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Veja São Paulo (08.07.20)

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vejasaopaulo.com.br 
8 de julho de 2020
Plataforma chinesa de 
criação de vídeos curtos 
faz sucesso no escapismo 
da quarentena e vira 
grande negócio pra 
novos influenciadores 
TikTok
sem 
parar
TikTok
sem 
parar
TikTok
sem 
parar
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4 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
#SPNASALTURAS
Por Raul Juste Lores
Nova sede dos arquitetos 
do Pitá no 16º andar: o Itália 
atrai ocupantes ex-Faria Lima
sangue novo no ItálIa
Alugar um escritório no Edifício Itália 
pode custar até um quarto do preço 
da Faria Lima. O aluguel sai entre 20 
e 30 reais o metro quadrado, en-
quanto o valor mínimo faria limer 
costuma ser de 80 reais... Antes 
mesmo da crise criada pelo “efeito 
XP”, o querido arranha-céu come-
çou a atrair novos ocupantes. 
Acaba de se instalar no 16º andar 
o escritório Pitá, dos arquitetos Nico 
Salto del Giorgio e Antonio Mantova-
ni (que projetaram o Cubo, do Itaú, e 
as sedes do LinkedIn e Civi-co). Pelo 
mesmo valor que pagavam por 180 
metros quadrados no Jardim Paulis-
tano, ficaram com meia laje no Itália, 
de 450 metros quadrados. A desig-
ner Milena Romano também está de 
mudança para lá, onde já funciona 
há anos o Tacoa Arquitetos.
Além da pechincha e do en-
dereço icônico, não dói ter uma 
estação de metrô praticamente 
em frente, com as linhas Amarela 
e Vermelha à mão, e estar a pas-
sos da Casa do Porco, do Dona 
Onça, do Orfeu, da balada Tokyo, 
do Sertó, do Esther Rooftop, al-
guns dos endereços mais baca-
nas da Pauliceia.
Encantado com o novo endere-
ço, o Pitá até organizou um livro so-
bre o Itália. O sangue novo pode 
causar outros efeitos no edifício, 
que, como qualquer personalidade 
quase sexagenária, pede cuidados. 
O Circolo Italiano vive o envelheci-
mento comum a outros clubes so-
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Veja São Paulo 8 de julho, 2020 5
ciais, com espaços de pouquíssimo 
uso. Já o Terraço Itália denuncia sua 
idade pela decoração pesada. Implo-
ra por um design contemporâneo e 
menos careta, à altura das matado-
ras vistas e do serviço atencioso. 
Carpete no novo normal é insalubre. 
Quem sabe os vizinhos recém-che-
gados possam dar uma consultoria.
A galeria no térreo tem diversos 
espaços vazios e perdeu seu caráter 
de circulação entre Ipiranga e São 
Luís por ter a entrada para essa últi-
ma fechada. Ainda não passou pela 
renovação que as galerias do Rock 
ou Metrópole vivem. Com a neces-
sidade de lugares ao ar livre no pós-
quarentena, sua larga calçada po-
deria ser usada à noite — ou mes-
mo o terração desperdiçado do 
Ao lado, maquete e a antiga 
sede: terreno de 2 382 m2 
deu lugar a 52 000 m2 de 
área construída; distância 
da praça, na diagonal, 
definiu altura
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josé cordeiro
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6 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
Galeria vazia, 
carpete no bar e 
térreo vítima de 
penduricalhos: 
joia modernista 
pede uma 
recauchutagem 
à altura
Circolo, onde a escultura do Cavalo 
Rampante chama atenção.
O térreo também é vitima de 
uma poluição visual que destoa do 
racionalismo do arquiteto Franz 
Heep, autor do projeto (de 1953-
1954; só ficou pronto em 1965). Tem 
de inexplicáveis portas de vidro na 
entrada dos elevadores a pendurica-
lhos no saguão — em desenho de 
Heep, menos deveria ser mais. 
Já que é para sonhar com melho-
rias, que a iluminação da fachada 
ovalada e com quebra-sóis seja mais 
frequente — os prédios históricos 
de São Paulo precisam de mais 
luz, para lembrar nossa amnésica 
sociedade o patrimônio que pos-
sui. O centro de São Paulo ganha-
ria muito com melhor iluminação 
— os postes normalmente apon-
tam para a rua, a serviço do auto-
móvel, mas deixam prédios e cal-
çadas no breu.
O Itália também é um lembrete 
dos feitos da comunidade italiana, 
que soube fazer um concurso de ar-
quitetura para escolher o projeto que 
resultasse mais impactante (e ga-
nhou a melhor proposta). Algo bas-
tante incomum no piloto automático 
que testemunhamos por todos os 
lados, e que produz sedes de ban-
cos, estações de metrô e terminais 
de aeroporto desengonçados. 
Na São Paulo que cresce para os 
lados, até destruir os mananciais, o 
gigante da Ipiranga comprova o erro 
da legislação que inviabilizou arra-
nha-céus (os dois maiores paulis-
tanos foram aprovados há mais 
de sessenta anos, este e o Zarzur). 
No terreno de 2 382 m2 do antigo pa-
lacete do Circolo, a prefeitura per-
mitiu em 1954 a torre com 52 000 
m2 de área construída, em 46 an-
dares (pelas leis atuais, o Itália 
teria um quinto desse tamanho). 
Naquela época, a capital não tinha 
plano diretor nem zoneamento, mas 
permitia marcos em esquinas de 
destaque. O que determinava a altu-
ra dos prédios era a largura da rua 
(quanto mais larga, mais alto pode-
ria ser o prédio, sem fazer sombra ao 
vizinho da frente). 
O engenheiro Otto Meinberg e o 
arquiteto Franz Heep reinterpretaram 
a regra: a altura do Itália seria calcu-
lada pela distância entre seu terre-
no e a Praça da República, diagonal-
mente (quase o dobro do tamanho 
da largura da Ipiranga). A dupla usou 
o mesmo expediente no primeiro 
prédio da Praça Roosevelt, o Icaraí 
— sem tirar o sol de ninguém. Hoje, 
faltam terrenos em áreas centrais e 
nos damos ao luxo de espraiar e criar 
“novos centros” a cada década, sem 
a infraestrutura da República ou da 
Paulista. De muitos jeitos, o Itália 
contém aulas do passado ao futuro.
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RAul justE loREs MARIo RoDRIGuEs
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Circula semanalmente com a revista VEJA, na Grande São Paulo, Litoral e nas cidades até 100 km da capital
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VEJA SÃO PAULO 1917 (ISSN 2675-0546) ano 37/nº 28. VEJA SÃO PAULO é uma publicação semanal da Editora Abril, 
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Alice Padilha
MeMória
Trilhos esquecidos 
pelo tempo
Localizada a cerca de 75 quilômetros de 
São Paulo, no caminho para Sorocaba 
está Mairinque, com 50 000 habitantes, 
uma cidade que cresceu ao redor da Es-
tação Ferroviária de Mairinque. “eu 
trabalhei ali por mais de vinte anos. Co-
mecei fazendo reparos em truques de 
vagão e me aposentei como inspetor. 
Meu pai, meu avô e meus tios trabalha-
ram lá. a cidade nasceu com os ferroviá-
rios. Quase todas as famílias têm um”, 
conta Francisco antônio de Camargo, 
presidente da associação Mairinquense 
de Preservação Ferroviária. 
a construção atual, inicialmente cha-
mada de estação Mayrink, foi erguida em 
Erguida em 1906, a Estação Ferroviária de Mairinque aguarda 
desde 2015 a viabilização de um projeto de restauro
1906. Substituiu um tímido prédio de ma-
deira, inaugurado dez anos antes, de forma 
provisória. Fez parte da estrada de Ferro 
Sorocabana, projetada para diluir o mono-
pólio de exportação da antiga São Paulo 
railway, primeira ferrovia do estado. Os 
trilhos ligavam o interior (Sorocaba, itu e 
Campinas) à capital e ao litoral, principal-
mente ao Porto de Santos. 
O projeto do arquiteto Victor Dubu-
gras foi o primeiro do tipo a ser construído 
com concreto armado no país. Também 
inaugurou o modelo de ilha, com dupla 
plataforma e um amplo hall central que 
concentrava serviços como bilheteria, telé-
grafo, armazém e despacho. Os trens com 
passageiros circularam entre 1937 e 1999, 
FOTOS PreFeiTurA de mAirinque
rAPhAel nASrAllAh
ASSOciAçãO mAirinquenSe
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Veja São Paulo 8 de julho, 2020 9
quando a malha ferroviária foi revista e a 
antiga estação foi adquirida pela prefeitu-
ra. O prédio foi tombado como patrimô-
nio histórico pelo Condephaat, em 1986, e 
pelo Iphan, em 2004, ano em que o Mu-
seu Ferroviário de Mairinque passou a 
funcionar em uma das salas do edifício. 
“De vez em quando a gente vai lá e tenta 
preservar um pouquinho. No museu tem 
um funcionário, mas a outra parte fica 
abandonada. Tem calha furada, infiltra-
ções, mato alto. Você acende uma lâmpa-
da e apaga a outra”, conta Camargo.
Em 2014, o Condephaat realizou um 
concurso de projeto de restauro em que 
foi premiada a proposta elaborada pelos 
escritórios de arquitetura SIAA e HASAA. 
Entre as intervenções, estavam previstas a 
construção de uma pequena praça miran-
te, a adequação de elementos de acessibi-
lidade e a substituição dos antigos pisos 
de pedra. Aprovado no ano seguinte, o 
projeto foi orçado em cerca de 6 milhões 
de reais e, até o momento, não saiu do 
papel. “O nosso contrato era só para a par-
te do projeto, então estamos de mãos 
atadas. Já está tudo detalhado. Falta, ago-
ra, viabilizar”, explica Cesar Shundi, um 
dos arquitetos responsáveis pelo plano. Em 
nota, o diretor de cultura de Mairinque, San-
dro Rolim, afirma que os recursos para a re-
gularização virão através de emenda parla-
mentar aprovada, que aguarda o empenho 
pelo Ministério do Turismo. “A adequação às 
normas do Corpo de Bombeiros é o primeiro 
passo para a restauração do espaço, tendo 
em vista que o projeto definitivo deverá ser 
realizado em cotas”, afirma Rolim.
