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Volume 4 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO Janes Fidélis Tomelin Kátia Solange Coelho Bruno do Val Jorge Fellipe de Assis Zaremba Érica Gambarotto Jardim Bergamim Mariane Helena Lopes Lucas Henrique Xavier Regiane Muciato Martins Patricia Parra Yony Brugnolo Alves Cláudia Herrero Martins Menegassi Nelson Tenório Rejane Sartori Volume 4 CONHECIMENTO E EDUCAÇÃO Janes Fidélis Tomelin Kátia Solange Coelho Bruno do Val Jorge Fellipe de Assis Zaremba Érica Gambarotto Jardim Bergamim Mariane Helena Lopes Lucas Henrique Xavier Regiane Muciato Martins Patricia Parra Yony Brugnolo Alves Cláudia Herrero Martins Menegassi Nelson Tenório Rejane Sartori (Organizadores) Organizadores Janes Fidélis Tomelin Kátia Solange Coelho Bruno do Val Jorge Fellipe de Assis Zaremba Érica Gambarotto Jardim Bergamim Mariane Helena Lopes Lucas Henrique Xavier Regiane Muciato Martins Patricia Parra Yony Brugnolo Alves Cláudia Herrero Martins Menegassi Nelson Tenório Rejane Sartori Conselho Editorial Alessandra Daniela Buffon Universidade Estadual de Maringá Aline Alves De Oliveira Universidade Estadual do Centro- Oeste Dados Internacionais de Catalogação na Publicação José Aparecido Pereira Pontifícia Universidade Católica do Paraná Letícia Fleig Dal Forno Centro Universitário de Maringá Patrícia Nogueira Hübler Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul Rita De Cássia Alves Universidade Estadual de Londrina Siderly Do Carmo Dahle De Almeida Centro Universitário Internacional Simone Cristina De Santana Centro Universitário de Maringá Thyago Bohrer Borges Centro Universitário São Lucas de Ji-Paraná Capa Diogo Ribeiro Garcia Diagramação Juliana Duenha Revisão textual Ariane Andrade Fabreti; Carla Cristina Farinha; Cindy Mayumi Okamoto Luca; Meyre Aparecida Barbosa da Silva. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; TOMELIN, Janes Fidélis; COELHO, Kátia Solange; JORGE, Bruno do Val; ZAREMBA, Fellipe de Assis; BERGAMIM, Érica Gambarotto Jardim; LOPES, Mariane Helena; XAVIER, Lucas Henrique; MARTINS, Regiane Muciato; PARRA, Patricia; ALVES, Yony Brugnolo; MENEGASSI, Cláudia Herrero Martins; TENÓRIO, Nelson; SARTORI, Rejane “Org”. Conhecimento e Educação. Janes Fidélis Tomelin; Kátia Solange Coelho; Bruno do Val Jorge; Fellipe de Assis Zaremba; Érica Gambarotto Jardim Bergamim; Mariane Helena Lopes; Lucas Henrique Xavier; Regiane Muciato Martins; Patricia Parra; Yony Brugnolo Alves; Cláudia Herrero Martins Menegassi; Nelson Tenório; Rejane Sartori. (Org.). V. 4. Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. 316 p. ISBN: 978-85-459-1973-5 Curso - EaD CDD 22ª Ed. 459 1. Gestão. 2. Educação. EaD. I.Título. NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo Bibliotecário João Vivaldo de Souza – CRB-8 - 6828 A ampla disseminação e popularização das tecnologias tornou o acesso à informação ilimitado. Sendo assim, é necessário formar sujeitos que tenham a oportunidade de desenvolver competências e habilidades relacionadas com a reflexão e a criticidade para seleção dessas informações, possibilitando a construção do conhecimento significativo. Diante dessa realidade, a educação exerce papel fundamental, pois deve se configurar como uma impulsionadora de sujeitos capazes de desenvolver essas competências e habilidades, a fim de que as utilizem para praticar ações que possam provocar mudanças relevantes, de modo a devolver benefícios para a sociedade e contribuir com a sua transformação. Tendo em vista esse papel fundamental da educação, este livro apresenta pesquisas atuais, reunindo um conjunto de capítulos cujo tema central é o conhecimento e a educação, os quais são apresentados sob diferentes perspectivas, tanto teóricas quanto práticas. O primeiro conjunto de capítulos deste volume discute temas relacionados com a educação a distância. O capítulo 1, por meio de uma pesquisa bibliográfica, descreve a relação entre as particularidades da EAD e os benefícios que a assertividade pode fornecer ao processo de comunicação entre tutores e alunos. O capítulo 2, por sua vez, apresenta as relevantes contribuições que a didática propicia para a formação metodológica dos professores e tutores que desenvolvem as suas funções no contexto da educação a distância. Já o capítulo 3 discorre sobre a utilização do software Second Life na EAD, destacando as suas contribuições para o PREFÁCIO desenvolvimento de práticas pedagógicas inovadoras associadas ao estudo dos conteúdos de forma mais interativa e sincronizada. O capítulo 4 apresenta e discute os resultados de uma pesquisa realizada com egressos da graduação EAD da Unicesumar, na qual foram verificadas as concepções acerca da contribuição da graduação EAD para a inserção no mercado de trabalho. Por fim, o capítulo 5 deste conjunto traz uma interessante proposta para a implantação da modalidade de educação a distância no sistema carcerário brasileiro. Já o segundo conjunto de capítulos trata sobre temáticas relacionadas ao processo de ensino e aprendizagem de matemática. Nessa perspectiva, o capítulo 6 expõe uma pesquisa bibliográfica que discorre sobre o uso de novas tecnologias no ensino da matemática, ressaltando as contribuições do uso do computador e dos softwares educativos em sala de aula. Na sequência, o capítulo 7 apresenta um estudo que propõe a utilização de jogos e desafios como uma estratégia alternativa na organização do trabalho pedagógico significativo no ensino de matemática. Já o capítulo 8 discute as funções e as finalidades da avaliação em matemática, com ênfase nos aspectos relevantes desse processo. O capítulo 9, por sua vez, apresenta importantes discussões sobre a discalculia, com o objetivo de compreender as características do aluno discalcúlico, para, então, propor atividades que contribuam com a aprendizagem de alunos com esse transtorno. Por fim, no capítulo 10, discute-se sobre o TDAH, suas causas, sintomas, tratamentos e alguns aspectos desse transtorno relacionados com a aprendizagem de matemática. O terceiro conjunto de capítulos apresenta temáticas referentes às práticas pedagógicas significativas para a docência no ensino superior. Nesse viés, o capítulo 11 busca, por meio de uma análise quantitativa de artigos publicados entre 2014 e 2018 na base de dados SciELO, investigar a produção científica que discute a utilização de metodologias ativas no ensino superior. O capítulo 12 propõe a utilização do Facebook como uma ferramenta pedagógica para o compartilhamento de conhecimentos relacionados com a hemofilia. Já o capítulo 13 ressalta a importância das atividades lúdicas, principalmente as que estão relacionadas com a confecção de jogos, para o processo de ensino e aprendizagem da morfologia humana. Por sua vez, o quarto conjunto de capítulos desse volume contempla temáticas referentes a gestão escolar. Nesse enfoque, o capítulo 14, por meio de uma pesquisa bibliográfica, expõe os desafios que estão presentes na implementação da gestão democrática e participativa na escola, enquanto o capítulo 15 apresenta um estudo de caso em que os gestores escolares do sertão de Pernambuco relatam as suas percepções acerca da própria função e como essas concepções influenciam as suas práticas no âmbito escolar. O quinto conjunto de capítulos trata sobre temáticas relacionadas com a inclusão escolar. Sob essa perspectiva, no capítulo 16 discute-se a importância da atuação do psicopedagogo no contexto escolar, ressaltando os conhecimentos oriundos da neurociência para o desenvolvimento significativo da prática psicopedagógica. Por sua vez, no capítulo 17, analisa-se a trajetória da educação especial e inclusiva, com o objetivo de identificar os avanços, bem como as estratégias, metas e desafios para a efetivação da política inclusiva. Por fim, o capítulo 18, que encerra este volume, investiga se os critériospara a contratação de professores temporários no Processo Seletivo Seriado do estado do Paraná estão de acordo com as normas estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a educação escolar indígena. Conforme fora exposto na descrição dos capítulos, verifica- se que esta obra apresenta discussões significativas e atuais acerca de temáticas que possuem relação com o conhecimento e a educação. Assim, proporciona uma valiosa contribuição para leitores que se interessam por esses assuntos e que desejam aprimorar experiências para realizar as suas próprias pesquisas. William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor Executivo de Ensino a Distância Sumário Capítulo 1 - A relevância da comunicação assertiva na mediação da tutoria acadêmica a distância 13 Capítulo 2 - A importância da didática no ensino EAD: uma visão a respeito do professor tutor 23 Capítulo 3 - Second life como tecnologia de interação no ensino a distância 41 Capítulo 4 - A inserção dos egressos EAD no mercado de trabalho 57 Capítulo 5 - Educação a distância no sistema carcerário brasileiro: uma análise sobre a viabilidade de implantação 73 Capítulo 6 - Ressignificação na prática docente: o uso de softwares no ensino da matemática 93 Capítulo 7 - Jogos e desafios na alfabetização matemática 107 Capítulo 8 - A avaliação da aprendizagem em matemática 123 Capítulo 9 - Discalculia: vencendo as barreiras para aprender matemática 141 Capítulo 10 - O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade e suas implicações na aprendizagem matemática 155 Capítulo 11 - Metodologias ativas na formação superior 167 Capítulo 12 - Utilizando o Facebook para capacitação de professores em hemofilia 185 Capítulo 13 - Atividades lúdicas como forma de ampliar o aprendizado no conhecimento de morfologia humana no ensino superior 201 Capítulo 14 - Gestão democrática e participativa na escola: elementos norteadores e desafios enfrentados pelo gestor escolar 213 