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O que você deve saber sobre PARNASIANISMO E SIMBOLISMO Influenciados pelo grande desenvolvimento científico e filosófico, sobretudo na segunda metade do século XIX, a Geração Materialista ou Geração de 70 (1870-1900) buscou referências nas Ciências Naturais (Biologia, Física e Química) e nas Ciências Sociais para explicar um mundo em rápida transformação. No panorama artístico da época, surgem o Realismo/Naturalismo (na Europa e no Brasil) e o Parnasianismo (na França e no Brasil). O final do século XIX e o início do XX foram marcados pela coexistência, no Brasil, ainda do Realismo/Naturalismo, sobretudo na prosa; do Parnasianismo, na poesia; e de um movimento que representou uma reação ao racionalismo que caracterizou o período, o Simbolismo, estética sem tanta força entre os artistas brasileiros quanto as anteriores. Surgiram também escritores como Monteiro Lobato, Euclides da Cunha, Graça Aranha, Lima Barreto, os chamados pré-modernistas, que produziram obras de problematização do Brasil. Neste tópico, revisaremos o Parnasianismo, com os autores Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira (a “Tríade parnasiana”) e o Simbolismo de Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens. Parnasianismo Os escritores do Realismo/Naturalismo almejavam analisar a realidade à luz de um racionalismo cientificista, já os autores do Parnasianismo, influenciados pelos clássicos greco-latinos e em oposição à liberdade formal e aos “exageros” dos românticos, preferiram cultivar uma arte direcionada unicamente para a beleza, a chamada “arte pela arte”. Marcos literários do Parnasianismo Início – Batalha do Parnaso (1878); publicação de Fanfarras (1882), de Teófilo Dias. Final – o Parnasianismo sobreviveu ao Simbolismo e ao Pré-Modernismo, mas teve fim com a consolidação do Modernismo no Brasil (a partir das Semana de Arte Moderna, em 1922). Características do Parnasianismo Entre as características do movimento Parnasiano brasileiro, destacam-se: Retomada de temas da Antiguidade clássica (personagens históricas e mitologia); Arte pela arte: a poesia tem um fim em si mesma; 3º ano Rev. Gabarito – Parnasianismo e Simbolismo Out/10 Wilton Nome: Nº: Turma: Est. Literários Valorização da palavra: o poeta deveria se comportar como um “ourives da palavra”; Negação dos exageros sentimentais românticos; Predomínio de uma poesia descritiva; Preocupação formal: rimas bem construídas, ritmo adequado, metrificação rigorosa etc. Olavo Bilac (1865-1918) Bilac, em conjunto com Machado de Assis, fundou o Grêmio de Letras e Artes, que foi transformado, algum tempo depois, na Academia Brasileira de Letras, em 1897. O artista é considerado o principal poeta parnasiano. Influenciado por Camões e por Bocage, tornou-se um exímio sonetista. Em poemas importantes como “Profissão de fé”, o autor revela sua preocupação com a forma; em outros como o soneto XIII, “Via Láctea”, Bilac se mostra influenciado, ainda que de maneira mais sóbria, pelo Romantismo. Publicou Poesias (1888), obra dividia em “Panóplias”, “Via Láctea”, “Sarças de fogo”, “Alma inquieta”, “As viagens” e “O caçador de esmeraldas”. Em 1919, publicou o volume Tarde. Raimundo Correia (1860-1911) Embora livros como Sinfonias (1883) e Versos e versões (1887) tenham fortes marcas do Parnasianismo, Raimundo Correia produziu uma obra influenciada pelo Romantismo (de Fagundes Varela e Casimiro de Abreu), principalmente em Primeiros sonhos (1879), e também pelo Simbolismo. O soneto mais conhecido de Raimundo Correia é “As pombas”, em que o poeta estabelece uma associação entre pombas, que partem dos pombais, mas retornam a eles “em bando e em revoada”, e sonhos, que se perdem e não mais retornam “aos corações” humanos com o passar dos anos. Alberto de Oliveira (1857-1937) Considerado por Olavo Bilac o líder do movimento brasileiro, Alberto de Oliveira foi o que mais próximo chegou do ideal parnasiano da arte pela arte. Ignorou o contexto social do Brasil de sua época e compôs poemas de forma perfeita, influenciado pelos barrocos e árcades de Portugal. Publicou, entre outras obras, Meridionais (1884) e Versos e rimas (1895). Simbolismo Como reação ao racionalismo, cientificismo e materialismo que marcaram a segunda metade do século XIX, surgiu o Simbolismo, movimento de fim de século que questionou a euforia da elite industrial em ascensão na época e buscou valores transcendentais e espirituais como a Verdade, o Belo, o Bem, o Sagrado em poemas enigmáticos, herméticos e sinestésicos. Esse movimento se iniciou na França, com os artistas do Decadentismo. Em 1857, o poeta francês Charles Baudelaire publicou As flores do mal, considerada uma das obras-chaves de um movimento que teve seguidores importantes como Stéphane Mallarmé, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. Marcos literários do Simbolismo