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Monografia II

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0 
 
 INSTITUTO AVANÇADO DE ENSINO SUPERIOR DE BARREIRAS- 
IAESB 
FACULDADE SÃO FRANCISCO DE BARREIRAS- FASB 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
ELISANY SANTOS DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
A MULHER NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO: ANÁLISE DAS 
(DES) IGUALDADES DA PERSPECTIVA DE GÊNERO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARREIRAS-BA 
2017 
 
1 
 
ELISANY SANTOS DE CARVALHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
A MULHER NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO: ANÁLISE DAS 
(DES) IGUALDADES DA PERSPECTIVA DE GÊNERO 
 
 
 
 
Artigo científico apresentado à Faculdade São 
Francisco de Barreiras- FASB, como exigência 
à obtenção do título de bacharel em Direito. 
Orientador: Prof. Mestrando Marcus Vinicius 
Aguiar Faria 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARREIRAS-BA 
2017 
 
2 
 
ELISANY SANTOS DE CARVALHO 
 
 
A MULHER NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO: ANÁLISE DAS 
(DES) IGUALDADES DA PERSPECTIVA DE GÊNERO 
Artigo científico apresentado à Faculdade São 
Francisco de Barreiras - FASB, como exigência 
à obtenção do título de bacharel em Direito. 
 
Data da aprovação: ______/______/________ 
 
Banca examinadora: 
__________________________________________________ 
Prof. Marcus Vinicius Aguiar Faria 
Faculdade são Francisco de Barreiras (FASB) 
 
__________________________________________________ 
Prof. Luiz Antonio Fabro 
Faculdade são Francisco de Barreiras (FASB) 
 
__________________________________________________ 
Prof. Rafael Corado 
Faculdade são Francisco de Barreiras (FASB) 
 
 
 
BARREIRAS-BA 
2017 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Às milhares de mulheres encarceradas e esquecidas dentro do sistema 
penitenciário. 
 
4 
 
AGRADECIMENTOS 
Primeiramente a Deus, por ter me dado a oportunidade de iniciar este curso e 
a superar todas as dificuldades nesses anos de universitária. 
Ao meu orientador Marcus Vinicius de Aguiar Faria, pelo profissionalismo, 
dedicação e confiança. 
Aos professores Aderlan Messias e Delyana Marinho pelas incansáveis 
correções. 
Ao meu esposo Mestre em Direito Jandimário, pela compreensão, carinho e 
amor durante essa etapa, e que com sua experiência na área só teve a acrescentar 
nesse estudo. 
À minha família pelo incentivo e amor incondicional. Especialmente ao meu 
pai Eli que me deu a oportunidade e o apoio para alcançar o ensino superior. 
Aos amigos que fiz durante o estágio na 1ª Vara Crime de Barreiras-Ba, em 
nome da atual escrivã, Kátia Cristina Amorim Pereira, recebam o meu muito 
obrigada, pela oportunidade, pela paciência, pelas dúvidas respondidas, enfim, por 
formarem a profissional que eu serei amanhã. 
Aos meus amigos e companheiros de trabalho, em especial a Láisa e Camila, 
que fizeram parte da minha formação e que continuarão fazendo parte da minha 
vida. 
À todos aqueles familiares e amigos que direta ou indiretamente fizeram parte 
dessa grande etapa de minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se a história das lutas e conquistas das mulheres, como 
sujeitos de Direito, sempre esteve ligada aos Direitos 
Humanos, no caso da mulher em situação de confinamento, 
esta não parece evidenciar-se com tanta proeminência. 
Márcia de Lima 
 
 
 
6 
 
A MULHER NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO: ANÁLISE DAS (DES) 
IGUALDADES DA PERSPECTIVA DE GÊNERO 
Elisany Santos de Carvalho 1 
Marcus Vinicius Aguiar Faria ² 
RESUMO 
O presente artigo privilegia um estudo acerca de uma temática atual que é a 
situação prisional das mulheres no Brasil, sob o aspecto da discrepância de gênero. 
Nesse contexto a pesquisa busca averiguar a evolução histórica e o reconhecimento 
da vulnerabilidade das mulheres inseridas nesse contexto, apontando a 
discriminação de gênero e os estigmas dentro do cárcere feminino, assim como as 
assistências que são asseguradas para as encarceradas na medida de suas 
peculiaridades. No primeiro momento foi aplicado a essa pesquisa um estudo 
bibliográfico que traça a história da prisão no Brasil e a história da primeira 
penitenciária destinada a mulheres “delinquentes”. Assim como traz aspectos 
relevantes da figura masculina e feminina desde o séc. XV, no qual havia a figura da 
mulher ideal, que era fiel ao seu marido e pronta para os afazeres domésticos e 
aquela que não fazia parte deste “padrão” era encaminhada para as chamadas 
casas de correção que funcionava como uma penitenciária. No segundo momento 
há um estudo legislativo, para saber quais direitos são assegurados para as 
mulheres, em situação prisional, restando evidenciada a linguagem sexista dos 
textos penais, ao estar sempre se referindo ao “preso”, “ao acusado”, “ao 
condenado” etc., se referindo pouquíssimas vezes a mulher prisioneira. Dessa forma 
restou-se evidenciada que não há diferença de gênero dentro do presídio, sendo as 
mulheres tratadas como homens sem respeito a sua intimidade, sem condições 
mínimas de higiene necessária para a criação de seus filhos menores, sem o devido 
cumprimento das poucas normas pertinentes a sua condição de gênero e ali 
esquecidas pelo sistema prisional brasileiro. 
 
Palavras-chave: Execução penal, Mulheres, Estigmas, Cárcere. 
ABSTRACT 
The present article privileges a study about a current theme which is the prisoner 
situation of women in Brazil, under the aspect of gender discrepancy. In this context, 
the research seeks to investigate the historical evolution and the recognition of the 
vulnerability of the women inserted in this context, pointing out the gender 
discrimination and the stigma within the female prison, as well as the assistance 
demands which are guaranteed for those incarcerated according to their peculiarities. 
Primarily, it was taken a bibliographic study which traces the history of the prison in 
Brazil and even the history of the first penitentiary for "delinquent" women was 
applied, as well as bringing about relevant aspects of the male and female figure 
 
1 Acadêmica do curso de Direito da Faculdade São Francisco de Barreiras- FASB. 
² Professor orientador esp. em Direito Tributário pela UNIDERP, esp. em Direito Penal Econômico 
pela Universidade de Coimbra em Portugal e mestrando em Direito Constitucional pela IDP. E-mail: 
prof.marcus.farias@gmail.com 
 
7 
 
since the 19th century, in which there had been the figure of the ideal woman who 
was faithful to her husband and ready for household chores and the one who was not 
part of this "standard" was referred to the so-called correctional houses that 
functioned as a penitentiary. Secondly, there is a legislative study to know which 
rights are guaranteed to women in prisons, evidencing the sexist language of the 
criminal texts, always referring to the "prisoner", "the accused", "the condemned" 
etc., making high rarely reference to the prisoner woman. In this way it has been 
evidenced that there is no difference of gender within the penitentiary and having the 
women being treated like men without any respect to their intimate traits, without 
minimum conditions of hygiene concerning the necessity condition to the creation of 
their smaller children, without the due compliance of the few pertinent norms related 
to their condition of gender and forgotten by the Brazilian prison system. 
 
Key words: Criminal execution, Women, Stigmata, Prison. 
SUMÁRIO: Introdução, p. 07; 1.0 História da Prisão no Brasil, p. 09; 1.1 História da 
Prisão feminina no Brasil, p. 11; 2.0 Discriminação de Gênero, p. 12; 3.0 Os 
Estigmas do Cárcere Feminino, p. 17; 3.1 Abandono, p. 20; 3.2 Visitas Íntimas, p. 
21; 3.3 Homossexualidade, p. 22; 3.4 Ressocialização, p. 23; 4.0 Normativa Sobre a 
Diferença de Gênero na Execução Penal, p. 24; Considerações Finais, p. 28; 
Referências, p. 31. 
INTRODUÇÃO 
Por muitos anos, o baixo índice de criminalidade entre as mulheres, fez com 
que o Estado deixasse de se preocupar em criar meios de puniçãopara as 
infratoras, sendo inexistente para elas um sistema penitenciário adequado as suas 
especificidades, no entanto, com decorrer do tempo, a partir de 1920 houve um 
aumento no número de mulheres delinquentes de forma significante, passando o 
Estado, a partir de então olhar para a mulher delinquente de forma a atuar com 
autoridade sobre elas. 
Dentro dessa condição, o encarceramento de mulheres se dava em salas, 
celas, alas e seções que eram separadas dos homens, porém, importante se faz 
ressaltar que não havia dentro desse contexto regulamentação alguma, nem ao 
menos instrução que fizesse jus em tratar da situação da mulher em cárcere. 
Neste aspecto, são evidentes as desigualdades encontradas dentro do 
sistema carcerário feminino para com o masculino, no entanto, existem também 
semelhanças que devem ser analisadas quanto ao tratamento do gênero feminino 
8 
 
