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Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO DA COVID-19 Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 2 Como citar este material: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS - UFMA. Quadro clínico e diagnóstico da COVID-19. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS - UFMA. O novo coronavírus e a COVID-19. São Luís: Junho, 2020. CRÉDITOS Reitor da Universidade Federal do Maranhão Prof. Dr. Natalino Salgado Coordenadora Geral da UNA-SUS/UFMA Profa. Dra. Ana Emilia Figueiredo de Oliveira Adaptação Técnica Cadidja Dayane Sousa do Carmo, Deysianne Costa das Chagas, Isabelle Aguiar Prado, Karoline Corrêa Trindade, Larissa Di Leo Nogueira Costa, Paola Trindade Garcia, Steffi Greyce de Castro Lima, Stephanie Matos Silva Validador CGIED/DEGES Bárbara Ferreira Leite e Bethânia Ramos Meireles Validador CGATES/DEGES Lenise Aparecida Martins Garcias Validador do DSF/SAPS Karoliny Duque Validadores da SVS, CGSAT, CGLAB e CGDEP/SVS/MS Rafael Junqueira Buralli, Karla Freire Baêta, Nathalie Alves Agripino e Kleber Rangel Silva, Tatiane Fernandes Portal de Lima, Miriam Teresinha Furlam Livorati, Gabriela Andrade Pereira, Greice Madelaine Ikeda do Carmo, André Luiz de Abreu, Elisete Duarte, Sheyla Leite, Samuel Brauer Designer Instrucional Steffi Greyce de Castro Lima Designers Gráficos Camila Santos de Castro e Lima José Henrique Coutinho Pinheiro Revisão Gráfica Matheus Augusto Pereira Louzeiro Revisão Textual Talita Guimarães Santos Sousa Gestão de Projetos da UNA-SUS/UFMA Katherine Marjorie Mendonça de Assis Coordenação de Produção Pedagógica da UNA-SUS/UFMA Profa. Dra. Paola Trindade Garcia Coordenação de Ofertas Educacionais da UNA-SUS/UFMA Profa. Dra. Elza Bernardes Monier Coordenação de Tecnologia da Informação da UNA-SUS/UFMA Dilson José Lins Rabêlo Junior Coordenação de Comunicação e Design da UNA-SUS/UFMA José Henrique Coutinho Pinheiro Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO.........................................................................................................3 1 DEFINIÇÕES DE CASO................................................................................................4 1.1. Critérios para reconhecimento e definições de casos............................................4 2 QUADRO CLÍNICO......................................................................................................6 3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL.............................................................................11 3.1. RT-PCR em tempo real (qRT-PCR)............................................................................11 3.2. Teste rápido molecular.............................................................................................12 3.3. Testes Imunológicos..................................................................................................14 3.4. Sequenciamento Viral...............................................................................................16 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................17 REFERÊNCIAS.............................................................................................................18 Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 3 APRESENTAÇÃO Neste recurso educacional, você conhecerá os principais sintomas e orientações para diagnóstico da COVID-19. O correto diagnóstico, o mais precoce possível, é extremamente importante para eficácia do tratamento. Por se tratar de uma nova situação de emergência pública de saúde e de novo vírus, é importante manter-se atento a todos os sinais e sintomas descritos pelos pacientes e observados pelo profissional que está atendendo e sua equipe de saúde. Nosso objetivo é que, ao final da leitura, você seja capaz de compreender o quadro clínico e diagnóstico da COVID-19 de acordo com as normativas vigentes. Bons estudos! Os conteúdos deste material são passíveis de atualizações conforme protocolos das organizações nacionais e internacionais da saúde, sob orientação do Ministério da Saúde. Material produzido em: 20/04/2020 e Atualizado em 03/06/2020. Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 4 1 DEFINIÇÕES DE CASO Considerando a existência de fase de transmissão comunitária da COVID-19, é imprescindível que os serviços de saúde trabalhem com abordagem sindrômica do problema, não exigindo mais a identificação do fator etiológico por meio de exame específico para início das orientações e tratamento. O reconhecimento precoce e o diagnóstico rápido são essenciais para impedir a transmissão e fornecer cuidados de suporte em tempo hábil.1 Dessa forma, é importante a realização de exames específicos quando há essa disponibilidade, porém, é fundamental que o profissional seja capaz de reconhecer o quadro clínico e as definições de caso para COVID-19, otimizando o encaminhamento necessário em cada caso.1 Recomenda-se uma investigação detalhada do histórico do paciente para determinar o nível de risco da COVID-19 e avaliar a possibilidade de outras causas. Deve-se suspeitar de um caso de COVID-19 quando um paciente apresenta febre e/ou sinais/sintomas de doença respiratória baixa (por exemplo, tosse, dispneia) que residam ou que tenham estado em território com transmissão sustentada (comunitária) de COVID-19 ou que tenham tido contato com pessoas doentes.2 1.1. Critérios para reconhecimento e definições de casos Para facilitar o reconhecimento dos sintomas e das definições de caso, o Ministério da Saúde adotou os seguintes critérios para casos suspeitos, confirmados ou descartados2: A investigação clínico-epidemiológica realizada de forma precoce é crucial para o diagnóstico oportuno e a redução da transmissão.2 Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 5 Tabela 1. Definições de casos suspeitos, confirmados ou descartados, Ministério da Saúde, 2020. Casos Suspeitos Definição 1 Síndrome Gripal (SG): indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por sensação febril ou febre*, mesmo que relatada, acompanhada de tosse OU dor de garganta OU coriza OU dificuldade respiratória. Obs1.: Em crianças considera-se também obstrução nasal, na ausência de outro diagnóstico específico. Obs2.: Em idosos a febre pode estar ausente. Deve-se considerar também critérios específicos de agravamento como síncope, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e inapetência. Definição 2 Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): Síndrome Gripal que apresente dispneia/ desconforto respiratório OU pressão persistente no tórax OU saturação de O2 menor que 95% em ar ambiente OU coloração azulada dos lábios ou rosto. Obs.: Em crianças, além dos itens anteriores, observar os batimentos de asa de nariz, cianose, tiragem intercostal, desidratação e inapetência. Casos Confirmados Por Critério Laboratorial Caso suspeito de SG ou SRAG com teste de: • Biologia molecular (RT-PCR em tempo real, detecção do vírus SARS-CoV-2, Influenza ou VSR) - Doença pelo coronavírus 2019 com resultado detectável para SARS-CoV-2 ou Influenza com resultado detectável para Influenza ou Vírus Sincicial Respiratório com resultado detectável para VSR. • Imunológico (teste rápido ou sorologia clássica para detecção de anticorpos): Doença pelo coronavírus 2019 com resultado positivo para anticorpos IgM e/ou IgG em amostra coletada após o sétimo dia de início dos sintomas. Por Critério Clínico- Epidemiológico Caso suspeito de SG ou SRAG com: Histórico de contato próximo ou domiciliar, nos últimos 7 dias antes do aparecimento dos sintomas, com caso confirmado laboratorialmente para COVID-19 e para o qual não foi possível realizar a investigação laboratorial específica. Casos Descartados de Doença pelo Coronavírus 2019 (COVID-2019) Caso suspeito de SG ou SRAG com resultado laboratorial negativo para coronavírus (SARS-CoV-2 não detectável pelo método de RT-PCR em tempo real), considerando a oportunidadeda coleta OU confirmação laboratorial para outro agente etiológico. *Na suspeita de COVID-19, a febre pode não estar presente. Fonte: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para diagnóstico e tratamento da Covid-19. Versão 4. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 6 2 QUADRO CLÍNICO A apresentação clínica se assemelha a sintomas leves de pneumonia viral e a gravidade da doença varia de leve a grave. Observe as porcentagens: Relatórios iniciais sugerem que a gravidade da doença está associada à idade avançada e à presença de condições de saúde subjacentes.2 Abaixo podemos observar os sintomas mais comuns e os menos comuns em pessoas acometidas pela COVID-19: Alguns pacientes podem ser minimamente sintomáticos ou assintomáticos. A triagem em larga escala em áreas não endêmicas pode captar mais desses tipos de pacientes. Foi relatado um curso clínico mais moderado em casos identificados fora da China, com a maioria dos pacientes sendo adultos saudáveis. A literatura aponta que a transmissão do SARS-CoV-2 ocorre pessoa a pessoa, sejam elas sintomáticas ou não. Sendo assim, os assintomáticos são fonte de infecção em potencial, espalhando o vírus.2 80% 5% 14% Aproximadamente 80% dos pacientes apresentam doença leve 14% apresentam doença grave 5% apresentam doença crítica ATENÇÃO Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 7 SINTOMAS MAIS COMUNS SINTOMAS MENOS COMUNS Febre (>37,8%) Tosse Dispneia Mialgia Fadiga • Anorexia • Produção de escarro • Dor de garganta • Confusão • Tonturas • Dor de cabeça • Dor no peito • Hemoptise • Diarreia • Náusea/Vômito • Dor abdominal • Congestão conjutival • Anosmia súbita ou hiposmia (perda ou diminuição do olfato) FONTE: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para diagnóstico e tratamento da Covid-19. Versão 4. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Aproximadamente 90% dos pacientes apresentam mais de um sintoma, sendo que 15% dos pacientes apresentam febre, tosse e dispneia. Alguns pacientes podem apresentar náusea ou diarreia 1 a 2 dias antes do início da febre e dificuldade respiratória.2 Outros sinais e sintomas podem aparecer em diferentes grupos2: Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 8 Com relação ao exame físico, a auscultação pulmonar pode revelar estertores inspiratórios, estertores e/ou respiração brônquica em pacientes com pneumonia ou dificuldade respiratória. Pacientes com dificuldade respiratória podem apresentar taquicardia, taquipneia ou cianose acompanhada de hipóxia. Dessa forma, recomenda-se que o exame físico seja composto de2: Crianças: a maioria apresenta sintomas leves, sem febre ou pneumonia. No entanto, podem manifestar sinais de pneumonia na imagem do tórax, apesar de apresentarem sintomas mínimos ou inexistentes. Idosos: a febre pode estar ausente. Nesse grupo, deve-se considerar também critérios específicos de agravamento como síncope, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e inapetência. Gestantes: revisões retrospectivas descobriram que as características clínicas eram semelhantes às relatadas para adultas não grávidas. Exame físico Avaliação do padrão respiratório: tosse e/ou dispneia; Aferição de temperatura axilar; frequência cardíaca, frequência respiratória e oximetria de pulso; Ausculta pulmonar: presença de estertores inspiratórios, estertores e/ou respiração brônquica em pacientes com pneumonia ou dificuldade respiratória, e; Avaliação de sinais de cianose e hipóxia. Para pacientes que se encontram em situação grave, ou seja, que apresentem Síndrome Gripal com sinais e sintomas de gravidade ou comorbidades que indicam maiores investigações clínicas, é necessário realizar sua estabilização e encaminhamento para centros de referência ou urgência que possuam maior suporte tecnológico como monitorização mais adequada.1 Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 9 Dessa forma, destaca-se a importância de reconhecer os sinais e sintomas de gravidade para Síndrome Gripal de forma oportuna, dando o encaminhamento necessário o mais precocemente possível. Na tabela, têm-se os principais sinais/sintomas que devem ser observados2: Para investigação da gravidade do paciente, pode-se também solicitar exames laboratoriais que irão dar parâmetros mais detalhados sobre as condições clínicas que ele esteja apresentando. Recomenda-se solicitar os seguintes exames iniciais em todos os pacientes com doença grave2: Tabela 2. Sinais e Sintomas de gravidade para Síndrome Gripal, Ministério da Saúde, 2020. SINAIS E SINTOMAS DE GRAVIDADE ADULTOS CRIANÇAS Déficit no sistema respiratório: • Falta de ar ou dificuldade para respirar; ou • Ronco, retração sub/intercostal severa; ou • Cianose central; ou • Saturação de oximetria de pulso <95% em ar ambiente; ou • Taquipneia (>30 mpm); Déficit no sistema cardiovascular: • Sinais e sintomas de hipotensão (hipotensão arterial com sistólica abaixo de 90 mmHg e/ou diastólica abaixo de 60mmHg); ou • Diminuição do pulso periférico. Sinais e sintomas de alerta adicionais: • Piora nas condições clínicas de doenças de base; • Alteração do estado mental, como confusão e letargia; • Persistência ou aumento da febre por mais de 3 dias ou retorno após 48 horas de período afebril. Déficit no sistema respiratório: • Falta de ar ou dificuldade para respirar; • Ronco, retração sub/intercostal severa; • Cianose central; • Batimento da asa de nariz; • Movimento paradoxal do abdome; • Bradipneia e ritmo respiratório irregular; • Saturação de oximetria de pulso <95% em ar ambiente; • Taquipneia. • Déficit no sistema cardiovascular; • Sinais e sintomas de hipotensão; ou • Diminuição do pulso periférico. Sinais e sintomas de alerta adicionais: • Inapetência para amamentação ou ingestão de líquidos; • Piora nas condições clínicas de doenças de base; • Alteração do estado mental; • Confusão e letargia; • Convulsão. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS). Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19) na Atenção Primária à Saúde. Versão 9. Brasília: 2020. Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 10 As anormalidades laboratoriais mais comuns em pacientes com doença grave são: • Leucopenia: diminuição da taxa sanguínea de leucócitos abaixo do limite inferior da normalidade; • Linfopenia: quando a contagem de linfócitos está abaixo do limite inferior da normalidade; • Leucocitose: aumento da taxa sanguínea de leucócitos acima do limite superior da normalidade; • Transaminases hepáticas elevadas: aumento das enzimas produzidas pelo fígado acima do limite superior da normalidade. Outras anormalidades incluem neutrofilia, trombocitopenia e elevação de creatinina sérica.2 Oximetria de pulso; Gasometria arterial (avaliar presença de hipercarbia ou acidose); TC de tórax; Teste rápido para a influenza; RT-PCR – SARS-CoV-2; Glicemia; Ureia; Bilirrubina total e frações; D-dímero; Hemograma completo; Coagulograma (TAP e TTPa); Marcadores inflamatórios (procalcitonina sérica e/ou proteína C reativa, dependendo da disponibilidade); Troponina sérica; Lactato desidrogenase sérica. Para saber mais sobre o tratamento medicamentoso indicado em cada situação clínica de COVID-19, acesse as Diretrizes para diagnóstico e tratamento da Covid-19 de 2020 disponível no site do Ministério da Saúde. SAIBA MAIS Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 11 3 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL O diagnóstico laboratorial pode ser feito por RT-PCR em tempo real (qRT-PCR), e por testes imunológicos, além disso, é muito importante também o sequenciamento viral. Abaixo vamos conhecer um pouco mais sobre cada um: 3.1. RT-PCR em tempo real (qRT-PCR) O diagnóstico laboratorial considerado padrão ouro para a identificação do SARS-CoV-2 (novo coronavírus) é o teste molecular Reverse Transcription Polymerase Chain Reaction Quantitative Real Time (a RT-PCR em tempo real ou qRT-PCR).2Esses testes moleculares baseiam-se na detecção de sequências de RNA viral, com ampliação dessas sequências de RNA, possibilitando sua identificação. Para o diagnóstico molecular de COVID-19, até o momento, os genes virais alvo do SARS-CoV-2 são: N, E, S e RdRP.3 De forma simplificada, o processo completo do diagnóstico da COVID-19 por teste molecular RT-PCR envolve a fase pré-analítica, analítica e pós analítica. E essas devem ser executadas de acordo com as etapas: Figura 1. Etapas para realização do qRT-PCTR nos laboratórios centrais de saúde pública Recepção, triagem e cadastramento da amostra • Registro Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL). • Recebe numeração específica. • Nomes de pacientes não são utilizados nos protocolos internos. • Cada amostra é dividida em duas alíquotas. Uma delas entra na fila para o processamento. A outra é armazenada em freezer -80°C. • Inativação dos vírus presentes no material. • O processamento de inativação consiste em separar alíquotas das amostras em tubos contendo tampão de lise viral, que inativa os vírus presentes. • Exame de RT-PCR no equipamento. • Pesquisa de vírus respiratórios. • A partir do momento em que a amostra é recebida, o resultado é emitido entre 48h e 72h. • Registro do resultado no GAL. • Bioquímicos conferem os laudos e resultados no computador. Leitura dos resultados manualmente. • Com as amostras inativadas, sem risco de contaminação, são processadas para extração de ácido ribonucleico (RNA), o material genético dos vírus. Para isso são utilizados kits específicos. • Preparação dos reagentes. • Transferência do RNA. Preparação da amostra Extração do RNA viral Preparação da placa Amplificação e Leitura Liberação do resultado Tempo aproximado 2 HORAS Tempo aproximado 2 HORAS Tempo aproximado 2 HORAS Tempo aproximado 3 HORAS Tempo aproximado 2H30 HORAS Tempo aproximado 1 HORA Pré-analítica Pós-analíticaAnalítica FONTE: Adaptado de: BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim COE COVID-19. Versão 12. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 12 É importante destacar que para as amostras negativas para COVID-19 por teste molecular e que sejam de pacientes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), deve-se aproveitar o material já com RNA extraído e realizar amplificação para a detecção de influenza e outros vírus respiratórios.3 IMPORTANTE Entre alguns protocolos existentes para detecção desses genes, o que tem sido adotado pela maior parte dos países e recomendado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) é o protocolo internacional desenvolvido pelo Instituto Charité/Berlim. Esse método tem sido amplamente utilizado por estabelecimentos de saúde pública e de saúde suplementar, incluindo laboratórios da rede privada e, até esse momento, é considerado o método de referência no Brasil para confirmar a COVID-19.3 Dessa forma, se um resultado negativo foi obtido de um paciente com alta probabilidade de infecção por SARS-CoV-2, particularmente, quando foram analisadas apenas amostras do trato respiratório superior, é indicado, se possível, coletar amostras de vias respiratórias inferiores e testar novamente.3 Em áreas onde a COVID-19 está amplamente disseminada, um ou mais resultados negativos de um mesmo caso suspeito não descartam