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* diana02limarocha@gmail.com – Bacharelado em Engenharia Civil pela Instituição de Ensino UNIS-MG ** leonardomelo57@outlook.com - Bacharelado em Engenharia Civil pela Instituição de Ensino UNIS-MG *** liliandafonsecasantos@yahoo.com.br - Bacharelado em Engenharia Civil pela Instituição de Ensino UNIS- MG **** sabrinamendes900@yahoo.com.br - Bacharelado em Engenharia Civil pela Instituição de Ensino UNIS- MG ***** thaynabibi@hotmail.com - Bacharelado em Engenharia Civil pela Instituição de Ensino UNIS-MG ****** Ivan.franklin@unis.edu.br ******* yago.cruz@unis.edu.br PROJETO INTERDISCIPLINAR DE CURSO: ESTUDO SOBRE ATAQUE DE CLORETOS AO CONCRETO ARMADO Diana de Lima Teixeira* Leonardo Melo Figueiredo ** Lilian da Fonseca Santos*** Sabrina Godoy Rodrigues**** Thayna Bianca Dias Azevedo***** Orientadores: Ivan Franklin Júnior****** Yago Petrim Cruz******* RESUMO A corrosão é um processo de deterioração de um material por ação química, O processo ocorre com a reação de cloretos presente no ambiente, fazendo com que as armaduras sejam corroídas gradativamente quebrando a camada pacificadora do concreto. A agressividade Ambiental consiste como fator de segurança, sendo divididas em quatro classes, fraca, moderada, forte e muito forte, definidas por região. Em áreas litorâneas sendo ela a mais forte. Com a variação de água cimento em cada classe de agressividade, realizamos um procedimento experimental para comprovar que a relação água/cimento e as classes de agressividade ambiental estão relacionadas e seu estudo é primordial para a determinação da profundidade de cobrimento de armaduras. Palavra-chave: Concreto, penetração de cloreto, agressividade ambiental. mailto:diana02limarocha@gmail.com mailto:leonardomelo57@outlook.com mailto:liliandafonsecasantos@yahoo.com.br mailto:sabrinamendes900@yahoo.com.br mailto:thaynabibi@hotmail.com mailto:Ivan.franklin@unis.edu.br 2 1 INTRODUÇÃO Em dias atuais a necessidade de investimentos e pesquisas relacionadas ao uso concreto cresceu demasiadamente, devido ao crescimento populacional e a necessidade de expansão da infraestrutura urbana . O concreto depois da água (H2O) é hoje o segundo material mais utilizado no mundo (METHA & MONTEIRO, 1994). Em seu estudo busca-se o aprimoramento da trabalhabilidade, durabilidade, maior resistência mecânica e resistência agentes patológicos causados pela corrosão das armaduras como ataque de cloretos, sulfatos dentre outros. O que nos leva ao um precoce envelhecimento e deterioração das estruturas. A resistência mecânica e a resistência a compressão foram por muito tempo fatores relevantes e decisivos para um concreto de boa qualidade. Entretanto, no século XX começou a apresentar manifestações patológicas de grandes intensidades e incidência, e sempre com elevados custos de recuperação (HELENE, 1993). Com o avanço dos estudos constatou-se que a durabilidade está relacionada as propriedades do material, seu processo de fabricação e a sua exposição ao longo do tempo em um determinado ambiente. A relação água/cimento é um dos fatores que exerce grande influência na penetração de cloretos por determinar características como porosidade, capacidade de absorção e permeabilidade da pasta de cimento hidratada (LOPES, 1999). Quanto maior a relação água/cimento, maior será a porosidade e permeabilidade de um concreto e, a princípio, maior será a penetração de cloretos. A temperatura também é um parâmetro muito importante na penetração de cloretos, pois afeta a velocidade das reações químicas (REPETTE, 1997). E a idade é um dos principais fatores que influenciam o ingresso dos cloretos no concreto, pois com a evolução da hidratação a porosidade vai diminuindo e os vazios vão sendo gradativamente preenchidos pelos compostos, que