nesse sistema, vez que, possuem peculiaridades como gestação, período menstrual, 
razões estas que exigem o mínimo de higiene e acompanhamento médico. Essas 
situações de certa forma causam um impacto maior na sociedade brasileira, pois, 
trata-se de mulheres, que são consideradas diante de uma parcela da sociedade 
como sensíveis, por ser o “sexo frágil”. 
A presente pesquisa é caracterizada como temática atual, vez que, trata-se 
de contexto social e jurídico que vem sofrendo grande dinâmica, assim como 
atualização legislativa, alterações essas de suma importância para toda a 
sociedade, pois, entende-se que a situação do sistema prisional brasileiro feminino 
não pode e nem deve ser um assunto de interesse apenas daqueles que estão 
inseridos nesse contexto, mas sim de todo o coletivo, que direta ou indiretamente 
tem participação ativa nessa condição, e sofre das consequências das falhas desse 
sistema. 
Através de pesquisa básica bibliográfica, qualitativa e pesquisa legislativa. 
Quanto a pesquisa bibliográfica e qualitativa, houve o levantamento de diversa obras 
e normas, acerca da história das prisões e especificadamente a história da prisão 
feminina no Brasil, os estigmas do cárcere e as (des) igualdes de gênero no sistema 
prisional brasileiro com a citação de renomados autores. Quanto a pesquisa 
legislativa, foram estudadas leis penais que formam a normativa sobre a diferença 
de gênero na execução penal. 
O presente artigo está dividido em quatro tópicos. O primeiro tópico explana 
acerca da evolução histórica desde a história da prisão no Brasil até o surgimento da 
primeira penitenciária feminina. O segundo versará sobre a discriminação de gênero 
na sociedade, as diferenças de tratamento entre homem e mulher desde décadas 
passadas até o momento atual. O terceiro tópico faz menção aos estigmas 
provocados pelo cárcere. O quarto tópico traz a normativa sobre a diferença de 
gênero na execução penal. 
Logo, tem por objeto despertar o interesse dos leitores para as diferenças de 
gênero no sistema penitenciário, desigualdades essas que muitas das vezes 
viabilizam que mulheres sejam esquecidas por uma parte da sociedade, como 
9 
 
consequência da falta de estrutura e o abandono, com a busca de contribuir para a 
produção de conhecimentos específicos sobre esta realidade. 
1.0 HISTÓRIA DA PRISÃO NO BRASIL 
O Brasil, até 1830, era uma colônia portuguesa e portanto não tinha ainda um 
Código Penal próprio, submetendo-se às Ordenações Filipinas, onde havia um livro 
denominado de livro V, no qual trazia um rol de crimes e penas que seriam aplicados 
no Brasil. Eram previstas penas de morte, degrado para as galés e outros lugares, 
penas corporais, confisco de bens e multa e ainda pena como a humilhação pública 
do réu. Nesse momento não existia ainda a previsão do cerceamento e privação de 
liberdade, pois as ordenações são do século XVII e os movimentos reformistas 
penitenciários começam apenas no fim do século seguinte, os estabelecimentos 
prisionais do Brasil seguiam o entendimento de que a prisão era só um meio de 
evitar a fuga para a pena que viria e não como fim, como uma pena. (SANTIS e 
ENGBRUCH, 2012). 
Em 1824, momento em que surge uma nova Constituição, e o Brasil começa 
a reformar seu sistema punitivo, iniciou-se banindo as penas de açoite, a tortura, o 
ferro quente e outras penas cruéis e determinou que as cadeias deveriam se 
seguras, limpas e bem arejadas dividindo em diversas casas para a separação dos 
réus, conforme a circunstâncias, e natureza dos seus crimes cometidos, porém a 
abolição das penas cruéis não foi plena, já que os escravos ainda estavam sujeitos a 
elas. Santis e Engcruch (2012, p. 10) afirmam ainda que apenas em 1830, houve o 
primeiro código Criminal: 
Em 1830, com o Código Criminal do Império, a pena de prisão é introduzida 
no Brasil em duas formas: a prisão simples e a prisão com trabalho (que 
podia ser perpétua); com o novo Código Criminal a pena de prisão passa a 
ter um papel predominante no rol das penas, mas ainda se mantinham as 
penas de morte e de galés (trabalhos forçados e também poderia ser 
perpétua). O Código não escolhe nenhum sistema penitenciário específico, 
ele deixa livre a definição desse sistema e do regulamento a ser seguido a 
cargo dos governos provinciais. 
Nota-se então que o sistema penitenciário da época era precário, a pena de 
prisão que se tornou um papel predominante foi substituída pela a pena de trabalho 
forçado, ou seja, uma espécie de escravidão, não havendo ainda, portanto um rol 
taxativo de penas ficando a critério do julgador o regulamento a ser seguido. Nesse 
10 
 
momento os castigos deixaram de ser escandalosos, não se via mais pena de 
humilhação pública. 
Foucault (1999, p. 18) destaca que: 
Se não é mais ao corpo que se dirige a punição, em suas formas mais 
duras, sobre o que, então, se exerce? A resposta dos teóricos - daqueles 
que abriram, por volta de 1780, o período que ainda não se encerrou - é 
simples, quase evidente. Dir-se-ia inscrita na própria indagação. Pois não é 
mais o corpo, é a alma. À expiação que tripudia sobre o corpo deve suceder 
um castigo que atue, profundamente, sobre o coração, o intelecto, a 
vontade, as disposições. 
Segundo o autor, passou-se a substituir o corpo e o sangue, entrando em 
cena uma realidade incorpórea, no qual a punição, historicamente, torna-se uma 
função social extremamente complexa. Dessa forma, o final do século XVIII e início 
do século XIX, surge então uma nova legislação, na qual define o poder de punir 
como uma função geral da sociedade. Sendo assim, a prisão surgiu intimamente 
ligada ao próprio funcionamento da sociedade. A partir do momento em que o 
capitalismo colocou nas mãos da classe popular uma riqueza investida em matérias 
primas, foi necessário proteger melhor essa riqueza e se encontrou na privação da 
liberdade o castigo ideal para proteger os bens de uma sociedade capitalista. 
(OLIVEIRA, 2008) 
A partir dessas marcações históricas então que a prisão passou a ser o 
principal castigo da sociedade com importantes inovações. Oliveira, (2008, p. 24) 
salienta que: 
Mas, ao fazer da detenção a pena por excelência, foram introduzidos 
processos de dominação característicos de um tipo particular de poder. 
Uma justiça que se diz igual, um aparelho judiciário que se pretende 
“autônomo”, mas que é investido pelas assimetrias das 24 sujeições 
disciplinares, tal é a conjunção do nascimento da prisão, “pena das 
sociedades civilizadas”. 
Dessa forma, não custa ressaltar a afirmação de Foucault ao dizer que a 
prisão é uma detestável solução, pois há todos os inconvenientes, tornando-se a 
mesma perigosa quando não é inútil, porém não há algo para substitui-la, não 
podendo abrir mão da mesma (FOUCAULT, 1999). 
1.1 HISTÓRIA DA PRISÃO FEMININA NO BRASIL 
11 
 