a possibilidade de infecção pelo vírus SARS-CoV-2. Vários fatores podem levar a um resultado negativo em um indivíduo infectado, incluindo3: • Amostra de má qualidade, contendo pouco material do paciente (como controle, considere determinar se existe DNA humano adequado na amostra, incluindo um alvo humano no teste de PCR). • Amostra foi coletada em uma fase muito precoce ou tardia da infecção. • Amostra não foi manuseada e enviada adequadamente. • Razões técnicas inerentes ao teste como, por exemplo, mutação do vírus ou inibição de PCR. ATENÇÃO 3.2. Teste rápido molecular O teste realiza detecção qualitativa in vitro de RNA do SARS-CoV-2, por PCR em tempo real automatizado, tem como alvos: genes E e N2 e analisa Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 13 amostras de Swab nasofaríngeo e/ou Aspirado/lavado nasal de indivíduos suspeitos da COVID-19. O princípio do procedimento se inicia com a coleta da amostra por swab nasofaríngeo e/ou aspirado/lavado nasal (etapa 1). Após a coleta, deve-se inserir o swab imediatamente em 2-3 mL de solução fisiológica a 0,9% estéril ou meio de transporte universal viral (se necessário, cortar o excesso do cabo) (etapa 2) e manter imediatamente sob refrigeração (2 a 8°C). No momento de realização do teste, a amostra deve ser misturada por inversão do tubo 5 vezes e usando a pipeta de transferência fornecida (etapa 3), a amostra é transferida para a câmara do cartucho (etapa 4). O cartucho é carregado na plataforma automatizada, que realizará o processamento da amostra por PCR em tempo real para detecção de RNA viral. Na figura abaixo, pode-se observar as etapas necessárias para coleta e análise das amostras pelo método rRT-PCR: Figura 2. Princípio do procedimento do teste rápido molecular Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim COE COVID-19. Versão 12. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. etapa 1 etapa 2 etapa 3 etapa 4 Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 14 3.3. Testes Imunológicos Atualmente, há muitas empresas produzindo testes rápidos para detecção da COVID-19. De forma geral, os testes sorológicos visam detectar anticorpo específico produzido pelo corpo humano contra o vírus SARS- CoV-2 ou detectar antígeno desse vírus. Para isso, os métodos sorológicos são desenvolvidos para detecção de anticorpos IgG e IgM ou detecção de antígenos específicos do vírus, alguns por ensaios imunoenzimáticos (ELISA), imunocromatográficos (teste rápido) e outros por imunofluorescência.3 São testes qualitativos para triagem e devem ser usados como uma ferramenta para auxílio no diagnóstico da doença por infecção pelo novo Coronavírus (COVID-19). Resultados negativos não excluem a infecção por SARS-CoV-2 e resultados positivos não podem ser usados como evidência absoluta de SARS-CoV-2. O resultado deve ser interpretado por um médico com auxílio dos dados clínicos e outros exames laboratoriais confirmatórios.3 O teste rápido pode ser realizado por qualquer profissional de saúde. O dispositivo de teste, também chamado de cassete, é um dispositivo pequeno que possui um local para colocação de uma solução específica (também chamado de tampão de corrida), um local para colocação da amostra sanguínea ou de plasma do paciente e uma janela para leitura que demonstrará o resultado do teste.4 Na figura abaixo podemos observar melhor o dispositivo e os seus componentes: Figura 3. Dispositivo teste Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. SARS- CoV-2 antibody test: Teste Rápido Imunocromatográfico. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Local onde será feita a interpretação do resultado teste Local onde será adicionada a amostra Local onde será adicionado o tampão de corrida Janela de leitura Poço de amostra Poço do tampão Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 15 Deve-se inserir primeiro uma gota da amostra sanguínea ou do plasma do paciente no “poço de amostra”, em seguida três gotas de solução tampão no “poço do tampão” (adicionar duas gotas, esperar 2 segundos e adicionar a terceira), depois é só aguardar de 15 a 20 min para a leitura do resultado. Cada kit de testes rápidos deve vir com uma solução tampão. O princípio do teste é que a solução tampão adicionada carregue a amostra do paciente pela membrana do dispositivo. Os anticorpos da amostra, se presentes, irão se ligar a mistura de antígenos e corante presentes no dispositivo. Dessa forma, se o teste for realizado corretamente, haverá a formação de uma linha colorida na janela de leitura. A amostra é considerada reagente (positiva) quando surgem duas linhas coloridas na janela de leitura: linha colorida na área de controle(C) e uma linha colorida na área de teste (T). Qualquer intensidade de linha deve ser considerada. Quando o resultado for não reagente, aparecerá somente uma linha colorida na área de controle (C). Dessa forma, podemos observar na figura o exemplo de um teste reagente (positivo para COVID-19) e um não reagente (negativo para COVID-19): Figura 4. Teste rápido reagente e não reagente para COVID-19 Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. SARS-CoV-2 antibody test: Teste Rápido Imunocromatográfico. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 16 3.4. Sequenciamento Viral Apesar do sequenciamento genético não ser um método de diagnóstico, ele desempenha um papel importante na luta contra as epidemias emergentes e reemergentes, pois a análise dos genomas permite quantificar e qualificar a diversidade genética viral, reconstruindo origens da epidemia, estimando as taxas de transmissão, sugerindo os próximos surtos e fornecendo informações para o desenvolvimento de vacinas e novos medicamentos, além de permitir o melhoramento dos diagnósticos sorológicos e moleculares.3 No âmbito da Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional e Internacional, deve-se avaliar se o produto possui registro na Anvisa, avaliar a documentação do fabricante e considerar que os dados podem ser insuficientes para a tomada de decisão. Portanto, esses testes, até o momento, não devem ser adotados para a decisão clínica, mas apenas para finalidade de vigilância por meio de estudos de inquéritos populacionais e também como auxílio diagnóstico.3 É essencial que qualquer teste passe por um processo de validação por meio do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (INCQS/Fiocruz), a fim de avaliar se os parâmetros de qualidade do teste (sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo) são úteis para alguma etapa da estratégia de resposta à emergência em saúde pública.3 IMPORTANTE Para entender melhor as formas de coleta, processamento e acondicionamento das amostras de exames diagnósticos para COVID-19, você pode ler o “Guia de Vigilância Epidemiológica. Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019: Vigilância Integrada de Síndromes Respiratórias Agudas Doença pelo Coronavírus 2019, Influenza e outros vírus respiratórios” que foi lançado pelo Ministério da Saúde em abril de 2020.3 SAIBA MAIS https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/07/GuiaDeVigiEpidemC19-v2.pdf https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/07/GuiaDeVigiEpidemC19-v2.pdf https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/07/GuiaDeVigiEpidemC19-v2.pdf https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/07/GuiaDeVigiEpidemC19-v2.pdf Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 17 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esperamos que você tenha compreendido os critérios diagnósticos e a avaliação do quadro clínico para detectar pacientes com COVID-19. Sabemos que, neste momento, devido à sintomatologia muito comum a outras doenças, o trabalho pode parecer um pouco difícil, o que significa a maior necessidade de observar com mais atenção e cuidado as queixas e sinais presentes. Até a próxima e bom trabalho! Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 18 REFERÊNCIAS [1] BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS). Protocolo de Manejo Clínico do Coronavírus (Covid-19) na Atenção Primária à Saúde. Versão 9. Brasília: 2020. [2] BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes para diagnóstico e tratamento da Covid-19. Versão 4. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. [3] BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica. Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional pela Doença pelo Coronavírus 2019: Vigilância Integrada de Síndromes Respiratórias Agudas Doença pelo Coronavírus 2019, Influenza e outros vírus respiratórios. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. [4] BRASIL. Ministério da Saúde. SARS-CoV-2 antibody test: Teste Rápido Imunocromatográfico. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: <https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/14/SARS-CoV-2- antibodytest.pdf> [5] BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim COE COVID-19. Versão 12. Brasília: Ministério da Saúde, 2020. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov. br/images/pdf/2020/April/19/BE12-Boletim-do-COE.pdf https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/14/SARS-CoV-2-antibodytest.pdf https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/14/SARS-CoV-2-antibodytest.pdf https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/19/BE12-Boletim-do-COE.pdf https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/19/BE12-Boletim-do-COE.pdf Quadro Clínico e Diagnóstico da COVID-19 19 Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde
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