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Fundamentos da 
GEOLOGIA
Manoella de Souza Soares
Alicerce das ciências ambientais, a geologia é uma 
ciência que busca compreender os processos e elementos 
formadores da Terra. Assim, neste livro, são apresentados 
os principais fundamentos de geologia, com o propósito de 
suprir as necessidades teóricas de alunos de geografia e 
outras ciências ambientais.
Compreender as especificidades da geologia enquanto 
ciência, sua visão sistêmica e sua relação com o método 
científico é essencial nesse processo. Associada a 
outras ciências, como a física, a química, a geografia, as 
engenharias e as ciências ambientais, a geologia busca 
entender a forma, a composição, a origem, os processos e 
as transformações que ocorreram no planeta Terra nesses 
pouco mais de 4,5 bilhões de anos.
www.iesde.com.br
facebook.com/iesdebrasil
Código Logístico
58693
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6498-4
9 788538 764984
Fundamentos da Geologia
Manoella de Souza Soares
Fundamentos 
da Geologia
IESDE BRASIL S/A
2019
Manoella de Souza Soares
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
S655f Soares, Manoella de Souza
Fundamentos da Geologia / Manoella de Souza Soares. - 1. ed. - 
Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 
118 p.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6498-4
1. Geologia. 2. Geologia - Estudo e ensino. I. Título.
19-57153
CDD: 551
CDU: 551.1/.4
© 2019 – IESDE BRASIL S/A.
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor 
dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: SAPhotog/Shutterstock 
Manoella de Souza Soares
Doutora e mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), na linha de 
pesquisa de Paisagem e Análise Ambiental; bacharel e licenciada em Geografia pela Universidade 
Federal de Santa Catarina (UFSC). Participante do Laboratório de Hidrogeomorfologia da UFPR, 
com pesquisas em geoarqueologia, análise micromorfológica em arqueologia, geoquímica, análises 
arqueométricas, como Raman e MEV, uso de fetch para delimitação de áreas de interesse de análise 
de processos erosivos e impactos de reservatórios em sítios arqueológicos em faixa de depleção. 
Com experiência na preparação de materiais didáticos, é autora de obras para a educação a distância 
e para o ensino fundamental.
Sumário
Apresentação  7
1 Introdução à ciência geológica 9
1.1 A geologia e o método científico 9
1.2 As áreas de investigação da geologia 13
1.3 A Terra como sistema 15
2 Constituição da Terra: minerais e rochas 21
2.1 A Terra em camadas 21
2.2 A crosta terrestre 25
2.3 Os minerais 27
3 Ciclo de formação e alteração das rochas 33
3.1 O ciclo de formação e alteração das rochas 33
3.2 Rochas ígneas 34
3.3 Rochas sedimentares 38
3.4 Rochas metamórficas 40
4 Dinâmicas internas e externas da Terra 45
4.1 Os agentes modificadores da crosta terrestre 45
4.2 Agentes endógenos 47
4.3 Agentes exógenos 50
5 O tempo geológico 55
5.1 A escala temporal em geologia 55
5.2 O tempo geológico 57
5.3 A história da Terra no registro geológico 60
6 Teoria da tectônica de placas 71
6.1 A teoria da tectônica de placas 71
6.2 A história dos continentes 74
6.3 As consequências dos movimentos tectônicos 78
7 Intemperismo e pedogênese 85
7.1 Os tipos de intemperismo 85
7.2 Pedogênese e os solos brasileiros 88
7.3 A importância do estudo de solos 90
8 Questões ambientais e geologia 95
8.1 Problemas ambientais e processos geológicos 95
8.2 A importância da geologia no planejamento das cidades 98
8.3 Atividades mineradoras e impactos socioambientais 100
Glossário  107
Gabarito 113
Apresentação 
Alicerce das ciências ambientais, a geologia é uma ciência que busca compreender os 
processos e elementos formadores da Terra. Assim, neste livro, buscamos oferecer os principais 
fundamentos de geologia, especialmente vinculados às necessidades de alunos de Geografia e 
outras ciências ambientais.
Compreender as especificidades da geologia enquanto ciência, sua visão sistêmica e sua 
relação com o método científico é essencial neste processo. Associada a outras ciências, como a física, 
a química, a geografia, as engenharias e as ciências ambientais, a geologia busca entender a forma, a 
composição, a origem e os processos da Terra.
Iniciamos nossos estudos, no Capítulo 1 – Introdução à ciência geológica, conhecendo a 
origem e os avanços dessa ciência, sua organização em subdisciplinas e a visão sistêmica associada 
ao método científico na formulação de modelos e teorias, buscando a linguagem científica e 
contextualizando as especificidades de objeto e objetivos da geologia.
Terremotos e vulcões talvez sejam os primeiros eventos geológicos que nos vêm à cabeça 
quando pensamos em geologia. Para entendermos os processos envolvidos nesses eventos, 
apresentamos o Capítulo 2 – Constituição da Terra: minerais e rochas. A partir do modelo de 
esferas concêntricas, ou camadas, entendemos a composição e os processos de convecção do 
núcleo e do manto; além da composição da crosta com rochas e minerais.
Como mencionado, a visão sistêmica é um dos alicerces da ciência geológica; assim, 
no Capítulo 3 – Ciclo de formação e alteração das rochas, é apresentada a formação dos três 
grupos de rochas: ígneas, sedimentares e metamórficas. Os processos de formação e alteração 
das rochas podem ser endógenos, tendo sua origem no interior da Terra, ou exógenos, na 
relação das rochas com o sistema clima. A elucidação desses principais agentes modificadores 
da crosta é apresentada no Capítulo 4 – Dinâmicas internas e externas da Terra.
Desde a origem do nosso planeta Terra até os dias atuais, pouco mais de 4,5 bilhões de 
anos, ocorreram muitas transformações em sua forma e diferentes tipos de vida existiram em sua 
superfície. Buscar entender não apenas o que ocorreu, mas como as datações relativas e absolutas 
são realizadas é objeto do Capítulo 5 – O tempo geológico. A compilação de muitos dados 
apresentados até então se unem no Capítulo 6 – Teoria da tectônica de placas, apresentando uma 
revisão e complementação do conteúdo.
A interação da crosta terrestre com sistema clima, atmosfera, hidrosfera, criosfera e 
biosfera resulta em uma série de processos de alteração das rochas chamado intemperismo. 
Seu desenvolvimento, associado à presença de matéria orgânica, gera o solo, fundamental 
para alimentação e subsistência da vida humana. Esses conhecimentos estão apresentados 
no Capítulo 7– Intemperismo e pedogênese.
Por fim, no Capítulo 8 – Questões ambientais e geologia, apresentamos pontos relacionados à 
interação sociedade-natureza, não apenas em relação a problemas ambientais naturais, mas também 
os gerados pela ação humana sobre o meio ambiente, com destaque às atividades mineradoras, 
importante atividade econômica brasileira e geradora de relevantes conflitos e desastres ambientais 
nos últimos anos.
1
Introdução à ciência geológica
Iniciaremos nossos estudos referentes à geologia buscando compreender a origem e os princípios 
científicos desta que é um dos principais alicerces para pesquisas ambientais. Comprometida com a 
compreensão do planeta Terra, em sua composição, forma, história e recursos minerais, a geologia 
tem interface com inúmeras ciências, podemos destacar a geografia, a geomorfologia, a biologia, 
as engenharias, entre outras. Neste capítulo, buscaremos relacionar a geologia ao método científico 
que faz dela uma ciência moderna; sua organização com subdisciplinas, e por fim sua visão sobre 
a Terra com uma perspectiva sistêmica.
1.1 A geologia e o método científico
O conhecimento humano sobre a superfície e composição da Terra remonta ao início do 
processo civilizatório da humanidade. Inicialmente, com conhecimentos vernaculares, vinculados 
às cosmologiasde cada grupo, a compreensão de formações de relevo, rochas e minerais se davam 
conforme as necessidades sociais, culturais e de sobrevivência de cada grupo. Os primeiros hominídeos 
já eram capazes de distinguir as melhores rochas para confecção de instrumentos líticos, para o abate 
de animais ou corte de árvores, por exemplo. Há evidências de que os Homo erectus, que viviam 
1,8 milhões de anos antes do presente, já produziam as primeiras ferramentas em pedra lascada 
(USP, 2019). Antigas civilizações faziam uso de metais e outros minerais. Por vezes, partindo de 
uma visão eurocêntrica, sempre destacamos as civilizações mesopotâmicas ou do Egito antigo, mas 
as populações andinas, por exemplo, possuíam muitas técnicas de extração e manuseio de metais 
preciosos como o ouro e a prata.
Figura 1 – Pontas de flechas feitas por antigas populações norte-americanas
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As pontas de flecha Clóvis, produzidas em rochas silicatadas, são encontradas na 
América do Norte e possuem datações de 13.500 a 13.000 anos do presente.
Fundamentos da Geologia10
Figura 2 – Artefatos em ouro e prata relacionados às populações andinas
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São inúmeras as evidências materiais de manuseio de ouro e 
prata por populações andinas, entre elas a civilização maia.
O pensamento científico ocidental é baseado nas primeiras elucidações realizadas por filósofos 
gregos, nas quais sua cosmologia servia como matriz explicativa para os fenômenos naturais e sociais. 
Em 540 a.C. o filósofo Xenófanes descreveu a existência de fósseis de peixes e conchas em rochas 
sedimentares nas montanhas da Grécia, porém neste momento não há uma relação entre os fósseis 
e os seres vivos. Para o filósofo, a forma do peixe não estaria associada à presença do animal, mas 
a uma capacidade da Terra de adquirir diferentes formas.
