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ENGENHARIA SUSTENT?VEL/aula1.pdf Disciplina: Engenharia Sustentável Aula 1: Engenharia Sustentável Apresentação As empresas de Engenharia vêm desenvolvendo projetos que visam não só às necessidades humanas, mas também à preservação da natureza e à integração do homem com os ecossistemas existentes, com a mínima alteração possível. Linhas de crédito especiais são ofertadas nos bancos para projetos desse tipo, incentivos fiscais são oferecidos pelo governo, e prêmios são dados às empresas que se empenham para esse fim. Tudo isso só traz melhorias para a população, pois esta viverá em cidades mais verdes, bonitas e ecologicamente corretas, o que, consequentemente, proporcionará uma melhor qualidade de vida. Essa é a Engenharia Sustentável. Descobriremos nesta aula tudo sobre esse conceito. Objetivos Registrar o significado de Engenharia Sustentável e o quanto a sua aplicabilidade é essencial. Compreender a importância da elaboração de projetos de sistemas que integrem a natureza e as organizações humanas visando o mútuo benefício. Interpretar os conceitos ambientais com a finalidade de atuar profissionalmente de modo a preservar o planeta e aprimorar os sistemas de produção. Desafio para o futuro De maneira a atender às necessidades da atual geração sem diminuir as chances de as futuras gerações fazerem o mesmo, um dos desafios deste século se relaciona à expectativa de que as sociedades se tornem social, ambiental e economicamente sustentáveis. Para isso, é necessário rever a visão de mundo, priorizando o pensamento associado que percebe as interdependências entre os fatos sociais, ambientais e econômicos. Acredita- se que o estabelecimento de uma educação comprometida com mudanças de valores e de comportamentos (sejam eles individuais e/ou coletivos) poderá auxiliar na constituição dessas sociedades. Nessa conjuntura, a educação de nível superior tem um papel prioritário à medida que os futuros profissionais são os que trabalharão com os recursos sociais, ambientais e econômicos e, portanto, precisam perceber sua função na busca por transformações sociais e melhoria de bem-estar para as pessoas das gerações atuais e das próximas. Em relação à Engenharia, a atuação de engenheiros/engenheiras pode causar impactos, muitas vezes, prejudiciais à qualidade de vida das pessoas, de outros seres vivos e dos ecossistemas. Logo, é imprescindível que eles possam refletir sobre sua atuação e sejam formados para buscarem soluções sustentáveis para os problemas profissionais que encontrarão, colaborando, assim, com a sociedade na qual atuam (ADEODATO et al., 2004). Engenharia Sustentável A Engenharia Sustentável não é uma nova divisão da Engenharia. Também não se reduz às acepções mais simplistas pertinentes a assuntos ambientais, em oposto ao que muitos pensam. Sem dúvidas, para o engenheiro o meio ambiente deve ser um componente essencial da equação. Na Engenharia, a técnica não pode ser implementada de forma desconectada da viabilidade econômica nem da preocupação ambiental. Resguardar o meio ambiente e garantir que a sociedade se desenvolva: este é o alvo de todas as atuações que garantam a sustentabilidade ambiental. A sustentabilidade versa sobre a conservação dos componentes do ecossistema, objetivando medidas que sejam factíveis a todos os setores das atividades humanas. O conceito é: conseguir o desenvolvimento sem que seja necessário investir contra o meio ambiente. Em 1987 surge o termo sustentabilidade, sendo apresentado oficialmente na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), da Organização das Nações Unidas (ONU), presidida pela ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland. O termo é definido como: “[...] a capacidade de satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades.” Mais tarde, na Cúpula da Terra, popularmente conhecida como ECO 92, foi firmado um acordo por quase todos os países do mundo, no qual eles se comprometiam com a estabilização da concentração dos gases responsáveis pelo efeito estufa, porém não foram definidas metas de redução específicas para cada grupo resultante do encontro. Vale ressaltar que esse acordo sofre revisões periódicas, sendo a mais famosa delas o Protocolo de Quioto, apresentado em 1997. Em 1994, Elkington (2001) criou a Teoria dos Três Pilares (em inglês, Triple Bottom Line), um modelo de desenvolvimento que leva em consideração o desenvolvimento econômico, a qualidade ambiental e a justiça social por meio de uma visão equilibrada de como fazer uso dos recursos naturais, essenciais para que as gerações futuras tenham uma sociedade de prosperidade e justiça, melhor saúde ambiental e melhor qualidade de vida. Legenda: Mundo sustentável | Fonte: Shuttersotck / kotoffei. Os conceitos de sustentável e sustentabilidade têm várias definições publicadas, contudo esses termos têm significados distintos. O termo sustentável pode ser definido como “aquilo que pode ser mantido ao longo do tempo”. A expressão sustentabilidade é o resultado de produzir bens com um menor impacto ambiental, ajudando assim a preservar os recursos naturais para as gerações futuras (HEINBERG, 2007). Magalhães (1998) coloca que o conceito de desenvolvimento sustentável abrange simultaneamente cinco dimensões de sustentabilidade: ia l Espacial Dada pela distribuição mais racional das atividades produtivas e sociais no espaço físico, com ênfase no equilíbrio entre o meio rural e o urbano. Cultural Ligada à questão dos valores da sociedade, da educação, da pluralidade de interesses e necessidades humanas, das peculiaridades de cada sistema cultural. Social Se traduz pela igualdade de direitos e oportunidades Ecológica Que se coloca em favor da harmonização do desenvolvimento e da preservação ambiental, com atenção aos limites dados pela capacidade de suporte dos sistemas envolvidos. Econômica Caracterizada pela alocação mais eficiente dos recursos da produção. Embora existam modelos que apresentem quatro ou mais dimensões (pilares) relacionadas ao desenvolvimento sustentável, é comum o uso de três delas: a social, a ambiental e a econômica (CAVALCANTI, 2012). Esses modelos são, comumente, representados conforme Figura 1. As três dimensões da sustentabilidade: Econômica Ec ol óg icaS oc i Cultural Espacial Para que se obtenha a sustentabilidade, Cavalcanti (2012) idealiza que o desenvolvimento sustentável deve ser visto como um processo socioeconômico no qual o uso de matéria e energia e os impactos ambientais sejam minimizados, o bem-estar social seja maximizado, e o uso dos recursos naturais vise à máxima eficiência, conforme o modelo de funcionamento da natureza, ou seja, fugindo do esbanjamento. Para Osório, Lobato e Castilho (2005), a sustentabilidade é apresentada como a capacidade de manutenção de um estado, enquanto o desenvolvimento sustentável ocorre como um processo para tentar manter um estado de equilíbrio dinâmico de longo prazo, no qual a sustentabilidade é a ideia central. Figura 1: As três dimensões da sustentabilidade (desenhado pelo autor). O sistema dinâmico da natureza De modo simples, o meio ambiente funciona como um sistema aberto, que recebe constantes insumos, processados e transformados em produtos, conforme apresentado na Figura 2 (MOTA, 2004). Figura 2: Modelo termodinâmico da natureza Modelo termodinâmico da natureza Um sistema aberto está constantemente trazendo energia do ambiente. Os animais e os vegetais sobrevivem devido à troca constante dela. Do mesmo modo, as atividades econômicas e humanas precisam importar energia do meio ambiente, pois vivem por sua causa. As atividades econômicas e humanas, a fim de suprirem suas necessidades, transformam a energia dos recursos naturais por meio de uso intensivo (IPEA, 2010). As questões socioambientais são aspectos inerentes ao funcionamento do sistema terrestre: primeiro, a compreensão de que a Terra é um sistema singular, está aberta para a troca de energia e matéria; e segundo, atualmente as atividades econômicas e humanas são capazes de promover profundas transformações no sistema global em uma escala complexa, interativa e evidentemente acelerada. As questões socioambientais devem, necessariamente, ser abordadas de um ponto de vista sistêmico. Entretanto, um dos maiores entraves verificados quanto às políticas públicas tem sido a carência de conhecimentos sobre o funcionamento dos sistemas socioambientais. – IPEA, 2010. Desenvolvimento Sustentável O desenvolvimento sustentável, como opção de desenvolvimento, foi delimitado por um progresso conceitual que antecedeu e auxiliou as pesquisas da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD). Os primeiros estudos científicos sobre o tema surgiram a partir do século XVIII. Thomas Robert Malthus, um economista, demógrafo e estatístico, é considerado o primeiro pesquisador a sugerir existência de limites ao crescimento derivado da escassez dos recursos, por volta de 1978. A teoria malthusiana (Figura 3) cria que a população tinha potencial de crescimento ilimitado, enquanto a natureza, opostamente, possuía recursos limitados para alimentá-la. Enquanto as populações crescem, segundo ele, em PG (Progressão Geométrica), a produção de alimentos cresce em PA (Progressão Aritmética). Figura 3: Teoria malthusiana (desenhado pelo autor). A ideia de desenvolvimento sustentável incorporada aos negócios é relativamente recente, além de complexa e controversa. Com o surgimento de novas demandas e maior pressão por transparência nos negócios, empresas se veem forçadas a adotar uma postura mais responsável em suas ações (LIMA, 2009). As organizações de grande porte possuem forte influência mútua com o ambiente e as comunidades do entorno da área