Durante séculos era baixo o índice de criminalidade entre as mulheres, com 
isso fez com que o Estado se despreocupasse em criar iniciativas para essas 
infratoras. Somente em 1920 houve um aumentono número de mulheres 
delinquentes, foi quando o Estado passou a exercer mais autoridade sobre elas. 
(SOARES E ILGENFRITZ, 2002) 
O primeiro presídio feminino foi em 1645 na Holanda, em Amsterdam. No 
século XIX foi criada a primeira penitenciária feminina em Nova York, nos Estados 
Unidos e surgiram logo em seguida, as casas de correção femininas sob 
responsabilidade da congregação da Igreja Católica, Bom Pastor. Tais centros de 
detenção eram entidades semiautônomas, funcionando à margem do sistema 
carcerário formal. Porém, até então a mulher ainda possua a imagem de “mulher do 
lar”, tanto que em 1838, as mulheres não eram presas somente por cometer crimes, 
mas também por não ser a mulher “ideal” para o serviço doméstico, para os pais, 
para o casamento etc. (SOARES E ILGENFRITZ, 2002) 
A jornalista Queiroz (2015, p. 73) ressalta que: 
O processo de criação deste piloto, porém, foi muito longe do ideal. 
Liderado pela Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, 
irmandade religiosa fundada em 1835 por Maria Eufrásia Pelletier, com 
sede em Angers (França), o presídio nasceu com o nome Instituto Feminino 
de Readaptação Social. Era uma casa destinada a criminosas, mas também 
a prostitutas, moradoras de rua e mulheres “desajustadas”. E 
“desajustadas”, naquela época, podia significar uma série de coisas muito 
distantes do desajuste. Eram mandadas para lá, por exemplo, mulheres 
“metidas a ter opinião”, moças que se recusavam a casar com os 
pretendentes escolhidos pelos pais ou até “encalhadas” que, por falta de 
destreza nas tarefas do lar, tinham dificuldades em arrumar marido. 
A partir do século XX o Brasil passou a se preocupar com as mulheres 
encarceradas. A primeira penitenciária feminina do Brasil foi a Penitenciária Madre 
Pelletier, de Porto Alegre, fundada em 1937, por freiras da Igreja Católica, que 
quando não conseguiram mais garantir a segurança entregaram a penitenciária a 
Secretaria de Justiça. Apesar de ser denominada como uma “penitenciária feminina” 
as mulheres condenadas do Brasil inteiro cumpriam pena em cadeias mistas, 
dividindo celas com homens, sendo estupradas pelos detentos e forçadas à vida de 
prostituição para sobreviver. Somente após muitas denúncias e discussões acerca 
do tema, foi que o Brasil, tardiamente, passou a construir presídios apenas para 
12 
 
mulheres, dando início pelo Rio Grande do Sul e espalhando-se pelo resto do país. 
(QUEIROZ, 2015). 
Em 1871, as irmãs da Congregação chegaram, mas foi somente em 1891 foi 
que houve a inauguração da primeira casa do Bom Pastor, um convento no Rio de 
Janeiro, com o apoio da escritora brasileira Gabriela de Jesus Ferreira França que 
solicitou à madre superiora francesa, a vinda de irmãs para o país. Em seguida, 
várias casas foram inauguradas inicialmente nos seguintes estados: Bahia, São 
Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Pernambuco, Pará, Alagoas, Rio Grande do 
Sul, entre outros, tendo por objetivo a recuperação de mulheres delinquentes. 
(PRIORI, 2014). 
Somente no ano de 1966, a primeira Penitenciária feminina construída no 
Brasil e adquiriu autonomia administrativa, recebendo o nome de Instituto Penal 
Talavera Bruce, era na época a única penitenciária de segurança máxima do estado 
do Rio de Janeiro destinada a mulheres condenadas a penas altas com capacidade 
para receber até 330 mulheres. (OLIVEIRA, 2008). 
Essa penitenciária apesar do nome ainda funcionava como uma prisão-
convento ou prisão internato, no qual a moral familiar, os bons costumes e os 
ensinamentos religiosos eram repassados às presas nas tentativas de delimitar os 
papéis que elas deveriam desempenhar na família e na sociedade. Mais uma vez, 
as normas impostas como modelo era idealizada de uma feminilidade controlada, 
passiva e amistosa da época. (PRIORI, 2014). 
2.0 DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO 
Homens e mulheres internos no sistema prisional não vivem a experiência do 
encarceramento da mesma forma. Muito pelo contrário, os aspectos relacionados à 
masculinidade e à feminilidade influenciam de maneira determinante o cumprimento 
da pena. Dessa forma, a reintegração na sociedade ou a recuperação do apenado 
ou apenada terá sua efetividade impactada. Em outras palavras, a política 
penitenciária buscará meios de desdobramentos muito específicos para homens e 
para mulheres, pois sua gestão, funcionamento e características são formadas por 
13 
 
valores culturais e simbólicos igualmente específicos: aqueles atribuídos ao 
masculino e ao feminino. (FOLTRAN, 2010) 
Foltran (2010, p. 5) destaca ainda que: 
Os estudos feministas, seguindo essa lógica, ofereceram diversos caminhos 
de interpretação sobre as relações entre os sexos, porém não existe 
consenso a respeito do que gera ou como nascem as distinções entre 
mulheres e homens. O princípio básico que norteou os estudos feministas 
era o de que sexo e comportamento são dois conceitos distintos, onde o 
primeiro não determina o segundo, e este não é mais do que o resultado do 
processo de socialização pelo qual passam todos os indivíduos que vivem 
em sociedade. Um xeque no determinismo biológico. 
Assim, é notório que a figura feminina ao longo da história, é criada por 
diferentes saberes e práticas. Dóceis, dependentes, frágeis, com vocação para a 
família, sendo inaceitável qualquer comportamento que divergem desse. As 
mulheres infratoras são consideradas opostas a figura feminina. No ordenamento 
jurídico atual e na sociedade a “mulher criminosa”, está oposta a mulher honesta, 
devendo essa oposição ser controlada pelo Estado. (MARTINS, 2009) 
Martins (2009, p. 11) afirma ainda que: 
Essas figuras femininas foram criminalizadas legal e socialmente como o 
homem, mantendo geralmente em comum a baixa escolaridade, o 
subemeprego a que são submetidos, a marginalização social e a violência 
estrutural que os circundam. São figuras construídas e reconhecidas não 
por serem mulheres, mas por pertencerem a determinados grupos sociais e 
exercerem determinadas funções. Isto porque, quando comparada ao 
homem, a mulher junto ao direito penal e às criminologia é relacionada, em 
muitos casos, à vitimização pela compreensão do período positivista de que 
a mulher é um ser que merecia cuidados e proteção por ser inferior e 
incapaz. Assim, a figura de uma mulher que, apesar de criminosa, é vítima, 
é uma constante até os dias atuais. O mito de que as mulheres não 
cometem delitos não é relacionado a questões biológicas que a diferem do 
homem, mas a sua repressão diferenciada no tempo e no espaço, por 
códigos que se preocupam em neutralizar aquela que colocaria em risco a 
instituição da família para além da segurança pública. E em prol também da 
família que os códigos, sob influência do discurso criminológico positivista, 
estipulam papéis fixos e dicotômicos: a mulher honesta, nunca viraria 
prostituta e a prostituta nunca poderia ser vítima de crime sexual. 
Especialmente a figura da prostituta não merecia proteção do Estado, 
segundo este discurso, por ser uma criminosa nata, enquanto a mulher 
honesta, sim, deveria ser a única figura feminina protegida juridicamente. 
Assim, resta afirmado que a diferença dos gêneros na sociedade não é algo 
atual deste antes do séc. XX a mulher tem um tratamento diferente do homem na 
sociedade, no sistema prisional ocorre de forma totalmente inversa. Homens e 
14 
 
mulheres são tratados com igualdade o que gera uma crítica da autora Priori (2014, 
p. 10): 
Geralmente, no sistema penitenciário, as mulheres são tratadas como se 
não tivessem necessidades diferenciadas. Elas sofrem, assim como os 
homens presos, as mesmas negligências e deficiências do sistema penal. 
Porém, o fato de o percentual de mulheres presas ser infimamente menor 
se comparado à população masculina, é um agravante, pois não desperta 
interesse das autoridades públicas em elaborar políticas que atendam as 
necessidades femininas. 
A criminalidade gera polêmicas discursõespor se tratar de um tema que 
engloba não somente o sistema penitenciário, mas também toda a sociedade desta 
forma Mizon, Danner e Barreto (2010, p. 72) destaca que: 
Outro aspecto importante a ser discutido são as relações de gênero ligadas 
à criminalidade, sendo que gênero refere-se ao significado de ser homem e 
de ser mulher para a sociedade e a cultura na qual estão inseridos, e na 
qual onde se pode perceber a desvalorização da mulher, que ocorre 
também no sistema prisional. 
O encarceramento de mulheres desde o momento em que se instaurou o 
Código Penal em 1941 eram em salas, celas, alas e seções separadas dos homens, 
mas não havia nenhuma regulamentação para isso e muito menos uma instituição 
para tal fim específico. Dessa forma Silva (2014, s. p. online) destaca que: 
Assim, as mulheres presas eram separadas ou não dos homens, de acordo 
com os desígnios das autoridades responsáveis no ato da prisão e de 
acordo com as condições físicas para tal. A primeira norma legal foi 
determinada pelo Código Penal e pelo Código de Processo Penal, ambos 
de 1940, e pela Lei das Contravenções Penais, de 1941. Desta forma, no 2º 
parágrafo, do Art. 29, do Código Penal de 1940, determinou-se que “as 
mulheres cumprem pena em estabelecimento especial, ou, à falta, em 
secção adequada de penitenciária ou prisão comum, ficando sujeitas a 
trabalho interno”. 
Quanto a essa separação Soares e Ilgenfritz (2002, p. 57) salientam que teria 
que acontecer de forma expressa no intuito de “garantir a paz e a tranquilidade 
desejada nas prisões masculinas, do que propriamente a dar mais dignidade às 
acomodações carcerárias, até então compartilhadas por homens e mulheres”. 
Ao chegar na prisão essas mulheres são encerradas em cubículos (celas), 
trancafiadas a cadeado, atrás de muros e grades, escondidas, e sob o julgamento 
da sociedade, do discurso jurídico e do sistema penal. Encontram-se à mercê de 
políticas públicas que simplesmente as esquecem, onde consequentemente se 
15 
 
