira materialidade é constituída por textos de pensadores das TIC na sua relação com a educação, tais como: Pierre Lévy (1993), Massetto (2003). A partir desta pesquisa, pôde-se concluir que ensinar filosofia no contexto das TIC é urgente e possível, desde que, além da implementação, da atualização e revisão das práticas pedagógicas dos professores de filosofia, também haja uma mudança na própria instituição educativa. Para que a mesma não esteja somente equipada com os aparelhos tecnológicos em suas dependências sem um uso preparado e reflexivo das mesmas, de forma que estas possam de fato configurarem-se em efetivas ferramentas para o ensino e aprendizagem de filosofia. Palavras-chave: Ensino de Filosofia. Tecnologias da Informação e da Comunicação. Formação de professores. ABSTRACT This Monographic work brings some reflections on the teaching of philosophy crossed by Information and Communication Technologies (TIC) mediation. The main objective is to think about the potential promoted by the contributions of ICT in the philosophy teaching and educational planning at high school classroom. Therefore, this research was carried out from three types of bibliographic sources: The first is the analysis and presentation of public policies education. The second source is about the study and analysis of texts and books concerning the need and the urgency philosophy teacher training. The books are: Cerletti (2009), Gallo (2000), Kohan (2000), Obiols (2002), Aspis (2009), Paiva (2013). Finally, the third bibliographic source is composed by texts from ICT and education thinkers and authors such as: Pierre Lévy (1993), Massetto (2003). From this study, it was possible to conclude that philosophy teaching in the context of ICT is urgent and possible, provided that, in addition to the implementation, the update and revision of the pedagogical practices philosophy teachers. Therefore, it is not only equipped with the technological devices in their dependencies without a use prepared and reflexive of it. The ICT can in fact configure into effective tools for the philosophy teaching and learning. Keywords: Teaching of Philosophy. Information and Communication Technologies. Teacher training. SUMÁRIO 5INTRODUÇÃO 1. AS TIC NAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS...................................................10 1.1. As TIC nas Políticas Públicas para formação de professores..................................13 2. AS TIC NO ENSINO DE FILOSOFIA.................................................................................16 2.1. Sobre a Possibilidade de Mediação com as TIC na aula de Filosofia......................21 3. CONCLUÇÕES..................................................................................................................22 24. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 3 INTRODUÇÃO O surgimento e a evolução de técnicas e tecnologias modificam as sociedades em seus mais variados segmentos, tais como: cultura, visão de mundo, economia, as ciências, relações afetivas e sociais etc. Dessa forma, a história da humanidade está entrelaçada com a criação e o desenvolvimento dessas técnicas e tecnologias, que visam facilitar e potencializar as atividades humanas. No processo de evolução da história a passagem da técnica para a tecnologia é marcada pela Revolução Industrial, em que o homem tinha habilidades técnicas, isto é, conhecimento aplicado mediante seu esforço físico ou mental, com auxilio de ferramentas em vista de alcançar um resultado. A tecnologia vem a ser o estudo dessas técnicas cada vez mais desenvolvidas e aperfeiçoadas pelo homem, começando pelo período da Pré-História: o período Neolítico em que homem começa a criar técnicas para seu desenvolvimento, entre estas a criação do fogo, de machados de mão e outras ferramentas cortantes para assim destacar-se na natureza. Assim, temos tecnologias classificadas como primitivas ou clássicas, tais como: a descoberta do fogo, a invenção da escrita, os primeiros alfabetos, entre outras. Entretanto, é efetivamente com a Revolução Industrial que se têm um importante marco no contexto das transformações tecnológicas que vieram a fazer parte da constituição de todo o processo de produção e de trabalho humano. O termo Tecnologias da Informação e da Comunicação aparece a partir do século XX, mediante a invenção e avanço no setor das telecomunicações, com a criação dos primeiros computadores, a produção de telefones portáteis, o desenvolvimento da internet, o que faz com que a partir dos anos 70, a informática começa a inserir-se e influenciar o setor educacional, findo a ser utilizada como finalidade pedagógica por parte dos alunos que se tornam mais autônomos configurando novas formas de comunicação/linguagem e dos educadores ao inovar na didática em sala de aula. Estes avanços das tecnologias promovem na sociedade não somente inovações, mas também questionamentos acerca dos seus efeitos, dos seus benefícios e malefíciosdo seu uso nos diversos setores, sejam eles de produção, de trabalho, ou do ensino e da educação. Pode-se considerar um fator positivo a possibilidade de proporcionar ao sujeito melhores condições ao acesso de informação e conhecimento, bem como a praticidade mediante a rapidez que a máquina (Computador) promove mediante o acesso a rede online. Pois, com a revolução industrial nos anos 70, as TIC avançam-nos diversos setores industriais, de comunicação de educacionais, promovendo uma mudança no desenvolvimento intelectual do homem, pois o acesso a informação e a comunicação passa a ser em grande escala mais evoluído em termos da invenção e criação de novas máquinas. E ao mesmo tempo negativamente, levanta a questão do desemprego do homem, pois uma máquina pode fazer uma produção triplicada ao trabalho de 10 homens. E na área da Educação, do ensino, como trabalhar com as Tecnologias da Informação e da Comunicação? Tendo em vista o atual contexto tecnológico digital em que estamos vivendo e seu visível crescimento exponencial, não temos como negar que estamos na era das tecnologias digitais, das mídias, do acesso fácil e rápido aos mais variados conteúdos e informações. Assim, se