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MATERIAL DIDÁTICO INTRODUÇÃO À MECATRÔNICA, PNEUMÁTICA E HIDRÁULICA CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017 0800 283 8380 www.faculdadeunica .com.br 2 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. SUMÁRIO UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ............................ ..................................................... 03 UNIDADE 2 – MECATRÔNICA ........................... ................................................... 06 2.1 Evolução e definição ......................................................................................... 06 2.2 Componentes de um sistema mecatrônico ....................................................... 12 2.3 Sistemas de medidas ........................................................................................ 15 2.4 Sistema de controle ........................................................................................... 18 2.5 Sistemas de controle analógico e digital ........................................................... 20 UNIDADE 3 – AUTOMAÇÃO PNEUMÁTICA .................. ....................................... 23 3.1 Evolução do uso do ar comprimido ................................................................... 24 3.2 Conceitos básicos ............................................................................................. 26 3.3 Propriedades do ar, os gases e o ar comprimido .............................................. 27 3.4 Características da pneumática .......................................................................... 31 3.5 Produção de ar comprimido .............................................................................. 34 3.6 Distribuição de ar comprimido ........................................................................... 41 3.7 Atuadores pneumáticos ..................................................................................... 45 3.8 Válvulas de comando ........................................................................................ 47 UNIDADE 4 – HIDRÁULICA ............................ ....................................................... 49 4.1 Alguns conceitos básicos .................................................................................. 50 4.2 Bombas hidráulicas ........................................................................................... 52 RESUMO EXPANDIDO .......................................................................................... 54 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 60 3 Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO São diversos os meios de controle de máquinas, processos e plantas industriais, certo? Neste módulo, além de introduzirmos a mecatrônica e a automação hidráulica, nossa ênfase recai para a automação pneumática. Sobre a mecatrônica, ADAMOWSKI; FURUKAWA; COZMAN (2001) contam que no Japão, a combinação bem sucedida de mecânica, eletrônica e processamento digital em produtos de consumo, recebeu o cognome de Mecatrônica no final da década de 1970. A lógica seria esta: os sensores captam as informações do mundo físico que são processadas digitalmente, resultando em ações de controle. O sistema de controle age sobre o sistema físico através de atuadores. Disto resulta um sistema realimentado, que pode representar sistemas com níveis variados de complexidade. Uma maneira de automatizar máquinas e dispositivos se dá pela utilização da pneumática, tipo de automação que tem maior foco em aplicações de movimentação, seleção e transporte de produtos. O ar possui características positivas como compressibilidade e baixo custo, além de não gerar faíscas, podendo ser usado em grande escala. Veremos que um sistema pneumático é formado basicamente pelos blocos: gerador, qualidade e distribuição, manobras e atuadores. Quanto a um sistema hidráulico, este pode ser compreendido como o conjunto de elementos físicos associados que, utilizando um fluido como meio de transferência de energia, permite a transmissão e o controle de força e movimento. Mas lembremos um pouco a diferença entre automatismos e automação; produção e produtividade, pois nosso foco será a automação e num viés específico, a busca da produtividade, alavanca que vem movendo as empresas em tempos de globalização. Os automatismos são os meios, os instrumentos, máquinas, processos de trabalho, ferramentas ou recursos capazes de potencializar, reduzir ou até mesmo eliminar a ação humana dentro de um determinado processo produtivo, Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 4 objetivando com isso, é claro, otimização e consequente melhoria de produtividade. A automação, por sua vez, significa a dinâmica organizada dos automatismos, ou seja, suas associações de uma forma otimizada e direcionada à consecução dos objetivos do progresso humano. Produtividade será a medida da eficiência de uso dos diversos elementos da produção. Segundo Fialho (2011), os automatismos são classificados de duas formas, a saber: � automatismos de potência – destinados a potencializar a magnitude física ou mental a qual o elemento humano está sujeito, dentro do ambiente fabril, principalmente quando considerada sua exposição diária ao processo, perfazendo em média 40 horas semanais, reduzindo sensivelmente as possibilidades de fadiga física e/ou mental a que estaria sujeito; � automatismos de guia – são utilizados para guiar movimentos e posicionamentos precisos, como em alguns dispositivos de montagem ou operações de transformação mecânica, como, por exemplo, a usinagem. Em verdade, um processo completo de automação compreende sempre, embora em proporções diversas e conforme a real necessidade, as duas classes de automatismos. Fialho (2011) frisa que automatizar um processo requer um estudo muito bem elaborado de custo envolvido e real benefício. Ainda é comum, nos tempos atuais, algumas empresas, ao exporem a seus profissionais a necessidade de que alguns processos sejam automatizados, objetivando melhorias de produtividade, tê-los sugerindo, ou mesmo implementando, automatizações em todo e qualquer processo produtivo de sua empresa, sem muitas vezes ter procedido a um estudo profundo de viabilidade técnica, financeira e, principalmente, sem analisar com clareza a relação custo e real benefício. É sempre importante lembrar que conta muito menos automatizar totalmente uma operação simples que automatizar apenas parcialmente (uns 30 ou 50%) um processo complexo, e que resultaria em redução de tempo Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimentopor escrito do Grupo Prominas. 5 significativa frente à produtividade obtida ao longo de um dia de trabalho, bem como consequente garantia de qualidade. Não faz sentido investir em equipamentos ou mecanismos (automatismos) caros que, dentro do processo geral, não contribuam efetivamente com a produtividade, qualidade e salvaguarda do elemento humano (quando se faz presente no processo), mesmo quando analisado a médio e longo prazos. Excetuam-se, é claro, máquinas hoje existentes comandadas pela mais alta tecnologia, e por isso de custos exorbitantes, mas que garantem à empresa padrão de qualidade e competitividade em níveis internacionais (FIALHO, 2011). Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas opiniões pessoais. Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo, podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos estudos. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 6 UNIDADE 2 – MECATRÔNICA Segundo o grupo de Mecatrônica da Escola de Engenharia de São Carlos, a mecatrônica é uma tendência no desenvolvimento de produtos, na automação, na competição internacional dos produtos manufaturados e na natureza da engenharia e da sociedade nos próximos anos. Os engenheiros de sucesso terão que se envolver com a mecatrônica para se tornarem líderes de equipes de desenvolvimento e de gerência. O impacto da mecatrônica e, por consequência, da automação em nossa sociedade não pode ser colocado em segundo plano. Ela tem influenciado a vida das pessoas, mesmo daquelas que não trabalham diretamente nas áreas técnicas. O profissional da mecatrônica irá influenciar significativamente na forma como o trabalho é dividido entre homens e máquinas, não apenas em fábricas, mas também nos escritórios, nos hospitais e até mesmo em nossas casas. Um sistema mecânico desde a sua concepção até a sua manutenção junto ao cliente, não pode mais ser pensado sem a presença de componentes e ferramentas de informática e de eletroeletrônica. Microprocessadores controlam desde sistemas simples como uma máquina de lavar roupa até complexos sistemas de produção. O Engenheiro Mecatrônico é o profissional que agrega as habilidades de Engenharia Mecânica aos conceitos e técnicas de computação, eletrônica e eletrotécnica (EESC, USP, 2011). 