convertem em uma estatística carcerária, majoritariamente masculina. O descaso 
reproduz o antigo pensamento de que cadeia é somente para homens. Desse modo, 
as mulheres são tratadas como intrusas em um espaço que não é seu, e o sistema 
penitenciário, de um modo geral, trata-as como se elas não existissem, submetendo-
as ao mesmo regime carcerário imposto aos homens, ao recebimento de uniformes 
iguais ao masculino, à falta de políticas públicas que atendam às especificidades e 
necessidades femininas, embora elas ainda estejam em uns espaços de reclusão 
“exclusivos” para mulheres. (PRIORI, 2014). 
Em referência a isso, a historiadora Perrot (1988, p. 256), afirma: 
O crime, o delito são assuntos de homens, atos viris cometidos na selva das 
cidades. Seu esvanecimento nesse teatro será o índice de uma submissão, 
de uma moralização ampliada da mulher? Ou uma certa forma de afastá-la 
para os bastidores? Essa indulgência, no fundo, não será suspeita? 
Recusar à mulher sua estatura criminal não será ainda uma maneira de 
negá-la? 
Até os dias atuais a organização prisional e a legislação penal não se 
atentaram ainda para as reais necessidades das detentas. O que ainda oferecem é 
um improvisado espaço prisional que foi criado para homens e recebem mulheres. 
São raros os edifícios construídos com o objetivo próprio de acolher mulheres, 
geralmente são prédios improvisados, antigos conventos, escolas e hospitais. E 
quando são criadas unidades penais femininas, a construção ocorre nos moldes dos 
masculinos, o que não favorece e nem atende as especificidades femininas que são 
bem diferentes das masculinas. (PRIORI, 2014). 
Nesse momento já se podia perceber uma discriminação de gênero, pois as 
mulheres eram separadas para uma ala isolada denominada de “purificação”, como 
se fosse uma anormalidade elas cometerem um crime. Em virtude ser mulher, 
algumas pessoas tem a ideia de que ela é um sexo frágil, devendo por tanto ser uma 
pessoa delicada, apta a realiza os afazeres de uma casa e auxiliar aos homens no 
que for preciso. Nesse sentido Soares e Ilgenfritz (2002, p. 58) abordam as 
características das mulheres: 
Dedicadas às prendas domésticas de todo tipo (bordado, costura, cozinha, 
cuidado da casa e dos filhos e marido), elas estariam aptas a retornar ao 
convívio social e da família, ou, caso fossem solteiras, idosas ou sem 
vocação para o casamento, estariam preparadas para a vida religiosa. 
16 
 
Silva (2014, s.p.) traz uma dupla discriminação, qual seja: 
Sobre sua transgressão, recai, além de um sistema punitivo de controle e 
de poder, uma representação social do seu papel feminino, ocasionando, 
assim, uma dupla discriminação: por ser criminosa e por ser mulher. Isso 
não significa que a mulher não possa ser sujeito ativo de uma ação 
criminosa ou que uma vez praticando uma infração penal, não possa se 
regenerar, afinal, sua condição de gênero, não a torna melhor ou pior que 
ninguém, porém, mais sensível. 
Avançando para o ano de 1984 quando foi sancionada a lei 7.210 (Lei de 
Execução Penal) em seu artigo 19, parágrafo único, deixa claro a discriminação da 
mulher a época, o que seria o “ensino profissional adequado a sua condição”? Que 
condição? De mulher? Veja o artigo na íntegra: 
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de 
aperfeiçoamento técnico. 
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à 
sua condição. (BRASIL, 1984, online) 
O artigo mencionado acima remete ao art. 5°, I, da Constituição Federal 
promulgada em 1988, um marco contra a discriminação, na qual estabelece que 
homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações perante a lei, nesses 
termos, qual seria o ensino profissional adequado a mulher? (BRASIL, 1988) 
A mulher deve ter a liberdade de escolher a profissão que deseja seguir, não 
pode ela fazer aquilo que a sua “condição” impõe, podendo ela trabalhar naquilo que 
melhor se adapte dentro dos recurso oferecidos pelo Estado. 
Nos presídios masculinos, as rebeliões são contínuas, eles exigem direitos, 
enquanto que as mulheres são menos organizadas lideram poucas rebeliões, menos 
atrativas para a imprensa por sua carência de agressividade. Matam menos gente 
na cadeia, passam anos sem que o Ministério da Justiça registre um assassinato, os 
motivos das brigas normalmente são ciúmes, inveja e muito pouco por rivalidade 
entre gangues. (QUEIROZ, 2015) 
Na sociedade é vista uma dificuldade em acabar com a discriminação e o 
preconceito de gênero, França (2011, p. 4), destaca o porquê que isso ocorre: 
Salienta-se ainda a existência da grande dificuldade em romper com as 
discriminações e preconceitos com relação às mulheres no âmbito policial, 
onde impera um terreno fértil a tais práticas. É que, dentro da visão 
masculina, o poder é exercido pelo homem, assim como a violência, as 
17 
 
ações criminosas. Enfim, cabe à mulher o papel de submissão, de 
fragilidade. Assim, impera neste cenário o comportamento machista, onde a 
condição de mulher vítima é agravada pelo próprio status de “ser mulher”. 
Nesta direção, os policiais homens (inclusive as policiais mulheres), 
acostumados a conviver diariamente com marginais e drogados, dos mais 
diversos graus de periculosidade, não atendem a mulher vítima de violência 
doméstica, com a presteza, prontidão e profissionalismo que a situação 
requer e se faz necessário. Sendo assim, esta mulher vítima é duplamente 
marginalizada. 
Isso ocorre porque segundo o médico Varella (2017, p. 20) a mulher é mais 
avessa à submissão aos superiores, pois desde criança aprende a se submeter às 
ordens moldando-a aos ensejos pessoais sem dar a impressão de rebeldia, porém a 
mulher em um momento percebeu que tinha voz, se não fosse isso ainda estariam 
confinadas ao lar, sem direito a voto e a ganhar a vida por conta própria. Mas, ainda 
com esses direitos sofrem preconceitos. 
Então a mulher sofre discriminação porser criminosa e por ser do gênero 
feminino, pelo simples fato da mulher ser vista como o braço direito do homem, 
aquela que foi preparada para cuidar da casa, dos filhos, ir a igreja e submeter-se as 
ordens do marido. 
3.0 OS ESTIGMAS DO CÁRCERE FEMININO 
As autoras Soares e Ilgenfritz (2002, p. 14/15) da obra Prisioneiras, relatam o 
despertar na carceragem em visita a Delegacia, sem divulgar o nome do local, veja: 
Nessa delegacia, em suma, tivemos a sensação de está saindo de um 
senário de ficção, ao estilo e sabor de Pantaleão e as visitadoras ou de 
Dona Anja, tal surrealismo constatado no comportamento do delegado, dos 
policiais e das presas – levando-se ainda em consideração as 
características do espaço e os acontecimentos presenciados. Mas as 
impressões deixadas por essa visita, além de muito marcantes, foram úteis 
para entender um pouco melhor o que representa o descalabro do sistema 
carcerário brasileiro, com seus antagonismos e contradições. 
Foram presenciadas pelas autoras cenas como “banheiros miseráveis”, um 
alojamento pequeno que servia como uma cozinha improvisada da qual partia um 
“cheiro forte e desagradável de comida”, goteiras e água escorrendo pelas paredes, 
os espaços para entrevista foram improvisados, a alimentação que “foi em grande 
parte despejadas em vasilhas na entrada do anexo”, como se serve um animal, 
situações essas notoriamente precárias sem um mínimo de higiene. 
18 
 
