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REDAÇÃO ENEM 2019: A democratização do acesso ao cinema no Brasil

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Tema: A democratização do acesso ao cinema no Brasil 
 
A obra literária “A menina que roubava livros”, retrata a história de Liseu, tendo como plano 
de fundo a Segunda Guerra Mundial. Em uma de suas cenas, um grupo de oficiais nazistas faz 
uma grande queima de livros, representando a repressão cultural e ataque ao saber sofrido pelos 
judeus. De maneira análoga, a democratização do acesso ao cinema no Brasil também passa por 
um processo de repressão, visto que esse acesso aos espaços cinematográficos não é observado, 
de maneira plena, na atualidade. Nessa perspectiva, convém analisar os fatores que influenciam a 
inercial problemática. 
De fato, a mercantilização cultural é um fator primordial do problema. A esse respeito, Adorno 
e Hokheimer, pensadores da Escola de Frankfurt, conceituam a “Indústria Cultural”, enfatizando o 
caráter lucrativo dos meios de comunicação no sistema capitalista, transformando a arte em 
produto. Nesse sentido, é notável que a desigualdade no acesso ao cinema está intrinsecamente 
relacionada às condições socioeconômicas da população que, certamente, é impossibilitada de 
frequentar esse contexto cultural pela carência monetária, elitizando, pois, as salas de cinema. 
Portanto, faz-se necessária a busca por subterfúgios que objetivem a mitigação dos entraves 
econômicos no acesso ao cinema. 
Outrossim, a distribuição desigual dos espaços de cinema é, igualmente, propulsora da 
problemática. Nesse aspecto, o Brasil passa por um processo de “apartheid cultural”, visto que as 
áreas periféricas encontram-se distantes dos locais de predominância do cinema, sendo essa 
parcela da população marginalizada desse meio cultural. Desse modo, Eça de Queiroz ao apregoar 
que a igualdade é a maior conquista da nossa civilização, acaba sendo contrariado, pois, segundo 
dados do IBGE, 41% dos espaços culturais encontram-se nas metrópoles, o que impossibilita o 
acesso universalizado. Logo, é imprescindível que o Poder Público e os órgãos cabíveis 
preconizem a democratização do acesso ao cinema para os estratos sociais periféricos. 
A democratização do acesso ao cinema no Brasil representa um desafio e, por conseguinte, 
medidas devem ser adotadas. Convém ao Governo Federal, com investimentos estáveis e 
adequados, garantir a ampliação do direito de meia-entrada nos cinemas às famílias de baixa 
renda, a fim de viabilizar a integração desses indivíduos nos espaços de oferta cultural. Ademais, 
cabe às ONGs, como auxiliadoras do processo de atenuação das desigualdades sociais, com 
campanhas de arrecadação de dinheiros e com a ajuda de voluntários, criar projetos de cinema 
itinerante e gratuito, levando-os às áreas periféricas, com o fito de possibilitar o acesso ao cinema 
em locais outrora inviáveis. Com essas medidas o país distanciar-se-á, gradativamente, de práticas 
análogas a vivenciada pela personagem Liseu, assegurando a democratização do acesso ao 
cinema.

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