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O Contributo dos Impostos Autárquicos como Fonte de Receitas Próprias do Orçamento Municipal: Estudo de Caso do Município de Chimoio 
	
INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE MANICA
DIVISÃO DE ECONOMIA, GESTÃO E TURISMO
CURSO DE CONTABILIDADE E AUDITORIA
	
O CONTRIBUTO DOS IMPOSTOS AUTÁRQUICOS COMO FONTE DE RECEITAS PRÓPRIAS DO ORÇAMENTO MUNICIPAL: ESTUDO DE CASO DO MUNICÍPIO DE CHIMOIO 
Autor: 
João Mairosse Nota
Supervisor: 
José Luís Dias, MSc
 
Matsinho, Março de 2020
O Contributo dos Impostos Autárquicos como Fonte de Receitas Próprias do Orçamento Municipal: Estudo de Caso do Município de Chimoio
	
	
 (
Nome:
João Mairosse Nota
Email
:
joaomairossenota@gmail.com
 
Telemóvel: (+258) 
84 266 6897
)
Trabalho de fim do curso apresentado ao Instituto Superior Politécnico de Manica, como requisito parcial para a obtenção do grau de Licenciatura em Contabilidade e Auditoria.
Matsinho, Março de 2020
AGRADECIMENTOS
Gostaria de endereçar os meus mais sinceros agradecimentos para todos aqueles que directa ou indirectamente contribuíram para a minha formação académica e profissional, assim como para a materialização deste trabalho. 
Em primeiro lugar, agradeço a Deus pela vida e por iluminar todo meu caminho neste processo.
Em segundo, agradeço à minha família, especialmente a minha esposa Elisabet Pita Matope e aos meus filhos Esmael, Mairo, Julio, Rosimer, Esmiralda e Yone João Mairosse, pelo apoio moral e material, sem os quais não seria possível chegar a esta fase da minha formação académica e profissional.
Em terceiro, agradeço ao meu supervisor Mestre José Luís Dias e ao meu delegado Eduardo Artur Chebhe, pelo incentivo, paciência e sábia orientação, os quais foram muito importantes durante todo o processo de elaboração do trabalho.
Em quarto, agradeço à direcção, corpos docente e técnico administrativo do Instituto Superior Politécnico de Manica (ISPM) e em especial os docentes do Curso de Contabilidade e Auditoria, pela sua contribuição dada para a minha formação.
Em quinto, aos meus estimados colegas do Curso de Contabilidade e Auditoria, pela amizade e apoio dispensados ao longo dos quatro anos da licenciatura.
Finalmente e, não por serem menos importantes, agradeço a todos aqueles que, mesmo não estando aqui mencionados, contribuíram de alguma forma para a materialização deste trabalho.
Obrigado a todos!
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Estamidia Nhamugodzo e Mairosse Nota Dzimba, mesmo que este último não estaja entre nós sempre acreditaram e incentiveram-me na continuação dos estudos, e se estivesse vivo com certeza estaria orgulhoso desta conquista.
DECLARAÇÃO
Eu, João Mairosse Nota, declaro por minha honra que este trabalho é da minha autoria e nunca foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico. Todas obras de outros autores, utilizadas neste trabalho foram devidamente citadas e listadas na página de referências bibliográficas.
Matsinho, aos _____ de Março de 2020
_________________________________
(João Mairosse Nota)
 