As autoras ao serem convidadas para um café se deparam com uma cena 
que elas denominaram ser parecida com um prostíbulo: 
Vimos, então, uma cena que deveria ser impossível numa carceragem 
feminina: mulheres que ainda estavam nas suas camas com roupas de 
dormir, transparentes ou coladas ao corpo; outras transitavam com 
desenvoltura pelo alojamento, fazendo arrumações, consertando roupas, 
prendendo os cabelos etc. toda pareciam muito à vontade e, na realidade 
não haveria nada de mais nisso, se não fosse a presença de um dos 
policiais do plantão do dia confortavelmente sentado em uma das camas, 
conversando com animação e saboreando um lanche especialmente 
preparado para ele. O fato é que, salvo pelas grades das janelas, tudo 
naquele ambiente lembrava um prostíbulo, com as mulheres adulando seu 
cafetão e vice-versa. 
Lima (2006, p. 7), também destacou a primeira visita de sua equipe em uma 
penitenciária feminina: 
Entra pela primeira vez na penitenciaria feminina causou um impacto muito 
grande na equipe. Os portões de ferro, os cadeados, o corredor 
administrativo com mulheres conversando aflitas com advogados gerou, nos 
membros da equipe, diversos tipos de sentimento: o medo, a insegurança, a 
tristeza e a vontade de sair o mais rápido daquele lugar. 
Na penitenciaria feminina há muitas infecções ginecológicas causadas pelas 
calcinhas, já que ao entrar na penitenciária a mulher recebe apenas um kit de 
higiene contendo apenas uma calcinha, sendo a detenta que não tem família e nem 
condições financeiras obrigadas a lava-la e vestir ainda molhada, também recebem 
uma vez ao mês um “pacotinho” de absorvente, insuficiente para aquelas possuem 
um ciclo longo. (VARELLA, 2017) 
Foltran (2010, p. 10) quanto a repressão, relata que: 
De modo geral, a repressão está presente tanto na unidade masculina 
quanto na feminina. É na sua motivação de fundo que percebemos as 
diferenças de gênero sendo operadas. É bastante comum que a polícia 
conheça histórias e as compartilhe abertamente, chegando muitas vezes e 
ferir o sigilo exigido legalmente para profissionais como o médico, o 
assistente social e o enfermeiro. Os julgamentos morais aparecem 
frequentemente quando se referem a algum interno, de modo que termos 
tais como: “mulher de bandido” ou “vagabunda” são dirigidos às mulheres 
presas. Talvez traduzam um sentimento de que aquela mulher não estava 
no seu lugar devido, na domesticidade. De fato, é possível perceber em 
alguns discursos certa indignação a esse respeito. A criminalidade feminina 
ofende mais porque representa a reversão da feminilidade, enquanto o 
crime do homem representa, outrossim, a reafirmação da masculinidade, ou 
seus aspectos levados às últimas consequências. 
19 
 
Esse poder repressivo que gerencia as unidades prisionais colabora com o 
isolamento extremo, o abandono, vivenciado pelas pessoas presas. Entretanto, há 
uma rede informal de solidariedade que vem de encontro à ideologia repressiva e 
que se institui justamente para oferecer aos condenados o apoio indispensável tanto 
durante seu internamento, tanto quanto o seu livramento: tratam-se das famílias, 
igrejas, grupos de mulheres. (FOLTRAN, 2010) 
Ainda sobre a repressão que a mulher sofre, França (2011, p. 3) destaca que: 
Outro ponto que é pertinente destacar neste artigo diz respeito à vitimização 
da mulher, a qual é vítima de crimes como ameaça, violência doméstica, 
estupro, cárcere privado, homicídio, entre outros. Sobre esta vítima mulher 
foi lançada a visão masculina, a qual muitas vezes atribuía à própria vítima 
a causa do crime. Apedrejava-se a adúltera, matava-se pela honra, agredia-
se pela afronta à superioridade masculina do “Senhor” marido, estuprava-se 
porque a mulher insinuou-se, “provocando” o homem. Nestes termos, a 
vítima torna-se ré. Logo, observa-se que em um discurso masculinizado, 
não há preocupação com a dignidade da mulher, com sua integridade física, 
moral e principalmente psicológica. Tanto é assim que o estupro é até os 
dias atuais, considerado um crime contra os costumes. Estuprar uma mulher 
é ofender os bons costumes da sociedade XV Encontro Latino Americano 
de Iniciação Científica e XI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – 
Universidade do Vale do Paraíba machista ou é ofender a integridade física, 
moral, psicológica da mulher, bem como sua liberdade? Tanto era assim (ou 
ainda o é) que a mulher casada que era estuprada pelo seu marido sequer 
poderia denunciá-lo, uma vez que este homem estava exercendo seu 
“direito de marido”. 
No mesmo sentido destaca a professora Foltran (2010, p. 11) que: 
Quando os serviços prestados dentro da própria penitenciária se tornam 
inalcançáveis para as pessoas presas a rede informal de solidariedade irá 
desempenhar o papel fundamental de mediar o contato do interno com seus 
direitos. São as famílias agilizam junto à VEC e à defensoria pública todos 
os trâmites necessários para que haja contagem de tempo, por exemplo, 
em função da progressão da pena. A marcação de consultas, exames e 
outros procedimentos da área da saúde não disponíveis na penitenciária 
também está a cargo das mulheres em contato com os presos. Na área de 
assistência social, o cadastramento em programas sociais ou os pedidos de 
benefícios assistenciais ou previdenciários é de responsabilidade dos 
familiares e os profissionais do sistema pouco ou nada ajudam na questão. 
Até mesmo a proteção aos filhos de pessoas presas está longe de ser uma 
preocupação da prisão. 
Desta forma, ao adentrar o fórum é normal encontrar parentes de presos ali, 
nos balcões das varas criminais, para saber como está o processo, de que forma 
está agindo seu advogado ou defensor, ou até mesmo informar a conclusão da 
pena, para que o judiciário pressione os agentes penitenciários a soltar o preso que 
cumpriu sua pena. Então costuma-se dizer então que a família, as companheiras 
20 
 
são quem dá impulso oficial ao processo, conforme destaca a autora mencionada 
acima. 
Contudo, é de se observar que, assim como os presídios masculinos, no 
feminino também há sujeiras, superlotação, humidade, falta de estrutura, porém 
causa um impacto maior na sociedade por se tratar de mulheres e por ser um tema 
considerado “sensível”, diante do “sexo frágil”. 
3.1 ABANDONO 
Para iniciar este tópico é necessário entender a forma de pensar, agir e falar 
das mulheres encarceradas, dessa forma será entendido que a vida no espaço 
prisional por si só, é capaz de produzir nos sujeitos envolvidos um processo queenvolve, ao mesmo tempo, punição e ressocialização. (FRANÇA, 2011) 
Varella (2017, p. 13) durante seu período de médico voluntário na 
Penitenciária Feminina da Capital, que abriga cerca de 2.000 (duas mil) 
encarceradas destaca em seu livro que: 
Os problemas de saúde eram muito diferentes daqueles que eu havia 
enfrentado nas prisões masculinas. Em vez das feridas mal cicatrizadas, 
sarnas, furúnculos, tuberculose, micoses e as infecções respiratórias dos 
homens, elas se queixavam de cefaleia, dores na coluna, depressão, crises 
de pânico, afecções ginecológicas, acnes, obesidade, irregularidades 
menstruais, hipertensão arterial, diabetes, suspeita de gravidez. Afastado da 
ginecologia desde os tempos de estudante, eu não estava à altura daquelas 
necessidades. 
Diante do exposto é notório o que o “abandono” ataca a saúde mental da 
mulher, pois os casos de depressão, crises de pânico é mais frequente em 
penitenciárias femininas. Conforme Varella (2017, p. 38): 
De todos os tormentos do cárcere, o abandono é o que mais aflige as 
detentas. Cumprem suas penas esquecidas pelos familiares, amigos, 
maridos, namorados e até pelos filhos. A sociedade é capaz de encarar com 
alguma complacência a prisão de um parente homem, mas a da mulher 
envergonha a família inteira. 
Quando a mulher é retirada de casa, a família se fragiliza e os mais 
vulneráveis, crianças e idosos, ficam em situação de risco. Isso causa um agravo à 
vivência da pena, de forma que, deixar um desprotegido que está sobre sua 
responsabilidade acarreta um sofrimento psíquico, porém não resta quem apoie a 
21 
 
