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1 Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Departamento de Física Teórico e Experimental Física Experimental II Prof. José Humberto de Araújo Discente: Enio Yure Lopes de Melo Turma: 01 – 6M456 Data de realização do experimento: 06/09/2019 Data de entrega do relatório: 14/09/2019 Experimento Nº 5 – Manuseio do Gerador de Funções e Osciloscópio Objetivos O presente relatório tem como objetivo descrever o experimento realizado e dar todo suporte necessário para execução do procedimento experimental, que consiste em gerar sinais elétricos com um gerador de funções e visualizá-los com um osciloscópio digital. Além disso, o objetivo do experimento realizado é aprender a manusear os equipamentos e observar diferenças dos sinais gerados a partir da mudança de alguns parâmetros, como frequência e amplitude, bem como as figuras de Lissajous geradas pelos sinais. Introdução Teórica Ao longo do experimento, são observados alguns conceitos físicos importantes. A priori, a motivação de entender e observar os sinais, isto é, as funções geradas, decorre do fato de que os aparelhos elétricos usados nas residências, escritórios e fábricas contêm circuitos RLC (R designa resistência, L indutância e C capacitor), isto é, circuito elétrico oscilante (HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012). A ideia de oscilação está presente em diversos fenômenos da natureza, como o pêndulo de um relógio que se move periodicamente – ou seja, se repete com o tempo. Segundo Halliday, Resnick e Walker (2012), os circuitos RLC são alimentados pela rede de distribuição com tensões e correntes senoidais, através de um sistema conhecido como corrente alternada AC (alternating current), o qual diverge do sistema de corrente contínua (direct current) que não varia com o tempo e geralmente é fornecido por baterias. No caso do Brasil, as tensões e correntes fornecidas apresentam 2 120 mudanças de polaridade por segundo, isto significa uma frequência de 60Hz – número de ciclos por unidade de tempo. De acordo com Young e Freedman (2008), uma onda surge quando um sistema é deslocado de sua posição de equilíbrio e essa perturbação se desloca de uma região para outra, necessitando ou não de meio material – uma propagação que carrega energia. Além disso, os conceitos que dizem respeito às ondas, como amplitude (medida da magnitude atingida pela oscilação temporal de uma onda), frequência (oscilações por unidade de tempo), período (duração de uma oscilação), comprimento de onda (distância de uma compressão – região com densidade mais elevada – ou expansão – região com densidade reduzida – à próxima) e velocidade de onda (velocidade de deslocamento da onda), são muito importantes. Entretanto, análises mais detalhadas acerca das posições das ondas com o tempo também podem ser necessárias e, para isso, faz-se uso do conceito de função de onda, que é o que acontece com as ondas/funções senoidais (figura 1), por exemplo (YOUNG; FREEDMAN, 2008). Figura 1: Sinal com forma de onda senoidal (Fonte: BRAGA, 2012) Bom, sabe-se que uma carga elétrica móvel ou uma corrente elétrica gera um campo magnético, o qual exerce uma força em qualquer outra corrente ou carga em sua vizinhança. Quando o fluxo desse campo magnético varia, ele induz uma força eletromotriz e uma corrente no circuito (YOUNG; FREEDMAN, 2008). Um gerador (ou alternador), por exemplo, pode ser basicamente constituído de uma espira condutora forçada a girar na presença de um campo magnético (figura 2), induzindo uma força eletromotriz senoidal, dada pela equação 1. Por sua vez, essa tensão produz uma corrente senoidal no circuito (equação 2) com mesma frequência angular. 3 Figura 2: Gerador de corrente alternada por espira condutora (Fonte: HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2012) E = Em.sen (ωd.t) (1) Onde E é a força eletromotriz induzida na espira, Em é a amplitude (força eletromotriz máxima) e ωd é a velocidade angular de rotação da espira. i = I.sen (ωd.t- φ) (2) Onde i é a corrente, I é a amplitude da corrente, ωd é a velocidade angular de rotação da espira e φ é a fase da corrente, pois a corrente não fica em fase com a tensão Tendo tudo isso em mente, as figuras de Lissajous são variedades de curvas obtidas pela injeção de ondas senoidais em um osciloscópio. Essas figuras são formadas pela composição de duas ondas. Se a frequência de ambos é igual, a figura formada é uma elipse e sua forma depende da diferença de fase entre os dois sinais. Assim, elas variam com a amplitude e a relação de fase e frequências das ondas, como é possível observar na figura 3 (BRAGA, 2012). 