Capítulo 15 - Percepção de gestores escolares sobre a própria função: estudo de caso no sertão de Pernambuco 231 Capítulo 16 - Contribuições da neurociência para a formação do psicopedagogo e suas implicações para a alfabetização e inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE) 249 Capítulo 17 - Políticas públicas para educação especial no cenário da educação inclusiva 267 Capítulo 18 - A contratação de professores temporários no Estado do Paraná à luz das diretrizes curriculares nacionais para a educação escolar indígena 287 O livro Conhecimento e Educação surgiu do desejo de reafirmar a missão de promover uma educação de qualidade. Desde o início da história dos cursos de pós-graduação, na modalidade a distância, a Unicesumar busca a constante integração do ensino-pesquisa-extensão durante a vida acadêmica de seus pós-graduandos. Assim, a organização deste livro surge com o intuito de consolidar esse propósito. Com a intenção de valorizar e divulgar os trabalhos de conclusão de curso, elaborados pelos estudantes da pós-graduação a distância, esta obra apresenta alguns dos melhores artigos produzidos em 2018/2019. Por meio dessa ação, a instituição enaltece o esforço dos alunos, a sua dedicação e a experiência vivenciada no decorrer da realização dos cursos, bem como o empenho dos professores orientadores, que tanto contribuíram com a formação dos pós-graduandos. O volume 4 da obra é composto por 18 artigos e está repleto de conhecimentos manifestados por meio dos resultados das pesquisas realizadas pelos estudantes no decorrer de uma jornada acadêmica, na qual contaram com o apoio dos seus professores, dos polos de apoio presencial, da equipe Unicesumar e de toda a comissão científica deste livro, responsável por conduzir o processo de elaboração desta obra. Com mais este volume, esperamos compartilhar o conhecimento de nossos estudantes e contribuir, também, com as suas leituras acadêmicas, prezado(a) leitor(a). Nossos agradecimentos a todos que tornaram este projeto uma realidade. Janes Fidelis Tomelin Pró-Reitoria de Ensino EAD Fellipe de Assis Zaremba Head de Pós-graduação, Extensão e Formação Continuada APRESENTAÇÃO Roberta Amancio da Silva1 Helaine Patricia Ferreira2 1. Pós-graduanda em EAD e as Tecnologias Educacionais pelo Centro Universitá- rio Cesumar - UniCesumar. Graduada em Secretariado Executivo Bilíngue – Uni- versidade do Grande Rio – UNIGRANRIO. 2. Especialista em EAD e as Novas Tecnologias pelo Centro Universitário de Ma- ringá – UNICESUMAR e em Informática Aplicada ao Ensino pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. Atua como Tutora Mediadora no Curso de Graduação em Pe- dagogia e Orientadora do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Educação na modalidade a distância da Unicesumar e como tutora a distância do NEAD – UEM. A Relevância da Comunicação Assertiva na Mediação da Tutoria Acadêmica a Distância CAPÍTULO 1 RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo analisar a importância da assertividade no contexto da mediação realizada por tutores acadêmicos no ensino a distância. A metodologia utilizada foi composta por pesquisa bibliográfica, elucidando tal competência e seu respectivo impacto no exercício do tutor acadêmico. Para tanto, foram utilizados alguns autores, entre os principais: Del Prette e Del Prette (2005), Brasil (2007) e Martins (2017), os quais contribuíram para o entendimento dos aspectos relevantes desta pesquisa. Desta análise, verificou-se que existe uma compreensão equivocada a respeito do conceito de Assertividade, mas que, se usada, no ambiente acadêmico, fortalece o relacionamento de tutores e alunos e contribui para a melhoria do aprendizado. Palavras-chave: Assertividade. Comportamento Assertivo. Educação a Distância. Tutor Acadêmico. Tutor Online. 14 Conhecimento e Educação 1. INTRODUÇÃO O tutor é um dos protagonistas da Educação a Distância (EAD), pois sua figura é referencial para o aluno que estuda nesta modalidade de ensino. Assim sendo, ele constitui-se como sujeito ativo no processo educacional e, portanto, possui um grande desafio: a comunicação. A EAD que hoje ocupa um espaço significativo na escolha de grande parte da população que busca meios para o estudo, surge como solução para alunos e professores que se encontram em circunstâncias espaciais e temporais diferentes. Esta condição pode apresentar-se como limitação, caso o professor-tutor não esteja preparado para lidar com este desafio, causando prejuízos ao desempenho de ambos neste processo. Assim, torna-se necessária uma abordagem diferenciada, a qual traga pontos positivos para a relação tutor-aluno, à medida que reduza os conflitos e contribua para uma comunicação clara e concisa. Por meio da assertividade, então, revelam-se fatores que exercem influência nesta relação durante o processo de mediação do ensino na EAD. Deste modo, esta pesquisa tem como principal objetivo descrever a relação entre as particularidades da EAD e os benefícios que a assertividade pode fornecer ao processo de comunicação entre tutores e alunos, a ser apresentada em três partes, a seguir. A primeira seção foi dedicada a introduzir o assunto, abordar os principais objetivos e apresentar as seções. Enquanto que a seção 2 conceitua a EAD e seus principais desafios diários e, por fim, a última aborda a Assertividade e informa como seu uso pode causar impactos positivos no trabalho do tutor acadêmico on-line. 15 Capítulo 1 - A relevância da comunicação assertiva na mediação da tutoria acadêmica a distância 2. TUTORIA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: O DESAFIO DA COMUNICAÇÃO Existe uma espécie de preconceito sobre educar a distância ser tarefa mais simples do que educação presencial, talvez, pelo fato da flexibilidade e autonomia proporcionadas por esta modalidade aos alunos e educadores. Entretanto, é uma tarefa queoferece muitos desafios. De acordo com Aretio (1994 apud GUAREZI; MATOS, 2009, p. 19), temos que: EaD é um sistema tecnológico de comunicação bidirecional que substitui a interação pessoal em sala de aula, entre professor e aluno, como meio preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos didáticos e pelo apoio de uma organização tutorial de modo a propiciar a aprendizagem autônoma dos estudantes. O ensino adistância de qualidade exige uma complexa estrutura educacional. No entanto, se devidamente amparado por um projeto pedagógico e institucional bem estruturado, a EAD tem potencial para ser bem-sucedida. Nesse contexto de autonomia, pode-se afirmar que a presença do educador não se minimiza nem permite se ausentar. Em vez disso, é fundamental e inspira sensibilidade: 16 Conhecimento e Educação É enganoso pensar que programas à distância minimizam o trabalho e a mediação do professor [...]. Em uma instituição de ensino com cursos à distância, os professores devem ser capazes de realizar a gestão acadêmica do processo de ensino-aprendizagem, em particular motivar, orientar, acompanhar e avaliar os estudantes; além de avaliar-se continuamente como profissional participante do coletivo (BRASIL, 2007, p. 20). Acredita-se que a distância física, sua principal característica, configure-se em seu maior desafio. Então, uma das preocupações dessa modalidade é exatamente a falta de proximidade entre professor e aluno, que exige atenção e constante inovação das ferramentas para atingir sempre mais interação (ALMEIDA, 2009 apud STURZENEGGER, 2017). A interação face a face, no ensino tradicional, possibilita ao mediador do processo, geralmente na figura do professor, sentir e perceber aspectos da aprendizagem do seu aluno. Mas a mediação realizada por meio de uma máquina, a léguas de distância, separando professor e aluno, exige do tutor sensibilidade a fim de que sejam eliminadas as barreiras à comunicação eficaz. Olhando sob essa perspectiva, é possível entender a abrangência e importância do ensino a distância num contexto como o nosso, de um mundo tão diversificado. Assim, a EAD ganhou espaço e criou suas raízes na promoção de cultura de diversos tipos, principalmente, a inclusiva. 17 Capítulo 1 - A relevância da comunicação assertiva na mediação da tutoria acadêmica a distância 2.1. COMUNICAÇÃO ASSERTIVA NA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O assunto “comunicação” é sempre alvo de muitos estudos, pois se trata de um processo que envolve diferentes pessoas, com histórias e experiências distintas, interferindo diretamente no ato de comunicar-se. Para Freire (1979), comunicação é a co-participação dos sujeitos no ato de pensar, envolvendo reciprocidade que não pode ser rompida. Isso quer dizer que a comunicação é recíproca e que não pode ser resumida em simples transferência de saber para sujeitos passivos, inertes ao ato de conhecer. O que dá sentido à comunicação é o diálogo comunicativo que implica sujeitos interlocutores, reciprocamente, comunicantes (SCHNEIDER, 2017). De acordo com Varão e Cunha (2005), sob a perspectiva deweyana, educar e comunicar são termos que se enlaçam frequentemente, de modo que a elucidação de um conduz à explicitação do outro. Esta assertiva confirma-se em Lima (2011) quando afirma que se comunicar permite aos sujeitos criar conhecimento, transformando e humanizando o mundo, jamais reduzindo à imposição de conteúdos. Dessa forma, é possível compreender que o ato de se comunicar não é simples, pois não se resume a simples transmissão de informações, e sua eficácia está relacionada à maneira como o interlocutor conduz este processo. Acredita-se, portanto, que habilidades sociais podem auxiliar este processo, principalmente, no que se refere à comunicação na EAD, que sofre os efeitos da separação física de seus partícipes: 18 Conhecimento e Educação A separação entre alunos e professores afeta profundamente tanto o ensino quanto a aprendizagem. Com a separação, surge um espaço psicológico e comunicacional a ser transposto, um espaço de potenciais mal-entendidos entre as intervenções do instrutor e as do aluno. Esse espaço psicológico e comunicacional é a distância transacional (MOORE, 2002, p. 22). A distância transacional é o gap cognitivo, pedagógico e social existente entre professor/tutor e aluno que interfere diretamente na eficácia do processo ensino-aprendizagem, mas o que minimiza essa condição é a qualidade da interação na relação aluno-aluno, aluno-tutor, aluno-instituição, dentre outras possíveis. Maia e Mattar (2007, p. 15) corroboram este pensamento: “quanto maior é a interação entre os participantes de um processo de ensino e aprendizagem, menor a distância transacional”. Além disso, na EAD, há pouco espaço para improvisos, pois engloba tarefas e prazos bem definidos e exige do tutor habilidades sociais que o auxiliarão na sua missão de educar a distância. Visando, então, transpor barreiras à comunicação e minimizar as limitações da modalidade, destacam-se as habilidades sociais necessárias ao tutor online na mediação da aprendizagem a distância. 