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Psicanálise e Neurociências (1)

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Psicanálise 
 e 
Neurociências 
O que é Neurociências 
Neurociência é o estudo científico 
do sistema nervoso. 
Tradicionalmente,a neurociência 
tem sido vista como um ramo da 
biologia 
Um Mapa de 
debates 
Há pouco tempo teve início um movimento que 
busca integrar o conhecimento produzido pelas 
diferentes áreas das neurociências com aquele 
específico à Psicanálise. 
Primeiro 
grupo 
Ao primeiro grupo, demos a 
denominação de grupo da 
hibridação, por propor uma 
composição entre a psicanálise e as 
neurociências em um novo campo, 
a saber, a Neuropsicanálise. 
O resultado deste movimento foi o surgimento da 
Neuropsicanálise. Em 1999 foi publicado o 1º número a revista 
Neuro-psychoanalysis, de cujo corpo editorial fazem parte 
neurocientistas de renome, como o prêmio Nobel Eric Kandel, 
António Damásio e Oliver Sacks, e psicanalistas célebres, como 
Charles Brenner, André Green, Otto Kernberg e Daniel 
Widlöcher. Pouco tempo depois, em julho de 2000, foi realizado 
em Londres o 1º Congresso Internacional de Neuropsicanálise 
ocasião em que foi fundada a Sociedade Internacional de 
Neuropsicanálise pelo psicanalista e neurocientista Mark Solms 
e por sua esposa, Karen Kaplan-Solms, fonoaudióloga, 
neuropsicóloga e também psicanalista. 
O primeiro grupo, que chamamos de hibridação, 
especifica-se pelo entendimento de que a psicanálise 
não teria evoluído “cientificamente” por não ter 
desenvolvido métodos empíricos objetivos para testar 
suas hipóteses, o que fez com que se tornasse obsoleta 
e devesse se revigorar. Para atingir esse objetivo, a 
Psicanálise deveria importar o modelo de ciência adotado nas ciências 
físicas e naturais, experimentalizando-se para se tornar, enfim, 
científica. 
As neurociências poderiam fornecer à psicanálise 
fundamentos empíricos e conceituais mais sólidos 
sobre o funcionamento psíquico, entre os quais se 
destacariam os oriundos das novas tecnologias de 
neuroimagem, além dos achados da Neuro 
psicologia Cognitiva. 
Relativamente ao aspecto metodológico, 
Kandel marca sua posição ao afirmar que “a 
Psicanálise foi sempre melhor em gerar ideias 
do que testá-las” (p. 
506). 
O pontapé inicial para este movimento foi dado 
por Eric Kandel (1999), ao expressar o que 
acredita ter sido a grande falha da Psicanálise em 
seu desenvolvimento: 
Ainda que Kandel (1999) reconheça que a Psicanálise revolucionou 
nossa compreensão sobre a vida mental, oferecendo insights notáveis 
sobrepr ocessos mentais inconscientes e, principalmente, a 
irracionalidade das motivações humanas, ele enten deque o mesmo 
vigor não pôde ser observado nos anos posteriores, pois, embora o 
pensamento psicanalítico continue progredindo, tem havido poucos 
insights brilhantes, com exceção das teorias sobre o desenvolvimento 
infantil3. 
 
 Kandel acredita que, conquanto a Psicanálise ainda represente a visão 
demente mais coerente e cientificamente satisfatória dentre as que 
existem, ela entrou no século XXI em declínio por não ter desenvolvido 
métodos objetivos para testar suas ideias — o que só pode 
aconteceratravés de seu fortalecimento a partir de sua aproximação 
teórica e, sobretudo, metodológica, coma biologia em geral e com as 
neurociências cognitiva sem particular. 
Segundo 
Grupo 
O segundo foi chamado de grupo do 
isolamento, por se entender que não há 
condições epistemológicas para nenhum 
tipo de diálogo – o que resulta na 
impossibilidade tanto de uma integração 
quanto de qualquer outro tipo de contato 
entre os saberes em jogo. 
O ISOLAMENTO E A 
RECUSA AO DIÁLOGO 
 
 
O segundo grupo que se pode observar caracteriza-se 
tipicamente por um discurso inserido na linhagem psicanalítica 
lacaniana e é refratário a qualquer possibilidade de articulação 
entre psicanálise e neurociências. 
 