faz necessária a busca por alternativas e novas possibilidades de aproximar os jovens do saber filosófico. Pois, esses jovens interagem durante muitas horas do dia no mundo online e estabelecem novas relações em diferentes espaços/tempos que diferem e entram em grande conflito com a realidade que é oferecida nos espaços/tempos da sala de aula que temos hoje em nossas escolas. No contexto do ensino de filosofia, uma disciplina por vezes, centrada mais em teorias filosóficas, em dedicação de tempo e paciência para leituras e interpretações de textos, surge a preocupação de como aproximar esse jovem da filosofia/filosofar de modo que ele possa ter a abertura de trazer a sua “cultura digital” para dentro da sala de aula sem prejuízo à sua aprendizagem. De acordo, com Guimarães e Dias (2006) o ensino mediado pelas tecnologias promove debates no contexto da área da educação. Isto é, a inserção em crescimento das Tecnologias no campo educacional implica em pensar formação qualificada aos professores da rede pública de ensino, a capacitar as escolas com ferramentas tecnológicas, pensar e aplicar Políticas Públicas voltadas ao fomento e uso das tecnologias na vida escolar como um todo. Neste sentido, ao passo que pensamos e nos preocupamos com as Tecnologias na Educação, não podemos fugir de pensar dentro da área das humanidades, a especificidade de lecionar filosofia em tempos de uso das tecnologias por parte dos jovens. Por sua vez quando tratamos do Ensino de Filosofia, mediado pelas ferramentas tecnológicas, concordamos com Tomazetti & Gallina (2009, p.174): É urgente compreender as condições culturais contemporâneas – calcada nas novas Tecnologias da Informação e da Comunicação, na cultura do consumo e na mídia – produz nos jovens a diminuição de sua potencialidade para a tradicional forma de acesso ao texto escrito: as habilidades de compreensão e de interpretação. Ensinar filosofia encontra-se nas bases de um ensino que perpassa pela história da filosofia e enseja o estudo de textos filosóficos, exigindo dos jovens alunos, o interesse pela leitura e a compreensão acerca dos conceitos que os textos trazem. Pois no atual contexto, nossos jovens de Ensino Médio tecem novas maneiras de escrever e de ler, mediante o uso na rede on-line, a partir de perfis virtuais em plataformas tais como: Facebook, Twiter, Instagram, Snapchat, entre outros. A partir disso, evidencia-se uma preocupação sobre a forma de como esse jovem pesquisa e lê mediante o uso de um aporte tecnológico, pois sua leitura deixa de ser um livro impresso, uma revista, um texto e passa a ser feita mediante pesquisas rápidas na “WWW” . Por sua vez, é muito comum que o professor de filosofia em sua prática de ensino esteja mais inclinado a dar o foco na centralidade do conteúdo abordado no livro didático e na execução de aulas expositivas, sendo uma das principais justificativas para este tipo de prática, a reduzida carga horária destinada ao ensino da disciplina de filosofia. Com isso, percebe-se a necessidade de proporcionar discussões mais aprofundadas acerca do uso das tecnologias no campo do Ensino de Filosofia na escola básica. Em sendo o tema proposto: O Ensino de Filosofia no contexto das Tecnologias da Informação e da Comunicação, a presente pesquisa justifica-se por promover maior discussão sobre os espaços/tempos de ensinar e aprender filosofia no contexto escolar e suas possibilidades na mediação com as Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC). Busca-se aqui, discutir de forma contextual sobre as tecnologias presentes no espaço escolar, em que as materialidades bases, centralizam-se no estudo de documentos oficiais do Ministério da Educação (MEC), sobre a prática do professor de filosofia, apresentando um estudo sobre as Políticas Públicas e documentos norteadores que versam sobre a formação inicial e continuada dos professores para com o uso das tecnologias. Nos Parâmetros Curriculares para Ensino Médio, estão presentes discursos que nos possibilitam pensar e refletir sobre o ensino e uso das tecnologias em sala de aula: I – Entender o impacto das Tecnologias da Informação e da Comunicação na sua vida, nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social; II – Aplicar as Tecnologias da Informação e da Comunicação na Escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para a sua vida (PCN, 2000, p.11). Tendo em vista as exigências de aplicação das TIC do contexto escolar, e a forma como esta exigência incide em uma demanda para todas as disciplinas, e em especial para a disciplina de filosofia, torna-se cada vez mais urgente que o professor busque informações e que também reflita sobre as possibilidades de fazer uso das TIC nas aulas de filosofia. Em vista de, viabilizar um ensino para os jovens, de forma que o conteúdo filosófico se mostre conectado a sua condição de existência, as suas inter-relações cotidianas. A presente pesquisa está organizada da seguinte forma: No primeiro capítulo buscamos evidenciar as Políticas Públicas para a educação que trazem a exigência do uso das TIC nos espaços escolares. Tais políticas trazem os principais programas criados pelos órgãos governamentais, e que por sua vez, visam promover a formação continuada dos professores para o uso das tecnologias. Os documentos estudados são: 1996 2000 2001 2006 2007 2014-2024 Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9.394/1996) Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) Plano Nacional de Educação. Orientações Curriculares Nacionais (OCN, Filosofia) Programa de Formação Continuada em Tecnologia Educacional Plano Nacional de Educação (PNE) Tabela das Materialidades No segundo capítulo, mostramos de que forma os avanços das TIC podem produzir efeitos sobre a educação e em particular no Ensino de Filosofia. Nesse sentido, discorre-se sobre as especificidades do Ensino de Filosofia, em vista de apresentar conexões posteriormente com as TIC na aula de filosofia, que por sua vez faz pensar sobre os aparatos tecnológicos disponíveis na instituição de ensino. Além disso, em formas sobre como o professor de filosofia do Ensino Médio buscará utilizar os aportes tecnológicos