se formam no decorrer do tempo (NEVILLE, 1997). Uma boa compactação, tempo de cura, escolha do tipo de material e uma relação agua/cimento adequados, garantem ao concreto maior resistência e durabilidade contra a penetração de cloretos. Referenciando o brasil com sua considerável costa marítima, fica inevitável o contato e possível contaminação por esse íon agressivo as estruturas, deste modo as industrias buscam utilizar concretos cada vez mais densos e impermeáveis investindo em ensaios e pesquisas para uma boa concretagem e na eficiência de produtos de reparos e proteção, aplicados como 3 tratamento superficial contra novos ataques já que tais reparos exigem um auto custo financeiro e diversos transtornos ao usuário dentre outros fatores. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 Corrosão da Armadura por Ataque de Íons de Cloreto Gentil (2003) descreve corrosão como “a deterioração de um material, geralmente metálico, por ação química ou eletroquímica do meio ambiente aliada ou não a esforços mecânicos”. Fazendo uma análise sobre o estudo do ataque de cloretos no concreto armado, as partes estruturais suscetíveis a esse ataque serão o concreto e a armadura, porém a parte danificada que merece uma maior atenção é a armadura. De forma geral, especificamente, em relação a armadura do concreto armado, pode-se definir corrosão da armadura como um processo eletroquímico que tem como consequência a deterioração do aço causando perda de funcionalidade. Para que o processo corrosivo ocorra, é necessário que (BOHNI, 2005): ➢ Haja uma diferença de potencial ente dois pontos da armadura, possibilitando o fluxo de elétrons; ➢ O concreto esteja úmido garantindo a existência de um eletrólito; ➢ O oxigênio esteja presente, possibilitando a relação catódica; ➢ Ocorra o rompimento da camada passivadora da armadura, podendo ser pela ação de íons cloreto ou pela carbonatação do concreto. As reações básicas no íon cloreto se dá tanto no concreto como no aço. No concreto o íon cloreto (Cl¯) reage com a água (H2O) e produz ácido clorídrico (HCl) mais oxigênio (O²), o íon clorídrico vai ser responsável por abaixar o pH do concreto e quebrar a camada passivadora do aço. Em seguida, vai ser estabelecida uma reação do íon cloreto (2Cl¯) com o íon de ferro (Fe⁺⁺), gerando o cloreto ferroso (FeCl2) que por ser muito instável vai reagir com a hidroxila (2HO) e formar o hidróxido de ferro (Fe(HO)2) somando-se ao íon cloreto novamente (2Cl¯). O íon de cloreto iniciará a mesma reação novamente até formar um ciclo repetido e corroer o aço em um único ponto. (ANDRADE, 2016) Concreto: { Cl¯ + H2O = HCl + O² 4 Aço: {2Cl¯ + Fe⁺⁺= FeCl2 { FeCl2 + 2HO = Fe(HO)2 + 2Cl¯ A despassivação pode acontecer também através da carbonatação, que pela ação do gás carbônico da atmosfera, penetra por difusão e reage com os hidróxidos alcalinos da solução dos poros do concreto, reduzindo seu pH. A despassivação deletéria só ocorre de maneira significativa em ambientes de umidade relativa abaixo de 98% e acima de 60%, ou em ambientes sujeitos a ciclos de secagem e molhagem, possibilitando a instalação de corrosão. (HELENE, 1997). De acordo com Andrade (2016) é importante ressaltar que a carbonatação em si, não corroe, ela se torna apenas um veículo de corrosão. Devido a essa ação, é possível diferenciar visivelmente a carbonatação de um ataque por cloreto, como a carbonatação ocorre de maneira generalizada, ela se espalha por uma grande superfície da armadura, e o ataque de cloretos se concentra em um único ponto formando os pites, conforme a imagem a seguir: Figura 1: corrosão por carbonatação e por ataque de cloretosFonte: (PESSÔA) 2.2 Classes Agressividade Ambiental A agressividade ambiental é um fator contribuinte para a danificação estrutural de uma obra, as mesmas