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Manual de Economia de Empresa Manual do Curso de Licenciatura de Gestão de Recursos Humanos ENSINO ONLINE. ENSINO COM FUTURO INSTITUTO SUPER 2 Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail: manuais@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz http://www.isced.ac.mz/ 3 Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) agradece a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Autor Felicidade Baze Coordenação Design Financiamento e Logística Revisão Científica e Linguística Ano de Publicação Local de Publicação Direcção Académica do ISCED Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) Victor Nuvunga 2017 ISCED- BEIRA 4 INDICE TEMA – I: Empresas e Mercados no Processo de organização da Produção ........ 1 UNIDADE TEMÁTICA 1.1. A empresa e seu problema económico....................... 9 A empresa e seu problema económico ............................................................ 9 Maximização de Lucro de uma empresa .........................................................10 Questões para Autoavaliação .........................................................................12 TEMA II: FUNCIONAMENTO DO MERCADO .....................................................24 Introdução ....................................................................................................24 UNIDADE TEMÁTICA 2.1: Modelo de Procura ..................................................25 Curva da Procura ...........................................................................................25 Procura individual e Procura do mercado ........................................................26 Factores determinantes da Procura ................................................................29 Elasticidade Preço da Procura ........................................................................31 Questões para Autoavaliação .........................................................................37 UNIDADE TEMÁTICA 2.2: Modelo de Oferta ....................................................40 Introdução ....................................................................................................40 Função oferta ................................................................................................40 UNIDADE TEMATICA 2.3: Equilíbrio de Mercado..............................................45 Introdução ....................................................................................................45 Equilíbrio de Mercado ...................................................................................45 Questões para Autoavaliação .........................................................................47 TEMA III: TEORIA DA EMPRESA .......................................................................49 UNIDADE Temática 3.1: Função de Produção ..................................................49 Introdução ....................................................................................................49 Teoria de produção .......................................................................................49 Questões para Autoavaliação .........................................................................63 UNIDADE TEMATICA 3.2: Custos de Produção .................................................65 Medição de Custos: Quais custos considerar ...................................................65 Questões para Autoavaliação .........................................................................72 Questões para Avaliação ...................................... Error! Bookmark not defined. TEMA IV: ESTRUTURA DE MERCADO ...............................................................74 Unidade temática 4. A concorrência perfeita...................................................74 5 A concorrência perfeita .................................................................................74 Questões para Autoavaliação .........................................................................85 UNIDADE TEMÁTICA 4.2: MONOPOLIO ...........................................................87 Condição de Maximização do Lucro do Monopólio ..........................................89 A Produção que Maximiza o Lucro do Monopolista .........................................89 Questões para Autoavaliação .........................................................................92 1. Como surge o monopólio? ..........................................................92 Questões para Avaliação ...................................... Error! Bookmark not defined. UNIDADE TEMATICA 4.3: OLIGOPÓLIO ............................................................94 Introdução ....................................................................................................94 O que é oligopólio?........................................................................................94 Dois modelos tradicionais de oligopólio ..........................................................96 Questões para Autoavaliação .........................................................................99 