2.2. ASSERTIVIDADE NA COMUNICAÇÃO TUTOR- ALUNO Caballo (1998 apud BORTOLINI, 2012) define habilidades sociais como o conjunto de comportamentos de uma pessoa numa situação interpessoal, por meio do qual, manifestam, de modo apropriado, sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou direitos, o que costuma resolver os problemas no futuro. Assim, no processo de 19 Capítulo 1 - A relevância da comunicação assertiva na mediação da tutoria acadêmica a distância comunicação entre tutor e aluno, ser, socialmente habilidoso evita conflitos e promove uma relação interpessoal saudável. Seguindo esta linha, esta pesquisa dará destaque a uma habilidade social específica: a Assertividade. De acordo com Del Prette e Del Prette (2005), faz parte dessa classe de habilidades de enfrentamento em situações que envolvem risco de reação indesejável do interlocutor, mas que promove o controle da ansiedade, superação da passividade e autocontrole da agressividade. A assertividade na EAD pode trazer diversos benefícios à relação tutor-aluno, pois “o comportamento assertivo resulta em um aumento na autoapreciação do emissor, sem prejuízo ao interlocutor, ambos se sentindo bem na interação” (ALBERTI; HEMMONS, 1983 apud BANDEIRA; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2006). Ou seja, à medida em que o tutor usa da assertividade, ele passa a ter autoconfiança na sua comunicação com os alunos, resultando na transmissão da mensagem de maneira direta, clara e respeitosa e na facilitação do aprendizado. Martins (2017, p. 12) acrescenta que a Assertividade pode ser muito mais que um padrão de comportamento ou competência: Quando falamos da comunicação humana, a Assertividade significa muito mais do que isso: é uma filosofia de vida! [...] Em termos filosóficos, entendemos assertividade como uma manifestação dialética da comunicação “eu ganho, você ganha”, ou seja, uma comunicação criativa, transparente, por meio da qual as pessoas expressam suas necessidades, seus pensamentos e sentimentos de forma honesta e direta, sem violar os mesmos direitos dos outros. 20 Conhecimento e Educação Por último, mas não menos importante, ressalta-se uma grande conquista da Assertividade, que é a ética, pois, nesta filosofia de vida, conforme dito anteriormente, “são utilizados signos que exprimem a verdade, autorrespeito e respeito pelos outros” (MARTINS, 2017, p. 13). E nada mais eficaz que construir um ambiente de aprendizado permeado pela Ética, ferramenta indispensável para torná-lo saudável, sustentável. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Vivemos em uma sociedade onde a assertividade não era incentivada nas instituições escolares, religiosas ou familiares, pois se achava que seu conceito ia de encontro ao respeito e aos bonscostumes, o que levava as pessoas a terem comportamentos condicionados às expectativas do contexto, ausentando-se de suas identidades e personalidades. Por este motivo, a maior parte das pessoas não consegue usar a assertividade e se sente prejudicada por não expressar seus sentimentos e suas opiniões por receio de como seu discurso será recebido. A assertividade, entretanto, traz ao indivíduo um comportamento capaz de agir em favor de seus próprios interesses, a se expressar sem constrangimento e de maneira a considerar os direitos alheios também. Ela equilibra as relações em vários âmbitos, inclusive no escolar – foco desta pesquisa, principalmente, quando se trata de cursos a distância, em que se exige um pouco mais de habilidades de relacionamento. O tutor é o contato direto do aluno, sua posição é de figura mais presente, e é ele também quem fornece os feedbacks, sejam eles de aprendizado, sejam comportamentais. E como 21 Capítulo 1 - A relevância da comunicação assertiva na mediação da tutoria acadêmica a distância tudo isso ocorre por meio de tecnologias, a assertividade ganha importância ainda maior, considerando que, no processo ensino- aprendizagem, não deve existir espaço para ambiguidades. Logo, o tutor acadêmico deve conduzir este relacionamento sendo assertivo e estimulando o mesmo comportamento nos seus alunos. É preciso estar sensível e atento às dúvidas e aos questionamentos levantados pelos alunos, utilizando a abordagem correta para saná-las e, igualmente, conhecendo suas próprias condições, pois desenvolver a assertividade envolve autoconhecimento e autorrespeito. Então, conclui-se que os benefícios gerados por esta competência, aplicados a EAD, são fundamentais para ambas as partes, em todas as suas facetas, de forma que tutor e aluno tenham liberdade de expressão, considerando os limites alheios; que os feedbacks sejam cada vez mais assertivos e eficazes e que se construa um relacionamento apoiado em respeito, ética, confiança e credibilidade para todos. 4. REFERÊNCIAS BANDEIRA, Marina; DEL PRETTE, Zilda; DEL PRETTE, Almir. Estudos sobre Habilidades Sociais e Relacionamento Interpessoal. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006. BORTOLINI, Marcela. O Desenvolvimento da Habilidade de Assertividade e a Convivência na Escola. Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 18, n. 3, p. 373-388, dez. 2012. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/psicologia emrevista/article/view/P.1678-9563.2012v18n3p373. Acesso em: 12 fev. 2017. 22 Conhecimento e Educação BRASIL. Ministério da Educação. Referenciais de Qualidade para Educação Superior à Distância. Brasília: Secretaria de Educação à Distância, 2007. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seed/ arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf. Acesso em: 28 jan. 2018. DEL PRETTE, Zilda; DEL PRETTE, Almir. Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria e prática. Petrópolis: Vozes, 2005. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lílian Lopes Martins. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. GUAREZI, Rita de Cássia Menegaz; MATOS, Márcia Maria de. Educação a Distância sem segredos. Curitiba: IBPEX, 2009. LIMA, Venício A. Comunicação e cultura: as ideias de Paulo Freire. 2. ed. rev. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2011. MAIA, C.; MATTAR, João. ABC da EaD: a educação a distância hoje. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2007. MARTINS, Vera. Seja Assertivo! Como conseguir mais autoconfiança e firmeza na sua vida profissional e pessoal. Rio de Janeiro: Alta Books, 2017. MOORE, Michael G. Teoria da Distância Transacional. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, São Paulo, p. 1-14, ago. 2002. Disponível em: http://www.abed.org.br/ revistacientifica/Revista_PDF_Doc/2002_Teoria_Distancia_ Transacional_Michael_Moore.pdf. Acesso em: 15 jan. 2018. SCHNEIDER, Magalis Bésser Dorneles. Comunicação na educação a distância: diálogo ou transmissão? Curitiba: Appris, 2017. STURZENEGGER, Karen Freme Duarte. Do pensamento de Paulo Freire: para uma ação mais humanizada do professor na educação a distância. Curitiba: Intersaberes, 2017. VARÃO, Rafiza; CUNHA, Raquel Cantarelli Vieira da. O conceito de comunicação em John Dewey: de 1824 a 1927. Revista de Comunicação da Universidade Católica de Brasília, Brasília, v. 7, n. 2, p. 129-143 jul./dez. 2014. Disponível em: https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RCEUCB/article/ view/5646. Acesso em: 30 jan. 2018. https://portalrevistas.ucb.br/index.php/RCEUCB/issue/view/348 Gleissiane Thanayara Vinagre Pinto1 Tayza Cristina Nogueira Rossini2 1. Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Amapá - UEAP. Pós-gra- duada em Docência do Ensino Superior e EAD e as Tecnologias Educacionais pelo Centro Universitário Cesumar (UniCesumar). 2. Graduada em Letras Lic. Plena (Português-Inglês) e Mestre na linha de pesquisa Literatura e Construção de Identidades pela Universidade Estadual de Maringá (UEM). Professora da Graduação (Presencial) e orientadora de trabalhos de con- clusão de curso (TCC) de Pós-graduação do Centro Universitário de Maringá (Uni- Cesumar) e professora do curso de Letras da Universidade Estadual de Maringá (UEM). É avaliadora do BASIS (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira - INEP). A Importância da Didática no Ensino EAD: Uma Visão a Respeito do Professor Tutor CAPÍTULO 2 RESUMO O professor tutor assume papel fundamental no processo ensino-aprendizagem da Educação a Distância ao relacionar tal modalidade educacional à necessidade de uma formação mais condizente com as exigências do mercado de trabalho na sociedade moderna. Daí, a busca cada vez mais frequente por cursos no ambiente virtual que capacitem os profissionais que buscam tal formação, mas que não podem frequentar as universidades com cursos presenciais. Nesse sentido, o presente trabalho apresenta as contribuições que a didática traz em termos de formação metodológica aos professores que desenvolvem suas funções no contexto da Educação a Distância como tutores, bem como especifica as competências necessárias para o desempenho satisfatório desses educadores, durante o processo de construção do conhecimento acadêmico. Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem. Tutor. Didática. Competências. 24 Conhecimento e Educação 1. INTRODUÇÃO O ensino EAD (Educação a Distância) tem se mostrado bastante popular nas últimas décadas, justificado em razão da facilidade de acesso à internet e à oportunidade de especialização por parte das diversas profissões a fim de atender a demanda e as exigências mercadológicas da atualidade. Daí, a importância da didática nesse percurso sócioeducacional, em virtude das particularidades do ensino a distância e das concepções metodológicas modernas acerca do papel desempenhado pelo professor tutor no âmbito dos cursos acadêmicos no espaço virtual. Assim, o presente trabalho baseia-se na problemática que envolve a didática na construção do conhecimento no Ensino Superior, bem como da atuação do professor tutor, em acordo com os pressupostos da didática fundamental, de modo a contribuir com o processo ensino-aprendizagem desenvolvido nesse contexto. Desse modo, a partir de uma postura eminentemente pragmática, é possível analisar, de forma sucinta, como ocorre o processo de construção de conhecimento no âmbito da Educação a Distância, bem como as contribuições outorgadas pela didática para o desenvolvimento de metodologias de ensino, efetivamente, pautadas na construção do conhecimento em vez da simples transmissão de conteúdos. Diante destes pressupostos, surge a importância de analisar o percurso histórico dessa disciplina, na realidade brasileira, desde o surgimento da educação indígena até a época atual, assunto este abordado na primeira parte do trabalho. O capítulo final trata do papel do professor tutor na Educação a Distância bem como sua atuação primordialpara o desenvolvimento do processo 25 Capítulo 2 - A importância da didática no ensino EaD: uma visão a respeito do professor tutor ensino-aprendizagem efetivado no ambiente virtual, de modo a contribuir com a formação do educando que busca, na EAD, o aprimoramento de habilidades profissionais e sociais. Assim, o presente artigo utiliza como metodologia a pesquisa de cunho bibliográfico, em que diversos autores expõem conceitos e ideias relativos ao processo de construção do conhecimento efetivado no âmbito da Educação a Distância, tendo em vista as contribuições que a Didática traz para esse contexto sócio educacional, além do posicionamento que o professor tutor mantém, diante das problemáticas que surgem durante as atividades de orientação dos trabalhos acadêmicos. Sob tal perspectiva, as considerações finais vêm de forma elucidativa contribuir com o desfecho do trabalho, demonstrando como as informações aqui apresentadas enriquecem a formação profissional do educando que está em contato com o processo de aprendizagem da Educação a Distância. 2. PERCURSO HISTÓRICO DA DIDÁTICA NO BRASIL E A SUA RELAÇÃO COM A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A história da educação no Brasil tem sua gênese no ensino ministrado por religiosos jesuítas aos povos indígenas e, posteriormente, aos negros escravizados Como tal, houve a necessidade da transmissão de conhecimentos da catequese católica, ao mesmo tempo em que se buscava a subordinação perante a igreja e, consequentemente, à metrópole portuguesa sob a égide da salvação eterna. Por esse 26 Conhecimento e Educação viés, a companhia de Jesus vinha ao mundo com diversas ideias novas, especialmente no campo da ascese cristã [...], mas não tinha nada a dizer de especial quanto à filosofia da educação no sentido em que entendemos hoje (RUIZ, 2002, p. 07), ou seja, a educação religiosa tinha como objetivo a formação da mão de obra escrava para a produção agrária. Segundo o autor, a didática utilizada pelos jesuítas estava longe de ser considerada como, metodologicamente, voltada à formação integral do indivíduo. A respeito do processo de ensino outorgado no Brasil Colônia, o autor acrescenta que: Os jesuítas, educadores da época, ensinaram aos índios o que lhes era permitido. A Igreja Cristã dominava junto aos portugueses, por isso, os nativos aprendiam a aceitá-la e segui- la. O plano de instrução era consubstanciado na Ratio Studiorum, trazida da Europa para o Brasil, preconizando a formação do homem universal, humanista e cristão. De acordo com a orientação jesuítica, a ação pedagógica era marcada pelas formas dogmáticas de pensamento, contra o pensamento crítico. O ensino era completamente alheio à realidade e necessidade de vida da colônia (RUIZ, 2002, p. 07-08). Evidentemente, a didática baseada na tradicional transmissão de conhecimentos visava à predominância dos dogmas católicos em detrimento do pensamento crítico. Todas essas ações tinham a clara intenção de inibir o desenvolvimento intelectual dos aprendizes, ao mesmo tempo em que cultivavam sua inquestionável submissão aos interesses da metrópole. Para tanto, apregoava- se uma metodologia cujas aulas eram ministradas de forma expositiva. Como explicita Ruiz (2002, p. 08), a atenção especial ao método ou 27 Capítulo 2 - A importância da didática no ensino EaD: uma visão a respeito do professor tutor às fórmulas, compreendendo: verificação do estudo empreendido, correção, repetição, explicação ou preleção, interrogação, ditado, método eminentemente tradicional, remanesce em muitas escolas brasileiras, sendo seguido por professores que acreditam em sua eficácia. Por muitas décadas, o ensino no Brasil teve base tradicionalista, ou seja, o saber do educador era transmitido sem o conhecimento prévio do educando. De acordo com Queiroz e Moita (2007, p. 03), tratava-se de um plano de ensino, no qual perpassavam duas etapas: “na etapa I ensinavam- se português, doutrina cristã e a escola de ‘ler e escrever’”; “na etapa II ensinavam-se música instrumental e o canto orfeônico, descontextualizados da realidade dos alunos”. As autoras explicam que o papel do professor envolvia não apenas o repasse da matéria de estudo, mas também a vigilância e a disciplina destes quanto ao comportamento. Tal metodologia enredou até mesmo a formação dos primeiros professores da colônia quando a educação formal começou a ser padronizada por meio das escolas, conforme se nota a seguir: Os professores que ministravam instrução recebiam a mais perfeita formação para poderem desempenhar a sua tarefa, devendo ser atribuída à Ordem dos Jesuítas a introdução da prática de formação de professores. Nos seus colégios, havia um reitor, na direção, assistido por dois prefeitos, exercendo, os três juntos, uma constante vigilância em toda parte pedagógica e na conduta dos alunos. Era observada, também, a presença de um provincial que inspecionava anualmente cada colégio (que não eram muitos), entrevistando individualmente os professores (ALBUQUERQUE, 2002, p. 07). 28 Conhecimento e Educação Nesse sentido, a didática ou ensino das escolas atendia, exclusivamente, aos interesses da elite dominante desde os primórdios da sociedade humana. No Brasil, a história de dominação da didática ocorre desde a sua gênese como colônia de exploração. De acordo com Ruiz (2002, p. 15-16), os princípios pedagógicos da didática tradicional tinham por base uma psicologia, eminentemente filosófica e distanciada da ciência, o que, de certa forma, justifica a ênfase no ensino humanístico de cultura geral, centrada no professor que transmite a todos os alunos, indistintamente, a verdade universal e enciclopédica, ou seja, ao professor cabia a transmissão dos conhecimentos escolares, enquanto restava ao aluno a obediência às regras a fim de atingir a realização pessoal. Segundo o autor, a relação pedagógica se dava de forma hierarquizada e verticalista, primando pela manutenção da desigualdade social. Nessa concepção de ensino o processo de avaliação carregava em seu bojo o caráter de punição, muitas vezes, de redução de notas em função do comportamento do aluno em sala de aula (QUEIROZ; MOITA, 2007, p. 03). De acordo com as autoras, as escolas burguesas visavam não apenas ao repasse de conhecimento moral e intelectual, mas também e, principalmente, a preservação do modelo social e político da época. No ínterim, com o advento do capitalismo, a educação brasileira passou a contemplar um ensino que retira o professor e os conteúdos disciplinares do centro do processo pedagógico e coloca o aluno como fundamental, que deve ter sua curiosidade, criatividade, inventividade estimuladas pelo professor (QUEIROZ ; MOITA, 2007, p. 08). Ainda, as autoras enfatizam que o professor passa a ter o papel de facilitador do ensino por meio de uma aprendizagem prazerosa, com momentos para a 29 Capítulo 2 - A importância da didática no ensino EaD: uma visão a respeito do professor tutor experimentação e construção do conhecimento de acordo com o interesse do aluno. Nesse período da história brasileira, há uma grande efervescência política e educacional, refletindo a expansão econômica e o desenvolvimento industrial (ALBUQUERQUE, 2002, p. 13), o que influencia de forma direta a forma como a didática é direcionada, pois as ações pedagógicas se voltam para os pressupostos da Escola Nova, na qual há uma tentativa de superação da escola tradicional. Sob esse aspecto, a autora traz a seguinte contribuição: Na base de sua proposta, estão os princípios de individualização, liberdade, iniciativa e autonomia; trata-se de uma didática de base psicológica, afirma-se a necessidade de aprender fazendo e de aprender a aprender, enfatiza-se a atenção às diferenças individuais, estudam-se métodos e técnicas como: centros de