Início: Missal e Broquéis (1893), de Cruz e Sousa. Final: Pré-Modernismo com Os Sertões (1902), de Euclides da Cunha, e Canaã (1902), de Graça Aranha. Modernismo no Brasil (a partir da Semana de Arte Moderna, em 1922). Características do Simbolismo Entre as características do movimento simbolista, destacam-se: Adoção de uma postura antipositivista e anticientificista; Retorno ao egocentrismo: diferentemente do romântico, esse individualismo do artista simbolista buscou investigar as “zonas profundas” do eu; Mergulho do caos do inconsciente; Uso de neologismos, combinações vocabulares incomuns e arcaísmos; Busca de palavras que “evocam” e “sugerem” (e não simplesmente descrevam); Uso de metáforas complexas para simbolizar o denso mundo interior do escritor; Aproximação da poesia e da música; Uso de sinestesias; Valorização do Oculto, do Vago, do Mistério, da Ilusão, da Solidão, da Morte, da Loucura; Retomada da Teologia e da Metafísica (negadas pelo positivismo); Uso dos versos livres e de metrificação sonora. Cruz e Sousa (1861-1898) Cruz e Sousa é o escritor mais importante do Simbolismo brasileiro. O autor é comparado ao poeta realista português Antero de Quental e ao poeta Pré-modernista brasileiro Augusto dos Anjos pela temática da metafísica, da angústia e da melancolia, presentes em seus versos de influência schopenhauriana. Cruz e Sousa apresenta em sua obra uma fixação pela cor branca, pela temática da morte, da transcendência espiritual e da escravidão em poemas sinestésicos, imagéticos e muito sonoros. Publicou somente as obras Missal e Broquéis (1893). Alphonsus de Guimaraens (1870-1921) A poesia de Alphonsus de Guimaraens é marcada por uma forte religiosidade e por um misticismo intenso. O poeta teve sua obra influenciada pela morte de sua prima Constança e pela temática da morte, referida de diferentes maneiras nos poemas que escreveu ao longo da vida. Entre seus poemas mais conhecidos está “Ismália”. Publicou, entre outras obras, Câmara ardente (1899) e Kyriale (1902). Parnasianismo – barra de imagens http://2.bp.blogspot.com/ _VO1xUIlV3Bw/R19krPsoWHI/AAAAAAAAAi4/nzWALgyQ0QU/s400/ParnasoMan tegna.jpg http://www.brasilescola.com/uploa d/e/PARNASIANISMO%20BRASILEIRO.jpg http://www.sebodomessias.com .br/loja/imagens/produtos/produtos/50831_247.jpg http://4.bp.blogspot.com/_snyK7GlbhbQ/Rn _wStLcN5I/AAAAAAAAAbI/B7n1xwaMnk0/s400/fleurs_du_mal_baudelaire http://2.bp.blogspot.com/ _5AMeMeOoKb8/SHwV6NBLYGI/AAAAAAAABFQ/i_QgNXo_wTk/s400/Ism%C3 %A1lia%2B1.jpg PARNASIANISMO E SIMBOLISMO No vestibular Embora o Parnasianismo não tenha representado um grande salto artístico para a literatura brasileira, já que os artistas dessa estética valorizavam por demais a forma, em detrimento do conteúdo, preferindo explorar, em alguns casos, a descrição de vasos chineses e gregos e colocar em segundo plano as grandes discussões humanas, esse movimento do final do século XIX e início do XXtem sido solicitado, direta ou indiretamente, por alguns concursos vestibulares, diferentemente de estéticas como o Trovadorismo, Classicismo ou até mesmo o Barroco e o Arcadismo. Por outro lado, não podemos desprezar a importância desse movimento como contraponto ao Romantismo, estética densa e multifacetada que perdurou por décadas, e como motivo de sátira para o Modernismo. O escritor Oswald de Andrade, no “Manifesto da poesia Pau-Brasil”, em 1924, chegou a afirmar que “Só não se inventou a máquina de fazer versos — [porque] já havia o poeta parnasiano", enfatizando a pouca inventividade dessa escola. O Simbolismo, por sua vez, é um movimento muito mais complexo que o Parnasianismo porque além de explorar a forma também apresenta temas difíceis e herméticos “traduzidos”, muita vez, em imagens poéticas difusas e sinestésicas. As questões apresentadas neste tópico têm como base textos parnasianos e simbolistas. A questão proposta pela UFG tem como base o soneto XXXI de Olavo Bilac. Leia o texto com atenção e observe o cuidado com a forma (estruturação em soneto – dois quartetos e dois tercetos, rimas bem construídas etc.), típica característica parnasiana, e a temática da idealização do amor, tão presente no Romantismo. UFG – 2008 – Tipo 1 Questão 1 Leia o soneto abaixo. XXXI Longe de ti, se escuto, porventura, Teu nome, que uma boca indiferente Entre outros nomes de mulher murmura, Sobe-me o pranto aos olhos, de repente... Tal aquele, que, mísero, a tortura Sofre de amargo exílio, e tristemente A linguagem natal, maviosa e pura, Ouve falada por estranha gente... Porque teu nome é para mim o nome De uma pátria distante e idolatrada, Cuja saudade ardente me consome: E ouvi-lo é ver a eterna primavera E a eterna luz da terra abençoada, Onde, entre flores, teu amor me espera. BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de Marisa Lajolo. São Paulo: Global, 2003. p. 54. (Coleção Melhores poemas). Olavo Bilac, mais