devem conter uma certa durabilidade onde fatores podem contribuir para a danificação. É importante conhecermos esses fatores de danificação para um melhor planejamento e execução da obra. 5 A NBR 6118 em seu item 5.1.2.3 define "Durabilidade - Consiste na capacidade da estrutura resistir às influências ambientais previstas e definidas em conjunto pelo autor do projeto estrutural e pelo contratante, no início dos trabalhos de elaboração do projeto.” Devida a estas circunstâncias, devemos averiguar as condições ambientais como fator de risco. As ações químicas e físicas exercem sobre a obra de maneira direta, independente da circunstância mecânica e/ou estrutural. O responsável pelo projeto estrutural deve em primeira instância averiguar as particularidades do ambiente onde será localizada a obra. Após esse procedimento com o auxílio da tabela de classes de agressividade ambiental (CCA) deve-se classificar o fator agressividade do ambiente. Tabela 01: Classes de agressividade ambiental Classe de agressividade ambiental Agressividade Classificação geral do tipo de ambiente para efeito de projeto Risco de deterioração da estrutura I Fraca Rural Insignificante Submersa II Moderada Urbana Pequeno III Forte Marinha Grande Industrial IV Muito Forte Industrial Elevado Respingos de maré Fonte: (NBR 6118, 2009) Esta análise é fator fundamental na concepção do projeto, pois assim podemos definir os valores mínimos que devemos respeitar na envoltura da armadura, e as características mínimas de resistências que devem ser adquiridas. Os cloretos são encontrados em maior intensidade em áreas litorâneas, podendo ser até 40 vezes maior do que em áreas rurais, dessa maneira o ambiente caracteriza-se com fator elevado de risco de deteriorizar estabelecendo um profundo preparado para execução da obra. 6 Com os fatores estabelecidos é de responsabilidade do autor da obra seguir as indicações de segurança de acordo com a NBR 6118, podemos analisar que em cada tipo de estrutura e componente á uma classe de agressividade, nos definindo os cobrimentos mínimos para uma boa impermeabilidade. Tabela 02: Correspondência entre a classe de agressividade ambiental e o cobrimento nominal para ∆c = 10mm Tipo de estrutura Componente ou elemento Classe de agressividade ambiental I II III IV Cobrimento nominal mm Concreto armado Laje 20 25 35 45 Viga/pilar 25 30 40 50 Elementos estruturais em contato com o solo 30 40 50 Concreto protendido Laje 25 30 40 50 Viga/pilar 30 35 45 55 Fonte: (NBR 6118, 2009) 2.3 Relação fator água/cimento A relação água/cimento é a mistura de água e cimento, suas funções está ligada diretamente a resistência, durabilidade e impermeabilidade. Essas funções podem ser comprometidas se mistura inicial não for bem realizadas, fatores como a porosidade e a permeabilidade podem ser pertinentes para uma boa mistura. A qualidade do concreto está diretamente associada com o fator agua/cimento, conforme a classe de agressividade e o tipo de elemento estrutural, aplicamos a relação ideal para adquirirmos os fatores de resistência e impermeabilidade predefinidos como podemos observar na tabela abaixo: 7 Tabela 03: Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto Concreto Tipo Classe de agressividade I II III IV Relação água/cimento em massa CA ≤ 0,65 ≤ 0,6 ≤ 0,55 ≤ 0,45 CP ≤ 0,6 ≤ 0,55 ≤ 0,5 ≤ 0,45 Classe de concreto (ABNT NBR 8953) CA ≥ C20 ≥ C25 ≥ C30 ≥ C40 CP ≥ C25 ≥ C30 ≥ C35 ≥ C40 Fonte: (ABNT 6118, 2009) 2.4 Concentração de cloretos Para uma boa mistura devemos levar em consideração a qualidade e propriedades químicas da água, os fatores principais a serem analisados são os cloretos, sulfatos, álcalis e a contaminação prejudicial. Podemos observar na tabela abaixo os limites para os cloretos de acordo segundo sua usabilidade final. Tabela 04: Correspondência entre a classe de agressividade e a qualidade do concreto Uso Final Teor máximo de cloreto mg/L Procedimento de ensaio Concreto protendido ou graute 500 ABNT NBR 15900-6 Concreto armado 1000 Concreto simples (sem armadura) 4500 Fonte: (ABNT 6118, 2009) Os agregados com reativos álcalis, devem ser combinados com ensaios normatizados pela ABNT NBR15900-onde a quantidade de Na Cl não deve exceder a 1.500mg/L. 8 Os cloretos podem ser encontrados em diversos ambientes, e com isso atingindo diversas categorias construtivas, a maior concentração existente é nas áreas litorâneas isso não define que não conseguimos encontrar em outros ambientes, podemos encontrar em áreas urbanas e rurais, em solos e até mesmo na atmosfera, em razão disso que utilizamos as classes de riscos ambientais. 3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Neste item descreve-se a metodologia usada nos procedimentos experimentais para a confecção dos corpos de prova, o processo usado para simular uma alta classe de agressividade ambiental e os resultados encontrados a partir de experimentos químicos. A confecção dos corpos de prova teve como elemento alterado a relação água/cimento, nos proporcionando três traços (rico, básico e pobre) para usarmos como parâmetro comparativo. 3.1 Caracterização do Material 3.1.1 Aglomerante O aglomerante utilizado foi o cimento Portland CPV-ARI, optamos por essa classe pois a agilidade na cura dos corpos de prova era um fator indispensável na situação onde nós nos encontrávamos. A determinação da massa específica foi dada a partir da NBR NM 23, na qual se faz uso do frasco Le Chatelier, onde adicionamos uma amostra de cimento e uma determinada quantidade de líquido que não reaja com o cimento, usamos querosene, e a alteração no volume do líquido foi a base para os resultados. A resistência do cimento foi previamente disposta da NBR 5733, na qual se estabelece um limite inferior para os 7 dias de idade. O resultado obtido foi uma massa específica de 2,62 kg/dm³. 3.1.2 Agregado Miúdo O agregado miúdo escolhido foi a areia média seca de rio. A massa específica da areia a ser utilizada foi obtida por auxílio do método NBR 9776, no qual se utiliza a amostra de areia, a quantidade estabelecida de água e o frasco Chapman, que assim como o método usado para o cimento, o resultado é obtido através do deslocamento de volume total. O seu módulo de finura foi dado através dos ensaios de granulometria consultado na NBR NM 248, classificando deste 9 modo a dimensões dos grãos considerados e gerando uma curva granulométrica na qual não foi necessária uma correção. Dos resultados obtidos, constatamos uma massa específica para a areia utilizada de 2,617 kg/dm³ e um módulo de finura de 1,85. 3.1.3 Agregado Graúdo O agregado graúdo escolhido foi a brita 01. Sua massa específica foi obtida através do método da balança hidrostática especificada pela NBR NM 53. Seu diâmetro máximo característico foi obtido pelo ensaio de granulometria da NBR NM 248, e consideramos um diâmetro igual ou imediatamente inferior a 5%. A NBR NM 45 nos auxiliou para a determinação da massa unitária da brita, que com o auxílio de uma balança, recipiente retangular provido de alças e uma haste de adensamento nos deu a massa unitária que inclui o volume de vazios e poros permeáveis. A massa específica da brita resultou em 2,89 kg/dm³, seu diâmetro máximo característico manteve o esperado de 19mm e obtivemos uma massa unitária de 1,47 kg/dm³. 3.2 Dosagem dos Concretos A partir dos resultados obtidos, o cálculo de dosagem para determinação do traço básico foi normalizado pelo método ACI/ABCP. Foram empregadas três relações água/cimentocom o intuito de se obter diferentes níveis de porosidade nos concretos moldados. Esta variação no fator água/cimento possibilita