Recusa de modo aberto o que considera ser uma diluição da 
herança psicanalítica e uma submissão epistemológica e ética 
aos ditames da cultura cientificista e biotecnológica atual4. 
Para este grupo, o enfrentamento das críticas à 
psicanálise deveria ser feito pela reafirmação de sua 
singularidade discursiva e prática e pela renovação 
criativa de seus próprios vocabulários e dispositivos 
clínicos (BezerraJr., 2006). Baseando-se no pensamento 
de Lacan, os 
representantes desse grupo discordam de uma 
articulação entre psicanálise e neurociências, alegando 
ser uma proposta inviável, já que a psicanálise não 
poderia ser considerada uma ciência. 
Terceiro 
grupo 
Terceiro grupo foi caracterizado como grupo da 
interlocução, já que os autores que o compõem 
acreditam que não se trata nem da produção de 
um campo híbrido nem da impossibilidade de 
dialogar. Trata-se, ao contrário, da fertilidade de 
uma pesquisa interdisciplinar na qual as 
especificidades epistemológicas e metodológicas 
de cada campo são mantidas. 
A primeira metade do século 20, as idéias 
de Sigmund Freud dominaram as 
explicações sobre o funcionamento da 
mente. Seu pressuposto básico era que 
nossas motivações permanecem em sua 
maior parte no inconsciente. Mais que 
isso, são mantidas longe da consciência 
por uma força repressora. 
 
• . 
 
O aparato executivo da mente (o ego) 
rejeita iniciativas do inconsciente (o id) 
que estimulam comportamentos 
incompatíveis com nossa concepção 
civilizada de nós mesmos. A repressão 
é necessária porque esses impulsos 
se manifestam na forma de paixões 
incontroláveis, fantasias infantis e 
compulsões sexuais e agressivas. 
 
 
 
• Quando a repressão não funciona, dizia 
Freud até sua morte, em 1939, surgem as 
doenças mentais: fobias, ataques de 
pânico e obsessões. O objetivo da 
psicoterapia, portanto, era rastrear os 
sintomas neuróticos até suas raízes 
inconscientes e aniquilar seu poder 
através de sua confrontação com a 
análise madura e racional. 
 
• Conforme as pesquisas sobre a mente e o cérebro se sofisticaram, a 
partir da década de 1950, os especialistas se deram conta de que as 
evidências fornecidas por Freud eram bem tênues. Seu principal 
método de investigação não era a experimentação controlada, mas a 
simples observação de pacientes no cenário clínico, combinada a 
inferências teóricas. 
 
• Os tratamentos com remédios ganharam força, e a abordagem 
biológica das doenças mentais deixou a psicanálise nas sombras. Se 
Freud estivesse vivo, é possível que até saudasse essa reviravolta. 
 
 
 
 
 
• Neurocientista muito respeitado até hoje, ele freqüentemente fazia 
comentários como "as deficiências de nossa descrição 
provavelmente desapareceriam se já pudéssemos substituir os 
termos psicológicos por termos fisiológicos e químicos". 
Na década de 1980, os conceitos de ego e id eram considerados 
antiquados, mesmo em certos círculos psicanalíticos. Freud era 
passado. Na nova psicologia, o motivo de as pessoas deprimidas se 
sentirem mal não é a destruição das primeiras ligações sentimentais 
da infância - há um desequilíbrio nas substâncias químicas de seu 
cérebro. geral. 
 
 
 
A psicofarmacologia, no entanto, não oferece 
uma grande teoria sobre a personalidade, as 
emoções e as motivações - uma nova 
concepção do que realmente governa o que 
sentimos e o que fazemos. Sem esse modelo, 
os neurocientistas concentraram seu trabalho 
em pontos específicos e deixaram de lado o 
quadro geral. 
 