conhecido como poeta parnasiano, expressa traços românticos em sua obra. No soneto apresentado observa-se o seguinte traço romântico: (A) objetividade do eu lírico. (B) predominância de descrição. (C) utilização de universo mitológico. (D) erudição do vocabulário. (E) idealização do tema amoroso. Resposta: E A questão a seguir tem como base um texto da poeta contemporânea Cora Coralina e outro do poeta parnasiano Olavo Bilac. Aproveite os poemas para observar como textos de temática semelhantes podem apresentar abordagens bastante distintas. Ana Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, a Cora Coralina (1889-1985), é uma grande poeta goiana. Em 1908, em conjunto com duas amigas, lançou o jornal A Rosa, de poemas femininos. Em 1910, publicou seu primeiro conto, o "Tragédia na Roça", no Anuário Histórico e Geográfico do Estado de Goiás. Depois de se casar, ter filhos, mudou-se para São Paulo e, em 1934, tornou-se vendedora da editora José Olimpio que, em 1965, lançou o primeiro livro da autora, o Poema dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Em 1976, lançou Meu Livro de Cordel, pela editora Cultura Goiana. Em 1980, o poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu uma carta elogiando o trabalho da autora, o que despertou o interesse do público leitor pela goiana e a popularizou em todo o Brasil. Em 1983, publicou Vintém de cobre – meias confissões de Aninha, editado pela Universidade Federal de Goiás. Recebeu, em 1984, o Prêmio Juca Pato, como intelectual do ano de 1983 (ela foi a primeira mulher a receber esse prêmio). Postumamente, foram lançadas as obras infantis da autora: Os Meninos Verdes, em 1986, A Moeda de Ouro que um Pato Comeu, em 1997, e O Tesouro da Casa Velha da Ponte. UFG – 2008 – Tipo 1 Questão 2 Leia os poemas de Cora Coralina e Olavo Bilac. RIO VERMELHO IV Água – pedra. Eternidades irmanadas. Tumulto – torrente. Estática – silenciosa. O paciente deslizar, o chorinho a lacrimejar sutil, dúctil na pedra, na terra. Duas perenidades – sobreviventes no tempo. Lado a lado – conviventes, diferentes, juntas, separadas. Coniventes. Meu Rio Vermelho. CORALINA, Cora. Melhores poemas. Seleção de Darcy França Denófrio. São Paulo: Global, 2004. p. 319. (Coleção Melhores poemas). Vocabulário: dúctil: dócil RIO ABAIXO Treme o rio, a rolar, de vaga em vaga... Quase noite. Ao sabor do curso lento Da água, que as margens em redor alaga, Seguimos. Curva os bambuais o vento. Vivo há pouco, de púrpura, sangrento, Desmaia agora o ocaso. A noite apaga A derradeira luz do firmamento... Rola o rio, a tremer, de vaga em vaga. Um silêncio tristíssimo por tudo Se espalha. Mas a lua lentamente Surge na fímbria do horizonte mudo: E o seu reflexo pálido, embebido Como um gládio de prata na corrente, Rasga o seio do rio adormecido. BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de Marisa Lajolo. São Paulo: Global, 2003. p. 71. (Coleção Melhores poemas). Vocabulário: ocaso: pôr-do-sol fímbria: orla, borda gládio: espada Tanto Cora Coralina, em “Rio vermelho”, quanto Olavo Bilac, em “Rio abaixo”, poetizam assuntos semelhantes. Os dois poemas, entretanto, diferenciam-se, respectivamente, por (A) linguagem coloquial do primeiro e linguagem anacrônica do segundo. (B) caráter contido do primeiro e caráter intenso do segundo. (C) tonalidade satírica do primeiro e tonalidade avaliativa do segundo. (D) ênfase narrativista do primeiro e ênfase descritivista do segundo. (E) registro regionalista do primeiro e registro universalista do segundo. Resposta: B UFG/PS – 2007 – Tipo 1 Questão 4 Leia os poemas de Cora Coralina e de Cruz e Sousa. Todas as vidas [...] Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d’água e sabão. [...] Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária. [...] Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha... [...] Todas as vidas dentro de mim. Na minha vida – a vida mera das obscuras. CORALINA, Cora. Melhores poemas., Seleção de Darcy França Denófrio. São Paulo: Global, 2004. p. 253-255. (Coleção melhores poemas). Afra Ressurges dos mistérios da luxúria, Afra, tentada pelos verdes pomos, Entre os silfos magnéticos e os gnomos Maravilhosos da paixão purpúrea. Carne explosiva em pólvoras e fúria De desejos pagãos, por entre assomos Da virgindade ─ casquinantes momos Rindo da carne já votada à incúria. Votada cedo ao lânguido abandono, Aos mórbidos delíquios como ao sono, Do gozo haurindo os venenosos sucos. Sonho-te a deusa das lascivas pompas, A proclamar, impávida, por trompas Amores mais estéreis que os eunucos! SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 24-25. (Coleção super prestígio). Vocabulário: silfos: espíritos elementares do ar assomos: ímpeto, impulso casquinantes: relativo à gargalhada, risada de escárnio momos: ator que representa comédia incúria: falta de cuidado delíquios: desfalecimento, desmaio haurindo: extraindo, colhendo, consumindo Nos poemas apresentados, os autores tematizam a mulher com perspectivas diferenciadas no que diz respeito, respectivamente, à (A) preocupação com a cor local e à fuga da realidade em situações espirituais. (B) perspectiva referencial dada ao tema e ao enquadramento conceptista das imagens. (C) ênfase no misticismo africano e à descrição fantástica do corpo da mulher. (D) musicalidade recorrente para a composição dos perfis e ao entrelaçamento de poesia e prosa. (E) valorização de condições sociais marginalizadas e à construção erotizada da figura feminina. Resposta: E Leia o poema de Cruz e Sousa, base para a questão proposta pela UFG, e, se possível, caracterize o movimento simbolista a partir do texto do professor Alfredo Bosi, transcritoa seguir (destacamos os fragmentos mais importantes): “O Parnaso legou aos simbolistas a paixão do efeito estético. Mas os novos poetas buscavam algo mais: transcender os seus mestres para reconquistar o sentimento de totalidade que parecia perdido desde a crise do Romantismo. A arte pela arte (...) é assumida por eles, mas retificada pela aspiração de integrar a poesia na vida cósmica e conferir-lhe um estatuto de privilégio que tradicionalmente caberia à religião ou à filosofia. Visto à luz da cultura europeia, o Simbolismo reage às correntes analíticas dos meados do século XIX, assim como o Romantismo reagira à Ilustração triunfante em 89. Ambos os movimentos exprimem o desgosto das soluções racionalistas e mecânicas e nestas reconhecem o correlato da burguesia industrial em ascensão; ambos recusam-se a limitar a arte ao objeto, à técnica de produzi-lo, ao seu aspecto palpável: ambos, enfim, esperam ir além do empírico e tocar, com a sonda da poesia, um fundo comum que susteria os fenômenos, chame-se Natureza, Absoluto, Deus ou Nada. O símbolo, considerado categoria fundante da fala humana e originariamente preso a contextos religiosos, assume nessas correntes a função- chave de vincular as partes do Todo universal que, por sua vez, confere a cada uma o seu verdadeiro sentido. Na cultura ocidental, a partir das revoluções burguesas da Inglaterra e da França, os grupos que se achavam na ponta de lança do processo foram perdendo a vivência religiosa dos símbolos e fixando-se na imanência dos dados científicos ou no prestígio dos esquemas filosóficos: empirismo, sensismo, materialismo, positivismo. Os pontos de resistência viriam dos estratos pré-burgueses ou antiburgueses, isto é, dos aristocratas ou das baixas classes médias, postas à margem da industrialização. Dessas fontes provêm o mal-estar e as recusas à concepção técnico-analítica do mundo. (...) A crise repropõe-se no último quartel do século XIX, quando a segunda revolução industrial, já de índole abertamente capitalista, traz à luz novos correlatos ideológicos: cientismo, determinismo, realismo “impessoal”. Do âmago da inteligência européia, surge uma oposição vigorosa ao triunfo da coisa e do fato sobre o sujeito – aquele sujeito a quem o otimismo do século prometera o paraíso, mas não dera senão um purgatório de contrastes e frustrações. (...) As novas atitudes de espírito almejam a apreensão direta dos valores transcendentais, o Bem, o Belo, o Verdadeiro, o Sagrado, e situam-se no pólo oposto da ratio calculista e anônima. Não tentam, porém, superá-la pelo exercício de outra razão (...); as suas armas vão ser as da paixão e do sonho, forças incônscias que a Arte deveria suscitar magicamente. O Simbolismo surge nesse contexto como um sucedâneo, para uso de intelectuais, das religiões positivas; e a liturgia, que nestas é a prática concreta e diária das relações entre a Natureza e a Graça, nele reaparece em termos de analogias sensórias e espirituais, as “correspondências” de que falava Baudelaire: La Nature est um temple où de vivants piliers Laissent parfois sortir de confuses paroles; L´homme y passe à travers des forêts de symboles Qui l´observent avec des regards familiers. Comme de longs échos qui de loin se confondent Dans une ténébreuse et profonde unité, Vaste comme la nuit et comme la clarté, Les parfums, les couleur et les sons se répondent. (Les Fleur du mal - “Correspondances”) “A Natureza é um templo onde vivos pilares Podem deixar ouvir confusas vozes; e estas fazem o homem passar através de florestas de símbolos que o vêem com olhos familiares. Como os ecos além confundem seus rumores Na mais profunda e mais tenebrosa unidade, Tão vasta como a noite e como a claridade, Harmonizam-se os sons, os perfumes e as cores.” (HADDAD, Jamil Almansur. Tradução para a edição de Flores do Mal - Círculo do Livro.) E, em tom oposto, mas reafirmando a coesão última de todos os seres, a voz do nosso Cruz e Souza: Tudo na mesma ansiedade gira, rola no Espaço, dentre a luz suspira e chora, chora, amargamente chora... Tudo nos turbilhões da Imensidade se confunde na trágica