na mediação do conhecimento nas suas aulas, bem como pensando no jovem, o qual tece relações no mundo real e no virtual, e é sujeito protagonista das suas ações. De acordo, com MARCONDES (2004, p.64): O grande desafio para o ensino da filosofia consiste em motivar aquele que ainda possui qualquer conhecimento do pensamento filosófico, ou sequer sabe para que serve a filosofia, a desenvolver o interesse por este pensamento, a compreender sua relevância a vir a elaborar suas próprias questões. Para tanto, a construção desse segundo capítulo, foi realizado o estudo de várias fontes a partir das produções dos teóricos que trabalham com o Ensino de Filosofia e as Tecnologias,bem como, autores que problematizam o uso das Tecnologias na Educação. Assim, dialogamos com autores tais como: Alejandro Cerletti (2009), Silvio Gallo (2000), Walter Kohan (2000), Guilhermo Obiols (2002), Renata Aspis (2009), Pierre Lévy (1993), Paiva (2013) entre outros. 1. AS TIC NAS POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS Neste capítulo, procuramos mostrar como aparecem nas Políticas Públicas para a educação algumas importantes considerações e normativas que trazem a questão do uso das TIC como uma necessidade e urgência no que diz respeito à mediação pedagógica, bem como no referente à formação inicial e governamental, em vista de fomentar o uso delas nas escolas e promover a formação continuada dos professores. Conforme nos diz Pais (2005, p.93). A evolução dessas tecnologias vai desde a criação dos antigos sistemas postais até a invenção do telégrafo, do telefone, do rádio, da televisão, do computador, da telefonia celular, das redes de computador e de várias outras interfaces criadas para a melhoria do processo de comunicação. De uma forma geral, o uso das tecnologias da comunicação pode contribuir para a expansão da educação, sobretudo, sob a modalidade de educação à distância. Cada tecnologia tem sua própria evolução, envolvendo desde os aspectos técnicos até os desafios de sua difusão social. Percebendo que estamos inseridos em uma sociedade tecnológica, o governo passou a investir em tecnologias nas instituições de ensino da rede pública, promovendo a distribuição de ferramentas tecnológicas para as escolas. A presença das tecnologias na escola marca um avanço no campo do ensino, bem como enfatiza uma discussão acerca do ensino do aluno que está na escola e da formação profissional do professor. A inserção das TIC nas escolas e a criação de Políticas Públicas que fomentam a sua presença se devem no sentido de perceber que a informação e o conhecimento não estavam mais delimitados somente a escola, mas se era possível adquiri-los mediante outras formas, tal como a internet. De acordo PIMENTEL (2012, p. 98): Uma Política Pública educacional voltada para a integração das TIC nas escolas deve levar em conta que a inovação tecnológica, se não é acompanhada pela inovação pedagógica e por um projeto educativo, representará uma mera mudança superficial dos recursos escolares, mas não alterará substancialmente a natureza das práticas culturais nas escolas. Em vista, disso delineia-se a apresentação de Políticas Públicas que fomentam a inserção das tecnologias na escola, bem como apresentam direcionamentos, recursos e possibilidades de como fazer uso das tecnologias em sala de aula, promovendo formação continuada para os professores da rede pública de ensino. Concernente ao cenário da chegada e difusão crescente das Tecnologias, o Ministério da Educação, preocupado com o ensino e a formação do professor, procurou implementar ações, Políticas Públicas de implementação tecnológica na rede pública de ensino. Assim, o governo procurou instaurar dois projetos iniciais, a saber: “TV Escola” e “Programa Nacional de Formação continuada em Tecnologia Educacional (PROINFO INTEGRADO)”. A TV Escola, é uma programa criado pela secretaria da Educação à Distância do MEC, que tem por finalidade capacitar, atualizar os professores da rede pública de ensino. TV Escola é uma canal de televisão destinado a educação e criado em 1996, que teve como ponto de partido encaminhar para as escolas públicas aparelhos como: televisão, videocassete, antena parabólica, fitas VHS. Entre os objetivos do programa: Desenvolver, produzir e disseminar conteúdos, programas e ferramentas para a formação inicial e continuada à distância; • Melhorar a qualidade da educação; • Propiciar uma educação voltada para o progresso científico e tecnológico; O Proinfo Integrado é “um programa que integra e articula a distribuição dos equipamentos tecnológicos para as escolas (computadores, impressoras e outros equipamentos de informática), à oferta de cursos de formação continuada e conteúdos e recursos multimídia e digitais, por meio do Portal do Professor, da TV Escola, etc”. (MEC, Brasil). Tal programa iniciou em 2007, e, no decorrer dos anos foi passando por reformulações, em vista de promover formação continuada aos professores da rede pública de ensino para promover uma maior aproximação das mídias e tecnologias cada vez mais presentes nas escolas. Por sua vez, chegaram às escolas computadores, porém, muitas destas não se encontravam com dependências adequadas para recebê-los, isto é, com uma sala de informática. Em consequência é possível observarmos o atual abandono de muitas máquinas que estão em desuso. Em 2005, o Ministério da Educação criou o Mídias na Educação, que é “um programa a distância, que visa proporcionar formação continuada para o uso pedagógico das diferentes Tecnologias da Informação e da Comunicação” (MEC, BRASIL). Tal programa no âmbito da formação continuada dos professores, proporciona a este educador contato próximo com as TIC, aperfeiçoando seus conhecimentos, e por sua vez, desenvolvendo habilidades de uso prático para com os aportes tecnológicos que pode vir a fazer uso como auxilio pedagógico em sala de aula. Por sua vez mediante os programas desenvolvidos pelo MEC/SEED (Secretaria de Educação à distância do Ministério da Educação), possibitou-se as professores da rede pública de ensino não somente o aperfeiçoamento, mas a qualificação profissional mediante a realização de cursos de