2.1 Evolução e definição Alciatore e Histand (2014) contam que a engenharia mecânica, difundida amplamente na prática profissional, obteve um crescimento significativo durante o início do século XIX, pois ela fornecia a base necessária para o desenvolvimento rápido e bem-sucedido de projetos de engenharia na revolução industrial. Naquela época, as minas precisavam de grandes bombas, jamais vistas, para bombear seus postos; a indústria de siderurgia precisava de níveis de pressão e faixas de temperatura nunca vistos anteriormente. As empresas de transporte precisavam de mais potência ou força para movimentar seus produtos e encomendas, e as estruturas prediais atingiam alturas cada vez maiores de forma Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 7 vertiginosa. Para dar apoio a esses fatos, as pessoas começaram a se especializar e construir bases de conhecimento, que originaram os princípios das disciplinas básicas que envolvem a engenharia. As disciplinas bases que consolidaram a engenharia do século XX (mecânica, elétrica, civil e química) mantiveram sua base do conhecimento em livros e periódicos científicos, pois essas disciplinas eram mantidas mutuamente nas áreas específicas e profissionais. Os estudantes de engenharia daquela época poderiam avaliar suas afinidades e seus talentos para escolher uma área específica como profissão. Nos dias atuais, passamos por uma nova era, onde se observa a fusão entre a revolução científica e social, e a revolução da informação, fazendo a engenharia se tornar cada vez mais concentrada em uma área específica ou diversificada em diferentes áreas simultaneamente. Essa revolução, gerada pela evolução da engenharia eletrônica dos semicondutores, tem impulsionado uma grande demanda de informação e comunicação, transformando os hábitos e as atividades dos seres humanos. Atualmente, a prática da engenharia depende do conhecimento prévio de novos modos de se processar a informação e da capacidade de utilização dos semicondutores contidos nos produtos eletrônicos, sem que se leve em conta qual rótulo assumimos enquanto profissionais. A mecatrônica é uma das novas áreas que surgiram no âmbito da engenharia, adotando como base as áreas tradicionais da engenharia, com uma abordagem ampla para projetos de sistemas, que caracterizam os sistemas mecatrônicos (ALCIATORE; HISTAND, 2014). Segundo Bolton (2008), o termo mecatrônica foi inventada por um engenheiro japonês, em 1969, como uma combinação de meca, de mecanismos, e trônica, de eletrônica. Essa palavra agora tem um significado amplo, sendo usada para descrever uma filosofia da tecnologia de engenharia na qual existe uma integração coordenada e simultânea entre a engenharia mecânica, a eletrônica e o controle computacional inteligente no projeto e fabricação de produtos e processos. Como resultado, os produtos de mecatrônica tem muitas funções mecânicas desempenhadas por sistemas eletrônicos. Isto proporciona uma flexibilidade muito maior, facilidade de reprogramação e reprojeto e uma Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 8 capacidade do sistema de realizar automaticamente o envio e a recepção de dados. Muitos engenheiros consideram que a Mecatrônica surgiu com o desenvolvimento dos robôs. Os projetos na área de Robótica impulsionaram o desenvolvimento de outras áreas, tais como o controle realimentado a partir da fusão de informações sensoriais, tecnologias de sensores e atuadores, programação de alto nível, cinemática e dinâmica. O grande avanço na área de Robótica somente foi possível com o surgimento do microprocessador, pois o controle de trajetória dos robôs articulados envolve cálculos complicados que devem ser realizados em tempo real (ADAMOWSKI; FURUKAWA, 2001). A partir de meados da década de 1980, países como Austrália, Japão, Coréia do Sul, além de alguns países Europeus, iniciaram a criação de cursos de graduação e pós-graduação voltados ao ensino multidisciplinar de Mecatrônica (ACAR, 1997 apud ADAMOWSKI;FURUKAWA, 2001). Nos Estados Unidos não foram criados cursos específicos de Engenharia Mecatrônica, porém foram introduzidas, nos currículos dos cursos de graduação, disciplinas que apresentam o conceito de Mecatrônica (ASHLEY, 1997 apud ADAMOWSKI; FURUKAWA, 2001). Na grande maioria das Faculdades de Engenharia dos EUA, as modificações foram feitas nos cursos de Engenharia Mecânica, com disciplinas que abordam a integração de Mecânica, Eletrônica e Computação, para o desenvolvimento de componentes e máquinas. Na Finlândia foi introduzido, em 1987, um programa especial de pesquisa em Mecatrônica com a participação de quatro universidades técnicas. Este programa contou com um orçamento de 6,5 milhões de dólares até 1990, e a participação de aproximadamente 80 indústrias atuando em setores estratégicos (máquinas para fabricação de papel, telefonia móvel, máquinas florestais, robôs especiais) (SALMINEN, 1996 apud ADAMOWSKI; FURUKAWA, 2001). O programa atingiu o objetivo de difundir os conceitos de Mecatrônica nas indústrias e, em 1995, um novo programa foi introduzido, com horizonte de quatro anos e um orçamento de 20 milhões de dólares, envolvendo universidades, centros de pesquisa e indústrias, com novos temas na área de Mecatrônica. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 9 Na Inglaterra, a comunidade envolvida com Mecatrônica só recebeu aceitação oficial, em 1990, com a criação de um Fórum de Mecatrônica apoiado pelo IEE (Institute of Electrical Enginners) e o MechE (Institute of Mechanical Engineers) (HEWIT, 1996 apud ADAMOWSKI; FURUKAWA, 2001). No Brasil, o primeiro curso de graduação em Mecatrônica surgiu no final da década de 1980, como uma iniciativa pioneira da Escola Politécnica da USP. O curso, denominado Automação e Sistemas, foi implementado no Departamento de Engenharia Mecânica, aproveitando-se o núcleo do curso de Engenharia Mecânica, ao qual se introduziram disciplinas novas de Eletrônica e Computação (COZMAN; FURUKAWA, 2000). Segundo Rosário (2005), a mecatrônica enfatiza o gerenciamento e o controle da complexidade dos processos de indústrias modernas que exigem ferramentas sofisticadas para gerar em tempo real seus diversos processos integrados. A mecatrônica tem uma integração bem explícita da engenharia mecânica com a eletrônica e com a informática usando todas para um uso de processos inteligente de manufatura de produtos. Vejamos a ilustração: Fonte: Rosário (2005 apud ARAÚJO, 2011, p. 9). Um sistema mecatrônico não se resume a apenas um casamento de sistemas elétricos e mecânicos, e é mais do que um sistema de controle: ele é uma integração completa de todos estes sistemas na qual há uma abordagem Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 10 simultânea destes no projeto. Tal abordagem integrada e interdisciplinar está sendo cada vez mais adotada no projeto de engenharia de veículos, robôs, ferramentas mecânicas, máquinas de lavar, câmeras e diversas outras máquinas. Essa integração que vai além dos limites tradicionais das engenharias mecânica, elétrica, eletrônica e de controle tem ocorrido em fases mais iniciais de projetos quando é necessário desenvolver sistemas mais baratos, confiáveis e flexíveis. A mecatrônica deve combinar simultaneamente essas disciplinas nos projetos, e não fazer apenas uma associação sequencial delas desenvolvendo, digamos, um sistema mecânico e depois desenvolvendo uma parte elétrica e outra microprocessada. Portanto, a mecatrônica é uma filosofia de projeto, uma abordagem integrada aplicada na engenharia. No entendimento de Adamowski, Furukama e Cozman (2001), o conceito de Mecatrônica representa a combinação adequada de materiais (resistência dos materiais, comportamento térmico, etc.), mecanismos (cinemática, dinâmica), sensores, atuadores, eletrônica e processamento digital (controle, processamento de sinais, simulação, projeto auxiliado por computador), possibilitando as seguintes características: a) No projeto: � simplificação do sistema mecânico; � redução de tempo e de custo de desenvolvimento; � facilidade de se introduzir modificações ou novas capacidades; � componentes e máquinas com elevado grau de precisão; � realização de operações que exigem um elevado grau de sensoriamento e processamento de informações em tempo real. b) No produto: � “flexibilidade” (programação da tarefa); � “inteligência” (capacidade de adaptação na realização de uma tarefa, autodiagnóstico); � economia de energia; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 11 � redução do custo de manutenção. Bolton (2008) ressalta que à mecatrônica estão associadas áreas tecnológicas que envolvem sensores e sistemas de medidas, acionamentos e sistemas atuadores, e sistemas microprocessados, juntamente com a análise do comportamento dos sistemas e dos sistemas de controle. Exemplificando com uma câmera fotográfica e um caminhão a suspensão inteligente, vejamos o sistema mecatrônico que eles apresentam: Essa câmera tem foco automático e controle automático de exposição. O que você precisa para usar a câmera é enquadrar o objeto e pressionar um botão para obter a imagem. A câmera é capaz de ajustar o foco automaticamente, assim que o objeto é enquadrado, e ajustar, também automaticamente, a abertura e a velocidade do obturador de forma a obter a exposição correta. Não é necessário fazer estes ajustes de forma manual. Consideremos agora a suspensão inteligente de um caminhão. Ela se ajusta quando há uma carga irregular para manter a plataforma nivelada, quando o caminhão faz uma curva, quando se move em um terreno irregular, etc., proporcionado um rodar macio. Considere uma linha de produção com vários processos automatizados, ou seja, esses processos são realizados automaticamente em uma sequência correta, tendo um monitoramento em cada estágio do processo. Esses sistemas são exemplos de uma integração entre a eletrônica, os sistemas de controle e a engenharia mecânica. Podemos então resumir que a Mecatrônica é uma área que integração tecnologias da mecânica, eletrônica, computação e controle, visando o projeto, a automação de equipamentos e de processos manufaturados. O profissional dessa área é responsável por automatizar equipamentos e processos industriais, atuando no planejamento, implantação, administração, execução, manutenção, especificação, instalação e integração de equipamentos de manufatura em sistemas automatizados industriais, utilização de máquinas de comando numérico computadorizado e de sistemas auxiliados por computador. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do GrupoProminas. 12 2.2 Componentes de um sistema mecatrônico Alciatore e Histand (2014) explicam que os sistemas mecatrônicos, em alguns casos, são definidos como dispositivos inteligentes. Embora a definição do termo inteligente seja meio vago, nos domínios da engenharia, o seu significado está inserido no desenvolvimento complexo de elementos que possuem lógica, retroalimentação e computação que, de certa forma, tentam simular a maneira de como os seres humanos pensam. Essa tarefa não pode ser considerada uma tarefa fácil de ser segmentada no desenvolvimento de sistemas mecatrônicos dentro da engenharia tradicional, pois ela envolve o estudo em diversas áreas do conhecimento. O projetista de um sistema mecatrônico deve ser um especialista generalista, pois ele deve estar disposto a procurar e aplicar o conhecimento, a partir de fontes variadas. Se pensarmos num estudante de graduação em engenharia mecatrônica, com certeza, essa característica, vai intimidá-lo, por outro lado, quando pensamos em uma especialização, ela é uma área que pode oferecer grandes benefícios individuais, principalmente pelo leque de opções que se abre e que pode ser aproveitada ao longo de sua carreira. Hoje, praticamente todos os dispositivos mecânicos possuem componentes eletrônicos e algum tipo de monitoramento ou controle computacional. No entanto, o termo sistemas mecatrônicos abrange uma infinidade de dispositivos e sistemas. Cada vez mais os dispositivos eletromecânicos possuem microcontroladores embarcados (embutidos), permitindo maior flexibilidade e aumentando a possibilidade de se ter controladores no desenvolvimento de sistemas. São exemplos de sistemas mecatrônicos os sistemas de controle de voo e navegação de aeronaves, os módulos de airbag e freios automotivos, os equipamentos automatizados utilizados na manufatura, tais como robôs e máquinas de controle numérico computadorizado (CNC), as cozinhas inteligentes e os eletrodomésticos, tais como panificadoras domésticas, máquinas de lavar roupas e brinquedos de uma maneira geral. O esquema a seguir mostra os principais componentes de um típico sistema mecatrônico. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 13 SISTEMA MECÂNICO Modelo do sistema Resposta dinâmica ATUADORES Solenoides – bobinas móveis Motores CC Motores de passo Servomotores Hidráulicos e pneumáticos SENSORES Chaves Potenciômetro Fotoelétrico Acelerômetro termopar CONDICIONAMENTO E INTERFACEAMENTO DE SINAIS DE ENTRADA Circuitos discretos Amplificadores Filtros DISPLAYS GRÁFICOS LED Display digital LCD CRT CONDICIONAMENTO E INTERFACEAMENTO DE SINAIS DE SAÍDA DVA DVD Amplificadores PWM Transistor de potência ARQUITETURAS DE CONTROLE DIGITAL Circuitos lógicos SBC CLP Microcontrolador Sequenciamento e temporização Lógica e aritmética Fonte: ALCIATORE; HISTAND (2014, p. 3). Os atuadores produzem movimento ou causam algum tipo de ação; já os sensores detectam o estado dos parâmetros de um sistema, como as entradas e as saídas; os controladores são dispositivos que controlam o sistema; os condicionamentos e as interfaces de um circuito fornecem as conexões entre os mecanismos de controle e as entradas e saídas de um sistema; os dispositivos gráficos fornecem uma interface gráfica de retorno para os usuários do sistema. Vejamos um exemplo de sistema mecatrônico – copiadora de documentos: Uma copiadora de documentos é um bom exemplo de um sistema mecatrônico contemporâneo. O processo para copiar um documento funciona da seguinte forma: o usuário seleciona um documento original que deseja copiar e o coloca em um compartimento de carregamento, uma paleta de vidro. Em seguida, o usuário pressiona o botão para iniciar o processo de cópia. Por meio de uma Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 14 intensidade luminosa, gerada pela máquina, o documento original é digitalizado e, logo em seguida, transferido através de sua imagem digital correspondente. Depois disso, uma folha de papel em branco é carregada do compartimento de folhas e a imagem é transferida para o papel através de uma deposição eletrostática da tinta que está no toner. A imagem então é incorporada ao papel por meio do aquecimento do pó do toner. Por fim, um mecanismo de seleção entrega a cópia realizada em uma bandeja apropriada. Os circuitos analógicos controlam as lâmpadas, o aquecedor e os circuitos de energia na máquina. Os circuitos digitais controlam os displays digitais, as luzes de indicação e as chaves de interface com os usuários. Outros circuitos digitais, incluindo os circuitos lógicos e os microprocessadores, coordenam todas as funções da máquina. Os sensores ópticos e as microchaves detectam a presença ou a falta de papel, se a posição está adequada e se as portas e as travas estão em suas posições correspondentes. Outros sensores possuem codificadores que são usados para controlar a rotação do motor. Os atuadores possuem servomotores e motores de passo para carregar e transportar o papel, girar o tambor e organizar o classificador (ALCIATORE; HISTAND, 2014). Citamos o motor de passo como um exemplo de atuador. Pois bem, o motor de passo foi inventado pelo Engenheiro Francês Marius Lavet, em 1936. Os motores de passo são dispositivos mecânicos eletromagnéticos que podem ser controlados digitalmente através de um hardware específico ou através de softwares. Motores de passo são encontrados em aparelhos onde a precisão é um fator muito importante. São usados em larga escala em impressoras, plotters, drivers de disquete, e muitos outros aparelhos. Existem vários modelos de motores de passo disponíveis no mercado que são utilizados para diversos propósitos (ARAÚJO, 2011). São características importantes dos motores de passo: � os motores de passo são construídos com 12, 24, 74, 144 e 200 passos por revolução isso resulta em incrementos de 30, 15, 5,2. 