ansiedade que almas, estrelas, amplidões devora. (Últimos Sonetos - “Ansiedade”) (BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira.) UFG/PS – 2007 – Tipo 1 Questão 4 Leia o poema de Cruz e Sousa. Acrobata da dor Gargalha, ri, num riso de tormenta, Como um palhaço, que desengonçado, Nervoso, ri, num riso absurdo, inflado De uma ironia e de uma dor violenta. Da gargalhada atroz, sanguinolenta, Agita os guizos, e convulsionado Salta, “gavroche”, salta, “clown”, varado Pelo estertor dessa agonia lenta... Pedem-te bis e um bis não se despreza! Vamos! retesa os músculos, retesa Nessas macabras piruetas d’aço... E embora caias sobre o chão, fremente, Afogado em teu sangue estuoso e quente, Ri! Coração, tristíssimo palhaço. SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2ª. ed. reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 39-40. (Coleção super prestígio). Vocabulário: gavroche: garoto de rua que brinca, faz estripulias clown: palhaço estertor: respiração rouca típica dos doentes terminais estuoso: que ferve, que jorra Uma característica simbolista do poema acima é a (A) linguagem denotativa na composição poética. (B) biografia do poeta aplicada à ótica analítica. (C) perspectiva fatalista da condição amorosa. (D) exploração de recursos musicais e figurativos. (E) presença de estrangeirismos e de barbarismos. Resposta: D A questão a seguir apresenta dois textos com fortes marcas eróticas. O primeiro foi escrito pelo parnasiano Olavo Bilac e o segundo, pela autora contemporânea Marina Colasanti. A escritora e jornalista Marina Colasanti é autora de mais de trinta livros que tratam de maneira muito delicada do universo feminino. Escreveu, entre outras obras, O homem que não parava de crescer (2005), A moça tecelã (2004), O leopardo é um animal delicado (1998), Eu sei mas não devia (1995), Contos de amor rasgado (1986). O texto apresentado na questão é um fragmento do conto “O leopardo é um animal delicado”, retirado do livro homônimo de Marina Colasanti. O leopardo é um animal delicado é uma coletânea de vinte e cinco contos curtos que tratam das relações humanas, com enfoque na natureza feminina. O conto apresentado pela UFG é narrado em 3ª pessoa e tem como personagens três homens e uma mulher. Nele, uma mulher maquiada e vestida de maneira sensual visita um parque para adultos e entra numa atração chamada “O túnel do amor”. Lá, depois de ser acariciada e beijada por dois homens, a mulher domina a situação e se relaciona sexualmente com um terceiro. UFG/PS – 2008 – Grupo 1 Questão 5 Leia o poema “Na Tebaida”, de Olavo Bilac, e o fragmento do conto “O leopardo é um animal delicado”, de Marina Colasanti. Na Tebaida Chegas, com os olhos úmidos, tremente A voz, os seios nus, – como a rainha Que ao ermo frio da Tebaida vinha Trazer a tentação do amor ardente. Luto: porém teu corpo se avizinha Do meu, e o enlaça como uma serpente... Fujo: porém a boca prendes, quente, Cheia de beijos, palpitante, à minha... Beija mais, que o teu beijo me incendeia! Aperta os braços mais! que eu tenha a morte, Preso nos laços de prisão tão doce! Aperta os braços mais, – frágil cadeia Que tanta força tem não sendo forte, E prende mais que se de ferro fosse! BILAC, Olavo. Melhores poemas. Seleção de Marisa Lajolo. 4. ed. São Paulo: Global, 2003. p. 66. (Coleção Melhores poemas). Vocabulário: ermo: deserto, descampado Tebaida: região do Egito Um homem, outro homem, que diferença isso fazia agora? As mesmas mãos, bocas molhadas, as mesmas sungas de fera. Mas a pele, o cheiro, o gosto do suor, outro e outro ardendo sobre a língua, ali estava a diferença,ali estava o querer. E aquele ou outro soprou de leve para refrescar-lhe o rosto, e aquele ou outro incendiou-lhe o corpo com carícias, o beijo daquele percorreu-lhe a orelha, os dedos do outro dobraram-lhe os joelhos, e aquele ou outro aquele ou outro aquele ou outro. Este! exigiu de repente seu corpo exasperado. Este, agora! COLASANTI, Marina. O leopardo é um animal delicado. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. p. 88. Os textos literários apresentados aproximam-se pela construção do erótico, apesar do tempo que distancia a obra poética de Olavo Bilac da contística de Marina Colasanti. Com base no poema e no excerto do conto, responda: Como a voz enunciadora representa o comportamento erótico da mulher em cada um dos textos? No primeiro texto, o eu lírico apresenta a mulher como uma “rainha” que traz “a tentação do amor ardente” e ele luta inutilmente para libertar-se da força erótica dela que o “prende mais que se de ferro fosse”. No segundo texto, um narrador em 3ª. pessoa onisciente apresenta uma mulher que também assume o domínio da situação e escolhe (“exige”), após experimentar passivamente o contato erótico com dois homens, o parceiro com quem quer manter relações sexuais. UNESP – 2008 INSTRUÇÃO: As questões de números 05 a 08 