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O que você deve saber sobre 
PARNASIANISMO E SIMBOLISMO 
 
Influenciados pelo grande desenvolvimento científico e filosófico, sobretudo na 
segunda metade do século XIX, a Geração Materialista ou Geração de 70 (1870-1900) 
buscou referências nas Ciências Naturais (Biologia, Física e Química) e nas Ciências 
Sociais para explicar um mundo em rápida transformação. No panorama artístico da 
época, surgem o Realismo/Naturalismo (na Europa e no Brasil) e o Parnasianismo (na 
França e no Brasil). 
O final do século XIX e o início do XX foram marcados pela coexistência, no 
Brasil, ainda do Realismo/Naturalismo, sobretudo na prosa; do Parnasianismo, na 
poesia; e de um movimento que representou uma reação ao racionalismo que 
caracterizou o período, o Simbolismo, estética sem tanta força entre os artistas 
brasileiros quanto as anteriores. Surgiram também escritores como Monteiro Lobato, 
Euclides da Cunha, Graça Aranha, Lima Barreto, os chamados pré-modernistas, que 
produziram obras de problematização do Brasil. 
Neste tópico, revisaremos o Parnasianismo, com os autores Olavo Bilac, 
Raimundo Correia e Alberto de Oliveira (a “Tríade parnasiana”) e o Simbolismo de 
Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens. 
 
Parnasianismo 
 Os escritores do Realismo/Naturalismo almejavam analisar a realidade à luz de 
um racionalismo cientificista, já os autores do Parnasianismo, influenciados pelos 
clássicos greco-latinos e em oposição à liberdade formal e aos “exageros” dos 
românticos, preferiram cultivar uma arte direcionada unicamente para a beleza, a 
chamada “arte pela arte”. 
Marcos literários do Parnasianismo 
 Início – Batalha do Parnaso (1878); publicação de Fanfarras (1882), de Teófilo 
Dias. 
 Final – o Parnasianismo sobreviveu ao Simbolismo e ao Pré-Modernismo, mas teve 
fim com a consolidação do Modernismo no Brasil (a partir das Semana de Arte 
Moderna, em 1922). 
 
Características do Parnasianismo 
 
Entre as características do movimento Parnasiano brasileiro, destacam-se: 
 
 Retomada de temas da Antiguidade clássica (personagens históricas e mitologia); 
 Arte pela arte: a poesia tem um fim em si mesma; 
3º ano 
Rev. Gabarito – Parnasianismo e 
Simbolismo Out/10 Wilton 
Nome: Nº: Turma: 
Est. Literários 
 Valorização da palavra: o poeta deveria se comportar como um “ourives da palavra”; 
 Negação dos exageros sentimentais românticos; 
 Predomínio de uma poesia descritiva; 
 Preocupação formal: rimas bem construídas, ritmo adequado, metrificação rigorosa etc. 
 
Olavo Bilac (1865-1918) 
 
Bilac, em conjunto com Machado de Assis, fundou o Grêmio de Letras e Artes, 
que foi transformado, algum tempo depois, na Academia Brasileira de Letras, em 1897. 
O artista é considerado o principal poeta parnasiano. 
Influenciado por Camões e por Bocage, tornou-se um exímio sonetista. Em 
poemas importantes como “Profissão de fé”, o autor revela sua preocupação com a 
forma; em outros como o soneto XIII, “Via Láctea”, Bilac se mostra influenciado, ainda 
que de maneira mais sóbria, pelo Romantismo. Publicou Poesias (1888), obra dividia 
em “Panóplias”, “Via Láctea”, “Sarças de fogo”, “Alma inquieta”, “As viagens” e “O 
caçador de esmeraldas”. Em 1919, publicou o volume Tarde. 
 
Raimundo Correia (1860-1911) 
 
Embora livros como Sinfonias (1883) e Versos e versões (1887) tenham fortes 
marcas do Parnasianismo, Raimundo Correia produziu uma obra influenciada pelo 
Romantismo (de Fagundes Varela e Casimiro de Abreu), principalmente em Primeiros 
sonhos (1879), e também pelo Simbolismo. 
O soneto mais conhecido de Raimundo Correia é “As pombas”, em que o poeta 
estabelece uma associação entre pombas, que partem dos pombais, mas retornam a eles 
“em bando e em revoada”, e sonhos, que se perdem e não mais retornam “aos corações” 
humanos com o passar dos anos. 
 
Alberto de Oliveira (1857-1937) 
 
Considerado por Olavo Bilac o líder do movimento brasileiro, Alberto de 
Oliveira foi o que mais próximo chegou do ideal parnasiano da arte pela arte. Ignorou o 
contexto social do Brasil de sua época e compôs poemas de forma perfeita, influenciado 
pelos barrocos e árcades de Portugal. Publicou, entre outras obras, Meridionais (1884) e 
Versos e rimas (1895). 
 
Simbolismo 
 
 Como reação ao racionalismo, cientificismo e materialismo que marcaram a 
segunda metade do século XIX, surgiu o Simbolismo, movimento de fim de século que 
questionou a euforia da elite industrial em ascensão na época e buscou valores 
transcendentais e espirituais como a Verdade, o Belo, o Bem, o Sagrado em poemas 
enigmáticos, herméticos e sinestésicos. Esse movimento se iniciou na França, com os 
artistas do Decadentismo. 
Em 1857, o poeta francês Charles Baudelaire publicou As flores do mal, 
considerada uma das obras-chaves de um movimento que teve seguidores importantes 
como Stéphane Mallarmé, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. 
Marcos literários do Simbolismo 
 
 Início: Missal e Broquéis (1893), de Cruz e Sousa. 
 Final: Pré-Modernismo com Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha, e Canaã (1902), 
de Graça Aranha. Modernismo no Brasil (a partir da Semana de Arte Moderna, em 
1922). 
 