Ambientes da 
Estação Ferroviária 
de Mairinque nos anos 
de 1910 (nas imagens 
em preto e branco) e 
atualmente: primeira 
estação construída 
com concreto armado 
no país tem calha 
furada, infiltrações 
e mato alto
Acervo AssociAção MAirinquense de PreservAção FerroviáriA
reProdução rAcionAlisMo e Proto-ModernisMo dA obrA de victor dubuGrAs
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10 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
Estou trabalhando remotamente desde o dia 15 de 
março. De lá para cá, houve uma queda nos atendi-
mentos particulares, tendo em vista que muitas pes-
soas estão com restrições financeiras. Ao mesmo 
tempo, a procura por consultas pelo convênio cres-
ceu. Não acredito que a terapia perca a qualidade por 
migrar do presencial para o on-line. Já trabalhava des-
sa maneira antes do isolamento e há outras coisas 
para avaliar além da resposta física do paciente ao que 
é abordado nas sessões. Mas isso também é possível 
por vídeo, não compromete o diagnóstico.
As queixas mais recorrentes neste período são 
sobre ansiedade e humor deprimido. Para o ansioso, 
os pensamentos repetitivos não cessam, há dificulda-
des com o sono, medo do amanhã. O deprimido en-
contra problemas em realizar tarefas simples do dia a 
dia, se sente frustrado, insatisfeito e incapaz, com 
menos energia. Alguns pacientes apresentam pen-
samento mais catastrófico em resposta tanto à 
pandemia quanto à crise política e econômica 
que se instala no país. Estão bem pessimistas. Há 
uma grande dificuldade em encontrar uma res-
posta para o cenário pós-Covid-19. 
Para quem precisou abrir mão da terapia neste 
momento, os sintomas podem ser piores, já que é 
uma perda de amparo em uma situação no mínimo 
complicada. Essa falta de suporte agrava situações 
que, por si só, já são devastadoras, como a impossibi-
lidade de enterrar um ente querido. Tenho uma pa-
ciente idosa que perdeu a mãe para o coronavírus 
em menos de três dias após o diagnóstico da 
doença. Ela ainda fala da mãe no presente, “mi-
nha mãe é uma pessoa assim”. Tem muita dificul-
dade em aceitar a morte. Parte disso se deve à 
falta dos ritos de passagem: não poder se despe-
dir, nem ir ao velório nem enterrar. Não recebeu 
o amparo que normalmente é destinado às pes-
soas que estão de luto. Essa paciente se queixa 
pois não se sente legitimada em sua dor. 
Diante de todo esse cenário, tenho percebido co-
mo está em evidência a importância da psicologia. 
Isso vai quebrando os mitos e estigmas que a profis-
são carrega, das crenças associadas à loucura. No 
entanto, lidar com esses descréditos aumenta a ne-
cessidade de apoiar projetos científicos, fornecer as 
informações corretas, explicar. Quem trabalha na área 
da saúde tem essa função psicoeducativa, isso já fez 
parte da minha atuação profissional várias vezes. Tor-
na-se quase uma obrigação para o processo de traba-
lho fortalecer a ciência. 
Particularmente, sou uma pessoa caseira, mas 
sinto falta da minha rotina, do contato com os pacien-
tes. Antes eu passava o dia todo na rua, me alimenta-
va fora, ia à academia. Agora a rotina doméstica foi 
embutida na rotina de trabalho. Eu e meu marido ti-
vemos pequenos impactos financeiros, mas não po-
demos nos esquecer da nossa posição de privilégio 
de poder ficar em casa num momento como este.
Beatriz Oliveira Mazzoco, 33 anos,
em depoimento a Mariani Campos
diário da quarentena — Beatriz oliveira mazzoco, psicóloga
“
“Alguns pacientes têm 
apresentado pensamento 
mais catastrófico em 
resposta à pandemia”
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A psicóloga 
Beatriz 
Mazzoco: 
pacientes com 
ansiedade
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12 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
Quando tudo isso começou, as pessoas não levaram 
a sério. Ninguém de máscara, e a feira continuou nor-
malmente. Passados os primeiros quinze dias de qua-
rentena, e com o número de mortos aparecendo, as 
pessoas começaram a se cuidar mais. Nós, os feiran-
tes aqui da Zona Leste, entramos em comum acordo 
de oferecer álcool em gel em toda barraca, além de 
máscaras. Cortamos a degustação também, tudo 
pensando em não sofrer restrições da prefeitura. 
Nosso movimento caiu em torno de 40%. As pes-
soas ainda vêm à feira, mas não compram quase na-
da. Mantivemos todos os nossos funcionários, claro, 
mas tivemos de cortar despesas em casa: nada de 
compras parceladas ou gastos supérfluos.Meu pai 
estava com um projeto de construir algumas casas 
para alugar, mas cancelamos. Quem sabe em 2021.
Ainda que a gente tome todos os cuidados, nossa 
maior dificuldade tem sido os clientes. Veja bem: ins-
talamos pias de inox perto de várias barracas, princi-
palmente da do pastel e do caldo de cana, para as 
pessoas higienizarem as mãos. Muitas se recusam, 
dizem que não precisa. Fora as que continuam co-
mendo na frente da barraca, desrespeitando a norma 
de “pastéis, só para viagem”. Com medo de perderem 
o freguês, os donos das tendas de comida não falam 
nada, e o problema fica por isso mesmo. 
A barraca da minha família vende queijos. 
Meu pai, com mais de trinta anos de feira, gosta 
de oferecer degustações aos clientes, mas corta-
mos essa prática logo no início da quarentena. 
Mesmo assim, tem gente que chega aqui e pede 
para provar. Alguns, quando ouvem a nossa recu-
sa, ainda falam “mas não tem ninguém olhando”. 
A questão não é essa, estamos em pandemia, os ca-
sos estão aumentando, então precisamos ter cons-
ciência. Você oferece álcool em gel à pessoa e ela se 
recusa a passar, diz que já se higienizou no carro. Ofe-
recemos máscaras, com custo que sai do nosso bolso, 
Diário Dos sem-quarentena — roDrigo jalloul, feirante
“
 “Do pastel à degustação, tem 
 muito freguês que não se cuida”
Rodrigo Jalloul, na 
barraca de queijo: 
consumidor quer 
experimentar
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Veja São Paulo 8 de julho, 2020 13
Querendo ou não, é uma linha de frente, né? 
Atendemos de 500 a 600 pessoas por dia de feira. Eu 
sei que estou me cuidando, mas e o próximo? Já pre-
senciei pessoas de idade falando “essa porcaria não 
vai me pegar, não”. É difícil lidar com isso. Eu não me 
sinto deprimido nem nada, acho que por estar saindo 
de casa não me afetou dessa forma, mas eu vivo com 
um constante medo de me contaminar. 
Nós, feirantes, temos feito todo o possível para evi-
tar o contágio. Além das medidas básicas, suspende-
mos a xepa, por acumular muitas pessoas em busca 
dos preços mais baixos. Estamos trabalhando com os 
valores numa média entre o que custa no começo da 
feira e no final, assim nem cliente nem feirante são pre-
judicados. Mas sempre tem os que não cooperam. Ti-
vemos o caso de um comerciante aqui da Zona Leste 
que pegou o coronavírus e continuou vindo para a feira, 
disse que iria trabalhar de qualquer jeito. Quem nos 
avisou foi a própria esposa dele, que não queria que ele 
saísse de casa. Fomos até a sua barraca e dissemos que 
aqui ele não iria vender nada, fizemos ele ir embora. Não 
tem como deixar uma coisa assim acontecer. 
Muitos clientes de mais idade gostam de vir 
aqui conversar, temos amizade com eles. Durante 
todo esse tempo, eles se mantiveram em casa, mas 
depois de três meses já não aguentam mais ficar 
isolados, sentem falta de sair, de colocar a conversa 
em dia. Temos orientado que venham de manhã bem 
cedo, assim não tem aglomeração e eles não correm 
tanto risco. E mantemos a distância, claro. 
Em casa somos eu, meu pai, minha tia, meu tio e 
meu primo. Quando nós voltamos do trabalho, tira-
mos toda a roupa, deixamos em um cesto separado 
só para isso e lavamos as peças em máquinas dife-
rentes: uma para as roupas da feira e outra para as 
que não usamos para sair. Dentro de casa passamos 
álcool nas superfícies toda hora, e uma vez por sema-
na nosso quintal, que é grande, é higienizado com 
cloro junto com o caminhão que leva os produtos. 
É importante ressaltar que tem muito feirante 
fazendo trabalho voluntário em meio a esse caos. 
Temos doado caixas de frutas e verduras a comuni-
dades como a da Brasilândia, muito afetada pela 
doença. Outros têm contratado moradores de rua, 
ex-presidiários, pessoas que encontram dificuldade 
para conseguir emprego. Temos de nos unir.”
Rodrigo Jalloul, 34 anos,
em depoimento a Mariani Campos ro
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mas mesmo assim tem cliente que só diz não, que é 
bobeira. Meu pai tem 64 anos, é cardíaco e precisa 
continuar trabalhando. Fico com medo de ele se con-
taminar, de eu pegar. Recentemente perdemos um 
parente, que também trabalhava com queijos, para a 
Covid-19. No começo achou que não tinha nada, con-
tinuou indo trabalhar. Depois de um tempo foi interna-
do e não durou uma semana, já veio a óbito. 
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Como as escolas de Nova York 
têm lidado com o coronavírus? 
A pandemia chegou aqui com dois terços 
do ano letivo cumpridos (o calendário vai 
de setembro a junho). O último terço foi 
de maneira remota, tanto nas escolas par-
ticulares quanto nas públicas. Agora estão 
todos de férias, mas a retomada das esco-
las, a princípio marcada para o mês de 
setembro, ainda é incerta. Há universida-
des dizendo que só voltarão a ter aulas 
presenciais em janeiro do ano que vem.
Assim como São Paulo, Nova 
York é uma cidade desigual. 
Qual o impacto disso na educação 
pública durante a quarentena?
A prefeitura de Nova York entregou 
300 000 tablets com internet para os 
alunos que não dispunham de equipa-
mentos em casa. Fizeram censo muito 
rápido e mapearam os que não tinham 
acesso. A rede municipal aqui tem 1,1 mi-
lhão de alunos, praticamente o mesmo 
número da paulistana. 
A diferença de aprendizado 
entre estudantes pobres e ricos 
no Brasil pode ganhar novos 
degraus por causa da pandemia?
Sem dúvida alguma. No Brasil, há muita 
gente que não tem sequer equipamento 
suficiente nem lugar adequado para es-
tudar. Há famílias de cinco pessoas mo-
rando em um, dois cômodos. Das cinco, 
duas ou três são crianças. Como acom-
panhar o aprendizado dessas pessoas 
nessas condições?