se baseiam num soneto de Cruz e Sousa (1861-1898) e num trecho de uma carta de Mário de Andrade (1893-1945) a Manuel Bandeira (1886-1968). Alma fatigada Nem dormir nem morrer na fria Eternidade! mas repousar um pouco e repousar um tanto, os olhos enxugar das convulsões do pranto, enxugar e sentir a ideal serenidade. A graça do consolo e da tranquilidade de um céu de carinhoso e perfumado encanto, mas sem nenhum carnal e mórbido quebranto, sem o tédio senil da vã perpetuidade. Um sonho lirial d’estrelas desoladas, onde as almas febris, exaustas, fatigadas possam se recordar e repousar tranqüilas! Um descanso de Amor, de celestes miragens, onde eu goze outra luz de místicas paisagens e nunca mais pressinta o remexer de argilas! (CRUZ E SOUSA. Obra completa. Rio de Janeiro: Editora José Aguilar, 1961, p. 191- 192.) Carta a Manuel Bandeira, S.Paulo, 28-III-31 Manú, bom-dia. Amanhã é domingo pé-de-cachimbo, e levarei sua carta, (isto é vou ainda rele-la pra ver si a posso levar tal como está, ou não podendo contarei) pra Alcantara com Lolita que também ficarão satisfeitos de saber que você já está mais fagueirinho e o acidente não terá consequencia nenhuma. Esse caso de você ter medo duma possivel doença comprida e chupando lentamente o que tem de perceptível na gente, pro lado lá da morte, é mesmo um caso sério. Deve ser danado a gente morrer com lentidão, mas em todo caso sempre me parece inda, não mais danado, mas semvergonhamente pueril, a gente morrer de repente. Eu jamais que imagino na morte, creio que você sabe disso. Aboli a morte do mecanismo da minha vida e embora já esteja com meus trinteoito anos, faço projetos pra daqui a dez anos, quinze, como si pra mim a morte não tivesse de “vim”... como todos pronunciam. A idea da morte desfibra danadamente a atividade, dá logo vontade da gente deitar na cama e morrer, irrita. Aboli a noção de morte prá minha vida e tenho me dado bem regularmente com êsse pragmatismo inocente. Mas levado pela sua carta, não sei, mas acho que não me desagradava não me pôr em contacto com a morte, ver ela de perto, ter tempo pra botar os meus trabalhos do mundo em ordem que me satisfaça e diante da infalível vencedora, regularisar (sic) pra com Deus o que em mim sobrar de inútil pro mundo. (MÁRIO DE ANDRADE. Cartas de Mário de Andrade a Manuel Bandeira. Rio de Janeiro: Organização Simões, 1958, p. 269-270.) Questão 5 Os dois textos apresentados focalizam, sob pontos de vista distintos, a relação entre a vida e a morte ou entre a vida e a eternidade. Releia atentamente o soneto de Cruz e Sousa e, partindo do pressuposto de que o Simbolismo brasileiro desenvolveu e ampliou algumas características do Romantismo, identifique no desenvolvimento do conteúdo do soneto, sobretudo no desejo manifestado nos últimos três versos, uma característica típica do Romantismo. “Alma fatigada”, soneto do simbolista Cruz e Sousa, expressa o desejo de morte do eu lírico. O conceito de morte expresso no soneto parece distanciar-se de ideia de fim, pois ela é “fria Eternidade” e “vã perpetuidade”, entretanto a morte representa o fim das agonias da vida: das “convulsões do pranto” e do “carnal e mórbido quebranto” (desejo erótico). A alma apresenta-se como um elemento perene, uma “outra luz de místicas paisagens”. Essa abordagem vai ao encontro das concepções românticas sobre a morte. Questão 6 Embora procure manifestar para seu amigo Manú (Manuel Bandeira) uma visão prática e uma preocupação maior com a vida, Mário de Andrade deixa escapar certa preocupação com a vida após a morte. Releia a carta e, a seguir, explique em que passagem se pode verificar essa preocupação. Essa preocupação do poeta Mário de Andrade é sugerida no seguinte trecho: “(...) diante da infalível vencedora, regularisar (sic) pra com Deus o que em mim sobrar de inútil pro mundo”. Questão 7 Envolvido, como declara mais de uma vez em suas cartas, na criação de um discurso literário próprio, culto, mas com aproveitamentos de recursos e soluções da linguagem coloquial, Mário de Andrade apresenta nos textos de suas cartas soluções de ortografia, pontuação, variações coloquiais de vocábulos e de regência que podem surpreender um leitor desavisado. Escreve, por exemplo, no último período do trecho citado, “ver ela de perto”, tal como se usa coloquialmente. Aponte a forma que teria essa passagem em discurso formal, culto. Em discurso formal, culto, a passagem “ver ela de perto” ficaria de seguinte maneira: vê-la de perto. Questão 8 Tomando por base o soneto como um todo e considerando que Cruz e Sousa foi um poeta simbolista, aponte a relação de sentido que há entre os termos “carnal” (sétimo verso) e “argilas” (décimo quarto verso). Há uma relação de analogia entre os termos “carnal” e “argilas”. O primeiro sugere sexualidade, o segundo se refere à imagem presente na Bíblia do barro que constrói o homem e ambos estão ligados