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CABELO BOM CABELO RUIM SAYARA DE BRITO FÉLIX

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CABELO BOM CABELO RUIM – SAYARA DE BRITO FÉLIX
	Não se encontra nas escolas uma educação democrática, principalmente quando se trata da cultura africana, afro-brasileira, no que diz respeito à estética e especialmente ao cabelo afro das crianças negras que são alvos constantes de preconceito.
	O cabelo e as demais características físicas marcantes continuam como critério principal para haver discriminação para com negros, brancos e mestiços. A temática referente à estética negra é desconsiderada para ser discutida na pedagogia brasileira atualmente.
É a partir da observação nas series iniciais da educação básica que fica claro que o espaço escolar é também um local onde acontecem as diversas situações de preconceito e fortemente de discriminação com os negros:
A escola propaga aspectos legitimadores da dominação branca e de destruição de uma consciência negra, negando o direito à diferença e, o que é mais grave, como as crianças, tanto brancas quanto negras, já têm estes aspectos internalizados. (FERREIRA, citado por FELIX, 2010, p. 3).
“(...) o tipo de cabelo negro é visto como símbolo de inferioridade, sempre associado à artificialidade (...) ou com elementos da natureza (...).” (GOMES citado por FÉLIX, 2010, p. 3)
	A construção da identidade negra é difícil, ao se falar na sociedade em que vivemos sendo complicado para os negros se enquadrar nela. Desde a primeira infância o indivíduo negro em sua vida social, para ser aceito no espaço em que se encontra deve primeiramente negar a si mesmo, suas características físicas, para estar de acordo com a ideologia eurocêntrica que abarca a moda, musica, religião, isso porque a desvalorização se dá em grande parte na esfera estética do sujeito, como por exemplo o biotipo do cabelo “(...) ser negro é ser violentado de forma constante (...) por uma dupla junção: a de encarar o corpo e os ideais de ego do sujeito branco e de recusar, negar, anular a presença do corpo negro” (GOMES citado por FÉLIX, 2010, p. 4).
	Ao entrar na escola a criança negra lida com uma realidade diferente da sua realidade familiar, em que muitas famílias ensinam às crianças a se valorizarem, gostarem de si mesmas e da sua aparência estética, porém a escola acaba por anular essa valorização familiar, se posicionando fortemente em relação à aparência do cabelo da criança negra. (FALAR ALGO)
	O cabelo e sua manipulação tem significados marcantes e diferente em meio as civilizações, até mesmo poder é atribuído a ele, neste contexto entende-se cabelo como símbolo de identidade, sendo então um símbolo para representar a identidade negra, entretanto o padrão social eurocêntrico fez com que o cabelo crespo, o cabelo do negro fosse reprimido por não se enquadrar nos padrões determinados. A partir de então surgiu a ideia de cabelo “bom” aquele sendo liso, como um padrão de beleza, e os indivíduos com cabelos diferentes a esses renunciam seu modo natural como forma de se enquadrar no perfil estabelecido como o ideal.
“(...) o Brasil é um dos maiores mercados mundiais de cosméticos infantis. Muitas empresas tiram proveito disso na criação de fórmulas químicas, fazendo propagandas milagrosas em que o cabelo crespo é transformado em liso.” (FÉLIX, 2010, p. 5).
	A convivência na sala de aula torna-se difícil quando a criança negra torna-se um indivíduo excluído dos demais, sendo alvo e motivo de diversas gozações e estereótipos negativos. Em meio a este contexto a criança então internaliza tais situações e se reconhece com essas características negativas, se posicionando por si mesma como alguém inferior aos demais ditos como não negros. Tal fato ocorre por conta de na escola desde sempre ser fortemente valorizado e admirado o cabelo liso, enquanto que o oposto é vivenciado pela criança negra e seu cabelo crespo.
(...) o educador veja o cabelo não como algo que inferiorize aos alunos, mas uma porta de entrada no desempenhar da autoestima da beleza negra do discente e demais indivíduos que o cercam, valorizando suas origens e sua identidade. (FÉLIX, 2010, p. 6).

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