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS
	ACIS 
	Associação Comercial e Industrial de Sofala
	ADT
	Acordos de Dupla Tributação
	AM
	Assembleia Municipal
	AT
	Autoridade Tributária 
	CIRPC 
	Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectiva
	CIRPS 
	Código Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares
	CM
	Contribuição de Melhorias
	CMC
	Conselho Municipal de Chimoio
	CRM 
	Constituição da República de Moçambique
	IASISA
	Imposto Autárquico da SISA
	IAV
	Imposto Autárquico de Veículos
	ICE
	Imposto de Contribuição Economica
	IPA
	Imposto Pessoal Autárquico
	IPRA
	Imposto Predial Autárquico
	IRPC 
	Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Colectivas
	IRPS 
	Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares
	IVA 
	Imposto sobre o Valor Acrescentado
	NUIT 
	Número de Identificação Tributário
	OCAM
	Ordem dos Contabilistas e Auditores de Moçambique
	PIB
	Produto Interno Bruto
	PRE
	Programa de Reabilitação Economica
	SFM
	Sistema Fiscal Moçambicano
	STA
	Sistema Tributário Autárquico
	TAE
	Taxa da Actividade Economica
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Estrutura do Sistema Tributário Moçambicano……………………………………37
Figura 2: Distribuição de Elementos da Amostra por Nível Académico………………….….60
Figura 3: O Contributo dos Impostos e Taxas nas Receitas do CMC………………………...61
Figura 4: Principais Fontes de Arrecadação de Receitas do CMC…………………………...62
Figura 5: Metas Estabelecidas no Processo de Arrecadação de Receitas….…………………63
Figura 6: Contributo das Receitas dos Impostos no Orçamento do CMC……………………64
Figura 7: Autonmia Financeira e Patrimonial do CMC………………………………………65
LISTA DE QUADRO 
Quadro 1: Taxas do IPA Conforme a Classificação das Autarquias…………………………39
Quadro 2: Fórmula e Taxas do IPRA Conforme a Finalidade dos Prédios…………………..43
Quadro 3: Taxas de Imposto Autárquico de Autóveis………………..………………………45
Quadro 4: Taxas do Imposto Autárquico de Motociclos……………………………………..46
Quadro 5: Taxas do Imposto Autárquico de Aeronaves ……………………………………..46
Quadro 6: Taxas do Imposto Autárquico de Barcos de Recreio…………………..………….46
RESUMO
O presente trabalho tem como tema “O Contributo dos Impostos Autárquicos como Fonte de Receitas Próprias do Orçamento Municipal: Estudo de Caso do Município de Chimoio” compreendendo o período de 2014 a 2018. A pesquisa foi realizada com o objectivo fundamental de avaliar o impacto do contributo dos impostos autárquicos na arrecadação de receitas do orçamento do Município de Chimoio. Portanto, classificado como pesquisa descritiva, qualitativa, bibliográfica e estudo de caso, o autor recorreu à consulta bibliográfica sobre os conceitos teóricos e legais aplicáveis ao tema estudado. Para tornar possível a realização deste estudo foram inquiridos 12 funcionarios afectos no Sector da Contabilidade do CMC, que exercem diversas funções administrativas, utilizando um questionário. Contudo, o estudo concluiu que as receitas arrecadadas dos impostos e taxas autárquicas contribuem consideravelmente para o orçamento do Conselho Municipal de Chimoio. Mas, percebe-se que essa contribuição ainda não é suficiente para responder as necessidades do municipio da cidade de Chimoio, originando com isso uma certa dependência do CMC nas receitas transferidas do orçamento do Estado. Colocando em causa a tão propalada autonomia financeira e patrimonial das Autarquias em Moçambique. 
Palavras-Chave: Impostos, Orçamento, Receitas Próprias, Conselho Municipal de Chimoio. 
Proposta de Projecto de Licenciatura
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS	III
DEDICATÓRIA	IV
DECLARAÇÃO	V
LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÓNIMOS	VI
LISTA DE FIGURAS	VII
LISTA DE QUADRO	VIII
RESUMO	IX
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO	12
1.1 Contextualização	12
1.2 Problema de Pesquisa	13
1.3 Justificativa	13
1.4 Objectivos da Pesquisa	14
1.4.1 Objectivos Geral	14
1.4.2 Objectivos Específicos	14
1.5 Delimitação da Pesquisa	15
1.6 Estrutura do Trabalho	15
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA	16
2.1 Origem e Evolução dos Municipios	16
2.1.1 Municípios em Moçambique	17
2.1.2 Caracteristicas dos Municípios em Moçambique	20
2.2 Contabilidade Pública	20
2.2.1 Contabilidade Pública Municipal	21
2.3 Fiscalidade	23
2.3.1 Conceito de Fiscalidade	24
2.4 O Imposto. Conceito, Classificações e Importância	24
2.4.1 Conceitos do Imposto	24
2.4.2 Classificação dos Impostos	26
2.4.3 Importância dos Impostos	26
2.4.4 Incidência do Imposto	27
2.4.5 Lançamento do Imposto	28
2.4.6 Liquidação do Imposto	28
2.4.7 Cobrança ou Pagamento do Imposto	28
2.5 Orçamento Público Autárquico	29
2.5.1 Conceitos Básicos	29
2.5.2 Funções do Orçmento Público Autárquico	30
2.5.3 Fontes de Financiamento do Orçamento Público Autárquico	31
2.5.4 Receitas Públicas Municipais	31
2.5.5 Despesas Públicas Municipais	34
2.5.6 Classificação das Despesas Públicas Municipais	35
2.6 Sistema Fiscal Moçambicano	36
2.6.1 Sistema Tributário Autárquico	37
2.6.2 Imposto Pessoal Autárquico	38
2.6.3 Imposto PredialAutárquico	40
2.6.4 Imposto Autárquico de Veículos	43
2.6.5 Imposto Autárquico da Sisa	47
2.6.6 Contribuição de Melhorias	50
2.6.7 Taxas por Licenças Concedidas e por Actividades Económica	51
2.6.8 Tarifas e Taxas pela Prestação de Serviços	52
CAPÍTULO III: METODOLOGIA	54
3.1 Descrição do Local de Estudo	54
3.1.1 Planeamento Estratégico do Conselho Municipal de Chimoio	54
3.2 Classificação da Pesquisa	55
3.2.1 Quanto à Natureza	55
3.2.2 Quanto à Abordagem	55
3.2.3 Quanto aos Procedimentos Técnicos	55
3.3 População, Amostra e Processo de Amostragem	56
3.3.1 População	56
3.3.2 Amostra	56
3.3.3 Processo de Amostragem	56
3.5 Técnicas de Processamento de Dados e Apresentação dos Resultados	57
3.6 Limitações da Pesquisa	58
CAPÍTULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO	59
4.1 Resultados e Discussão	59
4.1.1 Caracterização da Amostra da Pesquisa	59
4.1.2 Grau de Participação dos Impostos Autárquicos no Orçamento do CMC	60
4.1.3 Principais Fontes de Receitas do Conselho Municipal de Chimoio	61
4.1.4 Meta Estabelecida no Processo de Arrecadação de Receitas do CMC	62
4.1.5 Consequências da Fraca Arrecadação dos Impostos e Taxas Autarquicas no CMC	63
4.1.6 Nível de Contributodos Impostos e Taxas no Orçamento do CMC	64
4.1.7 Autonomia Financeira e Patrimonial do Conselho Municipal de Chimoio	65
CAPÍTULO V: CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES	66
5.1 Conclusão	66
5.2 Recomendações	67
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	68
BIBLIOGRAFIA	68
LEGISLAÇÃO	70
APÊNDICES	71
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização
O processo de reformas políticas, económicas e sociais de Moçambique, no período pós-colonial, teve o seu ponto alto com a promulgação e entrada em vigor da Constituição da República de 1990. Esta acelerou as medidas para a adopção da economia de mercado, aprofundou os princípios do Estado de Direito e do sistema político multipartidário, abriu caminho à descentralização e com esta viabilizou a criação das autarquias locais, entendidas como órgãos do Estado, com competências, recursos materiais, financeiros e humanos próprios (Dias, 2015).
Entretanto, o marco legislativo que enquadra a acção dos municípios estabelece que incluem nas suas responsabilidades a instalação e manutenção das infra-estruturas rurais e urbanas, tais como mercados, feiras e cemitérios, saneamento básico, distribuição de electricidade, transportes e comunicação, educação, parques de lazer, saúde, protecção das populações vulneráveis e gestão ambiental. Para além das despesas convencionais (estradas, saneamento, drenagem, mercados, cemitérios, parques), as responsabilidades dos municípios estão a aumentar ao nível dos serviços sociais (saúde e educação básicas), isto resulta num processo de descentralização assimétrica, segundo o qual as obrigatoriedades com gastos são superiores à capacidade de arrecadação de receitas (Chang, 2015).
Portanto, com a aprovação do pacote Autárquico, as autarquias locais desligaram-se, teoricamente, do governo central, levando-os a propalada autonomia patrimonial, administrativa e financeira. Apartir deste momento receberam oficialmente a delegação de competências tributária para instituir, fiscalizar, arrecadar e administrar tributos da sua competência, em contraposição a uma dependência de transferências do Estado (Muhacha, 2018).
Neste contexto, perspectiva-se, com esta Pesquisa, sob o tema “O Contributo dos Impostos Autárquicos como Fonte de Receitas Próprias do Orçamento Municipal: Estudo de Caso: Município de Chimoio”, Avaliar o Impacto do Contributo dos Impostos Autárquicos na Arrecadação de Receitas do Orçamento do Munícipio de Chimoio, de 2014 a 2018. 
1.2 Problema de Pesquisa
No âmbito da descentralização administrativa, foram criadas as Autarquias Locais (AL), para a aproximação da Administração Pública aos cidadãos, tornando-a mais eficiente e eficaz na solução dos problemas locais. Sendo as Autarquias Locais, um meio de promoção do desenvolvimento local, necessitam de recursos financeiros para financiar as suas actividades, autonomamente, reduzindo a sua dependência financeira ao Estado.
Para além da criação e manutenção de infraestruturas básicas e do regular funcionamento das instituições, as autarquias Moçambicanas enfrentam um sério desafio relacionado com a sua fraca base tributária. Neste contexto, o Estado reformulou o sistema tributário autárquico e harmonizou o regime financeiro, orçamental e patrimonial das autarquias locais. Com vista a maximizar a arrecadação de receitas provenientes da cobrança dos impostos autárquicos, conforme a contribuir para o orçamento do Município.
Com isso percebe-se que é pertinente desenvolver uma pesquisa sobre o Contributo dos Impostos Autárquicos como Fonte de Receitas Próprias do Orçamento Municipal, para avaliar o impacto das receitas provinientes dos impostos autárquicos no orçamento Municipal de Chimoio, no intervalo de 2014 a 2018. Neste contexto, coloca-se a seguinte questão de partida: 
· Será que a Receita Proviniente dos Impostos e Taxas Autárquicas Contribuem Consideravelmente para o Orçamento do Município de Chimoio?
1.3 Justificativa	
Em Moçambique, os Municípios ainda dependem do apoio financeiro do orçamento do Estado para responder as suas necessidades locais, mesmo com a arrecadação de receitas provenientes de diversos impostos que constituem o Sistema Tributário Autárquicos. Porém uma das razões desta dependência é fraca arrecadação de receitas dos impostos autárquicos para o seu orçamento.
Deste modo, este estudo constitui uma contribuição relevante de diferentes extractos sociais:
· Primeiramente para o pesquisador: a realização deste trabalho deve-se ao interesse pessoal do autor, ou seja, pelo desejo particular de aprofundar o seu entendimento sobre o tema, tratando-se de um estudante das ciências económicas empresarias. 