Características do Simbolismo 
Entre as características do movimento simbolista, destacam-se: 
 
 Adoção de uma postura antipositivista e anticientificista; 
 Retorno ao egocentrismo: diferentemente do romântico, esse individualismo do 
artista simbolista buscou investigar as “zonas profundas” do eu; 
 Mergulho do caos do inconsciente; 
 Uso de neologismos, combinações vocabulares incomuns e arcaísmos; 
 Busca de palavras que “evocam” e “sugerem” (e não simplesmente descrevam); 
 Uso de metáforas complexas para simbolizar o denso mundo interior do escritor; 
 Aproximação da poesia e da música; 
 Uso de sinestesias; 
 Valorização do Oculto, do Vago, do Mistério, da Ilusão, da Solidão, da Morte, 
da Loucura; 
 Retomada da Teologia e da Metafísica (negadas pelo positivismo); 
 Uso dos versos livres e de metrificação sonora. 
 
Cruz e Sousa (1861-1898) 
 
Cruz e Sousa é o escritor mais importante do Simbolismo brasileiro. O autor é 
comparado ao poeta realista português Antero de Quental e ao poeta Pré-modernista 
brasileiro Augusto dos Anjos pela temática da metafísica, da angústia e da melancolia, 
presentes em seus versos de influência schopenhauriana. 
Cruz e Sousa apresenta em sua obra uma fixação pela cor branca, pela temática 
da morte, da transcendência espiritual e da escravidão em poemas sinestésicos, 
imagéticos e muito sonoros. 
Publicou somente as obras Missal e Broquéis (1893). 
 
 
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) 
 
A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcada por uma forte religiosidade e 
por um misticismo intenso. O poeta teve sua obra influenciada pela morte de sua prima 
Constança e pela temática da morte, referida de diferentes maneiras nos poemas que 
escreveu ao longo da vida. Entre seus poemas mais conhecidos está “Ismália”. 
Publicou, entre outras obras, Câmara ardente (1899) e Kyriale (1902). 
 
Parnasianismo – barra de imagens 
http://2.bp.blogspot.com/
_VO1xUIlV3Bw/R19krPsoWHI/AAAAAAAAAi4/nzWALgyQ0QU/s400/ParnasoMan
tegna.jpg 
http://www.brasilescola.com/uploa
d/e/PARNASIANISMO%20BRASILEIRO.jpg 
http://www.sebodomessias.com
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http://4.bp.blogspot.com/_snyK7GlbhbQ/Rn
_wStLcN5I/AAAAAAAAAbI/B7n1xwaMnk0/s400/fleurs_du_mal_baudelaire 
http://2.bp.blogspot.com/
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PARNASIANISMO E SIMBOLISMO 
No vestibular 
 
Embora o Parnasianismo não tenha representado um grande salto artístico para a 
literatura brasileira, já que os artistas dessa estética valorizavam por demais a 
forma, em detrimento do conteúdo, preferindo explorar, em alguns casos, a 
descrição de vasos chineses e gregos e colocar em segundo plano as grandes 
discussões humanas, esse movimento do final do século XIX e início do XXtem 
sido solicitado, direta ou indiretamente, por alguns concursos vestibulares, 
diferentemente de estéticas como o Trovadorismo, Classicismo ou até mesmo o 
Barroco e o Arcadismo. Por outro lado, não podemos desprezar a importância 
desse movimento como contraponto ao Romantismo, estética densa e multifacetada 
que perdurou por décadas, e como motivo de sátira para o Modernismo. O escritor 
Oswald de Andrade, no “Manifesto da poesia Pau-Brasil”, em 1924, chegou a 
afirmar que “Só não se inventou a máquina de fazer versos — [porque] já havia o 
poeta parnasiano", enfatizando a pouca inventividade dessa escola. 
O Simbolismo, por sua vez, é um movimento muito mais complexo que o 
Parnasianismo porque além de explorar a forma também apresenta temas difíceis 
e herméticos “traduzidos”, muita vez, em imagens poéticas difusas e sinestésicas. 
 
As questões apresentadas neste tópico têm como base textos parnasianos e 
simbolistas. 
 
A questão proposta pela UFG tem como base o soneto XXXI de Olavo Bilac. Leia o 
texto com atenção e observe o cuidado com a forma (estruturação em soneto – dois 
quartetos e dois tercetos, rimas bem construídas etc.), típica característica 
parnasiana, e a temática da idealização do amor, tão presente no Romantismo. 
 
UFG – 2008 – Tipo 1 
Questão 1 
Leia o soneto abaixo. 
XXXI 
Longe de ti, se escuto, porventura, 
Teu nome, que uma boca indiferente 
Entre outros nomes de mulher murmura, 
Sobe-me o pranto aos olhos, de repente... 
 
Tal aquele, que, mísero, a tortura 
Sofre de amargo exílio, e tristemente 
A linguagem natal, maviosa e pura, 
Ouve falada por estranha gente... 
 
Porque teu nome é para mim o nome 
De uma pátria distante e idolatrada, 
Cuja saudade ardente me consome: 
 
E ouvi-lo é ver a eterna primavera 
E a eterna luz da terra abençoada, 
Onde, entre flores, teu amor me espera. 
 
BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de Marisa Lajolo. São Paulo: 
Global, 2003. p. 54. (Coleção Melhores poemas). 
 