mulher em sua estadia na prisão. Dessa forma, mesmo que o homem seja 
submetido a condições idênticas, homens e mulheres experimentam o isolamento de 
formas diferentes. (FOLTRAN, 2010) 
É notório então, que é a partir do momento em que gera uma discriminação 
de gênero a mulher deixa de ser vista como um exemplo a ser seguido e no presídio 
não é diferente, vivem com migalhas do Estado, enquanto o homem por outro lado 
enquanto estiver preso suas parceiras e mães estão sempre ali no balcão do fórum 
pedindo andamento do processo, e visitando com frequência esteja ele na mesma 
cidade ou a quilômetros, enquanto a mulher é esquecida. (VARELLA, 2017) 
3.2 VISITAS ÍNTIMAS 
As visitas em penitenciárias masculinas e femininas ocorrem de formas 
diferente, Varella (2017, p. 38) salienta que: 
Chova, faça frio ou calor, quem passa na frente de um presídio masculino 
nos fins de semana fica surpreso com o tamanho das filas, formadas 
basicamente por mulheres, crianças e um mar de sacolas plásticas 
abarrotadas de alimentos. 
Sobre a importância da visita intima Varella (2017, p. 39) destaca que: 
As visitas íntimas são essenciais para a manutenção dos vínculos afetivos 
com os companheiros e para impedir a desagregação familiar. Isolar a 
mulher na cadeia por anos consecutivos causa distúrbios de 
comportamento, transtornos psiquiátricos e dificulta a ressocialização. 
A portaria de nº 1.190, de 19 de junho de 2008 que regulamenta a visita 
intima no interior das penitenciárias federais, seu art. 1º estabelece a finalidade da 
visita íntima: 
Art. 1° A visita íntima tem por finalidade fortalecer as relações familiares, 
devendo ser concedida com periodicidade mínima de duas vezes por mês, 
em dias e horários estabelecidos pelo diretor da penitenciária, respeitadas 
as características de cada estabelecimento penal federal. (BRASIL, 2008, 
online) 
Na Penitenciária Feminina da Capital, a mais antiga unidade penal feminina 
do Estado de São Paulo, foi somente, em 2001 que ocorreu a primeira visita íntima. 
E a partir de então, nessa unidade prisional, há regras para a presa que optar por 
receber visita íntima de seu parceiro havendo necessidade de provar que mantém 
um vínculo afetivo duradouro com ele, seja por meio de certidão de casamento, 
22 
 
declaração de união estável reconhecida em cartório ou terem filhos registrados 
conjuntamente. O fato do não reconhecimento das uniões civis homossexuais pelo 
Estado impedia, que na Penitenciária Feminina da Capital, fossem realizadas visitas 
íntimas que não heterossexuais. (PANDOVANI, 2011) 
3.3 HOMOSSEXUALIDADE 
O médico Varela (2017, p. 153) traz o conceito de quem são os “sapatões” 
dentro da penitenciária feminina: 
Na rua, as homossexuais são chamadas pejorativamente de sapatões. Na 
cadeia, essa denominação é exclusiva das que assumem o estereotipo 
masculino já descrito. Em analogia às travestis das prisões masculinas, 
consideradas mulheres para todos os efeitos, os sapatões das femininas 
são chamados de “ele”, tratados como rapazes e batizados com nomes e 
apelidos de homens. 
Dessa forma, dentro das penitenciárias femininas há duas figuras de 
homossexuais (sapatões), o sapatão original que é aquela que já entrou na prisão 
homossexual, sem filhos e paixões por homens, cabelo raspado, e top apertado para 
esconder os seios, já o sapatão foló é aquela que se torna homossexual na cadeira, 
com filhos, que raspa o cabelo depois que chega para assumir uma postura 
masculina. (VARELLA, 2017) 
Padovani (2011, p. 17) traz uma nova definição do que é ser sapatão dentro 
da penitenciaria: 
Ser sapatão dentro de uma penitenciária feminina é estar constantemente 
sob um foco de tensão, no qual o passado é conjecturado, o presente é 
julgado e o futuro, duvidado, ao mesmo tempo em que sua figura é 
disputada e desejada pelas demais presas. Para ser sapatão, para ser 
sapatão quente, deve se provar que é macho no sentido de nunca ter sido 
penetrado ou tocado por um homem. A provação é constante e qualquer 
mancha no passado ou dúvida em relação ao futuro pode abalar sua 
reputação. Mais do que homossexuais masculinas, os sapatões chamam-se 
por adjetivos, nomes e pronomes masculinos. Mais do que vestimentas e 
cortes de cabelo, os sapatões da penitenciária cultivam barba e não 
admitem serem tocados durante o ato sexual. Eles buscam materializar o 
arquétipo masculino em seus corpos. Os sapatões da penitenciária feminina 
são os homens da penitenciária feminina, eles colocam em cheque a 
autenticidade do corpo do homem ao materializarem o masculino em corpos 
encarcerados como femininos. 
Dessa forma, a homossexualidade nas penitenciárias femininas segundo 
Queiroz (2015) ocorre de forma mais comum do que nas penitenciárias masculinas, 
23 
 
mas de uma forma diferente, enquanto na masculina a homossexualidade ocorre 
através de prostituição, estupro e aventuras passageiras, na feminina o que se 
busca é uma forma de acabar com a solidão, com o medo e o apoio a depressão. 
Algumas presas chegam a afirmar que não são lésbicas, estão lésbicas, tratando o 
homossexualismo apenas como uma situação temporária. 
Nesse sentido Varella (2017, p. 156) ressalta ainda que: 
Na penitenciaria, relacionamentos homossexuais são tão frequentes que 
permanecem celibatárias apenas as senhoras de idade e as batizadas pelo 
Comando, que pune com expulsão a irmã flagrada com outra mulher. Ainda 
assim, insinuam as más-línguas, algumas se arriscariam na calada da noite. 
Porém, o autor Varella (2017, p. 272) diz ainda engana-se quem pensa que a 
homossexualidade tem origem apenas do abandono e das frustações sexuais o que 
acontece é que: 
O casamento homossexual torna mais suportável o cumprimento da pena 
não só por causa dos laços afetivos, dos carinhos, das massagens nas 
costas e dos prazeres sexuais, mas pela parceria: repartem os mantimentos 
que chegam no jumbo, as comidas que a família traz, os produtos de 
beleza, emprestam roupas uma à outra, cuidam da que está doente, 
dividem as tarefas domésticas e os momentos de tristeza. 
Ocorre que, nas cadeias femininas as mulheres são mais carentes, pois na 
maioria das vezes são abandonadas por seus parceiros e encontram em suas 
companheiras compreensão, cumplicidade, segurança, carinhos e prazeres sexuais. 
(VARELLA, 2017) 
3.4 RESSOCIALIZAÇÃO 
A ressocializaçãoidealizada pelo Estado diante da instituição penal enquanto 
lugar da pena, não passou de um sonho, pois logo veio a superlotação, falta de 
condições de habitabilidade, educação, saúde, trabalho para todas e em principal 
dignidade para as presas. A prisão é ainda hoje um lugar de humilhação e 
sofrimento, espaço de despersonalização do ser humano. (PRIORI, 2012) 
A prisão comumente é vista como um inferno, lugar sombrio onde se 
depositam os piores seres humanos, desumanos talvez fosse o termo mais 
adequado para explicar a visão que a sociedade, ou seja, que nós temos 
das pessoas que se encontram naqueles espaços. A prisão é vista como 
escola do crime, lugar que não recupera ninguém, pelo contrário, as 
24 
 
pessoas saem de lá de dentro mais espertas, “mais criminosas” do que 
entraram. 
A ressocialização feminina também vem de forma pouco comum, o retornar 
para casa não é uma tarefa fácil, a jornalista Queiroz (2016, p. 44) salienta que: 
Quando um homem é preso, comumente sua família continua em casa, 
aguardando seu regresso. Quando uma mulher é presa, a história corriqueira 
é: ela perde o marido e a casa, os filhos são distribuídos entre familiares e 
abrigos. Enquanto o homem volta para um mundo que já o espera, ela sai e 
tem que reconstruir seu mundo. 
Em outras palavras não existe aquela conversa de que o “homem é o chefe 
da casa”, a mulher se torna o pilar da casa, é quem consegue manter o lar quando o 
homem não está, ao retornar não tem marido e tampouco carinho dos filhos e da 
família, sendo vista com desprezo. 
A genitora é insubstituível dentro de casa, a perda do convívio com os filhos 
geram danos irreparáveis, mesmo que temporária, pois a criança tem a necessidade 
de cuidados maternos, durante sua formação, sem a qual, serão maltratados por 
familiares e estranhos e acabar entrando pelo caminho das drogas e do crime. 
(VARELLA, 2017) 
O retornar para o mercado de trabalho também é uma tarefa árdua, pois a 
sociedade que questiona a vida difícil dos presidiários e dos custos do sistema, lhes 
negam acesso ao trabalho, seja por preconceito, seja por falta de confiança, 
tornando a ressocialização mais difícil, pois se a pessoa não encontra meios para 
sobreviver, voltará ao mundo do crime. (VARELLA, 2017) 
4.0 NORMATIVA SOBRE A DIFERENÇA DE GÊNERO NA EXECUÇÃO PENAL 
Ao iniciar esse tópico é fundamental destacar a frase da autora Lima (2006, p. 
14) sobre os Direitos Humanos: 
Se a historia das lutas e conquistas das mulheres, como sujeitos de Direito, 
sempre esteve ligada aos Direitos Humanos, no caso da mulher em 
situação de confinamento, esta não parece evidenciar-se com tanta 
proeminência. 
A professora Foltran (2010, p. 2) ressalta a normatização como um elemento 
essencial a formação da experiência no cárcere, dessa forma salienta que: 
25 
 