Outro filósofo grego importante nesse momento é Aristóteles (384-322 a.C.) que, ao observar 
a natureza, reconhece processos de erosão e deposição. Para ele, processos de terremotos e erupções 
vulcânicas eram efeitos de ventos vindos do interior da Terra. No ano de 79 d.C. o vulcão Vesúvio entrou 
em erupção, no momento o filósofo grego Plínio estava em uma navegação próximo à região de Pompéia 
(hoje Nápoles, na Itália), e foi buscar compreender o que estava ocorrendo, mas acabou falecendo 
em decorrência dos gases tóxicos 
gerados pelo vulcão (STADLER, 2018). 
Essa erupção é conhecida pela forte 
intensidade e pelo lançamento de material 
piroclástico (lavas e cinzas) em um raio 
de até 20 km das encostas do vulcão; 
moradores das cidades de Herculano 
e Pompeia foram surpreendidos pelo 
fenômeno que culminou não apenas na 
morte de centenas de pessoas, como em 
um processo de petrificação dos corpos, 
que até hoje podem ser observados no 
sítio arqueológico de Pompeia.
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Vista do vulcão Vesúvio da antiga cidade romana de Pompeia, atual 
Nápoles, Itália.
Figura 3 – Vulcão Vesúvio
Introdução à ciência geológica 11
Figura 4 – Artefatos e corpo petrificado do sítio arqueológico de Pompeia
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Evidências arqueológicas da cidade romana de Pompeia. Vasos cerâmicos e outros 
objetos da cidade e um habitante petrificado no momento de sua morte pelo contato 
com o material piroclástico da erupção.
Nos séculos seguintes pouco se modificou na forma de compreender os processos naturais, 
especialmente durante toda a Idade Média, que foi marcada pela forte influência das crenças religiosas 
nas explicações e visões de mundo. Com o Renascimento inicia-se um processo de maior reflexão 
sobre as explicações dos fenômenos naturais e isso inclui a geologia. O primeiro a reconhecer que 
os fósseis eram evidências de seres vivos em um tempo pretérito foi Leonardo Da Vinci (1452- 
-1519) (LAVINA, 2012). Neste momento histórico a produção de conhecimento está vinculada à 
musealização de itens belos e exóticos, havendo grande impulso de coletas de amostras de minerais e 
fósseis para coleções; e pela descoberta de novas terras pelos navegadores, o que auxiliou no avanço 
dos naturalistas e da geologia de campo.
Figura 5 – Fóssil de uma espécie de peixe em rocha sedimentar
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Fósseis são importantes evidências de espécies já extintas e úteis para a 
compreensão da evolução do planeta Terra.
Fundamentos da Geologia12
A geologia, enquanto ciência moderna, tem como seu fundador Nicolaus Steno (1638-1686) 
(apud GROTZINGER, 2013). Ele estabeleceu princípios até hoje considerados essenciais para a 
compreensão de rochas sedimentares, são eles:
1. Sedimentos se depositam em camadas sobrepostas, assim, depósitos mais profundos seriam 
mais antigos do que os mais superficiais. Esse princípio da superposição ainda é um alicerce 
da análise estratigráfica.
2. A deposição de sedimentos se dá de forma horizontal, ou paralela à superfície de deposição. 
Esse princípio da horizontalidade original auxilia a compreender deformações geradas por 
dobramentos ou fraturamentos pós-deposicionais.
3. A deposição de sedimentos se dá de forma contínua na bacia de deposição, assim, é possível 
correlacionar evidências de camadas em diferentes feições do relevo, compreendendo sua 
conexão com vestígios em comum.
Esses três princípios foram fundamentais para fortalecer a geologia enquanto ciência e foram 
usados para estabelecer conexões entre as rochas e a história evolutiva da Terra.
Figura 6 – Vista do Grand Canyon (EUA) e suas rochas sedimentares
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Vista do Grand Canyon nos EUA, onde é possível verificar os três princípios de sedimentação expostos por 
Nicolaus Steno.
No final do século XVIII, James Hutton estabeleceu um dos mais importantes princípios 
da geologia moderna, o Princípio do Uniformitarismo. Esse seria, em 1830, resumido por Charles 
Introdução à ciência geológica 13
Lyell pela frase “O presente é a chave do passado”. Com ele é possível compreender que os vestígios 
registrados nas feições geológicas, rochas e relevo podem contar a história de sua formação e 
transformação e, por consequência, contar a história da Terra. A paisagem é, para o geólogo, um 
livro, e por meio dela, quando os métodos e técnicas estão corretos, é possível reconstituir a história.
Começam assim a se estruturar os pilares para o que chamaremos de ciência moderna, baseada 
na criação de hipóteses, que serão submetidas a testes, e obtenção de dados que auxiliarão na 
formulação de teorias e modelos explicativos. Obviamente este não foi um processo linear, ainda 
havendo forte influência da religião nos primeiros estudos, sobretudo pelo fato de que os intelectuais 
deste período histórico eram vinculados à Igreja.
A crescente necessidade por extração mineral, o desenvolvimento de novos produtos com a 
Revolução Industrial e as obras de engenharia com alto grau de complexidade estimularam o avanço 
da geologia. Na busca por atender às novas demandas da sociedade frente à modernidade, a geologia 
foi se estabelecendo como uma importante ciência e gerando a necessidade de criação de subdivisões.
1.2 As áreas de investigação da geologia
Como vimos, a geologia passou de um conhecimento empírico, vinculado à cosmologia 
das civilizações, ou mesmo com enfoque apenas no descobrimento de naturalistas, a uma ciência 
moderna. Assim, hoje podemos estabelecer que é objeto da geologia o estudo da Terra, dos materiais 
que a compõem, dos processos internos e externos pelos quais esses materiais são expostos, e como 
o tempo modificou a história da Terra, registrada em suas rochas.
Para alcançar esse objeto central, faz-se necessária a caracterização do interior e da superfície 
da Terra e a compreensão dos processos envolvidos na formação e transformação das rochas, sejam 
eles físicos, químicos, físico-químicos ou biológicos. Com uma interface com a sociedade, tornaram-
-se objetivos também a mensuraçãode estoques minerais, obtenção de técnicas de extração mineral, 
estabilização de encostas, barragens e outras estruturas de engenharia e fontes de energia. Essa 
relação entre sociedade e natureza faz com que condicionantes de preservação ambiental, não apenas 
em relação à exploração mineral, mas a enchentes, deslizamentos, erupções vulcânicas, tsunamis e 
terremotos, também se tornem objetos de pesquisa.
Assim como em outras ciências, na geologia houve uma grande ramificação de subdisciplinas, 
que buscam aprofundar os conhecimentos e técnicas aplicados a perguntas específicas. Podemos 
dividir a geologia em duas grandes ramificações: a teórica ou geral, que busca compreender a 
composição e processos de formação e transformação da Terra; e a aplicada, voltada à relação 
sociedade-natureza, que busca otimizar processos de extração, interface com as engenharias e gestão 
ambiental. Veja o esquema a seguir.
Fundamentos da Geologia14
Figura 7 – Esquema de subdisciplinas da geologia
Mineração
Petróleo
Estruturas e 
materiais
Gestão e águas 
subterrâneas
Estratigrafi a
Paleontologia
Petrografi a
Sedimentologia
Mineralogia
Estrutural
Geomorfologia
Física
Histórica
Econômica
Engenharia
Teórica ou Geral
Aplicada
Geologia
Fonte: Elaborada pela autora.
Entre as subdisciplinas vinculadas à geologia teórica ou geral, temos as vinculadas à geologia 
física, que buscam compreender as propriedades dos materiais, sua ocorrência, suas modificações e suas 
feições na superfície da Terra. A mineralogia tem por objeto de estudo os minerais, suas propriedades 
cristalográficas físicas e químicas, como forma e estruturas dos cristais, além de gerar um sistema de 
classificação. Já o estudo das rochas é objeto da petrografia, no que tange a sua ocorrência, composição 
e estado de alteração. Porém quando as rochas sofrem alterações geradas por forças tectônicas, como 
dobramento e falhamentos, a subdisciplina responsável é a estrutural. Os depósitos sedimentares, 
suas características paleoclimáticas de deposição e origem são escopo da sedimentologia. Por fim, a 
geomorfologia, que apresenta forte interface com a geografia, compreende as formas de relevo, suas 
origens, processos endógenos e exógenos envolvidos e a evolução dessas feições. A geologia histórica 
é separada em estratigrafia, que estuda as sequências de rochas sobrepostas, buscando compreender a 
evolução da Terra por meio do registro das rochas. E a paleontologia, que por vezes é associada apenas 
Introdução à ciência geológica 15
a fósseis de dinossauros, mas que compreende toda a vida pré-histórica registrada em rochas, da escala 
microscópica como microalgas, até plantas e diversos seres vivos de várias dimensões.
A geologia aplicada é focada na interação entre sociedade e natureza, especialmente nos 
recursos minerais e no planejamento territorial. A geologia econômica busca estimar as reservas 
minerais, projetar técnicas de extração e beneficiamento dos recursos minerais. Esses recursos 
são petróleo, minérios, minerais, rochas, metais, águas subterrâneas e fontes de energia, como as 
hidrotermais, por exemplo.
A geologia de engenharia está relacionada ao emprego das teorias, dados e modelos geológicos, 
à solução de problemas vinculados à ocupação humana, atividades econômicas e obras de engenharia 
civil, como a construção de barragens, abertura de túneis e canais, estabilização de encostas e taludes, 
projetos de fundações de estruturas e extração de água subterrânea.