Ex-secretário da Educação de Kassab e Doria, pesquisador na Universidade Columbia, nos EUA, 
diz que professor será mais valorizado agora e que a educação andou para trás Sérgio Quintella
14 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
PAPO VEJINHA | AlexANdre SChNeider
“enem deveria ser transferido 
para o meio do ano que vem”
Diego PaDgurschi/FolhaPress
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Veja São Paulo 24 de junho, 2020 15Veja São Paulo 8 de julho, 2020 15
Repetir todo mundo ou aprovar 
todos seriam duas possibilidades?
As duas alternativas são ruins e penali-
zam os mais pobres duas vezes. O ideal 
seria flexibilizar o currículo e entender 
este e o próximo ciclos como um só. 
O que não for possível ensinar nesses 
meses, por causa da ausência de aulas, 
poderia ser distribuído ao longo do ano 
que vem. Outros países estão fazendo 
isso. Qualquer alternativa diferente vai 
provocar uma barbárie educacional.
E o ensino em tempo integral na 
retomada das aulas poderia ser uma 
saída para suprir o tempo perdido? 
O ensino integral depende de espaço. 
Mais escolas teriam de ser construídas. 
E também há uma questão de investi-
mento, não sei se estados e municípios 
dispõem de condições no momento. Mas 
é possível reduzir as desigualdades pro-
curando apoiar quem mais precisa, a 
partir da própria avaliação do professor, 
estruturando reforços, acompanhando a 
aprendizagem e, eventualmente, até com 
um programa que promova a conectivi-
dade das pessoas, não só das escolas. 
Na prática seria levar 
internet junto com a luz?
Isso. Não é uma questão simples nem 
barata. Mas o Brasil precisa começar a 
pensar em garantir que as pessoas te-
nham conexão com a internet. Aliás, 
isso deveria ser um direito e poderia ser 
um programa público. É caro, mas está 
na hora de começar. 
Como deverá ser o retorno 
de alunos e professores aqui?
A principal política deve ser de acolhimento 
de todos. A pandemia, com isolamento, cria 
uma série de problemas mentais. Antes de 
começarem com a recuperação da aprendi-
zagem, as escolas precisam construir um 
plano para que todos possam se conectar 
novamente e reconstruir laços de afeto. Nin-
guém aprende ou ensina com a cabeça ruim.
Os professores sairão mais 
valorizados desta pandemia?
Vai ser importante a retomada do res-
peitopela profissão, da autoridade do 
professor na sala. Obviamente, quando 
os pais participam, a escola fica melhor. 
Mas a participação deles tem de ser na 
melhora no coletivo. Mas muitos atra-
vessam a fronteira e entendem que eles 
têm de dizer como o professor deve 
exercer seu ofício. Ou, o mais grave, en-
tendem que o professor não tem direito 
de chamar a atenção de um estudante. 
Talvez este seja um bom momento de 
reflexão. Estamos vendo com nossos 
filhos como é difícil colocá-los na frente 
de um computador ou tablet.
Este período de quarentena vai 
fazer falta no total dos anos 
escolares dos nossos alunos? 
Estamos falando de um período curto 
diante da vida escolar de crianças e de 
adolescentes. Mas, como eu disse, o de-
safio não será pequeno, principalmente 
com os mais vulneráveis. Se o trabalho 
for benfeito, a pandemia passa e as crian-
ças não terão perdas ao longo da vida. 
Mas para quem vai prestar 
o vestibular ou o Enem 
as perdas já estão aparecendo.
O Ministério da Educação deveria trans-
ferir a prova do Enem para meados do 
ano que vem. Deveria também fazer acor-
do com universidades para os alunos que 
entrarem no 1º ano começarem logo de-
pois da prova. Ou seja, atrasar a entrada 
do 1º semestre. E nesse período os secre-
tários estaduais e municipais, a quem 
está vinculado o ensino médio, e mesmo 
as escolas particulares, podem fazer um 
reforço. Vamos ver como o próximo mi-
nistro vai se sair (Carlos Alberto Decotelli 
pediu demissão na terça 30).
Como o senhor avalia 
a política educacional do 
governo federal? 
Infelizmente eles patinaram nesse perío-
do todo de governo, olhando mais para 
questões ideológicas do que para a 
educação em si. É importante que o mi-
nistro da Educação, seja ele quem for, 
tenha uma conduta diametralmente 
oposta à dos anteriores. A educação no 
Brasil andou para trás. 
O que o senhor foi estudar 
nos Estados Unidos?
Vim fazer duas pesquisas na área de pri-
meira infância na Universidade Columbia, 
onde atuo como professor-adjunto. Uma 
delas é sobre o impacto do não acesso à 
creche no emprego das mulheres. A ou-
tra é sobre desempenho escolar. Mas vou 
embora no meio de julho. Em agosto eu 
assumo o Instituto Singularidades, que 
atua na formação de professores. 
Vida pública nunca mais?
Escolhi seguir carreira fora da área públi-
ca. Por isso considero minha desfiliação 
ao PSD (quando saiu da prefeitura, em 
janeiro de 2019) uma questão importante.
“A quarentena é 
um período curto 
diante da vida 
escolar de crianças 
e adolescentes. 
Se o trabalho 
for benfeito, 
a pandemia 
passa e eles não 
terão perdas ao 
longo da vida” 
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TERRAÇO PAULISTANO
16 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
Humberto Abdo
Estilo em extinção na cidade, as ilustrações feitas em fachadas 
de salões de beleza são registradas desde 2015 pelo fotógrafo 
Marcelo Garcia, 51, que reuniu parte do acervo no inédito 
Segunda Não Abre, livro em processo de financiamento cole-
tivo. “Dirigindo pela cidade, as pinturas chamaram minha aten-
ção e, quando vi, já tinha mais de 200 fotos”, revela. Morador da 
Lapa, Garcia descobre boa parte dos grafites em bairros perifé-
ricos, como Vila Brasilândia e Jardim Ângela, muitas vezes em 
comércios instalados em garagens. “Encontro coisas benfeitas 
e erros impressionantes também, mas admiro o artista comer-
cial que trabalha sem ter as melhores ferramentas”, elogia. 
“A pessoa aprende enquanto faz, e as portas corrediças são uma 
superfície difícil de trabalhar.” Garcia publica no Instagram do 
projeto alguns desses achados — tanto os erros como os acertos. 
“Com as versões digitais feitas em gráficas, essa é uma forma de 
expressão artística popular que está desaparecendo.”
Arte, beleza e progressiva
Nos hospitais de campanha do Pacaembu e Anhembi, desenhos feitos a mão 
passaram a enfeitar os leitos após um grupo de arquitetos criar o Hospitais com 
Cor. Cerca de dez voluntários conduzem o projeto, com quatro pontos de coleta 
para interessados em produzir as ilustrações. “Olhando as paredes de casa, co-
mecei a pintar e preenchê-las com arte, só não pintei meu marido até o momen-
to”, brinca Paola Martuscelli, 34, que lançou a iniciativa. “Com meu museu casei-
ro, tive a ideia de levar essa alegria pelas cores e já enviamos 1 105 desenhos em 
menos de um mês”, conta. “Quando as obras chegam, recebemos muitos relatos 
sobre a ‘injeção’ de ânimo nos médicos e pacientes. Basta doar tempo e energia.”
Colocando cor no covidário
ARQUIVO PESSOAL
FOTOS MARcELO GARcIA
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Em formato radiofônico, o 
Teatro Oficina lançou o 
podcast Rádio Uzona 
com a peça Pra Dar um 
Fim no Juízo de Deus, diri-
gida por Marcelo Drum-
mond, 58. “Com elenco 
de dez pessoas, ensaia-
mos pelo Zoom e grava-
mos cada um em sua ca-
sa”, conta o diretor. A obra 
de Antonin Artaud foi 
adaptada a partir da ence-
nação feita em 1996 por Zé 
Celso, que também parti-
cipa da nova versão, de 
cinquenta minutos. “No 
Oficina, trabalhávamos 
com sessenta artistas, en-
tre atores e técnicos, que 
de repente ficaram sem 
renda nenhuma, então 
estamos fazendo de tudo 
e em breve teremos apre-
sentações virtuais”, adian-
ta Drummond.
Com ingredientes típicos italianos, o chef 
Franco Maria Sala, 40, do restaurante 
Sughetto, lançou a entrega de cestas per-
sonalizadas de antepastos, vendidas com 
itens como presunto cru, burrata, pão 
integral de azeitonas e um patê ou mo-
lho. “Nossa comida nunca ‘viajou’ bem 
porque é mais elaborada, por isso lança-
mos esse pacote com coisas que não 
precisam ser aquecidas”, resume Sala, 
que teve a ideia após ouvir a sugestão de 
um de seus amigos, o 
economista Marcos Lis-
boa. As combinações são 
vendidas entre 169 e 299 reais. 
“Um piquenique em casa, não precisa 
nem trabalhar, só colocar na mesa”, defi-
ne. Na quarentena, o chef aproveitou 
para encerrar a reforma do pequeno es-
tabelecimento na Rua Augusta, ampliado 
para receber até quarenta clientes, e ago-
ra planeja abrir uma lasanheria artesanal.
Teatro 
para os 
ouvidos
A designer Melina Romano, 36, lançou 
uma linha de estações de trabalho pensadas 
para profissionais em home office. Com pai-
nel acústico que comporta acessórios como 
luminária e arquivos, o móvel está disponível 
para venda ou aluguel — a locação semestral 
custa cerca de 150 reais por mês e, a partir de 
200, vem com a cadeira. “Se você aluga uma 
casa, por que não pode alugar os móveis?”, 
questiona Melina sobre o novo serviço, que 
tem sido contratado principalmente por 
grandes empresas de tecnologia e advocacia 
para seus colaboradores. “As pessoas não 
querem móveis corporativos, então nos ins-
piramos em cores da natureza, como verde, 
terracota e tons mais neutros”, descreve.
 HOME OFFICE COM DESIGN 
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CESTA NADA BÁSICA À ITALIANA
Franco Maria Sala 
e a esposa, Claudia 
Pantarelli, preparam 
seleção de antepastos
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Casa quarentener
Helena Galante
Um cômodo 
essencial mas 
nada básico
Banheiros e lavabos ganham muitas plantas, 
itens de aromaterapia e revestimentos que 
fogem dos azulejos brancos tradicionais
Chegar do mercado, lavar as mãos. 
antes de colocar a máscara, lavar as 
mãos. Depois, idem. a intensificação 
dos hábitos de higiene fez com que os 
banheiros ganhassem mais atenção. 
