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Economia e Mercado Estudo de Caso Professor: Andréia Moreira da Fonseca Boechat 2 Unicesumar estudo de caso A Política Monetáriabrasileira e Seu Impacto na Economia Como um Todo Professora Andréia Moreira da Fonseca Boechat A política monetária, assim como a política fiscal, que são tão discutidas, são âncoras para a estabilidade macroeconômica e consequentemente, impactam positiva e negativamen- te em diversas variáveis da economia, incluindo no dia a dia da população. Por meio dessas políticas, o governo consegue estimular, quando opta por política macroeconômica expan- sionista ou desestimular, quando o foco são as políticas contracionistas, a economia, afetando o nível de preços, taxa de desemprego, renda nacional, oferta e demanda setorial, o cresci- mento econômico, desenvolvimento econômico, entre outras variáveis. A política monetária é um instrumento de atuação do governo no que diz respeito à quantidade de moeda em circulação e a taxa de juros, que afeta a liquidez da economia e, assim, o crédito. No Brasil, o Banco Central (BACEN) é a autoridade monetária, ou seja, é a en- tidade responsável pela elaboração e execução da política monetária brasileira, controlando a oferta de moeda em circulação e a taxa de juros, de forma direta ou indireta. Esse controle, feito pelo Banco Central, via Comitê de Política Monetária (COPOM), tem como função esta- bilizar os preços e intervir no nível de atividade econômica. Porém, uma função não exclui a outra e, ao intervir na atividade econômica, os preços acabam sendo afetados. O Comitê de Política Monetária (COPOM) foi instituído, em 1996, com objetivo de estabe- lecer as diretrizes da política monetária brasileira e estabelecer a taxa de juros. Os integrantes do COPOM se reúnem a cada 45 dias, podendo ter reuniões extraordinárias, caso haja alguma mudança da economia. Os preços podem ser afetados via emissão de moeda, que implica em maior disponibi- lidade de dinheiro em circulação, assim, os agentes terão uma quantidade maior de moeda nas mãos para comprar mais bens e serviços. Com demanda maior, as empresas procuram responder à nova solicitação e ofertam mais. Para produzir mais, as empresas utilizarão a ca- pacidade ociosa, se houver, e farão novos investimentos, como a compra de novas máquinas e equipamentos, aumento da planta industrial, e gerarão novos postos de trabalho. Por outro lado, com a quantidade maior de moeda em circulação, a taxa de juros reduz, já que esta é o preço do dinheiro. Taxa de juros mais baixa, acarreta redução nos in- vestimentos no mercado financeiro, já que o investimento especulativo depende da taxa de juros, quanto maior, maior a rentabilidade. Porém, a taxa de juros mais baixa, incentiva ao Unicesumar 3 estudo de caso investimento, já que o custo por empréstimos se torna mais baixo. A política monetária atual no Brasil tem como objetivo principal, ou talvez único, con- trolar a inflação, ou seja, estabilizar a economia e o instrumento mais utilizado para atingir o objetivo, é a taxa básica de juros (SELIC). O funcionamento da política monetária brasileira é basicamente da seguinte forma: é definido qual será a meta da inflação, que nos últimos anos foi de 4,5% ao ano com dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e, ao longo do ano, para atingir a meta, o governo aumenta ou reduz a taxa de juros básica. Conforme pode ser visto na Tabela 1. ANO NORMA DATA META (%) BANDA (P.P.) LIMITES INFERIOR E SUPERIOR (%) INFLAÇÃO EFETIVA (IPCA % A.A.) 1999 2000 2001 Resolução 2.615 30/6/1999 8 6 4 2 2 2 6-10 4-5 2-6 8,94 5,97 7,67 2002 Resolução 2.744 28/6/2000 3,5 2 1,5-5,5 12,53 20031/ Resolução 2.842 Resolução 2.972 28/6/2001 27/6/2002 3,25 4 2 2,5 1,25-5,25 1,5-6,5 9,30 20041/ Resolução 2.972 Resolução 3.108 27/6/2002 25/6/2002 3,75 5,5 2,5 2,5 1,25-6,25 3-8 7,60 2005 Resolução 3.108 25/6/2003 4,5 2 2-7 5,69 2006 Resolução 3.210 30/6/2004 4,5 2 2,5-6,5 3,14 2007 Resolução 3.291 23/6/2005 4,5 2 2,5-6,5 4,46 2008 Resolução 3.378 29/6/2006 4,5 2 2,5-6,5 5,90 2009 Resolução 3.463 26/6/2007 4,5 2 2,5-6,5 4,31 2010 Resolução 3.584 1/7/2008 4,5 2 2,5-6,5 5,91 2011 Resolução 3.748 30/6/2009 4,5 2 2,5-6,5 6,50 2012 Resolução 3.880 22/6/2010 4,5 2 2,5-6,5 5,84 2013 Resolução 3.991 4,5 2 2,5-6,5 5,91 2014 Resolução 4.095 4,5 2 2,5-6,5 6,41 2015 Resolução 4.237 4,5 2 2,5-6,5 2016 Resolução 4.345 4,5 2 2,5-6,5 Tabela 1: Histórico de Metas para a Inflação no Brasil Fonte: Banco Central (2015). 4 Unicesumar estudo de caso A Tabela 1 mostra o histórico de metas para a inflação no Brasil a partir de 1999, quando o sistema de metas foi adotado e a inflação efetiva no período. Como pode ser visto, somente entre os anos 2001 e 2003 que a inflação ultrapassou o limite superior da meta, nos demais anos, a taxa de inflação ficou dentro do limite definido pelo Banco Central. Como o principal instrumento do governo brasileiro para estabilizar os preços é a SELIC, é importante conhecer a taxa SELIC do período. Isto pode ser visto no Tabela 2, no qual foi calculada a taxa SELIC média do ano. ANO SELIC 1999 26,79 2000 17,52 2001 17,63 2002 19,6 2003 22,86 2004 16,43 2005 19,14 2006 15,03 2007 11,94 2008 12,59 2009 8,72 2010 9,78 2011 11,75 2012 9,84 2013 8,38 2014 10,86 Tabela 2: Taxa SELIC média Fonte: Elaboração do autor baseada nos dados do Banco Central. Conforme podemos ver na Tabela 2, a taxa SELIC reduziu, de forma considerável, entre 1999 e 2013. Comparando-a como a taxa de inflação no mesmo período, pode-se verificar que, de fato, existe relação entre a taxa de inflação e a taxa de juros, ou seja, conforme a inflação batia no limite da meta, a taxa SELIC aumentava, quando a inflação estava mais controlada, a taxa SELIC reduzia. O maior problema que o Brasil tem ao adotar esse tipo de política monetária é a preocupação em atingir a meta de inflação, meta esta rígida e ambiciosa, já que é de apenas um ano, nem que para atingir a meta, seja necessário adotar política monetária contracio- nista, afetando o crescimento econômico no país. Agora fica a pergunta: mesmo sabendo que a inflação é prejudicial, a preocupação com a taxa de inflação deve ser o grande objetivo da política monetária brasileira, mesmo sendo necessário depreciar outras variáveis econômicas?
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