 
. 
Esse quadro está voltando, e a surpresa é: não 
é muito diferente do que o delineado por Freud 
há um século. Ainda estamos longe de um 
consenso, mas um número cada vez maior de 
neurocientistas está chegando à mesma 
conclusão de Eric R. Kandel, da Universidade 
Columbia, o Prêmio Nobel de 2000 em 
fisiologia ou medicina: a psicanálise "ainda é a 
visão da mente mais intelectualmente 
satisfatória e coerente". 
Freud está de volta, e não apenas na teoria. 
Grupos interdisciplinares reunindo os 
campos antes distantes e muitas vezescontrários da neurociência e da psicanálise 
se formaram em praticamente todas as 
grandes cidades do mundo. Essas redes, por 
sua vez, uniram-se na Sociedade 
Internacional de Neuropsicanálise, que 
organiza um congresso anual e publica a 
bem-sucedida revista Neuro-Psychoanalysis 
O conselho editorial da publicação, formado por uma 
constelação de especialistas da neurociência 
comportamental contemporânea - incluindo Antonio R. 
Damasio, Kandel, Joseph E. LeDoux, Benjamin Libet, 
Jaak Panksepp, Vilayanur S. Ramachandran, Daniel L. 
Schacter e Wolf Singer -, é o maior testemunho do 
renovado respeito pelas idéias de Freud. 
 
 
 
Juntos, esses pesquisadores estão desenvolvendo 
o que Kandel chama de "novos parâmetros 
intelectuais para a psiquiatria". Dentro desses 
parâmetros, a ampla organização da mente 
esboçada por Freud parece destinada a funcionar 
como a teoria da evolução de Darwin em relação à 
genética molecular - um modelo ao qual novos 
detalhes vão se ajustando. Ao mesmo tempo, 
neurocientistas revelam provas de algumas das 
teorias de Freud e desvendam os mecanismos que 
estão por trás dos processos mentais descritos por 
ele 
• Quando Freud introduziu a noção central de que a maioria dos 
processos mentais que determinam nossos pensamentos, 
sentimentos e desejos acontece inconscientemente, a idéia foi 
rejeitada. Mas descobertas atuais confirmam a existência e o 
papel essencial dos processos mentais inconscientes. Um 
exemplo é que o comportamento de pacientes incapazes de 
lembrar de acontecimentos passados por causa de danos a 
estruturas que armazenam lembranças no cérebro é claramente 
influenciado pelos fatos "esquecidos". Os neurocientistas 
cognitivos analisam casos assim, determinando sistemas de 
memória diferentes, que processam a informação "explicitamente" 
(conscientemente) ou "implicitamente" (inconscientemente). Freud 
havia dividido a memória da mesma forma. 
 
 
Motivação Inconsciente 
 
 
Os neurocientistas também identificaram sistemas de 
memória que controlam o aprendizado emocional. Em 
1996, na Universidade de Nova York, LeDoux 
demonstrou a existência, sob o córtex consciente, de 
uma via neuronal que conecta informações de percepção 
com estruturas primitivas do cérebro responsáveis pela 
geração de reações de medo. Como essa via atravessa o 
hipocampo - que gera memórias conscientes -, 
acontecimentos do presente desencadeiam lembranças 
emocionalmente importantes, provocando sensações 
conscientes que parecem irracionais, como "homens de 
barba me dão arrepios". 
 
 
 
 
 
 
A neurociência mostrou que as principais estruturas cerebrais essenciais 
para a formação de memórias conscientes não são funcionais durante os 
dois primeiros anos de vida, explicando o que Freud chamou de amnésia 
infantil. Como supôs Freud, não é que tenhamos esquecido nossas 
lembranças mais antigas; simplesmente não conseguimos trazê-las à 
consciência. Mas essa incapacidade não as impede de afetar os 
sentimentos e o comportamento adultos. Seria difícil encontrar um 
neurobiólogo que não concorde que as experiências da primeira infância, 
principalmente entre mãe e bebê, influenciam o padrão das conexões 
cerebrais de modo a moldar nossa personalidade e saúde mental futuras. 
Apesar disso, não é possível lembrar dessas experiências 
conscientemente. Fica cada vez mais claro que boa parte de nossa 
atividade mental é motivada pelo inconsciente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Repressão Justificada 
 
Mesmo que sejamos fundamentalmente guiados por pensamentos 
inconscientes, isso não prova a afirmação de Freud de que reprimimos 
informações desagradáveis por vontade própria. 
No entanto, começam a se acumular estudos que apóiam essa noção. 
 O mais famoso deles foi feito em 1994 pelo neurologista 
Ramachandran, da Universidade da Califórnia em San Diego, com 
pacientes que sofriam de "anosognosia". Danos na região parietal 
direita do cérebro dessas pessoas fazem com que não percebam que 
possuem problemas físicos graves, como um membro paralisado. 
 Depois de ativar artificialmente o hemisfério direito de uma paciente, 
Ramachandran observou que ela percebeu que seu braço esquerdo 
estava paralisado - e estava assim desde que ela havia sofrido um 
derrame, oito dias antes. Ela era capaz de reconhecer a ausência e 
tinha registrado inconscientemente esso fato nos oito dias anteriores, 
apesar de suas negativas conscientes de que houvesse algo errado. 
 