especialização que tem por fomento o acesso as TIC e o trabalho e desenvolvimento dessas junto ao corpo escolar como um todo, entre esses cursos temos a especialização de Tecnologias da Informação e da comunicação aplicadas à educação e Mídias na Educação. A filosofia enquanto disciplina obrigatória do Ensino Médio voltou a compor a grade de ensino em 2008. Na sua trajetória de ensino e aprendizagem da filosofia, algumas questões caminham junto ao seu ensino. Uma dessas questões, diz respeito sobre como ensinar filosofia para jovens de Ensino Médio, que cada fez mais fazem uso dos aparatos tecnológicos que estão presentes na sociedade e em consequência, no ambiente escolar? Nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006), as novas tecnologias são abordadas na perspectiva do letramento, multiletramentos, multimodalidades e hipertextualidade. As OCN das Ciências Humanas e suas Tecnologias, a qual engloba a área das humanidades, evidencia a filosofia enquanto disciplina que voltou a compor a grade curricular da escola em 2008, como uma disciplina que apresenta por identidade e objetivos um papel formador, conforme descrito no artigo 2 da Lei de Diretrizes e Bases (9.394/96) o “pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. De acordo com as Orientações Curriculares Nacionais A filosofia a cumpre, afinal, um papel formador, uma vez que articula noções de modo bem mais duradouro que outros saberes, mais suscetíveis de serem afetados pela volatilidade das informações. Por conseguinte, ela não pode ser um conjunto sem sentido de opiniões, um sem-número de sistemas desconexos a serem guardados na cabeça do aluno que acabe por desencorajá-lo de ter ideias próprias. Os conhecimentos de filosofia devem ser para ele vivos e adquiridos como apoio para a vida, pois do contrário dificilmente teriam sentido para um jovem nessa fase de formação. (OCN, 2006, p.28) Nesse sentido, o professor em sala de aula precisa rever como trabalhar com os conteúdos filosóficos, adotando uma abordagem metodológica a partir da história da filosofia, ou de um tema ou problema filosófico, criando possibilidades de interação com o uso dos aportes tecnológicos em aula, em vista de sensibilizar, afetar o jovem e assim vir a convidá-lo a aprender filosofia. Por sua vez, vale ressaltar a necessidade de refletir sobre as possibilidades de expressão dos jovens, mediante seus perfis no ciberespaço, onde eles expressam novas linguagens e formas de escrita, pois a internet possibilita umvasto campo de informações que precisam ser recortadas e remodelas pelo professor, de forma a adaptá-los a aula de filosofia. É notória a presença das tecnologias no cenário escolar e nas relações tecidas pelos jovens, agora é preciso estabelecer uma orientação para a formação continuada dos professores, e a interatividade das tecnologias com as práticas escolares na aula de filosofia. Assim, os professores de Filosofia necessitam estar capacitados metodologicamente, no campo dos conhecimentos da disciplina e para o uso das TIC. Os educadores precisam mergulhar no universo da cultura digital para compreender as singularidades do mundo dos jovens, lugar do qual pode surgir novas possibilidades no âmbito da produção da filosofia/filosofar. Como diz Lévy (1993, p.7): Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os tipos. Escrita, leitura, audição, criação, aprendizagem são capturados por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode mais conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa que redistribui as antigas divisões entre experiência e teoria. Emerge, neste final do século XX, um conhecimento por simulação que os epistemologistas ainda não inventariam. Para Lévy, as TIC na atualidade se constituem como instrumentos necessários à formação continuada dos professores. Nessa perspectiva, o autor salienta a preocupação em apontar que as tecnologias são uma realidade presente, nas atividades cotidianas de cada sujeito social e cultural. Porém, indaga que não há estudos aprofundados, que possibilitam um entendimento maior sobre as implicações filosóficas, culturais dessas tecnologias e seus vínculos com a subjetividade do homem contemporâneo. As Tecnologias da Informação e da Comunicação promovem transformações educacionais, e por sua vez, a necessidade de formação continuada aos educadores. Conforme Masseto (2003, p.13) “o desenvolvimento tecnológico afeta dois aspectos que são o coração da própria universidade: a produção e divulgação do conhecimento e a revisão das carreiras profissionais”. Assim, no campo de produção em massa de ferramentas tecnológicos adentrando o espaço escolar e educacional, enseja a necessidade de formação aos professores para o uso das tecnologias. 1.1. AS TIC nas Políticas Públicas para formação de professores Nesse subcapítulo busca-se problematizar e refletir sobre as Tecnologias da Informação e Comunicação nas Políticas Públicas voltadas para a formação dos professores, partindo as questões da formação inicial do professor até a necessidade da formação continuada. O professor no processo de ensino-aprendizagem do aluno desempenha um papel importante, que é de incentivar, aproximar, convidar o aluno a participar, interagir desse momento de troca de experiências, de efetivo ensino. O professor, não é o detentor máximo de todo conhecimento, assim como a ferramenta “Google” não ensina mediante uma mera e despreparada busca on-line. As TIC promoveram a resignificação do conceito de acesso ao conhecimento e à informação. As novas tecnologias estão redesenhando as práticas e metodologias educacionais, ao estabelecer e possibilitar correlações com as atividades didático-pedagógicas. Em vista desta configuração, criam-se novos discursos sobre a formação de professores, no que se refere à capacitação profissional no universo da docência. Para tanto, busca-se constituir habilidades e competências na área das tecnologias, da programação de dados, criação de aplicativos, circulação em programas e plataformas on-line. Assim, o mundo virtual tem a potencialidade de tornar-se um lugar de informação, de comunicação e cultura, enfim um campo fértil ao processo produção