· Para o Conselho Municipal de Chimoio: este trabalho é pertinente, porque ilustra diversas razões que influênciam a fraca arrecadação dos impostos autárquicos, criando consequentemente o fraco contributo para o seu orçamento, obrigando de certa forma que o Estado participe no orçamento Municipal, com um parcela muito elevada.
· Para o Estado: este estudo é relevante, pois, há-de servir de reflexão para a Administração Tributária, perceber a incosistência da metodologia usadas na cobrança de impostos autárquicos por parte dos Conselhos Municipais, com isso pode-se definir mecanismos eficazes de arrecadação de impostos autárquicos, conforme a maximizar as receitas do orçamento Municipal.
· Para a academia: certamente que há-de servir para os estudantes da área de economia e gestão, um incentivo para aprofundarem pesquisas em torno deste tema para além de ser mais um instrumento de apoio existente para consultas e que sirva de fonte para futuras pesquisas. 
· Para a sociedade em geral: este estudo é relevante, pois, a sua leitura e análise pode fornecer o ponto de vista da situação financeira do Conselho Municipal das autárquias locais. 
1.4 Objectivos da Pesquisa
1.4.1 Objectivos Geral
· Avaliar o Impacto do Contributo dos Impostos Autárquicos na Arrecadação de Receitas do Orçamento do Município de Chimoio.
1.4.2 Objectivos Específicos
· Caracterizar o Munícipio de Chimoio;
· Descrever o Sistema Tributário Autárquico Moçambicano;
· Identificar o Grau de Participação dos Impostos Autárquicos no Conjunto das Receitas Próprias do Orçamento da Autarquia de Chimoio; e
· Verificar a Capacidade Institucional do Município na Administração de Cobranças dos Impostos Autárquicos.
1.5 Delimitação da Pesquisa
Delimitação do tema é estabelecimento de limites para a investigação. A pesquisa pode ser limitada em relação ao assunto, seleccionando um tópico, a fim de impedir que se torne ou muito extenso ou muito complexo; a extensão – porque nem sempre se pode abranger todo o âmbito onde o facto se desenrola (Amorim, 1998).
Assim, a presente pesquisa circunscreve-se à avaliação de aspectos ligados ao impacto da arrecadação dos Impostos Autárquicos como fonte de receitas próprias do orçamento do Município de Chimoio.
A pesquisa analisa os factos ocorridosdurante o período compreendido entre os anos de 2014 a 2018, isto é, durante os últimos 5 anos.
1.6 Estrutura do Trabalho
O presente trabalho, está organizado em cinco capítulos, nomeadamente:
· Capítulo I: Introdução, no qual se descrevem as razões que levaram ao desenvolvimento do estudo. Para melhor evidenciar o seu conteúdo, o mesmo encontra-se dividido em diversos subcapítulos, nomeadamente, a contextualização, o problema do estudo, os objectivos e a justificativa de escolha do tema.
· Capítulo II: Revisão da Literatura, esta parte ocupa-se em dar uma abordagem geral e pormenorizada dos conceitos fundamentais sobre o contributo dos impostos autárquicos como fonte de receitas próprias do orçamento municipal, que sustentam o trabalho.
· Capítulo III: Metodologia, onde estão descritos os procedimentos e técnicas utilizadas para a concretização dos objectivos da pesquisa, desde procedimentos técnicos, instrumentos de colecta de dados e processos de amostragem.
· Capítulo IV: Onde são apresentados, analisados e discutidos os resultados da pesquisa.
· Capítulo V: Onde são apresentados, a conclusão e propostas de melhoria dos actuais procedimentos de arrecadação de impostos autárquicos, sua administração e o seu grau de participação no orçamento do município de Chimoio.
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Origem e Evolução dos Municipios
Segundo Meirelles (1957), Município é a circunscrição do território do Estado na qual cidadãos, associados pelas relações comuns de localidade, de trabalho e de tradições, vivem sob uma organização livre e autônoma, para fins de economia, administração e cultura.
Um município é uma subdivisão administrativa de uso geral, ao contrário de um distrito, que tem fins especiais. O termo é derivado do francês municipalité e do latim municipium, antiga designação romana. É um território dotado de personalidade jurídica e de certa autonomia, constituído por órgãos administrativos e políticos. Quando o território é designado pelo termo municipalidade, muitas vezes se implica que ele não tem, de facto, personalidade jurídica. Por "município", entende-se o espaço territorial político, por vezes com zona rural e urbanizada, dentro de um Estado e administrado por uma prefeitura (Mendes e Sousa, 2006).
Entretantos, há relatos que apesar da gigantesca expansão imperial que atingiu três continentes, e praticamente toda a bacia do Mediterrâneo, Roma teria preservado, por doze séculos, as suas características básicas de Cidade-Estado, desde a sua fundação em 753 a.C. e, justamente para conseguir manter a paz sobre as regiões conquistadas, a República Romana, organizou as comunidades em município ou municípios (Meirelles, 1957).
Este autor descreve ainda, o seguinte:
Apesar do enfraquecimento da vida urbana ocorrida durante a Alta Idade Média, em que os feudos tornaram-se as unidades políticas da Europa, foi possível que um resíduo das tradições institucionais romanas tenha sido mantido durante o longo período de ruralização. Deve-se para tanto considerar a própria origem do nome Município. 
Porém, segundo Noronha (1996), nos séculos XIX e XX sucederam momentos de centralização e de descentralização política nos países civilizados do Ocidente. Como consequência das revoluções liberais, houve períodos de maior autonomia do poder local. Entretanto, todo esse processo sofreu lamentáveis recuos com a implantação dos regimes autoritários e totalitários de ideologia nazi-fascista, o que pode ser observado através da leitura das constituições dos países e das próprias necessidades de fortalecimento do poder político central.
Na actualidade, percebe-se no mundo uma preponderante tendência em rumo à descentralização, ainda que o poder local esteja organizado de maneiras diferentes, com variadas designações, na prática as comunidades têm exercido a autonomia político-administrativa nas regiões mais desenvolvidas economicamente. Mesmo nos países de regime unitário, nota-se uma inclinação descentralizadora no que se refere à competência sobre assuntos que envolvem o cotidiano de cada cidadão e à elegitividade dos representantes da comuna (Gomes e Macdowel, 2000).
Portanto, hoje é mundial a tendência de descentralização administrativa-territorial, a qual vem se direccionando no sentido da democratização dos entes de Direito Público e da proximidade cada vez maior com o cidadão (Muhacha, 2018).
2.1.1 Municípios em Moçambique
A proclamação da independência do país, em 1975, provocou uma ruptura profunda na
forma da organização administrativa herdada do Estado colonial. Contudo, apesar desta ruptura, algumas das características da administração colonial continuaram a persistir até os nossos dias. Moçambique herdou uma estrutura administrativa essencialmente baseada no princípio de centralização que se traduziu, nomeadamente, na centralização do poder de decisão a nível dos órgãos superiores da administração central. A natureza do regime político alterou-se substancialmente mas não foi possível, na fase inicial da independência do país, estender este movimento até ao conjunto das estruturas administrativas do Estado. A necessidade de reforçar a unidade nacional e a liderança do partido único, além do imperativo de atingir alguns objectivos sociais, económicos e políticos, aconselhou a manutenção do “centralismo da decisão administrativa” (Monteiro, 1990).
Além do facto de que as estruturas e a organização herdada da administração colonial
fossem mantidas amplamente, esta situação limitou o espírito de iniciativa dos níveis inferiores da administração, uma vez que estes últimos eram desprovidos de todo o poder de decisão e de todos os recursos e capacidades para realizar as actividades necessárias dos interesses das comunidades. Este sistema de administração fragilizou a gestão das instituições locais e produziu efeitos negativos no que diz respeito a qualidade dos serviços fornecidos às populações (Cistac, 2012).
No início dos anos 80, o Governo reconheceu, oficialmente, que o sistema em vigor, até
então, era centralizado excessivamente e que o Estado era sobredimensionado ao nível central e de muito fraca eficácia ao nível das províncias e distritos. As reformas políticas, económicas e sociais implementadas desde 1987, com o lançamento do Programa de Reabilitação Económica (PRE), consolidados pela adopção de uma nova Constituição a 2 de Novembro de 1990, e o fim da guerra civil (assinatura do Acordo de Roma de 4 de Outubro de 1992), criaram condições favoráveis para o desenvolvimento do processo de descentralização político-administrativa (Forquilha, 2008).
Porém inicialmente em 1997, foram escolhidas, como autarquias locais, a capital do país e as 10 capitais provinciais às quais associaram-se 22 autarquias de média importância. O critério de escolhas destas últimas autarquias integrava dois aspectos. O primeiro é geográfico (1 autarquia por província), outro é o resultado da aplicação dos critérios estabelecidos pela lei (Cistac, 2012).
Entrentanto, os números 2 e 3 do Artigo 1, do Capítulo I, da Lei nº 2/97, de 28 de Maio (Lei de Bases das Autarquias), define as autarquias locais como sendo pessoas colectivas públicas dotadas de órgão representativos próprios que visam a prossecução dos interesses das populações respectivas, sem prejuizo dos interesses nacionais e da participação do Estado, e desenvolvem a sua actividade no quadro da unidade do Estado e organizam-se com pleno respeito da unidade do poder político e do ordenamento jurídico nacional.
Com isso os números 1e 2 do Artigo 5, do Capítulo I, da Lei nº 2/97, de 28 de Maio (Lei de Bases das Autarquias), estabelecem respectivamente, que a criação e extinção das autarquias locais são reguladas por Lei, devendo a alteração da respectiva área ser precedida de consultas aos seus órgãos, a Assembleia da República, na sua apreciação das iniciativas que visem a criação, extinção e modificação das autarquias locais, devem ter em conta:
· Factores geográficos, demográficos, económicos, socias, culturais e administrativos;
· Interesses de ordemnacional ou local em causa;
· Razões de ordem histórica e cultural; e
· Avaliação da capacidade financeira para a prossecução das atribuições que lhe estiverem cometidas.
Assim, a lógica do gradualismo fundamenta-se em factores objectivos. O factor
geográfico tem a ver com a localização das vilas propostas, uma em cada província; o factor demográfico tem como indicador o número dos cidadãos eleitores; o factor económico é caracterizado pela actual capacidade de realização de actividades económicas (produção e comercialização) dos sectores familiar e empresarial; os factores sociais e culturais são caracterizados pela actual capacidade financeira avaliada e representada pelo grau de dependência de cada vila em relação a subsídios do Estado ao respectivo orçamento. Além dos factores legais já referidos, há a considerar a capacidade actual das infra-estruturas para instalação dos serviços e habitação da Administração Pública em cada vila e o facto de aadministração das vilas encontrar-se totalmente integrada na Administração do Distrito (Cistac, 2012).
