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* Risco Biológico Dartagnan Barros Histórico Os agentes biológicos constituem-se no mais antigo risco ocupacional de que se tem notícia Bernadino Ramazzini, Pai da Medicina do trabalho, em sua obra-prima datada de 1700, já fazia referência às doenças dos coveiros. * Histórico “A plebe, nas suas paróquias, põe os seus mortos amontoados em promiscuidade dentro de grandes sepulcros; quando os coveiros descem a esses antros fétidos, cheios de cadáveres semi-pútridos, para depositarem outros mortos que trazem, expõem-se a perigosas doenças como febres malignas, morte repentina, caquexia, hidropisias, catarros sufocantes e outras doenças mais, muito graves; apresentam face cadavérica e aspecto amarelado como quem vai trabalhar no inferno. Pode acreditar-se que a causa mais ativa e pior desses males pestíferos está na descida ao sepulcro pois, no seu interior, respira-se necessariamente uma atmosfera pestilenta, a qual se incorporam os espíritos animais, inabilitando-os para a sua função, isto é, para a manutenção de toda a máquina vital.” * Risco Biológico Risco decorrentes da ação dos agentes biológicos: vírus, bactérias, fungos, parasitas, protozoários e etc. presentes em materiais biológicos, veiculados por seres (vetores). * O risco de contaminação é agravado pela precariedade das condições de asseio e higiene em espaços laborais, alem de acondicionamento, transporte, destino e captação do lixo e tratamento de esgoto. * Nos processos produtivos das indústrias alimentícias, farmacêuticas e de cosméticos, os trabalhadores manipulam materiais orgânicos como vísceras, ossos, soros que podem estar contaminados e até algumas matérias orgânicas em estado de putrefação que são utilizadas como matéria – prima. * * Serviços como os hospitais e laboratórios, o contato com organismos biológicos e materiais orgânicos é maior que em outros setores, aliás é inerente ao próprio trabalho. * Os trabalhadores rurais estão sujeitos a serem picados por cobras, escorpiões ou atacados por outros animais, além do contato com animais portadores de diversos tipos de afecções Visão Prática dos recursos de segurança Na presença de um perigo não existe risco zero, porém existe a possibilidade de minimizá-lo ou alterá-lo para níveis considerados aceitáveis * Biossegurança Podemos definir “Biossegurança” como sendo: “Um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal, vegetal e o ambiente” * Conceitos É importante que fique clara a diferença entre risco e perigo; Existe perigo na manipulação de determinados produtos químicos ou biológicos; Porém o risco dessa atividade pode ser considerado baixo se forem observados todos os cuidados necessários e utilizados os equipamentos de proteção adequados. * Riscos Biológicos em Serviços de Saúde Historicamente, os profissionais de saúde não eram considerados de alto risco para acidentes de trabalho Até a década de 60 atenção aos profissionais de laboratório de análises clínicas (hepatite B e tuberculose, 7 e 5 vezes mais freqüentes que na população em geral) A partir dos anos 80 (AIDS) atenção voltada para os profissionais envolvidos na assistência ao paciente Os principais riscos biológicos envolvem os patógenos de transmissão sangüínea como os vírus das hepatites B e C e o HIV Mais de 30 outros agentes infecciosos podem estar envolvidos em acidentes biológicos nos estabelecimentos de saúde * Riscos Químicos e Biológicos Classificação de Risco Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego Riscos Biológicos(bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, etc (NR- 09); * As classes dos riscos biológicos são: patogenicidade para o homem; virulência; modos de transmissão; disponibilidade de medidas profiláticas eficazes; disponibilidade de tratamento eficaz; endemicidade * Riscos Biológicos Características Gerais Principais agentes: bactérias, vírus, fungos, parasitas e prios(são modificações de proteínas normais do corpo. Embora em sua forma normal essas proteínas sejam inofensivas, o acúmulo da forma modificada pode levar à morte de neurônios). * Presentes em aerossóis, poeiras, alimentos, instrumentos de laboratório, água, culturas, amostras biológicas * 18% dos trabalhadores no sistema de saúde são contaminados com material infecto-contagioso nas atividades relacionadas