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Ciências Sociais Aula 10 - Novos padrões morais e culturais

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Fundamento das Ciências Sociais - Aula 10 – Novos padrões morais e culturais
Introdução
Passada a primeira década do século XXI, verifica-se a ocorrência de novos padrões de comportamento e estilos de vida.
Grupos sociais historicamente excluídos organizam-se e buscam cada vez mais inserir-se no mundo globalizado sem abrir mão de suas marcas identitárias. Novos modelos de família passam a conviver com o modelo tradicional de família nuclear.
Nesta aula, para finalizar nossa disciplina, analisaremos algumas dessas significativas mudanças culturais.
Novas identidades étnicas
Para compreendermos o conceito das novas identidades étnicas precisamos entender o conceito de grupo étnico.
Grupo étnico designa uma população que:
- perpetua-se principalmente por meio biológico
- compartilha de valores culturais fundamentais
- compõe um campo de comunicação e interação
- possui um numero de membros que se identifica e é identificado por outros como constituinte de uma categoria distinguível de outras
Reconfigurações identitárias: o “ser indígena” no Brasil contemporâneo
Os anos 1970, no Brasil, entre outros processos de buscas políticas por liberdade de expressão, marcados por movimentos contra-hegemônicos de dissidentes da ditadura militar, inspirados em parte pelo movimento católico da Teologia da Libertação, como também pelas ações do Conselho Missionário Indigenista (CIMI), algumas comunidades indígenas do Nordeste lutaram por seus direitos à terra e identidade, voltando a pelo menos parte de seus territórios.
Ainda hoje trabalham pela manutenção de uma identidade que lhes havia sido subtraída durante o processo colonizatório.
Vera Calheiros, Clarice Mota, Rodrigo Grunewald e outros autores registraram este constante processo de “reinvenção da tradição” e “etnogênese”, como ficou conhecido na literatura antropológica.
Esse processo de busca pelo que se considera o elemento principal para a retomada da terra e dos direitos subsequentes foi motivado pela chamada cultura ancestral e, consequentemente, pela autoimagem identitária.
Percebe-se um movimento para fora dos limites físicos e culturais da aldeia, ao mesmo tempo em que tal movimento reflete a busca da identidade indígena por dois grupos sociais: a própria comunidade indígena e alguns setores urbanos de classe média e alta.
Grupos que se contradizem, portanto, ao passo que também se encontram em um espaço recém-construído de necessidades de autoafirmação interdependentes, onde a antiga exclusão se traduz em inclusão, mesmo que a custa de invenções e ressignificações das tradições perdidas.
A produção das diferenças
Como vimos na aula 3, a diversidade cultural é marca característica das sociedades humanas. As sociedades humanas são marcadas, entre outras coisas, pelas diferenças de:
Cor, nacionalidade, línguas, etnias, estilo de vida, gostos artísticos
Contudo, muitas vezes essas diferenças são hierarquizadas e passam a constituir desigualdades concretas, colocando grupos e indivíduos em patamares diferentes da escala social, privilegiando uns e excluindo outros.
Na sociedade brasileira este processo de produção de diferenças e desigualdades se constituiu, desde a colonização, numa das questões mais notórias e discutidas pelos historiadores e cientistas sociais. Some-se a isso o fato de o senso comum interiorizar e reduzir práticas etnocêntricas, como, por exemplo, a valorização do trabalho intelectual em detrimento do trabalho manual, e o tratamento diferenciado - para melhor - daqueles que ocupam posições superiores na hierarquia social brasileira. É justamente esse tipo de procedimento que cria o que se denomina exclusão.
Preconceito racial
Embora permaneça, tanto em algumas correntes científicas como no senso comum, a ideia de que existem raças humanas diferentes, os estudos e pesquisas contemporâneos indicam que não há diferenças significativas entre os indivíduos
oriundas das suas diferenças somatológicas (de aparência física).
Todos os humanos descendem de um tronco comum, o homo sapiens. 
Desta forma, não se pode pensar em raças superiores ou inferiores, pois herdamos todos o mesmo patrimônio hereditário. No entanto, na prática, percebe-se que o conceito de raça continua equivocadamente sendo usado como justificativa
para a exclusão constante de povos e indivíduos, seja pela força das armas ou das ideias, seja pelo processode exclusão social ou de não reconhecimento de seus padrões culturais. A essa prática dá-se o nome de racismo.