“antes, muitas pessoas evitavam ter o 
lavabo logo na entrada. agora, faz to-
tal sentido colocá-lo ali, perto de uma 
sapateira, para já tirar os calçados”, 
afirma o arquiteto Bruno Moraes. Para 
apartamentos pequenos, além de es-
pelhos que ampliam o ambiente, ele 
investe na iluminação e nos revesti-
mentos pouco tradicionais. “as pes-
soas querem fugir dos azulejos bran-
cos”, diz o arquiteto renato andrade. 
Junto com erika Mello, eles transfor-
maram o banheiro de um apartamen-
to na alamedaLorena num espaço 
cheio de verde. “O pedido era por 
uma carinha de spa e um jardim inter-
no. Optamos por montá-lo dentro do 
Tudo cor de rosa 
na linha faça você 
mesmo, Camila 
Morais silva cuidou 
de tudo, desde a 
massa corrida. 
Depois, renovou a 
área do boxe com 
tinta rosa. Maddu 
Magalhães pintou 
o lavabo do chão 
ao teto no mesmo 
tom. Para finalizar, 
luminárias neon.
Muito verde 
O sonho de um 
jardim interno foi 
realizado pelos 
arquitetos renato 
andrade e erika 
Mello com irrigação 
automatizada. Para 
preservar a saúde 
das plantas, foi 
preciso afastar a 
ducha e evitar os 
respingos quentes 
do chuveiro.
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boxe, para incluir um sistema de irriga-
ção automatizado”, afirma Andrade.
Mesmo quem não busca investir 
num projeto profissional completo en-
contra boas inspirações para fazer mu-
danças sozinho. A youtuber Maddu 
Magalhães transformou um cômodo 
antigo pintando do chão ao teto, in-
cluindo todas as ferragens, de rosa. “Em 
menos de uma semana estava pronto. 
Para deixar mais moderno, coloquei as 
luminárias neon retas. Mas dá para en-
contrar versões similares de LED mais 
baratas”, conta Maddu. Depois de ver 
outros banheiros rosa na internet, Cami-
la Morais Silva também se aventurou 
por conta própria. Escolheu a tonalida-
de só para o boxe e se arriscou a fazer 
quadrinhos e transformar uma saladeira 
em cuba. “Eu e meu marido ficávamos 
até de madrugada pintando os metais 
com tinta spray. O mais difícil foi esperar 
secar o chão”, lembra Camila. Na contra-
mão dos grandes investimentos, Ana 
Paula Passarelli, a Passa, estreou no ano 
passado no seu canal no YouTube a sé-
rie Casa Minimalista. “Com a materni-
dade, percebi que tudo que as pessoas 
diziam que era preciso basicamente não 
era. Não queria ficar entulhando coisas 
desnecessárias”, compartilha. “A busca 
pelos gastos essenciais, por tirar o que 
não é necessário, me levou a um apar-
tamento menor.” Para transformar os 
ambientes, ela investe em pequenos 
toques, como pingar algumas gotinhas 
de óleo de lavanda na hora do banho ou 
pendurar um ramo de eucalipto no chu-
veiro. “Não precisa mobiliar o seu ba-
nheiro todo para que ele seja um lugar 
legal. Com o vapor, o cheirinho da plan-
ta já muda a sensação.”
Banho perfumado
Entusiasta do minimalismo, 
Ana Paula Passarelli, do canal do 
YouTube Passa em Casa, mudou-
se para um apartamento menor e 
perfumou o banheiro colocando 
um ramo de eucalipto no chuveiro. 
Espaços pequenos
 bem aproveitados 
Bruno Moraes foca na iluminação 
e no uso de espelhos nos seus 
projetos. Boxe com revestimento 
e paredes pintadas são tendência.LUI
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Vala aberta na 
Rua Matias Aires: 
barulho durante, 
transtornos depois
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C
riado pelo então prefeito João Doria em 
2017, o programa Cidade Linda Redes 
Aéreas tem tirado o sono de muita gente, 
além de causar perigos para motoristas e 
pedestres que trafegam pelos bairros da Conso-
lação e da Bela Vista. Em vias como Peixoto 
Gomide, Bela Cintra, Barata Ribeiro e Dona An-
tônia de Queirós, entre muitas outras, o enterra-
mento de fios tem deixado um rastro de falta de 
cuidado antes, durante e depois dos trabalhos. 
“Na Rua Frei Caneca, em frente ao shopping, 
após o término das obras dos dois lados, reca-
pearam essas partes e deixaram a metade da pis-
ta com asfalto velho. Não poderiam recapear a 
rua toda?”, questiona o administrador de empre-
sas Fabio Canova, 44. “Sem falar que deixaram 
ondulações, buracos e desníveis na via.” Na Rua 
Caio Prado, a longa faixa que margeia a calçada 
ficou quase um mês tampada com uma brita mis-
turada com areia (imagina a lamaceira após a 
chuva do sábado, 27). Dias depois, a via ganhou 
uma camada de asfalto (ondulado e imperfeito). 
A cena se repete por diversas outras ruas. 
Dono de um café na Rua Antônio Carlos, o 
engenheiro Guilherme Saltini, 34, chama a aten-
ção para outras questões. “As calçadas quebradas 
Obras de enterramento de fios geram 
transtornos no bairro da Consolação, 
e rastro de acabamentos malfeitos no 
asfalto e nas calçadas Sérgio Quintella
 o buraco 
é mais 
embaixo
Ruas Peixoto Gomide (acima) e Dona Antônia 
de Queirós (abaixo): provisório e sem qualidade
FOTOS alexandre baTTibugli
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22 Veja S‹o Paulo 8 de julho, 2020
foram cimentadas de qualquer jeito. Além 
disso, os restos das construções ficam mui-
tos dias depositados nas ruas. Cadê a pre-
feitura para fiscalizar o andamento das 
obras?”, questiona. “A Bela Cintra e a Pei-
xoto Gomide foram recapeadas há menos 
de dois anos. E aquele dinheiro gasto na 
época foi perdido?”, indaga Saltini. 
Essas obras na região central fazem 
parte de um acordo da prefeitura com a 
Associação Brasileira das Prestadoras de 
Serviços de Telecomunicações Competi-
tivas (TelComp), que representa três cen-
tenas de empresas do ramo. O combinado 
foi que 52 quilômetros de fios seriam en-
terrados, tirando do caminho mais de 
2 000 postes da região central e de bairros 
como Vila Olímpia. A escolha da área le-
vou em conta locais onde a Enel (antiga 
AES Eletropaulo) já havia feito o enterra-
mento da sua fiação aérea. A empreitada, 
orçada em 200 milhões de reais, será to-
talmente bancada pelas teles, mas deveria 
ter ficado pronta em 2018. Diante do atra-
so, o promotor Silvio Marques, da Promo-
toria do Patrimônio Público e Social, se 
reuniu em novembro do ano passado com 
as empresas para cobrar prazos e as obri-
gou a retomar as obras. Paralelamente a 
isso, Marques trabalha em uma ação civil 
pública para obrigar todas as companhias 
da cidade a enterrar a fiação e a utilizar 
apenas conexões subterrâneas. 
Outra queixa de quem vive os transtor-
nos de perto nos bairros em que o serviço 
vem sendo realizado é quanto ao barulho 
proveniente das máquinas. “Estou ficando 
louco. Eles ligam a britadeira às 7 horas 
da manhã e vão até as 7 horas da noite. É o 
mesmo tormento de segunda a sábado, só 
param no domingo”, afirma o analista de 
software Giovanni Monteiro, 41, morador 
da Rua Avanhandava. “Com a pandemia, 
minha empresa entrou em home office. 
Canova, na Rua 
Matias Aires: 
ondula•›es 
e desn’veis
Saltini, na Rua Ant™nio 
Carlos: ÒFizeram 
de qualquer jeitoÓ
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Imagina eu conseguir me concentrar com 
aquele barulho. Pareço o personagem do 
filme Feitiço do Tempo (Bill Murray) que 
sempre acorda no Dia da Marmota. O meu 
dia é o da britadeira.”
Independentemente dos transtornos, há 
quem diga que a quebradeira está sendo 
feita no lugar errado. “Poderiam executar 
essas obras embaixo dos passeios, não no 
leito viário”, afirma a arquiteta e urbanista 
Saide Kahtouni. “No mundo todo utiliza-
se o subsolo do leito viário para as insta-
lações de esgoto, drenagem e do gás de 
rua, e o subsolo das calçadas de pedestre 
para as fiações subterrâneas das redes de 
caráter elétrico.” Procurada, a TelCom res-
pondeu por meio de nota que a construção 
da rede subterrânea da Consolação será 
concluída de acordo com as normas esta-
belecidas pela municipalidade.
A gestão municipal afirma que as obras 
ainda estão em andamento e que os revesti-
mentos do asfalto são provisórios. Além 
disso, assegura que as normas vigentes pre-
veem construções de tubulações sob o asfal-
to, não necessariamente sob a calçada. “Mas 
o serviço provisório precisa ter qualidade, o 
que não parece ser o caso”, afirma o secre-
tário das Subprefeituras, Alexandre Modo-
nezi. “Tenho cobrado a melhora da qualida-
de do serviço das concessionárias na cidade. 
O Geoinfra (plataformarecém-criada) nos 
possibilitou um controle de quem está fa-
zendo serviço na via, contratamos empresas 
para fazer acompanhamento tecnológico na 
rua. A cidade nunca teve isso.”
Não é por falta de legislação que a si-
tuação dos postes da nossa cidade continua 
a mesma. São Paulo possui quase 70 000 
quilômetros de fios pendurados em 1,2 mi-
lhão de postes. Em 2005, o então prefeito 
José Serra (PSDB) sancionou um projeto 
de lei que obrigava as concessionárias de 
energia elétrica e telecomunicações a en-
terrar no mínimo 250 quilômetros de fios 
por ano na metrópole. A lei, contestada na 
Justiça, entrou para o rol das legislações 
que não pegaram. Em Buenos Aires, na 
Argentina, não há praticamente mais ne-
nhum fio aéreo na região central. A medida 
foi incluída em uma grande reforma pro-
movida na década de 1950. ■
Pedestre na Rua 
Dona Antônia de 
Queirós e moto na 
Haddock Lobo: 
dois anos de atraso
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A plataforma chinesa de compartilhamento de vídeos bombou na 
quarentena, virou o aplicativo mais baixado em 2020 e serviu de trampolim 
para a nova geração de influenciadores digitais Fernanda Campos Almeida 
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Luciano do Valle,
 o @lucianodvs: humor 
de um dos maiores 
tiktokers da capital
Fotos de capa: arquivo pessoal, Leo Martins, Rogerio Pallatta e Tiago Valente
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26 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
E
m meio ao isolamento da quarente-
na, uma rede social chinesa virou 
mania e está criando um novo firma-
mento de influenciadores na cidade. 