1 Visão geral Benvindo à Disciplina/Módulo de Economia de Empresa Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Economia de Desenvolvimento deverá ser capaz de: demostrar domínio sobre questões ligadas a economia e do desenvolvimento, caracterizar, diferenciar e conhecer os campos de aplicação nas diferentes áreas do saber. Apresentar e formular propostas de solução científicas dos problemas ou desafios enfrentados pela sociedade donde estiver inserida ou do mundo em geral, proporcionando e contribuindo de forma positiva, na construção de um ambiente sã de produção de conhecimentos e desenvolvimento harmonioso entre os povos. Objectivos Específicos O objectivo do manual de economia Empresarial é: Entender como as empresas interagem com o mercado. Compreender o mecanismo do mercado usando o modelo de procura e oferta. Entender como uma empresa consegue assegurar a sua continuidade no mundo dos negócios. Entender os indicadores que tornam os mercados diferentes Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Administração Pública do ISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. Como está estruturado este módulo Este módulo de Economia de Desenvolvimento, para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Administração Pública, à 2 semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdosdo módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em 08 Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algumas incluindo estudo de caso. Outros recursos A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. 3 Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico- Pedagógica, etc, sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 4 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama- se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões 5 de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento emque você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se 6 precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta de forma detalhada do regulamento de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 7 Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 3 (trés) avaliações e 1 (um) exame. Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação 8 Introdução A economia de empresas é aplicação de teoria e metodologia microeconómica aos problemas de tomada de decisão do mundo real suportadas por instituições sejam elas do sector público ou privado. Os seus instrumentos ajudam os gestores e decisores na alocação eficiente de recursos considerados escassos, no processo de planeamento estratégico corporativo e na execução de tácticas eficazes para resolução de problemas. Durante o processo de tomada de decisão, os gestores de empresas muitas vezes apoiam-se em ambos ramos da economia como é o caso da alocação de recursos a curto ou longo prazo. É neste contexto que este manual pretende oferecer ao estudante a possibilidade de conhecer os fundamentos para análise de um mercado, tendo em conta a complexidade e o ambiente competitivo do mercado mundial. Objectivos O objectivo do manual de economia Empresarial é: Entender como as empresas interagem com o mercado. Compreender o mecanismo do mercado usando o modelo de procura e oferta. Entender como uma empresa consegue assegurar a sua continuidade no mundo dos negócios. Entender os indicadores que tornam os mercados diferentes 9 TEMA – I: Empresas e Mercados no Processo de organização da Produção UNIDADE TEMÁTICA 1.1. A empresa e seu problema económico UNIDADE TEMÁTICA 1.2. Informações e organizações UNIDADE TEMÁTICA 1.3. Mercados e empresa UNIDADE TEMÁTICA 1.1. A empresa e seu problema económico Nesta unidade temática, estudaremos as empresas e as escolhas que elas fazem para lidar com a escassez. Normalmente, elas contratam e organizam os factores de produção para produzir e vender bens e serviços de formas que consigam alcançar o seu objectivo que é maximizar o lucro económico. No entanto nem sempre este objectivo é fácil de alcançar, a empresa incorre com custos. Objectivos: No fim desta unidade temática, o estudante tem que ser capaz de: Definir e explicar o objectivo principal de uma empresa Distinguir os vários tipos de custos Explicar como a tecnologia, as informações e os mercados limitam o lucro de uma empresa. A empresa e seu problema económico Segundo o modelo neoclássico, as empresas existem para gerar lucros, mais lucros e maximizar a riqueza dos accionistas. Conforme aponta Parkin (2010) uma empresa que não busque a maximização de lucro é eliminada ou comprada por empresas que buscam isso. Sendo que no processo de decisão, são aceites as seguintes estratégias: • Aumentar a receita mais que os custos • Diminuir alguns custos mais do que aumentam os outros; • Aumentar algumas receitas mais do que diminuem as outras; • Reduzir os custos mais do que a receita; 10 Maximização de Lucro de uma empresa De acordo com o modelo de maximização de lucro, os gestores procuram maximizar a riqueza dos acionistas, maximizando o seu próprio bem-estar (ou utilidade). Eles preocupam-se com o risco da empresa e com a garantia da