 
 
 
Quando o efeito da estimulação acabou, a mulher não apenas 
voltou a acreditar que seu braço estava normal, mas também 
esqueceu a parte da entrevista em que tinha percebido que o 
braço estava paralisado, apesar de lembrar dos mínimos 
detalhes da conversa. Ramachandran concluiu: "A 
extraordinária implicação teórica dessas observações é que as 
lembranças realmente podem ser seletivamente reprimidas. 
Ver essa paciente me convenceu, pela primeira vez, da 
realidade do fenômeno da repressão que compõe a pedra 
fundamental da teoria psicanalítica clássica 
Assim como os pacientes com o "cérebro dividido", 
cujos hemisférios permanecem sem ligação entre si, 
os pacientes de anosognosia abstraem fatos 
indesejados, dando explicações plausíveis, mas 
inventadas, sobre ações motivadas pelo 
inconsciente. O hemisfério esquerdo emprega 
claramente os "mecanismos de defesa" freudianos, 
diz Ramachandran. 
 
 
 
Fenômenos análogos também vêm sendo demonstrados 
em pessoas com cérebros intactos. Como disse o 
neuropsicólogo Martin A. Conway, da Universidade 
Durham, na Inglaterra, em comentário publicado na 
Nature em 2001, se efeitos significativos de repressão 
podem ser produzidos em pessoas normais num cenário 
inocente de laboratório, imagine só o tamanho dos 
efeitos produzidos pelo turbilhão emocional das situações 
traumáticas da vida real. 
 
 
• Freud foi mais além. Para ele, não somente grande parte 
de nossa atividade mental é inconsciente e vive em 
negação, mas a parte reprimida do inconsciente opera de 
acordo com um princípio diferente do "princípio de 
realidade" que governa o ego consciente. 
• Esse tipo de pensamento inconsciente está ligado ao 
desejo e ignora tanto as leis da lógica quanto o tempo 
 
 
 
Se Freud está certo, danos a estruturas inibidoras do 
cérebro (a morada do ego "repressor") liberariam formas 
irracionais, ligadas ao desejo, de funções mentais. É 
exatamente isso que se observa em pacientes com danos 
na região límbica frontal, que controla os aspectos 
essenciais da autoconsciência. Os pacientes apresentam 
uma síndrome conhecida como psicose de Korsakoff: não 
percebem que têm amnésia e preenchem as lacunas da 
memória com histórias inventadas, as confabulações. 
 
 
 
 
A neuropsicóloga da Durham, Aikatereni Fotopoulou, 
estudou um paciente desse tipo laboratório. O homem 
não conseguia se lembrar, em nas sessões de 50 minutos 
em minha sala, durante 12 dias consecutivos, que já me 
conhecia e que havia se submetido a uma operação para 
retirar um tumor dos seus lobos frontais, o que causava a 
amnésia. Para ele, não havia nada de errado com sua 
saúde. Quando questionado sobre a cicatriz na cabeça, 
ele confabulava explicações absolutamente improváveis: 
que tinha sofrido uma cirurgia odontológica, ou uma 
operação de ponte de safena. Ele realmente tinha 
passado por esses procedimentos - anos antes. 
 
 
 
 
 
 
" 
 
 
 
Da mesma forma, quando questionado sobre 
quem eu era e o que ele fazia em meu 
laboratório, dizia que eu era um cirurgião 
dentista, um companheiro de bebida, um cliente 
em consulta profissional, um colega de time de 
um esporte que não praticava havia décadas ou 
um mecânico que estava consertando um de 
seus vários carros esporte (que ele não possuía). 
Seu comportamento era coerente com essas 
falsas crenças: ele olhava para a cerveja sobre a 
mesa ou para o carro atravésda janela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desejos Ocultos 
 
 
O que chama a atenção nessas idéias falsas é a presença de desejo, uma 
impressão que Fotopoulou confirmou com a análise quantitativa de 155 das 
confabulações do paciente. As falsas crenças do paciente não eram aleatórias - 
eram geradas pelo "princípio de prazer" que, segundo Freud, é central para o 
inconsciente. 
 