O TikTok é uma plataforma digital 
de vídeos curtinhos, quase sempre 
de apenas quinze segundos, criados 
com efeitos de imagem e de som 
bem fáceis de aplicar. Seu alcance mundial 
aumentou na quarentena (só em abril, foram 
107 milhões de downloads, três vezes mais 
que o mesmo mês de 2019, e o app já ultra-
passou o 1,5 bilhão de usuários, segundo a 
SensorTower — números específicos do Bra-
sil não são divulgados), e virou diversão pa-
ra quem quer esfriar a cabeça com danci-
nhas, cenas de humor e truques curiosos, 
quase sempre longe das discussões políticas 
e do noticiário pesado. Mas não é só isso, 
já que o leque de usuários e contas vai de 
professor de desenho à literatura, de recei-
tas simples a maquiagem (leia mais nos 
quadros ao longo da reportagem).
Tamanho sucesso também fez com que se 
destacar na plataforma fosse a tradução do 
sonho de ser descoberto por patrocinadores. 
Luciano do Valle (@lucianodvs), de 23 anos, 
está fazendo essa aposta. Ele abandonou o 
curso de engenharia civil em uma universi-
dade federal na cidade mineira de Congo-
nhas e se mudou para São Paulo a fim de se 
dedicar em tempo integral à criação de con-
teúdo. “O centro das oportunidades está aqui. 
Já perdi muita chance de trabalho porque as 
marcas querem me conhecer pessoalmente.” 
Com 5,5 milhões de seguidores, o jovem 
chega a ganhar de 8 000 a 11 000 reais por 
ação publicitária e já fez trabalhos para mar-
cas como Rexona e O Boticário. “Minha mãe 
chorava desesperada dizendo que eu estava 
jogando meu futuro pela janela”, conta. Ele 
era o único entre os irmãos que ingressou no 
ensino superior, mas afirma que não se arre-
pende da mudança. “Administrando bem o 
dinheiro, eu consigo viver disso.”
Mas o que Luciano cria de tão especial, 
principalmente na quarentena? É uma série 
de situações banais, com piadinhas idem. 
“Estou aqui com a panela mais triste do 
mundo, a panela de pressão”, diz o mineiro 
enquanto aponta a câmera para uma prate-
leira de artigos de cozinha em um supermer-
cado. Em seguida, vira um leitor de código 
de barras para si mesmo e brinca: “Ai, não 
estou valendo nada. Minha carne é fraca”. 
Aparece então uma bandeja de carne emba-
lada. Ele também grava receitas de doces 
rápidos usando micro-ondas e uma caneca 
e faz trocadilhos sobre os ingredientes, co-
mo “leite condenado” (em vez de leite con-
densado) e “canela a gosto mesmo estando 
em maio”. Passou a incluir bebidas alcoóli-
Vincynite e o 
primeiro viral: 
“Respondendo 
Perguntas” 
já chegou a 
230 milhões de 
visualizações
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cas nas misturas quando a marca Jurupinga 
o escolheu como garoto-propaganda.
Na Zona Norte de São Paulo, Luciano 
divide casa com outros quatro tiktokers, co-
mo são chamados os criadores de conteúdo, 
entre eles Ingrid Stefany, 25, a Didi. Os dois 
se conheceram em um evento fechado para 
produtores selecionados pela plataforma, no 
qual recebem dicas de como se relacionar 
com marcas, no escritório da empresa na 
Vila Olímpia. Didi nunca imaginou que se 
tornaria famosa. A garota dos cabelos colo-
ridos, que incorpora personagens nos esque-
tes de humor, passava por uma fase difícil 
quando decidiu criar o perfil @didiferente 
no aplicativo porque sofria de depressão e 
transtorno de ansiedade. Criar vídeos engra-
çados, para ela, foi uma forma de se sentir 
melhor. Diante dos 4,2 milhões de seguido-
res atuais, faz posts com uma estética bas-
tante caseira e usa o efeito que deixa o rosto 
com feições infantis para a personagem Di-
dizinha, com comentários inocentes.
É quase tudo assim, muito pueril — no 
conteúdo, é claro. Nos bastidores, a rede 
social chinesa ganha espaço em um jogo de 
gigantes, em uma trajetória recente de cres-
cimento explosivo. Em 2017, a empresa By-
teDance, atual proprietária do TikTok, anun-
ciou a compra por 800 milhões de dólares 
do Musical.ly Inc, aplicativo de dublagem 
de músicas. As duas plataformas tiveram 
suas funções mescladas em um app único, 
Tiago ValenTe, 
@oTiagoValenTe
Ator, escritor e leitor 
ávido, o objetivo de 
Tiago Valente, 22, é 
desmistificar a literatura 
como algo difícil. 
Ele cria resumos de 
livros como O Cortiço, 
de Aluísio Azevedo, em 
trinta segundos com 
direito a caracterização 
de personagens. Tudo 
sem sair do quarto.
Letícia Gomes: 
grandes 
transformações 
apenas 
com make
mantendo o nome do primeiro. O resultado 
foi um produtor de conteúdo fácil de usar, 
que permite a criação de clipes de quinze a 
sessenta segundos e possui um editor com-
pleto com opções de cortes, sincronização 
de lábios, efeitos, trilha sonora, transições e 
um catálogo de músicas.
Fundada em 2012 por Zhang Yiming, a 
ByteDance está sediada em Pequim. O pri-
meiro produto da companhia foi um aplicati-
vo para compartilhar informação usando in-
teligência artificial, o Toutiao (“manchetes de 
hoje”, em português). Até agora é um dos 
agregadores de notícias mais populares na 
China. Zhang usou a mesma tecnologia anos 
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Estamos começando a ver isso em 
redes sociais também. Enquanto 
nossos serviços, como o WhatsApp, 
estão sendo usados por ativistas e 
manifestantes de todo o mundo pe-
la proteção de privacidade (...), no 
TikTok, aplicativo chinês, menções 
a esses mesmos protestos são cen-
suradas, mesmo se estão aqui nos 
EUA. É essa a internet que quere-
mos?”. O TikTok negou as acusa-
ções, afirmando que as decisões de 
moderação nos EUA são feitas pela 
equipe local. O gigante Google tam-
bém não ficou indiferente ao fe-
nômeno TikTok. O YouTube, sua 
plataforma de ví deos, está desen-
volvendo a função Shorts. 
Uma das proezas do TikTok 
tem sido justamente atrair in-
fluenciadores já conhecidos de 
outras plataformas, muitos deles 
que se renderam mais fortemen-
te ao app só na pandemia. Lá 
fora, enquanto a cantora Britney 
Spears (@britneyspears) compar-
tilha coreografias profissionais, o 
primeiro vídeo do ator Jack Black(@jackblack) é de uma dança de-
sengonçada, calçando botas de 
caubói, sem camisa e exibindo uma barriguinha sa-
liente. Will Smith (@willsmith) chama atenção pela 
qualidade da produção. Para começar, ele teve ajuda 
de outros usuários mais jovens, como o especialista 
em efeitos visuais Caleb Natale (@calebnatale). O 
resultado são produções que parecem de cinema.
No Brasil, a apresentadora Maisa Silva (@maisa), 
com 33 milhões no Instagram, e o youtuber Felipe 
Neto (@felipeneto) já possuem 8,7 milhões e 6,2 mi-
lhões de seguidores no TikTok, respectivamente. Para 
os nomes emergentes do próprio TikTok, o jogo pelo 
patrocinador fica mais duro com essa concorrência. “É 
uma competição difícil, mas o público novo que eles 
trazem pode conhecer quem já é da casa”, explica Vin-
cynite, 24, músico e criador do primeiro hit viral no 
TikTok brasileiro, chamado Respondendo Perguntas. 
Enquanto dançam, as pessoas estampam na tela as res-
postas sobre a própria vida: nome, idade, cidade, altu-
ra e até a “inicial do crush”. Vincy disse ter percebido 
que a forma mais rápida de viralizar é criar conteúdo 
mais tarde, em 2016, para lançar o 
Douyin, aplicativo idêntico ao TikTok, 
mas exclusivo para o mercado chinês. 
A maior diferença entre os dois é que 
o Douyin é adaptado às restrições chi-
nesas, rodando em servidores diferen-
tes. O TikTok então seria o irmão gê-
meo que fez sucesso internacional-
mente. Com outros quatro aplicativos 
lançados na Ásia, ByteDance se tornou 
a startup mais valiosa em 2019, esti-
mada em 75 bilhões de dólares.
A pandemia fez com que as pes-
soas passassem mais tempo em casa 
e o TikTok tirou vantagem disso. 
Foi o aplicativo mais baixado no 
mundo em 2020, com 315 mi-
lhões de downloads só no primei-
ro trimestre, deixando para trás 
competidores de audiência mais 
envelhecida como Facebook e 
Instagram. Isso fez com que a 
concorrência se mexesse para 
criar funcionalidades similares e 
conter o avanço do rival chinês.
O Instagram tem uma nova 
função, chamada de Reels. A aba 
reúne vídeos curtos que tenham 
algum tipo de efeito ou edição. O 
recurso está para o TikTok como 
os Stories, lançados em 2016, estavam para o Snap-
chat. Na época, Mark Zuckerberg, dono do “Face” e 
do “Insta”, havia tentado comprar o “Snap” por 3 
bilhões de dólares, mas levou a porta na cara. A so-
lução de imitar o rival deu certo: em um ano, os Sto-
ries já eram campeões em base de usuários diários.
Com o TikTok, Zuckerberg também tem um histó-
rico para lá de complicado. Segundo o site americano 
BuzzFeed News, Zuckerberg tentou comprar o Musi-
cal.ly antes da ByteDance. O objetivo era atrair mais 
jovens às suas redes e entrar no mercado chinês, já que 
seus aplicativos são banidos na China. Deu errado. 