Olavo Bilac, mais conhecido como poeta parnasiano, expressa traços românticos em sua 
obra. No soneto apresentado observa-se o seguinte traço romântico: 
 
(A) objetividade do eu lírico. 
(B) predominância de descrição. 
(C) utilização de universo mitológico. 
(D) erudição do vocabulário. 
(E) idealização do tema amoroso. 
 
Resposta: E 
 
A questão a seguir tem como base um texto da poeta contemporânea Cora 
Coralina e outro do poeta parnasiano Olavo Bilac. Aproveite os poemas para 
observar como textos de temática semelhantes podem apresentar abordagens 
bastante distintas. 
Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, a Cora Coralina (1889-1985), é uma 
grande poeta goiana. Em 1908, em conjunto com duas amigas, lançou o jornal A 
Rosa, de poemas femininos. Em 1910, publicou seu primeiro conto, o "Tragédia na 
Roça", no Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás. Depois de se casar, 
ter filhos, mudou-se para São Paulo e, em 1934, tornou-se vendedora da editora 
José Olimpio que, em 1965, lançou o primeiro livro da autora, o Poema dos Becos 
de Goiás e Estórias Mais. Em 1976, lançou Meu Livro de Cordel, pela editora 
Cultura Goiana. Em 1980, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu uma 
carta elogiando o trabalho da autora, o que despertou o interesse do público leitor 
pela goiana e a popularizou em todo o Brasil. Em 1983, publicou Vintém de cobre – 
meias confissões de Aninha, editado pela Universidade Federal de Goiás. Recebeu, 
em 1984, o Prêmio Juca Pato, como intelectual do ano de 1983 (ela foi a primeira 
mulher a receber esse prêmio). Postumamente, foram lançadas as obras infantis da 
autora: Os Meninos Verdes, em 1986, A Moeda de Ouro que um Pato Comeu, em 
1997, e O Tesouro da Casa Velha da Ponte. 
 
UFG – 2008 – Tipo 1 
Questão 2 
Leia os poemas de Cora Coralina e Olavo Bilac. 
RIO VERMELHO 
IV 
Água – pedra. 
Eternidades irmanadas. 
Tumulto – torrente. 
Estática – silenciosa. 
O paciente deslizar, 
o chorinho a lacrimejar 
sutil, dúctil 
na pedra, na terra. 
Duas perenidades – 
sobreviventes 
no tempo. 
Lado a lado – conviventes, 
diferentes, juntas, separadas. 
Coniventes. 
 Meu Rio Vermelho. 
 
CORALINA, Cora. Melhores poemas. Seleção de Darcy França Denófrio. 
São Paulo: Global, 2004. p. 319. (Coleção Melhores poemas). 
 
Vocabulário: 
dúctil: dócil 
 
RIO ABAIXO 
Treme o rio, a rolar, de vaga em vaga... 
Quase noite. Ao sabor do curso lento 
Da água, que as margens em redor alaga, 
Seguimos. Curva os bambuais o vento. 
 
Vivo há pouco, de púrpura, sangrento, 
Desmaia agora o ocaso. A noite apaga 
A derradeira luz do firmamento... 
Rola o rio, a tremer, de vaga em vaga. 
 
Um silêncio tristíssimo por tudo 
Se espalha. Mas a lua lentamente 
Surge na fímbria do horizonte mudo: 
E o seu reflexo pálido, embebido 
Como um gládio de prata na corrente, 
Rasga o seio do rio adormecido. 
 
BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de Marisa Lajolo. São Paulo: 
Global, 2003. p. 71. (Coleção Melhores poemas). 
Vocabulário: 
ocaso: pôr-do-sol 
fímbria: orla, borda 
gládio: espada 
 
Tanto Cora Coralina, em “Rio vermelho”, quanto Olavo Bilac, em “Rio abaixo”, 
poetizam assuntos semelhantes. Os dois poemas, entretanto, diferenciam-se, 
respectivamente, por 
 
(A) linguagem coloquial do primeiro e linguagem anacrônica do segundo. 
(B) caráter contido do primeiro e caráter intenso do segundo. 
(C) tonalidade satírica do primeiro e tonalidade avaliativa do segundo. 
(D) ênfase narrativista do primeiro e ênfase descritivista do segundo. 
(E) registro regionalista do primeiro e registro universalista do segundo. 
 
Resposta: B 
 
UFG/PS – 2007 – Tipo 1 
Questão 4 
Leia os poemas de Cora Coralina e de Cruz e Sousa. 
 
Todas as vidas 
 
[...] 
Vive dentro de mim 
a lavadeira do Rio Vermelho. 
Seu cheiro gostoso 
d’água e sabão. 
 
[...] 
Vive dentro de mim 
a mulher do povo. 
Bem proletária. 
 
[...] 
Vive dentro de mim 
a mulher da vida. 
Minha irmãzinha... 
 
[...] 
Todas as vidas dentro de mim. 
Na minha vida – 
a vida mera das obscuras. 
 
CORALINA, Cora. Melhores poemas., Seleção de Darcy França Denófrio. 
São Paulo: Global, 2004. p. 253-255. (Coleção melhores poemas). 
 
 
 
Afra 
 
Ressurges dos mistérios da luxúria, 
Afra, tentada pelos verdes pomos, 
Entre os silfos magnéticos e os gnomos 
Maravilhosos da paixão purpúrea. 
 
Carne explosiva em pólvoras e fúria 
De desejos pagãos, por entre assomos 
Da virgindade ─ casquinantes momos 
Rindo da carne já votada à incúria. 
 
Votada cedo ao lânguido abandono, 
Aos mórbidos delíquios como ao sono, 
Do gozo haurindo os venenosos sucos. 
 
Sonho-te a deusa das lascivas pompas, 
A proclamar, impávida, por trompas 
Amores mais estéreis que os eunucos! 
 
SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform., São 
Paulo: Ediouro, 2002. p. 24-25. (Coleção super prestígio). 
 
Vocabulário: 
silfos: espíritos elementares do ar 
assomos: ímpeto, impulso 
casquinantes: relativo à gargalhada, risada de escárnio 
momos: ator que representa comédia 
incúria: falta de cuidado 
delíquios: desfalecimento, desmaio 
haurindo: extraindo, colhendo, consumindo 
 
Nos poemas apresentados, os autores tematizam a mulher com perspectivas 
diferenciadas no que diz respeito, respectivamente, à 
 
(A) preocupação com a cor local e à fuga da realidade em situações espirituais. 
(B) perspectiva referencial dada ao tema e ao enquadramento conceptista das imagens. 
(C) ênfase no misticismo africano e à descrição fantástica do corpo da mulher. 
(D) musicalidade recorrente para a composição dos perfis e ao entrelaçamento de poesia 
e prosa. 
(E) valorização de condições sociais marginalizadas e à construção erotizada da figura 
feminina. 
 
Resposta: E 
 
Leia o poema de Cruz e Sousa, base para a questão proposta pela UFG, e, se 
possível, caracterize o movimento simbolista a partir do texto do professor Alfredo 
Bosi, transcritoa seguir (destacamos os fragmentos mais importantes): 
 
“O Parnaso legou aos simbolistas a paixão do efeito estético. Mas os novos 
poetas buscavam algo mais: transcender os seus mestres para reconquistar o 
sentimento de totalidade que parecia perdido desde a crise do Romantismo. A arte 
pela arte (...) é assumida por eles, mas retificada pela aspiração de integrar a 
poesia na vida cósmica e conferir-lhe um estatuto de privilégio que 
tradicionalmente caberia à religião ou à filosofia. 
 Visto à luz da cultura europeia, o Simbolismo reage às correntes analíticas 
dos meados do século XIX, assim como o Romantismo reagira à Ilustração 
triunfante em 89. Ambos os movimentos exprimem o desgosto das soluções 
racionalistas e mecânicas e nestas reconhecem o correlato da burguesia industrial 
em ascensão; ambos recusam-se a limitar a arte ao objeto, à técnica de produzi-lo, 
ao seu aspecto palpável: ambos, enfim, esperam ir além do empírico e tocar, com a 
sonda da poesia, um fundo comum que susteria os fenômenos, chame-se Natureza, 
Absoluto, Deus ou Nada. 
 O símbolo, considerado categoria fundante da fala humana e 
originariamente preso a contextos religiosos, assume nessas correntes a função-
chave de vincular as partes do Todo universal que, por sua vez, confere a cada 
uma o seu verdadeiro sentido. 
 Na cultura ocidental, a partir das revoluções burguesas da Inglaterra e da 
França, os grupos que se achavam na ponta de lança do processo foram perdendo 
a vivência religiosa dos símbolos e fixando-se na imanência dos dados científicos ou 
no prestígio dos esquemas filosóficos: empirismo, sensismo, materialismo, 
positivismo. Os pontos de resistência viriam dos estratos pré-burgueses ou 
antiburgueses, isto é, dos aristocratas ou das baixas classes médias, postas à 
margem da industrialização. Dessas fontes provêm o mal-estar e as recusas à 
concepção técnico-analítica do mundo. (...) 
 A crise repropõe-se no último quartel do século XIX, quando a segunda 
revolução industrial, já de índole abertamente capitalista, traz à luz novos 
correlatos ideológicos: cientismo, determinismo, realismo “impessoal”. Do âmago 
da inteligência européia, surge uma oposição vigorosa ao triunfo da coisa e do fato 
sobre o sujeito – aquele sujeito a quem o otimismo do século prometera o paraíso, 
mas não dera senão um purgatório de contrastes e frustrações. (...) 
 As novas atitudes de espírito almejam a apreensão direta dos valores 
transcendentais, o Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado, e situam-se no pólo 
oposto da ratio calculista e anônima. Não tentam, porém, superá-la pelo exercício 
de outra razão (...); as suas armas vão ser as da paixão e do sonho, forças 
incônscias que a Arte deveria suscitar magicamente. 
 O Simbolismo surge nesse contexto como um sucedâneo, para uso de 
intelectuais, das religiões positivas; e a liturgia, que nestas é a prática concreta e 
diária das relações entre a Natureza e a Graça, nele reaparece em termos de 
analogias sensórias e espirituais, as “correspondências” de que falava Baudelaire: 
 
La Nature est um temple où de vivants piliers 
Laissent parfois sortir de confuses paroles; 
L´homme y passe à travers des forêts de symboles 
Qui l´observent avec des regards familiers. 
 
Comme de longs échos qui de loin se confondent 
Dans une ténébreuse et profonde unité, 
Vaste comme la nuit et comme la clarté, 
Les parfums, les couleur et les sons se répondent. 
 
(Les Fleur du mal - “Correspondances”) 
 
“A Natureza é um templo onde vivos pilares 
Podem deixar ouvir confusas vozes; e estas 
fazem o homem passar através de florestas 
de símbolos que o vêem com olhos familiares. 
 
Como os ecos além confundem seus rumores 
Na mais profunda e mais tenebrosa unidade, 
Tão vasta como a noite e como a claridade, 
Harmonizam-se os sons, os perfumes e as cores.” 
 
(HADDAD, Jamil Almansur. Tradução para a edição de Flores do Mal - Círculo do 
Livro.) 
 E, em tom oposto, mas reafirmando a coesão última de todos os seres, a voz 
do nosso Cruz e Souza: 
 
Tudo na mesma ansiedade gira, 
rola no Espaço, dentre a luz suspira 
e chora, chora, amargamente chora... 
 