interesses, estudo dirigido, métodos de projetos,técnicas de fichas didáticas, unidades didáticas e outros mais como afirma Candau. Observa-se que a Escola Nova via apenas os problemas educacionais internamente, deixando de fora a realidade brasileira com seus aspectos político, econômico e social. A predominância da Pedagogia Nova foi bastante forte e influiu na legislação educacional e nos cursos de formação para o magistério. Os professores, por sua vez, absorveram o seu ideário e a Didática, nesse contexto, passa a acentuar o caráter prático- técnico do processo ensino-aprendizagem (ALBUQUERQUE, 2002, p. 13). Assim, depois de avanços e retrocessos pertinentes ao posicionamento dos atores envolvidos no processo educacional, a didática dos tempos atuais passa a ter a função de esclarecer o papel sociopolítico da educação, da escola e, mais especificamente, 30 Conhecimento e Educação do ensino e da aprendizagem, de acordo com os pressupostos de uma pedagogia transformadora (ALBUQUERQUE, 2002, p. 19). De acordo com a autora, a didática atual vai além dos métodos e técnicas, interligando a escola à sociedade, ao mesmo tempo em que associa a teoria à prática, o conteúdo à forma, o ensino à pesquisa, o professor ao aluno. A partir deste posicionamento, a autora incentiva o professor a se utilizar de práticas didático- pedagógicas que o capacitem a analisar as contradições existentes entre a realidade sócioeducacional e o ideário pedagógico, de modo a efetivar sua evolução profissional. Concordemente, no que concerne à EAD como modalidade do ensino ofertado em acordo com os princípios constitucionais, Hack (2011, p. 14) cita o Decreto n. 2.494, que regulamenta o artigo 80 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), como uma forma de ensino enredada na autoaprendizagem e que se utiliza de recursos didáticos organizados de modo a servir como suporte de informação e facilitadores do acesso ao saber. De acordo com o autor, a Educação a Distância é uma forma de alcançar os alunos impossibilitados de frequentar o ensino presencial, oportunizando a estes um processo de ensino-aprendizagem, no qual o próprio aprendiz possa administrar seu tempo e local de estudo. Nesse sentido, o desenvolvimento das mídias modificou o sentido de pertencimento dos indivíduos, pois eles passaram a ser cosmopolitas ou cidadãos do mundo (HACK, 2011, p. 49). Sob tal viés, a didática amplia o campo de atuação ao entender que os princípios antes aplicados somente ao ensino presencial aplicam-se de modo especial ao processo educacional realizado no ambiente virtual, pois o aluno que busca tal formação é um 31 Capítulo 2 - A importância da didática no ensino EaD: uma visão a respeito do professor tutor sujeito social capaz de interligar os conhecimentos construídos na interação com o professor com sua própria experiência de vida, de modo a aprimorar-se como ser humano crítico e atuante na sociedade. 3. A DIDÁTICA NO ENSINO SUPERIOR EAD E O PAPEL DO PROFESSOR TUTOR Associar a didática à prática pedagógica do Ensino Superior faz com que o processo de ensino-aprendizagem, realizado nas universidades, sempre esteja vinculado aos componentes curriculares orientados para o tratamento sistemático do fazer educativo (CANDAU, 2012, p. 13). Dessa forma, a autora enfatiza que por ser o principal objeto de estudo da didática, o processo de ensino-aprendizagem precisa ser compreendido, analisado e articulado de acordo com as dimensões humana, técnica e político- social para que seja englobado em toda sua multidimensionalidade. Daí, a importância de uma postura eminentemente pautada na transformação do meio social vigente, pois, a partir deste posicionamento, defende que a didática passa a ter um caráter fundamental em vez de apenas instrumental. A respeito da formação profissional do educador, em acordo com os pressupostos da didática fundamental, tem-se a seguinte explanação: Formar o educador a meu ver seria criar condições para que o sujeito se prepare filosófica, científica, técnica e afetivamente para o tipo de ação que vai exercer. Para tanto, serão necessárias não só aprendizagens cognitivas sobre os diversos campos de conhecimento que o auxiliem no seu papel, mas especialmente o desenvolvimento de uma atitude, dialeticamente crítica, sobre 32 Conhecimento e Educação o mundo e sua prática educacional. O educador nunca estará definitivamente pronto, formado, pois que a sua preparação, a sua maturação se faz no dia a dia, na meditação teórica sobre a sua prática. A sua constante atualização se fará pela reflexão diuturna sobre os dados de sua prática. Os âmbitos de conhecimento que lhe servem de base não deverão ser facetas estanques e isoladas de tratamento do seu objeto de ação: a educação. Mas serão, sim, formas de ver e compreender, globalmente, na totalidade, o seu objeto de ação (LUCKESI apud CANDAU, 2012, p. 28-29). Nesse sentido, a didática exerce papel principal na orientação da ação pedagógica no Ensino Superior, desde que sob a função de mediadora entre a teoria e a prática docente: Ela opera como que uma ponte entre o que e o como fazer do processo pedagógico [...] por sua vez, a ação educativa somente pode realizar-se pela atividade prática do professor (LIBÂNEO, 2012, p. 27). Para o autor, o professor deve relacionar constantemente teoria e prática, vinculando a teoria aos problemas reais provenientes da experiência prática para que, a partir desta relação, possa construir a base para pensar sua prática e aprimorar a qualidade do seu trabalho, tendo em vista o contexto em que desenvolve suas atividades didáticas. No caso da Educação a Distância o processo de ensino-aprendizagem ocorre de maneira diferenciada e, como tal, deve ser visto de acordo com suas peculiaridades, conforme destacado a seguir: A visão de uma educação a distância destaca que, mantendo suas características próprias, as habilidades de produzir e avaliar o material diferenciado para momentos e 33 Capítulo 2 - A importância da didática no ensino EaD: uma visão a respeito do professor tutor objetivos, é uma das chaves para atingir o nível de visão crítica, possível para construir novos conhecimentos e facilitar o encontro de respostas para um tempo marcado pelo dinamismo técnico-científico. [...] Deste modo, é indispensável a compreensão de que a educação a distância não significa “estar distanciado do outro”, mas que uma via de dupla mão está em funcionamento, sobretudo em função do período de crítica, criatividade e práxis (EMERENCIANO; SOUSA; FREITAS, 2001, p. 06). Logo, a atividade docente desenvolvida no espaço virtual, assim como ocorre na presencial, encontra-se atrelada à vida em sociedade, tendo em vista as dificuldades inerentes à construção do conhecimento acadêmico em consonância com a visão de mundo do aluno e suas necessidades de aprendizagem. O ato de ensinar é uma prática social na qual o professor deve considerar as contradições que permeiam a sua prática pedagógica e que tenha como compromissos últimos a transformação social (ALBUQUERQUE, 2002, p. 20), ou seja, por meio da constante atualização e aprimoramento da prática educacional, o docente estará apto a lidar com os desafios apresentados em sua prática social, seja esta no âmbito de uma sala de aula ou por intermédio da Educação a Distância, espaço no qual surge a figura do professor tutor. Emerenciano, Sousa e Freitas (2001, p. 07) primam pelo conteúdo técnico-científico, mas, principalmente, pela habilidade de estimular o participante a buscar respostas às questões suscitadas no decorrer do processo de construção do conhecimento. Ao explicar o papel do professor tutor em tal processo, os autores continuam: 34 Conhecimento e Educação No processo de orientação a distância, o atendimento realiza-se a partir da necessidade do aluno, que busca situar- se no contexto da aprendizagem.Neste caso, recursos tecnológicos são os intermediários do diálogo do tutor com o participante. O tutor deve contribuir com informações adequadas para o processo de construção do conhecimento do aluno. Evidentemente, o tutor deve ter domínio do conhecimento em processo, além da habilidade de problematizar e indicar fontes de consulta. Pode-se dizer que o tutor é um especialista, tanto no que concerne ao conteúdo do trabalhado na Unidade, como nos procedimentos a adotar para estimular a construção de respostas pessoais. É essencial que o tutor esteja plenamente consciente do seu papel: não basta dominar o “conteúdo trabalhado”, é essencial saber “para que” e “o significado do proposto” (EMERENCIANO, SOUSA; FREITAS, 2001, p. 08). Sendo assim, a transmissão de conhecimentos, no processo de formação acadêmica do educando, fica em segundo plano, dando primazia à interação professor/aluno no processo educacional de modo a ampliar o raio de visão do educando. Dessa forma, é possível desenvolver respostas críticas e criativas, consideradas como momentos para ampliação básica do saber (EMERENCIANO, SOUSA; FREITAS, 2001, p. 08), no qual o conhecimento ampliado esteja contextualizado com a prática social do aluno, a fim de que este seja capaz de utilizá-lo no dia a dia. Nesse sentido, os autores enfatizam que o processo de ensino-aprendizagem efetivado no âmbito virtual só alcançará a eficácia se o professor tutor estiver realmente comprometido com sua própria formação enquanto educador, reformando seu próprio processo de formação, de modo a capacitá-lo a lidar com as problemáticas que possam surgir no decorrer de tal processo. 