Dois anos depois, tentou copiar o TikTok com a criação 
do app “Lasso” (não disponível no Brasil). Deu errado 
de novo. Foi sem grande surpresa que apareceu com 
críticas diretas ao concorrente. Em um discurso sobre 
liberdade de expressão na Universidade Geor getown, 
em Washington, declarou: “Há uma década, quase 
todas as maiores plataformas de internet eram ame-
ricanas. Hoje, seis das dez principais são chinesas. 
Vinicius e BárBara, 
@BacomVi
Junte dois atores e o ócio 
da quarentena e o 
resultado são esquetes 
que tratam de forma bem-
humorada da vida a dois 
durante o isolamento. 
Vinicius Quintal, 26, 
e Bárbara Regina, 24, 
entraram no TikTok há 
um mês, mas já criaram 
identificação entre os 
casais na plataforma.
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Ananda Morais, 
16: dublagem 
e coreografias
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Bruno 
Carvente: 
mágico das 
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facilmente reproduzível por outros usuários, 
ou seja, produzir um áudio original para que 
outros criem novos vídeos em cima dele. De 
100 000 seguidores, Vincy passou a ter 1,5 
milhão em menos de seis meses.
“Se mais produzem, mais consomem”, 
concorda Bruno Carvente, sobre a nova con-
corrência. Carvente, 29, o iBugou (@ibugou) 
no TikTok, assim como Natale, cria ilusões 
audiovisuais com edição de vídeo. Tendo cur-
sado animações 3D e efeitos especiais no 
exterior, ele aproveita assuntos em alta para 
criar conteúdo. No começo da pandemia, 
quando muitas pessoas armazenavam produ-
tos de supermercado, brincou com a situação 
postando um vídeo fazendo multiplicação de 
papel higiênico. Com marcas como Pizza 
Hut, Coca-Cola e Burger King no portfólio, 
ele explica seu sucesso: produzir conteúdo 
family friend e não falar palavrões. “As pes-
soas não se importam de ver publicidade se 
tem mágica no meio”, complementa.
Anos antes de se tornar febre entre um 
público amplo e rivalizar com o Instagram, o 
TikTok já era bem conhecido dos adolescen-
tes. Ananda Morais (@ananda), de 16 anos, 
está na rede social desde os 13 (idade mínima 
para ter uma conta) fazendo dublagens super-
produzidas para 4,3 milhões de seguidores. 
Ninguém imagina que a garota tímida, antis-
social e de poucos amigos se mostra confian-
te no hobby que se transformou em trabalho 
com a ajuda dos pais, Daniela e Tom Morais. 
A mãe, advogada, toma conta da parte bu-
rocrática de contratos de publicidade, pa-
gamentos e datas de postagens, além de 
cuidar de maquiagem, roupa e cabelo. O 
pai, músico, faz o papel de assessor e de 
diretor de criação. “A Ananda é uma empre-
sa”, conta Tom, que é filho de Bola Morais, 
integrante dos Novos Baianos, e vê a filha 
caminhando na mesma direção, com cinco 
músicas já lançadas. A menina precisa equi-
librar a criação de conteúdo com os estudos. 
Cursando o último ano do ensino médio, ela 
assiste às aulas on-line de manhã e cria três 
vídeos por dia à tarde. “Meus pais me ajudam 
porque tem coisa que eu não conseguiria lidar 
tendo só 16 anos”, explica Ananda sobre a 
relação estreita com a família. “Se ela quises-
se, sairia de casa porque já pode se sustentar 
sozinha”, orgulha-se o pai.
Apesar de Ananda fazer sucesso com co-
reografias e dublagens, carro-chefe do TikTok, 
o aplicativo continua criando espaço para 
outros talentos. Letícia Gomes, 26, transfor-
ma-se em qualquer celebridade usando ape-
nas maquiagem. A jovem aprendeu sozinha 
a técnica de contorno com luz e sombra que 
modifica os traços do rosto para se transfor-
mar em Fátima Bernardes, Lady Gaga ou 
Matheus Pasquarelli, 
@MatheusPasquarelli
O dono do cabelo mais 
famoso da plataforma é o 
designer de 23 anos, que usa o 
TikTok para reafirmar a beleza 
negra e mostrar cuidados com 
os crespos. O corte foi 
inspirado no uso do flat top 
(parte de cima reta) por 
homens negros nova-
iorquinos dos anos 80.
GaBriel lozer, @lozer
O estudante de design gráfico de 19 anos 
entrou na plataforma para mostrar sua arte, mas 
acabou se tornando professor. Com tutoriais 
narrados conhecidos como “desenha e fala”, 
ensina os seguidores a como melhorar o traço 
e a perder a vergonha de mostrar sua criações.
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32 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
Ingrid Stefany: 
prêmio de vídeo 
de comédia mais 
curtido do TikTok
Silvio Santos. Ela não imita apenas estrutura facial, 
rugas e cabelo, mas também os trejeitos. Usando ta-
kes de cada passo, o processo que leva cerca de qua-
tro horas torna-se uma mágica de trinta segundos no 
TikTok. Como uma nova forma de entretenimento, 
não só marcas de cosméticos têm procurado Letícia. 
A maquiadora já participou de ações para Guaraná 
Antarctica e Seara e inventou uma maquiagem ver-
melha e branca para combinar com o logo da Claro.
Para atrair ainda mais pessoas, o TikTok apostou 
no sistema de recompensa. O “TikBônus” é um pro-
grama que imita as estratégias dos apps de delivery e 
oferece códigos de convite para enviar aos amigos. 
Só que, em vez de receber cupons de desconto, ganha-
se dinheiro de verdade. Cada novo usuárioque se 
cadastra por meio de convite recebe 1,10 real e quem 
enviou o código ganha 2 reais. Diferentemente do 
YouTube, onde os influenciadores ganham de 0,60 a 
5 dólares americanos a cada 1 000 visualizações, de-
pendendo da relevância do canal, no TikTok não há 
monetização por views, mas dá para ganhar uma gra-
ninha extra, além de contratos publicitários. Os fãs 
podem comprar moedas virtuais dentro do aplicativo 
e presentear os tiktokers durante transmissões de ví-
deo. E esses influencers têm mesmo fãs. No último 
encontro organizado antes da quarentena, o Luciano 
do Valle lá do início do texto não esperava ficar mais 
de seis horas em pé para tirar fotos com seguidores, 
entre eles idosos que, antes, mais assistiam aos vídeos 
do que interagiam. Agora, criam as próprias contas 
para ter interação com familiares e se manter ativos. 
Renato Aragão (@renatoaragao), de 85 anos, por 
exemplo, já tem 1 milhão de seguidores na platafor-
ma, com dancinhas e esquetes simples de humor. 
AMÁLIA THERESA, @VODAPOMBA
O neto de Amália Theresa criou um perfil no aplicativo para registrar 
as brincadeiras que ajudam a família a lidar com o diagnóstico da vovó 
de 91 anos: Alzheimer. “É uma doença que não tem cura, então eu faço se 
tornar mais leve”, conta o neto, que usa máscaras engraçadas nos vídeos 
porque prefere não ser identificado. Médicos e terapeutas reagem aos 
esquetes dizendo que aprovam a forma diferente de tratar a condição.
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O rosto de Jair Bolsonaro no corpo 
de Carminha, personagem de Adriana 
Esteves em Avenida Brasil, circulou 
com sucesso pelas redes sociais 
na icônica cena em que ela grita 
“Desgraçado! Inferno!”. A brincadeira 
fez alusão ao episódio em que o 
apresentador William Bonner entrou em 
um plantão do Jornal Nacional no meio 
da novela Fina Estampa, das 21h, para 
atualizar o número de mortos e de 
contaminados pelo novo coronavírus 
depois que o Ministério da Saúde 
decidiu divulgar essas informações 
somente após o horário de término do 
telejornal. Essa é uma das montagens 
com o presidente e outros políticos 
no lugar de personalidades, que vão 
de Dercy Gonçalves a Lady Gaga. E o 
criador é Bruno Sartori, 31, referência 
no Brasil da técnica chamada deepfake. 
A tecnologia usa inteligência 
artificial para criar vídeos que 
reproduzem não só a aparência, mas 
também as expressões e a voz. É uma 
espécie de “Photoshop” para vídeos, em 
que uma coleção de milhares de áudios 
e de fotos da pessoa é vinculada a um 
sistema semelhante a um programa 
de computador, que aprende 
a identificar padrões e 
passa a reproduzi-los 
em novas imagens. 
O processo 
se chama 
“aprendizado de 
máquina”, porque 
o computador 
entende sozinho as expressões do rosto 
em qualquer ambiente.
O sistema é uma biblioteca de 
código aberto, ou seja, qualquer pessoa 
que saiba desenvolver códigos pode 
baixar e usar a tecnologia. Sartori 
trabalha com edição de vídeos desde os 
15 anos e procurava tutoriais na internet 
sobre troca de rostos quando achou 
a biblioteca na plataforma americana 
de fóruns Reddit, em 2017. O usuário 
que divulgava a tecnologia utilizava o 
codinome “deepfake” e colocou rostos 
de famosas no lugar de atrizes em 
filmes pornográficos. “Vi potencial 
para usar no meu trabalho”, conta.
Apesar de a tecnologia ser acessível, 
não é possível fazer a edição em 
qualquer tipo de computador. 
“Tentaram reproduzir o que faço em 
computadores domésticos e, quando 
perceberam a dificuldade, desistiram”, 
diz o deepfaker. Ele demora cerca de 
cinco dias para criar uma montagem 
usando uma placa de vídeo poderosa, 
que custa, em média, 11 000 reais.
Sartori, que nasceu em Minas 
Gerais, mudou-se para São Paulo 
para trabalhar em uma produtora de 
televisão, mas teve o contrato suspenso 
por causa da pandemia do 
novo coronavírus. Para 
que os vídeos com as 
montagens continuem 
a ser produzidos, ele 
criou uma campanha 
contínua na plataforma 
de financiamento 
coletivo apoie.se e está 
arrecadando cerca de 
5 000 reais por mês.
Sartori conseguiu 
transformar a técnica 
em uma forma de 
entretenimento, com vídeos 
DEEPFAKE: PARECE, MAS NÃO É
Deepfake de Bolsonaro cantando 
“Cloroquina”, paródia da música de 
Tiririca Florentina, e como Carminha
Bruno Sartori: sucesso 
nas redes sociais 
com as montagens
de humor e crítica social e política, 
mas afirma que o surgimento 
de novas tecnologias traz 
também novas consequências. 