ao trabalho: 25% por inoculação percutânea; 27% por aerossóis e derramamentos; 16% por vidrarias e pérfurocortantes; 13% por aspiração por instrumentos; 13,5% por acidentes com animais e contato com ectoparasitas * As principais fontes de contaminação no local de trabalho podem estar relacionadas à inalação de aerossóis Todos os procedimentos microbiológicos são potencialmente formadores de aerossóis * Riscos Biológicos Presença microbiana Alta adaptação à biosfera Alguns multiplicam-se em água destilada Um único micróbio em solução simples chega a um milhão em 18 horas Um micróbio pode se dividir em 10 minutos Presença na forma de células, esporos, toxinas e fragmentos moleculares * Riscos Biológicos Relação entre vias de contaminação e doenças Via aérea: tuberculose, varicela, rubéola, sarampo, influenza, viroses respiratórias, doença meningocócica; Exposição ao sangue e fluidos orgânicos: HIV, hepatites B e C, raiva; * Transmissão fecal-oral: hepatite A, poliomielite, gastrenterite, cólera; Contato com o paciente: escabiose, pediculose, colonização por stafilococos. * Principais grupos expostos Médicos clinicos: 0,5 a 3 exposições percutaneas/ano; 0,5 a 7 exposições mucocutaneas/ano Cirurgiões: 80 a 135 contatos com sangue/ano; 8 a 15 exposições percutaneas/ano Odontólogos: 1 exposição percutanea a cada 5 anos Contaminação acidental pelo HIV: Enfermeiros e pessoal de laboratório – 70% dos casos comprovados e 43% dos prováveis; estudantes de medicina 10 a 12% dos casos prováveis; cirurgiões e dentistas 12% dos casos prováveis * Principais grupos expostos A equipe de enfermagem é a mais exposta ao material biológico: É o grupo mais numeroso dos serviços de saúde Maior contato direto com os pacientes Os tipos e freqüência de procedimentos realizados favorecem a exposição 71,2% dos acidentes com perfuro cortantes ocorrem entre os profissionais de enfermagem (USP, 1998) * Principais grupos expostos Freqüentemente o acidente não é notificado Acidentes com perfurocortantes representam 1/3 de todos acidentes envolvendo profissionais de enfermagem Retirada de sangue, flebotomia, punção venosa periférica, sutura cirúrgica, reencapamento de agulhas, são os momentos de maior risco * Riscos de aquisição da doença Tipo de exposição A quantidade necessária para causar doença (carga do agente) Patogenicidade do agente infeccioso Existência da profilaxia pós-exposição Prevalência local da doença Suscetibilidade do profissional de saúde * * Agente infecccioso N° de organismos (carga) Via de Inoculação Sífilis 57 Intradérmico Malária 10 Intravenoso Escherichia coli 108 Ingestão Sarampo 0,2 Inalação Influenza A2 790 Inalação Imunização: doenças imunopreviníveis Hepatite B Varicela Sarampo Influenza Caxumba Rubéola Tétano Hepatite A * Imunização: doenças imunopreviníveis Raiva Febre amarela Coqueluche Febre tifóide Poliomielite Doença meningocócica Varíola * Classificação dos patógenos por risco biológico Classe 1 Agente não oferece risco para o manipulador nem para comunidade. Ex: E.coli, B.Subtilis * Classificação dos patógenos por risco biológico Classe 2 Agente com risco moderado para o manipulador e fraco para a comunidade. Existe tratamento preventivo. Ex: Staphylococcus aureus, Candida albicans * Classificação dos patógenos por risco biológico Classe 3 Agente com risco grave para o manipulador e moderado para a comunidade. Lesões e sinais clínicos graves e nem semprehá tratamento. Ex: HIV, Bacilllus anthracis * Classificação dos patógenos por risco biológico Classe 4 Agente com risco grave para o manipulador e para a comunidade. Não há tratamento e os riscos são muito graves em caso de propagação. Ex: vírus de febres hemorrágicas * Classe de Risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): Inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças(esta presente na flora) em pessoas ou animais adultos sadios. Exemplo: Lactobacillus sp. * Níveis de Segurança no Trabalho Nível 1 Avental, proteção respiratória, luvas, óculos CSB Classe II A Nível 2 Avental, proteção respiratória, luvas, óculos CBS Classe II B2 Nível 3 Avental fechado, proteção respiratória, luvas resistentes, óculos CBS Classe II B2 Classe 4 Roupa protetora completa, proteção respiratória, luvas, óculos CBS Classe III * Níveis de risco do trabalho 1,2,3,4 Uso de EPC (cabine de segurança