Com isso, segundo as alíneas a, b, c, d, e, f, g, e h) do nº 1 do Artigo 6, do Capítulo I, da Lei nº 2/97, de 28 de Maio (Lei de Bases das Autarquias), determinam que as atribuições das autarquias locais respeitam os interesses próprios, comuns e específicos das populações respectivas, designadamente:
a) Desenvolvimento económico e social local;
b) Meio ambiente, saneamento básico e qualidade de vida;
c) Abastecimento público;
d) Saúde;
e) Educação;
f) Cultura, tempos livres e desporto;
g) Polícia da autarquia; e
h) Urbanização, construção e habitação.
A prossecução das atribuições das autarquias locais é feita de acordo com os recursos financeiros ao seu alcance e respeita a distribuição de competências entre os órgãos autárquicos e os de outras pessoas colectivas de direito público, nomeadamente o Estado, determinadas pela presente Lei das autarquias e por legislação complementares (Muhacha, 2018).
Assim as autarquias locais gozam de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, à luz dos números 1, 2, 3 e 4 do Artigo 7, do Capítulo I, da Lei nº 2/97, de 28 de Maio (Lei de Bases das Autarquias).
Contudo os números 1, 2, 3 e 4 do Artigo 9, do Capítulo I, da Lei nº 2/97, de 28 de Maio (Lei de Bases das Autarquias), ressaltam que as autarquias locais estão sujeitas à tutela administrativa do Estado, que consiste na verificação da legalidade dos actos administrativos dos órgãos autárquicos nos termos fixados na Lei, mas as autarquias locais podem impugnar contenciosamente as ilegalidades cometidas pela autoridade tutelar no exercício dos poderes de tutela.
2.1.2 Caracteristicas dos Municípios em Moçambique
Segundo Mendes e Sousa (2006), em Moçambique o município é administrado por um Conselho Municipal (CM) que é caracterizado como um órgão executivo do município, o seu governo, com funções semelhantes às das prefeituras brasileiras ou câmaras municipais, portuguesas. É composto por um presidente e por um número variável de vereadores, aos quais podem ser atribuídos pelouros. O Presidente do conselho municipal é votado separadamente dos membros da Assembleia Municipal nas eleições autárquicas, que se realizam de cinco em cinco anos. É o presidente eleito que nomeia os vereadores, dentre políticos ou técnicos (ou administrativos) de sua confiança.
Estes dizeres são comungados por Dias (2015), que afirma, o seguinte:
O Conselho Municipal é um órgão executivo colegial do Município e exerce os seus poderes em conformidade com a Constituição, a lei e os seus regulamentos. Este órgão é constituído por um presidente eleito por sufrágio universal, igual, directo e secreto, para mandato de cinco (5) anos e por vereadores por ele designados.
2.2 Contabilidade Pública
Muitos autores consideram a contabilidade como uma ciência porque controla a actividade da empresa e indica a posição económico-financeiro, outros consideram uma técnica porque regista os factos patrimoniais, analisa, avalia e prevê os factos futuros (Costa e Paulino, 1999).
Para Franco (1997), a contabilidade é a ciência que estuda os fenómenos ocorridos no património das entidades, mediante o registro, a classificação, a demonstração expositiva, a análise e a interpretação desses factos, com o fim de oferecer informações e orientação – necessárias à tomada de decisões – sobre a composição do património, suas variações e o resultado económico decorrente da gestão da riqueza patrimonial. Mas pode a contabilidade ser conceituada como:
Uma Disciplina ou técnica cujo objecto consiste no estudo e na representação da movimentação dos valores do património e das operações de gestão com vista a apreciar em cada momento, as situações e os resultados decorrentes das referidas movimentações (Ferreira, 2005).
Com isso a Contabilidade Pública é o ramo da contabilidade que estuda, interpreta, identifica, mensura, avalia, registra, controla e evidencia os fenômenos contábeis, econômicos, financeiros, físicos e orçamentários decorrentes de variações patrimoniais em entidades do sector público; e, ou entidades que recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, na execução de suas actividades, no tocante aos aspectos contábeis, físicos e financeiros da prestação de contas (Carvalho, 2010).
A contabilidade pública, também chamada de contabilidade governamental, não deve ser confundida com a contabilidade nacional, pois esta é um sistema de contabilidade focado na mensuração dos agregados econômicos, cujo objecto são as chamadas contas nacionais, como por exemplo, o produto interno bruto (PIB), cuja metodologia desenvolvida pela ONU faz uso do método das partidas dobradas (Jesus, 2010).
O objectivo da contabilidade aplicada ao sector público é fornecer aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do sector público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a instrumentalização do controlo social (Tavares at al, 2013).
Entretanto para Carvalho (2010), a Contabilidade Pública seja na área Federal, Estadual, Municipal ou no Distrito Federal tem como base a lei, que institui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controlo dos orçamentos e balanços dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, pois, o mais relevante para a Contabilidade Pública é o balanço de resultados, que trata da despesa e da receita, ou seja, de que forma foi arrecadado o dinheiro e como foi aplicado.
2.2.1 Contabilidade Pública Municipal
A contabilidade pública visa viabilizar e controlar a gestão dos recursos financeiros, patrimoniais e orçamentários das entidades públicas, tanto na esfera municipal, estadual e federal. Busca também instrumentos que venham maximizar os resultados, elevando a eficiência e a eficácia. Tendo em vista as obrigatoriedades legais vigentes, a contabilidade pública adequa as peças contábeis de acordo com as necessidades dos municípios para que esses atendam a todas as obrigações legais que lhe competem (Schenkel, 2016).
Dentre os benefícios apresentados, a contabilidade pública na gestão municipal oferece grande fluxo de informações relevantes para a tomada de decisões que o gestor enfrenta em sua rotina administrativa. Dessa forma, o prefeito terá em mãos um planeamento orçamentário adequado, evitando gastos desnecessários visto que o mesmo está sob a margem da Lei de responsabilidade fiscal. Essa lei se aplica a gestão pública visando controlar os gastos desenfreados dos gestores públicos (Carvalho, 2010).
Porém, para Lima (2012), a contabilidade pública Municipal tem como objectivo auxiliar o gestor no processo decisório. É na contabilidade que se encontra registrado o orçamento aprovado em cada ano (as receitas e as despesas autorizadas pela Lei Orçamentária Anual) e as informações sobre os bens (equipamentos, imóveis etc.), os direitos (valores a receber) e as obrigações (valores a pagar)do ente público municipal.
Entretanto, Lunelli (2016), destaca que uma das principais dificuldades dos profissionais que actuam na contabilidade municipal e tesourarias nas perfeituras, principalmente as de menor porte, onde há escassez de recursos humanos, é a administração de recursos de diferentes fontes de arrecadação. A contabilidade municipal, neste caso, exige cuidados nesta tarefa que, quando mal feita, pode resultar em falhas na prestação de contas para os tribunais de contas, além de perda de recursos estaduais e federais. Ou seja, atinge sobretudo, ao final, a população. 
Este autor refere ainda que são os erros mais comuns em uma contabilidade municipal que não administra bem as diferentes fontes de arrecadação, os seguintes:
· Falta de Integração entre os Diversos Sectores das Prefeituras: é bastante comum na gestão dos municípios os diferentes sectores, como arrecadação, transportes, recursos humanos, financeiro, contabilidade, entre outros, trabalharem ilhados, ou seja, sem compartilharem informações em uma mesma plataforma, que converse com todos eles. Assim, a possibilidade de ocorrerem erros de informação é alta, o que afecta a administração das diferentes fontes de arrecadação;
· Pouco Conhecimento das Pessoas na Contabilidade e Tesouraria: a falta de capacitação e treinamento de pessoal para fazer a gestão financeira dos recursos é um erro crônico para administração das fontes de arrecadação. Geralmente, as pessoas estão lotadas nestes sectores para fazer o pagamento das contas, de “qualquer jeito”, e onde for “mais fácil”. Não há a preocupação em fazer uma gestão financeira responsável, que ajude a prefeitura a aplicar os recursos arrecadados de forma correcta;
· Má Gestão da Verba Recebida: Na contabilidade municipal e tesouraria percebe-se, por exemplo, que o dinheiro recebido do Estado para construir uma ponte é aplicado em outra situação. Outra: a despesa é de educação, mas o servidor da tesouraria não tem dinheiro nas contas desta finalidade e faz o pagamento em uma conta de outra área, para não ter “problema”. Na verdade, está se criando um problema ainda maior ainda lá na frente, com ensejo de rejeição das contas junto ao tribunal;
· Falta de Investimento em Estrutura, Softwares e Pessoas: em algumas prefeituras não há uma preocupação real em investir em estrutura, sistemas informatizados de gestão e capacitação de pessoas para que a administração das fontes de arrecadação sejam feitas de forma correcta. O problema não é enfrentado no curto prazo, e, na maioria das vezes, vai estourar na prestação de contas com os tribunais. Lá na frente, quem acaba prejudicada é a população, pois uma verba que seria recebida por convênio pode ser bloqueada por problemas na prestação de contas; e
· Descontrolo da Informação: muitas prefeituras não possuem um sistema ou software de apoio para fazer a administração das diferentes fontes de arrecadação. A Contabilidade Municipal e Tesouraria ficam sozinhos nesta tarefa, com milhares de informações desencontradas e desorganizadas, em formatos diferentes. Aí, é complicado o gerenciamento e erros de arrecadar uma fonte e pagar em outra acontecem mais do que se imagina.
2.3 Fiscalidade
Segundo o artigo 126 do capítulo VI da CRM, o sistema financeiro é organizado de forma a garantir a formação, a capacitação e a segurança das poupanças, bem como a aplicação dos meios financeiros necessários ao desenvolvimento económico e social do País.
No entanto os números 1, 2, 3 e 4 do artigo 127 do capítulo VI da CRM, estabelecem respectivamente o seguinte:
· O sistema fiscal é estruturado com vista a satisfazer as necessidades financeiras do Estado e das demais entidades públicas, realizar os objectivos da política económica do Estado e garantir uma justa repartição dos rendimentos e da riqueza.