Além dessa organização, ainda são consideradas subáreas da geologia: a planetária, que por 
sensoriamento remoto estuda a forma e composição de outros planetas; a sismologia, voltada a 
compreender os terremotos e movimentações das placas tectônicas; a geofísica que relaciona métodos 
físicos a problemáticas geológicas, geoquímica e geobiologia com química e biologia; a oceanografia 
que estuda os oceanos; a meteorologia que estuda os fenômenos da atmosfera; a hidrogeologia que 
estuda as águas superficiais e subterrâneas em sua distribuição espacial, composição e processos; e a 
ecologia que envolve as questões da diversidade de vida na Terra e a gestão ambiental. Essas últimas 
são interfaces da geologia com outras ciências que mostram a Terra sob uma perspectiva sistêmica, 
enfoque da nossa próxima seção.
1.3 A Terra como sistema
A geologia como ciência moderna baseia sua produção de conhecimento na formulação de 
hipóteses explicativas para fenômenos e processos. Essas hipóteses são testadas com a obtenção 
de dados gerados por experimentos e coletas em campo, é uma ciência com forte relação com a 
coleta de informações na natureza. Quando se obtém um conjunto de dados e hipóteses robustos, 
são formulados teorias e modelos que permanecem por constante verificação e submissão de 
testes. Outro ponto importante para a produção de conhecimento pela geologia é a visão sistêmica.
Pilar da ciência moderna, a visão sistêmica compreende que feições e processos são resultados 
de causa e efeito entre os entes formadores do sistema, além disso, a lei da conservação da matéria de 
Antoine Lavoisier (1743-1794) diz que: “Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. 
Assim, a Terra é compreendida por sistema da natureza, no qual se estabelecem processos de 
transformação e interação entre os entes. Como vimos, é parte do processo de desenvolvimento da 
ciência moderna a compartimentação do conhecimento para seu aprofundamento. Dessa forma, 
a Terra, como um sistema complexo, é melhor explicada quando separada em subsistemas. Não 
podemos é deixar de buscar a correlação entre esses subsistemas, buscando compreender a totalidade 
com base nas análises de múltiplas escalas.
Fundamentos da Geologia16
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4.
Introdução à ciência geológica 17
Com a teoria do Big Bang se estabelece a origem do Sistema Solar e, consequentemente, do 
planeta Terra. Desse momento de formação do nosso planeta temos armazenado em seu interior 
parte da energia térmica de sua origem. Essa energia interage com dois subsistemas ou geossistemas, o 
sistema geodínamo e o sistema das placas tectônicas. O sistema geodínamo compreende as interações 
entre o núcleo interno e externo, e o interior da Terra entre a profundidade de 2.900 a 6.370 km. Nos 
processos relacionados a esse subsistema podemos destacar a rotação da Terra no próprio eixo e o 
campo magnético, ambos relacionados aos movimentos de convecção do núcleo externo.
O sistema das placas tectônicas estabelece ligação com o sistema geodínamo e com o sistema 
clima, transferindo energia do centro da Terra para a superfície. Esse subsistema envolve as interações 
entre outros subsistemas: o manto inferior, a astenosfera e a litosfera. A astenosfera é uma camada 
sólida mais dúctil, ou seja, com plasticidade que permite acomodar as modificações das placas 
tectônicas e gerar movimentos de convecção. A litosfera é formada pela superfície rochosa da Terra, 
que é organizada em placas tectônicas e o manto superior, até a profundidade média de 100 km. 
É na litosfera onde habitamos e as relações entre o interior e o exterior da terra se estabelecem.
O sistema clima é o geossistema energizado pela radiação solar, e onde se desenvolvem as 
diferentes formas de vida, a biosfera. Para a existência de vida na biosfera faz-se necessário um conjunto 
de interações entre este e os demais sistemas, como a hidrosfera, a criosfera e a atmosfera. Todos os 
subsistemas do sistema clima interagem entre si e com o subsistema litosfera, vamos analisá-los:
• Atmosfera: é na atmosfera que se desenvolvem os fenômenos climáticos e meteorológicos, 
com movimentação das massas de ar.
• Hidrosfera: possui relação com a atmosfera no que tange aos processos do ciclo 
hidrológico, especialmente precipitação, evaporação, evapotranspiração, entre outros.
• Biosfera: a maioria dos seres vivos necessita de processos de respiração com os gases 
da atmosfera, além de condições de pressão e temperatura gerados pelas condições 
meteorológicas e climáticas.
• Litosfera: processos de intemperismo, erosão, transporte e sedimentação, armazenamento 
de radiação solar na superfície terrestre, formas do relevo e influência de massas de ar, 
erupções vulcânicas geram micropartículas na atmosfera que refletem os raios solares 
para o espaço modificando o clima na Terra, entre outros.
• Hidrosfera: a hidrosfera compreende todo o processo hidrológico, que está relacionada 
às águas superficiais, subterrâneas e meteorológicas.
• Biosfera: a água é fundamental para a vida na Terra, grande parte dos processos 
metabólicos dos seres vivos depende não apenas da existência de água, como de suas 
características físicas e químicas.
• Litosfera: além dos processos de intemperismo, erosão, transporte e sedimentação, a 
litosfera interage com a hidrosfera em processos hidrotermais. 
Fundamentos da Geologia18
• Biosfera: mais do que a simples existência de seres vivos, a biosfera é espacialmente 
organizada em ecossistemas que unem aspectos bióticos e abióticos; a existência de vida 
é até hoje o grande diferencial do nosso planeta em relação aos planetas hoje conhecidos.
• Litosfera: os seres vivos interagem na litosfera como agentes de intemperismo e agentes 
de transporte, sem consideramos todas as modificações geradas pelos seres humanos; 
modificações no relevo também ocorrem por outros animais como o barramento de rios 
por castores. A formação dos solos se dá em decorrência da interação entre a biosfera e a 
litosfera, algumas espécies também necessitam das fontes termais geradas por atividade 
da litosfera. Os fósseis são importantes registros de antigos ecossistemas e, além de 
auxiliar a compreensão da história evolutiva da Terra, geram informações tafonômicas 
em relação às espécies atuais.
A criosfera é um subsistema que é caracterizado pelo congelamento da água, baixas 
temperaturas e, consequentemente, baixa quantidade de vida. Apesar disso, esse é um importante 
subsistema, especialmente para regulação do clima global e processos de intemperismo físico.
No decorrer de nossa disciplina, você verá de forma mais clara como a visão sistêmica aliada 
à conservação da matéria são os alicerces para o conhecimento geológico. Sempre que analisar um 
processo ou fenômeno geológico, busque entender qual é o mecanismo que gera esse processo, quais 
as leis físicas ou químicas envolvidas e quais as consequências deste para os demais subsistemas 
relacionados a ele. Tendo isso em mente, complexos conhecimentos tendem a ser mais bem assimilados.
Considerações finais
A geologia pode ser considerada uma das principais ciências modernas, com interface com 
outras ciências como a geografia e engenharias. Sua produção científica segue rigorosos métodos, 
com a formulação de hipóteses, geração de dados e experimentos e criação de teorias e modelos 
explicativos, que subsidiam não apenas pesquisas ambientais, mas também econômicas e de 
engenharia civil.
Além das relações ao método científico e as subdivisões da geologia, é importante termos 
claro sua visão sistêmica do planeta Terra. Isso nos auxiliará a compreender de forma mais 
simples processos e conhecimentos técnicos que serão apresentados nos próximos capítulos. 
Buscar compreender as interações, as origens e as consequências dos processos tornará esse 
complexo conhecimento em subsídios importante para a sua formação acadêmica e profissional.
Ampliando seus conhecimentos
• CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Disponível em: http://www.cprm.gov.br/. Acesso 
em: 18 abr. 2019.
O Serviço Geológico do Brasil, também conhecido por Companhia de Prospecção de 
Recursos Minerais (CPRM), é um importante órgão de disseminação de conhecimentos 
geológicos. Além da elaboração de mapas, levantamentos e relatórios técnicos, ele 
disponibiliza em seu site um grande conjunto de informações.
Introdução à ciência geológica 19
• RIGEO – Repositório Institucional de Geociências – CPRM. Disponível em: http://rigeo.
cprm.gov.br/jspui/. Acesso em: 18 abr. 2019.
Além do site do CPRM, sugerimos o Repositório Institucional de Geociência do CPRM.
• GLOSSÁRIO Geológico Ilustrado. Disponível em: http://sigep.cprm.gov.br/glossario/. 
Acesso em: 18 abr. 2019.
Você deve ter observado que teremos contato com muitos termos técnicos, no final deste 
livro estará à sua disposição um glossário com as palavras aqui citadas, mas é recomendada 
a busca também em outros materiais.
Atividades
1. Escreva resumidamente sobre as principais diferenças entre os conhecimentos relacionados 
à forma e à composição da Terra antes e depois da constituição da geologia como ciência 
moderna.
2. Descreva as subdivisões da geologia, com seus objetos de pesquisa e relações.
3. Quais os princípios envolvidos em compreender a Terra pela visão sistêmica e como isso está 
relacionado ao estudo de geologia?
Referências
GROTZINGER, J. Para entender a Terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
LAVINA, E. L. C. O dilúvio de Noé e os primórdios da geologia. Revista Brasileira de Geociências. v. 42, 
n. 1, p. 91-110, mar. 2012. Disponível em: www.ppegeo.igc.usp.br/index.php/rbg/article/download/7877/7304. 
Acesso em: 23 abr. 2019.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. do. Geologiageral. 14. ed. rev. São Paulo: Nacional, 2001.
POMEROL, C. et al. Princípios de geologia: técnicas, modelos e teorias. 14. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
POPP, J. H. Geologia geral. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
STADLER, T. D. As sandálias de Plínio, o Velho. Romanitas – Revista de Estudos Grecolatinos. n. 11, p. 217-232, 2018.