biológica classe I,II ou III Uso de EPIs( protetor respiratório, óculos, luvas, protetores) Vestuário (avental, touca) Procedimentos operacionais descritos * * Riscos presentes na produção e preparo de medicamentos * Produto Manipulador Meio ambiente Riscos presentes na produção e preparo de medicamentos Outras situações presentes no preparo e produção de medicamentos Central de diluição de misturas injetáveis (farmácia hospitalar) Indústria Farmacêutica Beira do leito Posto de Enfermagem * Cabines de segurança biológica Finalidades Proteção do pessoal e ambiental contra os agentes perigosos dentro da cabine Proteção do produto ou do processo contra os contaminantes localizados fora da cabine Proteção contra a contaminação cruzada dos agentes dento da cabine Primeira cabine – 1943 ( Van den Ende) Filtro HEPA - 1962 * Medicamentos e drogas de risco também podem contaminar o ambiente e o manipulador Substância (droga) Produto (medicamentos, saneantes, desinfectantes * SUBSTÂNCIAS E PRODUTOS DE RISCO NAS UNIDADES DE SAÚDE Manipulação com exposição aguda e crônica Quimioterápicos Antineoplásicos Antibióticos Hormônios Anestésicos Psicoativos Corantes e Fixadores Saneantes e Desinfectantes Solventes * CARACTERÍSTICAS DOS MEDICAMENTOS QUE PODEM DETERMINAR O RISCO OCUPACIONAL (AMERICAN SOCIETY OF HEALTH FARMACISTS – ASHP) GENOTOXICIDADE (mutagenicidade e clastogenicidade em “short-term test system” reportado pelo IARC) CARCINOGENICIDADE (indução tumoral em modelo animal, pacientes humanos ou ambos) TERATOGENICIDADE (alterações sobre a reprodução, alterações da fertilidade, má-formações congênitas no feto) TOXICIDADE SÉRIA E SELETIVA SOBRE ÓRGÃOS E SISTEMAS (em baixa dose em modelo animal e em pacientes tratados) * RISCO OCUPACIONAL DE EXPOSIÇÃO AOS MEDICAMENTOS DE RISCO Medicamentos e drogas de risco manuseadas como inócuos (eletrólitos, vitaminas), levam à contaminação do manipulador e do meio ambiente * RISCO OCUPACIONAL DE EXPOSIÇÃO AOS MEDICAMENTOS DE RISCO Da contaminação resulta a absorção pelos profissionais de saúde. A absorção é pequena, exceto em situações de grande exposição * RISCO OCUPACIONAL DE EXPOSIÇÃO AOS MEDICAMENTOS DE RISCO O dano é cumulativo. Profissionais que preparam ou administram muitas e altas doses desses medicamentos por longos períodos de tempo (enfermeiros-oncologistas e de transplantes, farmacêuticos dos centros de soluções intravenosas) são os mais expostos * Sistemas mais sensíveis aos antineoplásicos Sistema Respiratório lesão de células do trato respiratório enfisema irritação bronco constrição dispnéia alergia Trato Gastrointestinal Alteração das membranas celulares * Sistemas mais sensíveis aos antineoplásicos Pele rubor edema prurido alergia Fígado acumulação excessiva de lipídios necrose colestase * Sistemas mais sensíveis aos antineoplásicos Rins efeitos sobre o túbulo renal morte das células alteração da função renal Sistema Nervoso hipóxia no cérebro perda de mielina efeitos em neurônios periféricos * Sistemas mais sensíveis aos antineoplásicos Sistema Reprodutivo oligoespermia redução da fertilidade interrupção da menstruação toxicidade reprodutiva Teratogênico efeitos na prole não hereditários Carcinogénico segundo tumor * Doenças Ocupacionais devidas a Agentes Biológicos Tuberculose (A15-19.-) Carbúnculo A22.-) Brucelose (A23.-) Leptospirose (A27.-) Tétano (Do Adulto) (A35.-) Psitacose, Ornitose (Doença dos Tratadores de Aves) (A70.-) Dengue (Dengue Clássico) (A90.-) Febre Amarela (A95.-) Hepatite Viral (B15-B19.-) Doenças pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) (B20-B24.-) Dermatofitose e Outras Micoses (B35-B36.-) Candidíase da Pele e das Unhas (B37.2) Paracoccidiodomicose (Blastomicose Sul Americana, Blastomicose Brasileira, Doença de Lutz) (B41.-) Malária (Relacionada com o Trabalho)(B50-B54.