uma comparação do desempenho dos concretos frente a penetração de íons cloreto no processo de corrosão. Todos os corpos de prova foram confeccionados nas dimensões de 10x20cm com a mesma faixa de trabalhabilidade de 100±20mm determinados através de ensaios de abatimento do tronco de cone normalizado pela NBR NM67. A condição A-B-C determinada foi a A, obtendo-se um desvio padrão de 4, considerado rigoroso. As consultas feitas pelo método ACI/ABCP resultaram em um Fck de 20 Mpa que através do ábaco denominado curva de Abrams estabelecemos uma relação água/cimento de 0,523. Os cálculos de consumo de material manteve a mesma linha de cálculo do método e os resultados obtidos estão constados na tabela abaixo: 10 Tabela 05: Volume e consumo de cada material para o traço em massa final: Material Volume (m³) Consumo (kg/m³) Cimento - 391,97 Areia 0,25 664,02 Brita 0,77 1131,9 Água - 205 Fonte: Os autores O traço em massa final obtido foi de 1: 1,69: 2,89: 0,523. Considerando um volume de 18 corpos de prova, seis para cada tipo de traço, obtivemos um volume total de 9,425 dm³. A primeira determinação de quantidade de material foi de: Tabela 06: Traço base em massa. Massa de cimento (kg) 3,69 Massa de areia (kg) 6,26 Massa da brita (kg) 10,67 Massa de água (l) 1,93 Fonte: Os autores Foram necessárias duas correções, nas duas a quantidade prevista de água foi insuficiente e as quantidades de materiais acrescentadas foram de: Tabela 07: Correções feitas à partir do traço base em massa: 1º Correção 2º Correção Adição de brita (kg) 1,05 Adição de brita (kg) 0,1 Adição de água (l) 0,5 Adição de água (l) 0,05 Fonte: Os autores Por fim, determinamos o traço básico adequado, e consequentemente podemos obter o traço pobre e rico: 11 Tabela 08: Traços obtidos: Traço básico 1 1,56 2,17 0,475 Traço rico 1 1,02 1,71 0,37 Traço pobre 1 2,1 2,63 0,58 Fonte: Os autores 3.3 Moldagem e cura dos corpos de prova Nenhuma correção para o concreto de traço rico e pobre foram necessárias, e o procedimento para a moldagem e cura dos corpos de prova foram normatizadas pela NBR 5738. Após 24 horas dentro do molde, os corpos de prova foram desmoldados e colocados em um tanque de água por 7 dias para promover uma cura adequada, que manteve a hidratação do cimento. 3.4 Repouso em Solução de NaCl Após esse período, os corpos de prova ficaram submersos 9 dias em uma solução de NaCl de 32% de concentração, essa concentração considerada máxima foi usada para que em poucos dias tivéssemos bons resultados. A água do mar de todo o mundo tem uma salinidade próxima de 35 (3,5% em massa, se considerarmos apenas os sais dissolvidos, mas a salinidade não tem unidades), o que significa que, para cada litro de água do mar há 35 gramas de sais dissolvidos, cuja maior parte é cloreto de sódio (sua fórmula é NaCl). No nosso experimento, utilizamos uma quantidade de 320 gramas por litro de água, bem acima do elemento que queremos simular, a água do mar, mas para simular de forma fiel, teríamos que usar a concentração da água do mar em um intervalo de dias muito longo e muito superior ao tempo decorrente de fase de construção do projeto interdisciplinar de curso. Contudo, a medida adotada teve o intuito de acelerar o processo, uma vez que o desgaste de estruturas pelos cloretos é algo gradativo em uma escala em relação a uma escala de tempo. 3.5 Ensaio de Compressão Diametral Para uma precisa verificação da penetração dos cloretos, é necessário romper a seção transversal dos corpos de prova ao meio, de tal forma que sua estrutura interna seja regular para realizar medição. Para tal feito, foi preciso realizar o ensaio de resistência à tração por compressão diametral de corpos de prova cilíndricos pela NBR 7222. 