TEIXEIRA, W. (org.). Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Nacional, 2009.
USP – Universidade de São Paulo. Museu Virtual da Evolução Humana. Evolução humana: sinopse. 
Disponível em: http://www.ib.usp.br/biologia/evolucaohumana/proposta/sinopse-da-evolucao-humana.
html?showall=1&limitstart=. Acesso em: 23 abr. 2019.
WICANDER, R. Fundamentos de geologia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
2
Constituição da Terra: minerais e rochas
Dando continuidade ao nosso processo de aproximação dos conhecimentos de geologia, 
neste capítulo buscaremos compreender o atual modelo de organização da Terra em camadas 
concêntricas, como esse modelo foi desenvolvido ao longo dos anos e quais são as evidências e 
princípios relacionados a ele. Assim, caracterizaremos as principais camadas, dando maior enfoque 
à crosta, uma vez que é nesta camada que a vida e as atividades econômicas se desenvolvem. 
A formação da crosta por rochas e minerais será apresentada, dando subsídios para que você seja 
capaz de compreender como informações técnicas dos minerais podem auxiliar a, posteriormente, 
descrever processos de evolução da paisagem ou gestão ambiental.
2.1 A Terra em camadas
Durante muito tempo o olhar da humanidade esteve mais voltado ao céu do que à Terra. 
Os astros sempre foram alvo do interesse humano, servindo de base para seu conhecimento, influenciando 
desde as navegações até os pensamentos filosóficos. Mas como é a Terra abaixo das camadas de rochas? 
Ela é homogênea? Essas são perguntas que ainda intrigam muitos pesquisadores. Como veremos, a 
maior parte do conhecimento gerado sobre o interior da Terra vem de dados secundários. As condições 
adversas de calor e pressão do interior da Terra não permitem que dados diretos sejam obtidos, sendo as 
teorias baseadas em hipóteses, correlações com dados da superfície, meteoritos e dados de ondas sísmicas.
Mas como a investigação do interior da terra começou a ter os moldes da teoria atual? Esse foi 
um processo relativamente lento. Em 250 a.C. o filósofo Erastóstenes conseguiu calcular o volume da 
Terra e sua forma “esférica” (hoje sabemos que a Terra possui um formato irregular chamado geoide). 
O peso estimado da Terra só pôde ser calculado após Isaac Newton estabelecer sua relação com a 
gravidade em 1780. Sendo possível obter o volume e o peso, Henry Cavendish (1798) se dedicou 
a compreender a densidade (peso/volume) da Terra, chegando ao valor aproximado de 5,5 g/cm³. 
Mas o que esse valor significa? Dentre as inúmeras rochas que formam a crosta terrestre, a maioria é 
formada por granitos, que apresentam uma densidade média de 3 g/cm³, e basaltos, com 3,5 g/cm³; 
ou seja, a densidade da Terra, em seu interior, deveria ser muito maior do que das rochas externas.
Com essa informação e dados de ondas sísmicas, a geóloga Emil Wiechert (1896) 
(GROTZINGER, 2013) propôs pela primeira vez que o centro da Terra era organizado em camadas 
concêntricas, tendo um núcleo mais denso e formado por ferro e níquel, metais densos e em grande 
abundância em rochas terrestres e meteoritos – indicando a relação da composição do planeta Terra 
com o processo de formação do Sistema Solar. A compreensão das ondas sísmicas é fundamental 
para analisar o interior da Terra.
Fundamentos da Geologia22
Figura 1 – Esquema teórico das camadas internas da Terra
Desde o final do século XIX, o modelo de camadas concêntricas vem sendo desenvolvido e ampliado, 
especialmente com pesquisas de ondas sísmicas.
crosta
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manto
núcleo externo
núcleo externo
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núcleo interno
nível do mar
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Sempre que é liberada energia na litosfera, de forma artificial ou natural, mas especialmente 
quando é pelo movimento de placas tectônicas após terremotos, são geradas ondas sísmicas. Essas 
ondas, resultantes da liberação da energia, são de dois tipos: ondas P e ondas S (TEIXEIRA, 2009).
Figura 2 – Diagrama do comportamento das ondas P e ondas S
As ondas sísmicas se dividem em ondas P e ondas S, e diferem no modo como sua propagação interfere 
no material submetido a elas.
onda na matéria
onda na superfície
onda P
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onda na superfície
onda P
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As ondas P ou ondas compressivas têm alta velocidade de propagação e por isso são as 
primeiras a serem identificadas. São capazes de expandir e comprimir o material pelo qual se 
propagam. Já as ondas S, secundárias, ou ondas cisalhantes, são mais lentas, geram deslocamento 
do material em que se propagam, havendo cisalhamento deste e, portanto, só são propagadas em 
sólidos. Essa é uma informação muito importante, ondas S apenas se propagam em sólidos, isso que 
permitirá compreender o estado físico das camadas do interior da Terra (GROTZINGER, 2013).
2.1.1 O núcleo e o manto
Em 1906, Robert Oldham observou o comportamento das ondas S, e sugeriu pela primeira 
vez que o núcleo deveria ser formado por uma camada externa líquida. Mas apenas em 1936 Inge 
Lihmann conseguiu estabelecer o limite entre o núcleo interno (sólido) e o núcleo externo (líquido), a 
uma profundidade de 5.150 km. A delimitação das camadas mais internas é definida pela velocidade 
Constituição da Terra: minerais e rochas 23
das ondas sísmicas. O limite entre o manto inferior e o núcleo externo ocorre a 2.900 km quando 
as ondas P caem de uma velocidade média de 13 km/s para 8 km/s, e as ondas S de 7,5 km/s para 
0 km/s, indicando também seu estado físico líquido. O núcleo interno é quimicamente formado 
por 94% ferro e 6% níquel; já o núcleo externo é uma liga metálica composta por 85% de ferro, 5% 
de níquel, 5% de oxigênio e 5% de enxofre (TEIXEIRA, 2009; POPP, 2010).
Figura 3 – Diagrama da velocidade das ondas P e S no interior da Terra
Velocidade (km/s)
Transição
Onda S
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Figura 4 – Propagação das ondas P no interior da Terra
A análise do comportamento das ondas sísmicas 
permite conhecer as camadas do centro da Terra. 
A mudança de direção das ondas P e a ausência 
de propagação das ondas S no núcleo externo 
indicam seus estados físico e líquido.
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Fundamentos da Geologia24
Como vimos, o núcleo forma o subsistema geodínamo, no qual é formado o campo magnético 
da Terra. Esse fenômeno se dá pelos movimentos de convecções extremamente rápidos do núcleo 
externo, formado por liga metálica líquida. Esse movimento gera um campo magnético, em um 
processo similar ao de um eletroímã, o que faz com que a bússola seja direcionada para o Norte. 
Periodicamente, de forma aleatória e imprevisível, ocorrem modificações na polarização do campo 
magnético da Terra e, nesse caso, as bússolas apontariam para o Sul; evidências desses fenômenos 
são encontradas em rochas ricas em minerais ferrosos, especialmente no assoalho oceânico. 
Esse fenômeno será mais bem trabalhado no capítulo sobre as placas tectônicas. Além disso, as 
modificações na localização geográfica do polo norte magnético.
Figura 5 – Formação do campo magnético da Terra
Os movimentos de convecção do núcleo externo geram o campo magnético da Terra, de forma 
similar a um eletroímã.
campo magnético da Terra
Correntes do núcleo interno da Terra
correntes 
de convecção
Polo sul geográfico
Polo norte geográfico
Polo sul magnético
Eixo da Terra
Eixo da TerraPolo norte magnético
correntes 
de convecção
eixo de rotação
campo magnético
crosta da Terra
núcleo externo
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núcleo interno
campo magnético da Terra
Correntes do núcleointerno da Terra
correntes 
de convecção
Polo sul geográfico
Polo norte geográfico
Polo sul magnético
Eixo da Terra
Eixo da TerraPolo norte magnético
correntes 
de convecção
eixo de rotação
campo magnético
crosta da Terra
núcleo externo
manto
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Constituição da Terra: minerais e rochas 25
Figura 6 – Página do NOAA com a movimentação do polo norte magnético
No site do NOAA ainda é possível observar as mudanças de posição do polo norte magnético.
Fonte: NOAA, 2019. 
Diferente do que muitos pensam, o manto é formado por rochas sólidas, mas dúcteis, 
ou seja, capazes de se acomodar a variações de pressão e fluir pelos movimentos de convecção. 
O manto inferior está nas profundidades 660 a 2.900 km do núcleo externo à zona de transição, 
sendo considerado homogêneo. A zona de transição tem esse nome por indicar a transformação 
de fase do mineral olivina, especialmente pela pressão exercida nesta profundidade, 410 a 660 km. 
É no manto superior onde ocorrem os principais movimentos de convecção que movem as placas 
tectônicas, é formado sobretudo por rochas silicatadas, em especial a rocha peridotito. O manto superior 
vai do Moho a 410 km de profundidade. De forma geral, a composição química do manto é constituída 
por 44% de oxigênio, 22,8% de magnésio, 21% de silício, 6,3% ferro, 2,5 de cálcio e 2,4% de alumínio.