Tudo nos turbilhões da Imensidade 
se confunde na trágica ansiedade 
que almas, estrelas, amplidões devora. 
 
(Últimos Sonetos - “Ansiedade”) 
 
(BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira.) 
UFG/PS – 2007 – Tipo 1 
Questão 4 
Leia o poema de Cruz e Sousa. 
 
Acrobata da dor 
Gargalha, ri, num riso de tormenta, 
Como um palhaço, que desengonçado, 
Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado 
De uma ironia e de uma dor violenta. 
 
Da gargalhada atroz, sanguinolenta, 
Agita os guizos, e convulsionado 
Salta, “gavroche”, salta, “clown”, varado 
Pelo estertor dessa agonia lenta... 
 
Pedem-te bis e um bis não se despreza! 
Vamos! retesa os músculos, retesa 
Nessas macabras piruetas d’aço... 
 
E embora caias sobre o chão, fremente, 
Afogado em teu sangue estuoso e quente, 
Ri! Coração, tristíssimo palhaço. 
 
SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform., São Paulo: 
Ediouro, 2002. p. 39-40. (Coleção super prestígio). 
 
 
 
Vocabulário: 
gavroche: garoto de rua que brinca, faz estripulias 
clown: palhaço 
estertor: respiração rouca típica dos doentes terminais 
estuoso: que ferve, que jorra 
 
Uma característica simbolista do poema acima é a 
 
(A) linguagem denotativa na composição poética. 
(B) biografia do poeta aplicada à ótica analítica. 
(C) perspectiva fatalista da condição amorosa. 
(D) exploração de recursos musicais e figurativos. 
(E) presença de estrangeirismos e de barbarismos. 
 
Resposta: D 
A questão a seguir apresenta dois textos com fortes marcas eróticas. O primeiro foi 
escrito pelo parnasiano Olavo Bilac e o segundo, pela autora contemporânea 
Marina Colasanti. 
A escritora e jornalista Marina Colasanti é autora de mais de trinta livros que 
tratam de maneira muito delicada do universo feminino. Escreveu, entre outras 
obras, O homem que não parava de crescer (2005), A moça tecelã (2004), O leopardo 
é um animal delicado (1998), Eu sei mas não devia (1995), Contos de amor rasgado 
(1986). 
O texto apresentado na questão é um fragmento do conto “O leopardo é um 
animal delicado”, retirado do livro homônimo de Marina Colasanti. O leopardo é 
um animal delicado é uma coletânea de vinte e cinco contos curtos que tratam das 
relações humanas, com enfoque na natureza feminina. O conto apresentado pela 
UFG é narrado em 3ª pessoa e tem como personagens três homens e uma mulher. 
Nele, uma mulher maquiada e vestida de maneira sensual visita um parque para 
adultos e entra numa atração chamada “O túnel do amor”. Lá, depois de ser 
acariciada e beijada por dois homens, a mulher domina a situação e se relaciona 
sexualmente com um terceiro. 
 
UFG/PS – 2008 – Grupo 1 
Questão 5 
Leia o poema “Na Tebaida”, de Olavo Bilac, e o fragmento do conto “O leopardo é um 
animal delicado”, de Marina Colasanti. 
 
Na Tebaida 
 
Chegas, com os olhos úmidos, tremente 
A voz, os seios nus, – como a rainha 
Que ao ermo frio da Tebaida vinha 
Trazer a tentação do amor ardente. 
 
Luto: porém teu corpo se avizinha 
Do meu, e o enlaça como uma serpente... 
Fujo: porém a boca prendes, quente, 
Cheia de beijos, palpitante, à minha... 
 
Beija mais, que o teu beijo me incendeia! 
Aperta os braços mais! que eu tenha a morte, 
Preso nos laços de prisão tão doce! 
 
Aperta os braços mais, – frágil cadeia 
Que tanta força tem não sendo forte, 
E prende mais que se de ferro fosse! 
 
BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de Marisa Lajolo. 4. ed. São Paulo: Global, 
2003. p. 66. (Coleção Melhores poemas). 
 
Vocabulário: 
ermo: deserto, descampado 
Tebaida: região do Egito 
 
Um homem, outro homem, que diferença isso fazia agora? As mesmas mãos, bocas 
molhadas, as mesmas sungas de fera. Mas a pele, o cheiro, o gosto do suor, outro e 
outro ardendo sobre a língua, ali estava a diferença,ali estava o querer. E aquele ou 
outro soprou de leve para refrescar-lhe o rosto, e aquele ou outro incendiou-lhe o corpo 
com carícias, o beijo daquele percorreu-lhe a orelha, os dedos do outro dobraram-lhe os 
joelhos, e aquele ou outro aquele ou outro aquele ou outro. Este! exigiu de repente seu 
corpo exasperado. Este, agora! 
 
COLASANTI, Marina. O leopardo é um animal delicado. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 
p. 88. 
 
Os textos literários apresentados aproximam-se pela construção do erótico, apesar do 
tempo que distancia a obra poética de Olavo Bilac da contística de Marina Colasanti. 
Com base no poema e no excerto do conto, responda: 
 
Como a voz enunciadora representa o comportamento erótico da mulher em cada um 
dos textos? 
No primeiro texto, o eu lírico apresenta a mulher como uma “rainha” que traz “a 
tentação do amor ardente” e ele luta inutilmente para libertar-se da força erótica dela 
que o “prende mais que se de ferro fosse”. No segundo texto, um narrador em 3ª. pessoa 
onisciente apresenta uma mulher que também assume o domínio da situação e escolhe 
(“exige”), após experimentar passivamente o contato erótico com dois homens, o 
parceiro com quem quer manter relações sexuais. 
 