5,2, e 1.8° graus; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 15 � desligado – não há alimentação suprindo o motor, nesse caso não existe consumo de energia, e todas as bobinas estão desligadas. Na maioria dos circuitos este ocorre quando a fonte de alimentação é desligada; � parado – pelo menos uma das bobinas fica energizada e o motor permanece estático num determinado sentido, nesse caso há consumo de energia, mas em compensação, o motor mantém alinhado numa posição fixa; � rodando – as bobinas são energizadas em intervalos de tempos determinados, impulsionando o motor a girar numa direção; � passo completo1 (full-step) – somente uma bobina é energizada a cada passo; menor torque; pouco consumo de energia; maior velocidade; � passo completo 2 (full-step) – duas bobinas são energizadas a cada passo; maior torque; consomem mais energia que o passo completo 1; maior velocidade; � meio passo (Half-step) –a combinação do passo completo 1 e do passo completo 2 gera um efeito de meio passo; consome mais energia que os passos anteriores; é muito mais preciso que os passos anteriores; o torque é próximo ao do passo completo 2; a velocidade é menor que as dos passos anteriores. A característica maior que distingue de uma iluminação automatizada de uma convencional é a capacidade de receber pulsos digitais e traduzir em movimento mecânico através do motor de passo (ARAÚJO, 2011). 2.3 Sistemas de medidas Uma das partes fundamentais dos sistemas mecatrônicos são os sistemas de medidas, compostos por três elementos básicos, conforme mostrado abaixo: Transdutor Processador de sinais Registrador Transdutor é um dispositivo de sensoriamento que converte uma entrada física em uma saída, geralmente uma tensão. O processador de sinais efetua a filtragem do sinal, a amplificação, ou outro tipo de condicionamento do sinal na Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 16 saída do transdutor. O termo sensor geralmente é utilizado quando se refere a um transdutor, ou uma combinação de transdutores, e também ao processador de sinal. Por fim, o registrador é um instrumento, um computador, uma impressora, ou simplesmente um display que permite o monitoramento em tempo real da informação de um sensor ou de algum processo subsequente (ALCIATORE; HISTAND, 2014). Bolton (2008) traduz assim as três partes componentes de um sistema de medição em mecatrônica: 1 Um sensor que responde à grandeza sob medição produzindo em sua saída um sinal relacionado à grandeza. Por exemplo, um termopar é um sensor de temperatura. A entrada deste sensor é a temperatura e a saída e uma FEM (força eletromotriz) que está relacionada ao valor da temperatura. 2 Um condicionador de Sinal que recebe o sinal do sensor e o transforma para um formato que seja apropriado para apresentação ou, no caso de um sistema de controle, para uso na Operação de controle. Assim, por exemplo, a saída de um termopar é uma FEM muito pequena e pode ser amplificada através de um amplificador. Este circuito é um condicionador de sinal. 3 Um sistema de display é onde a saída do condicionador de sinal é mostrada. Esta parte pode, por exemplo, ser um ponteiro que se move sobre uma escala, ou então um mostrador digital. Estes três módulos de um sistema de medidas possuem uma grande variação de tipos, sendo classificados por fatores de desempenho e de custo. Isto é importante para projetistas e usuários de sistemas de medidas, pois para que os sistemas sejam desenvolvidos com confiança e precisão, é necessário saber quais são suas características e limitações, bem como ter o conhecimento de como selecionar os melhores elementos de um sistema de medidas, que possivelmente serão utilizados em seus projetos. Além disso, como parte integrante da maioria dos sistemas mecatrônicos, um sistema de medidas é geralmente utilizado como um dispositivo autônomo de aquisição de dados, podendo ser utilizado em laboratório ou em algum campo de aplicação (ALCIATORE; HISTAND, 2014). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 17 Um termômetro digital é um bom exemplo para sistema de medidas. Vejamos: O termopar é um transdutor que converte a temperatura para uma tensão pequena, e o amplificador aumenta a magnitude da tensão. O conversor A/D (analógico-digital) é um dispositivo que converte o sinal analógico para um sinal digital codificado, assim como display LED (diodo emissor de luz) informa o valor da temperatura. Embora pareça óbvio, não custa lembrar que praticamente todos os sistemas mecatrônicos e de medição contém circuitos e componentes elétricos, daí a importância de conhecimentos sólidos dos fundamentos dos componentes elétricos básicos e das técnicas de análise de circuitos. Os três elementos passivos básicos são: o resistor (R), o capacitor (C) e o indutor (L). Elementos passivos não exigem fontes de alimentação adicionais, ao contrário de dispositivos ativos, tais como os circuitos integrados. Os elementos passivos são definidos por sua relação tensão-corrente. Um resistor é um elemento dissipativo que converte energia elétrica em calor. A lei de Ohm define a característica tensão-corrente de um resistor ideal. A unidade de resistência é o ohm. A resistência é uma propriedade do material cujo valor é a inclinação da curva tensão-corrente do resistor. Para um resistor ideal, a relação tensão-corrente é linear, e a resistência é constante. Contudo, resistores reais são tipicamente não lineares devido ao efeito da temperatura. Com o aumento da corrente, a temperatura também aumenta, resultando em uma resistência maior. Além disso, um resistor real tem uma capacidade de dissipação de potência limitada designada em watts, e ele pode falhar quando este limite é excedido. Um capacitor é um elemento passivo que armazena energia na forma de campo elétrico. Este campo é o resultado da separação das cargas elétricas. O capacitor mais simples consiste em um par de placas condutoras paralelas separadas por um material dielétrico. O material dielétrico é um isolador que aumenta a capacitância como o resultado de dipolos elétricos permanentes ou induzidos no material. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 18 A rigor, a corrente contínua (CC) não circula pelo capacitor. Em vez disso, cargas são deslocadas de um lado ao outro do capacitor pelo circuito condutor, estabelecendo o campo elétrico. O deslocamento de cargas é denominado corrente de deslocamento, porque a corrente parece circular através do capacitor sempre que este é carregado ou descarregado. Por sua vez, um indutor é um elemento passivo que armazena energia na forma de um campo magnético. A forma mais simples de um indutor é uma bobina de fio. Indutores tendem a manter o campo magnético estabelecido em seu interior. As características de um indutor são o resultado direto da lei de indução de Faraday. 2.4 Sistema de controle Um sistema de controle pode ser considerado como aquele que pode ser usado para: 1. Controle de algumas variáveis em determinados valores. Por exemplo, um sistema central de aquecimento em que a temperatura é controlada em um determinado valor. 2. Controle de uma sequência de eventos. Por exemplo, uma máquina de lavar ajustada para, digamos, “roupas brancas” que passa a ser controlada dentro de um determinado ciclo de lavagem, ou seja, uma sequência de eventos apropriados ao tipo de roupa. 