35 Capítulo 2 - A importância da didática no ensino EaD: uma visão a respeito do professor tutor No ínterim, o papel do professor tutor, no contexto da Educação a Distância, é destacado por Ororurke (2003) ao relacionar as responsabilidades acadêmicas e de apoio do educador ao educando, nas quais estão a instrução e o ensino, além do apoio e da avaliação das tarefas e dos exames prestados pelo aluno, inserido nesse contexto educacional, de modo a encaminhar as ações pedagógicas. Para a pesquisadora, na modalidade de ensino a distância, o tutor atuará como um facilitador na aprendizagem em vez de um mero instrutor. Seu intuito está em ajudar os alunos a desenvolverem as competências necessárias para compreenderem, assimilarem e aplicarem o conteúdo (ORORURKE 2003, p. 34). A autora enfatiza, dentre as competências essenciais para uma tutoria realmente eficaz, o apoio, a orientação, a capacitação e a aptidão administrativa, que, de certa forma, contribuem para facilitar a implementação do plano de ensino-aprendizagem desenvolvido no ambiente virtual da Educação a Distância. Sobre tal aspecto, Albuquerque (2002, p. 20) enfatiza que, ao contemplarem tais competências, os professores estão na direção certa, ou seja, o ensino de qualidade. Ampliando o entendimento acerca do desempenho profissional do tutor na Educação a Distância, tem-se o seguinte esclarecimento: Na EaD, o docente tem papel imprescindível na comunicação educativa que se estabelece no processo de ensino e aprendizagem a distância, pois ele coopera com o aluno ao formular problemas, provocar interrogações ou incentivar a formação de equipes de estudo. O docente se torna memória viva de uma educação que valoriza e possibilita o diálogo entre culturas e gerações (MARTIN- BARBERO, 1997 apud HACK, 2011, p. 17). Ao mediar a construção do conhecimento, com 36 Conhecimento e Educação o uso de múltiplas tecnologias sem muitas vezes poder visualizar, ouvir as palavras nem perceber as reações imediatas do interlocutor, o docente precisa potencializar os processos comunicacionais para que haja dialogicidade, cumplicidade e afetividade entre os envolvidos. Tais formas de lidar com a construção do conhecimento e seus desdobramentos exigem metodologias e ações diferenciadas, que são inéditas para algumas pessoas (HACK, 2011, p. 17). Desse modo, fica evidenciado que o professor tutor exerce funções diferenciadas das desempenhadas por educadores do ensino presencial, em virtude das peculiaridades próprias do ambiente virtual. Por exemplo, no lugar dos mecanismos presenciais e muito centrados na cultura do livro, a Educação a Distância requer envolvimentos diferenciados dos educandos (HACK 2011, p. 88), na qual o educador precisa estar atento a fim de reorientar o aprendizado. Nesse sentido, o autor enfatiza a importância de conferir ao aluno a função de gerir sua própria aprendizagem, buscando o conhecimento que transcenda o limite da virtualidade e o leve a uma visão crítica do mundo. Tal compreensão da realidade deve ser o norte para o aprimoramento pessoal e profissional do educando, não apenas durante o processo ensino aprendizagem realizado na EAD, mas deve acompanhá-lo durante sua atuação como sujeito social no meio em que está inserido. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em vista a essencialidade do ensino a distância diante das problemáticas sociais que levam muitos cidadãos a buscarem formas alternativas de capacitação profissional, a Educação a Distância assume papel fundamental em direcionar tal formação 37 Capítulo 2 - A importância da didática no ensino EaD: uma visão a respeito do professor tutor de maneira dinâmica e construtiva. Sendo a didática a base para a efetivação de uma formação eminentemente humana e profissional, cabe ao educador o encaminhamento de ações pedagógicas, pautadas nos pressupostos das competências de tutoria, essenciais para o bom andamento das atividades de ensino- aprendizagem realizadas no contexto da Educação a Distância. Desse modo, a partir do momento em que o professor tutor passa a repensar, dialeticamente, sobre sua atuação como facilitador da aprendizagem, em vez de apenas transmissor de conhecimentos, pode-se afirmar que o processo educacional configura-se como uma via de mão dupla, onde há a reciprocidade de aprendizados. No ínterim, a partir de tal entendimento, veicula-se a importância da didática na formação do professor tutor como norteadora das ações pedagógicas desenvolvidas no processo ensino-aprendizagem do ambiente virtual. A partir do momento em que professor e aluno discutem e aprimoram os temas abrangidos, a visão de mundo que cada um traz é ampliada e aprimorada ao ponto de efetivar o crescimento pessoal e profissional destes, resultando numa aprendizagem significativa, pautada na criticidade e dinamicidade. Tal posicionamento dialético traz muitas contribuições para o processo de construção do conhecimento realizado na modalidade a distância, visto que o comprometimento dos sujeitos em partilhar informações e aprofundar os saberes adquiridos ao longo de suas formações resulta na confluência dessa aprendizagem de maneira natural, contornando os obstáculos que possam surgir nesta trajetória. Portanto, pode-se afirmar que, ao comparar o percurso da Didática como norteadora do ensino desde a gênese da educação no Brasil até a atualidade, há um grande avanço no que concerne as 38 Conhecimento e Educação ações pedagógicas que direcionam o processo educacional, tendo em vista a postura cada vez mais comprometida dos educadores e alunos diante das interfaces sociais que direcionam a capacitação dos sujeitos em prol do melhoramento pessoal e profissional. O mundo globalizado impulsiona a educação a formar cidadãos conscientes e atuantes na sociedade dinâmica e mutável dos dias atuais, de modo a exigir dos educadores uma formação condigna com a modernidade e suas exigências, onde este esteja capacitado a orientar o processo de ensino aprendizagem diferenciado da Educação a Distância. 5. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Marluce Jacques de. Retrospectiva histórica da didática e do educador. Recife: Universidade católica de Pernambuco, 2002. CANDAU, Vera Maria (Org.).A Didática em questão. 33. ed. Petrópoles: Vozes, 2012. Disponível em: https://pedagogiafadba. files.wordpress.com/2013/08/a-didc3a1tica-em- questc3a3o.pdf. Acesso em: 02 jan. 2019. EMERENCIANO, Maria do Socorro J.; SOUSA, Carlos Alberto Lopes de; FREITAS, Lêda Gonçalves de. Ser Presença como Educador, Professor e Tutor. Universidade Católica de Brasília. Colabor@ - Revista Digital da CVA - Ricesu, v. 1, n. 1, ago./2001. Disponível em: pead.ucpel.tche.br› Capa› Vol. 1, No 1› Emerenciano. Acesso em: 02 de jan. 2019. HACK, Josias Ricardo. Introdução à educação a distância. Florianópolis: LLV/CCE/UFSC, 2011. 126 p. Disponível em: https://ead.ufsc.br/portugues/files/2012/04/livro-introdução- a-EAD.pdf. Acesso em: 06 de jan. 2019. http://pead.ucpel.tche.br/revistas/index.php/colabora/article/view/8 http://pead.ucpel.tche.br/revistas/index.php/colabora/article/view/8 http://pead.ucpel.tche.br/revistas/index.php/colabora/article/view/8 39 Capítulo 2 - A importância da didática no ensino EaD: uma visão a respeito do professor tutor LIBANEO, José Carlos. Didática. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2013. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view. php?id=2301075. Acesso em: 05 jan. 2019. QUEIROZ, Cecília Telma Alves Pontes de; MOITA, Filomena Maria Gonçalves da Silva Cordeiro. Fundamentos sócio- filosóficos da educação. Campina Grande: UEPB/UFRN, 2007. Disponível em: http://www.ead.uepb.edu.br/ava/arquivos/ cursos/geografia/fundamentossociofilosoficos. Acesso em: 15 jan. 2019. O’ROURKE, Jennifer. Tutoria no Ead: Um manual para tutores. Vancouver: The Commonwealth of Learning, 2003. Disponível em: www.abed.org.br/col/tutoriaead.pdf. Acesso em: 12 jan. 2019. RUIZ, Marcelo. Tranferência de Paradigma de Ensino: História da Didática no Brasil. Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Docência do Ensino Superior. 2002. 43 f. Universidade Cândido Mendes. Rio de Janeiro, 2002. Disponível em: http://www.avm.edu.br/monopdf/8/MARCELO%20 RUIZ.pdf. Acesso em: 12 jan. 2019. https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2301075. Acesso em%3A 05 de jan. 2019 https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2301075. Acesso em%3A 05 de jan. 2019 https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=2301075. Acesso em%3A 05 de jan. 2019 http://www.ead.uepb.edu.br/ava/arquivos/cursos/geografia/fundamentossociofiloso http://www.ead.uepb.edu.br/ava/arquivos/cursos/geografia/fundamentos_socio_filosoficos_da_educacao/Fasciculo_09.pdf Kelly Simone Frimmel Bertolotti1 Maria Vandete de Almeida2 Second Life como Tecnologia de Interação na Educação a Distância CAPÍTULO 3 1. Professora mediadora do Núcleo de Ensino a Distância – Nead Unicesumar, nos cursos de Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Sistemas para Internet. Gradua- da em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Pós-graduada em Administração de Banco de Dados Oracle e DB2. Especializada em EAD e as Tecnologias Educacionais. 2. Licenciada em História pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Pós-graduada em Desenvolvimento de Sistemas para Web. Mestra em História pela Universidade Es- tadual de Maringá (UEM). Professora orientadora da Pós-Graduação EAD Unicesumar. RESUMO Este trabalho visa a descrever o processo de ensino-aprendizagem que o Second Life, na Educação a Distância (EAD), pode proporcionar ao aluno, oferecendo, ao mesmo tempo, uma abordagem dinâmica e interacionista dos conteúdos trabalhados em disciplinas acadêmicas. Metodologicamente, foi utilizada a revisão bibliográfica e tomou- se, como base de consulta, a literatura especializada sobre o tema e artigos científicos selecionados no banco de dados da Scielo, objetivando, em um primeiro momento, demonstrar que a utilização do aparato tecnológico torna-se essencial para o melhor andamento e a apropriação de novas tendências pedagógicas, especialmente por propostas de formação educacional ofertadas a distância. Destacou- se, em um segundo momento, o papel que o Second Life poderá alcançar no processo para que antigos paradigmas sejam superados. Ao final, concluiu-se que o Second Life é um software que oferece amplo campo para práticas pedagógicas inovadoras, auxiliando docentes e discentes da modalidade de educação a distância a trabalharem com conteúdos e materiais diversos de forma mais interativa, sincronizada e com operacionalização desimpedida de entraves para novas possibilidades de ensino e aprendizado. Palavras-chave: Educação em rede. Tecnologias na educação. Paradigmas pedagógicos. Recurso didático. Realidade virtual. 