de operação, exigindo, muitas vezes, amplo investimento financeiro. Igualmente, o crescente número de leis e regulamentações, que vêm sendo estabelecidas nos últimos anos, faz com que a questão sustentável se torne praticamente obrigatória. [...] responsabilidade socioambiental deixou de ser uma opção para as organizações; ela é uma questão de visão, estratégia e, muitas vezes, de sobrevivência. Trevisan et al. (2008). Apesar disso, conquanto todas elas tenham incluído a procura pela sustentabilidade em suas missões e visões, são incomuns as empresas reconhecidas como exemplo nesse campo. Isso se deve à falta de um modelo que alie, de forma ativa, o planejamento estratégico com os conceitos da sustentabilidade (PRIETO et al., 2006). O que se encontra, na prática da gestão empresarial, é uma diversidade de instrumentos de gestão, muitos dos quais de grande qualidade, porém que não demonstram a capacidade de executar tal interação entre a sustentabilidade e a estratégia de negócios na qual a empresa está inserida (BAUMGARTEN, 2002). Para as organizações privadas, é importante que a relação entre a economia, o social e o ambiental esteja afinada. Ou seja, as companhias não podem mais atuar pensando só em gerar lucro; por meio do uso sustentável de recursos e do desenvolvimento humano, devem estar adequadas a toda cadeia de valor, à preservação da água e à biodiversidade. Em busca de reforçar a importância do envolvimento de todos os setores com a sustentabilidade, a Organização das Nações Unidas, em 2015, implementou os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODSs), cuja finalidade é aplicar universalmente, até o ano de 2030, ações que contribuam com o fim da pobreza e da desigualdade e que combatam as alterações climáticas. Na Figura 4, estão representados os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que vários países, incluindo o Brasil, comprometeram-se a atingir até 2030. Os ODSs, como também são conhecidos, são compostos por 169 metas, que reforçam a necessidade de acabar com a pobreza e de prover educação, saúde, água e saneamento a todos (tópicos que já estavam presentes nos Objetivos do Milênio) e vão além. A ideia é construir um mundo mais equilibrado, com oportunidades para todos e respeito ao meio ambiente. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (adaptada de “A GLOBAL COMPACT FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT”) Na cartilha Gestão Sustentável nas Empresas, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), os Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) podem ser aplicados em qualquer atividade econômica, pública ou privada. Um SGA possibilita ao empresário controlar e minimizar os riscos ambientais, além de representar uma importante vantagem competitiva. A iniciativa ajuda o empreendimento em uma série de ações, como: 1 Identificar e controlar impactos e riscos ambientais relevantes. 2 Estabelecer metas para o desempenho ambiental, assegurando o equilíbrio de custos e benefícios. 3 Medir o desempenho em relação a padrões e metas preestabelecidos e modificar a abordagem, se necessário. Por meio de uma prática empresarial sustentável, provocando mudança de valores e de orientação em seus sistemas operacionais, as empresas estarão engajadas à ideia de desenvolvimento sustentável e preservação do meio ambiente (Figura 5). A empresa que não buscar adequar suas atividades ao conceito de desenvolvimento sustentável está fadada a perder competitividade em médio prazo. FIGURA 5: Preceitos para uma atuação Empresarial Sustentável (INVEPAR, 2013). Fonte: goo.gl/UxL21w <http://goo.gl/UxL21w> . Acesso em 01/05/2018. http://goo.gl/UxL21w Responsabilidade social Responsabilidade social está atrelada ao conceito de desenvolvimento sustentável. Uma atitude responsável em relação ao ambiente e à sociedade não só garante a não escassez de recursos, mas também amplia o conceito a uma escala mais abrangente. O desenvolvimento sustentável não só se refere ao ambiente, mas também, por via do fortalecimento de parcerias duráveis, promove a imagem da empresa como um todo e, por fim, leva ao crescimento orientado. Uma postura sustentável é, por natureza, preventiva e possibilita a prevenção de riscos futuros, como impactos ambientais ou processos judiciais. São exemplos importantes de ações sustentáveis: 1 Exploração dos recursos vegetais de florestas e matas, garantindo o replantio, e preservação de áreas verdes não destinadas à exploração econômica. 2 Uso de fontes de energia limpas e renováveis (eólica, geotérmica e hidráulica). 3 Reciclagem dos resíduos sólidos e exploração do gás liberado em aterros sanitários como fonte de energia. 4 Consumo controlado da água, visando evitar o desperdício, além da assunção de medidas que visem à não poluição dos recursos hídricos. Atividades 1. Qual das afirmações a seguir representa corretamente o conceito de sustentabilidade? a) Promover a exploração de áreas ou o uso de recursos planetários (naturais ou não) de forma a prejudicar o menos possível o equilíbrio entre o meio ambiente e as comunidades humanas e toda a biosfera que dele dependem para existir. b) Desenvolver novas tecnologias que proporcionem um aumento na capacidade de produção industrial. c) Automatizar a forma de exploração dos recursos naturais. d) Desenvolver novas técnicas para a filtragem de resíduos industriais. e) Promover a exploração de áreas ou o uso de recursos planetários (naturais ou não) de forma a maximizar a capacidade de produção e extração dos recursos naturais. 2. Considere as seguintes afirmativas: I - O desenvolvimento sustentável é capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. II - A definição de Desenvolvimento Sustentável surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como Comissão Brundtland, em 1987. Essa comissão foi criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de um desenvolvimento econômico mais consciente e a conservação ambiental, buscando soluções para a manutenção da grande população mundial de forma que promova a sustentabilidade com a exploração de recursos naturais renováveis de maneira equilibrada. III - Atualmente, a população humana está consumindo os recursos naturais mais rápido do que são regenerados na biosfera, acumulando materiais tóxicos e diminuindo a qualidade do ambiente. São verdadeiras: a) Apenas I. b) I e II. c) Apenas II. d) II e III. e) I, II e III. 3. A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Nesse sentido, a sustentabilidade não deve ser utilizada genericamente como um “clichê”. Ela representa um conceito que se expande em três dimensões principais, a saber: a) ideológica, política e social. b) econômica, ambiental e social. c) política, econômica e cultural. d) geopolítica, geoeconômica e histórica. e) histórico-cultural, ideológica e geopolítica. Referências AGOSTINHO, M.; AMORELLI, D.; BARBOSA, S. Introdução à Engenharia. 1 ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2015. BRAGA, B. et al. Introdução à Engenharia Ambiental. 2 ed. São Paulo: Pearson, Prentice Hall, 2005. FERREIRA A.D.D. Habitação autossuficiente: interligação e integração de sistemas alternativos (biblioteca virtual). 1 ed. Rio de Janeiro: Interciência, 2014. FREITAS, C.A. Introdução à Engenharia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. PHILLIPPI JR., A. Coleção ambiental: energia e sustentabilidade (biblioteca virtual). Barueri, SP: Manole, 2016. REIS, L.B.; FADIGAS, E.A.F.A.; CARVALHO, C.E. Energia, recursos naturais e a prática de desenvolvimento sustentável (biblioteca virtual). 2 ed. Barueri, SP: Manole, 2012. SILVA, C.G. da. De sol a sol: energia do século XXI. São Paulo: Oficina de textos, 2010. ADEODATO, M.T.P.C.; SILVA, M.R.; SHIMBO, I. TEIXEIRA, B.A.N. O ensino da sustentabilidade em cursos de graduação em Engenharia Civil integrando pesquisa e extensão: a experiência da UFSCar. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO EM ENGENHARIA, setembro de 2004, Brasília. Disponível em: http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/15/artigos/07_266.pdf <http://www.abenge.org.br/cobenge/arquivos/15/artigos/07_266.pdf> . Acesso em 17 julho de 2018. CAVALCANTI, C. Sustentabilidade: Mantra ou Escolha Moral? Estudos Avançados. v. 26, n. 74, p. 35-50, 2012. Disponível em: https://goo.gl/ebnPN5 <https://goo.gl/ebnPN5> . Acesso em 01 maio 2018. ELKINGTON, J. Canibais com garfo e faca. São Paulo: Makron Books. 2001. HEINBERG, R. (2007). Cinco axiomas da sustentabilidade. Disponível em http://www.resistir.info/energia/5_axiomas.html <http://www.resistir.info/energia/5_axiomas.html> . Acesso em 15 maio 2018. LIMA, G.A. Notas de Aula: sustentabilidade das organizações, 2009. MAGALHÃES, R. M. (1998). Análise de ciclo de vida orientada para o meio ambiente – o contexto de projeto e gestão para o desenvolvimento sustentável. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – COPPE, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. MOTA, J. A. Economia, Meio Ambiente e Sustentabilidade: As Limitações do mercado Onde o Mercado é o Limite. Boletim Científico. Brasília, Escola Superior do Ministério Público da União, ano 3, n. 12, p. 67-87, jul./set. 2004. OSÓRIO, L.A.R.; LOBATO, M.O.; CASTILLO, X.A. del. 