UNESP – 2008 
INSTRUÇÃO: As questões de números 05 a 08 se baseiam num soneto de Cruz e Sousa 
(1861-1898) e num trecho de uma carta de Mário de Andrade (1893-1945) a Manuel 
Bandeira (1886-1968). 
 
Alma fatigada 
 
Nem dormir nem morrer na fria Eternidade! 
mas repousar um pouco e repousar um tanto, 
os olhos enxugar das convulsões do pranto, 
enxugar e sentir a ideal serenidade. 
 
A graça do consolo e da tranquilidade 
de um céu de carinhoso e perfumado encanto, 
mas sem nenhum carnal e mórbido quebranto, 
sem o tédio senil da vã perpetuidade. 
 
Um sonho lirial d’estrelas desoladas, 
onde as almas febris, exaustas, fatigadas 
possam se recordar e repousar tranqüilas! 
 
Um descanso de Amor, de celestes miragens, 
onde eu goze outra luz de místicas paisagens 
e nunca mais pressinta o remexer de argilas! 
 
(CRUZ E SOUSA. Obra completa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1961, p. 191-
192.) 
 
Carta a Manuel Bandeira, S.Paulo, 28-III-31 
Manú, 
 bom-dia. Amanhã é domingo pé-de-cachimbo, e levarei sua carta, (isto é vou 
ainda rele-la pra ver si a posso levar tal como está, ou não podendo contarei) pra 
Alcantara com Lolita que também ficarão satisfeitos de saber que você já está mais 
fagueirinho e o acidente não terá consequencia nenhuma. Esse caso de você ter medo 
duma possivel doença comprida e chupando lentamente o que tem de perceptível na 
gente, pro lado lá da morte, é mesmo um caso sério. Deve ser danado a gente morrer 
com lentidão, mas em todo caso sempre me parece inda, não mais danado, mas 
semvergonhamente pueril, a gente morrer de repente. Eu jamais que imagino na morte, 
creio que você sabe disso. Aboli a morte do mecanismo da minha vida e embora já 
esteja com meus trinteoito anos, faço projetos pra daqui a dez anos, quinze, como si pra 
mim a morte não tivesse de “vim”... como todos pronunciam. A idea da morte desfibra 
danadamente a atividade, dá logo vontade da gente deitar na cama e morrer, irrita. Aboli 
a noção de morte prá minha vida e tenho me dado bem regularmente com êsse 
pragmatismo inocente. Mas levado pela sua carta, não sei, mas acho que não me 
desagradava não me pôr em contacto com a morte, ver ela de perto, ter tempo pra botar 
os meus trabalhos do mundo em ordem que me satisfaça e diante da infalível vencedora, 
regularisar (sic) pra com Deus o que em mim sobrar de inútil pro mundo. 
 
(MÁRIO DE ANDRADE. Cartas de Mário de Andrade a Manuel Bandeira. Rio de 
Janeiro: Organização Simões, 1958, p. 269-270.) 
Questão 5 
Os dois textos apresentados focalizam, sob pontos de vista distintos, a relação entre a 
vida e a morte ou entre a vida e a eternidade. Releia atentamente o soneto de Cruz e 
Sousa e, partindo do pressuposto de que o Simbolismo brasileiro desenvolveu e ampliou 
algumas características do Romantismo, identifique no desenvolvimento do conteúdo 
do soneto, sobretudo no desejo manifestado nos últimos três versos, uma característica 
típica do Romantismo. 
 
 “Alma fatigada”, soneto do simbolista Cruz e Sousa, expressa o desejo de morte do eu 
lírico. O conceito de morte expresso no soneto parece distanciar-se de ideia de fim, pois 
ela é “fria Eternidade” e “vã perpetuidade”, entretanto a morte representa o fim das 
agonias da vida: das “convulsões do pranto” e do “carnal e mórbido quebranto” (desejo 
erótico). A alma apresenta-se como um elemento perene, uma “outra luz de místicas 
paisagens”. Essa abordagem vai ao encontro das concepções românticas sobre a morte. 
 
Questão 6 
Embora procure manifestar para seu amigo Manú (Manuel Bandeira) uma visão prática 
e uma preocupação maior com a vida, Mário de Andrade deixa escapar certa 
preocupação com a vida após a morte. Releia a carta e, a seguir, explique em que 
passagem se pode verificar essa preocupação. 
Essa preocupação do poeta Mário de Andrade é sugerida no seguinte trecho: “(...) diante 
da infalível vencedora, regularisar (sic) pra com Deus o que em mim sobrar de inútil 
pro mundo”. 
Questão 7 
Envolvido, como declara mais de uma vez em suas cartas, na criação de um discurso 
literário próprio, culto, mas com aproveitamentos de recursos e soluções da linguagem 
coloquial, Mário de Andrade apresenta nos textos de suas cartas soluções de ortografia, 
pontuação, variações coloquiais de vocábulos e de regência que podem surpreender um 
leitor desavisado. Escreve, por exemplo, no último período do trecho citado, “ver ela de 
perto”, tal como se usa coloquialmente. Aponte a forma que teria essa passagem em 
discurso formal, culto. 
Em discurso formal, culto, a passagem “ver ela de perto” ficaria de seguinte maneira: 
vê-la de perto. 
Questão 8 
Tomando por base o soneto como um todo e considerando que Cruz e Sousa foi um 
poeta simbolista, aponte a relação de sentido que há entre os termos “carnal” (sétimo 
verso) e “argilas” (décimo quarto verso). 
Há uma relação de analogia entre os termos “carnal” e “argilas”. O primeiro sugere 
sexualidade, o segundo se refere à imagem presente na Bíblia do barro que constrói o 
homem e ambos estão ligados à morbidez e à dor. A insistência na recusa da matéria 
mostra que os simbolistas preferiam lidar com o etéreo e com o vago em lugar do 
concreto. 
 