42 Conhecimento e Educação 1. INTRODUÇÃO O apogeu do século XXI aspirou por exigências e gerou carências tecnológicas nos mais diversos níveis da sociedade contemporânea. Dentre elas, a educação apresenta-se como uma das áreas mais sensíveis ao rol de mudanças e tendências empregadas ao longo da sua historicidade. Ao mesmo tempo em que a educação se mostra suscetível às metamorfoses tecnológicas, ela impulsiona demandas mais profundas na didática e que requerem o emprego imediato dessas metamorfoses, no intuito de aperfeiçoar a prática docente e de agregar mais recursos para a aprendizagem do aluno. A tecnologia vem como uma ferramenta a acrescentar no processo de ensino-aprendizagem, possibilitando aos discentes maior interação e aplicação do conteúdo trabalhado, bem como um recurso para os professores, o que propicia, assim, um labor mais produtivo. Desse modo, este artigo tem a pretensão de discutir o uso de tecnologias educacionais que levem os alunos a interagir entre si, com vista em trocar informações e discutir tudo o que têm aprendido, bem como apreciar o contexto em que os futuros egressos se depararão ao aplicarem, no mundo real, todo o arcabouço de conhecimento que adquiriram em realidade virtual. A escolha do tema se justifica pela necessidade de observar um recurso extraclasse, uma ferramenta tecnológica que forneça ao sujeito aprendiz melhores condições pedagógicas de aprendizagem, como forma de dirimir o problema da distância, mantendo a conectividade com os demais colegas de estudo e de formação educacional. 43 Capítulo 3 - Second life como tecnologia de interação no ensino a distância A relevância está, justamente, em acompanhar a evolução que as tecnologias educacionais apontam, ou seja, a tendência de trabalhar com aspectos pedagógicos melhor elaborados, como no caso da educação em rede, que, em pouco tempo, se tornou regra. Portanto, é preciso se antecipar para que o posto de vanguarda seja mais que merecido, assim como a vantagem competitiva para as Instituições de Ensino Superior (IES). Logo, o resultado esperado é o de estabelecer uma discussão a respeito das tecnologias de realidade virtual, em especial o Second Life, dando ênfase aos benefícios para a sua aplicabilidade no ambiente educacional a distância, objetivando, ainda, melhor entender quais mecanismos esse sistema oferece, julgar qual a melhor maneira de utilizá-lo, se integrado ou não a outras ferramentas, além de conhecer e dominar os recursos técnicos que ele disponibiliza. 2. EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO E SECOND LIFE Com vertiginoso aumento, a EAD tem se mostrado um profícuo campo para a discussão teórica e o aprofundamento a respeito do seu alcance, do seu papel e da qualidade na formação do aluno que ingressa nessa modalidade de ensino. A valia do artigo, portanto, está em mostrar que as mudanças ocorridas na EAD foram concomitantes com as mudanças que ocorreram na sociedade como um todo, principalmente com as constantes inovações em tecnologia, o acesso à informação e à comunicação. 44 Conhecimento e Educação Assim, antes de problematizar a respeito da possibilidade de utilizar o Second Life na educação a distância, faz-se necessário um breve resgate histórico para melhor explicitar as qualidades pedagógicas que um software de interação possa apresentar, vistoque a interatividade se faz necessária para a sociedade de modo geral e também tem se mostrado como uma alternativa a ser trabalhada pelos educadores que pretendam focar em novas tecnologias, bem como no SL (abreviação para Second Life) e em sua aprendizagem interativa. Leitão (2012) relata que o Second Life é um mundo virtual 3D aberto ao público em 2003 pela empresa norte-americana Linden Labs e que, até novembro de 2010, possuía 21 milhões de contas registradas. Relatórios econômicos e demográficos periódicos divulgados pela Linden Labs indicam que, nos anos de 2010 e 2011, o número de contas efetivamente ativas no Second Life girava em torno de 1 milhão de usuários por mês. Complementando o relato de Leitão, Stacheski (2008, p. 193) lembra que “o SL é um sistema de interatividade virtual em 3D Massively Multiplayer Online Role-Playing Games (MMORPG)”. Prosseguindo em sua explanação, a autora ressalta e discorre sobre a simulação da vida real proporcionada aos usuários, ou seja, um verdadeiro mundo virtual, mais do que interativo. Pode-se afirmar que o SL se trata de um site de Redes Sociais Digitais (SRS). Bolsoni (2010, p. 72) considera que o objetivo geral de toda SRS é permitir a interatividade, quando o sujeito tem uma livre forma de se expressar e deseja partilhá-la com outros sujeitos que possuem o mesmo interesse, seja por assunto, tema, idade, lista de interesse ou segmento. No caso da EaD, o interesse seria a mesma IES, o mesmo curso, a mesma atividade em conjunto. 45 Capítulo 3 - Second life como tecnologia de interação no ensino a distância Por mundo virtual, adotamos a conceituação de Bell (2008 apud LEITÃO, 2012), como uma rede mediada por computadores, sincrônica e persistente, de pessoas representadas por avatares1. Com isso, o termo ciberespaço também pode ser determinado como o lócus virtual, criado pela conjunção das diferentes tecnologias de telecomunicação e telemática, em especial, mas não exclusivamente, as suportadas por computador (BOLSONI, 2010, p. 53). Pois bem, se o ciberespaço é um território livre de constrangimentos espaços-temporais, que possibilita a livre articulação entre os sujeitos e tudo o que dele faz parte, é possível afirmar que consiste em um espaço essencialmente democrático e aberto a permanentes, renovadas e inacabadas formas de apropriação e interação (MELLO; TEIXEIRA, 2012). Logo, o Second Life tem uma profundidade não tão rasa se comparada aos demais mecanismos de interação que a internet comumente oferece para todos. Nesse sentido, temos a diferenciação dada por Leitão (2012, p. 259): A sincronicidade permite que atividades sejam realizadas em tempo real e coletivamente. Na comunicação síncrona, “as partes envolvidas na troca de mensagens têm acesso imediato às respostas e reações do outro” (JUNGBLUT, 2004, p. 105), o que diferencia o Second Life de um blog ou fórum de discussão, onde as interações não são necessariamente síncronas. Sua persistência, por outro lado, o diferencia de um jogo de videogame tradicional. Não sendo centrado 1. A noção de identidade como fluída é o primeiro passo para compreender o papel do indivíduo no ciberespaço. Existem várias formas de formação de identidade e mu- dança de identidade no ciberespaço. “Avatares” – termo cunhado pelo romancista Neal Stephenson em Snow Crash para descrever sua identidade criada no ciberespaço – possui certos identificadores que marcam sua identidade online. Estes incluem en- dereços, nomes e autodescrições (NAYAR, 2004, [s.p.], tradução das autoras). 46 Conhecimento e Educação num único jogador, um mundo virtual não pode ser parado, sua existência persiste quando o usuário se desconecta. Essa última característica confere a um mundo virtual sua própria historicidade. Descortina-se, desse modo, a aplicação pedagógica, que pode ser realizada pelo uso de uma ferramenta com a peculiaridade de ser veloz nas suas trocas de dados. Apesar de se mostrarem interativas e atenderem à necessidade de transmissão de informações e suporte ao aprendizado do aluno, as ferramentas correntemente usadas são limitadoras da ação dos discentes, pois os objetivos dessas ferramentas são de, justamente, os manterem focados em determinada parte do sistema. Dentro da teoria de Educação à Distância (EAD), o Second Life é uma ferramenta tecnológica que propicia um Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA) e está classificado de acordo com a 4ª/5ª geração da EAD no Brasil. Ressalta-se aqui que a 1ª geração está em torno dos processos educacionais realizados via correspondências, a 2ª geração corresponde à mediação educacional por rádio e televisão, a 3ª geração por meio da internet e a 4ª e 5ª geração por ambientes virtuais de aprendizagem que implicam em uma imersão virtual do aluno/usuário (VIANNEY; TORRES; SILVA, 2003 apud STACHESKI, 2012, p.193). Como citado, o SL está inserido na última geração de ferramentas tecnológicas, é aplicado por grandes centros acadêmicos do mundo e do Brasil. Apesar da sua popularidade estar atrelada apenas ao fator entretenimento que o jogo contém, a sua aplicabilidade ao ambiente educacional se mostra cada vez mais corrente e aceita. 