segurança do seu emprego. Assim, ao satisfazer o seu bem-estar, ao dar o seu melhor, estarão buscando satisfazer os interesses dos proprietários. Para melhor perceção do que é a maximização de lucro de uma empresa, analisemos o seguinte exemplo: A africana confeções tem uma bem- sucedida confeção de vestidos. Ela recebe $ 400.000 ao ano pelos vestidos que vende. Seus gastos são de $ 80.000 ao ano com tecido, $ 20.000 com serviços públicos, $ 120.000 com salários, $ 5.000 com aluguer de máquinas aspiradoras e $ 5.000 com juros por empréstimo bancário. Com uma receita de $ 400.000 e gastos de $ 230.000, o excedente anual da africana confeções é de $ 170.000. No entanto, o contabilista usando as regras legais, reduz esse valor em $ 20.000 que, segundo ele, representa a depreciação das instalações e máquinas de costura da empresa durante o ano. Assim, o contabilista declara que o lucro da empresa é de $ 150.000 por ano. Ao calcular o custo e o lucro da empresa, o contabilista garante que esta, pague o montante correcto de imposto de renda e para demonstrar ao banco como o empréstimo solicitado esta sendo utilizado. Não obstante, pretende-se prever as decisões queuma empresa toma. Essas decisões são tomadas com base no custo de oportunidade e no lucro económico. Custo de oportunidade é a expressão usada para exprimir os custos em termo de alternativas e sacrifícios. Portanto, Custo de oportunidade de qualquer acção corresponde a alternativa de maior valor da qual se abre mão. Ela representa a acção que a pessoa decide não fazer. Para a empresa, o custo de oportunidade da produção é o valor da melhor utilização alternativa dos recursos. Representa ainda uma alternativa real da qual se abdicou. O custo de oportunidade pode ser expressa em unidades monetárias, que para a empresa inclui: custos explícitos e implícitos. Os custos explícitos são os custos pagos em dinheiro. O valor pago para obtenção de um recurso produtivo poderia ter sido gasto em outras coisas, de forma que ela corresponde o custo de oportunidade de utilização de recursos. Custos implícitos são custos que a empresa incorre quando esta renuncia de uma acção alternativa. Normalmente acontece quando a empresa utiliza seu próprio capital, o tempo ou recursos financeiros do proprietário. 11 Se uma empresa utiliza seu capital, ela esta sujeita a um custo implícito composto de depreciação económica e juros dos quais se renuncia. A depreciação económica é a variação do valor de mercado de capital ao longo de determinado período. Os fundos usados para adquirir o capital poderiam ter sido usados para outro fim, e se fossem colocados a prazo ou cedido um empréstimo poderiam ter rendido juro. Esse juro o qual se renuncia é denominado de custo de oportunidade de utilizar o capital. O proprietário de uma empresa muitas vezes fornece sua capacidade empresarial ou seja, ele passa a ser o factor de trabalho que organiza o negócio, toma decisões, inova e arca com os riscos de operação do negócio. O retorno dessa capacidade é o que se chama de lucro, e o retorno que o empresário espera receber é denominado de Lucro normal. O lucro normal também faz parte dos custos implícitos ou seja o custo de oportunidade de uma empresa, porque constitui a alternativa na qual se renunciou de fazer outra empresa funcionar. Lucro Económico de uma empresa é a diferença entre a receita total da empresa e o custo total da empresa. O custo total da empresa é constituído pelos custos implícitos e explícitos. Normalmente para as empresas que geram um lucro económico positivo, o retorno da capacidade empresarial é maior que o lucro normal e quando este retorno da capacidade é menor que o normal, a empresa incorre em prejuízo económico. Para atingir o objectivo de maximização de lucro, a empresa deve tomar cinco decisões básicas: o que produzir e em que quantidades; que tecnologia usar no processo de produção; como organizar e pagar os trabalhadores da empresa; como definir o preço e efectuar a distribuição do produto e por ultimo quais bens e serviços comprar de outras empresas. Em todas essas decisões, as acções de uma empresa são limitadas pelas restrições que ela enfrenta. De entre as restrições, ParKin (2009) destaca três factores, nomeadamente a tecnologia, a informação e o mercado. A Tecnologia é definida pelos economistas num sentido amplo. É qualquer método de produção de um bem ou serviço. Ela inclui os projectos detalhados dos equipamentos, além do ambiente físico de trabalho e a organização da empresa. Por exemplo o shopping center é uma tecnologia para a produção de serviços de retalho. Constitui uma tecnologia diferente da loja dos centros das cidades. A tecnologia progride com o tempo. No entanto, a medida que o tempo avança, se as empresas pretendem produzir mais e obter mais receitas, elas devem adaptar-se a novas formas tecnológicas, adquirindo mais 12 recursos e incorrendo mais custos. O aumento do lucro que as empresas pretendem alcançar é limitado pela tecnologia disponível. A Informação: O funcionamento do mercado é complexo, as empresas dificilmente têm toda a informação, seja do futuro ou presente, que