Outro elemento essencial à formatação da experiência do cárcere diz 
respeito justamente aos valores culturais compartilhados pela sociedade em 
geral e que reverberam no cotidiano prisional uma vez que os internos 
mantêm relações com pessoas e instituições do lado de fora, tanto aquelas 
ligadas à execução penal quanto as que não têm relação direta. Assim, para 
além do modo como se opera a administração das visitas sociais e íntimas, 
as escolhas e posturas adotadas por aqueles que de alguma forma se 
relacionam com pessoas presas, serão fortemente condicionadas pelas 
normatizações de gênero. Tendo em vista que a impossibilidade de ir e vir 
afeita aos internos do sistema prisional representa empecilho à efetivação 
de seu acesso a diversos serviços externos à penitenciária, como, por 
exemplo, o acompanhamento do processo ou intervenções de saúde nos 
níveis de média e alta complexidade, as visitas perfazem a ponte que media 
a relação entre o mundo do interno ao mundo externo. (...) 
Sendo o crime de tráfico de drogas o mais comum nas penitenciárias 
femininas, nem todas as mulheres presas são realmente traficantes profissionais, 
muitas fazer por alguma razão. São mães, esposa, namoradas, avós ou irmã de 
presos que as fazem acreditar que estão sendo ameaçados de morte caso não 
paguem dívidas com assassinos. Muitas das vezes essas chantagens são para 
garantirem “pontos” com traficantes e obter lucros nas vendas de drogas. 
(VARELLA, 2017) 
As mulheres que fazem esse serviço são conhecidas como “mulheres-
pontes”, quando pegas respondem pelo tráfico de drogas com pena de 5 (cinco) a 
15 (quinze) anos, não há qualquer medida alternativa. Qualquer solução seria mais 
sensata do que a atual, pois elas são encaminhadas para a cadeia, os filhos ficam 
abandonados e o homem que a mandou arruma outra “mulher-ponte” para manter o 
caixa. E o preso destina a encomenda? Nada acontece a ele, nem mesmo a perda 
de benefícios. E por conta disso, o tráfico só aumenta. (VARELLA, 2017) 
Varella (2017, p. 265) afirma que: 
Os ganhos proporcionados pelo tráfico, são tão grandes que é impossível 
separá-los da violência urbana e da criminalidade. De uma forma ou de 
outra, por trás de roubos, assaltos, contrabando, sequestros, assassinatos e 
chacinas estão o uso e a comercialização de drogas ilícitas. 
Dessa forma, a lei não é clara ao distinguir os usuários dos traficantes, o 
policial que lavra o flagrante e o Ministério Público é quem fica responsável por 
enquadrá-los, acabando por ficar em desvantagem os mais pobres e os negros que 
constituem quase o total da massa carcerária brasileira. Essa falta de especificação 
26 
 
na lei n ° 11.340/2006, confunde os policiais e facilita a ação de corruptos. 
(VARELLA, 2017) 
Após os primeiros presídios, começaram a surgir leis especiais para proteção 
dos direitos dos encarcerados, conforme Freitas (2008, p. 3): 
(...) somente em 1981 foi apresentado um anteprojeto da Lei de Execução 
Penal (LEP), sendo aprovada a Lei somente em 1984 (Lei nº 7.210/84), Lei 
que assegurava às mulheres, dentre outros direitos comuns a qualquer 
detento, independentemente do sexo, a conquista do direito ao alojamento 
em celas individuais e salubres, sendo as mulheres recolhidas em 
ambientes próprios e adequados a sua condição pessoal. Recentemente, 
em 2009, duas modificações inseridas na Lei de Execução Penal pelas Leis 
nº 11.942/09 e nº 12.121/09, trouxeram significativas conquistas às 
mulheres quanto a sua situação como detentas. Dentre as garantias 
contempladas, está a que determina que os estabelecimentos penais 
destinados a mulheres sejam dotados de berçário, onde as condenadas 
possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los no mínimo, até seis 
meses de idade, e ainda, tais estabelecimentos deverão possuir, 
exclusivamente, agentes do sexo feminino. Além disso, no artigo 89 da LEP, 
recentemente alterado, dispõe que a penitenciaria deverá também ser 
dotada de seção para gestante e parturiente e de creche que abrigue 
crianças de seis meses até sete anos. 
Apesar da lei n° 7.210 surgir em um momento com alto índice de mulheres 
presidiarias, no corpo do seu texto os adjetivos são em sua maioria no masculino: 
“os condenados”, “os internados”, “os presos”, quanto a isso a autora Priori (2014, p. 
10) destaca que: 
A LEP criada em 1984, considerada um avanço na legislação penal 
brasileira, - pois segue os preceitos elaborados ainda em 1955 das Regras 
Mínimas para o Tratamento dos Reclusos - apresenta em seu texto uma 
linguagem sexista, se referindo à população encarcerada como se fosse 
estritamente masculina, se dirigindo aos “presos”, “condenados” e 
“internados” inúmeras vezes, em detrimento das mulheres presas e 
condenadas, aparecendo pouquíssimas vezes a expressão “mulher 
condenada” ou “internada”. 
A primeira citação da palavra “mulher” é no art. 14, §3° no qual diz que: “Será 
assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no 
pós-parto, extensivo ao recém-nascido”, incluído somente em 2009 pela lei 11.942. 
(BRASIL, 1982). 
Os artigos da lei que fazem referência a mulher começama surgir somente a 
partir da década de 90, quando para as autoridades competentes perceberam que 
precisariam de lei para assegurar a segurança das mulheres no presídio. O art. 82, § 
1°, da lei de Execução Penal, estabelece como deve ser a separação nos 
27 
 
estabelecimentos penais, garantido a mulher que seja recolhida em estabelecimento 
próprio, veja o artigo: 
Art. 82. Os estabelecimentos penais destinam-se ao condenado, ao 
submetido à medida de segurança, ao preso provisório e ao egresso. 
§ 1° A mulher e o maior de sessenta anos, separadamente, serão 
recolhidos a estabelecimento próprio e adequado à sua condição pessoal 
§ 2º - O mesmo conjunto arquitetônico poderá abrigar estabelecimentos de 
destinação diversa desde que devidamente isolados. (BRASIL, 1984, 
online) 
O § 1° do mencionado artigo foi incluído pela lei nº 9.460, de 1997, nota-se, 
portanto que ao mesmo tempo em que a lei garante estabelecimento próprio vem o 
§ 2° e abre espaço para o presídio misto, ou seja, com homens e mulheres 
separados por alas, ora, mas o art. 83, § 3º deixa claro que os estabelecimentos de 
femininos deverão possuir exclusivamente, (agentes do sexo feminino na 
segurança de suas dependências internas, como que em um presídio misto terá 
apenas agentes do sexo feminino? É uma situação quase que impossível. (BRASIL, 
1982, online). 
A jornalista Queiroz (2015, p. 138) durante suas visitas aos presídios 
brasileiros, ao se perguntar se por haver carcereiros e guardas homens não havia 
estupro, devido a situação de fragilidade em que se encontram as presas, e recebeu 
da agente entrevistada a seguinte resposta: 
A presa pode até ter relações sexuais com o policial, mas ela ganha com 
isso. Na cabeça dela, ela não está sendo forçada, ela está tirando benefício. 
Por exemplo: num presídio que a gente visitou não tinha guarda feminina, 
só homem. E quem ficava na sala deles fazendo trabalhos era uma presa. 
Ela tinha seus benefícios, como acesso à internet e até jogos de 
computador. Eu imagino que ela tinha relação com os carcereiros, mas, 
para ela, ela que optou por isso, não foi obrigada. Não sei o quão frequente 
isso é, porque elas não contam. Se contarem, criam problemas com as 
outras presas que têm ciúmes e medo de que ela caguete ou traia a 
população porque está andando com a polícia. 
Ante o exposto é notório que dentro da penitenciaria feminina há uma troca de 
favores e a lei não é respeitada, muitas vezes o que é garantido não são apenas 
“benefícios” como cita a agente, mas situações vexatórias também, pois se os 
funcionários são do sexo masculinos como funcionam as revistas nas celas? 
No ano de 2009, com a Lei ° 11.940 houve mais uma alteração importante na 
Lei de Execução Penal, em seu art. 83 § 2o que garante que os estabelecimentos 
28 
 