 O homem simplesmente reconstruía a realidade como queria que fosse. 
Observações semelhantes foram relatadas por outros pesquisadores, como 
Martin Conway, de Durham, e Oliver Turnbull, da Universidade de Gales. Eles 
são neurocientistas cognitivos, não psicanalistas, mas interpretam suas 
descobertas em termos freudianos, alegando, basicamente, que os danos à 
região límbica frontal que produzem as confabulações prejudicam os 
mecanismos de controle cognitivo, que são a base da monitoração normal da 
realidade, e libertam da inibição as influências implícitas do desejo na 
percepção, na memória e no julgamento. 
O 
Freud argumentava que o princípio do prazer, 
na verdade, exprimia impulsos primitivos, 
animais. Para seus contemporâneos 
vitorianos, a idéia de que o comportamento 
humano fosse no fundo governado por 
compulsões sem nenhum propósito mais 
nobre que a auto-realização carnal era 
simplesmente escandalosa. 
 
 O escândalo se atenuou nas décadas 
seguintes, mas o conceito freudiano do 
homem como animal foi mantido em segundo 
plano pelos cientistas cognitivos 
 
 
 
 
Agora ele está de volta. Neurocientistas como Donald W. Pfaff, 
da Universidade Rockefeller, e Jaak Panksepp, da Universidade 
Estadual de Bowling Green, acreditam hoje que os mecanismos 
instintivos que regem a motivação humana são ainda mais 
primitivos do que imaginava Freud. 
 
Nossos sistemas básicos de controle emocional são iguais aos 
de nossos parentes primatas e aos de todos os mamíferos. No 
nível profundo da organização mental que Freud chamou de id, a 
anatomia e a química funcionais de nosso cérebro não são muito 
diferentes daquelas dos animais que vivem nos currais ou dos 
bichos de estimação. 
 
 
 
 
 
 
 
No entanto, os neurocientistas modernos não aceitam a classificação 
freudiana da vida instintiva humana como simples dicotomia entre 
sexualidade e agressão. Através do estudo de lesões e do efeito de drogas, 
além da estimulação artificial do cérebro, eles identificaram pelo menos 
quatro circuitos instintivos básicos em mamíferos, sendo que alguns deles 
se sobrepõem. São o sistema de "recompensa" ou de "busca" (que inclui a 
procura de prazer); o sistema da "raiva" (que comanda a agressão raivosa, 
mas não a predatória); o sistema de "medo-ansiedade"; e o do "pânico" (que 
inclui instintos como os que comandam os impulsos maternais ou as 
relações sociais). 
Também se investiga a existência de outras forças instintivas, como um 
sistema de "brincadeira". Todos esses sistemas cerebrais são regulados por 
neurotransmissores, substâncias químicas que carregam mensagens entre 
os neurônios do cérebro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sistema de busca, controlado pelo neurotransmissor 
dopamina, apresenta uma incrível semelhança com a "libido" 
freudiana. De acordo com Freud, os impulsos sexuais ou 
libidinosos são um sistema de busca de prazer que move a 
maioria de nossas interações com o mundo. Pesquisas recentes 
mostram que seu equivalente neural está diretamente envolvido 
em quase todas as formas de compulsão e vício. É interessante 
notar que as primeiras experiências de Freud com a cocaína - 
na maioria delas ele aplicava a droga em si mesmo - o 
convenceram de que a libido devia ter algum fundamento 
neuroquímico. 
 
 
Ao contrário de seus sucessores, Freud não via 
motivo para o antagonismo entre psicanálise e 
psicofarmacologia. Ele antevia com entusiasmo o 
dia em que a "energia do id" seria diretamente 
controlada por "determinadas substâncias 
químicas". 
Os tratamentos que combinam psicoterapia com 
medicamentos que agem no cérebro são 
considerados hoje a melhor abordagem para muitos 
transtornos. E tecnologias de imagem mostram que 
a psicoterapia atua no cérebro de modo semelhante 
aos medicamentos. 
As idéias de Freud também estão ressurgindo na 
ciência que trata do sono e dos sonhos. Sua teoria 
dos sonhos - a de que são um modo de vislumbrar 
os desejos inconscientes - foi desacreditada com a 
descoberta da correlação estreita entre o 
movimento rápido dos olhos (REM) e o ato de 
sonhar, nos anos 1950. 
 