gostariam de ter para tomar decisões. Desta forma, elas enfrentam restrições das informações limitadas sobre a qualidade e o esforço dos seus trabalhadores, os planos de compra actuais ou futuras dos seus clientes e principalmente os planos dos seus concorrentes. Os trabalhadores podem estar a se esforçar menos do que o esperado ou desejado pelo gestor e este acreditar que eles estão trabalhando muito. Os clientes podem optar em mudar de fornecedor. Para Evitar este tipo de situações, as empresas tentam criar sistemas de incentivos para trabalhadores de modo a garantir que eles se empenhem, ainda que não haja ninguém supervisionando seus esforços. Fazem gastos avultados em pesquisas de mercado. Ainda que haja este tipo de esforço, os problemas causados por informações incompleta e incerteza não são eliminados, dai que restringe os lucros. O Mercado: O que cada empresa pode vender e o preço que pode obter são restringidos pela disposição de pagar por parte dos clientes e pelos preços e actividades de marketing praticado pelos seus concorrentes. Além disso, os recursos que uma empresa pode obter e os preços que deve pagar por eles são limitados pela disponibilidade das pessoas em trabalhar para a empresa e investir nela. Como forma de superar estes problemas, as empresas gastam anualmente na promoção e venda dos seus produtos, em publicidades criativas que são anunciados nos canais televisivos. Ainda assim, as restrições do mercado e os gastos que as empresas fazem para supera-las limitam os lucros que ela poderia gerar. Questões para Autoavaliação 1. Defina e explica o objectivo principal de uma empresa. 2. Defina custo de oportunidade. 3. Faca a distinção entre custo explicito e custo implícito. 4. Porque os contabilistas calculam o custo de oportunidade e o lucro da empresa de modos diferentes? 5. Explique como as restrições enfrentadas por uma empresa limita o seu lucro? 13 Soluções: 1. Defina e explica o objectivo principal de uma empresa. Empresa é uma instituição que contrata factores produtivos e os organiza para a produção e vender bens e serviços. O objectivo principal da empresa é maximizar o lucro. 2. Defina custo de oportunidade. Custo de oportunidade é a alternativa de maior valor pelo qual se renuncia. 4. Por que os contabilistas e economistas calculam o custo e o lucro da empresa de modos diferentes? Os contabilistas e economistas calculam o custo e o lucro da empresa de modos diferentes porque tem objectivos diferentes. Os contabilistas tem como objectivo garantir que a empresa paguem a quantia correcta de imposto de renda e demonstrar ao banco como o empréstimo solicitado esta sendo utilizado enquanto que os economistas tem como objectivo prever as decisões que as empresas irão tomar e, essas decisões são tomadas na base de custo de oportunidade e no lucro económico. 5. Explique como as restrições enfrentadas por uma empresa limita o seu lucro? As restrições enfrentadas por uma empresa limitam o seu lucro da seguinte maneira: Tecnologia: Se as empresas pretendem produzir mais e obter mais receitas, elas devem adaptar-se a novas formas tecnológicas, adquirindo mais recursos e incorrendo mais custos. Informação: As empresas dificilmente têm toda a informação que gostariam de ter para tomar decisões. Essa limitação está relacionada com a qualidade e o esforço dos seus trabalhadores, os planos de compra actuais ou futuras dos seus clientes e principalmente os planos dos seus concorrentes. Com forma de reverter o problema, as empresas tentam criar sistemas de incentivos para trabalhadores de modo a garantir que eles tenham um bom desempenho e fazem gastos avultados em pesquisas de mercado. Limitando assim o seu lucro. Mercado: uma empresa pode vender e o preço que pode obter é restringido pela disposição de pagar por parte dos clientes e pelos preços e actividades de marketing praticadopelos seus concorrentes. 14 UNIDADE TEMÁTICA 1.2. Informações e organizações Introdução As empresas utilizam uma combinação de sistemas de comando e sistemas de incentivos para organização de produção. Diante das informações incompletas e incertezas, as empresas induzem os seus gestores e trabalhadores a ter um desempenho que estejam de acordo com os seus os objectivos. Objectivo Definir e explicar o problema da relação agente-principal Indicar os principais tipos de organizações privadas. Descrever como diferentes tipos de organizações lidam com o problema da relação agente-principal. Informações e organizações Cada empresa organiza a produção de bens ou serviços por meio da combinação e coordenação dos recursos produtivos que consegue. Mas a maneira como as empresas organizam a sua produção varia. Elas utilizam uma combinação de dois sistemas, nomeadamente sistema de comando e sistema de incentivo. Sistema de comando é um método de organização de produção que utiliza uma hierarquia administrativa. Os comandos são transmitidos de cima para baixo pela hierarquia e as informações são transmitidas de baixo para cima. Os gestores deste tipo de sistema passam a maior parte do seu tempo fazendo recolha e processamento de informação do