4 Figura 3: Figuras de Lissajous para diversas relações comuns de frequências (Fonte: BRAGA, 2012) Material Utilizado Para execução do experimento foram necessários alguns materiais disponibilizados pelo laboratório, sendo estes: Gerador de funções Tektronix AFG1022 (figura 6); Osciloscópio digital Tektronix 1102B (figura 7); Cabos BNC com conector macho (figura 8). 5 Figura 4: Gerador de funções (Fonte: autoria própria) Figura 5: Osciloscópio digital (Fonte: autoria própria) Figura 6: Cabos BNC (Fonte: autoria própria) 6 Procedimento Experimental À princípio é feita a montagem da aparelhagem (figura 9), conectando o gerador, equipamento utilizado para gerar sinais elétricos com diferentes funções temporais, e o osciloscópio, equipamento utilizado para visualizar sinais elétricos em função do tempo, às suas respectivas alimentações (220 V). Em seguida, os equipamentos são conectados entre si através dos cabos BNC. Os cabos são com conectores machos, pois tanto o gerador quanto o osciloscópio apresentam a conexão fêmea. É importante lembrar que na conexão dos cabos deve-se atentar para as ranhuras e encaixes existentes nos conectores macho e fêmea. Figura 7: Experimento montado (Fonte: autoria própria) Os dois equipamentos possuem duas entradas para conexão dos cabos BNC, o que corresponde a dois canais de transmissão de sinais. A priori, usa-se apenas um dos canais, ou seja, altera-se as configurações de apenas um deles no gerador assim como no osciloscópio ativa-se apenas a visualização do canal em que está se fazendo as alterações. Dessa forma, o gerador é usado para gerar tensões variáveis com o tempo e o osciloscópio para observá-las e medi-las. O primeiro sinal gerado e visualizado é um sinal senoidal com amplitude de 1,0 V e frequência de 500 Hz, seguido de um sinal quadrado com amplitude pico-a-pico de 5,0 V e frequência de 1,0 KHz. Esses parâmetros, assim como a fase (se assim for necessário), são inseridos no gerador de funções. O tipo do sinal também é informado nesse aparelho. Em seguida, são ativadas a visualização dos dois canais no osciloscópio, bem como no gerador de funções e são gerados e visualizados dois sinais senoidais de 7 amplitudes 1,0 V e 2,0 V, com frequências de 100 Hz e 200 Hz, respectivamente. Em algumas dessas funções geradas até o momento pode-se fazer necessário ajustar a escala de visualização no osciloscópio, o que é feito a partir dos botões rotativos correspondentes aos canais. O que também pode acontecer é o sinal observado não estar centralizado, o que também pode ser ajustado a partir de botões rotativos do osciloscópio. Esses sinais gerados são visualizados no formato YT, em que o eixo Y representa a tensão e o eixo T representa o tempo, ou seja, observamos como a tensão varia com o tempo. Posteriormente, ajustou-se as amplitudes e frequências dos dois sinais gerados anteriormente, ambos para 2,0 V e 200 Hz. Porém, nesse caso o formato de visualização no osciloscópio foi o XY, que é um modo de apresentação de formas de onda o qual compara as tensões de duas formas de onda, ponto por ponto, podendo se estudar a relação de fase ponto a pontoentre duas formas de onda (BRAGA, 2011). Dessa forma, agora, são visualizadas as figuras de LissaJous. Em seguida, as amplitudes, frequências e fases de ambos os sinais foram variados, com o intuito de visualizar e gerar diferentes figuras de LissaJous. Obtenção e Análise dos Resultados O primeiro sinal gerado, do tipo senoidal, com amplitude de 1,0V e 500Hz de frequência (figura 10 e 11) foi visualizado e analisado no osciloscópio digital no formato YT. Conforme mostra as figuras 8 e 9, os aparelhos já indicam a frequência do sinal e sua amplitude. 8 Figura 8: Sinal senoidal gerado com amplitude de 1,0 V e frequência de 500 Hz. Figura 9: Visualização do sinal senoidal de amplitude 1,0V e frequência de 500Hz no formato YT no osciloscópio (Fonte: autoria própria). O segundo sinal gerado, do tipo quadrado, com amplitude pico a pico de 5,0V e 1 KHz de frequência (figura 10 e 11) foi visualizado e analisado no osciloscópio digital no formato YT. 9 Figura 10: Sinal senoidal gerado com amplitude pico a pico de 5,0 V e frequência de 1 KHz. Figura 11: Visualização do sinal senoidal de amplitude pico a pico de 5,0V e frequência de 1 KHz no formato YT no osciloscópio (Fonte: autoria própria). Em seguida, foram gerados dois sinais senoidais, um de amplitude de 1,0 V e frequência de 100 Hz e outro com amplitude de 2,0 V e frequência de 200 Hz. O sinal 1 aparece no osciloscópio no formato YT com linha de cor amarela, enquanto o sinal 2 aparece no osciloscópio com linha de cor azul. É possível observar, a partir da figura 12, que realmente a amplitude do sinal 2 é o dobro da amplitude do sinal 1. Além disso, enquanto o