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TÓPICO 1 | RESGATE HISTÓRICO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL 7 Como vimos, no nascimento da universidade brasileira, podemos observar as atividades de pesquisa (mais fortemente valorizada no modelo alemão) e de ensino (valorizada no modelo francês). A partir disso, pode surgir uma pergunta: como surgiu a extensão universitária no país? A extensão, antes da reforma de 1968, já havia sofrido algumas mudanças conceituais e práticas nas universidades brasileiras. A primeira instituição que iniciou um movimento extensionista no Brasil foi a Universidade Livre de São Paulo, entre 1911 e 1917, por meio de conferências e semanas abertas, cujos temas eram voltados a problemáticas sociais (não da própria comunidade) e problemas políticos da época. Segundo Fagundes (1985, p. 29): ao contrário do que ocorreu na universidade inglesa, berço da extensão – onde esta foi implementada a partir das pressões e reivindicações das massas marginalizadas no processo de educação e na fruição dos benefícios da cultura – aqui as primeiras atividades extensionistas aconteceram mais por um ato de vontade ou “idealismo” de segmentos da comunidade acadêmica universitária do que em função ou a partir dos interesses e necessidades da população que se destinavam, como se pode constatar, na primeira universidade de São Paulo. As práticas e o conceito de extensão foram sendo alterados ao longo do tempo. Botomé (1996) considera que as ideias de Paulo Freire influenciaram documentos sobre a extensão, na época da criação da Coordenação de Atividades de Extensão (CODAE). Essa talvez seja a primeira sinalização para uma das mudanças conceituais mais concretas apontadas por teóricos da extensão: de via de mão única para via de mão dupla. NOTA As ações de pesquisa, atualmente, são também pautadas por essas concepções. A extensão, portanto, trouxe contribuições ao ensino e à pesquisa, uma vez que professores e pesquisadores estão abertos às provocações feitas a partir da extensão universitária. Na visão atual de universidade há um trânsito, uma comunicação, uma vinculação entre setores e grupos da sociedade e a universidade. Essa breve contextualização teve o objetivo de levar um outro olhar para a produção científica: compreendendo que não é um processo de um dia para o outro e, ainda, que hoje a pesquisa é entendida como indissociável do ensino e da extensão. Essas compreensões, por sua vez, ajudam-nos a ampliar nossas ideias, projetos, perguntas de partida, objetivos, seleção de métodos.
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