· Os impostos são criados ou alterados por lei, que determina a incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.
· Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não tenham sido criados nos termos da Constituição e cuja liquidação e cobrança não se façam nos termos da lei.
· No mesmo exercício financeiro, não pode ser alargada a base de incidência nem agravadas as taxas de impostos. 
Para Guimarães (2000), a Fiscalidade tem como finalidade a cobertura das despesas públicas (financiamento do orçamento do Estado) e ser utilizada como instrumento de política económico-social.
Porém, do ponto de vista de Campos e Lázaro (2005):
As receitas públicas podem classificar-se, sob o ponto de vista jurídico, em receitas voluntárias e receitas coactivas. Nas receitas voluntárias ou de direito privado, o preço é estabelecido por via negocial ou contratual, em que o Estado intervém em pé de igualdade com qualquer outro particular (receitas patrimoniais). As receitas coactivas ou de direito público, são autoritariamente fixadas pelo Estado, por via legislativa (taxas, impostos, multas, coimas). 
2.3.1 Conceito de Fiscalidade
Segundo Guimarães (2000), Fiscalidade é o complexo de impostos que vigoram num determinado espaço territorial bem como o conjunto (sistema) de leis e regulamentos administrativos. 
Para Campos e Lázaro (2005), a fiscalidade é o processo pelo qual há arrecadação de receitas por parte do Estado tendo em vista a satisfação das necessidades dos cidadãos. Mas também pode ser o complexo de impostos, taxas que vigoram num determinado espaço territorial bem como o conjunto (sistema) de leis e regulamentos administrativos (Contabilidade, Direito, Economia).
2.4 O Imposto. Conceito, Classificações e Importância
2.4.1 Conceitos do Imposto 
O imposto é a imposição de um encargo financeiro ou outro tributo sobre o contribuinte (pessoa física ou jurídica) por um Estado ou o equivalente funcional de um Estado a partir da ocorrência de um facto gerador, sendo calculado mediante a aplicação de uma alíquota a uma base de cálculo de forma que o não pagamento do mesmo acarreta irremediavelmente sanções civis e penais impostas à entidade ou indivíduo não pagador, sob forma de leis (Campos e Lázaro, 2005).
Segundo ACIS (2011), os impostos e taxas são definidos como se segue: 
· O imposto define-se como uma prestação pecuniária compulsiva de carácter unilateral, cujo objectivo é gerar recursos orientados prioritariamente para o financiamento da prestação de serviços que visem a satisfação de necessidades públicas.
· As taxas, por sua vez, definem-se como prestações pecuniárias compulsivas que, correspondem à obrigação que o Estado assume de prestar determinados serviços específicos virados à satisfação de necessidades públicas ou alternativamente colocá-los à disposição da população (taxas de lixo, taxa de rádio); ou
· Surgem como contrapartida de uma actividade específica da administração em resposta a uma solicitação explícita do contribuinte (licenças de caça, licença de exploração de minas, licença de corte de florestas).
Porém, os números 1 e 2 do artigo 4 do capítulo I do título I, da Lei nº 15/2002, de 26 de Junho (Lei de Bases do Sistema Tributário), descreve o imposto como sendo o pagamento para o orçamento do Estado, com natureza unilateral e obrigatória, incluindo encargos legais e juros previstos em normas tributárias, calculado sob forma monetária e pagos na moeda nacional da República de Moçambique.
Com isso segundo ACIS (2011), o imposto é normalmente entendido como sendo uma prestação:
· Pecuniária por ser susceptível de avaliação em dinheiro;
· Coactiva, pois a obrigação do imposto surge unicamente por força da lei, não derivando de qualquer convenção entre o Estado e os particulares;
· Definitiva, pois o contribuinte não é reembolsado ou indemnizado do dinheiro do imposto;
· Unilateral, por não conferir qualquer contrapartida por parte do Estado (distingue-se da taxa em que essa contrapartida existe);
· Exigida pelo Estado ou outros entes públicos com poder legislativo (o Estado pode ser substituído no papel de sujeito activo de obrigações fiscais, num âmbito territorial restrito e autarquias locais);
· Tem em vista à realização defins públicos, destinando-se essencialmente a cobrir as despesas públicas.
2.4.2 Classificação dos Impostos
De acordo com os números 1 e 2 do artigo 56 do capítulo I do título III, da Lei nº 15/2002, de 26 de Junho, a classificação dos impostos no Sistema Tributário da República de Moçambique integra impostos nacionais e autárquicos, nas quais estando os impostos autárquicos definidos em lei própria das finanças autárquicas. 
Com isso, o nº 3 do artigo 56 do capítulo I do título III, da Lei nº 15/2002, de 26 de Junho, os impostos do Sistema Tributário Nacional, classificam-se em directos e indirectos, actuando a diversos níveis, designadamente:
a) Tributação directa (impostos directos) que incide directamente nos rendimentos ou na riqueza (IRPC e IRPS).
b) Tributação indirecta (impostos indirectos) que incide o rendimento do consumidor final á da despesa (IVA, ICE e Direitos Aduaneiros).
Em função do tipo de taxas aplicáveis, de acordo com ACIS (2011), os impostos classificam-se ainda no seguinte: 
· Proporcionais: quando a respectiva taxa permanece fixa, qualquer que seja o montante da matéria colectável;
· Progressivos: quando a respectiva taxa é tanto mais elevada quanto maior seja o montante da matéria colectável;
· Degressivos: quando o imposto é essencialmente de taxa proporcional, mas se estabelecem taxas mais suaves aplicáveis no patamar inferior da pirâmide dos rendimentos colectáveis;
· Regressivos: quando a respectiva taxa varie em função inversa do rendimento colectável (O Imposto Pessoal Autárquico e o Imposto de Reconstrução Nacional, com as suas taxas de quantitativo fixo). 
2.4.3 Importância dos Impostos
Os impostos são importantes para a obtenção dos recursos financeiros do estado, para satisfação das necessidades colectivas da população, bem como o contributo do crescimento económico dos países. Constitui ainda um meio de política económica e social, pois permite a adopção de medidas de protecção de indústrias nacionais, incentivos fiscais, bem como a redistribuição de riquezas e outros fins. (Campos e Lázaro, 2005).
Entretanto, os autores consideraram, três (3) funções fundamentais do imposto:
· Função Fiscal, o Estado ocorre à satisfação das suas necessidades (o lançamento de um imposto aplicável a todos com a mesma taxa);
· Função Social, o Estado procura corrigir a distribuição das riquezas e os seus efeitos (imposto proporcional às possibilidades dos contribuintes);
· Função Económica, o Estado tenta influir no mundo económico (imposto sobre as importações, por exemplo, com a finalidade de protecção da industria nacional).
De um modo geral, de acordo com o artigo 39 do capítulo V da Lei nº 2/2006, de 22 de Março (lei de sistema tributário), para que exista um imposto, é necessário que exista um bem ou uma situação sobre que ele recaia ou incida (objecto do imposto), a que corresponde um determinado valor (Matéria Colectável), uma pessoa a quem deva ser exigido o seu pagamento (devedor, contribuinte, sujeito passivo do imposto) e uma taxa que permita determinar o montante da prestação a pagar.
Assim, podem-se considerar quatro (4) fases do imposto: a incidência, o lançamento, a liquidação e a cobrança ou pagamento.
2.4.4 Incidência do Imposto
Segundo Campos e Lázaro (2005), a incidência ocupa-se na definição dos pressupostos necessários à geração do facto tributário, isto é, a definição geral e abstracta, feita pela lei, dos actos ou situações sujeitos a imposto e das pessoas sobre as quais recai o dever de o prestar. Assim, a incidência pode ser:
· Incidência real ou objectiva: quando define a realidade sujeita a imposto, isto é, quando se dirige a determinar a riqueza tributada ou os pressupostos que definem os elementos objectivos do facto tributário.
· Incidência pessoal ou subjectiva: quando definem os sujeitos passivos desse imposto, isto é, o contribuinte, o substituto ou responsáveis.
2.4.5 Lançamento do Imposto
O lançamento consiste na identificação do contribuinte que normalmente tem sido por declaração deste ou de terceiros e por vezes como resultado da actividade da administração fiscal, seguido da determinação da matéria colectável que pode ser igual à declarada pelo contribuinte ou corrigida pelo fisco (Nabais, 2005).
Ou seja segundo Campos e Lázaro (2005), é o conjunto de operações de natureza administrativa efectuadas pela Administração Fiscal ou pelos próprios Sujeitos Passivos (caso da autoliquidação), visando a identificação do sujeito e em especial, os elementos que vão determinar a matéria colectável desse sujeito.
2.4.6 Liquidação do Imposto
Para Campos e Lázaro (2005), a liquidação consiste na determinação do imposto propriamente dito através da aplicação de uma taxa à Matéria Colectável (a colecta), que pode não coincidir com o imposto a pagar (deduções à colecta) liquidação em sentido restrito.
2.4.7 Cobrança ou Pagamento do Imposto	
Cobrança e pagamento são expressões que traduzem a mesma realidade jurídica. A primeira assumida do ponto de vista da administração fiscal, que cobra o imposto; a segunda, encarada do ponto de vista do contribuinte que o paga (Campos e Lázaro, 2005).
Pagamento é a operação administrativa que visa a arrecadação do imposto por parte do credor tributário. A entrega nos cofres do Estado, da importância correspondente à dívida apurada, pode ser efectuada nas tesourarias da Fazenda Pública, nos balcões das AT ou das Instituições Bancárias com protocolo com o Estado, existindo situações em que o pagamento é exclusivamente efectuado nas Tesourarias da Fazenda Pública (pagamentos coercivos, por ex.) (ACIS, 2011).
Com isso os autores ainda defendem que as modalidades de cobrança ou pagamentos podem ser voluntários ou coercivos:
· Pagamento voluntário: quando o pagamento é efectuado dentro do prazo estabelecido nas leis tributárias;
· Pagamento coercivo: quando o pagamento é efectuado através de processo de execução fiscal, após decorridos os prazos de cobrança voluntária, podendo-se atingir a fase de penhora de bens.
2.5 Orçamento Público Autárquico
2.5.1 Conceitos Básicos
Segundo Souza (2014), o Orçamento Público é o instrumento de gestão de maior relevância e provavelmente o mais antigo da administração pública. É um instrumento que os governos usam para organizar os seus recursos financeiros. Partindo da intenção inicial de controlo, o orçamento público tem evoluído e vem incorporando novas instrumentalidades.
Orçamento Público, em sentido amplo, é um documento legal (aprovado por lei) contendo a previsão de receitas e a estimativa de despesas a serem realizadas por um Governo em um determinado exercício, geralmente compreendido por um ano. No entanto, para que o orçamento seja elaborado correctamente, ele precisa se basear em estudos e documentos cuidadosamente tratados que irão compor todo o processo de elaboração orçamentária do governo (Lunelli, 2016).