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Próximos Passos Abordar a história e o ensino de Engenharia no Brasil e no mundo. Analisar o desenvolvimento histórico da ciência e tecnologia no país. Ilustrar a expansão das escolas de Engenharia no Brasil. Explore mais Leia os seguintes textos: “Termos usados nas questões de sustentabilidade ainda geram conflitos <https://jornal.usp.br/atualidades/termos-usados-nas-questoes-de- sustentabilidade-ainda-geram-conflitos> ”. “Cinco axiomas da sustentabilidade <http://resistir.info/energia/5_axiomas.html> ”. Acesse a página: “Engenharia sustentável <https://www.engenhariasustentavel.com.br> ”. Assista aos vídeos: “Mas afinal, o que é sustentabilidade? <https://www.youtube.com/watch?v=cSzDdNA8jwM> ”. Em uma linguagem acessível e moderna. “Responsabilidade social e sustentabilidade das organizações <https://www.youtube.com/watch?v=phpIk4J9QgI> ”. https://jornal.usp.br/atualidades/termos-usados-nas-questoes-de-sustentabilidade-ainda-geram-conflitos http://resistir.info/energia/5_axiomas.html https://www.engenhariasustentavel.com.br/ https://www.youtube.com/watch?v=cSzDdNA8jwM https://www.youtube.com/watch?v=phpIk4J9QgI ENGENHARIA SUSTENT?VEL/aula10.pdf Disciplina: Engenharia Sustentável Aula 10: Energias renováveis Apresentação O Brasil desempenha um papel de destaque no cenário energético internacional, fruto de decisões passadas que privilegiaram o aproveitamento do potencial hidrelétrico e a produção de combustíveis a partir de cana-de-açúcar. Na aula de hoje, verificaremos que o uso das energias renováveis é importante pelo fator econômico, em que a utilização de recursos mais baratos para a produção de energia favorece a preservação do meio ambiente, pois a maioria faz uso de meios naturais, abundantes e reaproveitáveis para a produção de energia elétrica. Veremos ainda que a procura por substitutos ecologicamente aceitáveis para os combustíveis fósseis se tornou mais célere tanto pelo aumento do uso como pela previsão da diminuição da oferta, por ser uma fonte de energia não renovável. Objetivos Compreender o conceito de fonte de energia renováveis; Conhecer as origens de algumas fontes de energia renováveis; Analisar vantagens e desvantagens da utilização desse tipo de energia. Energias renováveis | Introdução O caminho da coletividade global rumo a um padrão de desenvolvimento sustentável passa pela mudança para uma economia mais inclusiva do ponto de vista social e eficiente na sua relação com o meio ambiente – como fonte de recursos naturais, integrador de resíduos e poluição, e provedor de serviços ambientais fundamentais à vida humana. E as energias renováveis são componentes essenciais dessa transição, apresentando soluções a questões globais fundamentais como segurança energética, miséria e alteração climática (REN 21, 2018). Por ser uma referência em razão da sua matriz com considerável componente de energias renováveis, a questão energética oferece ao país oportunidades que extrapolam as fronteiras nacionais e dizem respeito à inserção do país na economia global. As fontes renováveis são aquelas que demoram pouco tempo para se formar. Elas são as menores poluidoras, porém, em geral, geram menos energia. Apesar de serem consideradas fontes energéticas limpas, elas causam alguns danos à natureza O Brasil apresenta grande potencial para o desenvolvimento das energias renováveis e não pode se satisfazer apenas com a exploração do seu potencial hidrelétrico e com a liderança em no cenário internacional de biocombustíveis. Dado o seu potencial para a geração de energia a partir das matrizes eólica e solar, ignorar tais vocações é um contrassenso em termos de segurança energética, que acaba por afetar também a competitividade do país e de suas empresas, uma vez que os mais importantes países do cenário internacional estão investido cada vez mais em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e geração a partir de energias renováveis, e suas empresas têm ampliado sua participação nesses segmentos (IEDI, 2010). Há que se reconhecer que, embora tenha se tornado uma referência em biocombustíveis com o desenvolvimento do etanol de cana-de-açúcar, o Brasil ainda tem seu processo de inovação industrial e agrícola distante do século XXI. Por esse aspecto, considerando-se a transição para uma economia verde em escala global, é essencial que o país crie condições para o desenvolvimento de inovações ecológicas em energias renováveis (IEDI, 2010). Energias renováveis | Análise por fonte de energia As principais fontes de energias renováveis são examinadas a seguir em relação à participação no mercado de geração de energia, competitividade e rota tecnológica. Nos casos de energia eólica, solar fotovoltaica e biocombustíveis, examina-se a representatividade dessas alternativas no Brasil. Hidroeletricidade A usina hidrelétrica de Itaipu (Figura 1) é a maior do mundo, localizada no Rio Paraná, na fronteira entre Brasil e Paraguai. Ela foi construída por ambos os países. Figura 1: Usina hidrelétrica de Itaipu. | Fonte: Angeloleithold/GNU Free Documentation License. Eólica Embora considerada uma das “novas” alternativas de energia renovável, a energia eólica era utilizada desde a antiguidade para propulsar embarcações e, por mekio de moinhos de vento, transformada em energia mecânica para drenar canais ou moer grãos. O vento também passou a ser utilizado para geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas, com base em princípio semelhante ao dos antigos moinhos. A moderna indústria eólica surgiu no final da década de 1970, a partir dos esforços de pesquisa dinamarqueses, podendo ser considerada atualmente uma das formas de geração de energia elétrica renovável, mais madura e competitiva. Figura 2: Aerogerador. | Fonte: Arne Nordmann/GNU Free Documentation License. A consolidação da energia eólica na geração de eletricidade no século XXI deriva principalmente do fato de seu principal recurso, o vento, ser gratuito, abundante em diversas regiões e inesgotável. Outra vantagem tecnológica é que as turbinas modernas não emitem gases de efeito estufa durante sua operação nem demandam água para resfriamento. Além disso, em comparação com outras alternativas renováveis, como as hidrelétricas, pouco tempo é necessário para a construção de parques de aerogeradores (Figura 2) – que podem ser erguidos em menos de um ano. Além do alto potencial de geração de energia eólica, existem outros motivos que sustentam investimentos nessa fonte de energia. Um deles diz respeito à melhoria da segurança da matriz energética nacional: a utilização da energia eólica é um ótimo complemento à principal fonte de geração de eletricidade no país, a energia de fonte hidrelétrica. Os períodos de menor vazão nas barragens das hidrelétricas coincidem com a época em que há maior incidência de vento, reduzindo assim a probabilidade de problemas no fornecimento de eletricidade. Outro ponto relevante é que 70% da população brasileira se encontra na faixa litorânea, região onde há maior potencial eólico (Figura 3). Figura 3: Turbinas localizadas no mar. | Fonte: Hans Hillewaert/Creative Commons Attribution- Share Alike 3.0 Unported. Solar fotovoltaica O Sol bombardeia a Terra com 174 petawatts (PW) de radiação solar sobre a atmosfera, dos quais 89PW são absorvidos pelos oceanos e continentes. As primeiras células fotovoltaicas modernas surgiram em 1954, quando o silício foi adotado como mineral semicondutor e atingiu uma eficiência na conversão da luz solar em energia de 4%. Já em 1958, tal tecnologia passou a ser aceita como ideal para aplicações espaciais, e os satélites Vanguard I e II, Explorer III e Sputnik 3 foram lançados com células solares de silício acopladas às suas estruturas. Desde então, os avanços na área estão relacionados com a busca de maior eficiência e de menores custos para os sistemas fotovoltaicos (Figura 4). Figura 4: Placas fotovoltaicas. | Fonte: U.S. Air Force photo/Airman 1st Class Nadine Y. Barclay / public domain. A utilização de tecnologia solar fotovoltaica para geração de energia elétrica apresenta como vantagem o fato de que tem como principal insumo um recurso inesgotável e sem custos, a radiação solar. Além disso, um sistema fotovoltaico não produz emissões de gases de efeito estufa e poluição sonora enquanto está em operação. A maior desvantagem dessa tecnologia é sua reduzida competitividade no panorama atual, dados os custos por unidade de energia produzida. Todavia, o emprego de painéis solares já é uma opção válida para o fornecimento de eletricidade em regiões remotas e com baixa densidade populacional, nas quais os elevados custos de conexão à rede tornam a energia solar fotovoltaica economicamente viável. Outra forma de aproveitamento do sol como fonte de energia se dá pela energia solar térmica, a qual se refere à técnica de gerar eletricidade a partir do calor do sol, em geral com o uso de lentes ou espelhos que concentram (do inglês, Concentrated Solar Power) a radiação solar, visando elevar a temperatura em um ponto específico. A conversão dessa energia térmica em eletricidade pode se dar por diferentes caminhos, como turbinas de vapor. Etanol O etanol representa mais de 85% da produção global de biocombustíveis. Nos Estados Unidos, o modelo de produção de etanol utiliza-se do milho como matéria-prima para produção de etanol e é fortemente baseado em incentivos governamentais: os subsídios são da ordem de US$ 0,12/litro à cadeia produtiva de etanol. O recorde de produção obtido pelo país, em 2008, é resultado do esforço na criação de oportunidades econômicas, incremento em segurança energética e redução de emissões de gases do efeito estuda (GEE). No Brasil, a produção de etanol teve início na década de 1920, e somente a partir de 1931, o etanol brasileiro passou a ser adicionado à gasolina. Em 1975, em meio à crise do petróleo, o governo brasileiro lançou o PROÁLCOOL (Programa Nacional de Álcool) como uma abordagem de segurança energética, fortemente lastreada em diminuição da dependência brasileira das importações de petróleo. Em 1979, o governo passou a lançar incentivos fiscais e creditícios para produtores e consumidores de etanol de cana de açúcar. Fonte: https://goo.gl/ui2ykQ <https://goo.gl/ui2ykQ> . Por meio de pesquisa e desenvolvimento em variedades de cana-de-açúcar e inovações tanto no plantio quanto no processo produtivo, o setor deixou de depender do apoio de subsídios governamentais para competir com a gasolina. Em 1993, a demanda de etanol foi consolidada por exigências legais de adição de 22% de etanol à gasolina consumida no país. A produção global de etanol é quase que totalmente baseada em tecnologia de primeira geração, que se dá por meio de fermentação e destilação de glicose ou sucrose, esta última retirada de matérias-primas que contêm açúcar ou amido. Das várias matérias-primas que podem ser empregadas nesse processo produtivo, milho e cana-de-açúcar (respectivamente o https://goo.gl/ui2ykQ principal insumo da produção de etanol nos Estados Unidos e no Brasil) são as mais utilizadas, respondendo por cerca de 80% do volume produzido em 2008. Biodiesel O biodiesel é um combustível renovável e biodegradável, obtido a partir da reação química de óleos ou gorduras, de origem animal, vegetal ou gordura reciclada. Esse combustível substitui total ou parcialmente o óleo diesel em motores automotivos ou estacionários, como os geradores de eletricidade e calor. Qualquer motor a diesel pode receber a mistura de biodiesel e diesel, não sendo necessárias adaptações, como ocorre com o álcool combustível. Biodisel Fonte: http://ruralpecuaria.com.br <http://ruralpecuaria.com.br> Deve-se ressaltar, porém, que nem todos os motores suportam o biodiesel como única fonte de combustível. O biodiesel misturado ao diesel recebe a denominação “BX”, em que o X é substituído pela porcentagem de biodiesel na mistura. Assim, o biodiesel puro é denominado B100, e o B5, por exemplo, corresponde a uma mistura com 5% de biodiesel. O biodiesel utilizado no mundo é majoritariamente misturado ao diesel comum em pequenas proporções (B4, B5), sendo que ainda não há uso em larga escala do biodiesel puro em motores. Para obter biodiesel, é necessário um processo químico chamado transesterificação, que envolve uma gordura e um álcool, na presença de um catalisador. Um dos subprodutos principais do processo é a glicerina, a qual pode ser comercializada para indústrias que a utilizem como insumo. A tecnologia para a obtenção de biodiesel é relativamente simples se comparada àquela empregada na produção do etanol, o que permite um modelo de produção atomizado. No entanto, a molécula do biodiesel é mais http://ruralpecuaria.com.br/ complexa que a do etanol, o que demanda cuidados com controle de qualidade para evitar alterações em aspectos como fluidez e viscosidade, em especial quando o produto tem de atender a normas físico-químicas específicas, como as definidas no Brasil pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). Apesar das práticas de controle de qualidade distintas, pode-se afirmar que os principais produtores de biodiesel do mundo usam processos muito similares. Dentre as matérias-primas, as de fonte vegetal são as únicas em operação de larga escala, sendo que as mais comumente utilizadas são os óleos de soja, colza e girassol. Outras matérias-primas vegetais que merecem destaque são: óleo de palma, girassol, amendoim, mamona, pinhão-manso e mostarda. O biodiesel de fonte animal é mais raro e encontra-se restrito a alguns projetos de escala reduzida. Diesel e biodiesel são combustíveis com desempenho muito similar. O poder calorífico do biodiesel depende do processo produtivo, da matéria-prima utilizada (Figura 5), do motor que o utiliza, dentre outros fatores, mas o poder calorífico médio do biodiesel é cerca de 8% inferior ao do diesel comum. Por outro lado, o biodiesel apresenta uma combustão mais eficiente do que o diesel convencional. A expansão da produção de biodiesel de origem vegetal é vista por muitos como uma alternativa que associa inclusão social de agricultores ao combate à mudança climática. Não devem ser desprezadas, entretanto, críticas aos possíveis impactos negativos em segurança alimentar de uma ampliação da demanda por biodiesel de origem vegetal, gerando encarecimento dos alimentos e, consequentemente, grave impacto social. Há que se ressaltar que a agricultura do biodiesel não compete necessariamente com culturas de alimentos, o que exige uma análise da relação por país ou região. Soja, uma das matérias-primas do Biodiesel | Fonte: https://goo.gl/n8ifKh <https://goo.gl/n8ifKh> Outros potenciais problemas a serem analisados dizem respeito às quantidades de água, fertilizantes e herbicidas utilizadas nos cultivos, o que varia segundo a matéria-prima e as técnicas agrícolas utilizadas, entre outros aspectos. A possibilidade de se utilizar gordura reciclada para obtenção do biodiesel – proveniente, por exemplo, de óleo de cozinha – resolve alguns problemas potenciais, como a interferência em segurança alimentar e os impactos ambientais no cultivo da matéria-prima. Porém, projetos de produção de biodiesel à base de gordura reciclada ainda são pouco representativos, mas já existem projetos em fase de testes, em escala muito menor do que a produção à base de matéria-prima vegetal, concentradas em áreas urbanas, nas quais o volume de gordura reciclada e políticas municipais adequadas podem conferir viabilidade à produção de biodiesel. https://goo.gl/n8ifKh Fonte: Shutterstock por Rattiya Thongdumhyu Outra alternativa para a produção de biodiesel é a partir de microalgas – micro-organismos que apresentam taxas de crescimento muito superiores a espécies como soja e mamona, proporcionando grande quantidade de biomassa rica em óleo. As microalgas se utilizam de CO2 em seu metabolismo e podem transformar as suas áreas de cultivo em filtros para alguns GEE emitidos em processos produtivos, em uma solução que se encaixa na lógica de ecologia industrial. Figura 5: Matérias-primas utilizadas para a produção de biodiesel. (Fonte: ANP, 2009.) Além das fontes estudadas anteriormente, existem outras em fase de desenvolvimento ou pouco usadas, como, por exemplo: Energia geotérmica é obtida a partir do calor proveniente da Terra, mais precisamente do seu interior. Energia hidráulica é obtida a partir da energia potencial de uma massa de água. Energia das ondas provém do aproveitamento das ondas oceânicas. Energia das correntes marítimas é uma forma de energia marinha obtida a partir do aproveitamento da energia cinética das correntes marítimas, como a corrente do Golfo. Energia maremotriz é o modo de geração de eletricidade que ocorre a partir da utilização da energia contida no movimento de massas de água devido às marés. Energias renováveis no contexto econômico brasileiro e internacional Um dos fundamentos da sustentabilidade econômica de um país é a sua capacidade de prover logística e energia para o desenvolvimento de sua produção, com segurança e em condições competitivas e ambientalmente sustentáveis. A política energética brasileira norteia-se por objetivos que visam garantir o acesso de toda a população a serviços de qualidade a preços justos, mantendo rigorosos compromissos com a preservação do meio ambiente e o manejo sustentável dos recursos naturais. Tal política contribui simultaneamente para o progresso econômico e social da população e para a manutenção de uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo. A preocupação com a dependência externa dos combustíveis fósseis tem levado a uma maior diversificação das fontes de energia, com preferência por fontes renováveis e de baixo impacto ambiental. Hoje, o Brasil é reconhecido internacionalmente por seu pioneirismo no desenvolvimento de alternativas energéticas eficientes e ambientalmente sustentáveis, em que se destaca o etanol (TOLMASQUIM, 2012). O estudo Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE-2020), desenvolvido pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), aponta para uma participação das fontes renováveis de 46,3% em 2020 ante os 44,8% apresentados em 2010. Dessa forma, o Brasil irá manter-se como o país de matriz mais limpa no mundo (Figura 6). Figura 6: Evolução da oferta interna de energia. (Fonte: TOLMASQUIM, 2012.) Não há como se negar o recente ganho de representatividade das energias renováveis no cenário energético internacional. No período de 2007 a 2008, a produção de biocombustíveis apresentou expansão tanto em etanol (34%) quanto em biodiesel (33%), e a capacidade global de geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, excluindo-se grandes hidrelétricas (GHE), cresceu em 16%. Ainda no mesmo período, crescimentos significativos são verificados também na capacidade de geração de energias de fonte eólica (29%), solar fotovoltaica conectada (73%) e isolada da rede de transmissão (86%) (NORTON, 2016). O caminho da sociedade global rumo a um modelo de desenvolvimento sustentável passa pela transição para uma economia mais inclusiva do ponto de vista social e eficiente na sua relação com o meio ambiente – como fonte de recursos naturais, assimilador de resíduos e poluição, e provedor de serviços ambientais essenciais à vida humana. E as energias renováveis são componentes essenciais dessa transição, apresentando soluções a questões globais fundamentais como segurança energética, pobreza e mudança climática (REN 21, 2018). O Brasil desempenha um papel de destaque no cenário energético internacional, fruto de decisões passadas que privilegiaram o aproveitamento do potencial hidrelétrico e a produção de combustíveis a partir de cana-de- açúcar. A razão do imenso prestígio é clara: com base em dados de 2008, o país oferta cerca de 85% de energia elétrica a partir de alternativas renováveis e apresenta a mais eficiente e amplamente adotada solução para produção de energia a partir