O Brasil não conheceu o regime de segregação racial, o apartheid. A sociedade brasileira, ao longo de sua história, não foi pensada de forma dual (negros x brancos).
Contudo, isso não significa que o racismo, em suas diferentes manifestações, não faça parte da vida brasileira.
O debate em relação ao preconceito racial no Brasil tomou vulto nos últimos anos, com a elaboração do Estatuto da Igualdade Racial e as políticas de ação afirmativa, em especial a política de reservas de cotas nas universidades.
Conceituando:
Identidade de gênero: refere-se ao gênero com o qual o indivíduo se identifica. Por vezes, algumas pessoas de determinados sexos biológicos não se identificam com o gênero que lhe foi atribuído quando de seu nascimento. São os indivíduos que chamamos de travestis e transexuais, ou transgêneros.
Orientação sexual: indicação de por quais gêneros uma pessoa sente-se atraída, seja de forma emocional, sexual ou afetiva. Pode ser assexual (nenhuma atração sexual), bissexual (atração pelos dois gêneros), homossexual (pelo mesmo gênero), heterossexual (pelo gênero oposto) ou pansexual (independente do gênero).
Sexo: refere-se apenas ao aspecto determinado biologicamente. São diferenças anatômicas que estão presentes nos nossos corpos desde o nascimento. Pode ser feminino, masculino ou intersexual (qualquer variação de caracteres sexuais, incluindo cromossomos, gônadas e/ou órgãos genitais que dificultam a identificação de um indivíduo como totalmente feminino ou masculino)
Gênero: marca a diferença entre homens e mulheres, que não está restrita aos aspectos físicos e biológicos. A noção de gênero é construída socialmente. É a partir da observação das diferenças sexuais que se criam ideia sobre o que é masculino e feminino, as chamadas representações de gênero. Assim, como as origens das identidades subjetivas de gênero são exclusivamente sociais, não existe uma determinação natural dos comportamentos de homens e mulheres.
Preconceito de gênero
As mulheres, desde a Revolução Industrial, vêm ocupando espaço no mercado de trabalho e, com isso, aumentando sua importância na sociedade. Contudo, muitos ainda observam o trabalho feminino como uma expansão do trabalho doméstico, tido como menos importante.
A luta da mulher pela sua inserção no mercado de trabalho, tem sua origem em tempos passados, e até hoje, a mulher ocupa cargos de trabalho relacionados com serviços de saúde, de educação, como se o trabalho fosse uma extensão do trabalho doméstico. Não que esses trabalhos não tenham importância, mas é paradoxal o fato de cargos administrativos e industriais serem predominantemente masculinos.
A sociedade brasileira é composta, preponderantemente por mulheres, mas estas têm participação inferior a dos homens no mercado de trabalho. Além do mais, a parcela feminina que está empregada precisa enfrentar preconceitos e inacreditavelmente recebe menos pelo mesmo trabalho exercido por um homem.
Outro claro exemplo de preconceito contra as mulheres se expressa nos altos índices de violência doméstica, motivação para a criação de lei específica visando maior rigor na punição dos agressores, a chamada Lei Maria da Penha.
Preconceito de orientação sexual
Durante o processo de socialização, aprendemos que existe um padrão de orientação sexual, baseado na heterossexualidade. A partir daí, tendemos a identificar e classificar lésbicas, gays, travestis, transexuais e transgênicos através da representação feita, em geral, pelos meios de comunicação, ou seja, de forma estereotipada, como faz com as mulheres afrodescendentese outros grupos.
Muitas vezes, esse preconceito se expressa em forma de humor, piadas que satirizam e diminuem os indivíduos de orientação sexual não heterossexual, passando, depois à discriminação e, não raro, à violência.
Ressalte-se que esta minoria é, historicamente, vítima de violências físicas e simbólicas e, até recentemente, sua prática era considerada patológica.
Por essa razão, a questão do reconhecimento jurídico das uniões homoafetivas gerou tanta polêmica, pois trouxe para a agenda nacional a possibilidade da existência de mais de um modelo de família, o que já é uma realidade não só no Brasil, como em várias sociedades.