Em Moçambique, as autarquias locais possuem orçamentos próprios, elaborados e geridos com observância dos princípios da anualidade, unidade e universalidade, especificação e equilíbrio, não consignação, não compensação. Sem prejuízo das especificidades que lhes são inerentes, as autarquias locais harmonizam o seu regime financeiro com os princípios gerais financeiros e patrimoniais vigentes para o Orçamento Geral do Estado, de modo a garantir a aplicação das normas da contabilidade nacional (números 1, 2 e 3 do Artigo 5, Secção I, Capítulo II da Lei nº 11/97, de 31 de Maio).
Com isso, os números 1e 2 do artigo 12, Secção II, Capítulo II da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro, determinam respectivamente que o regime financeiro das autarquias deve observar os princípios gerais vigentes para elaboração e execução do Orçamento do Estado e para organização da contabilidade pública. As autarquias públicas devem:
· Observar na programação, gestão, execução e controlo do orçamento das autarquias locais as regras e procedimentos estabelecidos pela Lei nº 9/2002, de 12 de Fevereiro;
· Obedcer no orçamento autárquico a estrutura, classificações e definições idênticas às do Orçamento do Estado,sem prejuízo da especificidade que lhes são inerentes.
Entretanto, as autarquias locais apresentam até 31 de Julho de cada ano ao Ministério que superintende a área das Finanças, a proposta do orçamento necessária à elaboração do orçamento do ano seguinte. O Conselho Municipal ou de Povoação delibera sobre a proposta do respectivo orçamento até 15 de Dezembro do ano anterior ao da sua vigência e a aprovação do orçamento da autarquia está sujeita à ratificação pelo Ministro que superintende a área das Finanças, podendo este delegar ao Governador Provincial, após aprovado o orçamento da autarquia, a Assembleia Municipal ou de Povoação não pode tomar iniciativas que envolvem o aumento das despesas ou diminuição das receitas (números 1, 2, 3, 4 e 5 do artigo 13, Secção II, Capítulo II da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro).
2.5.2 Funções do Orçmento Público Autárquico
Segundo Lunelli (2016), actualmente, pode-se reconhecer o orçamento público como um instrumento que apresenta múltplas funções. A mais clássica delas, é a função de controlo polítco, teve início nos primórdios dos Estados Nacionais. Além da clássica função de controlo polítco, o orçamento apresenta outras funções mais contemporâneas, do ponto de vista administrativo, gerencial, contábil e fnanceiro. 
Entretanto, para Souza (2014), os governos costumam partcipar de muitas formas na economia dos países. A condução da polítca monetária, a administração das empresas estatais, a regulamentação dos mercados privados e, sobretudo, a sua actividade orçamentária funcionam como meios dessa partcipação e influenciam o curso da economia. Ao tomar parte na condução das actividades econômicas, o governo executa as funções econômicas que o Estado precisa exercer. Nesse sentido, as funções econômicas ou, como ficaram conhecidas, as funções do orçamento se dividem em três tipos:
· Função Alocativa: O governo dirige a utilização dos recursos totais da economia, incluindo a oferta de bens públicos. Dessa forma, podem ser criados incentivos para desenvolver certos sectores económicos em relação a outros.
· Função Distributiva ou Redistributiva: Essa função tem importância fundamental para o crescimento equilibrado do país. Por intermédio dela, o governo deve combater os desequilíbrios regionais e sociais, promovendo o desenvolvimento das regiões e classes menos favorecidas.
· Função Estabilizadora: A função estabilizadora está relacionada às escolhas orçamentárias na busca do pleno emprego dos recursos económicos; da estabilidade de preços; do equilíbrio da balança de pagamentos e das taxas de câmbio, com vistas ao crescimento económico em bases sustentáveis.
Nesse aspecto, o orçamento desempenha um importante papel, tendo em vista o impacto
que as compras e contratações realizadas pelo governo exercem sobre a economia. Da mesma forma, a arrecadação das receitas públicas pode contribuir positivamente na reacção do governo em atingir determinadas metas fiscais ou, ainda, na alteração de alíquotas de determinados tributos, que possam ter reflexo nos recursos disponíveis ao sector privado (Lunelli; 2016).
2.5.3 Fontes de Financiamento do Orçamento Público Autárquico
Segundo Muhacha (2018), o Orçamento das autarquias locais conta com três (3) principais fontes de financiamento, nomeadamente:
· O Sistema Tributário ou Receitas Próprias provinientes de impostos e taxas (de serviços prestados e de licenças concedidas);
· As transferências Orçamentais do Estado; e 
· Os empréstimos.
As autarquias locais devem ter a possibilidade de garantir as suas despesas com os seus próprios recursos sem ser obrigadas a solicitar do Estado subsídios para equilibrar os seus orçamentos (Cistac, 2001).
Porém Muhacha (2018), ressalta que as transferências orçamentais do Estado desempenham um papel imprescindivel no financiamento do orçamento autárquico.
2.5.4 Receitas Públicas Municipais 
Os governos sub-nacionais têm várias fontes de receita para financiar as suas obrigações com a despesa. Fontes de receita características incluem: receitas próprias, transferências intergovernamentais, empréstimos locais e, em alguns casos, também ajuda internacional, bem como contribuições comunitárias geradas localmente. A ligação entre geração local de receitas e responsabilidade deriva da presunção de que os governos locais tratam receitas de fontes diferentes de maneira diferente. Por exemplo, supõe-se que os governos locais gastam o dinheiro angariado através de impostos de maneira diferente do dinheiro que recebem através de outros meios, tais como ajuda internacional ou transferências intergovernamentais (Guimarães, 2000).
Segundo Muhacha (2018), o sistema tributário autárquico Moçambicano, subdivide-se em receitas fiscais e receitas não fiscais onde:
· As Receitas Fiscais são compostas pelo sistema de impostos e taxas autárquicas que compreende: o Imposto Pessoal Autárquico (IPA); Imposto Predial Autárquico (IPRA); a Taxa da Actividade Económica (TAE); Imposto Autárquico de Comércio e Indústria; e o Imposto sobre Rendimento de Trabalho (IRT) – secção B. fazem parte ainda das receitas fiscais os adicionais aos impostos do Estado que são transferidos para o Município.
· As Receitas não Fiscais são constituídos pelas tarifas e taxas pela prestação de serviços; taxas por licenças concedidas; e por outras receitas não fiscais compostas dentre outras pelos reembolsos, reposições, indeminizações, coimas e multas. Onde:
a) As Tarifas e Taxas pela Prestação de Serviços, resultam da prestação de serviços públicos que o Conselho Municipal (CM) presta, tais como: recolha, depósito e tratamento de lixos; conservação e tratamento de esgotos; transportes urbanos colectivos de pessoas e mercadorias; manutenção de jardins, mercados e manutenção de vias.
b) As taxas e tarifas acima referidas, são resultantes do pagamento de serviços fornecido pela autarquia local, não tendo por isso o carácter de imposto, e os preços são fixados pela Assembleia Municipal (AM) e sempre que possível, na base de recuperação de custos. 
c) As taxas por licenças concedidas correspondem, dentre outras, as taxas que as autarquias cobram para concessão de licenças para a realização de actividades tais como: infraestruturas e equipamento e equipamento simples; loteamento; de execução de obras particulares; de ocupação de via pública por motivos de obras e de utilização de edifícios; uso e aproveitamento de solo da autarquia; ocupação e aproveitamento de domínio público sob administração da autarquia e o aproveitamento dos bens de utilização pública, prestaçãode serviços ao público; ocupação e utilização de locais reservados aos mercados e feiras; autorização de venda ambulante nas vias e recintos públicos; autorização para emprego de meios de publicidade destinados a propaganda comercial.
Entretanto, o nº 1 do artigo 17, Secção II, Capítulo II da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro, determinam nas suas respectivas alíneas, que constituem receitas das autarquias locais, os seguintes:
a) O produto da cobrança dos impostos s taxas autárquicos;
b) O produto de um percentual de impostos do Estado, nos termos a definir por lei;
c) O produto do lançamento de derramas ou adicionais sobre impostos do Estado, quando para tal haja prévia autorização;
d) O produto de cobrança de taxas por licenças concedidas pelos órgãos autárquicos;
e) O produto da cobrança de taxas ou tarifas resultantes da prestação de serviços;
f) O produto do lançamento de multas ou coimas que, por lei, regulamento ou postura, caibam à autarquia local;
g) O produto de heranças, lrgados, doações e outras liberalidades; e
h) Quaisquer outras receitas estabelecidas por lei a favor das autarquias locaís.
Portanto, o nº 2 do artigo 17 Secção II, Capítulo II do mesmo dispositivo legal, estabelece que são igualmente receitas próprias das autarquias locais, especialmente afectas ao financiamento de despesas de investimento, incluindo grandes reparações e reabilitação das infraestruturas a seu cargo:
a) O rendimento de serviços pertencentes às autarquias locais, por ela directamente administradosou dados em concessão;
b) O rendimento de bens próprios, móveis e imóveis;
c) O produto da alienação de bens próprios; e
d) Outras receitas estabelecidas por lei a favor das autarquias locais.
Entretanto, as autarquias locais podem contrair empréstimos a curto prazo junto de instituições de crédito nacionais para acorrer a dificuldades ocasionais de tesouraria, não podendo, todavia, o seu montante ultrapassar, em qualquer cicunstância ou caso, o equivalente a dois duadécimos da verba que a cada uma delas couber nas transferências do fundo de Compensação Autárquica. Devendo-se obriagatoriamente amortizar-se até ao termo do exercício respectivo (números 1 e 2 do artigo 15, Secção II, Capítulo II da Lei nº 11/97, de 31 de Maio).
2.5.5 Despesas Públicas Municipais
Despesa é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade para evidenciar a variação passiva resultante da diminuição de activos ou do aumento de passivos de uma entidade, que diminua a situação patrimonial. Esse conceito pode se dar tanto as Despesas Privadas, "aquelas efectuadas pelas entidades privadas", como as Despesas Públicas, "aquelas efectuadas pelos entes públicos" (Baleeiro, 2003).
Segundo Silva (2003), a despesa pública deve ser conceituada sob dois pontos de vista: o orçamentário e o científico. Sob o enfoque orçamentário, a despesa pública é a aplicação de certa quantia em dinheiro, por parte da autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de um fim a cargo de governo. Sob o enfoque científico, a despesa pública pode ser conceituada como a soma de gastos realizados pelo Estado para a realização de obras e para a prestação de serviços públicos.