de biomassa do planeta: somando-se o etanol e a cogeração de eletricidade, os produtos de cana-de-açúcar responderam por 28% da oferta interna total de energia do país (BRASIL-EPE, 2018). Todos esses dados apontam a robustez do processo de expansão da geração de energia a partir de fontes renováveis na oferta global de energia, incluindo não apenas países desenvolvidos – como Estados Unidos, Alemanha, Espanha e Japão –, mas também países em desenvolvimento, como China e Índia, protagonistas em energia eólica. O Brasil apresenta aproximadamente 45% da oferta total de energia, que inclui eletricidade e combustíveis, provenientes de fontes renováveis. É um valor expressivo no contexto internacional, mas que apresenta tendência de baixa se comparado com 2007. Restringindo-se à análise apenas para oferta de energia elétrica, o modelo adotado pelo país no século XX, lastreado na geração a partir de hidrelétricas, faz com o que país apresente um componente renovável elevado: 85,4% da oferta de eletricidade em 2008 foi proveniente de fonte limpa. Na oferta de energia elétrica, fica claro o foco nas grandes hidrelétricas, responsáveis por 80% da geração, e na biomassa, sobretudo a partir do bagaço de cana-de-açúcar em projetos de cogeração, em detrimento das demais formas de energia renovável, como eólica e solar. De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2010-2019, prevê-se a redução das fontes renováveis para 82,7% da oferta de energia elétrica e a manutenção das grandes hidrelétricas como fonte principal, ainda que com menor relevância, respondendo por cerca de 70% da oferta de eletricidade no país até 2019. Conforme falamos anteriormente, energias renováveis são componentes essenciais da solução de questões globais fundamentais, como segurança energética, pobreza e mudança climática (REN, 2018). No entanto, ainda que tais temas sejam prioritários na agenda internacional, deve-se considerar que a transição para uma matriz energética global mais renovável não se dará de forma abrupta, uma vez que a dinâmica que sustenta o modelo energético não renovável atual é difícil de ser revertida pelas seguintes razões: I. o elevado nível de consumo material e energético em países desenvolvidos, que se reflete também em maior ou menor escala em países emergentes; II. a infraestrutura energética não renovável já estabelecida, planejada com vistas ao longo prazo e de forma capital-intensiva; III. a crescente demanda por serviços relacionados à energia em todo o mundo; e IV. o crescimento populacional (FAPESP, 2010). Atividades 1. A energia solar apresenta muitos fatores positivos, como o fato de ser renovável, ocupar espaços reduzidos em comparação a outras fontes e não emitir poluentes na atmosfera. Além disso, a energia advinda dos raios solares é abundante e pode ser bastante produtiva quando devidamente aproveitada. No entanto, ela apresenta algumas desvantagens, destacando-se: a) a baixa necessidade nas regiões de maior insolação. b) os elevados custos das instalações. c) a inacessibilidade em lugares remotos. d) a frequente necessidade de manutenção. e) os efeitos sobre as temperaturas da Terra. 2. O desenvolvimento da queima da biomassa resulta de estratégias para reduzir, principalmente, os impactos gerados pela utilização de combustíveis fósseis na sociedade. Embora o carvão mineral e o petróleo ainda sejam recursos naturais centrais na sociedade atual, os biocombustíveis vêm ganhando cada vez mais relevância no cenário nacional e internacional das fontes de energia. Sobre a biomassa, é INCORRETO afirmar que: a) apresenta como vantagem o baixo custo de operação e a facilidade de armazenamento e transporte. b) é uma fonte de energia poluente, porém em menor intensidade se comparada aos demais combustíveis. c) a biomassa pode ser utilizada a partir do reaproveitamento de resíduos agrícolas, tais como o bagaço de cana-de-açúcar. d) por definição, entende-se por biomassa as diferentes formas de energia advindas de material inorgânico. e) apesar de menos poluente, o cultivo em larga escala de vegetais para a biomassa pode causar prejuízos ambientais. 3. “A energia que move a máquina Terra provém da gravidade, do interior da Terra e dos próprios movimentos do planeta, mas em grau muito superior provém do Sol, da radiação solar” (David DREW. Processos interativos Homem-Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994, p. 20). A energia solar é uma das fontes de energia que atua no planeta Terra. No planeta, ela é: a) o principal fator construtor das estruturas e formas de relevo. b) um item secundário na formação das coberturas vegetais. c) um fator de desequilíbrio que altera as dinâmicas terrestres. d) o elemento essencial que dá origem aos sistemas e tipos climáticos. e) uma fonte em vias de extinção, daí o valor de outras formas de energia. Referências BRASIL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em: http://www.aneel.gov.br <http://www.aneel.gov.br> . Acesso em: 18 jul 2018. BRASIL. Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Disponível em: http://www.anp.gov.br <http://www.anp.gov.br> . Acesso em: 18 jul 2018. BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Empresa de Pesquisa Energética. Disponível em: http://www.epe.gov.br/Paginas/default.aspx <http://www.epe.gov.br/Paginas/default.aspx> . Acesso em: 18 jul 2018. FAPESP. Um Futuro com Energia Sustentável: Iluminando o Caminho. 2010. FERREIRA, H.T. Energia Eólica: Barreiras a sua Participação no Setor Elétrico Brasileiro. 2008. 111 f. Dissertação (Mestrado – Programa Interunidades de Pós- Graduação em Energia) – EP-FEA-IEE-IF, São Paulo: USP, 2008. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/ http://www.anp.gov.br/ http://www.epe.gov.br/Paginas/default.aspx http://www.iee.usp.br/producao/2008/Teses/HenriqueTavares.pdf <http://www.iee.usp.br/producao/2008/Teses/HenriqueTavares.pdf> . Acesso em: 18 jul 2018. IEDI. Tendências e Oportunidades na Economia Verde: Energias Renováveis. 2010. RODRIGUES, R.C.S.; DERZI, S.R.; CORREIA, J.C. Barreiras e Facilitadores para a Produção e Difusão de Tecnologias de Energias Renováveis na Região Amazônica. Revista Brasileira de Energia. Vol 10, n. 1. Disponível em: https://www.sbpe.org.br/index.php/rbe/article/download/168/151 <https://www.sbpe.org.br/index.php/rbe/article/download/168/151> . Acesso em: 31 jul 2018. TOLMASQUIM, M.T. Perspectivas e Planejamento do Setor Energético no Brasil. Estud. av. vol.26, n.74, São Paulo, 2012. Explore mais Assista aos vídeos: “Palestra Marcos Freitas, UFRJ - Energias Renováveis <https://www.youtube.com/watch?v=svuwO6mWUgs> ”. “Estudos da Atmosfera, Geosfera e Hidrosfera - Aula 24 - Recursos Energéticos Renováveis <https://www.youtube.com/watch? v=1er51I15e2o> ”. “Fala, Doutor: Edilaine Venâncio Camillo - Políticas de Inovação Energia Eólica - PGM 130 <https://www.youtube.com/watch?v=ymtgwAXKLjI> ”. “Unesp Notícias | Energia Renovável <https://www.youtube.com/watch?v=DRvKbu1TpaU> ”. “Unesp Notícias | Energia Limpa <https://www.youtube.com/watch? v=j_vdCVcCsO8> ”. “Ecoideias | Energias Alternativas <https://www.youtube.com/watch? v=-5gbK-riiCw> ”. “Central de Energia das Marés do Pecém, Ceará, Brasil <https://www.youtube.com/watch?v=r_n0vO5Gxow> ”. http://www.iee.usp.br/producao/2008/Teses/HenriqueTavares.pdf https://www.sbpe.org.br/index.php/rbe/article/download/168/151 https://www.youtube.com/watch?v=svuwO6mWUgs https://www.youtube.com/watch?v=1er51I15e2o https://www.youtube.com/watch?v=ymtgwAXKLjI https://www.youtube.com/watch?v=DRvKbu1TpaU https://www.youtube.com/watch?v=j_vdCVcCsO8 https://www.youtube.com/watch?v=-5gbK-riiCw https://www.youtube.com/watch?v=r_n0vO5Gxow ENGENHARIA SUSTENT?VEL/aula2.pdf Disciplina: Engenharia Sustentável Aula 2: História e ensino de engenharia no Brasil e no mundo Apresentação O desenvolvimento da humanidade se processa de forma continuada, mas, eventualmente, observam-se alguns saltos esporádicos de maior transformação. Grandes progressos científicos ocorrem quando invenções tecnológicas inovadoras chegam ao mercado consumidor. Nessas ocasiões, o trabalho dos engenheiros tem um valor essencial para o desenvolvimento da sociedade. Ao longo da História, as inovações tornaram realidade projetos extremamente importantes tanto de um ponto de vista intelectual como de um empresarial/econômico. A implantação e o crescimento dos cursos de Engenharia no Brasil estão intrinsecamente relacionados ao desenvolvimento da tecnologia e da indústria, além das condições econômicas, políticas e sociais do país, assim como suas relações internacionais. Dessa forma, pode-se verificar que o crescimento do número de cursos no país acompanha os diversos ciclos políticos e econômicos pelos quais passaram o Brasil e o mundo. Objetivos Registrar o desenvolvimento histórico da ciência e tecnologia no país; Analisar a importância das inovações tecnológicas e seus contextos históricos; Abordar a expansão das escolas de Engenharia no Brasil. História da engenharia no mundo Olhando para o passado, podemos perceber inúmeros progressos atingidos pelo homem ao longo das eras (Figura 1): o controle do fogo, a domesticação dos animais, a invenção da agricultura, a criação de cidades, o desenvolvimento da imprensa ou ainda a construção de um avião comercial. O desenvolvimento da Engenharia se deu juntamente com o progresso da humanidade, sendo a Engenharia responsável por atender às demandas da sociedade, bem como gerar novas demandas. Figura 1: Evolução da humanidade. | Fonte: Autor Início da Engenharia O início da Engenharia alude à Pré-História, quando foram edificadas as primeiras construções pelo homem. Os homens pré-históricos não possuíam moradia fixa; eram nômades. Porém, já