do conhecimento. Isto faz com que o professor tenha que reorganizar o planejamento didático de suas aulas buscando inserir alguma TIC como auxilio pedagógico.. Concordo Pretto (2006, p. 14) com no sentido que enfoca na necessidade de se pensar em Políticas Públicas que exigem a efetiva participação dos estudantes das instituições de ensino superior “nos programas que adotem as tecnologias para a sua formação, já que serão eles os futuros professores dos sistemas educacionais”. No universo das práticas de ensino em sala de aula da escola básica, pensamos na figura do professor de filosofia, o qual precisa redesenhar suas práticas didático-pedagógicas em vista da influência das tecnologias no campo da educação. Por sua vez, o profissional que adentra ao universo da escola, recebe uma formação inicial, por exemplo, o professor de filosofia, passou pelo curso de licenciatura em filosofia da Universidade Federal de Santa Maria, recebendo formação integral em 4 anos de curso. Concordo com Moraes (2014, p. 57): A formação do professor de filosofia, na maioria dos casos, se dá com o foco nos conteúdos filosóficos propedêuticos, ou seja, nos conteúdos, que dizem respeito à história da filosofia e às obras que trazem o pensamentos dos filósofos. Em contrapartida, são muito poucas as disciplinas que tratam especificamente sobre as questões didático-pedagógicas, do manejo da sala de aula, do relacionamento professor-aluno e sobre como fazer as conexões entre os conteúdos filosóficos e a realidade do aluno e da escola. Tais fatores causam uma grande defasagem entre o que se aprende na universidade e o que se vivencia no contexto da escola básica. Nas escolas da rede pública de ensino, no que tange a prática dos professores, durante o ano letivo, no período destinado as férias no mês de julho, os professores passam por uma semana de estudos, intitulada: Formação Continuada, instituída pela secretária da educação junto ao Ministério da Educação (MEC/BRASIL), com carga horária de 40h para os professores, os quais devem debater sobre as áreas do conhecimento e rever o Projeto Político Pedagógico. De acordo com a atual grade curricular das disciplinas do Curso de Filosofia da UFSM, bem como das demais licenciaturas, em que a última reestruturação curricular foi em 2004, existe uma lacuna no que diz respeito à existência de disciplinas que abordem sobre questões de como trabalhar com as mídias, as TIC em sala de aula. A fim de prover importantes mudanças na questão da formação inicial e continuada dos professores, algumas ações governamentais foram instituídas, tais como: a criação do Programa de Formação Inicial e Continuada, presencial e a distância, de professores para educação básica (PARFOR); A criação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação á Docências (PIBID) que atua dentro das licenciaturas na formação inicial do professor; A criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB), que tem por objetivos: “oferecer cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada de professores de educação básica” e “fomentar o desenvolvimento institucional para a modalidade de educação à distância, bem como a pesquisa em metodologias inovadoras de ensino superior apoiadas em tecnologias de informação e comunicação” (MEC, Brasil). Foi criado também o Programa Portal do Professor, o Programa Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional – PROINFO Integrado; o Programa Banda Larga nas Escolas com o objetivo de “universalizar e democratizar o acesso à informação e inclusão digital de professores e alunos.” (MEC, Brasil) e também o Programa um Computador por aluno (PROUCA), instituído pela lei nº12. 249 de junho de 2010, que tem por objetivo “promover a inclusão digital pedagógica e o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem de alunos e professores das escolas públicas brasileiras, mediante a utilização de computadores portáteis denominados laptops educacionais” (MEC, Brasil). Por conseguinte, o Ministério da Educação concernente à formação de professores de filosofia em 2013, distribuiu para os professores da rede pública estadual, Tablets, o que denota preocupação em relaçãoà qualidade do ensino e uma formação continuada aos educadores. A distribuição dessa tecnologia, tem por escopo ajudar na elaboração e planejamento das aulas, aproximar e familiarizar os professores com as ferramentas tecnológicas. De acordo com notícias publicas na mídia e por vivências minha em uma escola e enquanto acadêmica de um curso de graduação, mediante os discursos colocados pela mídia e colegas, os mesmos evidenciam sobre o que acontece na escola e relatam que os Tablets não estão sendo usados, devido a alguns motivos: 1º: Poucas horas de formação acerca de como usar este dispositivo de maneira pedagógica; 2º: Problemas com a infraestrutura da escola no que diz respeito ao acesso à rede de internet sem fio; 3º: Os aparelhos, de um modo geral, apresentam problemas técnicos; 4º: Resistência por parte dos professores em realação ao uso dos Tablets. Tais fatores nos remetem ao que diz Lagarto (2013, p. 135), fundamenta no pensamento de Paiva (2001): Os professores, de um modo geral, consideram ter competências TIC suficientes para a sua prática pedagógica. No entanto, quando confrontados com as razões porque as não utilizam na sala de aula, como suporte de aprendizagens, referem a não existência de equipamentos adequados (Paiva, 2002) ou a sua falta de formação. As Políticas para inserção das TIC permitem identificar que as tecnologias estão presentes nos segmentos sociais contemporâneos, desse modo, a escola necessita avaliar essa condição, uma vez que, ela é o ambiente de diálogo e de formação social. De acordo com Lévy (2007, sp): Há uma mudança na própria forma de percebermos o tempo e os espaços decorrentes das subjetivações e significações humanas; estamos submetidos a novas formas de buscar informações, construir conhecimento e nos relacionar, estando conectados em rede. E a escola precisa conectar-se a essa rede para que não se torne obsoleta, não se distancie da realidade e da estrutura que caracterizam a sociedade contemporânea. A instituição necessita inserir-se no universo de discussões e processos ocorridos fora muro da escolar, para não continuar sendo caracterizada como uma escola do século XIX com alunos do século XXI. Para tanto, um possível ponto de partida é reconhecer o aluno como sujeito do processo de ensino e de aprendizagem, o qual tece novos conhecimentos e estabelecem novas relações interligadas as suas ações nas redes sociais, enfim no mundo online. 