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Teoria Geral do ProcessoTeoria Geral do Processo Parte V – Do processo 2ª ptParte V – Do processo 2ª pt Juliano Carneiro Veiga juliano.carneiro@soebras.edu.br 2.4.1 Sujeitos do Processo (arts. 70 a 187 do CPC): a) Juiz: sujeito imparcial do processo, a quem incumbe tratar de modo isonômico as partes, assegurando a observância dos princípios instituido- res do devido processo legal – ver art.139 do CPC. A quebra da imparciali- dade pode gerar suspeição ou impedimento do juiz (arts. 144 a 148) b) Partes: são os sujeitos parciais do processo que participam em contra- ditório da formação do resultado do processo, sujeitando-se aos deveres de lealdade e cooperação, sob pena de responderem pelos abusos e se- rem sancionadas por litigância de má-fé (ver art. 80 do CPC). Obs: é importante distinguir a parte da relação de direito material e a parte da relação processual (sentido formal). Quase sempre quem atua no processo reúne as duas condições, mas há casos de substituição processual e na ação penal o MP, titular da ação, é parte apenas no sentido formal 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. Obs: cumulação de pedidos e cumulação de pessoas: a) A cumulação de pedidos (cumulação objetiva) surge com a formulação de vários pedidos compatíveis pela via de um único procedimento. Pode ser própria (solicitação de que todos os pedidos sejam acolhidos) ou imprópria (vários pedidos e apenas um deles poderá ser acolhido). Esta divide-se em eventual/subsidiária/de pedidos sucessivos (há uma ordem a ser seguida, consoante definido pelo demandante) ou alternativa (não há hierarquia/ordem entre os pedidos) b) A cumulação de pessoas (cumulação subjetiva) implica no agrupamento de várias partes ou contrapartes (autores ou réus), configurando o que se denomina de litisconsórcio. O litisconsórcio pode ser assim classificado: - necessário (por força de lei) ou voluntário (facultativo - pela livre delibe- ração dos interessados); - ativo (vários autores) ou passivo (vários réus); - inicial (formado na instauração do procedimento) ou ulterior (durante o iter procedimental); - simples (quando a sentença decide de modo não uniforme para todos os Litisconsortes) ou unitário (quando decide de modo uniforme para todos); - multitudinário - formado por um número considerável de partes. Obs: Intervenção de terceiros: Terceiros são pessoas estranhas ao processo, mas que nele intervêm por iniciativa própria ou por convocação de uma das partes em razão de interesse jurídico que ampara o exercício de alguma pretensão ou que possa sujeitá-las aos efeitos da sentença. Exemplos: - assistência: forma de intervenção espontânea em que o terceiro intervém ao lado de uma das partes objetivando que a sentença seja favorável à parte assistida (art. 119 do CPC) - denunciação da lide (art. 125-129) e chamamento ao processo (art.130- 132): formas de intervenção provocada de terceiros, tendendes a possibi- tar que se efetive, no próprio processo, o exercício do direito de regresso em favor do denunciante ou do chamado (ex: ações de indenização – denunciação à seguradora; cobrança – chamamento do afiançado ou demais fiadores). 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.1 Sujeitos do Processo (arts. 70 a 187 do CPC): c) Advogados: representantes das partes – devem estar regularmente Inscritos na OAB. Ao postularem em favor do constituinte, são parciais OBS: ver art. 77 do CPC – deveres das partes e dos procuradores d) Ministério Público: pode atuar como parte ou fiscal da ordenamento (ver art. 178 do CPC), incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.4 Sujeitos do Processo: e) Defensoria Pública: exerce a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, de forma integral e gratuita (arts. 185-187) f) Advocacia pública: incumbida de defender e promover os interesses públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, por meio da representação judicial das pessoas jurídicas de direito público que integram a administração direta e indireta (arts. 182-183) g) Auxiliares do juízo: o escrivão (art. 152), o oficial de justiça (art. 154), o perito (arts. 156 a 158), os conciliadores e mediadores (arts. 165 a 175), o depositário e o administrador (arts. 159 a 161), o intérprete e o tradutor (arts. 162 a 164), 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.2 Dos atos processuais: Os atos processuais são todos os atos jurídicos praticados no processo. A maioria dos atos processuais obedece à forma escrita, havendo alguns atos praticados na forma oral (ex: audiências, tribunal do júri). A lavratura e o registro desses atos tradicionalmente se faz em folhas de papel. O conjunto dessas, juntamente com os documentos juntados por petição, formam os autos do processo. Com o processo eletrônico (PJE) esses autos são substituídos por autos digitais em processos eletrônicos – ver Lei 11.419/06 e arts. 193 a 199 do CPC. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.2 Dos atos processuais: 2.4.2.1 Espécies de atos processuais: a) termos: registros de ocorrências processuais firmados pelo escrivão ou chefe de secretaria (ex: termos de movimentação: de juntada, vista, intimação, conclusão, etc), bem como de registro das ocorrências da audiência (termo de audiência - art. 367 do CPC e 405 do CPP) e dos depoimentos prestados pelas partes e testemunhas (assentada). OBS: auto: subespécie de termo processual que descreve e registra fato processual ocorrido for a dos autos (ex: auto de inspeção, de penho- ra, de busca e apreensão, de adjudicação e arrematação, etc. b) atos do juiz: são os pronunciamentos do juiz no curso do processo. São de 3 espécies: i) despacho; ii) decisão interlocutória; iii) sentença. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. i) despacho: ato de movimentação processual para o qual não se Estabelece forma determinada. Em geral, os despachos têm função Ordenatória, sendo denominados de despachos de expedientes, não Cabendo recurso contra eles. No entanto, caso extrapolem a mera movimentação e apresentem conteúdo decisório, há possibilidade de impugnar o ato pela via recursal. ii) decisão interlocutória: decisão que versa sobre um incidente do proces- So, ou seja, sobre uma questão surgida no curso processual iii) sentença: é a decisão final da causa, podendo ser definitiva (quando implica na resolução do mérito (ex: art. 487 do CPC), julgando procedente ou improcedente o pedido contido na inicial ou na denúncia) ou terminati- va (quando extingue o processo mas não julga o mérito (ex: 485 do CPC) por falta de pressuposto processual ou outra circunstância que impediu ou tornou desnecessário o julgamento). 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.3 Comunicação dos atos processuais: 2.4.2.1 Citação: A citação é o ato processual de comunicação pelo qual se convoca o réu (inclusive o executado) ou interessado para integrar o processo (art. 238). É uma condição de eficácia do processo em relação ao réu (não de exis- tência do processo), sendo requisito de validade para todos os atos que lhe seguirem (art. 239 do CPC) Ex: sentença proferida sem a citação do réu gera nulidade passível de ser decretada a qualquer tempo, mesmo após o decurso do prazo da ação rescisoria – vício transrescisório. Tem duas funções: a) Cientificar o sujeito acerca do teor da demnada formulada; b) Convocar-lhe para ir a juízo. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.3Comunicação dos atos processuais: 2.4.2.2 Intimação: A intimação é o ato processual pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e dos termos do processo (art. 269 do CPC) A intimação pode ser dirigida às partes, aos auxiliares da justiça ou a terceiros para que realizem determinado ato no processo. A intimação das partes é feita, como regra, na pessoa de seus advogados (exceção – intimação pessoal para prestar depoimento em juízo, para dar andamento ao feito sob pena de extinção). 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.4 Do procedimento: 2.4.4.1 Conceito: Relembrando: o procedimento é condição estrutural do processo, consubstanciada no rito, na maneira ou modo como são praticados os atos processuais. Organiza a estrutura / ordem sequencial que estabe- lece o momento próprio para a prática de cada ato processual, em uma relação espaço-temporal, segundo o modelo legal, em que o ato inicial é sempre pressuposto (condição) do ato conseguinte e este como exten- são do ato antecedente e, assim, sucessivamente, até o provimento final. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.4.2 Tipos de procedimento: a) procedimento comum: atende à generalidade das pretensões, ou seja, é o procedimento-regra adotado todas as vezes que não houver disposi- ção prevento a adoção de um procedimento especial (art. 318 do CPC) b) procedimentos especiais: são adotados por exceção quando há algu- ma particularidade que escapa ao alcance do tratamento procedimento comum. São previstos nos códigos de processo ou em leis que disciplinam Determinadas ações (ex: Lei de alimentos) OBS: No juizado especial cível é adotado o procedimento sumaríssimo, em observância a 2 critérios: ratione valoris (valor máximo de 40 salários mínimos) e ratione materiae (contemplam determinadas causas que antes se sujeitavam ao procedimento sumário (CPC de 73), não mais previsto no atual CPC. Ver artigo 3º c/c 8º da Lei 9.099/95. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.4.2 Tipos de procedimento: OBS: No juizado especial cível é adotado o procedimento sumaríssimo, em observância a 2 critérios: ratione valoris (valor máximo de 40 salários mínimos) e ratione materiae (contemplam determinadas causas que antes se sujeitavam ao procedimento sumário (CPC de 73), não mais previsto no atual CPC. Ver artigo 3º c/c 8º da Lei 9.099/95. OBS: O CPP também divide os procedimentos em comum e especial (art. 394), sendo que o procedimento comum contempla 3 possibilidades: a) procedimento ordinário; b) procedimento sumário; c) procedimento sumaríssimo. Os procedimentos comum e sumário se distinguem em função da pena cominada ao crime (ref. 4 anos), enquanto o sumaríssimo destina-se ao processamento das infrações penais de menor potencial ofensivo, de competência dos juizados especiais criminais (ver arts. 60 e 61 da Lei 9.099/95. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.4.3 Fases do procedimento: A estrutura do procedimento pode ser decomposta em diferentes fases, consoante a natureza dos atos processuais praticados em cada uma delas a) fase postulatória: destinada à postulação do direito, compreendendo Desde a petição inicial/denúncia/queixa, a resposta/defesa do réu até A réplica do autor. b) fase de saneamento e organização do processo: fase em que o juiz ordena o processo e determina que sejam sanadas eventuais nulidades ou irregularidades, resolvendo questões processuais pendentes. c) fase instrutória: fase em que se concentra a atividade probatória, com a realização da audiência de instrução e julgamento, na qual há a colheita das provas orais e são apresentadas as alegações finais das partes. d) fase decisória: fase na qual será prolatada a sentença. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.4.3 Fases do procedimento: OBS: não há uma rigidez na caracterização de cada uma das fases, mas apenas a predominância da atividade própria de cada uma. Por exemplo, na fase postulatória as partes já devem juntar os documentos de que dispõem (prova documental), bem como o juiz já pode adotar providência típica de saneamento ao despachar a inicial (determinar a emenda para sanar irregularidade). Além disso, no processo civil pode haver o julga- mento antecipado do mérito, dispensando a fase instrutória, com a ante- cipação da fase decisória, como ocorre quando o réu é revel e foram aplicados os efeitos da revelia ou a produção de provas em audiência não se revela necessária (ver art. 355 do CPC) 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.5 Preclusão: 2.4.5.1 Conceito: Preclusão é a perda de um poder jurídico processual, fundamentada nos princípios da segurança jurídica, da boa-fé processual e da duração razoável do processo – perda da oportunidade de praticar um ato proces- sual. OBS: pode ocorrer tanto em relação às partes quanto em relação ao juiz (preclusão pro judicato – óbice ao juiz de decidir novamente as questões Já decididas no processo (art. 505 do CPC). OBS: quando se fala que a matéria está preclusa significa que ela já não pode ser objeto de manifestação e apreciação no processo 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.5 Preclusão: 2.4.5.2 Espécies: a) Preclusão temporal: perda do poder em razão do não exercício no prazo fixado. Ex: apresentação de contestação – prazo de 15 dias – não apresentou tempestivamente, ocorre a perda do poder de apresentá-la; b) Preclusão lógica: perda do direito de praticar um ato em razão da práti- ca de um ato com ele incompatível (aplicação do venire contra factum proprium). Ex: pedido de desistência – juiz homologa – não direito de recorrer contra essa decisão; julgamento antecipado da lide com dispen- sa da produção de provas – não pode julgar improcedente por falta delas. c) Preclusão consumativa: perda do poder processual em razão do exer- cício desse poder. Ex: direito de recorrer – recorreu – perdeu o direito de apresentar novamente o mesmo recurso. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.6 Coisa julgada: 2.4.6.1 Conceito: A coisa julgada constitui fenômeno que torna imutável a sentença/acordão prolatado, por não mais ser cabível o manejo de qualquer recurso. A coisa julgada resulta da preclusão máxima, ensejando em situação jurídica irreversível de todo o procedimento. Configura-se, em princípio, no limite do objeto mediato do pedido (res in judicium deducta). Assim, os limites objetivos da coisa julgada são demarcados pelo pedido, que deve ser, em regra, certo e determinado (art. 322 e 324 do CPC). OBS: limites subjetivos da coisa julgada: referem-se às pessoas atingidas pelos efeitos diretos da sentença transitada em julgado – eficácia erga omnes (vale para todos) efeitos inter partes ou para quem esteja em situação idêntica, como ocorre em direitos difusos. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. 2.4.6 Coisa julgada: 2.4.6.2 Espécies: a) coisa julgada formal: em princípio, a imutabilidade decorrente do trânsi- to em julgado é relativa (coisa julg. formal). Nesta, opera-se a preclusão das questões que foram ou poderiam ser deduzidas no processo em que a sentença foi proferida, sem produzir consequências além dos limites desse Processo (efeito preclusivo endoprocessual). Assim, a sentença que fez coisa julgada apenas do ponto de vista formal é passível de revisão em outro processo. Ex: ação de alimentos – cabe reanálise em ação revisional ou de exoneração de alimentos; sentenças que extinguem o processo sem resolução do mérito, etc. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa eProcesso. 2.4.6.2 Espécies: b) coisa julgada material: imutabilidade decorrente do trânsito em julgado Que implica na preclusão de qualquer questão futura, vinculando os Juízes de futuros processos. Assim, o efeito preclusivo da coisa julgada Material é panprocessual. OBS: essa imutabilidade não é absoluta, uma vez que pode ser afastada nas hipóteses que comportam ação rescisória (art. 966 do CPC), cujo prazo para propositura é de 2 anos a contar do trânsito em julgado da sentença (art. 975 do CPC) – prazo decadencial. OBS: no processo penal, a imutabilidade da sentença é secundum litis, ou seja, não cabe revisão se for pro reo (ex: absolvição), mas cabe revisão criminal nas sentenças contra reo, não havendo prazo estabele- cido para a sua propositura (art. 622 do CPP),sendo que apenas o réu pode requerê-la. 2. Faculdades Fundamentais do Direito Processual: Jurisdição, Ação, Defesa e Processo. Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21
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