3. Controle de ocorrência de eventos. Por exemplo, uma tranca de segurança em uma máquina em que ela não pode ser operada antes que uma trava esteja posicionada. O sistema pode funcionar por realimentação, em malha fechada e aberta. No sistema por realimentação, há uma comparação e os sinais são realimentados por uma saída, ajustados de acordo com o desejável, assim se alimenta o sistema. Sistemas de Malha Fechada são sistemasonde há ligação de pelo menos uma saída de algum bloco funcional para uma de suas próprias entradas, ou para Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 19 alguma entrada de outro bloco que lhe seja anterior. Entende-se por bloco anterior a um dado bloco funcional, qualquer um que contribua para a formação das entradas do bloco em questão. Este tipo de interligação é denominado de realimentação. Nos sistemas de malha aberta não há realimentação. Um exemplo de um sistema de controle em malha aberta comum é uma sanduicheira doméstica. O controle é feito ajustando-se um temporizador que determina o tempo para tostar o pão. Não há realimentação para controlar o nível desejado em que o pão seja tostado. Analisemos um motor: Num sistema em malha aberta, a velocidade de rotação do eixo pode ser determinada unicamente pelo ajuste inicial no botão que afeta a tensão aplicada ao motor. Qualquer variação na tensão de alimentação, nas características do motor em função de variações na temperatura, ou ainda na carga no eixo faz variar a velocidade do eixo, mas sem compensação. Não há malha de realimentação. Entretanto, num sistema em malha fechada, o valor inicialmente ajustado no botão de controle para uma determinada velocidade do eixo é mantido pela realimentação, independente de qualquer variação na tensão de alimentação, nas características do motor ou na carga. Num sistema de controle de malha aberta, a saída do sistema não tem efeito sobre o sinal de entrada. Já num sistema de controle em malha fechada, a saída tem efeito sobre o sinal de entrada modificando-o para manter o sinal de saída no valor desejado. Os sistemas em malha aberta tem a vantagem de ser relativamente simples e consequentemente de baixo custo e, geralmente, com boa confiabilidade. Entretanto, eles normalmente não são precisos, visto que não há correção de erro. Os sistemas em malha fechada tem a vantagem de ser relativamente precisos em relação à igualdade entre os valores real e desejado. Entretanto, eles são mais complexos, um pouco mais caros e possuem uma probabilidade maior de ficar inoperante em função do maior número de componentes (BOLTON, 2008). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 20 2.5 Sistemas de controle analógico e digital O sistema digital resulta da combinação de dispositivos desenvolvidos para manipular quantidades físicas ou informações que são representadas na forma digital; isto é, tal sistema só pode manipular valores discretos. Na sua grande maioria, estes dispositivos são eletrônicos, mas também podem ser mecânicos, magnéticos ou pneumáticos. As calculadoras e computadores digitais, os relógios digitais, os controladores de sinais de tráfego e as máquinas de escrever são exemplos familiares de sistemas digitais. Já o sistema analógico é formado por dispositivos que manipulam quantidades físicas representadas sob forma analógica. Nestes sistemas, as quantidades variam continuamente dentro de uma faixa de valores. Por exemplo, a amplitude do sinal de saída no alto-falante de um rádio pode assumir qualquer valor entre zero e o seu limite máximo. Os equipamentos de reprodução e gravação de fitas magnéticas são outros exemplos comuns de sistemas analógicos. De maneira bem simplificada: Os sistemas analógicos são aqueles em que todos os sinais são funções contínuas do tempo e a amplitude do sinal é a medida da variável. Os sinais digitais podem ser considerados uma sequência de sinais on/off (BOLTON, 2008). Evidentemente que as técnicas digitais oferecem vantagens e desvantagens. Vamos primeiro às vantagens. A utilização das técnicas digitais proporcionou novas aplicações da eletrônica, bem como de outras tecnologias, substituindo grande parte dos métodos analógicos existentes. As principais razões que viabilizam a mudança para a tecnologia digital são: � os sistemas digitais são mais fáceis de projetar. Isto é devido ao fato de os circuitos empregados nos sistemas digitais serem circuitos de chaveamento, em que os valores exatos da tensão ou da corrente dos sinais manipulados não são tão importantes, bastando resguardar a faixa de operação (ALTO ou BAIXO) destes sinais; Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 21 � o armazenamento da informação é fácil. Circuitos especiais de chaveamento podem reter a informação pelo tempo que for necessário; � precisão e exatidão são maiores. Os sistemas digitais podem trabalhar com tantos dígitos de precisão quantos forem necessários, com a simples adição de mais circuitos de chaveamento. Nos sistemas analógicos, a precisão geralmente é limitada a três ou quatro dígitos, porque os valores de tensão e corrente dependem diretamente dos componentes empregados; � as operações podem ser programadas. É relativamente fácil e conveniente desenvolver sistemas digitais cuja operação possa ser controlada por um conjunto de instruções previamente armazenadas (programa). Os sistemas analógicos também podem ser programados, mas a variedade e a complexidade das operações envolvidas são bastante limitadas; � circuitos digitais são menos afetados por ruído. Ruídos provocados por flutuações na tensão de alimentação ou de entrada, ou mesmo induzidos externamente, não são tão críticos em sistemas digitais porque o valor exato da tensão não é tão importante, desde que o nível do ruído não atrapalhe a distinção entre os níveis ALTO e BAIXO; � os circuitos digitais são mais adequados à integração. É verdade que o desenvolvimento da tecnologia de integração (CIs) também beneficiou os circuitos analógicos, mas a sua relativa complexidade e o uso de dispositivos que não podem ser economicamente integrados (capacitores de grande capacitância, resistores de precisão, indutores, transformadores) não permitiriam que os circuitos analógicos atingissem o mesmo grau de integração dos circuitos digitais. Quanto às desvantagens ou limitações, sabemos que a grande maioria das variáveis (quantidades) físicas são, em sua natureza, analógicas, e geralmente elas são as entradas e saídas que devem ser monitoradas, operadas e controladas por um sistema. Como exemplo, temos a temperatura, a pressão, a posição, a velocidade, o nível de um líquido, a vazão e outros mais. Via de regra, expressamos estas variáveis digitalmente como quando dizemos que a Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 22 temperatura é de 64º (63,8º para ser mais preciso); na realidade, porém, estamos fazendo uma aproximação digital de uma quantidade analógica. Para se tirar proveito das técnicas digitais quando lidamos com entradas e saídasanalógicas, três etapas devem ser executadas: � converter o “mundo real” das entradas analógicas para a forma digital; � processar (ou operar) a informação digital; � converter as saídas digitais de volta para o mundo real, em sua forma analógica (UFPB, 2014). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 23 UNIDADE 3 – AUTOMAÇÃO PNEUMÁTICA Pelas razões mencionadas e à vista, posso chegar à conclusão de que o homem dominará e poderá elevar-se sobre o ar mediante grandes asas construídas por si, contra a resistência da gravidade. Essa frase de Leonardo Da Vinci nos mostra que séculos atrás, o homem já vislumbrava possibilidades de aproveitamento do ar na técnica, o que hoje é possível e como meio de racionalização do trabalho, o ar comprimido vem encontrando cada vez mais, aplicação na indústria e em outros segmentos. Assim caminha a humanidade, na busca de diminuir tempos de produção para obtenção de maiores lucros no mercado, é intensa a necessidade de desenvolver novas técnicas de trabalho que possibilitem ao homem o aprimoramento nos processos que visam a produção e a busca da qualidade total. Para permitir a otimização de sistemas nos processos industrial foram unindo vários meios de transmissão de energia como, por exemplo, a mecânica, a eletrônica, a hidráulica e a pneumática, tema desta unidade. Justifica-se a introdução da pneumática de forma mais sistemática devido às seguintes necessidades: � racionalização da mão de obra do “chão de fábrica”; � redução dos custos; � a velocidade de produção que trouxe por consequência um aumento na produção. Segundo Saraiva et al. (2007), hoje em dia o ar comprimido é indispensável dentro de praticamente todos os sistemas industriais e por que não dizer, cotidianamente, quando alguém vai calibrar o pneu em um posto de gasolina ou mesmo quando alguém embarca num ônibus, no qual o sistema de abre a sua porta é acionado através do ar comprimido. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 24 3.1 Evolução do uso do ar comprimido Embora tenhamos algumas referências do uso de ar comprimido no Velho Testamento, na fundição de prata, ferro, chumbo e estanho e que a história demonstra que há mais de 2000 anos os técnicos da época construíram máquinas pneumáticas, produzindo energia pneumática por meio de um pistão e tendo como instrumento de trabalho um cilindro de madeira dotado de êmbolo, foi somente na segunda metade do século XIX que o ar comprimido adquiriu importância industrial. Os antigos aproveitavam ainda a força gerada pela dilatação do ar aquecido e a força produzida pelo vento. Em Alexandria (centro cultural vigoroso no mundo helênico), foram construídas as primeiras máquinas reais, no século III a.C. Neste mesmo período, Ctesibios fundou a Escola de Mecânicos, também em Alexandria, tornando-se, portanto, o precursor da técnica para comprimir o ar. A Escola de Mecânicos era especializada em Alta Mecânica, e eram construídas máquinas impulsionadas por ar comprimido. No século III d.C., um grego, Hero, escreveu um trabalho em dois volumes sobre as aplicações do ar comprimido e do vácuo. Contudo, a falta de recursos materiais adequados, e mesmo incentivos, contribuiu para que a maior parte destas primeiras aplicações não fosse prática ou não pudesse ser convenientemente desenvolvida. A técnica era extremamente depreciada, a não ser que estivesse a serviço de reis e exércitos, para aprimoramento das máquinas de guerra. Como consequência, a maioria das informações perdeu-se por séculos. Durante um longo período, o desenvolvimento da energia pneumática sofreu paralisação, renascendo apenas nos séculos XVI e XVII, com as descobertas dos grandes pensadores e cientistas como Galileu, Otto Von Guericke, Robert Boyle, Bacon e outros, que passaram a observar as leis naturais sobre compressão e expansão dos gases. Leibinz, Huyghens, Papin e Newcomem são considerados os pais da Física Experimental, sendo que os dois últimos consideravam a pressão atmosférica como uma força enorme contra o Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 25 vácuo efetivo, o que era objeto das Ciências Naturais, Filosóficas e da Especulação Teológica desde Aristóteles até o final da época Escolástica. Encerrando esse período, encontra-se Torricelli, o inventor do barômetro, um tubo de mercúrio para medir a pressão atmosférica. Com a invenção da máquina a vapor de Watts, tem início a era da máquina. No decorrer dos séculos, desenvolveram-se várias maneiras de aplicação do ar, com o aprimoramento da técnica e novas descobertas. Assim, foram surgindo os mais extraordinários conhecimentos físicos, bem como alguns instrumentos. Um longo caminho foi percorrido, das máquinas impulsionadas por ar comprimido na Alexandria aos engenhos pneumoeletrônicos de nossos dias. Portanto, o homem sempre tentou aprisionar esta força para colocá-la a seu serviço, com um único objetivo: controlá-la e fazê-la trabalhar quando necessário. Atualmente, o controle do ar suplanta os melhores graus da eficiência, executando operações sem fadiga, economizando tempo, ferramentas e materiais, além de fornecer segurança ao trabalho (PARKER, 2000; GARCIA, 2008). Como exemplo de aplicação da pneumática na atualidade temos: � prensas pneumáticas; � dispositivos de fixação de peças em máquinas, ferramenta e esteiras; � acionamento de portas de um ônibus urbano ou dos trens do metrô; � sistemas automatizados para alimentação de peças; � robôs industriais para aplicações que não exijam posicionamento preciso; � freios de caminhão; � parafusadeiras e lixadeiras; � broca de dentista; � pistola de pintura; � correio pneumático (SILVA, 2002). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 26 3.2 Conceitos básicos a) Pneumática: Provém da raiz grega pneuma, que significa fôlego, vento, sopro. Logo, pneumática é conceituada como a matéria, parte da física que trata dos movimentos e fenômenos dos gases, ou seja, se ocupa da dinâmica e dos fenômenos físicos relacionados com os gases ou vácuos. É também o estudo da conservação da energia pneumática em energia mecânica, através dos respectivos elementos de trabalho. b) Fluido: É qualquer substância capaz de escoar e assumir a forma do recipiente que a contém (nesse caso, o fluido em questão é o ar). c) Eletropneumática: Ramo da pneumática que passa a utilizar a energia elétrica CC ou CA como fonte de energia para o acionamento de válvulas direcionais, compondo as chamadas eletroválvulas e válvulas proporcionais, energizando ainda sensores magnéticos de posicionamento,pressostatos, micro-switches, etc. d) Pneutrônica: Vocábulo utilizado para indicar uma evolução da eletropneumática, em que a eletrônica passa a ter uma aplicação muito maior, com controladores lógicos programáveis, sensores digitais, sistemas robotizados. Circuitos eletrônicos complexos acionando e monitorando os componentes pneumáticos. e) Pressão: Em termos de pneumática, define-se pressão como a força exercida em função da compressão do ar em um recipiente por unidade de área interna dele, conforme ilustrado a seguir: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 27 RECIPIENTE COM AR COMPRIMIDO Fonte: Fialho (2011, p. 19). Sua unidade no SI é dada em N/m2 ou Pa (pascal), embora seja comum ainda a utilização de unidades como atm, bar, kgf/mm2, Psi, etc. f) Pressão em um Atuador Pneumático: É a relação entre a força que se opõe ao movimento de extensão de um atuador e a seção transversal interna dele (área do pistão Ap), como se segue: Fonte: Fialho (2011, p. 20). 3.3 Propriedades do ar, os gases e o ar comprimido O ar é insípido, inodoro e incolor e nós o percebemos pelo vento, nos aviões e pássaros e flutuam por ele e também quando impacta no nosso corpo. Ele é real e concreto e ocupa lugar no espaço. Para entender as características dos sistemas pneumáticos é necessário estudar o comportamento do ar, o que nos leva a priori a conhecer algumas propriedades básicas como a expansibilidade, compressibilidade, elasticidade, difusibilidade. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 28 a) Expansibilidade O ar, como todos os gases, não tem forma definida, o que lhe permite adquirir a forma do recipiente que o contém, mudando-a ao menor esforço, daí a propriedade de expansibilidade, que lhe possibilita ocupar totalmente o volume de qualquer recipiente, adquirindo o seu formato. A figura abaixo ilustra as diversas formas pelas quais o ar circula. b) Compressibilidade Como o ar pode expandir-se ocupando totalmente o ambiente pelo qual circula, ou seja, é possível encerrá-lo num recipiente com volume determinado e posteriormente provocar-lhe uma redução de volume. Podemos concluir que o ar permite reduzir o seu volume quando sujeito à ação de uma força exterior. c) Elasticidade Propriedade que possibilita ao ar voltar ao seu volume inicial uma vez extinto o efeito (força) responsável pela redução do volume. d) Difusibilidade Propriedade do ar que lhe permite misturar-se homogeneamente com qualquer meio gasoso que não esteja saturado. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 29 O comportamento dos gases é outro ponto que precisamos lembrar! Os gases são formados por moléculas em agitação (movimento) que produzem forças de pressão no recipiente em que o gás está contido. Indicações de pressão podem ter como referência o ponto zero absoluto (vácuo) ou a pressão atmosférica. Por isso, fala-se em pressão absoluta e pressão relativa. A pressão atmosférica é produzida pela camada de ar que envolve a terra e depende da densidade e da altitude, portanto esta não tem um valor constante. A pressão atmosférica ao nível do mar vale 1,013 bar (=1,013 103 N/m2 = 103 Pa). Os gases ocupam a totalidade do volume disponível e produzem forças de compressão devido ao movimento das moléculas que é produzido pelo efeito do calor. Numa mistura de gases, cada gás se comporta como se os outros não existissem. A pressão total da mistura é igual a soma das pressões individuais (pressão parcial) de cada gás. O vapor é produzido pela evaporação de líquidos. Dependendo da temperatura pode haver evaporação até a pressão máxima de vapor, tratando-se nesse caso de vapor saturado. Os gases podem ser entendidos como vapores superaquecidos e obedecem aproximadamente às leis físicas dos gases. Já vapores saturados, não obedecem às leis físicas dos gases. No estudo dos gases são comuns os termos gases ideais e gases reais. O gás real é como definido acima, um vapor superaquecido que apresenta uma certa temperatura de condensação (se torna líquido). Já o gás ideal não condensa no resfriamento até o ponto zero absoluto, consistindo num estado ideal (modelo) que facilita o equacionamento teórico do seu comportamento, mas não ocorre na prática. No entanto, visto que o ponto de condensação dos gases reais ocorre em baixas temperaturas e altas pressões, pode-se na pneumática a princípio, tratar o gás real com suficiente exatidão como gás ideal. O estado de um gás é determinado por três grandezas físicas: pressão (P), volume (V) e temperatura (T). Essas três grandezas estão relacionadas pela equação geral de estado, descrita a seguir: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 30 PV / T = cte Onde: a unidade da temperatura é Kelvin (K). Outra forma dessa equação, considerando uma massa de ar m, é: PV = mRT Onde: R é a constante do gás que é igual à 287 J/Kg.K para o ar. Assim, a densidade (r) do gás é dada por: ρ = M/V = ρ/RT Da primeira equação, observa-se que se a temperatura for mantida constante (processo isotérmico), o produto pressão pelo volume é constante. Se a pressão for mantida constante, a razão entre volume e temperatura é mantida constante. Se o volume for mantido constante, a razão entre pressão e temperatura é mantida constante. E o ar? O ar da atmosfera é uma mistura de gases composto de 78% de Nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de outros gases. O ar contém adicionalmente água em forma de vapor. A capacidade de absorção de vapor d’água no ar depende da temperatura, porém não da pressão. Se a capacidade máxima de absorção for ultrapassada, o vapor d’água condensa e precipita na forma de água condensada (neblina, pingos, etc.). A umidade máxima do ar (fmax) é o volume máximo de vapor d’água possível numa temperatura t. A umidade absoluta do ar (f) é a quantidade de vapor d’água expressa em gramas efetivamente contida numa unidade de volume. A umidade relativa do ar (φ) é também chamada de grau de saturação. O ar comprimido é o ar atmosférico condensado, que possui energia de pressão armazenada e, portanto, está em condição de realizar trabalho. Durante a compressão se produz calor. Quando o ar comprimido se expande, ocorre um resfriamento (FIALHO, 2011). Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimentopor escrito do Grupo Prominas. 31 3.4 Características da pneumática Comparativamente à hidráulica, a pneumática é, sem dúvida, o elemento mais simples, de maior rendimento e de menor custo que pode ser utilizado na solução de muitos problemas de automatização, fato devido a uma série de características próprias de seu fluido de utilização, que no caso é o ar. Vamos às características do ar: a) Quantidade: O ar, para ser comprimido, existe em quantidades ilimitadas. b)Transporte: O ar comprimido é transportado por meio de tubulações, não existindo para esse caso a necessidade de linhas de retorno, como é feito nos sistemas hidráulicos. c) Armazenagem: Ao contrário da hidráulica, em que durante o funcionamento do circuito faz-se necessário o contínuo trabalho da bomba (na maioria dos casos) para a circulação do fluido que se encontra armazenado em um tanque anexo ao equipamento, em pneumática o ar é comprimido por um compressor e armazenado em um reservatório, não sendo necessário que o compressor trabalhe continuamente, mas somente quando a pressão cair a um determinado valor mínimo ajustado em um pressostato. d) Temperatura: Diferentemente do óleo que tem sua viscosidade afetada pela variação da temperatura, o ar comprimido é insensível às oscilações desta, permitindo um funcionamento seguro, mesmo em condições extremas. e) Segurança: O ar comprimido não apresenta perigos de explosão ou incêndio, e mesmo que houvesse explosão por falha estrutural de um componente, tubulação, mangueira, ou mesmo do reservatório de ar comprimido, a pressão do Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 32 ar utilizado em pneumática é relativamente baixa (6 a 12bar), enquanto em hidráulica se trabalha com pressões que chegam à ordem de 350bar. f) Limpeza: Uma vez que o fluido de utilização é o ar comprimido, não há risco de poluição ambiental, mesmo ocorrendo eventuais vazamentos nos elementos mal vedados. Este fato torna a pneumática um sistema excelente e eficiente para aplicação nas indústrias alimentícia e farmacêutica. g) Construção: Como as pressões de trabalho são relativamente baixas quando comparadas à hidráulica, seus elementos de comando e ação são menos robustos e mais leves, podendo ser construídos em liga de alumínio, tornando o custo relativamente menor, portanto mais vantajoso. h) Velocidade: É um meio de trabalho que permite alta velocidade de descolamento, em condições normais entre 1 e 2m/s, podendo atingir 10m/s no caso de cilindros especiais e 500.000rpm no caso de turbinas pneumáticas. i) Regulagem: Não possuem escala de regulagem, isto é, os elementos são regulados em velocidade e força, conforme a necessidade da aplicação, sendo da escala de zero ao máximo do elemento. j) Segurança contra Sobrecarga: Diferentemente dos sistemas puramente mecânicos ou eletroeletrônicos, os elementos pneumáticos podem ser solicitados, em carga, até parar, sem sofrer nenhum dano, voltando a funcionar normalmente, tão logo cesse a resistência (FIALHO, 2011). De acordo com essas características do ar, vamos a algumas vantagens dos sistemas pneumáticos: a) Incremento da produção: com investimento relativamente pequeno. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 33 b) Redução dos custos operacionais: a rapidez nos movimentos pneumáticos e a libertação do operário (homem) de operações repetitivas possibilitam o aumento do ritmo de trabalho, aumento de produtividade e, portanto, um menor custo operacional. c) Robustez dos componentes pneumáticos: a robustez inerente aos controles pneumáticos torna-os relativamente insensíveis a vibrações e golpes, permitindo que ações mecânicas do próprio processo sirvam de sinal para as diversas sequências de operação. São de fácil manutenção. d) Facilidade de introdução: pequenas modificações nas máquinas convencionais, aliadas à disponibilidade de ar comprimido, são os requisitos necessários para introdução dos controles pneumáticos. e) Resistência a ambientes hostis: poeira, atmosfera corrosiva, oscilações de temperatura, umidade, submersão em líquidos, raramente prejudicam os componentes pneumáticos, quando projetados para esta finalidade. f) Simplicidade de manipulação: os controles pneumáticos não necessitam de operários superespecializados para sua manipulação. g) Segurança: como os equipamentos pneumáticos envolvem sempre pressões moderadas, tornam-se seguros contra possíveis acidentes, quer no pessoal, quer no próprio equipamento, além de evitarem problemas de explosão. h) Redução do número de acidentes: a fadiga é um dos principais fatores que favorecem acidentes; a introdução de controles pneumáticos reduz sua incidência (liberação de operações repetitivas) (PARKER TRAINING, 2000). Evidentemente que a pneumática também apresenta algumas desvantagens, a saber: a) Preparação: a fim de que o sistema tenha um excelente rendimento, bem como uma prolongada vida útil de seus componentes, o ar comprimido requer boa preparação da qualidade do ar, isto é, isento de impurezas e umidade, o que é possível com a utilização de filtros e purgadores. Essa Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 34 remoção de impurezas e a eliminação de umidade evita corrosão nos