2. AS TIC NO ENSINO DE FILOSOFIA “o corpo vivo da filosofia é o “ensaio”, entendido como “experiência modificadora de si no jogo da verdade”, como “ascese” ou ainda como “um cuidado de si, no pensamento” (FOUCAULT , p.13). O ensino de filosofia em sua busca por um espaço dentro da escola, passou por dificuldades e ainda enfrenta algumas. Isto é, a carga horária para lecionar a disciplina de filosofia é mínima, em muitos casos, conta apenas com uma hora-semanal, ou menos. Além disso, muitas vezes a disciplina de filosofia não é lecionada por um professor com formação específica em filosofia, o que prejudica o ensino, torna as aulas maçantes, e à filosofia é delegado o papel de mais uma disciplina sem o mínimo de conexão com as necessidades e realidades dos alunos. Por conseguinte, o Ensino Médio passou por reformas curriculares, bem como aconteceram diversas mudanças no que diz respeito à formação inicial dos professores de filosofia. Mas, o que parece é que a filosofia sempre precisa se renovar e mostrar o sentido do seu ensino, ainda mais no atual contexto das TIC. Surge, portanto a pergunta: Como ensinar filosofia no contexto de inserção das Tecnologias na vida dos jovens? Primeiramente, precisa-se esboçar brevemente nossa concepção sobre ensino de filosofia. Quando falamos em ensino de filosofia, atrelado a isso surge a dicotomia presente na história da filosofia, sobre o “aprender filosofia” e o aprender a filosofar”, apresentada pelos filósofos Kant e Hegel. O filósofo Immanuel Kant trouxe uma grande contribuição para pensar o ensino de filosofia, este não deteve-se em uma história da filosofia, mas suas falas e seus escritos contribuíram para a permanência da história dentro do ensino de filosofia, pois a história da filosofia é a base. Kant apresenta a distinção entre “aprender filosofia” e “aprender filosofar”, na sua obra célebre Crítica da Razão Pura (1983, p.407), que diz: Só é possível aprender filosofar, ou seja, exercitar o talento da razão, fazendo-a seguir os seus princípios universais em certas tentativas filosóficas já existentes, mas sempre reservando á razão o direito de investigar aqueles princípios universais em certas tentativas filosóficas já existentes, mas sempre reservando à razão o direito de investigar aqueles princípios até mesmo em suas fontes, confirmando-os ou rejeitando-os. Essa concepção Kantiana que é possível ensinar filosofar, Aspis (2009, p.47), evidencia, apoiada no pensamento de Kant ( 1983, p.407): “Para Kant, a filosofia é um saber que está incompleto, pois está sempre em movimento, sempre aberto, sempre sendo feito e se revendo, e por isso não pode ser capturado e ensinado: “[...] nunca se realizou uma obra filosófica que fosse duradoura em todas as suas partes. Por isso, não se pode em absoluto aprender filosofia, porque ela ainda não existe”. Já o filósofo Hegel, procura encontrar uma saída para isso, em que não seria necessário um estudo do conteúdo da filosofia, para propriamente aprendermos a filosofar. Conforme Obiols (2002, p.79), sobre o pensamento Hegeliano, diz que pelo contrário, o estudo e a aprendizagem da filosofia (de sua história, de seus conceitos, de seus problemas, de seus textos canônicos), significam por si mesmo, não apenas um aprender a filosofar, senão um filosofar real, ainda que o seja em forma embrionária. Ainda, Se colocarmos Kant um passo á direita e aceitamos que no aprender a filosofar está implicitamennte a aprendizagem da filosofia e, se colocamos Hegel um passo á esquerda e admitimos que a filosofia que se deve aprender significa necessariamente aprender a filosofar, superamos uma falsa contradição e podemos afirmar que a aprendizagem filosófica é como uma moeda que tem uma face a filosofia e na outra o filosofar OBIOLS (2002, p.81) Nesse sentido, ensinar filosofia é pôr em prática o nosso pensamento, assim “Filosofia e filosofar encontram-se unidos, então, no mesmo movimento, em que ensinamos filosofia, estamos ensinando a filosofar” (CERLETTI, 2009, p.19). O ensino de filosofia não se restringe em transmitir ou passar informações, seu ensino está para, além disso, isto é, deve relacionar-se as vivencias dos jovens, os problemas enfrentados por eles, no âmbito das suas ações na comunidade a qual pertencem, bem como, a instituição escolar. A filosofia, já como uma problema filosófico, promove o debate sobre os acontecimentos. Alguém que não teve contato formal com a filosofia não vai saber a importância de seu ensino e vai perguntar, porque ensiná-la?. O ensino de filosofia comporta uma tríade de indagações, “o que ensinar”, “como ensinar” e “para que ensinar”, e remetemos estas perguntas dentro do contexto da presença e da influência das T, na escola, e por sua vez, na vida dos jovens. Percebemos que a metodologia usada pelo professor, com o tempo precisou ser reformulada. As práticas didáticas precisam estar interligadas ao uso de ferramentas mais atualizadas em sala de aula. Neste, caso pode ser o uso dos aportes tecnológicos como auxilio para o planejamento e a execução das aulas. Ensinar filosofia não comporta mais apenas escolher um livro didático, texto, fragmento filosófico e repassá-lo, reproduzi- lo para os alunos de forma conteudista, tal prática de reprodução não se adapta a configuração atual. O ensino de filosofia requer toda uma preparação desde a escolha do tema, do texto, da abordagem metodológica, para tanto se é interessante fazer um diagnostico da turma, conhecer os alunos, para assim realizar uma organização e planejamento das aulas em vista de sensibilizar os alunos, de convidá-los a debatersobre a filosofia. De acordo com Gallo & Kohan (2000, p.118): O ensino da filosofia supões um compromisso com a vida, para que se possa recuperar, em