2.2 A crosta terrestre
Dentre as camadas da Terra, a crosta apresenta a maior variabilidade de elementos químicos 
formadores: 46% de oxigênio, 28% de silício, 8% de alumínio, 6% de ferro, 4% de magnésio, 2,4% 
de cálcio e 5,6% de outros elementos. Essa grande concentração de oxigênio e silício, formadores 
da maior parte de rochas da crosta, confere a ela uma baixa densidade em relação às demais 
camadas. A crosta ainda possui diferenças entre a parte continental, com uma densidade média 
de 2,8 g/cm³, e a oceânica, com uma densidade média de 3 g/cm³. Essa diferença de densidade, 
associada à densidade do manto de 3,4 g/cm³, gera a diferença altimétrica média entre as áreas 
continentais e oceânicas, estando essas últimas em cota mais baixa.
A crosta oceânica é formada por rochas ricas em ferro, por isso sua maior densidade, e tendem 
a ter uma profundidade média de 7 km. Já a crosta continental é mais espessa, com um valor médio 
de 33 km, mas podendo chegar a valores superiores a 70 km de profundidade. Essa diferença entre 
Fundamentos da Geologia26
as crostas oceânica e continental é explicado pelo princípio de isostasia (TEIXEIRA, 2009; POPP, 
2010; GROTZINGER, 2013).
Figura 7 – Diagrama da organização da crosta terrestre
A crosta terrestre é dividida entre continental, mais espessa e menos densa, e oceânica, mais fina, porém 
mais densa.
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Como o manto, apesar de sólido, comporta-se de forma dúctil, ou seja, aceitando acomodações 
quando sobre movimentações e pressões, a relação entre a crosta e o manto se estabelece na busca 
de equilíbrio dinâmico. Assim, o empuxo que empurra a crosta continental para cima, devido 
a sua baixa densidade em relação ao manto diretamente abaixo, deve ser equilibrado pela força 
gravitacional que tende a empurrá-lo para baixo. Esse equilíbrio se dá de forma dinâmica entre a 
crosta continental e oceânica, e gera importantes modificações do relevo (POPP, 2010). Um dos 
exemplos mais clássicos é a formação de fiordes, durante o Pleistoceno (1,8 milhões a 11 mil anos 
atrás), parte da Terra foi coberta por grandes geleiras, que exerciam uma força contrária ao empuxo da 
crosta continental, e quando essas geleiras derreteram, o relevo foi soerguido para gerar o equilíbrio 
isostático, veja a imagem.
Figura 8 – Diagrama do movimento isostático
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crosta
camada de gelo
derretimento da geleira
acomodações do manto
acomodações do manto
soerguimento pelo movimento isostático
(Continua)
Constituição da Terra: minerais e rochas 27
crosta
camada de gelo
derretimento da geleira
acomodações do manto
acomodações do manto
soerguimento pelo movimento isostático
No próximo capítulo, trabalharemos o ciclo de formação e alteração das rochas formadoras 
da crosta terrestre. Para isso, é importante compreender o que é uma rocha, ou seja, um agregado 
sólido de minerais que ocorre de forma natural, há rochas formadas também por um único mineral, 
ou por outras partículas não minerais. As rochas podem ter sua origem ígnea, pelo resfriamento do 
magma, sedimentar, formadas por sedimentos, ou metamórfica, quando rochas são alteradas pelo 
aumento de pressão e temperatura.
2.3 Os minerais
Os minerais são os constituintes principais das rochas. Uma rocha costuma ser formada por 
diversos minerais, mas há casos de rochas formadas por um único mineral. Para que um elemento 
seja considerado um mineral, ele precisa atender a alguns requisitos: ter ocorrência natural, ou seja, 
ser encontrado na natureza (sendo assim, elementos criados, como os diamantes sintéticos, não são 
considerados minerais); e serem sólidos e cristalinos (ou seja, sua estrutura atômica deve ter um 
arranjo tridimensional ordenado e repetitivo, e seu estado físico deve ser sólido, desse modo, água 
mineral ou mercúrio líquido não podem ser considerados minerais) (NEVES, 2011; GROTZINGER, 
2013). Vidros vulcânicos são exemplos de substâncias geradas pelo resfriamento do magma, mas 
que, pelo rápido processo de formação, não têm estrutura de cristalização ordenada, não sendo 
considerados minerais.
Figura 9 – Estrutura atômica do diamante e do grafite
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(Continua)
Fundamentos da Geologia28
Diamante e grafite são minerais formados por carbono, e a estrutura cristalina do diamante é o que faz 
deles dois minerais distintos.
Geralmente os minerais são inorgânicos, há algumas exceções de substâncias orgânicas, mas 
de origem animal, como a secreção de calcita por seres vivos, corais e músculos, por exemplo. Mas 
sua composição química deve ser especificada, com uma proporcionalidade constante entre os 
elementos. Dentre parâmetros estabelecidos, são permitidas alterações de elementos desde que 
mantida a proporção. Um exemplo é o quartzo, formado por silício e oxigênio, que não apresenta 
cor, sendo transparente, mas que pode conter impurezas, que lhe atribuem diferentes cores, como o 
rosa ou o verde. Outra característica dos minerais é que eles são a menor unidade, são homogêneos, 
ou seja, não podem ser divididos em partes menores.
O quartzo é um exemplo de mineral formado pelo resfriamento do magma, uma das principais 
formas de criação de um mineral. Eles ainda se formam pela precipitação de elementos de uma 
solução saturada, o exemplo mais próximo a nós é a halita, o sal de cozinha (NaCl). Podem ser 
também polimorfos em alguns casos, quando um único elemento químico, sob diferentes processos 
de formação, especialmente pressão, adquire diferentes estruturas cristalinas. Como vimos, o 
diamante e o grafite são um exemplo disso.
Para o surgimento de um mineral é necessária, então, a cristalização, a formação de um sólido 
a partir de um gás ou líquido. A cristalização é então um processo no qual um conjunto de átomos 
se organiza segundo arranjos cristalinos e com proporcionalidade química. Para o desenvolvimento 
de cristais é necessário tempo e espaço, esses fatos determinarão o tamanho e a quantidade do 
mineral em questão. Em pequenas bolhas de ar dentro do magma em resfriamento são formados 
microcristais, ou pequenas vesículas; em grandes cavernas podem ser gerados cristais com metros 
de dimensão. Além dos cristais, são formadas massas chamadas de grãos, neles a diferença está na 
Constituição da Terra: minerais e rochas 29
ausência de expressão da face cristalina. Podemos compreender a fase cristalina como a expressão 
externa do arranjo atômico do mineral. O modo como os átomos se organizam tridimensionalmente 
se expressa na forma das superfícies planas do cristal (NEVES, 2011).Como você pode imaginar, existem milhares de minerais, mas pouco mais de 30 são facilmente 
encontrados nas rochas. Esses minerais mais comuns são denominados de minerais formadores 
de rochas, e podem ser subdivididos em oitos grupos segundo sua composição química. Desses, 
três ainda assim são relativamente raros: elementos nativos, sendo um exemplo o cobre metálico; 
hidróxidos, sendo a goethita a principal ocorrência em solos brasileiros; e haletos, como a halita, 
ou o sal de cozinha.
Os minerais mais abundantes são os do grupo dos silicatos, formados pelos ânions de silício 
e oxigênio, também principais elementos formadores da crosta terrestre; a olivina é um exemplo 
de mineral deste grupo. Entre os carbonatos, formados pelo ânion de cálcio, destaca-se a calcita, 
abundante em rochas sedimentares (GROTZINGER, 2013). Óxidos são um grupo muito presentes 
em solos, sendo resultado de processos intempéricos de outros minerais, entre eles a hematita. 
Sulfetos e sulfatos estão relacionados ao ânion de enxofre, sendo o último grupo também relacionado 
ao oxigênio. A pirita é um mineral do grupo dos sulfetos também conhecido como ouro de tolo, 
pela sua semelhança com o ouro.
Figura 10 – Mineral pirita
O mineral pirita é do grupo dos sulfetos, FeS2, e é conhecido 
como ouro de tolo, por sua semelhança com o ouro.
W
ik
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ed
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 C
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m
on
s
O conhecimento dos minerais é importante para que possamos compreender como as rochas 
se comportam ao intemperismo, quais recursos minerais podem ser extraídos delas e quais processos 
estão envolvidos na formação das rochas. Rochas formadas por minerais mais resistentes serão 
consequentemente mais resistentes. Assim, compreender algumas propriedades físicas dos minerais 
Fundamentos da Geologia30
é fundamental para relacionar o comportamento das rochas nos processos de alteração da paisagem, 
principal aplicação da geologia para a geografia.
A dureza está entre as propriedades físicas mais relevantes neste ponto de vista, ela indicará a 
resistência da rocha para o intemperismo, ou seja, a alteração física, química ou biológica. Em 1822, 
Friedrich Mohs estabeleceu uma escala, que leva seu nome, para indicar a facilidade de um mineral 
ter sua superfície riscada. Ele elencou 10 minerais, do mais frágil ao mais resistente, e alguns objetos 
do dia a dia para testar a capacidade de ser riscado.
Quadro 1 – Escala de dureza de Mohs para minerais
Mineral
Grau de 
dureza
Objeto capaz 
de arranhá-lo
Talco 1 Unha
Gipsita 2 Unha
Calcita 3 Moeda de cobre
Fluorita 4 Lâmina de faca
Apatita 5 Lâmina de faca
Ortoclásio 6 Liga de aço
Quartzo 7 Topázio
Topázio 8 Corindon
Corindon 9 Diamante
Diamante 10 Outro diamante
Fonte: Adaptado de Grotzinger, 2013.
Outras propriedades importantes se referem ao modo como um mineral tende a se fragmentar 
fisicamente. A clivagem é a tendência de um cristal de partir-se em uma superfície plana, enquanto 
que a fratura expressa a tendência de quebra fora dos planos de clivagem, ou seja, ao longo de 
superfícies irregulares. Outras características são densidade, brilho, cor, traço e hábito cristalino.