A visão freudiana perdeu praticamente toda a 
credibilidade nos anos 1970, quando pesquisadores 
mostraram que o ciclo do sonho era controlado pela 
substância química acetilcolina, produzida em parte 
"desimportante" do tronco encefálico 
O sono REM acontecia automaticamente, mais ou 
menos a cada 90 minutos, e era desencadeado por 
substâncias químicas e estruturas cerebrais que 
nada tinham a ver com a emoção e a motivação. 
Essa descoberta queria dizer que os sonhos 
provavelmente não tinham nenhum significado; 
eram simplesmente histórias concatenadas pelo 
cérebro para tentar refletir a atividade cortical 
aleatória provocada pelos acontecimentos do dia. 
 
Estudos mais recentes vêm mostrando que o sono 
REM e o sonho são estados dissociáveis, 
controlados por mecanismos distintos, embora 
interajam. O sonho é produzido por uma rede de 
estruturas reunidas nos circuitos instintivo-
motivacionais do cérebro anterior. Essa revelação 
deu origem a uma miríade de teorias sobre os 
sonhos, sendo que a maior parte delas remete a 
Freud. 
 
 
 
 
 
Mais intrigante é a observação feita por mim e por 
outros cientistas de que os sonhos param 
totalmente quando determinadas fibras nas 
profundezas do lobo frontal se rompem - um 
sintoma que coincide com a redução geral do 
comportamento motivado. A lesão é a mesma que 
era deliberadamente produzida na lobotomia pré-
frontal, um procedimento cirúrgico obsoleto usado 
para controlar alucinações. Esse tipo de operação 
foi substituído na década de 1960 por 
medicamentos que reduzem a atividade da 
dopamina nos mesmos sistemas cerebrais. O 
sistema de busca, portanto, pode ser o produtor 
básico dos sonhos. 
 
Se a hipótese for confirmada, a teoria de que os 
sonhos estão ligados à realização dos desejos pode 
voltar a determinar a agenda do estudo do sono. 
Mas, mesmo que prevaleçam outras interpretações, 
todas elas demonstram que a conceituação 
"psicológica" dos sonhos voltou a ser cientificamente 
respeitável. Poucos neurocientistas ainda negam - 
como já fizeram sem medo - que o conteúdo dos 
sonhos tenha um mecanismo básico emocional. 
Nem todos são entusiastas do ressurgimento dos 
conceitos freudianos na ciência mental. Não é fácil para a 
geração mais antiga de psicanalistas, por exemplo, aceitar 
que seus alunos e colegas mais jovens podem e devem 
sujeitar a sabedoria convencional a um nível totalmente 
novo de escrutínio biológico. Mas um número animador de 
cientistas mais velhos, dos dois lados do Atlântico, - 
comprometidos a pelo menos manter a mente aberta, 
como demonstram minha menção anterior aos 
psicanalistas eminentes que fazem parte do conselho da 
Neuro-Psychoanalysis e as muitas cabeças grisalhas da 
Sociedade Internacional de Neuropsicanálise. 
 
 
Para os neurocientistas mais antigos, a resistência ao retorno 
das idéias psicanalíticas vem de um tempo, no início de suas 
carreiras, em que o edifício da teoria freudiana era praticamente 
indestrutível. Eles não reconhecem nem a confirmação parcial 
de alguns conceitos fundamentais de Freud; exigem sua 
completa eliminação 
Nas palavras de J. Allan Hobson, um renomado 
psiquiatra especialista em sono da Faculdade de 
Medicina de Harvard, o recente interesse em Freud é 
nada menos que uma inútil readaptação de dados 
modernos a parâmetros teóricos antiquados. Mas, 
como disse Pankseppem entrevista de 2002 à 
revista Newsweek, para os neurocientistas que estão 
entusiasmados com a reconciliação entre neurologia 
e psicanálise, "não é uma questão de provar se 
Freud estava certo ou errado, mas de terminar o 
serviço". 
 