12 Os corpos de prova foram posicionados na máquina de compressão em posição horizontal, de modo que toda sua seção longitudinal estava posicionada sobre uma geratriz, entre o corpo de prova e a prensa, foi necessário duas placas de aço e um material semelhante a borracha para distribuir os esforços de maneira uniforme ao longo de toda seção. Os esforços foram aplicados gradativamente até o surgimento da primeira rachadura, após isso, eles se partiam em duas metades e eram liberados para os demais testes. Dentre os 18 corpos de prova testados, a variação de carga para seu rompimento variou muito entre 9Tf e 14Tf, não havendo nenhuma comparação lógica a se fazer em relação aos diferentes traços. 3.6 Aspersão de Nitrato de Prata Para medir a profundida de penetração dos íons de cloreto no concreto foi usado o método colorímetro por aspersão de nitrato de prata (AgNO3), sendo ele um método de fácil aplicação e baixo custo. Quando a solução de nitrato de prata é aspergida na superfície do concreto, ocorre uma reação fotoquímica (Figura 02). Onde há presença de cloretos livres ocorre a formação de um precipitado branco de cloreto de prata. Na região sem cloretos ou com cloretos combinados, há formação de um precipitado marrom, o óxido de prata. Porém como a frente de penetração de cloretos não é regular, isto pode mascarar as medidas de profundidade de ingresso dos cloretos. No caso em que os cloretos estão inseridos na matriz do concreto, a visualização pode tornar-se um pouco mais difícil. (Meck & Sirivivatnanon, 2003; França, 2011; Mota, 2011) Figura 02: Reação fotoquímica causada pelo nitrato de prata. Fonte: Os autores Como a penetração de cloretos não é uniforme, a NT BUILD 492 (2000) recomenda realizar sete medidas a cada 10 mm, sendo o resultado a média entre todas elas (Figura 03). No caso de impossibilidade de leitura pela presença de agregados, deve-se alterar o ponto de medição ou ignorar esta profundidade se houver outras cinco válidas. 13 Figura 03: Ilustração de procedimento de medição Fonte; (NT BUILD 492, 2000) Obedecendo ao método, foi feita sete medições de 10 em 10mm ao logo de toda a extensão dos corpos de prova, com o auxílio de um paquímetro digital e cada face teve sua profundidade média de penetração conforme a imagem abaixo: Figura 04: Respectivamente traço pobre, básico e rico. E o grau de NaCl. Fonte: Os autores 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Como cada corpo de prova teve sua sessão transversal rompida em duas partes, o total de extremidades para cada traço seria de 48, considerado oito extremidades para cada corpo de prova, multiplicando pela quantidade de seis para cada traço. Porém considerando as perdas no 14 momento do rompimento, nós adotamos 37 extremidades para cada traço. Sendo assim, a tabela abaixo traz o valor médio de cada extremidade em relação aos três traços adotados, como devemos definir apenas um valor padrão por traço, calculamos a média e os resultados obtidos foram os seguintes: Tabela 09: Resultados das medições médias de cada fase em relação a cada traço Traço Pobre (mm) Traço Básico (mm) Traço Rico (mm) 12,34 16,5 17,55 19,94 14,58 20,08 8,04 11,67 8,68 13,54 16,16 24,93 18,66 15,62 25,08 10,76 14,04 8,02 13,55 17,95 14,4 15,82 14,95 14,6 8 10,08 12,67 18,07 16,6 23,07 16,75 20,72 11,78 10,29 10,01 17,53 25,35 16,8 23,94 11,46 14,66 14,01 7,51 12,42 17,44 22,25 16,07 30,54 17,68 18,49 13,78 8,55 13 10,56 22,25 24,93 27,69 14,95 13,41 15,1 10,27 5,01 9,01 14,09 18,8 12,24 13,25 17,15 18,61 11,12 12,67 10,1 29,41 14,5 31,01 12,2 12,85 16,98 10,04 9,83 7,64 18,03 18,34 17,23 11,24 11,41 11,09 10,15 9,61 8,42 17,58 18,05 17,24 13,86 12,81 18,84 11,58 7,17 9,12 13,72 24,88 - 13,78 8,88 - 8,5 6,92 - 28,71 25,43 - 16,93 14,03 - 9,96 7,28 - Média Aritmética (mm) Média Aritmética (mm) Média Aritmética (mm) 19,83 15,29 10,1Desvio Padrão (mm) Desvio Padrão (mm) Desvio Padrão (mm) 6,17 3,6 2,89 Fonte: Os autores Nota-se que os resultados esperados foram alcançados. O traço básico recomendado para ser usado em zonas com risco de agressividade moderada, onde o risco de corrosão é pequeno teve uma profundidade de penetração mediano aos demais. O traço rico, mais poroso 15 e adequado a zonas de agressividade fraca, onde o risco de corrosão é insignificante teve uma profundidade de penetração alta, enquanto o traço pobre que é menos poroso e mais resistente sendo adequado para zonas de agressividade muito forte teve seu resultado esperado com uma profundidade de penetração bem inferior ao outros. Tabela 10: Comparação entre e relação água/cimento, penetração e grau de agressividade Traços Relação água/cimento Profundidade de Penetração (mm) Classes de Agressividade (a/c) Básico 0,47 15,29 Aprox.: ≤ 0,55 Pobre 0,57 19,83 Aprox.: ≤ 0,65 Rico 0,37 10,1 Aprox.: ≤ 0,45 Fonte: Os autores O desvio padrão muito usado em probabilidade, nos serviu como fonte de análise em relação a variação do grau de penetração em relação as faces dos corpos de prova. Esse fator pode ter sido causado pela mistura não uniforme dos materiais na betoneira, ou no processo de moldagem dos corpos de prova. Pois já excluindo o desvio padrão frequente, alguns corpos de prova apresentaram medidas muito distintas uma das outras. Foi observado também que o agregado graúdo serve como veículo para a penetração de cloretos em traços pobres, pois foi observado que em alguns corpos de prova o grau de penetração de cloretos extrapolava a média e se diferenciava dos demais. A única justificativa plausível para este fenômeno é fato de que a insuficiência de ligante formava uma matriz incapaz de estabelecer um perfeito empacotamento dos grãos. Figura 05: Variação da profundidade de penetração de cloretos. Fonte: Os autores 5 CONCLUSÃO Em virtude dos dados mencionados, concluímos com o experimento que quanto maior a relação água cimento, mais poroso será nosso concreto e maior será a profundidade de 16 penetração de cloretos, contudo, a área de cobrimento das armaduras deve mais grossa, garantindo uma ausência de problemas patológicos em estruturas de concreto. Por fim, aprendemos que a realização de procedimentos práticos é uma forma muito dinâmica de aprender e que a exatidão nos ensaios feitos em laboratório são indispensáveis para bons resultados finais. ABSTRACT Corrosion is a process of deterioration of a material by chemical action. The process occurs with the reaction of chlorides present in the environment, causing the reinforcements to be corroded gradually breaking the pacification layer of the concrete. Environmental aggressiveness consists of a safety factor, divided into four classes, weak, moderate, strong and very strong, defined by region. In coastal areas being the strongest. With the variation of water cement in each class of aggressiveness, we performed an experimental procedure to prove that the relation water / cement and environmental aggression classes are related and its study is primordial for the determination of the depth of armor cover. Keywords: Concrete, chloride penetration, environmental aggressiveness. 17 REFERÊNCIAS ANDRADE, Silvio. Ataque do cloreto no concreto – SA Soluções de Engenharia. Disponível em: <http://sasolucoes.com.br/ataque-do-cloreto-no-concreto/>. Acesso em: 01 de Abril de 2018. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248: Agregados – Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 6p. 2003. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9776: Agregados – Determinação da massa especifica de agregados miúdos por meio do frasco Chapman. Rio de Janeiro, 3p. 1987. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. 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