Por outro lado, por despesa pública pode-se entender: a inversão ou distribuição de riqueza que as entidades públicas realizam, objectivando a produção dos serviços reclamados para satisfação das necessidades públicas e para fazer face a outras exigências da vida pública, as quais não são chamadas propriamente de serviços (Kohama, 2000).
Conforme Jesus (2010), despesas públicas são o conjunto de dispêndio realizados pelos entes públicos para custear os serviços públicos (despesas correntes) prestados a sociedade ou para a realização de investimento (despesas de Capital), por sua vez devem ser autorizadas pelo poder legislativo, por meio de acto administrativo chamado orçamento. Excepção diz respeito as despesas extra orçamentarias.
Em Moçambique as despesas de entidades privadas e com fins lucrativas são demonstrados na demonstração de resultados do exercício, conforme as normas de contabilidade vigentes em Moçambique, logo abaixo do lucro líquido operacional, as empresas sem fins lucrativas, demonstram as despesas na demonstração do Déficit/superavit do exercício, as quais constituem os grupos de despesas com venda, Administrativas e financeiras, também no grupo de despesas não operacionais, daquela demonstração. Porém, é importante frisar que contabilmente, despesas não é sinónimo de custo, uma vez que este ultima é relacionado com o processo produtivo de bens e serviços, enquanto despesas diz respeito (de uma forma genérica) aos gastos com a manutenção das actividades da entidade (Muhacha, 2018).
2.5.6 Classificação das Despesas Públicas Municipais
Para Silva (2013), As despesas públicas devem obdecer aos seguintes requisitos:
· Utilidade: Atender a um número significativo de pessoas;
· Legitimidade: Atender a uma necessidade pública real;
· Discução Pública: Ser discutida e aprovado pelo poder legislativo e pelo tribunal de contas do respectivo ente;
· Possibilidade Contribuinte: Possibilidade de população atender a carga tributária decorrente da despesa;
· Oportunidade;
· Hierarquia; e
· Ser Estipulada (prevista) em lei.
Segundo Muhacha (2018), as despesas públicas orçamentais em Moçambique classificam-se em:
· Despesas Correntes: São aquelas que visam o funcionamento de uma instituição exemplo de salários, remunerações, bens e serviços. Como se sabe qualquer despesa em termos da economia envolve o desembolso de certa quantia de dinheiro para saldar uma compra ou então pagar um fornecedor, entre outras circunstâncias. No entanto, as despesas correntes é o tipo de pagamento efectuado pelo Estado com objectivo de contratar pessoal, serviços e também para compra de insumos e bens que são essências para a realização de maneira satisfatória das funções Municipais que lhe competem. 
· Despesa de Capital: São as despesas que visam o aumento do capital dos Municípios, visao funcionamento externo, cujo esta subdividem em :
· Despesa de Investimento: despesas necessárias ao planeamento e execução de obras, aquisição de instalações, equipamento e material permanente, constituição ou aumento do capital ou financeiro, incluindo-se as aquisições de imóveis considerados necessários a execução da tais obras; e
· Transferências de Capital: transferência de capital numérico a entidade para que estas realizem investimentos ou invenções financeiras. Nessas despesas, incluem-se as destinadas a amortização.
Contudo os números 1, 2 e 3 do artigo 21, Secção II, Capítulo II da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro, estabelecem respectivamente que as despesas das autarquias locais dividem-se em correntes e de capital:
· Despesas Correntes as que se destinam ao custeio da actividade corrente dos órgãos autárquicos, nomeadamente, fundo de salários e bens e serviços;
· Despesa de Capital entende-se por despesa de capital as que implicam alteração do património autárquico, inclindo os respectivos activos e passivos financeiros.
2.6 Sistema Fiscal Moçambicano
O Sistema Fiscal Moçambicano (SFM) apresenta uma estrutura tripartida, através da qual se tributa, separadamente, o rendimento, o consumo e o património (OCAM, 2015). 
Em qualquer caso, a actual configuração do sistema fiscal moçambicano é derivado da reforma de 2002, altura em que foi totalmente reformulado o sistema então vigente e que apresentava, ainda, uma relevante matriz de pré independência. O novo sistema fiscal Moçambicano inclui já soluções adaptadas às novas realidades económicas, quer através da diferenciação das regras aplicáveis em função dos tipos de contribuintes, quer através das preocupações de integração internacional (Ferreira et al, 2013).
O ano fiscal coincide com o ano civil, embora as empresas possam utilizar outro ano contabilístico, mediante autorização. No entanto para evitar a dupla tributação (ADT) Moçambique, celebrou acordos com os seguintes países: Portugal, Itália, Ilhas Maurícias, Emirados Árabes Unidos, Região Administrativa Especial de Macau, África do Sul, Índia, Vietnam e Botswana (ACIS, 2011).
Segundo OCAM (2015), o SFM integra um conjunto de impostos nos regimes normal e especial, os quais, de forma separada, visam a tributação do rendimento, do consumo e do património. Os principais impostos do SFM são:
· Impostos sobre o Património (Imposto Municipal de Sisa, Contribuição Autárquica);
· Impostos sobre o Rendimento (IRPS e IRPC); 
· Impostos sobre a Despesa ou o Consumo (IVA, Imposto Automóveis, impostos sobre os produtos petrolíferos, imposto sobre o tabaco, etc.).
Entretanto, de acordo com ACIS (2011), o sistema tributário actual em Moçambique, integra a seguinte estrutura de impostos, de acordo com a figura abaixo:
Figura 1: Estrutura do Sistema Tributário Moçambicano
Fonte: ACIS (2011).	
2.6.1 Sistema Tributário Autárquico
De acordo com ACIS (2011), a Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro, redefine o regime financeiro, orçamental e patrimonial das autarquias locais, bem como reformula o Sistema Tributário Autárquico, instituídos inicialmente pela Lei nº 11/97, de 31 de Maio. 
Com isso, as alíneas a, b, c, e d, do artigo 4, Capítulo I da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro, determina respectivamente que constituem garantias gerais do sujeito passivo do Sistema Tributário Autárquico:
· Não pagar impostos, taxas, contribuições especiaise demais tributos que não tenham sido estabelecidos de harmonia com a Constituição;
· Apresentar reclamações ou recursos hierárquicos, solicitarrevisões ou apresentar recursos contenciosos de quaisquer actos ou omissões dos órgãos autárquicos lesivos dos seus direitos ou interesses legalmente protegidos, nos prazos, nos termos e com os fundamentos previstos nos termos da Lei nº 2/2006, de 22 de Março e na demais legislação pertinente;
· Poder ser esclarecido, pelo competente órgão autárquico, acerca da interpretação das leis tributárias autárquicas e do modomais comodo e seguro de as cumprir;
· Poder ser informado sobre a sua concreta situação tributária.
Entretanto, as alíneas a, b, c, d, e, f, e g, do artigo 2, Capítulo I do Decreto 63/2008 de 30 de Dezembro, estabelecem respectivamente que o Sistema Tributário Autárquico, compreendem os seguintes impostos e taxas:
· Imposto Pessoal Autárquico (IPA);
· Imposto Predial Autárquico (IPRA);
· Imposto Autárquico de Veículos (IAV);
· Imposto Autárquico da Sisa (IASisa);
· Contribuição de Melhorias (CM);
· Taxas por Licenças Concedidas e por Actividade Económica e Tarifas pela Prestação de Serviços.
2.6.2 Imposto Pessoal Autárquico 
Imposto Pessoal Autárquico (IPA) é imposto anual de capitação, equivalente a nível autárquico do Imposto de Reconstrução Nacional cobrado como imposto do Estado fora das áreas das actuais autarquias, incidindo sobre todas as pessoas nacionais ou estrangeiras, residentes na respectiva autarquia, quando tenham entre 18 a 60 anos de idade e para elas se verifiquem as circunstâncias de ocupação, aptidão para o trabalho e demais condições estabelecidas no respectivo Código (ACIS, 2011).
Portanto, de acordo com os números 1, 2 e 3 do artigo 52, Subsecção II, Capítulo IV da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro estabelecem respectivamente o seguinte:
· O Imposto Pessoal Autárquico substitui, nas autarquias, o Imposto de Reconstrução Nacional e incide sobre todas as pessoas nacionais ou estrangeiras, residentes na respectiva Autárquia, quando tenham entre 18 e 60 anos de idade e para elas se verifiquem as circunstâncias de ocupação, aptidão para o trabalho;
· Para efeitos de incidência do imposto, consideram-se residentes na Autarquia as pessoas que aí tenham domicílio fiscal;
· Os novos residentes na Autarquia ficam sujeitos ao pagamento de imposto na nova autarquia, desde que não provem ter satisfeito a obrigação no local onde anteriormente estavam domiciliaos.
Com isso, as alíneas a, b, c, d, e e) do nº 1 do artigo 53, Subsecção II, Capítulo IV da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro, determinam respectivamente que ficam isentos do IPA os seguintes:
· Os indivíduos que, por debilidade, doença ou deformidade física, estejam temporária ou permanentemente incapacitados de trabalhar,
· Os cidadãos no cumprimento do serviço Militar Efectivo Normal, compreendendo o ano da incorporação e o ano da passagem à disponibilidade;
· Os estudantes que frequentem, em regime de tempo inteiro, curso de nível médio ou superior, abrangendo o ano em que perde essa qualidade, até completarem 21 ou 25 anos de idade, respectivemente, consoante se trate do ensino médio ou superior, incluindo os estudantes moçambicanos no estrangeiro;
· Os pensionistas do Estado, das autarquias locais, da Segurança Social ou de outras formas de pensão, quando não tenham outros rendimentos além das respectivas pensões,
· Os estrangeiros ao serviço do país da respectiva nacionalidade, quando haja reciprocidade de tratamento.
Porém, podem gozar ainda de inseção deste imposto, em determinado ano, os indivíduos que devido a calamidade naturais ou outras circunstâncias excepcionais não se encontre em condições de o satisfazer, quando tal situação seja reconhecida pela Assembleia Municipal ou de Povoação, mediante proposta fundamentada do executivo autárquico (nº 1 do artigo 53, Subsecção II, Capítulo IV da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro).
O valor do Imposto Pessoal Autárquico a vigorar anualmente é determinado em função do salário mínimo nacional mais elevado, através da aplicação das taxas de 4%, 3%, 2% e 1%, consoante a classificação das diferentes autarquias (níveis A, B, C e D, respectivamente) (ACIS, 2011). No entanto as taxas do IPA, são as constantes do quadro seguinte:
Quadro 1: Taxas do IPA Conforme a Classificação das Autarquias
	Nº de Ordem
	Autárquias
	Taxa
	Base Legal
	1
	Nívil A
	4%
	Alíneas a, b, c, e d, do artigo 54, Subsecção II, Capítulo IV da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro
	2
	Nívil B
	3%
	