 
Se esse serviço puder ser concluído - se os 
"novos parâmetros intelectuais para a psiquiatria" 
de Kandel forem estabelecidos -, vai virar 
passado o tempo em que as pessoas com 
dificuldades emocionais tinham de escolher entre 
a terapia psicanalítica, que pode estar em 
desacordo com a medicina moderna e as drogas 
prescritas pela psicofarmacologia, que 
desvaloriza a conexão entre as substâncias 
químicas cerebrais que manipula e as complexas 
trajetórias de vida que culminam nos problemas 
emocionais. 
A psiquiatria do futuro promete oferecer aos 
pacientes assistência fundamentada na 
compreensão integrada do que realmente 
governa o que sentimos e fazemos 
Quaisquer que sejam as terapias que o amanhã nos 
reserva, os pacientes só podem se beneficiar de um 
entendimento melhor de como o cérebro funciona. À 
medida que os neurocientistas modernos se voltam mais 
uma vez para as questões profundas da psicologia 
humana que tanto preocuparam Freud, é gratificante 
perceber que podemos construir sobre os alicerces que 
ele edificou, em vez de começar do zero. Mesmo que 
identifiquemos os pontos fracos das teorias de Freud e 
corrijamos, revisemos e completemos seu trabalho, é 
maravilhoso ter o privilégio de terminar o serviço. 
Quaisquer que sejam as terapias que o amanhã nos 
reserva, os pacientes só podem se beneficiar de um 
entendimento melhor de como o cérebro funciona. À 
medida que os neurocientistas modernos se voltam mais 
uma vez para as questões profundas da psicologia 
humana que tanto preocuparam Freud, é gratificante 
perceber que podemos construir sobre os alicerces que 
ele edificou, em vez de começar do zero. Mesmo que 
identifiquemos os pontos fracos das teorias de Freud e 
corrijamos, revisemos e completemos seu trabalho, é 
maravilhoso ter o privilégio de terminar o serviço. 
 
 
Muito se tem falado a respeito da neuropsicanálise 
nos últimos tempos, mas pouco ainda se sabe sobre 
esta nova proposta interdisciplinar. Nas próximas 
linhas, abordaremos, brevemente, a origem da 
neuropsicanálise enquanto método de pesquisa e 
movimento interdisciplinar. Tentaremos, em seguida, 
analisar os objetivos propostos por essa nova área do 
conhecimento e, finalmente, apresentar algumas 
críticas e sugestões, nas quais a neuropsicanálise 
poderia se enquadrar como um novo paradigma para 
a psicanálise no século XXI. 
Como exemplo das descobertas feitas através do método 
neuropsicanalítico, podemos citar as primeiras experiências de V.S. 
Ramachandran com pacientes que apresentavam lesões no hemisfério 
direito do cérebro, portadores de um distúrbio conhecido como 
"anasognosia". 
 
 
 Estes pacientes são incapazes de reconhecer a paralisia de um 
membro, sintoma denominado de "negligência". Após a aplicação de 
um pequeno volume de água gelada no ouvido esquerdo de alguns de 
seus pacientes, Ramachandran constatou que a negligência 
desaparecia completamente e só reaparecia depois de alguns 
minutos. Esta estimulação calórica pode ser interpretada "como sendo 
uma correção temporária e artificial do desequilíbrio de atenção entre 
os hemisférios"2 (p.57). O resultado deste experimento levou à 
descoberta de que o fenômeno da repressão, bem como o de outros 
mecanismos de defesa descritos na literatura psicanalítica, é mediado 
pelo hemisfério esquerdo do cérebro. 
 
 
A princípio, constatamos que o método neuropsicanalítico parece ser 
eficaz na localização das áreas cerebrais correspondentes aos 
fenômenos inconscientes que influenciam a vida psíquica dos 
indivíduos. Além disso, este método vem preencher a lacuna 
observada por Kandel1 no que diz respeito à necessidade de uma 
base empírica para a psicanálise. No entanto, resta saber como o 
método neuropsicanalítico pode contribuir para um avanço no 
conhecimento conceitual dos processos inconscientes. Neste sentido, 
o método apresentado por Solms certamente não é o único capaz de 
fornecer as bases conceituais para a psicanálise, embora seja o 
primeiro a estabelecer a possibilidade de investigação científica 
experimental para tais conceitos. A psicanálise, através do método da 
associação livre e de suas técnicas próprias, vem desenvolvendo um 
arcabouço teórico vasto durante mais de 1 século. 
É evidente que nem todos os conceitos psicanalíticos poderiam ser 
validados pela neurociência3 através do método neuropsicanalítico; 
contudo, não podemos censurar o esforço que vem sendo feito pelos 
adeptos da neuropsicanálise para incrementar as pesquisas 
psicanalíticas. 
 