tinham a noção de moradia como sendo um local para abrigá-los das intempéries da natureza e protegê-los do ataque de animais. Com o passar do tempo, houve a descoberta do fogo, e o homem das cavernas passou a aproveitar alguns recursos da natureza. Ele começou a utilizar outros materiais – por exemplo, barro, peles, pedras e madeira – como matéria-prima para a construção de suas moradias. Essa idade é compreendida pelo período Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais. Na Idade Antiga surgiram as primeiras construções de muros, templos, canais para irrigação, pontes de pedra, pavimentações. As técnicas construtivas e o uso de novos materiais foram sendo aprimorados para a construção de aquedutos, portos, mercados, barragens e estradas. É nesse período histórico que surge a primeira ideia de construção civil. No período medieval quase não houve avanço científico e tecnológico de Engenharia. Não havia método científico nas construções. Era utilizado o sistema de tentativa e erro, o que resultou em numerosos casos de colapso de estruturas. Essa época ficou restrita a conceitos práticos pouco estruturados. Período Paleolítico | Fonte: Shutterstock Período Neolítico | Fonte: Shutterstock Idade Antiga| Fonte: Shutterstock Período Medieval | Fonte: Shutterstock A partir do século XX, a Engenharia como um todo passou a se desenvolver e se especializar, sobretudo devido aos avanços científicos e às fundamentações teóricas do comportamento dos materiais. A Revolução Industrial trouxe consigo novas técnicas e materiais pertinentes à Engenharia. Novas Técnicas com a Revolução Industrial | Fonte: Shutterstock Enquanto a Engenharia do passado se caracterizava pela limitação ao uso dos recursos naturais, a moderna era caracterizada pela aplicação generalizada de conhecimentos científicos à resolução de problemas; isso foi possível principalmente em decorrência da criação de computadores capazes de processar cálculos e análises complexas em tempos nunca antes imagináveis. Nessa idade, com as cidades densamente povoadas, surgem grandes construções, que só foram possíveis diante da possibilidade de se projetar e testar as construções antes de sua execução. A École Nationale des Ponts et Chaussés, fundada em Paris em 1747, parece ter sido o primeiro estabelecimento de ensino, em todo o mundo, onde se ministrou um curso regular de Engenharia e que diplomou profissionais com esse título. Da mesma época é a École Nationale Supérieure des Mines, igualmente de Paris, que formava engenheiros de minas. O nome de engenheiro civil teria sido usado pela primeira vez pelo engenheiro inglês John Smeaton – um dos descobridores do cimento Portland –, que assim se autodenominou em fins do Século XVIII. Em 1818, fundou-se em Londres o Instituto de Engenheiros Civis, com a principal finalidade de defender e prestigiar o significado da profissão, ainda desprezada e mal compreendida, mesmo nos centros mais avançados do mundo. Fatos Marcantes da Ciência e da Tecnologia Clique nas datas abaixo. Fonte: Bazzo, 2002. 1620 Francis Bacon preconiza o método experimental. 1637 René Descartes publica o primeiro tratado da Geometria Analítica e formula as Leis da Refração. 1642 Blaise Pascal constrói a primeira máquina de calcular. 1660 É estabelecida a Lei de Hooke, princípio básico para o estudo da Resistência dos Materiais, ciência básica das Engenharias. 1674 O cálculo infinitesimal, ferramenta básica para a análise matemática, é inventado por Newton e Leibniz. 1729 Stephen Gray descobre que há corpos condutores e não condutores de eletricidade. 1745 Ewald Jurgen Von Kleist inventa o capacitor elétrico. 1752 Benjamin Franklin inventa o para-raios. 1764 James Watt inventa o condensador, componente fundamental para o motor a vapor. 1768 Gaspar Monge cria a Geometria Descritiva. 1775 Pierre Simon inventa a turbina d'água. 1789 Antoine Laurent Lavoisier enuncia a lei da conservação da massa. 1790 Lavoisier publica a tábua dos 31 primeiros elementos químicos. 1800 Alessandro Volta constrói a primeira bateria de zinco e chapas de cobre. 1802 Joseph Gay Lussac formula a Lei da Dilatação dos Gases. 1805 Joseph Fourier formula a Teoria do Desenvolvimento das Funções em Séries Trigonométricas. 1811 Amadeo Avogadro formula a hipótese sobre a composição molecular dos gases. 1814 George Stephenson constrói a primeira locomotiva. 1819 Hans Oerstedt descobre o eletromagnetismo. 1824 Sadi Carnot cria a Termodinâmica. 1825 Nielson constrói o primeiro alto-forno. 1831 Michael Faraday descobre a indução eletromagnética. 1834 Charles Babbage inventa a máquina analítica, ancestral do computador. 1837 Samuel Morse inventa o telégrafo elétrico. 1855 Henry Bessemer constrói o primeiro conversor para produção do aço. 1867 Joseph Monier inventa o processo de construção de concreto reforçado. 1878 Thomas Edison inventa a lâmpada elétrica. 1885 Gottlieb Daimler e Karl Benz constroem o primeiro automóvel. 1891 É construída a primeira linha de transmissão elétrica, em corrente alternada. 1892 Rudolf Diesel patenteia o seu motor de combustão interna. História da Engenharia no Brasil A implantação e o desenvolvimento dos cursos de Engenharia no Brasil estão intrinsecamente ligados ao desenvolvimento da tecnologia e da indústria, além das condições econômicas, políticas e sociais do país, assim como suas relações internacionais. Dessa forma, pode-se verificar que o crescimento do número de cursos no país acompanha os diversos ciclos políticos e econômicos pelos quais passaram o Brasil e o mundo. Até 1950 existiam apenas 16 Instituições de Educação Superior (Tabela 2) que ofereciam 62 cursos de Engenharia no total. Hoje, em todo o território nacional, existem 1.156 Instituições de Ensino Superior que oferecem cursos de Graduação em Engenharia, conforme consta no Sistema E-MEC (2018). Tabela 2: Escolas de Engenharia Criadas no Brasil até 1950 Ano de Fundação Localização Denominação na fundação Nome atual 1792 Rio de Janeiro/RJ Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ Instituto Militar de Engenharia (IME) 1874 Ouro Preto/MG Escola de Minas Universidade Federal de Ouro Preto – UFOP 1893 São Paulo/SP Escola Politécnica de São Paulo Universidade de São Paulo – USP 1895 Recife/PE Escola de Engenharia de Pernambuco Universidade Federal de Pernambuco – UFPE 1896 São Paulo/SP Escola de Engenharia Mackenzie Universidade Presbiteriana Mackenzie – UPM 1896 Porto Alegre/RS Escola de Engenharia de Porto Alegre Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS 1897 Salvador/BA Escola Politécnica da Bahia Universidade Federal da Bahia – UFBA 1909 Juiz de Fora/MG Instituto Politécnico Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF 1911 Belo Horizonte/MG Escola Livre de Engenharia Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG 1912 Curitiba/PR Faculdade de Engenharia do Paraná Universidade Federal do Paraná – UFPR 1912 Recife/PE Escola Politécnica de Pernambuco Universidade de Pernambuco – UPE 1913 Itajubá/MG Instituto Eletrotécnico de Itajubá Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI 1928 Rio de Janeiro/RJ Escola de Engenharia Militar Instituto Militar de Engenharia – IME 1931 Belém/PA Escola de Engenharia do Pará Universidade Federal do Pará – UFPA 1946 São Paulo/SP Escola de Engenharia Industrial Faculdade de Engenharia Industrial – FEI 1948 Rio de Janeiro/RJ Escola Politécnica Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC - Rio Fonte: Oliveira, 2010. Devemos nos atentar para uma diferença essencial entre as primeiras escolas de Engenharia e as atuais. As primeiras treinavam para técnicas e métodos. Hoje, a preocupação maior é sobretudo formar e educar, de modo a municiar o futuro profissional de fundamentos teóricos consistentes, para que ele possa atuar com competência. Desenvolvimento da Engenharia O desenvolvimento da Engenharia no Brasil manteve-se por muito tempo estagnado. O principal fato para que isso acontecesse era a economia ser baseada na escravidão, o que não tornava o desenvolvimento interessante para a monarquia. A referência mais antiga com relação ao ensino da Engenharia no Brasil é citada por Telles (1994) em seu livro História da Engenharia no Brasil — parece ter sido o contrato do holandês Miguel Timermans, entre 1648 e 1650, para aqui ensinar sua arte e ciência. Até o início deste século, tivemos a fase dos engenheiros "enciclopédicos": quando a sólida cultura básica ministrada nas escolas permitia que se abordassem e resolvessem com eficiência problemas em vários campos da Engenharia: ferrovias, portos, obras públicas, indústria etc. (TELLES, 1994). Assim foram todos os grandes vultos daquele tempo, cujas carreiras foram, em muitos casos, um contínuo passar de um campo para outro: Paulo de Frontin, Pereira Passos, André Rebouças, Honório e Francisco Bicalho, Aarão Reis etc. A fase das especializações só ocorreu mais tarde, com a vinda de alguns profissionais estrangeiros, e principalmente por iniciativa de alguns engenheiros proeminentes, que se especializaram de forma quase autodidática e depois fizeram escola, como, por exemplo, Francisco Saturnino de Brito, na engenharia sanitária, e Emílio Baumgart, no concreto armado (TELLES, 1994). Paulo de Frontin Pereira Passos André Rebouças Aarão Reis Inovação Tecnológica na Engenharia Ao buscarmos uma definição de Engenharia, podemos descobrir que: Engenharia é a arte de aplicar conhecimentos científicos e empíricos e certas capacitações específicas à criação de estruturas, dispositivos e processos que se utilizam para converter recursos naturais em formas adequadas ao atendimento das necessidades humanas. (FERREIRA, 1986) Uma das dimensões na qual a palavra inovação aparece com maior frequência é a