Considerações finais
Neste capítulo pudemos observar como o conhecimento geológico é gerado, além de 
aprofundar nossos enfoques no subsistema geodínamo. O modelo de camadas do interior da Terra 
vem sendo construído ao longo dos séculos com o estabelecimento de hipóteses, coleta de dados, 
ainda que secundário em função das adversidades de coletas do interior do nosso planeta, e a 
constante validação e teste sobre esse modelo. Nesse contexto, a sismologia, ramo da geologia que 
estuda as ondas sísmicas, é fundamental para a compreensão do interior da Terra.
Ter noções sobre a formação dos minerais, suas propriedades físicas e variabilidade torna-
-se essencial quando se compreende a relação destes com processos intempéricos e de evolução 
da paisagem. Os próximos capítulos estarão relacionados ao subsistema das placas tectônicas, 
especialmente da composição e dos processos da litosfera.
Constituição da Terra: minerais e rochas 31
Ampliando seus conhecimentos
• MHE – Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert. Unesp. Disponível em: https://
museuhe.com.br/. Acesso em: 24 abr. 2019.
Um dos sites mais completos em relação a rochas e minerais disponíveis em português é o 
do Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert, de responsabilidade da Unesp. Neles 
estão disponíveis dados científicos sobre minerais e rochas, com imagens e características 
mineralógicas, materiais didáticos para crianças e animações 3D.
• BBC News. ‘Um planeta dentro de outro’: estudo mostra que centro da Terra é ‘sólido e 
macio’. 24 out. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-45957973. 
Acesso em: 24 abr. 2018.
Sobre as evidências das camadas internas da Terra, a BBC divulgou a matéria intitulada 
‘Um planeta dentro de outro’: estudo mostra que centro da Terra é ‘sólido e macio’.
• PLANETA dos documentários. Documentário Viagem ao Centro da Terra Completo 
Dublado. 19 fev. 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=3jLJR2SncQk. 
Acesso em: 24 abr. 2019.
O documentário Viagem ao centro da Terra, do canal History, também resume de forma 
interessante e visual o conteúdo apresentado neste capítulo. Algumas informações contidas 
no vídeo serão melhor trabalhados por nós nos próximos capítulos.
Atividades
1. Descreva as principais camadas do interior da Terra, relacionando suas características às 
evidências científicas.
2. Elabore explicações sobre:
a) isostasia;
b) convecção;
c) formação do campo magnético da Terra.
3. Defina o que são rochas e minerais.
Referências
GROTZINGER, J. Para entender a Terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. do. Geologia geral. 14. ed. rev. São Paulo: Nacional, 2001.
NEVES, P. C. P. das. Introdução à mineralogia prática. 3. ed. rev. ampl. Canoas: Ulbra, 2011.
Fundamentos da Geologia32
NOAA – National Center for Environmental Information. Disponível em: https://maps.ngdc.noaa.gov/viewers/
historical_declination/. Acesso em: 26 abr. 2019.
POMEROL, C. et al. Princípios de geologia: técnicas, modelos e teorias. 14. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
POPP, J. H. Geologia geral. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
TEIXEIRA, W. (org.). Decifrando a Terra. 2. ed. São Paulo: Nacional, 2009.
WICANDER, R. Fundamentos de Geologia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
3
Ciclo de formação e alteração das rochas
A partir deste capítulo trabalharemos de forma mais intensa as relações entre a litosfera, 
a astenosfera e o subsistema clima (biosfera, atmosfera, hidrosfera e criosfera). A visão sistêmica 
é fundamental para compreendermos os processos de formação dos diferentes tipos de rochas, 
auxiliando a compreender os ambientes geológicos, o tipo de recurso mineral esperado, e como 
a paisagem se desenvolverá. Os três grupos de rochas, ígnea, sedimentar e metamórfica, serão 
apresentados em suas formações e características.
3.1 O ciclo de formação e alteração das rochas
A geologia como ciência tem em um de seus pilares a visão sistêmica. A Terra é assim 
compreendida como um grande sistema, aberto, já que recebe energia do sol e eventualmente 
ocorrem entradas de meteoritos em nossa atmosfera. No entanto as entradas de materiais rochosos 
do espaço são uma porcentagem muito pequena quando consideramos o tamanho de nosso planeta. 
Podemos compreender assim que a formação e alteração das rochas é um ciclo fechado, que unifica 
interações entre o subsistema clima, a litosfera e a astenosfera.
Buscando sintetizar esses processos, podemos formular um ciclo de formação e alteração das 
rochas, no qual os três tipos de rochas, ígneas, sedimentares e metamórficas, são interligadas por 
vetores que indicam a direção dos processos e suas interações. Alguns desses vetores serão trabalhados 
neste capítulo para caracterizar a formação das rochas; outros serão trabalhados no capítulo seguinte, 
quando compreenderemos os processos de alteraçãodas rochas com maior atenção. A seguir podemos 
ver o diagrama simplificado desse ciclo.
Figura 1 – Diagrama simplificado do ciclo de formação e alteração das rochas
Intemperismo
e erosão
Depósito
sedimentar
Diagênese
Rochas
sedimentares
Metamorfismo
Rochas
metamórficas
Fusão
Magma
Cristalização
e consolidação
Rochas ígneas
Fonte: Elaborada pela autora.
Fundamentos da Geologia34
Mas como iniciar a interpretação do ciclo de formação e alteração das rochas? Quando a 
Terra se formou, após o Big Bang, ela era uma massa de matéria incandescente, similar ao que hoje 
é o magma, então vamos começar por ele.
Quando o magma se cristaliza ou consolida, são formados os minerais e as rochas ígneas, 
também conhecidas como magmáticas, que podem ser de dois tipos: intrusivas, formadas no interior 
da crosta, ou extrusivas, formadas em contato com o ar ou com a água na superfície da Terra. Quando 
as rochas são expostas ao subsistema clima, inicia-se um processo de decomposição, que pode ser 
químico ou físico, este é denominado erosão e será mais bem trabalhado no próximo capítulo.
A degradação das rochas pelo intemperismo gera fragmentos menores e argilominerais, 
denominados sedimentos, que serão erodidos e transportados, e sua classificação está relacionada ao 
material de origem (podendo ser mineral ou orgânico) e ao seu tamanho (quando falamos em areia 
ou argila estamos nos referindo a um tamanho de partícula). Quando ocorre a deposição de grandes 
quantidades de sedimentos, em bacias sedimentares, estas são submetidas à litificação ou diagênese, 
que consiste na compactação ou cimentação dos grãos de sedimentos em uma matriz rochosa.
As rochas, quando submetidas a situações extremas de aumento de pressão – como, por 
exemplo, pela interação de placas tectônicas e aumento de temperatura –, têm sua estrutura cristalina 
e composição química alterada, passando por uma espécie de metamorfose, por isso o termo 
metamorfismo. O resultado desses processos são rochas metamórficas. Assim como o intemperismo, 
o metamorfismo ocorre nas três grandes classes de rochas. Como exemplo temos a fusão, que é a 
mudança do estado sólido das rochas para a formação de novo magma, reiniciando o ciclo.
3.2 Rochas ígneas
As rochas ígneas ou magmáticas são as rochas formadas pelo resfriamento do magma. 
O modo como esse resfriamento se dá determinará as características mineralógicas e estruturais.
Quando o resfriamento do magma ocorre no interior da crosta, ele é denominado intrusivo, 
e nesse tipo de rocha o resfriamento é feito de forma lenta, com a cristalização do magma, gerando 
minerais bem desenvolvidos, cristais de maior tamanho, e uma textura grossa na rocha. Temos 
como exemplo o granito.
Quando o resfriamento ocorre fora da crosta, ele é denominado extrusivo, como nas erupções 
vulcânicas, fluxos de lava e nos contatos entre placas tectônicas, por exemplo. O rápido resfriamento, 
pelo contato com o ar e/ou a água, não proporciona o tempo necessário para a formação de grandes 
cristais. Dessa maneira, os minerais podem não se formar, ou se formam de forma menos complexa 
e em menor dimensão, atribuindo às rochas ígneas extrusivas uma textura fina. Um exemplo dessa 
formação é o basalto. Observe a figura a seguir.
Ciclo de formação e alteração das rochas 35
Figura 2 – Esquema teórico das câmaras magmáticas
1
1 Soleiras
2 Dique
3
3
Plútons
2
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As câmaras magmáticas se diferem em tamanho e posição em relação à rocha encaixante.
O formato da câmara magmática, sua dimensão e posição em relação à rocha encaixante 
influenciam não apenas sua composição mineralógica, em decorrência da quantidade de magma e 
tempo de cristalização, mas também as feições do relevo resultantes desta. As massas ígneas formadas 
em grandes profundidades são denominadas plútons. Quando ocorrem em grandes dimensões de no 
mínimo 100 km², com consequente resfriamento lento e rochas com textura grossa, são denominadas 
batólitos (corpos graníticos costumam se originar nessas formações). Quando o corpo plutônico 
é inferior a 100 km², são denominados stocks. A rocha encaixante é uma rocha, ou uma sucessão 
de rochas, que sofre uma abertura e um preenchimento de magma, o modo como esse magma se 
organiza entre as camadas ou sucessões definirá as demais formas de corpos magmáticos.
Quando corpos tabulares de magma se acomodam de forma paralela às camadas de rochas 
encaixantes, levam o nome de soleiras. É como quando há um travesseiro entre os lençóis da cama, 
pode-se observar o volume entre as camadas, mas as camadas não são seccionadas. Quando há 
essa ruptura nas camadas da rocha encaixante, o corpo tabular é chamado de diques, estes são os 
principais mecanismos de transporte de magma para a superfície da crosta. Quando esses diques e 
Fundamentos da Geologia36
soleiras são de pequenas dimensões, preenchendo apenas fraturas da rocha, são formados os veios. 