 
Apesar de não podermos negar a iniciativa pioneira do método 
neuropsicanalítico, devemos questionar até que ponto a 
neuropsicanálise, enquanto método, pode contribuir para a teoria 
psicanalítica e para a psicoterapia. 
 
O grande mérito do método neuropsicanalítico, até o momento, foi 
chamar a atenção para a necessidade de um diálogo com a 
neurociência, uma vez que dispomos, nos dias atuais, de meios para 
investigar a mente humana com muito mais eficácia. Neste sentido, a 
neuropsicanálise, enquanto movimento, veio sacudir o meio 
psicanalítico, oferecendo um novo paradigma para a psicanálise no 
século XXI. Não obstante, o método neuropsicanalítico precisa de um 
arcabouço teórico que ofereça conceitos bem delineados e bem 
definidos, numa linguagem conceitual, científica. Freud nos ofereceu 
tais conceitos quando desenvolveu, paralelamente à prática 
psicanalítica, a sua metapsicologia. Esta representa a teoria 
psicanalítica pura, uma teoria sobre a mente humana. A metapsicologia 
freudiana foi construída para ser uma ciência4,5 
 
 
 
 
 
 
 
Um dos grandes desafios da psicanálise na atualidade é compreender a 
dinâmica dos novos sintomas, como a depressão, a síndrome do pânico, a 
toxicomania, entre outros. Esta dificuldade não se dá apenas porque a 
dinâmica desses sintomas é nova, como muitos psicanalistas acreditam, mas 
vai além disso. 
 
 Não adianta tentar adaptar os novos sintomas às velhas teorias explicativas, 
mas é necessário revisar a própria teoria, senão modificá-la radicalmente. 
Este parece ser também o problema enfrentado por algumas teorias quando 
se trata de transmiti-las a outrem. O problema não está somente na 
complexidade da teoria ou na dificuldade do sujeito em compreendê-la; o 
maior problema está no fato de que certas teorias já não estão de acordo com 
os paradigmas atuais, isto é, já não refletem o modo de pensar da atualidade. 
Boa parte desta dificuldade poderia ser resolvida se os psicanalistas 
estivessem mais abertos não só para as novas produções culturais, mas, 
sobretudo, para as novas descobertas realizadas no meio científico. 
Este é o desafio lançado para os psicanalistas atuais: pensar a psicanálise 
tendo como referência o paradigma científico de sua época. 
 
 
Desafio 
 
Este é o desafio lançado para os psicanalistas atuais: 
 pensar a psicanálise tendo como referência o paradigma 
científico de sua época 
https://www.youtube.com/watch?v=_n34R2zL46I No 
rinque com Freud 
 
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8 
Neurociencias e Psicanálise 
 
https://www.youtube.com/watch?v=MZ8rvA2ue5A 
Neuropsicanálise e psicanálise 
 
https://www.youtube.com/watch?v=dGXOJXGCb68&
t=125s neurociências básica 
https://www.youtube.com/watch?v=m1gVM3Fn_R4 
O que é Neurociências 
Videos 
https://www.youtube.com/watch?v=_n34R2zL46I
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=MZ8rvA2ue5Ahttps://www.youtube.com/watch?v=dGXOJXGCb68&t=125s
https://www.youtube.com/watch?v=dGXOJXGCb68&t=125s
https://www.youtube.com/watch?v=dGXOJXGCb68&t=125s
https://www.youtube.com/watch?v=m1gVM3Fn_R4
https://www.youtube.com/watch?v=m1gVM3Fn_R4
Atividade 
 
Assistir o vídeo e fazer um resumo das principais informações 
apresentadas pelo palestrante em relação à Psicanálise e Neurociências. 
A atividade poderá ser efetuada em grupo 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8 Neurociencias e Psicanálise 
 
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8
https://www.youtube.com/watch?v=TSq-nn-SAc8

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