NOVOS PADRÕES FAMILIARES
O modelo tradicional de família: Para Lévi-Strauss, entende-se por família uma união mais ou menos duradoura, socialmente aprovada, entre um homem, uma mulher e seus filhos, fenômeno que estaria presente em todo e qualquer tipo de sociedade.
Como modelo ideal, a palavra família designa um grupo social possuidor de pelo menos 3 características: 
01 – originada no casamento
02 – constituída por marido, esposa e filhos
03 – os membros da família estão unidos entre si por laços legais, direitos e obrigações econômicas, religiosas ou de outra espécie, um entrelaçamento definido de direitos e proibições sexuais, divisão sexual do trabalho e uma quantidade variada e diversificada de sentimentos (amor, afeto, respeito, medo).
Décadas de 1960 e 1970 – as transformações dos modelos de família
Como demonstra Miriam Goldenberg em “Novas famílias nas camadas médias urbanas”, o final da década de 1960 e início da década de 1970 são marcos fundamentais nas transformações dos papéis femininos e masculinos na sociedade brasileira e, consequentemente, da concepção de família em nosso país.
Movimento Feminista - O movimento feminista, que estava sendo organizado na Europa e nos Estados Unidos, começou a repercutir no Brasil. Os jornais, as revistas, o cinema, o teatro e a televisão passaram a dar espaço para as reivindicações das mulheres.
O denominador comum das lutas feministas foi o questionamento da divisão tradicional dos papéis sociais, com a recusa da visão da mulher como o “segundo sexo” ou o “sexo frágil”, cujo principal papel é o de “esposa-mãe”.
As feministas reivindicavam a condição de sujeito de seu próprio corpo, buscando um espaço próprio de atuação profissional e política.
A partir dos anos 1970
A partir dos anos 1970, apesar do predomínio do modelo nuclear conjugal, entre as famílias das camadas médias, aumentaram as experiências de vínculos afetivo-sexuais variados e o contingente de mulheres optando pela maternidade fora da união formalizada.
Castells assinala que houve um crescimento do número de pessoas vivendo sós e um crescimento expressivo das famílias chefiadas por mulheres - O crescimento dessas famílias ocorreu em função da elevação das taxas de separações e divórcios; da expectativa de vida maior para as mulheres gerando mais viuvez feminina e da crescente proporção de mulheres solteiras com filhos, não apenas por abandono de seus parceiros, mas como opção..
A coabitação sem vínculos legais ou união consensual como alternativa ao casamento se tornou cada vez mais expressiva numericamente, e aceita legal e socialmente (e a duração destas uniões informais começaram a ser cada vez menores).
O tamanho das unidades domésticas também tendia a diminuir ainda mais, com o decréscimo do número de filhos.
Cresceram os recasamentos e as famílias recombinada.
Os modelos contemporâneos de família
Ao falar-se, na atualidade, de família, o plural impõe-se: “Já não há um ‘modelo ocidental’ mas vários.”
O divórcio, a união livre, as recomposições familiares abalam o que se chamava, até pouco tempo, de “modelo de família ocidental”. Este modelo será ainda mais abalado com as novas técnicas de procriação.
A doação de óvulos, a fecundação por inseminação artificial ou in vitro, a possibilidade de clonagem de seres humanos, levam-nos a refletir sobre os princípios que assentam o nosso sistema de parentesco.
Há uma visibilidade cada vez maior das famílias homoafetivas, ou seja, formadas por indivíduos do mesmo sexo.
Cresceram os recasamentos e as famílias recombinada.
OBS: Sexualidade e parentesco são dissociados, paternidades e maternidades são multiplicadas (genética e socialmente), o nascimento de um filho não provém necessariamente de um casal.
Famílias homoafetivas: este modelo de família tem recebido o reconhecimento de consideráveis setores da sociedade, bem como de setores do Judiciário, que vem, desde inédita sentença do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul em 2001, até o entendimento do Supremo Tribunal Federal, em 2010, que reconheceu como entidade familiar o relacionamento entre duas pessoas do mesmo sexo.
REFLEXÃO - Essas tendências colocam em xeque a estrutura e os valores da família tradicional. Não se trata do fim da família, uma vez que outras estruturas familiares estão sendo testadas e poderemos, no fim, reconstruir a maneira como vivemos uns com os outros, como procriamos e como educamos de formas diferentes.
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