relacionada à produção de novos produtos ou processos intensivos em conhecimento. Essa dimensão guarda relação com os desenvolvimentos científicos e tecnológicos, razão pela qual se utiliza o termo Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) para descrever os principais elementos que caracterizam o processo dinâmico que está impactando profundamente a economia, a sociedade e o meio ambiente. Sustentabilidade Cavalcanti (2012) argumenta que, embora a sustentabilidade tenha se tornado uma espécie de mantra no mundo contemporâneo, não há grandes compromissos relacionados com a redução do impacto ambiental e os limites sobre o uso dos recursos que devem ser estabelecidos para conciliar crescimento econômico e desenvolvimento sustentável. Nesse sentido, mudanças no sistema econômico são um imperativo. Em uma perspectiva mais abrangente, Veiga (2010) propõe que indicadores de sustentabilidade sejam estabelecidos para que se avalie concomitantemente resiliência ecossistêmica, qualidade de vida e desempenho econômico. O Brasil é um país com vocação para a sustentabilidade, em razão de suas reservas naturais e biodiversidade, e apresenta grande potencial de contribuição para as mudanças climáticas. Diferentemente de países com economia madura, o Brasil possui uma infraestrutura industrial e tecnológica ainda em desenvolvimento, possibilitando a adoção de novas tecnologias para atender às exigências da sustentabilidade, sem demandar muitas reconversões de infraestrutura (KRUGLIANSKAS; PINSKY, 2014). Uma das reservas naturais do Brasil: Parque Nacional de Iguaçu O processo de inovação tecnológica consiste em uma série de fases necessárias para que se implementem melhorias ou se desenvolva um novo processo produtivo, produto ou serviço. Existem duas correntes sobre a origem das inovações tecnológicas: “Uma defende que o impulso tecnológico (Technological Push) vem dos setores de pesquisa e desenvolvimento científico, sem fins comerciais; a outra (Market Pull), mais aceita atualmente, afirma que são as necessidades do mercado que instigam as empresas a desenvolverem novas tecnologias que satisfaçam as demandas dos consumidores e empresas.” (VEYRAT, 2017). A inovação é um dos principais fatores que influenciam o crescimento econômico dos países, sendo essencial para a geração de vantagem competitiva em ambientes altamente turbulentos. A habilidade em inovar é diretamente relacionada com a capacidade competitiva dos indivíduos, empresas, regiões ou países (NEELY; HILL, 1998; IBGE, 2013). A difusão de novas tecnologias é primordial para o crescimento sustentado dos resultados e o aumento da produtividade, sendo definida como a maneira com que uma inovação é disseminada desde a sua primeira aplicação para outro país, região, indústria, mercado ou empresa. Os processos de inovação e seus impactos econômicos ainda são considerados deficientes (OECD, 2005), considerando, por exemplo, as dificuldades de difusão e o baixo índice de adoção de tecnologias fundamentais a setores críticos e com considerável potencial de contribuição para o desenvolvimento de soluções sustentáveis, como os setores químico, sucroenergético, transporte e de bens de consumo. As Inovações Tecnológicas de Produtos e Processos (TPP) são definidas no Manual de Oslo pela Organization for Economic Cooperation and Development (OECD, 2005, p.31) e compreendem: “A implementação de produtos e de processos tecnologicamente novos e a realização de melhoramentos tecnológicos significativos em produtos e processos. Uma inovação TPP foi implementada se ela foi introduzida no mercado (inovação de produto) ou usada em um processo de produção (inovação de processo).” A inovação tecnológica orientada para a sustentabilidade apresenta-se como uma alternativa para contribuir com a construção de uma nova forma de capitalismo que considera a unidade entre sociedade e natureza, economia e ética (ABRAMOVAY, 2012), sendo os seus benefícios diversos para o setor corporativo, incluindo diferenciação, desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços, acesso a novos mercados, eficiência na cadeia de valor, compliance, redução de custo e risco (Porter; Van Der Linde, 1995; Hart; Milstein, 2004; Schot; Geels, 2008; Nidumolu; Prahalad; Rangaswami, 2009; Frondel et al., 2010). O conceito de inovação orientada para a sustentabilidade é abrangente e recebe diversas denominações na literatura, como inovação sustentável, verde, eco ou ambiental. Essa pesquisa considera o conceito de ecoinovação, elaborado com base na definição de inovação da OECD: “Ecoinovação é a produção, assimilação ou exploração de um produto, processo produtivo, serviço ou gestão ou método de negócios que é novo para a organização (desenvolvimento ou adoção) e que resulta, ao longo de seu ciclo de vida, na redução de risco ambiental, poluição e outros impactos negativos do uso de recursos (incluindo o uso de energia) em comparação com alternativas relevantes. (Kemp; Pearson, 2007, p.7.) Atividades 1. Para se constituir em uma inovação tecnológica, o bem, produto, processo ou empresa desenvolvido necessita: a) Ser inédito no mercado. b) Ser gerado por uma equipe de especialistas em tecnologia. c) Passar por um processo incremental. d) Desenvolver tecnologia que atenda às necessidades ou aos anseios humanos, incorporando às atividades humanas. e) Possuir alto custo de implantação e manutenção. 2. Na sociedade contemporânea, a inovação constitui-se: a) Apenas em uma ferramenta gerencial básica. b) Somente em uma ferramenta para desenvolvimento de novos produtos. c) Em um instrumento de transformação de culturas organizacionais inteiras. d) Em uma ferramenta suficiente para a manutenção de boas margens de lucro. e) No fato de que a difusão do conhecimento não é uma condição básica para a geração da inovação tecnológica. 3. Leia o trecho a seguir, extraído do livro Introdução à Engenharia, da Professora Márcia Agostinho. "A Engenharia pode ser definida como a arte de fazer engenhos ou, ainda, a arte de resolver problemas. Como tal, a engenharia faz parte da identidade humana. É esta habilidade de transformar a natureza a nosso favor, através do uso de ferramentas e técnicas, que nos caracteriza como espécie única." Essa afirmação pode ser interpretada do seguinte modo: a) A engenhosidade nos diferencia dos demais primatas porque apenas os seres humanos são capazes de desenhar. b) A engenhosidade nos diferencia dos demais primatas porque a identidade humana corresponde à capacidade de se comunicar. c) Qualquer animal é capaz de transformar a natureza a seu favor com o uso de técnicas complexas. d) Qualquer animal é capaz de planejar e construir engenhos. e) A espécie humana se diferencia e se caracteriza como única porque é capaz de utilizar-se dos elementos da natureza para construir seus engenhos, de modo racional, identificando suas necessidades e sua sustentabilidade. Referências AGOSTINHO, M.; AMORELLI, D.; BARBOSA, S. Introdução à Engenharia. 1 ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2015. FREITAS, C.A. Introdução à Engenharia. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014. GURGEL, E.M. Engenharia: história em construção. Belo Horizonte: UFMG, 2012. HOLTZAPPLE, M. Introdução à Engenharia. Rio de Janeiro: LTC, 2006. ROCHA, A.A. Histórias do saneamento. São Paulo: Edgard Blucher, 2016. BAZZO, W.A.; PEREIRA, L.T.V. Introdução à Engenharia. 6 ed., Florianópolis: UFSC, 2002. 271p. CAVALCANTI, C. Sustentabilidade: Mantra ou Escolha Moral? Uma abordagem ecológico- econômica. Estudos Avançados, v.26, n.74, p.35-50, 2012. E-MEC (2013). Sistema de Cadastro de Instituições e de Cursos Superiores, emec.mec.gov.br. FERREIRA, A.B.H. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Inovação 2001. Rio de Janeiro, 2013. KRUGLIANSKAS, I.; PINSKY, V.C. (Org.) Gestão estratégica da sustentabilidade: experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. NEELY, A.; HII, J. Innovation and business performance: a literature review. The Judge Institute of Management Studies. University of Cambridge, 1998. p.65. OECD. Organization for Economic Cooperation and Development. Oslo Manual. The measurement of scientific and technological activities. Proposed Guidelines for Collecting and Interpreting Technological Innovation Data. European Commission and Eurostat, 2005. OLIVEIRA, V.F. (2010). Retrospecto sobre a Formação em Engenharia. In: PINTO D. P. PINSKY, V. et al. Sustainability as driver of corporative innovation: a case study in the brazilian petrochemical sector. In: POMS 25th ANNUAL CONFERENCE. Proceedings of Production and Operations Management Society. Chicago, 2014. TELLES, P.C.S. História da Engenharia no Brasil. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A, 1984. ¬______. História da Engenharia no Brasil (Séculos XVI a XIX). Rio de Janeiro: LTC Editora S.A., 1984. VEIGA, J.E. da. Indicadores de Sustentabilidade. Estudos Avançados, v.24, n.68, p.39-52, 2010. VEYRAT, P. Processo de inovação tecnológica e suas 8 etapas. Disponível em: http://www.venki.com.br/blog/processo-de-inovacao <http://www.venki.com.br/blog/processo-de-inovacao> . Acesso em 22 maio 2018. Próximos Passos Contribuição das diversas etnias na formação da sociedade brasileira; Identificação dos perfis profissionais dos diversos engenheiros que atuam no mercado; Como o profissional pode estar presente nas mais diversas áreas da engenharia. Explore mais Leia os seguintes textos: “Reflexões sobre a História do Ensino de Engenharia <http://porvir.org/reflexoes-sobre-historia-ensino-de-engenharia> ”. “Evolução Geral da Engenharia no Brasil <http://rmct.ime.eb.br/arquivos/RMCT_4_tri_1997/evol_geral_eng_Brasil.pdf> ”. Assista aos vídeos: “Introdução à Engenharia – Aula 1 <https://www.youtube.com/watch? v=nnlLmuojXSU> ”. “História da Engenharia <https://www.youtube.com/watch?v=tVbsAMtm0rg> ”. “Panorama da História da Engenharia <https://www.youtube.com/watch? v=U16HsHpIGsw&t=452s> ”. http://www.venki.com.br/blog/processo-de-inovacao http://porvir.org/reflexoes-sobre-historia-ensino-de-engenharia http://rmct.ime.eb.br/arquivos/RMCT_4_tri_1997/evol_geral_eng_Brasil.pdf https://www.youtube.com/watch?v=nnlLmuojXSU https://www.youtube.com/watch?v=tVbsAMtm0rg https://www.youtube.com/watch?v=U16HsHpIGsw&t=452s ENGENHARIA SUSTENT?VEL/aula3.pdf Disciplina: Engenharia Sustentável Aula 3: História e ensino de engenharia no Brasil e no mundo Apresentação Esta aula se inicia com uma breve exposição a respeito da importância da capacidade de pensar dos seres humanos como principal diferencial para o destaque e a supremacia da espécie no planeta. Vale destacar que a Engenharia é uma profissão cujo pleno exercício exige: Criatividade, que pode ser exemplificada pela capacidade de criar uma nova abordagem para um assunto ou de desenvolver ferramentas para solucionar um problema. Engenhosidade, como a capacidade de agregar diferentes elementos da natureza, de modo a obter certo resultado desejado. Abordagem científica, ou seja, a forma de relacionar eventos e conhecimentos de maneira lógica e metodológica para explicar fenômenos da natureza, desenvolver teorias e formalizar conhecimento com consistência. Objetivos Levar o aluno a compreender a contribuição das diversas etnias na formação da sociedade brasileira; Identificar os perfis profissionais dos diversos engenheiros que atuam no mercado; Compreender o Sistema Crea/Confea. Ética e Engenharia Na visão de Maximiniano (2012), a responsabilidade social das organizações e o comportamento ético dos administradores estão entre as tendências mais importantes que vão influenciar a teoria e a prática da gestão a partir do Terceiro Milênio. A discussão sobre ética e responsabilidade social é antiga, mas há pouco tempo passou a nortear o comportamento dos gestores. Isso aconteceu a partir do momento em que casos de poluição, corrupção, desemprego e direitos do consumidor começaram a ganhar mais destaque na mídia. Sob o ponto de vista estritamente filosófico, a ética pode ser definida como a interpretação da moral. A palavra ética tem a sua origem no termo latino ethos, que significa comportamento, hábitos, costumes. O Código de Ética contém um sistema de valores que devem nortear o comportamento de pessoas, grupos, profissões e organizações. De acordo com Stoner et al (1995) , a ética nas empresas pode ser abordada em quatro níveis: Social O Nível Social expressa a maneira como as pessoas questionam a presença, o papel e os efeitos das organizações perante a sociedade. É justo que um executivo ganhe 50 vezes mais do que um trabalhador do nível operacional? É aceitável o fato de empresas bancarem campanhas políticas de candidatos com o intuito de obterem vantagens? É correto que algumas empresas formem cartéis como forma de controlar o preço de produtos? Podemos aceitar que algumas empresas subornem funcionários para pagar menos impostos ou para vencer determinada concorrência ou licitação? Stakeholder Os stakeholders são pessoas que sofrem, direta ou indiretamente, influência das decisões administrativas de uma organização, representada aqui pelos shareholders (acionistas, gestores e conselho de administração). Qual é a obrigação de uma empresa em informar aos seus consumidores os riscos que seus produtos podem causar à saúde (por exemplo, cigarros e bebidas alcoólicas)? Qual é o impacto da instalação ou operação de uma organização para uma comunidade ou para o meio ambiente? Que impacto os clientes, fornecedores, distribuidores e funcionários podem sofrer em caso de desativação de uma unidade ou filial de uma organização? Política interna da empresa Os questionamentos éticos no nível da política interna da empresa abrangem principalmente a relação das organizações com os seus funcionários. Quais são as obrigações das organizações (além das legais) para com seus funcionários? Que tipos de compromissos uma empresa pode exigir de seus funcionários? Até que ponto os funcionários devem ser ouvidos em relação às decisões que as organizações tomam? Individual O nível individual respeita à maneira como as pessoas devem tratar-se umas às outras. Que normas de conduta devem orientar o comportamento das pessoas em seus relacionamentos pessoais nas organizações? Como uma empresa (representada pela chefia) pode ajudar seu funcionário em uma questão pessoal? Engenharia e a formação da sociedade Com toda a certeza, a colonização do Brasil foi um dos processos que mais contribuiu para a formação da população brasileira, e tudo isso aconteceu a partir do século 15, quando diversos colonizadores portugueses, espanhóis, holandeses, entre outros, começaram a criar o que chamamos de “a sociedade brasileira”. Durante aquela época, começaram a existir as colônias e, automaticamente, a colonização. A grande diversidade cultural das populações indígenas da América do Sul foi negativamente afetada pelo processo de colonização no Brasil. Houve duas situações de colonização, uma bastante distinta da outra: A colonização de povoamento Quando os europeus tinham o interesse em viver nas regiões conquistadas, obrigando os índios a deixar a sua terra e ainda tendo filhos mestiços com as índias. A colonização de exploração Teve a real intenção de remover o máximo possível de recursos e também riquezas naturais das várias terras exploradas, e levar para o seu país de origem, o que ainda acontece em nossos dias, porém de forma um pouco diferente. A formação do engenheiro e a sua função social Segundo o dicionário, engenheiro é: Uma pessoa que adquiriu uma formação superior e se especializou na colocação em prática de certas aplicações da ciência. Os seus conhecimentos tornam-no apto a participar em investigações, a ocupar funções científicas ou técnicas ativas, com vista a criar, organizar, dirigir os trabalhos que daí decorrem e ter um papel na chefia ou na assessoria técnico-científica. 1 O engenheiro concebe ou cria bens tangíveis utilizando a sua competência técnica e científica. 2 Trata-se da criação e concepção de novas ideias, novos meios ou métodos, novos bens materiais. A criação e concepção desencadeia um processo em quatro fases: Investigação Realizada em laboratórios, raramente consiste na procura de leis gerais da Física, da Química, da Eletricidade etc. (como faz a investigação fundamental) e é voltada para melhoramento de produtos. Estudo Desencadeia experiências e ensaios até se chegar ao produto industrial definitivo. Um dos últimos passos é a elaboração do protótipo. Fabricação Fase da realização definitiva do produto que será comercializado. Para se chegar a uma produção de qualidade, o engenheiro põe em prática não só as suas competências técnicas, como também as suas capacidades de coordenar e dirigir pessoal. Comercialização O engenheiro comercial deve conhecer e compreender todas as possibilidades de utilização do produto, assim como ser capaz de prever adaptações eventuais em função de problemas particulares colocados pelos clientes. Função social do engenheiro O engenheiro tem de criar, formular, calcular, estudar, atualizar-se, além de exercer suas funções sociais. Um profissional com tanta carga e conhecimentos está muito apto a dar auxílios a comunidades menos favorecidas. Ele pode contribuir com sua intelectualidade e consciência investindo em projetos que resultem em produtos e serviços que ajudem no desenvolvimento comunitário e na inclusão social. Por mais contraditória que seja, a aparente invisibilidade dos engenheiros na sociedade se dá justamente em virtude de que suas obras perpassam todo o corpo social e são onipresentes à vida cotidiana. Porém, enquanto sociedade, devemos refletir permanentemente sobre a relação entre a Engenharia e a sociedade. Grande parte dos objetos com que interagimos durante um dia comum são o resultado de um processo engenheirado - desde o despertador até o nosso carro, dos alimentos matinais à internet, passando pela televisão. Todos esses objetos, que nos são tão prosaicos, são o resultado do engenho humano, personificado no profissional engenheiro. Todos esses objetos surgiram após noites de reflexão e semanas, meses ou anos de experimentos, testes, desenvolvimentos e aperfeiçoamentos, momentos de profunda técnica e de sublime paixão, até que estivessem prontos para nos servir. Mais do que dispor para a sociedade objetos que facilitam a vida e trazem lazer, a Engenharia é um dos elos de uma cadeia virtuosa, que, a partir da Revolução Industrial, vem dando à humanidade um desenvolvimento econômico e social sem precedentes na história; trata-se da cadeia da inovação. Na cadeia da inovação, a Engenharia se apoia nos conhecimentos da ciência, acrescenta o seu lado de arte, por meio da experiência, percepção e criatividade, e cria a tecnologia, expressa em um novo produto, serviço ou processo. Segunda a teoria econômica, neste momento se opera a mola propulsora do crescimento econômico. Só há crescimento econômico quando há inovação tecnológica. A Responsabilidade Social do engenheiro perante a lei A Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966 (sancionada pelo então presidente Castelo Branco), que regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro- Agrônomo, diz: Art. 1º – As profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo são caracterizadas pelas realizações de interesse social e humano que importem na realização dos seguintes empreendimentos: 1 Aproveitamento
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