Esse termo é conhecido especialmente pela mineração de veios de ouro e outros metais ou minerais.
Além da diferenciação das rochas pelo seu ambiente de resfriamento, e consequentemente 
textura, outra maneira de diferenciação entre as rochas ígneas é sua composição química e mineralógica. 
Essa diferenciação vai estar relacionada especialmente pelos teores de sílica (SiO2). Rochas ricas em 
sílica, principal constituinte dos minerais silicatados, como o quartzo, são denominadas de félsicas. 
Elas são pobres em ferro e magnésio e ricas em sílica, o que lhes atribui uma densidade relativa baixa 
e uma coloração mais clara. As classificações químicas/mineralógicas e a textura não são excludentes, 
e sim complementares. Vamos analisar o caso do granito e do riolito, duas rochas félsicas. O granito 
e o riolito são duas rochas distintas formadas pela mesma composição química e mineralógica, ou 
seja, têm como origem o mesmo magma. São ricas em sílica, o que atribui a elas características de 
rochas ígneas félsicas, como baixos teores de ferro e magnésio, e coloração clara. O granito, como 
podemos ver na figura a seguir, tem grandes cristais de quartzo e feldspatos, devido a sua cristalização 
em grandes câmaras dentro da crosta, denominadas batólitos. Em oposição, o riolito é uma rocha 
extrusiva, com fenocristais (cristais pouco desenvolvidos), de quartzo e feldspatos, que pelo rápido 
resfriamento tem uma textura muito fina.
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O granito é uma rocha ígnea intrusiva félsica.
Figura 3 – Granito
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O riolito é uma rocha ígnea extrusiva félsica.
Figura 4 – Riolito
Outro grupo de rochas ígneas são as ricas em minerais máficos. As rochas máficas são 
ricas em ferro e magnésio e pobres em sílica. Diferentes das rochas félsicas, sua densidade tende 
a ser maior, devido a altas concentrações de ferro, o que também lhe atribui uma coloração 
mais escura. Da mesma forma que na comparação entre granito e riolito, nas rochas máficas 
precisamos considerar sua textura e ambiente de formação. O basalto é virtualmente a rocha mais 
abundante da Terra, já que é a principal formadora dos assoalhos oceânicos e de muitos derrames 
vulcânicos; sua composição é a mesma que a do gabro, porém este possui textura grossa devido 
a sua cristalização no interior da crosta.
Ciclo de formação e alteração das rochas 37
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 O basalto é uma rocha ígnea extrusiva máfica.
Figura 5 – Basalto
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O gabro é uma rocha ígnea intrusiva máfica.
Figura 6 – Gabro
Você pode estar se questionando como o magma, aquela massa homogênea e incandescente, é 
capaz de se diferenciar em magmas félsicos e máficos. Esse é também um questionamento da geologia, 
conhecido como teoria da diferenciação magmática. A primeira vertente dessa teoria indica que 
todas as rochas se originariam desse magma comum. Conforme os minerais iriam se cristalizando 
(como vimos, cada mineral secristaliza a uma temperatura específica), elementos químicos seriam 
retirados desse magma parental, modificando-o quimicamente. Assim, quanto maior o número de 
cristais, mais diferenciado seria o magma remanescente, gerando por consequência diferentes rochas. 
De acordo com essa vertente, todo o magma seria capaz de gerar rochas graníticas e basálticas.
Em oposição a essa teoria, geólogos questionaram a relação entre a quantidade de rochas 
graníticas e basálticas na crosta da Terra e a interação entre elas pela vertente de magma parental. 
E chegaram à conclusão de que o tempo e a quantidade de magma para formar uma rocha granítica, 
após a formação de rochas basálticas, não se mostrava coerente com a distribuição rochosa na crosta 
terrestre. Para eles, a diferenciação é mais complexa do que a ideia de um mesmo magma parental.
A diferenciação magmática estaria, assim, relacionada à rocha de origem no processo de 
fusão. Como vimos no ciclo de formação das rochas, o magma é formado pelas rochas do manto, 
mas também pela fusão das rochas previamente formadas na crosta da Terra. As rochas que formam 
o manto superior teriam sua composição vinculada às rochas basálticas, tendo em vista que o 
assoalho oceânico é fundamentalmente basalto e formado pelo resfriamento do manto superior 
nas cadeias meso-oceânicas. A fusão de rochas sedimentares e do assoalho oceânico geraria um 
magma intermediário, conhecido como andesitico, que poderiam resultar em rochas de diferentes 
tipos. E, por fim, a fusão de rochas sedimentares, ígneas e metamórficas, formadoras da crosta 
continental, resultaria em um magma granítico, atribuindo, assim, ao ambiente geológico de fusão 
a diferenciação do magma.
Fundamentos da Geologia38
3.3 Rochas sedimentares
Os processos de alteração das rochas serão melhor detalhados no próximo capítulo, agora o 
que precisamos compreender é que a interação das rochas com o subsistema clima gera a degradação, 
fragmentação e transporte das rochas, transformando-as em sedimentos. Os sedimentos podem ter 
sua origem em rochas, sendo fragmentos de rochas e minerais de diferentes tamanhos, esses são 
denominados de siliciclásticos e mantêm a estrutura cristalina e mineralógica da rocha de origem. 
As classificações por tamanho seguem algumas escalas, uma das mais conhecidas é a de escala de 
Wentworth.
Quadro 1 – Escala de Wentworth1 para tamanho de sedimento
Sedimento Tamanho
Argila < 4 µm
Silte > 4 µm - < 64 µm
Areia > 64 µm - < 2 mm
Grânulo > 2 mm - < 4 mm
Seixo > 4 mm - < 64 mm
Bloco ou calhau > 64 mm - < 256 mm
Matacão > 256 mm
Fonte: CPRM, 2019.
Além dos sedimentos siliciclásticos, há os sedimentos químicos ou biológicos, que têm sua 
origem e composição formada por outros elementos que não as rochas e os minerais. Os sedimentos 
químicos e biológicos podem ter sua origem na excreção de compostos de seres vivos, como os recifes 
de corais, conchas, estruturas celulares de microrganismos, ou vegetais; ou ainda a precipitação 
química de elementos químicos como carbonatos de cálcio, sais e metais.
Durante os processos de erosão e transporte desses sedimentos, diferentes fatores do ambiente 
modificam não apenas a sua distribuição espacial, como algumas de suas características. Por exemplo, 
em um clima úmido, o ferro tende a ser liberado, deixando os sedimentos mais claros, há maior 
energia de transporte pelos corpos hídricos e, havendo maior deposição, os depósitos sedimentares 
terão em seu registro aspectos relacionados a este clima. Já em um clima seco, a ausência de fluxos 
hídricos alterará o transporte dos sedimentos, dunas e desertos podem se formar, gerando grandes 
concentrações de depósitos de areia e menos evidência de sedimentos finos.
O registro sedimentar funciona assim como um livro, no qual cada camada conta um período 
ambiental onde aqueles sedimentos foram depositados e sua análise estratigráfica permite conhecer 
a história da Terra. No Capítulo 5 veremos como as rochas contam a história de formação da Terra, 
em especial as rochas sedimentares pelos vestígios de fósseis e paleoambientes. 
1 A escala de Wentworth é uma escala granulométrica, que considera o maior diâmetro da partícula.
 μm: definido como 
1 milionésimo de 
metro e equivalente 
à milésima parte do 
milímetro.
Ciclo de formação e alteração das rochas 39
Figura 7 – Diagrama de formação de uma rocha sedimentar com fóssil
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O sedimento que é transportado se deposita em camadas nas bacias sedimentares. Se um animal morre ou é 
carregado até um desses locais, ele é decomposto, ou preservado, entre as camadas de sedimento. Milhares de 
anos depois o relevo é modificado e revela a camada na qual o fóssil ficou registrado.
Após o transporte e a deposição nas bacias sedimentares, o sedimento passa por processos 
de litificação ou diagênese, que consiste na transformação de materiais inconsolidados em rocha. 
Esse processo de diagênese pode se dar de duas maneiras: por compactação ou cimentação. Na 
compactação há um processo físico de compressão das partículas, no qual a quantidade de água 
e ar entre os grãos diminui ao ponto de elas se tornarem mecanicamente uma massa sólida. Já 
na cimentação há a inclusão de um elemento químico, que une os grãos, esse elemento pode ser 
precipitado ou adicionado por mudanças ambientais.
Figura 8 – Rocha sedimentar de granulometria fina: arenitos finos e folhelhos.
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Rochas sedimentares se depositam de forma sucessiva e paralela. Cada modificação 
em coloração, tamanho de grão e presença de matéria orgânica indica um ambiente de 
deposição diferente.
Fundamentos da Geologia40
Figura 9 – Rocha sedimentar de granulometria grossa: conglomerado.
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Rochas de ampla granulometria tendem a apresentar um 
processo de diagênese por cimentação, no qual a precipitação 
de minerais mais finos preenche os poros entre os grãos.
As rochas de origem siliciclástica podem ser subdivididas em:
• folhelhos, que são formados por camadas de deposição de grãos finos, como uma lama 
com uma mistura de silte e argila;
• argilitos, quando há predomínio de argila;
• siltitos, quando há predomínio do tamanho silte;
• arenito, para rochas formadas por depósitos de areia, a seleção dos grãos, se são originados 
de dunas ou de depósitos marítimos, vão imprimir diferentes características a estas rochas; e
• conglomerados, para rochas com sedimentos maiores do que o tamanho da areia.