“Tenho consciência que, se 
utilizada de forma indevida ou ilícita, 
pode enganar muita gente se a 
população não for educada em relação 
à existência dessa ferramenta. Como o 
presidente da República nunca usaria 
uma peruca loira ou imitaria uma atriz 
de novela, os vídeos são criados em 
contextos absurdos para que o público 
se familiarize com a técnica”, diz. 
Como a plataforma é aberta, fotos 
e áudios são sempre adicionados 
à biblioteca, e o sistema se atualiza 
e a tecnologia é aperfeiçoada. ■
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34 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
O consenso entre psiquiatras e psicólogos é que ninguém estava preparado para enca-rar um momento como este 
e, por isso, a saúde mental deve ser 
a próxima onda da pandemia a ser 
enfrentada. “Por mais que o ser hu-
mano tenha a capacidade de se adap-
tar às novas condições, isso gera 
uma sobrecarga constante, que pro-
duz stress e insegurança, como nu-
ma situação de guerra”, diz Alfredo 
Maluf, psiquiatra no Hospital Albert 
Einstein. Transtornos de ajustamen-
to, ansiedade, depressão e, nos qua-
dros mais graves, até stress pós-trau-
mático são alguns dos problemas 
que já despontam. 
Das indicações para encarar es-
ses novos tempos, são as terapias o 
principal método para melhorar o 
grau de resiliência e reforçar o sis-
tema de adaptação. No país, a tera-
pia cognitivo-comportamental (mais 
breve e focada em um problema 
atual) é a mais usada e conhecida 
para esses casos. Porém, há um gru-
po de psicólogos que tem levantado 
Terapia EMDR usa estímulos 
oculares e táteis para apagar 
memórias ruins e pode ser 
opção de tratamento de 
saúde mental Juliene Moretti
a bandeira do Eye Movement De-
sensitization and Reprocessing 
(EMDR), em português, dessensibi-
lização e reprocessamento por mo-
vimentos oculares, técnica aprovada 
pela Orga nização Mundial da Saúde. 
“É uma abordagem diferente e que 
tem tido bons resultados, mesmo que 
pouco conhecida”, diz a psicóloga 
Ana Lucia Castello, presidente da 
Associação Brasileira de EMDR. 
O procedimento, que tem oito 
fases, trabalha o reprocessamento 
da memória para que ela não cause 
mais sofrimento. São reforçadas as 
crenças positivas, e essas passam a 
ser um recurso para lidar com as 
situações dolorosas. “Nas primeiras 
etapas, o psicólogo analisa o histó-
rico do paciente, seleciona a memó-
ria (traumática), avalia o nível de 
resiliência e mostra recursos dispo-
níveis para quando estiver em um 
momento tenso”, explica. Nas fases 
seguintes, são montadas a dessensi-
bilização e o reprocessamento des-
sas lembranças. É a parte física, 
quando são feitos estímulos no pa-
ciente, que podem ser oculares, em 
que os olhos se movem de um lado 
para o outro, acompanhando um fei-
xe de luz que passa por uma barra, 
ou tátil, em que sente esses estímu-
los feitos pelo psicólogo com o to-
que, ou mesmo com um aparelho 
que emite vibrações e que o cliente 
segura as pontas em cada mão. 
Enquanto sente as vibrações ou 
mexe os olhos, é orientado a pensar 
na imagem que causa dor. “Com o 
estímulo contínuo dos dois lados 
do corpo, ocorre a sincronização 
dos hemisférios do cérebro, o lógi-
co e o emocional, e a pessoa acessa 
a memória e a processa até não ter 
mais incômodo”, explica a psicólo-
Lembrança 
contra 
ansiedade 
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ga Vanessa Gebrim, que trabalha 
com o método há doze anos. Quando 
a lembrança não causar mais efeito 
ruim, o indivíduo é guiado a reforçar 
pensamentos positivos sobre si mes-
mo. “É como se a memória negativa 
estivesse deslocada e atrapalhando 
no cérebro e, na terapia, é processa-
da e adaptada. No lugar, é inserida 
uma crença positiva, para ajudar 
quando se sentir em uma situação 
similar”, diz Ana Lucia.
O médico residente Rafael Costa, 
24, optou pela terapia quando se viu 
na linha de frente do atendimento 
dos pacientes de Covid-19 na área 
de oncologia do Hospital das Clíni-
cas. “A gente fica muito impactado 
com a situação, e tudo o que é novo 
me deixa ansioso.” Ele já conhecia o 
método e faz consultas on-line para 
trabalhar a concentração. “Enxergo 
melhor a realidade e não deixo a 
emoção prejudicar o trabalho.” O nú-
mero de encontros, que podem durar 
de uma hora a uma hora e meia, va-
ria conforme o caso. A psicóloga 
Fabiana Brandão explica que outra 
queixa é a crença no futuro negati-
vo e a falsa ideia de que vai falhar. 
“A pessoa nem sabe por que se sente 
assim, e a pandemia tem desenca-
deado mais esses sentimentos.” 
Para a professora Gisele Inácio, 
33, os hospitais causavam pânico. 
Em 2015, fez um transplante de 
medula óssea como tratamento da 
doença de Crohn. Além de três me-
ses de isolamento no hospital, pre-
cisou ficar mais um período reclusa 
em casa. “A doença voltou e meu 
mundo desabou. Procurei ajuda psi-
cológica para enfrentar a depres-
são.” A aversão aos centros médicos 
ficou mais intensa e os procedimen-
tos viraram uma tortura. “Tenho de 
repetir os exames todo ano e era 
horrível para mim.” Com o tema 
trabalhado no EMDR, ela melho-
rou. “Eu mesma preparo a solução 
que preciso ingerir antes dos proce-
dimentos.” O isolamento atual che-
gou a preocupar, mas logo foi pro-
cessado e superado. 
Já para o consultor D.R.M., 37, 
uma turbulência vivida em uma via-
gem há quase dez anos fez surgir o 
medo de voar. “Só de comprar as pas-
sagens minha mão começava a suar 
e, quando viajava, precisava de um 
dia para descansar o corpo, de tão 
tenso que ficava.” Por quatro anos, 
para evitar o stress, inventava descul-
pas para não viajar e isso começou a 
prejudicá-lo. “Estava cético com o 
método e só na terceira sessão come-
cei a levar mais a sério, e deu certo.” 
Hoje, comemora as férias passadas 
em Pernambuco e no Canadá. ß
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calça jeans e o sutiã nunca 
estiveram tão fora de mo-
da. Na quarentena, tudo o 
que aperta e compromete o 
bem-estar deu lugar ao que é leve 
e confortável. Com os novos há-
bitos, roupas para vestir em casa 
ou na rua se misturam e populari-
zam itens como o moletom, até 
então relegado aos dias de des-
canso. “A tendência de optar por 
usar tênis e outros calçados no 
lugar do salto alto, que já crescia 
há anos, agora deve se estabelecer 
ainda mais”, afirma Fernanda 
Leite, professora de moda do 
Centro Universitário Belas Artes. 
Essas escolhas feitas no período 
de isolamento devem ser reprodu-
zidas nas roupas usadas após a 
pandemia. “Com o crescimento 
do home office, as pessoas apos-
taram mais na compra de tops, 
camisas e camisetas, pois são os 
produtos que aparecem nas video-
chamadas”, observa Fernanda. 
Tecidos com acabamento antiviral 
são outra novidade e ajudam a eli-
minar o coronavírus após alguns 
minutos — marcas nacionais, co-
mo a catarinense Dalila Têxtil, já 
investem na tecnologia protetora. 
“E o ‘faça você mesmo’ tem sido 
mais uma forma de revisitar o 
guarda-roupa”, acrescenta Ana 
Julia Büttner, professora de de-
sign de moda da Universidade 
Anhembi Morumbi. “Talvez as 
pessoas passem a comprar itens 
que sejam diferentes, chamem a 
atenção e sejam personalizados.” 
A seguir, confira as apostas de 
tendências da moda para um mun-
do pós-Covid-19.
Do moletom às pantufas, 
como os hábitos durante o 
isolamento devem influenciar 
as tendências da moda após 
a pandemia Humberto Abdo
conforto tá na moda
Meio social
Inspirada pelo home office, 
a Whatever Inc. desenvolveu 
um conjunto de pijamas que 
mistura moletom e camisa 
social — meio business, 
meio relaxado, na definição 
da própria empresa 
japonesa. O modelo 
representa uma possível 
tendência pós-pandemia 
entre trabalhadores 
remotos, que precisarão 
pensar no que vestir para 
aparecer nas videochamadas 
diárias sem abrir mão 
do conforto durante o 
expediente dentro de casa.
Para dentro 
e fora de casa
Peças com elastano e conjuntos 
apropriados para atividades 
físicas podem fazer parte de 
algumas das novas combinações. 
“Mesmo para momentos 
fora da academia”, enfatiza a 
professora Ana Júlia Buettner. 
A ideia é integrar tecidos leves 
e maleáveis, que não fiquem 
rentes ao corpo. Outra possível 
herança do período de isolamento 
será o loungewear, cujas peças 
feitas para ficar em casa devem 
ganhar mais texturas e estrutura 
sofisticada, combinadas 
com tecidos “respiráveis”.
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Rei da nova era
Peça recorrente na pandemia, 
o moletom resume o look 
quarentener: prático e 
confortável. “Algumas 
marcas já apostam em roupas 
sofisticadas e bem construídas 
com moletom como matéria-
prima”, ressalta Fernanda 
Leite. Entre modelagens 
ajustadas ao corpo e versões 
oversized, com dimensões 
volumosas, o material já 
é moda entre os famosos, 
como Jennifer Lopez. Nas 
combinações, vale apostar 
tanto no clássico cinza-claro 
como em versões coloridas.
Sono arrumadinho
Em todas as apostas fashion, as 
definições “roupas para sair” e 
“para ficar em casa” se misturam 
cada vez mais, até mesmo no caso 
das usadas para dormir, com 
os excêntricos pijamas da moda 
street style. Impossível dizer se os 
brasileiros sairão de casa vestindo 
pijamas modernos e estampados, 
mas versões mais elegantes, com 
botões e tecidos acetinados, 
prometem fazer parte do guarda-
roupa — resquício do desejo 
de investir em boas noites 
de sono durante a quarentena.
Cores e aconchego
No lugar das lingeries fabricadas com tecidos 
sintéticos, as fibras naturais e os modelos 
sem costura passam a ser mais valorizados 
e preservam o lema “conforto e praticidade”. 
“A lingerie tem uma fabricação sem aros, bojos 
ou enchimentos”, traduz Fernanda. “E marcas 
que ‘abraçam’ diversos corpos.” As opções 
assumem cada vez mais tons alegres, de cores 
vivas a estampas com pequenos detalhes.