à morbidez e à dor. A insistência na recusa da matéria mostra que os simbolistas preferiam lidar com o etéreo e com o vago em lugar do concreto. UFMA – 2009 Questão 9 O Simbolismo prima pelo subjetivismo, busca a sublimação e valoriza o inconsciente / subconsciente, dai o desenvolvimento de uma linguagem especifica e tem como características: a) musicalidade, sugestão, linguagem simbólica b) linguagem simbólica, humanitismo, sugestão c) sugestão, musicalidade, culto da forma d) humanitismo, linguagem simbólica, denuncia e) culto da forma, sugestão, humanitismo Resposta: A UFRRJ – 2006 – 2ª Fase – Dissertativa Leia o texto IV para responder às questões 10 a 12. As velhas árvores “Olha estas velhas árvores, – mais belas, Do que as árvores moças, mais amigas, Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas... O homem, a fera e o inseto à sombra delas Vivem livres de fomes e fadigas; E em seus galhos abrigam-se as cantigas, E alegria das aves tagarelas... Não choremos jamais a mocidade! Envelheçamos rindo! Envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem, Na glória da alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos, Dando sombra e consolo aos que padecem!” BILAC, Olavo. Obra reunida, Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996, p. 336. Questão 10 a) Identifique a comparação feita pelo autor. Resposta: O autor compara o envelhecimento das árvores com o envelhecimento das pessoas para mostrar a dignidade de ambas. b) Destaque as passagens onde o autor empresta às árvores características humanas. As passagens são; “Árvores moças”, “árvores amigas”, “árvores que consolam”,“árvores que têm sentimentos como os homens”. Questão 11 Quem é o interlocutor do poema? Cite uma marca gramatical que comprove quem é esse interlocutor. Inicialmente, o autor estabelece como interlocutor o leitor, posteriormente, ele se inclui. A marca gramatical que comprova isso é o uso de “Olha”, na segunda pessoa, e “Não choremos” e “Envelheçamos”, na primeira pessoa do plural. Questão 12 Quanto à forma, destaque uma característica do Parnasianismo presente no poema. Uma das características é o culto à forma. O poema é um soneto composto de versos decassílabos, com rimas opostas, depois alternadas. (UNB-DF) Música brasileira Tens, às vezes, o fogo soberano Do amor: encerras na cadência, acesa Em requebros e encantos de impureza, Todo o feitiço do pecado humano. Mas, sobre essa volúpia, erra a tristeza Dos desertos, das matas e do oceano: Bárbara poracé, banzo africano, E soluços de trova portuguesa. És samba e jongo, xiba e fado, cujos Acordes são desejos e orfandades De selvagens, cativos e marujos: E em nostalgias e paixões consistes, Lasciva dor, beijo de três saudades, Flor amorosa de três raças tristes. BILAC, Olavo. Obra reunida. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996. 13. Com base na leitura do poema e sabendo que Olavo Bilac é um dos maiores expoentes da poesia parnasiana no Brasil, julgue os itens que se seguem. (1) São características do Parnasianismo, presentes no poema: a arte pela arte, a impassibilidade, a economia vocabular, a poesia descritiva, a revalorização da mitologia. (2) "Música brasileira" é um exemplo de poema de forma fixa. (3) Em "o fogo soberano/Do amor" (v. 1-2), tem-se um exemplo de metáfora. (4) O ritmo do verso 3 é binário, em uma alusão ao movimento dos quadris femininos. (5) A rima entre "cujos" (v. 9) e "marujos" (v. 11) classifica-se como rica. RESPOSTA: E, C, C, E, C. 14) (Ufal) As afirmações seguintes referem-se ao Parnasianismo no Brasil: I. Para bem definir como entendia o trabalho de um poeta, Olavo Bilac comparou-o ao de um joalheiro, ou seja: escrever poesia assemelha-se à perfeita lapidação de uma matéria preciosa. II. Pelas convicções que lhe são próprias, esse movimento se distancia da espontaneidade e do sentimentalismo que muitos românticos valorizavam. III. Por se identificarem com os ideais da antiguidade clássica, é comum que os poetas mais representativos desse estilo aludam aos mitos daquela época. Está correto o que se afirma em A) II, apenas. B) I e II, apenas C) I e III, apenas D) II e III, apenas. E) I, II e III Resposta: E 15. (Unesp) Assinale a alternativa em que se caracteriza a estética simbolista. a) Culto do contraste, que opõe elementos como amor e sofrimento, vida e morte, razão e fé, numa tentativa de conciliar pólos antagônicos. b) Busca do equilíbrio e da simplicidade dos modelos greco-romanos, através, sobretudo, de uma linguagem simples, porém nobre. c) Culto do sentimento nativista, que faz do homem primitivo e sua civilização um símbolo de independência espiritual, política, social e literária. d) Exploração de ecos, assonâncias, aliterações, numa tentativa de valorizar a sonoridade da linguagem, aproximando-a da música. e) Preocupação com a perfeição formal, sobretudo com o vocabulário carregado de