Quando ocorre a deposição de grandes quantidades de matéria orgânica, são gerados 
registros especiais. É o caso do carvão e do petróleo e gás natural. Os depósitos de carvão estão 
associados a grandes concentrações de material vegetal como turfeiras e florestas soterradas que, 
quando compactadas e aquecidas (de 90 °C a 120 °C) por processos de movimento verticais na 
crosta, transformam sua estrutura. Quando esse depósito de matéria orgânica é formado por micro- 
-organismos como diatomos, ocorre a formação de petróleo e gás natural pela decomposição destes.
3.4 Rochas metamórficas
A Terra é um planeta extremamente dinâmico, os movimentos das placas tectônicas alteram 
constantemente a posição e a forma dos continentes e, consequentemente, das rochas. Após a formação 
das rochas ígneas e sedimentares, processos atuam na sua alteração, como o intemperismo e a fusão 
que gera o magma. Mas outro processo muito importante é o metamorfismo, em que as demais 
rochas são modificadas pela ação do aumento da temperatura e/ou pressão. Essas modificações 
Ciclo de formação e alteração das rochas 41
ocorrem em diferentes graus de intensidade e extensão, e podem modificar a composição química, 
a mineralogia e a textura das rochas.
Entre os agentes de metamorfismo a temperatura é uma das mais predominantes, podendo 
estar associada ou não à pressão. O contato entre o magma e uma rocha gera uma alteração chamada 
metamorfismo de contato, no qual não há necessariamente a presençade pressão e a alteração de 
forma localizada. A compressão de camadas de rochas na crosta gera o seu rebaixamento em direção 
ao manto; a profundidade da crosta e sua relação com o manto é conhecida como gradiente geotérmico 
e tem especificidades em relação ao ambiente tectônico. No meio da plataforma continental, no 
qual a espessura é maior, há um gradiente, enquanto nas áreas de contato entre placas tectônicas 
a proximidade com a astenosfera deixa o gradiente mais aquecido, facilitando o metamorfismo.
A pressão gera uma tensão sobre a estrutura da rocha, redirecionando sua organização interna, 
e uma das características das rochas metamórficas são os bandamentos, ou seja, a reorganização da 
rocha de origem em bandas. A tensão gerada pela pressão pode ser confinante, no qual a rocha sofre 
força de todas as direções, ou dirigida, na qual há predomínio de um sentido de direção na força de 
pressão. Outro tipo de agente de metamorfismo são as reações geradas por fluxos hidrotermais, além 
de menos comuns eles têm sua área de ocorrência mais concentrada, e estão vinculados à mudança 
mineralógica em função da reação entre o fluxo e a rocha encaixante.
Figura 10 – Rocha metamórfica: gnaisse.
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O gnaisse é uma rocha metamórfica com alto grau de metamorfismo gerado de 
rochas sedimentares e ígneas félsicas em metamorfismo regional. É possível 
verificar o bandamento da sua estrutura.
Como vimos, os agentes de metamorfismo são externos em relação à formação da rocha, 
assim o ambiente tectônico determinará o grau e o tipo de alteração. Na imagem a seguir podemos 
observar os principais tipos de metamorfismo.
Fundamentos da Geologia42
Figura 11 – Diagrama dos tipos de metamorfismo segundo o ambiente tectônico
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Cada ambiente geológico vai desencadear um processo de metamorfismo distinto.
Fonte: Grotzinger, 2013, p. 157.
Os tipos de metamorfismo conforme o ambiente geológico são:
• regional, ocorre em escala regional, no encontro de placas tectônicas e grandes profundidades, 
está relacionado a altas temperaturas e grande pressão;
• alta pressão, como o nome já nos diz, está vinculado a grandes pressões e sua localização 
é próxima a arcos vulcânicos e contatos de placas tectônicas;
• assoalho oceânico, quando a interação da água do mar e do magma basáltico gera 
metamorfismo;
• soterramento, com o aumento do gradiente térmico e pressão pelo afundamento de rochas, 
em especial rochas sedimentares;
• impacto, gerado pela onda de choque e calor da colisão de meteoritos.
Considerações finais
A compreensão da formação e das alterações das rochas nos proporciona mecanismos de 
análise da paisagem muito importantes. Ter claro a constante mudança dos ambientes geológicos 
e geográficos nos auxilia a planejar e a estudar o espaço geográfico. Nosso objetivo aqui é que 
tenhamos as noções básicas de interpretar a paisagem, sua história de formação, suas potencialidades 
e limitações, tendo em vista a dinâmica dos processos geológicos, sendo fundamental não apenas a 
compreensão dos termos mais técnicos, mas também dos processos e da visão sistêmica.
Ciclo de formação e alteração das rochas 43
Ampliando seus conhecimentos
• CARNEIRO, C. D. R., GONÇALVES, P. W., LOPES, O. R. O ciclo das rochas na natureza. 
Terræ Didática, n. 5, v. 1, p. 50-62, 2009. Disponível em: https://www.ige.unicamp.br/
terraedidatica/v5/pdf-v5/TD_V-a5.pdf. Acesso em: 24 abr. 2019.
Nessa obra, os autores apresentam de forma didática o ciclo das rochas na natureza e 
outros conceitos de geologia. Pode ser utilizada como leitura complementar ou no ensino 
de Geografia ou Educação Ambiental.
• MHE – Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert. Unesp. Disponível em: https://
museuhe.com.br/rochas/. Acesso em: 24 abr. 2019.
Como já mencionado em outros capítulos, o Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz 
Ebert apresenta um relevante banco de dados, não apenas de minerais, mas também de 
rochas, com textos explicativos e descrição de tipos de rochas.
• CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Rochas. 4 jul. 2015. Disponível em: http://www.cprm.
gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-Bibliotecas---Rede-Ametista/Canal-Escola/
Rochas-1107.html. Acesso em: 24 abr. 2019.
CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Carvão mineral. 18 ago. 2014. Disponível em: http://
http://www.cprm.gov.br/publique/Redes-Institucionais/Rede-de-Bibliotecas---Rede-
Ametista/Canal-Escola/Carvao-Mineral-2558.html. Acesso em: 24 abr. 2019.
O CPRM disponibiliza uma série de materiais informativos, entre eles destacamos aqui o 
Canal Escola da Rede Ametista, nele inúmeros temas são trabalhados com uma linguagem 
acessível e imagens ilustrativas. Como sugestão temos uma revisão dos tipos e rochas e um 
especial sobre a formação do carvão mineral.
Atividades
1. Descreva a formação das rochas ígneas. Considere a diferenciação do magma e dos ambientes 
de formação.
2. De que maneira uma rocha sedimentar pode auxiliar na compreensão das mudanças 
paleoambientais pelas quais a Terra passou?
3. Ao analisarmos um afloramento de rochas metamórficas na paisagem, o que podemos 
compreender desse ambiente geológico?
Fundamentos da Geologia44
Referências
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Glossário. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/secex_
consumo/_arquivos/10%20-%20mcs_glossario.pdf. Acesso em: 25 abr. 2019.
CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Disponível em: http://sigep.cprm.gov.br/glossario/. Acesso em: 24 abr. 
2019.
GROTZINGER, J. Para entender a Terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
GUERRA, A. T. Dicionário geológico-geomorfológico. 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: IBGE, 1987.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Glossário Geológico. Disponível em: https://biblioteca.
ibge.gov.br/visualizacao/monografias/GEBIS%20-%20RJ/glossariogeologico.pdf. Acesso em: 24 abr. 2019.
ITCG – Instituto de Terra, Cartografia e Geologia do Paraná. Glossário de termos geológicos. Disponível em: 
http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.php?conteudo=M. Acesso em: 25 abr. 2019.
LEINZ, V.; AMARAL, S. E. do. Geologia geral. 14. ed. rev. São Paulo: Nacional, 2001.
MATEO RODRIGUEZ, J. M. Geoecologia das paisagens: uma visão geossistêmica da análise ambiental. 2. ed. 
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MUSEUHE – Museu de Minerais, Minérios e Rochas Heinz Ebert. Minerais. Disponível em: https://museuhe.
com.br/minerais/. Acesso em: 25 abr. 2019.
POMEROL, C. et al. Princípios de geologia: técnicas, modelos e teorias. 14. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.
POPP, J. H. Geologia geral. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2010.
RIBEIRO, H. J. P. S. Estratigrafia de sequências: fundamentos e aplicações. São Leopoldo: Unisinos, 2001. 
SILVA, C. R. da. Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado para entender o presente e prever o futuro. Rio 
de Janeiro: CPRM, 2008.
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USGS – Science for a changing world. Volcano Hazards Program. Glossary. Disponível em: https://volcanoes.
usgs.gov/vsc/glossary/. Acesso em: 25 abr. 2019.
WICANDER, R. Fundamentos de geologia. São Paulo: Cengage Learning, 2009.
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Dinâmicas internas e externas da Terra
A Terra é um planeta dinâmico e em constante transformação. A interação entre a crosta, 
a astenosfera e o subsistema clima gera processos de modificação do relevo, com impactos 
socioambientais relevantes. Pela análise da paisagem podemos compreender os processos de formação 
do relevo, as áreas de risco para ocupação urbana e as relações entre sociedade e natureza que podem 
potencializar os efeitos de fenômenos naturais. As mudanças climáticas em decorrência da alteração 
do uso e cobertura do solo, do aumento de gases de efeito estufa, e extinção de biomas vêm alterando 
processos da dinâmica externa da Terra. Já em relação às dinâmicas internas, temos por um lado 
os danos causados nas populações que habitam áreas de atividades, e em outro o crescente

Outros materiais