equipamentos, engates ou travamentos e maiores desgastes nas partes móveis do sistema. b) Compressibilidade: a compressibilidade é uma característica não apenas do ar, mas também de todos os gases, que impossibilita a utilização da pneumática com velocidades uniformes e constantes. Isso que dizer que, diferentemente da hidráulica, ou mesmo da eletrônica, em controle de servomotores para movimentos de precisão, a pneumática não possibilita controle de velocidade preciso e constante durante vários ciclos seguidos. Muitas vezes recorre-se a sistemas mistos. c) Força: considerando a pressão normal de trabalho nas redes pneumáticas industriais, ou seja, uso econômico (6bar), é possível, com o uso direto de cilindros, chegar a forças de 48250N (capacidade para erguer uma massa de 494kg) com atuador linear ISO de Dp = 320mm. d) Escape de Ar: sempre que o ar é expulso de um atuador, após seu movimento de expansão ou retração, ao passar pela válvula comutadora, espalhando-se na atmosfera ambiente, provoca um ruído relativamente alto, apesar de que, nos dias de hoje, esse problema foi quase totalmente eliminado com o desenvolvimento e aplicação de silenciadores. e) Custos: quando levados em consideração os custos de implantação dentro de uma indústria (produção, preparação, distribuição e manutenção), eles podem ser considerados significativos. Entretanto, o custo da energia é em parte compensado pelos elementos de preços vantajosos e rentabilidade do equipamento. 3.5 Produção de ar comprimido A figura abaixo mostra as etapas que o ar comprimido passa desde a sua geração e tratamento até ser distribuído nas máquinas. Em geral,o ar comprimido é produzido de forma centralizada e distribuído na fábrica. Para atender às exigências de qualidade, o ar após ser comprimido sofre um tratamento que envolve: Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 35 � filtração; � resfriamento; � secagem; � separação de impurezas sólida e líquidas inclusive vapor d'água. Geração, tratamento e distribuição do ar comprimido Fonte: UERJ (2013, p. 13). Nessa figura, cada equipamento por onde o ar passa é representado por um símbolo. Em pneumática existe uma simbologia para representar todos os equipamentos pneumáticos. Assim estão representados na figura, por exemplo, os símbolos do filtro, compressor, motor (elétrico ou de combustão), resfriador, secador e reservatório. Vemos que o ar é aspirado pelo compressor, que é a máquina responsável por comprimir o ar. Na entrada do compressor existe um filtro para reter partículas sólidas do ar do meio ambiente. Ao ser comprimido, o ar aquece aumentando a temperatura em sete vezes. Assim é necessário resfriá-lo, pois a alta temperatura pode danificar a tubulação. Após o resfriamento, o ar passa por um processo de secagem na tentativa de remover a água do ar que está sob a forma de vapor, além disso, sofre uma filtração para eliminar partículas sólidas introduzidas pelo compressor, por exemplo. O ar então é armazenado num reservatório que tem duas funções: a) Garantir uma reserva de ar de maneira que a pressão da linha se mantenha constante, evitando que o compressor tenha que ser ligado e desligado várias vezes. Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 36 b) Alguns compressores, como o compressor de êmbolo geram pulsos depressão na compressão do ar. O reservatório evita que esses pulsos de pressão sejam transmitidos para linha pneumática da fábrica. Do reservatório, o ar é distribuído na fábrica e em cada máquina existe uma unidade de tratamento de ar que irá ajustar as características do ar comprimido de acordo com as necessidades específicas da máquina. O ar comprimido é então convertido em trabalho mecânico pelos atuadores pneumáticos (UERJ, 2012). A pneumática utiliza o ar como fonte de energia para o acionamento de seus automatismos. Esse ar, entretanto, necessita ser colocado em determinadas condições apropriadas para sua utilização. São elas: pressão adequada e qualidade (isenção de impurezas e umidade). A condição de pressão adequada é conseguida com compressores, já a de qualidade precisa de recursos como purgadores, secadores e filtros, abordados mais adiante. Um compressor é uma máquina responsável por comprimir o ar atmosférico até a pressão desejada necessária para realização do trabalho. Dois são os princípios conceptivos em que se fundamentam todas as espécies de compressores de uso industrial: volumétrico e dinâmico. Nos compressores volumétricos ou de deslocamento positivo, a elevação de pressão é conseguida com a redução do volume ocupado pelo gás. Na operação dessas máquinas podem ser identificadas diversas fases, que constituem o ciclo de funcionamento: inicialmente, uma certa quantidade de gás é admitida no interior de uma câmara de compressão, que então é cerrada e sofre redução de volume. Finalmente, a câmara é aberta e o gás liberado para consumo. Trata-se, pois, de um processo intermitente, no qual a compressão propriamente dita é efetuada em sistema fechado, isto é, sem nenhum contato com a sucção e a descarga. Ressalte-se que pode haver algumas diferenças Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 37 entre os ciclos de funcionamento das máquinas dessa espécie, em função das características específicas de cada uma (FIALHO, 2011). Os compressores dinâmicos ou turbocompressores possuem dois órgãos principais: impelidor e difusor. O impelidor é um órgão rotativo munido de pás que transfere ao gás a energia recebida de um acionador. Essa transferência de energia se faz em parte na forma cinética e em outra parte na forma de entalpia. Posteriormente, o escoamento estabelecido no impelidor é recebido por um órgão fixo denominado difusor, cuja função é promover a transformação da energia cinética do gás em entalpia, com consequente ganho de pressão. Os compressores dinâmicos efetuam o processo de compressão de maneira contínua, portanto corresponde exatamente ao que se denomina, em termodinâmica, um volume de controle. Os compressores de maior uso na indústria são os alternativos, de palhetas, de parafusos, de lóbulos, centrífugos e axiais. Nas aplicações industriais, normalmente são previstos compressores com grandes reservatórios, a fim de atender à grande demanda de automatismos em diversos pontos, que são interligados por meio de uma rede tubular, possibilitando sua distribuição de forma igualitária e sem perdas significativas. No projeto de uma central de compressão, é sempre importante, quando do dimensionamento, considerar a possibilidade e a necessidade de uma futura ampliação e aquisição de novos equipamentos pneumáticos, pois um aumento na central de compressão a posteriori torna-se muito caro. A título de ilustração, temos no quadro abaixo as espécies de compressores classificadas de acordo com o princípio de concepção. Quadro geral de compressores industriais Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas. 38 Fonte: Fialho (2011, p. 42). Numa comparação grosseira, pode-se dizer que os compressores de deslocamento positivo são adequados para maiores pressões e menores vazões e os dinâmicos, para menores pressões e maiores vazões (UERJ, 2012). Vejamos alguns tipos: a) Compressor dinâmico de fluxo radial: O ar é acelerado a partir do centro de rotação, em direção à periferia, ou seja, é admitido pela primeira hélice (rotor dotado de lâminas dispostas radialmente), axialmente, é acelerado e expulso radialmente. Quando vários estágios estão reunidos em uma carcaça única, o ar é obrigado a passar por um difusor antes de ser conduzido ao centro de rotação do estágio seguinte, causando a conversão de energia cinética em energia de pressão. A relação de compressão entre os estágios é determinada pelo desenho da hélice, sua velocidade tangencial e a densidade do gás. O resfriamento entre os estágios, a princípio, era realizado através de camisas d’água nas paredes internas do compressor. Atualmente, existem resfriadores intermediários separados, de grande porte, devido à sensibilidade à pressão, por onde o ar é dirigido após dois ou três estágios, antes de ser injetado no grupo seguinte. Em compressores de baixa pressão não existe resfriamento intermediário.
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