um mundo por demais pragmático, o que os gregos chamavam de capacidade de admirar-se, ou seja, dos espantos diante do óbvio, do corriqueiro, das certezas sedimentadas. O conteúdo dessa tarefa varia conforme o tempo e lugar, e só para dar um exemplo, hoje em dia temos sido seduzidos pelo poder dos tecnocratas, pelo saber dos especialistas. Cabe á filosofia investigar o alcance e os limites do Conhecimento e do agir humano, desmistificando algumas ilusões desse final de milênio, qual sejam os ambíguos benefícios do progresso ou a predominância do “discurso competente”. E, ainda sobre Ensino de Filosofia, Marcondes (2004, p. 64): O grande desafio para o ensino da filosofia consiste em motivar aquele que ainda possui qualquer conhecimento do pensamento filosófico ou sequer sabe para que serve a filosofia, a desenvolver o interesse por este pensamento,a compreender sua relevância e a vir a elaborar suas próprias questões. O ensino de filosofia em sala de aula, em um espaço curto de tempo, resume-se muitas vezes, na leitura de pequenos textos e na explicação do professor mediante aula expositiva, com o uso de recursos como quadro, giz, e texto. E, que por sua vez, seu ensino deve proporcionar aos jovens habilidades de compreensão, escrita, leitura e juntamente o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo, e uma melhor análise e interpretação do meio social. A presença das tecnologias na escola trazem demandas não somente no sentido sua estrutura física, mas também trazem novas demandas na questão da preparação reflexiva e de planejamento da didática do professor de filosofia, que hoje sente a necessidade de buscar qualificação para o uso das tecnologias em sala de aula. Uma das questões que se faz presente é: como sensibilizar os alunos, em vista de aprender filosofia/filosofar? A tecnologia encontra-se presente na vida das pessoas desde cedo, como por exemplo, nas escolas às crianças de faixa etária entre cinco e dez anos, levam para a sala de aula, celulares de última geração, então se é necessário tomar precauções desde á base escolar, para que o uso destes aparelhos ocorra de forma responsável e constitua-se na medida das possibilidades em uma ferramenta pedagógica. Como diz Albano & Guedes (2008, p.45): A implantação e utilização das TICs (tecnologia da informação e comunicação) não é nova, muito menos passageira, veio para ficar. E mais, essas tecnologias estão mudando fortemente a nossa sociedade, gerando uma nova geração do que chamamos de “nativos digitais”, no caso das crianças nascidas na era digital. No desenvolvimento de pensar o ensino de filosofia no contexto das TIC, precisamos pensar como empregá-las? Quais usar? De que forma? Se a escola possui estrutura tecnológica? A aula de filosofia encontrava-se vinculada, muitas vezes, ao processo de ensino e aprendizagem de conteúdos, por meio de exposições voltadas à leitura do texto escrito. Neste caso, o professor exerce sua prática docente, agregada à conversa direta com os jovens, pois a filosofia implica o “ato de dialogar”. Assim, dentro desse universo de possibilidades de trabalhar conteúdos, temas e os questionamentos filosóficos, o professor volta sua didática para desenvolver junto ao aprendiz, a problematização contextual por meio da arte de perguntar, do pensar crítico e da criatividade. Logo, ele constitui junto com o aluno, espaços de autonomia na reflexão e escrita; cujo trabalho didático enseja atualmente uma conectividade com o mundo virtual. No contexto explicativo sobre a abordagem de uma aula de filosofia, percebe-se que as práticas didáticas, embora versem sobre os conteúdos, temas não filosóficos e problemas conjunturais; prevalece ainda, em grande medida as exposições orais. A partir dessa postura didática, o professor, ao tecer suas considerações sobre os possíveis vínculos do saber filosófico com as outras áreas do conhecimento, faz o uso frequente da fala para explicar os conteúdos e, por vezes, utiliza-se de recursos mais tradicionais que compõem a estrutura da escola: o quadro verde e o giz. Estes procedimentos, quando são utilizados de maneira frequente causam nos estudantes um estado de fadiga, já que torna a aula cansativa e consequentemente produz o desinteresse pela disciplina, silenciando-os. Logo, entende-se que esta forma de ensinar e aprender torna a aula um monologo, no qual o poder de expressar sentidos é determinado com exclusividade pelo saber do professor. Com efeito, o professor pode desconstruir este estereótipo acerca da aula de filosofia, ao torná-la um espaço de troca de saberes, a partir de uma prática dialógica, na qual o movimento do espírito humano se faça presente, por meio do pensar crítico/criativo, do questionamento e da compreensão. Onde o ato de interpretar e analisar os textos filosóficos se constitua tecido pela fluência da vida, que embora remonte ao passado da Filosofia Clássica, este se apresente como atividade humana elaborada por um modo de cultura que debruçou seus sentidos sobre uma forma de pensar a existência no interior de um processo histórico/vivido. Também, o texto não filosófico é de suma importância na interlocução da filosofia com outras áreas do saber, enquanto uma ação inerente à construção subjetiva de si, frente à vida, as práticas políticas, a moral e a estética. Por conseguinte, no preparo de uma aula pode-se utilizar metodologias diversificadas, isto de acordo com as expectativas e a formação do professor, ou seja, as aulas podem ser fundamentadas com base na história da filosofia de maneira expositiva e dialogada, ou assumir uma configuração diferenciada pelo uso de jogos teatrais, recursos multimídias e demais ferramentas didáticas. Nos dois casos, se necessário, constituir espaços de interação e troca de saberes entre o professor e o aluno, de forma que não exista a prescrição de como uma aula deva ser organizada no plano de ensino, para que constitua junto ao aprendiz a reflexão, cujo movimento demanda, por sua vez, a autonomia do próprio pensar e filosofar. Contudo, as práticas didáticas construídas pelos professores de filosofia são ancoradas, na maioria das vezes, nos fundamentos conceituais e, por fim, na