Produção caseira
A onda de atividades manuais durante 
o isolamento também deve influenciar 
como nos vestimos. Além de peças 
em tricô e crochê, a técnica tie dye 
ganhou espaço e rende resultados bem 
coloridos, em degradê. “É um método 
de tingimento milenar, muito usado 
no Oriente e popularizado pela cultura 
hippie”, explica Fernanda Leite. “Feito 
manualmente, mistura pigmentos e 
fica com aquele efeito ‘manchado’.” 
Nos últimos tempos, o estilo ficou 
ainda mais conhecido por alguns dos 
looks da cantora e atriz Manu Gavassi. ■
Não é bem 
pantufa
Nos pés, as novidades 
também privilegiam o 
conforto. “Sapatos com 
pelinhos dentro, pares 
com cara ‘fashionista’ 
e materiais que fogem 
do couro”, exemplifica 
a professora Fernanda. 
Linhas de chinelo de 
veludo podem começar 
a surgir nas lojas. 
“Não são pantufas, e sim 
calçados que também 
servem para sair de casa, 
com matérias-primas 
leves, peças de 
veludo e malha.”
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38 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
ARTIGO
Arnaldo Lorençato
Guloso assumido e autor do best-seller culi-
nário do século XIX A Fisiologia do Gosto, o 
francês Brillat-Savarin enalteceu em seu livro 
o primeiro restaurateur de que se tem notí-
cia. “Ele foi o criador dos restaurantes e es-
tabeleceu uma profissãoque chama a fortu-
na sempre que exercida com boa-fé, ordem 
e habilidade.” Esses predicados, válidos até 
hoje, não foram suficientes para salvar res-
taurantes que caíram no gosto do paulista-
no diante dos efeitos nefastos causados 
pela pandemia do novo coronavírus. Tam-
bém não ajudaram a manter vivos bares, 
botequins, lanchonetes, cafés, docerias... 
Para uma parcela significativa de estabeleci-
mentos, da qual uma amostra se encontra 
nesta e nas próximas páginas, não adianta-
ram talento culinário, acolhimento, nem 
mesmo bons preços. Ao longo de mais de 
três meses, donos de casas espalhadas por 
toda a cidade viram seu projeto de vida de-
finhar até morrer. Ainda não se tem o núme-
ro preciso de quantos lugares encerraram 
em definitivo as atividades, estatística que 
tende a aumentar, levando com ela cardá-
pios, receitas, empregos, sonhos...
Entre perdas tão significativas, chama 
atenção o fim do Pettirosso Ristorante. A 
casa italiana, aberta em 2007 como Oste-
ria del Pettirosso pelo casal Marco e Érika 
Renzetti, viveu altos e baixos ao longo de 
treze anos. A estabilidade chegou quando 
Marco, cozinheiro italiano intuitivo, teve o 
endereço familiar reconhecido por VEJA 
SÃO PAULO Comer & Beber três vezes co-
mo a melhor trattoria da cidade entre 2013 
e 2015. Mais recentemente, o chef deu 
uma guinada no estilo do cardápio, pas-
sou a oferecer pratos autorais e adotou o 
novo nome. Com quatro das cinco estrelas 
máximas do guia anual, era o segundo me-
lhor restaurante italiano da cidade, depois 
Sem volta: 
o desaparecimento de restaurantes que 
fizeram história na gastronomia paulistana
TADEU BRUNELLI
ROMERO CRUZ
Também deixarão saudades para os clientes fiéis bares, lanchonetes 
e outros estabelecimentos fechados precocemente
Salão do Pettirosso, onde 
reinava o cacio e pepe 
(à dir.): o chef Marco Renzetti 
pretende voltar em março 
de 2021 com uma nova 
marca, também nos Jardins
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Clayton vieira
do Fasano. Marco me confidenciou que ainda está 
tentando digerir a decisão de encerrar e prosse-
gue a partir de agora com a nova marca para en-
tregas e retiradas, Petti per te, na Rua Oscar Freire, 
216, onde terá um menu que vai mudar toda se-
mana. Também projeta voltar a atender nesse 
endereço, provavelmente em março de 2021, mas 
adaptado às atuais condições de mercado. Além 
do ambiente acolhedor, ficarão na memória íco-
nes da gastronomia de Roma, como o espaguete 
à carbonara e o tonarelli cacio e pepe, típico mo-
lho de pimenta e queijo pecorino que Renzetti 
ajudou a popularizar na capital. Esses clássicos 
devem estar no menu do novo negócio.
O primeiro dos restaurantes de alta qualidade a 
dar baixa durante a pandemia foi o La Frontera, na 
Consolação, ainda em março. Na época, a restaura-
trice Ana Maria Massochi, que, felizmente segue no 
ramo servindo carnes de excelência no Martín Fier-
ro, na Vila Madalena, optou por fechar. Do contrário, 
as finanças do restaurante, que vinham numa espi-
ral de problemas, entrariam num looping de prejuí-
zos que poria fim também à churrascaria. Quando 
encerrou definitivamente com quase catorze anos 
de história, o quatro-estrelas levava com ele receitas 
inesquecíveis como o nhoque de batata assada e a 
milanesa assada de bife de chorizo. Mas deixa como 
herança ter revelado o talento do chef Filipe Leite, 
que segue com Ana no delivery do Martín Fierro. 
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“ Os donos 
de casas 
espalhadas 
por toda a 
cidade viram 
seu projeto 
de vida 
definhar até 
morrer”
O La Frontera quando ainda operava e 
varanda do Galeto’s (abaixo, à dir.): marcas 
consagradas que vão desaparecendo
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40 Veja São Paulo 8 de julho, 2020
 “ É torcer para 
que até aqui a 
aritmética de 
perdas não vire 
progressão 
geométrica 
entre os 
estabelecimentos 
devotados à 
gastronomia”
Bend Café Jardins 
(acima), onde 
podiam ser 
comprados 
brigadeiros com 
ganache, e o bar 
Buraco, no centro: 
encerrados durante 
a quarentena
ARTIGO
A crise pôs um ponto-final na rede Galeto’s, 
aquela do franguinho assado, iniciada em 1971, 
pelo português Adelino Gala, e que chegou a 
ter doze endereços. Hoje, concentra-se em um 
único ponto nos Jardins, ainda não reaberto, e 
duas unidades de delivery. Desapareceram 
também a casa especializada em bons pratos 
de camarão, o Tomates & Bananas, nascida em 
2006, o alemão Konstanz, de 1981, atualmente 
só com entregas, o italiano Giardino, com 25 
anos de história, e a franquia americana Tony 
Roma’s, trazida ao país em 2014. Em comum, 
todos esses lugares ficavam em Moema. Ende-
reço argentino com estilo de bar, o Malba 
Cocina y Bar, no Campo Belo, de 2016, veio 
ampliar o número de locais extintos. Tam-
bém findaram-se restaurantes mais recentes, 
como o Satú, em Pinheiros, e o Miu e o Côl, 
no Itaim Bibi. Até o hipster Capivara, ponto 
especializado em ótimos pescados na Barra 
Funda, não existe mais. Por causa do isola-
mento social, não teve tempo de se despedir, 
já que o fechamento estava previsto.
No segmento de bares, o tsunami não foi 
menor. Uma atração para quem não dispen-
sa uma boa taça, os wine bars não costumam 
ter vida longa. Mas a do Ovo e Uva , na Vila 
Madalena, foi abreviada pelo isolamento so-
cial. Até que o proprietário tentou resistir e a 
decisão do final foi tomada em 14 de junho, 
já que não conseguiu negociar com o pro-
prietário do imóvel um ajuste no valor do 
aluguel. Para piorar, a pandemia foi decreta-
da depois de janeiro e fevereiro, que costu-
mam ser os piores meses do ano em fatura-
mento para quem trabalha no segmento. 
Acabou assim a chance de parar naquele lu-
gar charmoso e pedir um tinto chileno com 
uma porção de bolovinho de codorna, ou um 
branco nacional para harmonizar com uma 
porção de mexilhões à provençal. Mas o Ovo 
e Uva não desaparece por completo. Se os 
planos dos donos vingarem, prossegue como 
um e-commerce e com as confrarias e cur-
sos, anteriores à abertura do bar, em 2014. 
Um dos primeiros points a fazer sucesso 
na região conhecida como Baixo Augusta, o 
Exquisito! também deu seu último suspiro 
em março. A proposta inicial para o bar de 
pegada latina era manter-se na ativa até de-
gladstone campos
thiago travesso
claYton vieira
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Veja São Paulo 8 de julho, 2020 41
 “ A pandemia 
foi decretada 
depois de 
janeiro e 
fevereiro, os 
piores meses 
do ano em 
faturamento 
para quem 
trabalha no 
segmento”
Fachada do wine bar 
Ovo e Uva: degustações 
sem espaço físico
zembro, o que vai ser difícil — o imóvel que 
a casa ocupava deverá ser entregue a uma 
incorporadora. Endereço que foi moda na 
época em que abriu, em 2014, instalado na 
Galeria Metrópole, o Mandíbula interrom-
peu as atividades no início do distanciamen-
to social. Os sócios, porém, não se deram 
por vencidos. Planejam voltar com os gins-
tônicas ao som de rock executado por um 
DJ em outro ponto. Também não resistiram 
à quarentena o Cateto, em Pinheiros, cele-
brizado pela cervejas artesanais, e o Bura-
co, um bar quase escondido no centro, 
que virou Buco e faz delivery de pizzas e 
também de drinques prontos.
O obituário dos endereços de comidi-
nhas não é menos triste. Premiada pelo Co-
mer & Beber em 2011, a hamburgueria But-
cher’s Market, no Itaim Bibi, que ajudou a 
consolidar o conceito dos bifes de carne 
moída altos, anunciou o fechamento em 10 
de junho. Para evitar maiores prejuízos, o 
dono Ryan Kim ficará só com o bar Noname, 
em Pinheiros. Até o gigante Cia Tradicional 
de Comércio sentiu os efeitos deletérios e 
desistiu da unidade da Bráz Elettrica no 
Shop ping Higienópolis. Embora as unidades 
da Pompeia, da Santa Cecília e de Moema 
continuem firmes e fortes, outra pizzaria ba-
queada foi a Divina Increnca, que encerrou a 
filial de Perdizes em abril. Uma pena, já que 
era um bom lugar para comer pizza com as 
mãos, tomar vinho barato e passar horas

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