	3
	Nívil C
	2%
	
	4
	Nívil D
	1%
	
Fonte: Adaptado pelo Autor a partir da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro 
Assim sendo, compete às autoridades administrativas das Autarquias, proceder ao lançamento e cobrança do IPA, que é feito por anos civis, tendo por base o cadastro dos contribuintes residentes na respectiva circunscrição territorial, organizado com base na reunião dos verbetes, que devem ser actualizado pelo Conselho Municipal ou de Povoação (Números 1 e 2 do artigo 11, Secção IV, Capítulo II do Decreto 63/2008 de 30 de Dezembro).
Com isso, os números 1, 2, 3, e 4 do artigo 15, Secção IV, Capítulo II do Decreto 63/2008 de 30 de Dezembro, estabelecem o seguinte:
· No acto do pagamento do IPA, é entregue aos contribuintes que efectuem pela primeira vez, para preenchimento, um verbete de modelo próprio, do qual consta o nome completo do contribuinte e o respectivo domicílio, ocupação e idade;
· Os verbetes, depois de devidamente preenchidos, são numerados e arquivados pelos serviços que tenham a seu cargo o lançamento do IPA, ficando oeganizados alfabeticamente;
· No verso do verbete é anotado o número de conhecimento e o ano a que respeita a cobrança, com aposição da rubrica do funcionário que arrecadar o imposto e o carimbo de caixa e m uso; e
· O preenchimento dos verbetes, no caso de contribuintes analfabetos, é efectuado pelo funcionário para efeito designado, que deve estar sempre presente no local de cobrança para prestar os esclarecimentos necessários aos contribuintes.
Contudo, das receitas do imposto arrecadado em cada um dos locais de cobrança constituídos nos termos deste código e seguinte, é feita entrega centralizada, diária ou semanal, consoante as circunstâncias, na tesoraria da respectiva Autarquia, até o dia 20 do mês seguinte àquele em que a cobrança tiver sido realizada. E é autorizado ao Conselho Municipal ou de Povoação a fixar a percentagem do imposto arrecadado, não podendo a mesma exceder 10% da respectiva colecta, distinada a remunerar os funcionários ou agentes que participem nas actividades de lançamento e cobrança do imposto, estabelecendo os respectivos critérios (Número 1 do artigo 24, Secção V e artigo 34 Secção VIII do Capítulo II do Decreto 63/2008 de 30 de Dezembro).
2.6.3 Imposto Predial Autárquico
O Imposto Predial Autárquico (IPRA) é um imposto indireto e local, integrado no Sistema Tributário Autárquico, que incide, objectivamente, sobre o valor patrimonial dos prédios situados no território da respetiva Autarquia. Entendendo-se como prédio urbano, toda a infraestrutura incorporada no solo urbano da Autarquia (números 1, 2 e 3 do artigo 35, Secção I, Capítulo III do Decreto 63/2008, de 30 de Dezembro)
Para ACIS (2011), o Imposto Predial Autárquico incide sobre o valor patrimonial dos prédios urbanos situados no território da respectiva autarquia, entendendo-se por prédio urbano toda a parcela de terreno, abrangendo os edifícios e construções nela incorporados ou assentes com carácter de permanência, desde que:
· Faça parte do património de uma pessoa singular ou colectiva ou a esta possa imputar-se o respectivo uso ou fruirão sem o pagamento de uma renda;
· Seja susceptível de, em condições normais, produzir rendimento e esteja afecto a
quaisquer fins que não sejam a agricultura, silvicultura ou pecuária.
Para este efeito:
· Entende-se como tendo carácter de permanência os edifícios ou construções existentes, ainda que móveis por natureza, sempre que afectos a fins não transitórios, e designadamente quando se acharem assentes no mesmo local por um período superior a seis meses;
· No regime de propriedade horizontal ou outra forma de condomínio, cada fracção autónoma seráhavida como constituindo um prédio.
Entretanto, nos termos das alíneas a, b, c, e d, do artigo 38, Secção I, Capítulo III do Decreto 63/2008, de 30 de Dezembro, determinam respectivamente que o IPRA aplica-se aos prédios urbanos e é devido pelos seus proprietários a partir:
· Do ano de conclusãodas obras de edificação, se ocorrer até 30 de Junho;
· Do ano de conclusão de melhorammentos dos edifícios ou de outras alterações que hajam determinado a variação do valor tributário do prédio, ou da respectiva classificação, quando qualquer destes factos tenha ocorrido até 30 de Junho;
· Do ano seguinte ao termo da situação de isenção, quando seja o caso.
Porém, as alíneas a, b, c, e d, do artigo 40, Secção I, Capítulo III do Decreto 63/2008, de 30 de Dezembro, estabelecem que estão insentos do IPRA:
a) O Estado;
b) As Associações humanitárias e outras entidades que, sem intuito lucrativo, prossigam no território da Autarquia actividade de relevante interessse público, relativamente aos prédios urbanos afectos à realização desses fins;
c) Os estados estrangeiros, relativamente aos prédios urbanos destinados exclusivamente à sede da missão diplomática ou consular ou à residência do chefe da missão diplomática ou do cônsul, quando haja reciprocidade de tratamento;
d) A própria autarquia e qualquer dos seus serviços, ainda que personalizados, relativamente aos prédios que integrem o respectivo património. 
Segundo Chapananga (2014), o valor de mercado de um prédio estima-se considerando os seguintes critérios: 
· Valor /preço base da construção do prédio por m2; Área Bruta da Construção (edifício e terreno); Coeficiente de Afetação (conforme o uso a que se destina, habitação, ou outros fins); Coeficiente de Localização (rural, periurbano, urbano etc.); e Coeficiente da Antiguidade.
Deste modo a determinação do valor patrimonial de acordo com os números 1 do artigo 4 do Decreto 61/2010, de 27 de Dezembro, é feita com base na seguinte fórmula:
Onde: Vp – Valor patrimonial do prédio urbano; Ae – Área edificada do prédio urbano; P – Preço médio de construção por metro quadrado; Fa – Factor de antiguidade do prédio urbano, defenido no nº 3 do presente artigo; Fl – Factor de localização do prédio urbano defenido no no nº 4 do presente artigo; Al – Àrea do terreno que serve de logradouro ao prédio urabano. 
 No entanto, o valor patrimonial constante do cadastro fiscal constitui a base de tributação, a Declaração feita pelo proprietário do prédio, cuja aceitação pela Administração Fiscal Autárquica, fica dependente da correção, por comparação com o valor calculado usando a fórmula apropriada ou Calculado pelo Conselho da Autarquia Local, nos casos em que não há declaração do proprietário (números 1, 2, 3, 4 e 5 do artigo 2 do Decreto 61/2010, de 27 de Dezembro).
Contudo, segundo ACIS (2011), as taxas de imposto são de 0,4% e 0,7%, respectivamente, consoante se trate de prédios destinados a habitação ou a quaisquer outros fins. As taxas do Imposto Predial Autárquico aplicam-se sobre o valor patrimonial dos prédios urbanos. Conforme ilustra o quadro seguinte:
Quadro 2: Fórmula e Taxas do IPRA Conforme a Finalidade dos Prédios
	Fórmula 
	Finalidade do Prédio 
	Taxa
	Base Legal
	Vipra = Vp × taxa
	Prédio destinado à habitação 
	0,4%
	Alíneas a, e b, dos números 1, 2, 3 e 4 do artigo 5 do Decreto nº 61/2010, de 27 de Dezembro
	
	Prédio destinado à actividade de natureza comercial, industrial, ou para exercício de actividades profissionais independentes, bem como os destinados a outros fins 
	0,7%
	
	
	Nos casos em que o prédio urbano esteja destinado a mais de um fim, o imposto é calulado na base daquele que tenha a taxa mais gravosa
	 
	
	
	Para os prédios urbanos com edificação em material precário e destinados à habitação, a taxa é aplicada sobre um valor equivalente ao salário mínimo mais alto, em vigor em 31 de Dezemro do ano anterior
	 
	
Fonte: Adaptado pelo Autor a partir do Decreto nº 61/2010, de 27 de Dezembro 
2.6.4 Imposto Autárquico de Veículos
De acordo com as alíneas a, b, c, e d) do número 1 do artigo 64, Secção I, Capitulo IV do Decreto 63/2008 de 30 de Dezembro, o Imposto sobre Veículos incide sobre o uso e fruição dos veículos a seguir mencionados, matriculados ou registados no País, ou desde que, independentemente de registo ou matrícula, sejam decorridos 180 dias a contar da respectiva entrada no mesmo território nacional e se encontrem a circular ou a ser usados em condições normais de utilização, os seguintes:
· Automóveis ligeiros e automóveis pesados de antiguidade menor ou igual a vinte e cinco anos;
· Motociclos de passageiros com ou sem carro de antiguidade menor ou igual a quinze anos;
· Aeronaves com motor de uso particular;
· Barcos de recreio com motor de uso particular.
Com isso, a matrícula ou registo a que se refere acima é o que, conforme o caso, deve ser efectuado nos serviços competentes de viação, aviação civil, ou de marinha mercante. Entretanto, consideram-se ainda potencialmente em uso os veículos automóveis que circulem pelos seus próprios meios ou estacionem em vias ou recintos públicos e os barcos de recreio e aeronaves, desde que sejam detentores dos certificados de navegabilidade devidamente válidos (Números 3 e 4 do artigo 65, Subsecção V, Capitulo IV da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro).
No entanto, o Imposto Autárquico de Veículo é devido por inteiro em cada ano civil e são sujeitos passivos do IAV, os proprietários dos veículos, quer sejam pessoas singulares ou colectivas, de direito público ou privado, residentes na respectiva autarquia, presumindo-se como tais, até prova em contrário, as pessoas em nome dos quais os mesmos se encontrem matriculados ou registados. São também equiparados a proprietários e sujeitos a este imposto, os locatários financeiros e os adquirentes com reserva de propriedade (Números 1 e 2 do artigo 66, Secção I, Capitulo IV do Decreto 63/2008 de 30 de Dezembro).
Porém, o Imposto Autárquico de Veículo é determinado na base dos critérios, estabelecidos nas alíneas a, b, c, d, e e) do artigo 67, Secção I, Capitulo IV do Decreto 63/2008 de 30 de Dezembro, os seguintes:
· Para automóveis ligeiros – o combustível utilizado, a cilindrada do motor, a potência, a voltagem e a antiguidade;
· Para automóveis pesados – a capacidade e carga ou lotação de passageiros, segundo se trate de automóveis pesados de carga ou de passageiros e a antiguidade;
· Para motociclos – a cilindrada do motor e a antiguidade;
· Para aeronaves – o peso máximo autorizado à decolagem;
· Para barcos de recreio – a população a partir de 25 (HP), a tonelagem de arqueação bruta e a antiguidade. 
Entretanto, as isenções ao Imposto Autárquico de Veículo, são estabelecidas nas alíneas a, b, c, d, e e) do artigo 67, Subsecção V, Capitulo IV da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro, os seguintes:
a) O Estado e qualquer dos seus serviços, estabelecimentos e organismos, ainda que personalizados;
b) As Autarquias locaís e suas associações ou federações de municípios;
c) Os Estados Estrangeiros, quando haja reciprocidade de tratamento;
d) O Pessoal das missões diplomáticas e consulares nos termos das respectivas convenções;
e) As Organizações estrangeiras ou internacionais, nos termos de acordos celebrados pelo Estado Moçambicano.
Deste modo, as taxas do Imposto Autárquico de Veículos são as constantes das tabelas do artigo 68, Subsecção V, Capitulo IV da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro. Conforme iilustra os quadros abaixo.
	Automóveis Ligeiros
	Grupos
	Combustível Utilizado
	Movidos a Electricidade
	Imposto Anual Segundo a Antiguidade
	
	Gasolina Cilindrada (centímetros cúbicos)
	Outros Produtos (Cilindrada)
	Voltagem Total
	1º Escalão Até 6 anos
	2º Escalão Mais de 6 anos até 12 anos
	3º Escalão Mais de 12 anos até 25 anos 
	A
	Até 1000
	Até 1500
	Até 100
	200 MT
	100 MT
	50 MT
	B
	Mais de 1000 até 1300
	Mais de 1500 até 2000
	Mais de 100
	400 MT
	200 MT
	100 MT
	C
	Mais de 1300 até 1750
	Mais de 2000 até 3000
	………………………..
	600 MT
	300 MT
	150 MT
	D
	Mais de 1750 até 2600
	Mais de

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