47 Capítulo 3 - Second life como tecnologia de interação no ensino a distância Seguem exemplos que demonstram a utilização do Second Life na educação, conforme mostrado a seguir: Quadro 1 - Aplicabilidade do SL em instituições estrangeiras INSTITUIÇÃO MODELO Faculdade de Direito da Universi- dade de Harvad, EUA Começou um curso em que algumas aulas são dadas numa sala virtual. Universidade Goldsmiths, Lon- dres, Inglaterra Os estudantes de arte apresen- taram seus trabalhos de formatu- ra no SL. Universidade de Aveiro Realizou um workshop sobre co- municação, educação e formação no Second Life. Criou, ainda, um campus virtual para e-learning (aprendizagem virtual) em várias disciplinas. LanguageLab, Londres, Inglaterra Oferece aulas virtuais de inglês e espanhol. A escola receberá, a partir de setembro, os avatares dos estudantes em sua ilha no mundo virtual, onde uma cidade inteira foi construída. Os avatares encontrarão seus professores para atividades nos hotéis, bares, clubes, escritórios e lojas detalhadamente realistas, os estudantes e professores falarão uns com os outros utilizando uma tecnologia VoIP (voz sobre IP). Fonte: adaptado de Schlemmer (2007, on-line). No Brasil, algumas experiências também são marcantes para que o SL começasse a ser aplicado no âmbito acadêmico e auxiliasse no processo de ensino-aprendizagem para os alunos que o usavam como uma ferramenta pedagógica, tais como no quadro a seguir: 48 Conhecimento e Educação Quadro 2 - Aplicabilidade do SL em instituições brasileiras INSTITUIÇÃO MODELO Anhembi Morumbi Localizado na Ilha Brasil, realizou um evento para estudantes do Ensino Médio que desejavam conhecer de perto o dia a dia das profissões, tirar dúvidas e descobrir curiosidades sobre as mais diversas possibilidades de carreira. Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) Tem uma ilha no SL – Ilha Unisinos (a primeira ilha de uma universidade brasileira no SL), em que foram modelados o campus, a biblioteca – a maior da América Latina – e o auditório para eventos. Essa universi- dade criou, também, o primeiro grupo de pesquisa em educação digital, vinculado ao programa de pós-graduação em Educação, que apresenta as pesquisas desenvolvidas e possui espaços para a discussão e o trabalho em grupos, utilizados pelos alunos do mestrado em Educação e pelos graduandos em Pedagogia. Fonte: adaptado de Schlemmer (2007, on-line). Como percebido nos quadros apresentados, o SL é usado como apoio, um ambiente complementar se comparado ao Moodle (software livre de apoio à aprendizagem). Ele não tem a característica de ser unidimensional, ou seja, o aluno apenas o alimenta com as suasatividades ou recebe materiais diversos da equipe pedagógica. Promove, sim, a interação entre a sala de aula e o mundo do trabalho, como também entre os próprios discentes, tal qual é mostrado na Universidade Goldsmiths, por meio da apresentação de trabalhos desenvolvidos pelos próprios alunos. 49 Capítulo 3 - Second life como tecnologia de interação no ensino a distância O SL tem sido utilizado em pesquisas para desenvolver simulações sociais e para investigar os relacionamentos sociais de residentes do SL, a história, a teoria e a prática da representação e da produção de arquitetura, as questões relacionadas à aprendizagem de pessoas com algum tipo de deficiência, as habilidades ensinadas em ambientes virtuais e a nova cultura digital, entre outros temas. Além dessas experiências, são criados eventos científicos, bibliotecas, exposições e museus digitais virtuais. Enfim, quanto ao uso e à aplicação do SL, este se mostra muito flexível e utilizável nas mais diversas áreas do conhecimento no contexto educacional. Os casos citados ilustram a usabilidade do SL para a construção do conhecimento, cujo aluno é o próprio autor. Stacheski (2012, p. 194) lembra que existem mais de 70 universidades cadastradas no SL, as quais promovem aulas, palestras, seminários, encontros e outras atividades interativas. No Brasil, são mais de 16 universidades experimentando esse ambiente virtual de aprendizagem. Ainda há questionamentos, entretanto: em um mundo virtual, a realidade não será distorcida? O que o aluno aprenderá será algo para o seu conhecimento? Para esse tipo de questionamento, cabe como resposta uma pesquisa antropológica desenvolvida sobre o prisma dos limites entre o virtual e o real, a saber: O virtual, dessa forma, não implica desrealização, pois muitos dos atos produzidos pelos mecanismos de virtualização são fatos sociais concretos, já que produzem efeitos na realidade e, assim, não pertencem ao reino do imaginário, não desaparecem do universo das ações sociais tão logo sejam desligados os mecanismos tecnológicos que permitiram a sua existência “virtual” (JUNGBLUT, 2004, p. 102). 50 Conhecimento e Educação Como defendido nessa citação, não haverá, portanto, prejuízo ao aprendizado do aluno, pois os temas trabalhados serão e fazem parte do cotidiano, a problematização será feita a partir da sua realidade (valores, crenças e desejos) e da assimilação de conteúdos desenvolvidos na jornada de aulas. Inclusive, o SL tem a reprodução do cotidiano, fundamental para que o aluno desenvolva o seu potencial aprendizado. Reforçando, tem-se que: O problema, nesse caso, não é o do distanciamento entre as teorias sobre a escola e a realidade do dia-a-dia das escolas, mas sim, o distanciamento entre a educação escolar e a vida extra-escolar dos indivíduos. Em outras palavras, o problema é o distanciamento entre a escola e o indivíduo enquanto um ser concreto. A atividade escolar é vista como algo que não faz parte da vida cotidiana do indivíduo, como algo estranho e até hostil a essa vida. O objetivo passa a ser, então, o de diminuir essa distância, aproximar a escola do cotidiano, fazer da educação escolar um processo de formação que prepare melhor o indivíduo para enfrentar os problemas do cotidiano (DUARTE, 2007, p. 37). O SL se constitui, logo, como um reforço para o aprendizado do aluno, uma oportunidade para a assimilação e uma prática monitorada pelos professores e desenvolvedores. Como discutido nos Quadros 1 e 2, busca-se a integração entre os sujeitos participantes entre si com os conteúdos trabalhados, ou seja, romper barreiras, muros, romper com a concepção entre o que se fala em sala de aula e o que se faz na vida real, para que as aulas sejam significativas e auxiliem o aluno no seu cotidiano. Posto o retrospecto histórico, do nascimento até o estado atual do SL, bem como as instituições que usam essa metodologia 51 Capítulo 3 - Second life como tecnologia de interação no ensino a distância para o conhecimento, para a interpretação sócio-histórica, tem- se, como base, a teoria de Vygotsky (1998), pois, como lembra Oliveira (2011), os estudos desse teórico partem da dialética das interações do sujeito com o outro e com o meio para o seu desenvolvimento sociocognitivo, até porque “o comportamento do homem é formado por peculiaridades e condições biológicas e sociais do seu crescimento” (VIGOTSKY, 1998, p. 63). Vigotsky (1998) entende que o desenvolvimento é contínuo, pois o contexto cultural em que todos se encontram inseridos influencia o aspecto cognitivo de todos também ao longo da vida. Observam Mello e Teixeira (2012, p. 3) que: Neste processo, o ser humano necessita estabelecer uma rede de contatos com outros seres humanos para incrementar e construir novos conceitos. O outro social se torna altamente significativo para as crianças que estão no auge do seu desenvolvimento, uma vez que assume o papel de meio de verificação das diferenças entre as suas competências e as dos demais, para, a partir deste processo, formular hipóteses e sintetizar ideias acerca desses laços constituídos, tornando um processo interpessoal, num processo intrapessoal. De acordo com o exposto, Vigotsky (1998) considerava o movimento do aprendizado como algo comum, ou seja, que faz parte da gama de conhecimentos da sociedade. O sujeito, quando se defronta com o saber e se apropria dele, toma para si aquele determinado saber. As tecnologias de rede podem propiciar diferentes formas de interação viabilizando o saber coletivo, pois, durante uma participação em rede, o indivíduo assume uma postura compartilhada, sua comunicação ganha contornos reticulares e o 52 Conhecimento e Educação envolvimento com a atividade se dá na seara da cooperação. O sujeito precisa entender e ser entendido pelo outro, para que o somatório das diferenças e a articulação dos diferentes níveis de desenvolvimento contribuam para a realização dos objetivos do grupo (MELLO; TEIXEIRA, 2012, p. 8). Vigotsky (1998), contudo, considera que a mediação deve ser feita, principalmente, pelo professor, que propiciará aos seus alunos a interação com instrumentos e símbolos por meio da linguagem, pois a palavra é um meio de interação fundamental entre todos, ao passo que possibilita deixar comum a todos a gama de conhecimento produzido historicamente pela sociedade em que determinado sujeito tem participação. Bolsoni (2010) explica que as tecnologias digitais desempenham profunda mudança na sociedade, dinamizando a interação entre os indivíduos e, também, estabelece o pertencimento com as suas comunidades no virtual, o que, certamente, altera o cotidiano de suas vidas sociais. Diante disso tudo, percebe-se como é importante, para o campo das redes sociais, a linguagem e todos os símbolos nela embutidos para que, assim, a dinamicidade ocorra, em especial, na área da educação. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao longo do presente artigo, foi discutido como a educação a distância contribui para a aprendizagem do aluno e o possibilita vencer as fronteiras geográficas e estruturais para chegar à meta desejada. 53 Capítulo 3 - Second life como tecnologia de interação no ensino a distância Até o presente modelo de educação a distância, as instituições de ensino procuraram ofertar ao aluno a oportunidade para o conhecimento, segundo as tecnologias de dado momento histórico, desde o ensino por correspondência até o SL, o qual tem uma abordagem muito mais participativa e interacionista, que possibilita o aluno vivenciar os conteúdos trabalhados e ligá-los ao seu cotidiano educacional. Diante de casos reais na educação brasileira e no exterior, se percebe que o uso do Second Life é de aplicabilidade possível e com alcance além da graduação, ou seja, utilizável também nos programas de pós-graduação lato-sensu. Essas são as principais características
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