 
UFMA – 2009 
Questão 9 
O Simbolismo prima pelo subjetivismo, busca a sublimação e valoriza o inconsciente / 
subconsciente, dai o desenvolvimento de uma linguagem especifica e tem como 
características: 
a) musicalidade, sugestão, linguagem simbólica 
b) linguagem simbólica, humanitismo, sugestão 
c) sugestão, musicalidade, culto da forma 
d) humanitismo, linguagem simbólica, denuncia 
e) culto da forma, sugestão, humanitismo 
 
Resposta: A 
 
UFRRJ – 2006 – 2ª Fase – Dissertativa 
Leia o texto IV para responder às questões 10 a 12. 
 
As velhas árvores 
 
“Olha estas velhas árvores, – mais belas, 
Do que as árvores moças, mais amigas, 
Tanto mais belas quanto mais antigas, 
Vencedoras da idade e das procelas... 
 
O homem, a fera e o inseto à sombra delas 
Vivem livres de fomes e fadigas; 
E em seus galhos abrigam-se as cantigas, 
E alegria das aves tagarelas... 
 
Não choremos jamais a mocidade! 
Envelheçamos rindo! Envelheçamos 
Como as árvores fortes envelhecem, 
 
Na glória da alegria e da bondade, 
Agasalhando os pássaros nos ramos, 
Dando sombra e consolo aos que padecem!” 
 
BILAC, Olavo. Obra reunida, 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, p. 336. 
 
 
Questão 10 
 
a) Identifique a comparação feita pelo autor. 
Resposta: 
O autor compara o envelhecimento das árvores com o envelhecimento das pessoas para 
mostrar a dignidade de ambas. 
 
b) Destaque as passagens onde o autor empresta às árvores características humanas. 
As passagens são; “Árvores moças”, “árvores amigas”, “árvores que consolam”,“árvores que têm sentimentos como os homens”. 
 
Questão 11 
Quem é o interlocutor do poema? Cite uma marca gramatical que comprove quem é 
esse interlocutor. 
Inicialmente, o autor estabelece como interlocutor o leitor, posteriormente, ele se inclui. 
A marca gramatical que comprova isso é o uso de “Olha”, na segunda pessoa, e “Não 
choremos” e “Envelheçamos”, na primeira pessoa do plural. 
 
Questão 12 
Quanto à forma, destaque uma característica do Parnasianismo presente no poema. 
Uma das características é o culto à forma. O poema é um soneto composto de versos 
decassílabos, com rimas opostas, depois alternadas. 
 
(UNB-DF) 
 
Música brasileira 
 
Tens, às vezes, o fogo soberano 
Do amor: encerras na cadência, acesa 
Em requebros e encantos de impureza, 
Todo o feitiço do pecado humano. 
 
Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza 
Dos desertos, das matas e do oceano: 
Bárbara poracé, banzo africano, 
E soluços de trova portuguesa. 
 
És samba e jongo, xiba e fado, cujos 
Acordes são desejos e orfandades 
De selvagens, cativos e marujos: 
 
E em nostalgias e paixões consistes, 
Lasciva dor, beijo de três saudades, 
Flor amorosa de três raças tristes. 
 
BILAC, Olavo. Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. 
 
13. Com base na leitura do poema e sabendo que Olavo Bilac é um dos maiores 
expoentes da poesia parnasiana no Brasil, julgue os itens que se seguem. 
 
(1) São características do Parnasianismo, presentes no poema: a arte pela arte, a 
impassibilidade, a economia vocabular, a poesia descritiva, a revalorização da 
mitologia. 
(2) "Música brasileira" é um exemplo de poema de forma fixa. 
(3) Em "o fogo soberano/Do amor" (v. 1-2), tem-se um exemplo de metáfora. 
(4) O ritmo do verso 3 é binário, em uma alusão ao movimento dos quadris femininos. 
(5) A rima entre "cujos" (v. 9) e "marujos" (v. 11) classifica-se como rica. 
 
RESPOSTA: E, C, C, E, C. 
 
14) (Ufal) As afirmações seguintes referem-se ao Parnasianismo no Brasil: 
 
I. Para bem definir como entendia o trabalho de um poeta, Olavo Bilac comparou-o ao 
de um joalheiro, ou seja: escrever poesia assemelha-se à perfeita lapidação de uma 
matéria preciosa. 
II. Pelas convicções que lhe são próprias, esse movimento se distancia da 
espontaneidade e do sentimentalismo que muitos românticos valorizavam. 
III. Por se identificarem com os ideais da antiguidade clássica, é comum que os poetas 
mais representativos desse estilo aludam aos mitos daquela época. 
Está correto o que se afirma em 
 
A) II, apenas. 
B) I e II, apenas 
C) I e III, apenas 
D) II e III, apenas. 
E) I, II e III 
 
Resposta: E 
 
 
15. (Unesp) Assinale a alternativa em que se caracteriza a estética simbolista. 
 
a) Culto do contraste, que opõe elementos como amor e sofrimento, vida e morte, razão 
e fé, numa tentativa de conciliar pólos antagônicos. 
b) Busca do equilíbrio e da simplicidade dos modelos greco-romanos, através, 
sobretudo, de uma linguagem simples, porém nobre. 
c) Culto do sentimento nativista, que faz do homem primitivo e sua civilização um 
símbolo de independência espiritual, política, social e literária. 
d) Exploração de ecos, assonâncias, aliterações, numa tentativa de valorizar a 
sonoridade da linguagem, aproximando-a da música. 
e) Preocupação com a perfeição formal, sobretudo com o vocabulário carregado de 
termos científicos, o que revela a objetividade do poeta. 
 