penais destinados a mulheres serão dotados de berçário, onde as condenadas 
possam cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) 
meses de idade, no Brasil são poucos presídios que oferece essa regalia, pois a 
maioria das penitenciárias que possuem presas ou são mistas ou possui toda 
estrutura masculina inclusive nos banheiros. 
Queiroz (2015, p. 74) aponta que: 
Até a estrutura dos prédios é feita para homens. Os banheiros, por exemplo, 
são os chamados “bois”, ou seja, buracos no chão. Imagine uma grávida se 
agachando num lugar destes? Num presídio com trezentos homens e dez 
mulheres, quem você acha que vai trabalhar e estudar? Quem vai ter 
horário de banho de sol? A minoria? Os espelhos são uma lâmina onde elas 
se veem completamente deformadas. Imagine passar cinco ou seis anos se 
vendo assim e sem nunca observar seu corpo inteiro? Como você vai se 
imaginar? 
Não tem como imaginar uma mulher tendo que urinar em um tipo de sanitário 
desses, que ficam abertos sem o mínimo de privacidade e o constrangimento de 
fazer isso diante de carcereiros e agentes do sexo masculino. 
O art. 88, da Lei 7.210 garante o mínimo que deve conter em uma unidade 
prisional: 
Art. 88. O condenado será alojado em cela individual que conterá 
dormitório, aparelho sanitário e lavatório. 
Parágrafo único. São requisitos básicos da unidade celular: 
a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de aeração, 
insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana; 
b) área mínima de 6,00m2 (seis metros quadrados). (BRASIL, 1984, online) 
Portanto os presídios que funcionam atualmente não possuem nem uma 
infraestrutura necessária para assegura uma boa qualidade de vida das detentas, 
sem falar da superlotação, onde em salas que era para acomodar 06 (seis) pessoas 
por exemplo, estão alojadas em torno de 20 (vinte) presos (as). Já o art. 89 garante 
uma peculiaridade as mulheres nas condições de gestante e parturiente: 
Art. 89. Além dos requisitos referidos no art. 88, a penitenciária de 
mulheres será dotada de seção para gestante e parturiente e de creche 
para abrigar crianças maiores de 6 (seis) meses e menores de 7 (sete) 
anos, com a finalidade de assistir a criança desamparada cuja responsável 
estiver presa. (BRASIL, 1984, online) 
A redação foi dada pela lei 11.942, de 2009, pode-se observar, portanto que a 
referida lei trouxe grandes alterações para proteger as mulheres na medida de suas 
29 
 
peculiaridades, porém em nenhum dos artigos, livros objetos desta pesquisa foi 
encontrado algum relato de presa que permaneceram com seu filho na cadeia até os 
7 (sete) anos de idade, antes disso elas perdem a guarda da criança por não serem 
conduzidas as varas cíveis para audiências. Quanto ao tema Queiroz (2015, p. 54) 
fazem uma crítica: 
O destino das mães é decidido em varas criminais e o das crianças, em 
varas de infância e juventude. Esses dois departamentos da Justiça 
brasileira não estão conectados, ainda, por nenhum sistema informatizado. 
Assim, cada causa segue tramitando como se a outra não existisse. 
Durante o processo, os fóruns enviam intimações para o endereço dos pais 
que têm registrados em seus arquivos. Essas cartas chegam às antigas 
casas das presas e ficam mofando nas caixas de correio. Elas nunca 
descobrem que foram convocadas a depor e manifestar interesse por 
manter seus filhos e faltam às audiências. O Estado entende a ausência 
como desinteresse e mergulha a criança no burocrático e ineficiente sistema 
de abrigos e adoção. 
Nesse mesmo sentido é a crítica de Bispo (2015, s.p.): 
(...) hoje temos as audiências de custódia, determinadas para realização em 
todo o Brasil pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Lei de primeira 
infância, porém o número de mães presas ainda não diminuiu, pois não são 
leis que faltam, sim os que a cumprem, falta o judiciário parar de utilizar o 
encarceramento como regra e passar a usar as medidas que evitem o 
encarceramento, medidas conhecidas como regras de Bangkok, pois só 
assim estará de fato olhando não só para essa mulher presa como uma 
criminosa, mas para a família que é destruída com sua prisão, para os filhos 
que necessitam de sua presença e de fato passa a olhar e obedecer o que 
deveria ser o primeiro direito respeitado: direito a dignidade. 
Foi aprovada no dia 27 de outubro de 2017, na Comissão de Constituição, 
Justiça e Cidadania o projeto de lei nº 513/2013 que altera a lei de execução penal. 
O projeto traz alterações importantes na lei, inclusive um capítulo especialmente 
para tratar dos direitos e da assistência a mulher encarcerada, com a inclusão do 
art. 197-H, que proíbe o uso de algemas durante o trabalho de parto, seja ele 
intervenção cirúrgica ou parto natural, assim como garante o direito a um 
acompanhante junto a parturiente, como esclarece o art. 197-I. (BRASIL, 2013, 
online) 
A lei 13234/2017, antes mesmo do projeto de lei n° 513/2013 ser votado na 
Comissão de Constituição e Cidadania, já alterou o art. 292 do Código de Processo 
Penal. 
30 
 
Art. 1o O art. 292 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código 
de ProcessoPenal), passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único: 
“Art. 292. ................................................................... 
Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas 
durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a realização do 
parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante o 
período de puerpério imediato.” (NR) (BRASIL, 2017, online) 
O projeto apesar de trazer alterações e inclusões fundamentais, mesmo que 
entre em vigor, as lutas das mulheres encarceradas não terminam, além da lei, é 
necessário que o Estado consiga cumprir o que está descrito nela. 
Portanto é notório que tanto o código penal de 1940, quanto as leis penais não 
foram elaboradas para a mulher, trazendo inovações somente nos últimos anos e 
tentando fazer uma adequação dessas instituições penais, destinadas aos homens 
se enquadre no perfil feminino. Há uma falha não somente das leis, mas também do 
Estado que tem um Judiciário fraco. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O presente artigo tem por finalidade analisar de que maneira se constitui as 
(des) igualdades das mulheres condenadas a prisão em seu contexto histórico e 
social. 
O primeiro presídio feminino surgiu em 1645. No século XIX fora criada a 
primeira penitenciária feminina nos Estados Unidos, na cidade de Nova York, e 
posterior a isso, surgiram as chamadas casas de correção feminina, que tinha como 
responsáveis a congregação da Igreja Católica Bom Pastor. Os centros de detenção 
ora citados eram considerados como entidades de detenção semiautônomas, o que 
significa dizer que estes funcionavam às margens do sistema carcerário formal já 
conhecido por todos. 
A mulher possuía imagem de “mulher do lar”, vale ressaltar que até em 1838, 
muitas mulheres não eram presas somente por cometer crimes comumente 
conhecidos, mas também, por situações atípicas, como o fato de não ser 
considerada pelo seu parceiro ou pela comunidade como uma mulher “ideal” para a 
prestação dos serviços domésticos, afazeres do lar, assim como também, por não 
ser considerada “ideal” para contrair o matrimônio. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art292p
31 
 
Apesar da denominação de “penitenciária feminina”, as mulheres que eram 
condenadas no Brasil cumpriam pena em cadeias consideradas como mistas, vez 
que, dividiam celas com homens, o que viabilizava estupros sofridos pelos detentos, 
onde eram forçadas à vida de prostituição para sobreviver lá dentro. Após muitas 
denúncias e muitas discussões acerca da temática, o Brasil passou a construir 
então, infelizmente tardiamente, presídios apenas para acolher mulheres, com início 
no Estado do Rio Grande do Sul, onde se espalhando pelo resto do país. 
É notória que a discriminação e o preconceito entre o gênero masculino e 
feminino não é algo recente, tem origens dos tempos mais antigos, e vem causando 
impactos irreversíveis até os dias atuais na sociedade. 
Restou evidenciado então que não há diferenças de gênero dentro do 
presídio, deixando de ser respeitadas as poucas garantias que a lei dá a essas 
mulheres em situação prisional, ficando elas ali esquecidas, pelos companheiros, 
pelo Estado, pelo Judiciário e pela família. 
Portanto, faz-se necessário uma atenção maior do Estado para com a 
situação dos presídios femininos, quanto a sua estrutura física, que deve ser apta 
para receber mulheres, quanto ao quadro de funcionário e a própria legislação, que 
atualmente é masculinizada. É relevante que se atenda os direitos fundamentais da 
pessoa humana garantidos pela Carta Magna, tanto para as presas, quanto para 
seus filhos menores de 7 (sete) anos, evitando assim uma “sentença” a essas 
crianças, que ao ficarem abandonada se encontraram em situação de 
vulnerabilidade. 
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32 
 
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