discussão de fragmentos retirados dos textos clássicos, isto se deve em parte ao pouco tempo destinado ao ensino deste componente curricular. Situação que, por vezes, impossibilita um aprofundamento dos campos discursivos apresentado pelo dizer do autor e, tampouco proporciona a leitura de uma obra completa ou dos artigos necessários, a aprendizagem da filosofia/filosofar. Mesmo frente a esta limitação, colocada pela escassez do tempo, entende-se que uma aula de filosofia demanda a realização da leitura e o desenvolvimento da escrita, realizada por meio da elaboração de redações, resumos e outras formas de expressão e comunicação de sentidos e significações. Portanto, resta ao professor acompanhar o movimento dos jovens e suas formas de expressão no contexto das tecnologias, utilizando-as também como ferramenta de aprendizagem, em sala de aula. Mas ainda é necessário frente a este desafio realizar vínculos com as articulações, desejos e movimentos dos jovens aprendizes, para que eles sejam tocados pela Filosofia, transformando a aula em um espaço criativo, voltada à produção do conhecimento, no fruir do gozo pela vida e pelo pensar. 2.2. Sobre as possibilidades de mediação com as TIC na aula de filosofia No contexto da disciplina da filosofia, o foco aqui é mostrar e problematizar as possibilidades do uso das TIC, como ferramenta pedagógica, corroborando de forma mediativa no planejamento e execução das aulas de filosofia, em vista de promover maior participação e interesse dos alunos pelo ensino-aprendizagem da filosofia e do filosofar. Para tanto, pensamos quais recursos tecnológicos o professor pode fazer uso em sala de aula: trabalhar com filmes e utilizar data-show; trabalhara letra de uma música e fazer uso de rádio; trabalhar com os alunos na internet, realizando pesquisa e assim fazer uso da sala de informática. No universo das possibilidades de trabalhar conteúdos, temas e os questionamentos filosóficos, o professor volta sua didática para desenvolver junto ao aprendiz, a problematização contextual por meio da arte de perguntar, do pensar crítico/criatividade, constituindo junto espaços de autonomia na reflexão e escrita; cujo trabalho didático enseja atualmente uma conectividade com o mundo digital/virtual. Pois vivemos em uma sociedade midiatizada em que a partir do uso da internet e dos meios tecnológicos proporcionam-nos o acesso rápido a informação e o conhecimento. Nesse sentido, à escola em vista de não ser julgada como um processo ultrapassado necessita adentrar neste vasto campo de discussões e práticas que viabilizam o uso e a presença das Tecnologias da Informação e da Comunicação. Em vista disso, as instituições de ensino são desafiadas a construir outros procedimentos metodológicos que proporcionem tanto no ensino dos jovens, quanto o processo de qualificação permanente dos professores. Isto, mediante a produção de campos de interações pedagógicas, intercedidas pelas tecnologias on-line, que passam a figurar junto aos cadernos, lápis e blocos de anotação, ainda não superados pelo recorte e colagem de conteúdos. 3. CONCLUSÕES A implantação e uso dos aparelhos tecnológicos na instituição escolar comporta a adaptação e espaço relativo à infraestrutura, bem como influência na formação do professor e também implica na organização de trabalho da direção e demais setores da escola. No momento em que se cogitam possibilidades de se ensinar filosofia recorrendo-se aos recursos virtuais, precisa-se saber quais as condições da instituição de ensino, dos estudantes, e do próprio mestre, pois nesse contexto globalizado, é necessário preparo e familiarização com o mundo das tecnologias. As novas tecnologias implantadas no mercado de consumo transformam a forma de pensar e agir dos jovens, estas se encontram presentes em ambos os ambientes de ensino, ou seja, nas escolas e nas universidades, por meio do uso de smartphones, Mp3, tablets, notbooks e outros. Pois, a presença dessas tecnologias nesse momento é uma necessidade no decorrer do ensino, do ponto de vista em que elas propiciam uma melhoria ao acesso do estudo. Esses recursos podem vir a ajudar os estudantes na medida em que podem buscar no mundo on-line muitas respostas e informações. Podemos ver que a tecnologia já é de conhecimento e acesso fácil aos jovens, cabe agora aos professores recém formados e os que se encontram na academia por algum tempo, procurar meios de interagir e progredir com a educação a partir de uma inter-relação com o mundo tecnológico. Compreende-se que sua aplicação dentro das escolas só veio a agregar novas formas de se criar e pensar que se faziam necessárias e também ajudar os professores, pois seu papel não é substituir o educador e sim ajudar junto com ele, em prol de uma educação melhor para nossos jovens. Em síntese, não meramente o ensino de filosofia deve pensar a problemática e os possíveis pontos positivos e negativos que a utilização dos recursos tecnológicos e midiáticos, pode proporcionar de uma maneira geral para a descoberta da personalidade do jovem estudante, como também as demais disciplinas integrantes ao ensino. A sociedade passa por um momento em que as tecnologias e a globalização estão num processo de crescimento acelerado. Os alunos passam mais tempo conectados a internet do que em um contexto de troca e partilha de informações, brincadeiras, momentos de lazer e estudo com seus amigos e familiares, portanto, está plantada esse esfera tecnológica , que cada vez irá se fazer mais atuantes em nossas vidas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASPIS, Renata. Problematizações de alguns pressupostos do Ensino de Filosofia para jovens. In: TOMAZETTI, Elisete; GALLINA, Simone (Orgs). Territórios da Prática Filosófica. Santa Maria; Ed. UFSM, 2009, P.33-53. BRASIL/SEMTEC.Ciências Humanas e suas tecnologias/ Secretaria de Educação Básica. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria da Educação Básica, 2006. (Orientações Curriculares para o ensino médio; volume 3). BRASIL. Ministério da Educação. Programa Nacional de Informática na Educação (PROINFO). Portaria nº 522, 1997. 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