Resposta: d 
16) (UFAM AM) 
 
Leia o poema abaixo e, a seguir, responda ao que sobre ele se indaga: 
VASO CHINÊS 
Estranho mimo aquele vaso! Vi-o, 
Casualmente, uma vez, de um perfumado 
Contador sobre o mármor luzidio, 
Entre um leque e o começo de um bordado. 
Fino artista chinês, enamorado, 
Nele pusera o coração doentio 
Em rubras flores de um sutil lavrado, 
Na tinta ardente, de um calor sombrio. 
Mas, talvez por contraste à desventura, 
Quem o sabe?... de um velho mandarim 
Também lá estava a singular figura. 
Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a, 
Sentia um não sei quê com aquele chim 
De olhos cortados à feição de amêndoa. 
 
Assinale o item do qual consta uma característica do gênero lírico que NÃO se faz 
presente no poema “Vaso Chinês”, acima transcrito. 
a) O eu lírico recorda, sendo que recordar significa, etimologicamente, sentir de novo no 
coração. 
b) O eu lírico obedece a determinado modelo composicional e métrico. 
c) Observa-se a renúncia à coerência gramatical e formal. 
d) O enunciado está livre da historicidade, pois não apresenta nem causas nem 
conseqüências. 
e) O ritmo é constante, graças à utilização de versos isométricos. 
 
Resposta: c 
 
17 - (UFPE PE) 
 O Parnasianismo pode ser descrito como um movimento: 
a) ( ) essencialmente poético, que reagiu ao sentimentalismo romântico. 
b) ( ) cuja poesia é, sobretudo, forma que se sobrepõe ao conteúdo e às idéias. 
c) ( ) cuja arte tinha um sentido utilitário e um compromisso social. 
d) ( ) cuja verdade residia na beleza da obra, e essa, na sua perfeição formal. 
e) ( ) que revela preferência pela objetividade, pelos temas greco-latinos e por 
formas fixas, como o soneto. 
Resposta: VVFVV 
 
18) (UFPE PE) 
Alguns estilos de época, a exemplo do Parnasianismo, primaram pelo esteticismo e pelo 
culto à forma, em textos que buscavam atingir a impassibilidade e a impessoalidade, 
sendo por isso acusados de um distanciamento voluntário do público leitor. Leia o 
poema de Olavo Bilac e analise as questões a seguir. 
 
A um poeta 
 
Longe do estéril turbilhão da rua, 
Beneditino escreve! No aconchego 
Do claustro, na paciência e no sossego, 
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua! 
 
Mas que na forma se disfarce o emprego 
Do esforço: e trama viva se construa 
De tal modo, que a imagem fique nua 
Rica mas sóbria, como um templo grego 
 
Não se mostre na fábrica o suplicio 
Do mestre. E natural, o efeito agrade 
Sem lembrar os andaimes do edifício: 
 
Porque a Beleza, gêmea da Verdade 
Arte pura, inimiga do artifício, 
É a força e a graça na simplicidade (Olavo Bilac) 
 
00. De cunho metalingüístico, este poema descreve as condições de produção e 
recepção de um texto literário, de acordo com o perfeccionismo da estética parnasiana. 
01. O poeta compara sua função ao trabalho preciosista de composição dos manuscritos 
medievais, que demandavam a atenção exclusiva dos religiosos da época, na reclusão de 
seus mosteiros. 
02. Bilac revela a intenção de criar, em sua poesia, um discurso tão belo quanto 
verdadeiro, onde o esforço da construção sirva à simplicidade do efeito. 
03. Em seu poema, Bilac defende o isolamento do artista num claustro visando à 
produção de um texto hermético e avesso a qualquer interação com o leitor. 
04. Como o Pe. Vieira, Bilac concorda que a arte é inimiga do artifício gratuito, e deve 
buscar atingir a compreensão e a empatia do seu público. 
Resposta: VVVFV 
 
 
19 - (UEM PR) 
Leia as proposições a seguir: 
I. O narrador típico dessa escola procura ocultar as marcas da própria subjetividade; as 
descrições são bastante detalhadas; a sociedade é descrita como injusta, opressora, 
mascarando a conveniência e o interesse por meio do discurso do interesse público ou 
do amor. 
II. Trata-se de um estilo de época que surgiu em um contexto marcado por diversos 
avanços científicos que permitiram explicar fenômenos até então considerados 
inexplicáveis. Um exemplo é a publicação da obra Origem das espécies, de Charles 
Darwin, na qual é exposta a teoria da evolução das espécies por seleção natural, de 
modo a negar a origem divina do mundo, pensamento respeitado no período romântico. 
III. Essa escola se distingue especialmente na poesia. Seus autores eram 
respeitadíssimos e, como publicavam seus sonetos em jornais de grande circulação, 
eram lidos por uma população alfabetizada relativamente grande, o que garantia à 
escola uma grande popularidade. Na verdade, esse público era tãogrande que a escola 
seguinte precisou romper de forma agressiva, até mesmo escandalosa, com os princípios 
estéticos desses autores. 
 
As informações acima são, respectivamente, sobre: 
a) Romantismo, Realismo, Parnasianismo. 
b) Realismo, Naturalismo, Parnasianismo. 
c) Simbolismo, Naturalismo, Simbolismo. 
d) Naturalismo, Romantismo, Parnasianismo. 
e) Romantismo, Parnasianismo, Parnasianismo. 
 
Resposta: b

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