termos científicos, o que revela a objetividade do poeta. Resposta: d 16) (UFAM AM) Leia o poema abaixo e, a seguir, responda ao que sobre ele se indaga: VASO CHINÊS Estranho mimo aquele vaso! Vi-o, Casualmente, uma vez, de um perfumado Contador sobre o mármor luzidio, Entre um leque e o começo de um bordado. Fino artista chinês, enamorado, Nele pusera o coração doentio Em rubras flores de um sutil lavrado, Na tinta ardente, de um calor sombrio. Mas, talvez por contraste à desventura, Quem o sabe?... de um velho mandarim Também lá estava a singular figura. Que arte em pintá-la! A gente acaso vendo-a, Sentia um não sei quê com aquele chim De olhos cortados à feição de amêndoa. Assinale o item do qual consta uma característica do gênero lírico que NÃO se faz presente no poema “Vaso Chinês”, acima transcrito. a) O eu lírico recorda, sendo que recordar significa, etimologicamente, sentir de novo no coração. b) O eu lírico obedece a determinado modelo composicional e métrico. c) Observa-se a renúncia à coerência gramatical e formal. d) O enunciado está livre da historicidade, pois não apresenta nem causas nem conseqüências. e) O ritmo é constante, graças à utilização de versos isométricos. Resposta: c 17 - (UFPE PE) O Parnasianismo pode ser descrito como um movimento: a) ( ) essencialmente poético, que reagiu ao sentimentalismo romântico. b) ( ) cuja poesia é, sobretudo, forma que se sobrepõe ao conteúdo e às idéias. c) ( ) cuja arte tinha um sentido utilitário e um compromisso social. d) ( ) cuja verdade residia na beleza da obra, e essa, na sua perfeição formal. e) ( ) que revela preferência pela objetividade, pelos temas greco-latinos e por formas fixas, como o soneto. Resposta: VVFVV 18) (UFPE PE) Alguns estilos de época, a exemplo do Parnasianismo, primaram pelo esteticismo e pelo culto à forma, em textos que buscavam atingir a impassibilidade e a impessoalidade, sendo por isso acusados de um distanciamento voluntário do público leitor. Leia o poema de Olavo Bilac e analise as questões a seguir. A um poeta Longe do estéril turbilhão da rua, Beneditino escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego, Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua! Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço: e trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua Rica mas sóbria, como um templo grego Não se mostre na fábrica o suplicio Do mestre. E natural, o efeito agrade Sem lembrar os andaimes do edifício: Porque a Beleza, gêmea da Verdade Arte pura, inimiga do artifício, É a força e a graça na simplicidade (Olavo Bilac) 00. De cunho metalingüístico, este poema descreve as condições de produção e recepção de um texto literário, de acordo com o perfeccionismo da estética parnasiana. 01. O poeta compara sua função ao trabalho preciosista de composição dos manuscritos medievais, que demandavam a atenção exclusiva dos religiosos da época, na reclusão de seus mosteiros. 02. Bilac revela a intenção de criar, em sua poesia, um discurso tão belo quanto verdadeiro, onde o esforço da construção sirva à simplicidade do efeito. 03. Em seu poema, Bilac defende o isolamento do artista num claustro visando à produção de um texto hermético e avesso a qualquer interação com o leitor. 04. Como o Pe. Vieira, Bilac concorda que a arte é inimiga do artifício gratuito, e deve buscar atingir a compreensão e a empatia do seu público. Resposta: VVVFV 19 - (UEM PR) Leia as proposições a seguir: I. O narrador típico dessa escola procura ocultar as marcas da própria subjetividade; as descrições são bastante detalhadas; a sociedade é descrita como injusta, opressora, mascarando a conveniência e o interesse por meio do discurso do interesse público ou do amor. II. Trata-se de um estilo de época que surgiu em um contexto marcado por diversos avanços científicos que permitiram explicar fenômenos até então considerados inexplicáveis. Um exemplo é a publicação da obra Origem das espécies, de Charles Darwin, na qual é exposta a teoria da evolução das espécies por seleção natural, de modo a negar a origem divina do mundo, pensamento respeitado no período romântico. III. Essa escola se distingue especialmente na poesia. Seus autores eram respeitadíssimos e, como publicavam seus sonetos em jornais de grande circulação, eram lidos por uma população alfabetizada relativamente grande, o que garantia à escola uma grande popularidade. Na verdade, esse público era tãogrande que a escola seguinte precisou romper de forma agressiva, até mesmo escandalosa, com os princípios estéticos desses autores. As informações acima são, respectivamente, sobre: a) Romantismo, Realismo, Parnasianismo. b) Realismo, Naturalismo, Parnasianismo. c) Simbolismo, Naturalismo, Simbolismo. d) Naturalismo, Romantismo, Parnasianismo. e) Romantismo, Parnasianismo, Parnasianismo. Resposta: b
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