sinal 2 percorre um comprimento de onda, o sinal 1 ainda estar percorrendo 10 metade do seu comprimento de onda, indicando que a frequência do sinal 2 é também o dobro da frequência do sinal 1. Figura 12: Visualização de dois sinais senoidais de amplitudes de 1,0 V, 2,0 V e frequências de 100 Hz, 200 Hz, respectivamente, no formato YT no osciloscópio (Fonte: autoria própria). Esses dois sinais senoidais foram ajustados, ambos para 2,0 V de amplitude e 200 Hz de frequência. Ainda no formato YT, os sinais ajustados são apresentados conforme mostra a figura 13, e se aproximam de duas ondas sobrepostas, com uma pequena defasagem que pode ser decorrente do aparelho. No formato XY, esses dois sinais senoidais se apresentam na forma de uma elipse, que já é uma figura de Lissajous, como mostra a figura 14. Figura 13: Dois sinais senoidais de amplitude de 2,0 V e frequência de200 Hz, gerados no gerador e visualizados no formato YT no osciloscópio (Fonte: autoria própria). 11 Figura 14: Figura de Lissajous (elipse fechada) visualizada no osciloscópio para sinais com frequências de 200Hz e amplitudes de 2,0V (Fonte: autoria própria). A partir disso, foram geradas, então, outras figuras de Lissajous. Para tanto, foi necessário apenas variar as frequências e defasagens, de acordo com as informações da figura 3. As figuras 15 e 16 apresentam a visualização de dois sinais, no modo XY, com frequências na proporção de 1:1. Já as figuras 17 e 18 apresentam a visualização de dois sinais, no modo XY, com frequências na proporção de 1:2. Figura 15: Figura de Lissajous visualizada no osciloscópio para sinais com frequências de 200Hz, amplitudes de 2,0V e defasagem de 180º (Fonte: autoria própria). 12 Figura 16: Figura de Lissajous visualizada no osciloscópio para sinais com frequências de 200Hz, amplitudes de 2,0V e defasagem de 90º (Fonte: autoria própria). Figura 17: Figura de Lissajous visualizada no osciloscópio para sinais com frequências de 200Hz e 400 H, amplitudes de 2,0V e em fase (Fonte: autoria própria). 13 Figura 18: Figura de Lissajous visualizada no osciloscópio para sinais com frequências de 200Hz e 400 Hz, amplitudes de 2,0V e defasagem de 135º (Fonte: autoria própria). É possível observar que a relação de frequência corresponde à quantidade de lóbulos apresentada pela figura de Lissajous gerada – isto é, a contagem de número de extremos na figura. Além disso, a partir do manuseio das amplitudes dos sinais, foi possível verificar que o aumento da amplitude do sinal senoidal do canal 1 estende a figura ao longo eixo X e que o aumento da amplitude do sinal senoidal do canal 2 estende a figura ao longo do eixo Y. Conclusão A montagem e execução simples do experimento desempenhou com êxito a função de observar sinais elétricos a partir de diferentes parâmetros. A única dificuldade foi operar os equipamentos, tendo em vista que foi um primeiro contato. Logo, os dois equipamentos juntos são uma ótima ferramenta para estudo e análise de sinais/funções diversas. A observação prática do comportamento dos sinais elétricos, para diferentes parâmetros, é de grande importância e proporcionou uma enorme contribuição no que se diz respeito à consolidação da teoria estudada não só no ramo do Eletromagnetismo, como também no das ondas. Dessa forma, os objetivos do experimento foram excelentemente cumpridos. 14 Bibliografia [1] BRAGA, Newton C. Figuras de Lissajous. 2012. Disponível em: <https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/usando-os-instrumentos/689-figuras-de-lissajous>. Acesso em: 06 set. 2019. [2] BRAGA, Newton C. Osciloscópio - pequeno dicionário de termos técnicos em inglês. 2011. Disponível em: <https://www.newtoncbraga.com.br/index.php/usando-os-instrumentos/4225-ins203>. Acesso em: 06 set. 2019. [3] HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; e WALKER, Jearl, Fundamentos de Física - Volume 2 – Gravitação, Ondas e Termodinâmica, 9a edição, LTC Editora, Rio de Janeiro, 2012. [4] HALLIDAY, David; RESNICK, Robert; e WALKER, Jearl, Fundamentos de Física - Volume 3 - Eletromagnetismo, 9a edição, LTC Editora, Rio de Janeiro, 2012. [5] YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A.; Sears e Zemansky, Física II : Termodinâmica e Ondas; Tradução: Sonia Midori Yamamoto; Revisão técnica: Adir Moysés Luiz. – 12a edição, São Paulo: Addison Wesley, 2008. [6] YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A.; Sears e Zemansky, Física III : Eletromagnetismo; Tradução: Sonia Midori Yamamoto; Revisão técnica: Adir Moysés Luiz. – 12a edição, São Paulo: Addison Wesley, 2008. [7] SLIDE AULA 05 – UFRN. Disponível em <sigaa.ufrn.br>. Acesso em 06 de Setembro de 2019.
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