-) Leishmaniose Cutânea e Leishmaniose Cutâneo-Mucosa (B55.1 e B55.2) * Fontes de Exposição Materiais naturais Solo, palha, lã, pelo … Alimentos Origem vegetal ou animal Poeiras orgânicas Pó, farinhas, papel, partículas de pele Águas residuais Fluidos corporais Sangue, saliva * Medidas de Proteção e Controle Controles de Engenharia Controle de riscos na fonte Controle de riscos na trajetória Proteção Individual Higiene Pessoal * Controles de Engenharia São sistemas físicos ou mecânicos que se implementam para se eliminar as fontes de perigo. Alguns exemplos: Agulhas auto-cobertas Gabinetes de biossegurança e auto-claves * Controle de riscos na fonte Confinamento, ventilação local e exaustor; Cabines de segurança biológica; Segregação de materiais e resíduos; Uso de dispositivos de segurança em perfuro cortantes; Redução do contato dos trabalhadores fonte. * Controle de riscos na fonte Afastamento dos trabalhadores do transmissor Eliminação das fontes e reservatórios Substituição equipamentos contaminados Manutenção do agente restrito à fonte Uso de sistemas ou recipientes fechados * Controle de riscos na trajetória Procedimentos de manipulação ou transporte de materiais; Planejamento do fluxo de pessoas Isolamento de pacientes; Realizar procedimentos de higienização e desinfecção; Utilização de vestimentas; Gerenciamento de resíduos; Controle integrado de pragas e vetores * Proteção Individual Proteção das vias de entrada no organismo; Utilização de luvas; Adequação aos Serviços de Saúde; Lavatório exclusivo para higiene das mãos provido de água corrente, sabonete líquido, papel toalha, descartável e lixeira provida de sistema de abertura sem contato manual. * Higiene Pessoal Utilizar pias de trabalho para fins diversos Consumir e guardar alimentos e bebidas nos postos de trabalho Fumar e usar adornos nos postos de trabalho Exemplos: alianças e anéis, pulseiras, relógios de uso pessoal, colares, brincos, broches, piercings expostos, crachás pendurados com cordão e gravatas * Chernobyl Vinte anos depois do fatídico 26 de abril de 1986, quando o reator número quatro da central de Chernobyl explodiu, milhões de pessoas continuam sofrendo os efeitos devastadores, econômicos, sociais e ecológicos, da maior catástrofe da história nuclear civil. Chernobyl A central, orgulho da indústria da antiga União Soviética, ficava na Ucrânia, perto da fronteira com a Bielorrússia, duas repúblicas então integrantes do império soviético. A explosão provocou uma nuvem radioativa de grande intensidade que contaminou grande parte da Europa. Durante quase um mês, Moscou manteve um completo silêncio, antes de decidir retirar os 135 mil habitantes da região. Chernobyl Um estudo elaborado por cientistas britânicos, divulgado no dia 11 de abril em Kiev, calcula o número de mortes relacionadas a Chernobyl entre 30 e 60 mil. O impacto da contaminação nuclear sobre a saúde mental e física da população afetada também foi muito grave, sobretudo porque cinco milhões de pessoas continuam morando nas zonas radiadas. Chernobyl Além disso,décadas depois da catástrofe, as regiões afetadas permanecem social e economicamente devastadas. Um total de 350.000 pessoas foram evacuadas, 784.320 hectares de terras agrícolas passaram a ser zonas proibidas para o cultivo e outros 700.000 hectares tiveram vetada a produção de madeira. O custo da catástrofe chegou a centenas de milhares de dólares, segundo a ONU. Chernobyl Chernobyl não será uma zona segura antes de pelo menos um século depois da construção do arco, disse Yulia Marussich, porta-voz da central. Marussich explica que o armazenamento definitivo das toneladas de dejetos radioativos existentes entre os escombros não está previsto; Os efeitos de Chernobyl a longo prazo no meio ambiente e na saúde pública também são uma incógnita. Alguns especialistas já observaram uma intensificação de certas doenças, como o câncer de tireóide, entre os adultos. Chernobyl No que diz respeito às conseqüências para o meio ambiente, atualmente não se vê nada, mas podem surgir modificações genéticas em 50 anos, segundo Rudolph Alexahin, diretor do Instituto de Radiologia Agrícola de Moscou. Fonte: AFP Consequências de Chernobyl Consequências de Chernobyl Consequências de Chernobyl Consequências de Chernobyl Usinas Nuclear Brasileiras Angra 1 encontra-se em operação desde 1982 e fornece ao sistema elétrico brasileiro uma potência de 657 MW. Angra 2, após longos períodos de paralisação nas obras, inicia sua geração entregando ao sistema elétrico mais 1300 MW, o dobro de Angra 1. Referencias bvsms.saude.gov.br/bvs/.../classificacao_risco_agentes_biologicos_2ed.pdf www.fadepe.com.br/.../pos_2_eng_seg_trabalho_agentes_biologicos.doc - Similares www.vendrame.com.br/artigos/artigos_ant03.htm - Em cache - Similares *
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