Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Tema: A democratização do acesso ao cinema no Brasil A obra literária “A menina que roubava livros”, retrata a história de Liseu, tendo como plano de fundo a Segunda Guerra Mundial. Em uma de suas cenas, um grupo de oficiais nazistas faz uma grande queima de livros, representando a repressão cultural e ataque ao saber sofrido pelos judeus. De maneira análoga, a democratização do acesso ao cinema no Brasil também passa por um processo de repressão, visto que esse acesso aos espaços cinematográficos não é observado, de maneira plena, na atualidade. Nessa perspectiva, convém analisar os fatores que influenciam a inercial problemática. De fato, a mercantilização cultural é um fator primordial do problema. A esse respeito, Adorno e Hokheimer, pensadores da Escola de Frankfurt, conceituam a “Indústria Cultural”, enfatizando o caráter lucrativo dos meios de comunicação no sistema capitalista, transformando a arte em produto. Nesse sentido, é notável que a desigualdade no acesso ao cinema está intrinsecamente relacionada às condições socioeconômicas da população que, certamente, é impossibilitada de frequentar esse contexto cultural pela carência monetária, elitizando, pois, as salas de cinema. Portanto, faz-se necessária a busca por subterfúgios que objetivem a mitigação dos entraves econômicos no acesso ao cinema. Outrossim, a distribuição desigual dos espaços de cinema é, igualmente, propulsora da problemática. Nesse aspecto, o Brasil passa por um processo de “apartheid cultural”, visto que as áreas periféricas encontram-se distantes dos locais de predominância do cinema, sendo essa parcela da população marginalizada desse meio cultural. Desse modo, Eça de Queiroz ao apregoar que a igualdade é a maior conquista da nossa civilização, acaba sendo contrariado, pois, segundo dados do IBGE, 41% dos espaços culturais encontram-se nas metrópoles, o que impossibilita o acesso universalizado. Logo, é imprescindível que o Poder Público e os órgãos cabíveis preconizem a democratização do acesso ao cinema para os estratos sociais periféricos. A democratização do acesso ao cinema no Brasil representa um desafio e, por conseguinte, medidas devem ser adotadas. Convém ao Governo Federal, com investimentos estáveis e adequados, garantir a ampliação do direito de meia-entrada nos cinemas às famílias de baixa renda, a fim de viabilizar a integração desses indivíduos nos espaços de oferta cultural. Ademais, cabe às ONGs, como auxiliadoras do processo de atenuação das desigualdades sociais, com campanhas de arrecadação de dinheiros e com a ajuda de voluntários, criar projetos de cinema itinerante e gratuito, levando-os às áreas periféricas, com o fito de possibilitar o acesso ao cinema em locais outrora inviáveis. Com essas medidas o país distanciar-se-á, gradativamente, de práticas análogas a vivenciada pela personagem Liseu, assegurando a democratização do acesso ao cinema.
Compartilhar