desempenho dos seus subordinados, que posteriormente toma decisões sobre quais comandos emitir e sobre a melhor maneira de fazer esses comandos serem implementados. Um exemplo deste tipo de sistema é o sistema de administração militar. O sistema de comando em empresas não são tão rigorosos quanto utilizados pelos militares, mas compartilham algumas características em comum. Um chief Execcutive officer (CEO) que representa o director executivo ocupa a posição mais alta do sistema de comando de uma empresa. Os executivos seniores que se reportam ao CEO, recebem comando deles e se especializam na administração da produção, do marketing, das finanças, do pessoal e de outros aspectos das operações da empresa. Abaixo dos seniores podem ter várias camadas de média gestão até se chegar aos gerentes que supervisionam as operações diárias de 15 negócio e, por último estão os operadores de máquinas e o pessoal de venda dos bens ou serviços. As empresas de pequeno porte são constituídas por uma ou duas níveis de gestão, enquanto empresas grandes tem várias níveis. A medida que os processos de produção tornaram-se complexos, as posições de gestão tornaram-se mais numerosas. A globalização abrandou o crescimento da administração e, em algumas indústrias, o organigrama foi reduzido, eliminando muitos cargos de média gestão. Outrossim, os gestores fazem esforço de se manterem bem informados. Eles se empenham para tomar decisões adequadas e emitir comandos visando à utilização eficiente dos recursos produtivos. No entanto, nem sempre os gestores têm informação completa sobre o que acontece nas divisões da empresa pelas quais são responsáveis. É por esse motivo que as empresas utilizam, além dos sistemas de comando, o sistema de incentivos para organizar a produção. Sistema de incentivo é um método de organização de produção que usa um mecanismo parecido com o do mercado dentro de uma empresa. Em vez de emitir comandos, os administradores seniores criam esquemas de recompensa que induz os funcionários a trabalharem de maneiras que maximizem o lucro da empresa. Os sistemas de incentivos são usados de modo mais extensivo pelas organizações de venda. Os representantes das vendas que passam a maior parte do tempo trabalhando sozinhos e sem monitores são induzidos a se empenharem pelo recebimento de um salário fixo e grande bónus relacionados com o desempenho. Este tipo de sistema pode ser aplicado em todos níveis de uma empresa. Para os CEOs o plano de remuneração inclui a participação dos lucros da empresa, enquanto os operários a recompensa é feita com base nas quantidades produzidas. Combinação dos sistemas Ainda que exista os casos extremos dos sistemas de combinação, as empresas preferem combinar o sistema de comando e de incentivo de forma a maximizar o lucro. Quando um pequeno desvio do desempenho ideal tem um custo muito alto ou quando é fácil monitorar o desempenho as empresas utilizam os comandos. No entanto, quando a monitoria do desempenho é inexequível ou tem um custo demasiado alto causado pelo problema da relação agente-principal (administrador-accionista), elas usam incentivos. 16 Por exemplo, é fácil monitorar o desempenho dos trabalhadores de uma linha de produção. Se um operário for demasiado lento, toda linha de produção ficara também lenta. Assim, uma linha de produção é organizada com um sistema de comando. Do outro lado, para monitorar um CEO requer altos custos, dai que é necessário usar os incentivos. O problema de relação agente-principal: é o problema da elaboração de regras de remuneração que induzem um agente (administradores ou gerentes) a praticar actos que estejam de acordo com os interesses de um principal (accionista). Os accionistas precisam induzir os gestores agirem de acordo com os interesses deles. Os agentes, ainda que sejam gerentes ou trabalhadores, empenham-se para alcançar os seus próprios objectivos e muitas vezes impõem custos a um principal. O problema de relação agente-principal não ‘e resolvido com a emissão de comando. Em muitas empresas, os accionistas não tem como supervisionar os gestores e, os gestores muitas vezes não conseguem os seus subordinados. Parkin (2009) sugere três maneiras de tentar abrandar o problema de relação agente-pricipal: Conceder Propriedade de um negócio a um gestor ou subordinado. Esquemas de propriedade parcial para executivos seniores são frequentes, mas são menos comum para trabalhadores em geral. Pagamentos ligados ao desempenho, ou seja, pagamentos de incentivos são bastante comuns. Elas baseiam-se em uma serie de critérios de desempenho como metas de produção ou vendas e lucro. Contrato de longo prazo estão ligados aos contratos assinados pelos gestores ou trabalhadores. Este define o destino de todos intervenientes internos da empresa (principal, gestores e trabalhadores). Ora, Parkin (2009) realça que as três formas de lidar com o problema da relação agente-principal resultam em diferentes tipos de organizações privadas. Cada tipo de organização privada representa uma reacção diferente ao problema. De entre os vários tipos de organizações privadas, as principais são: empresas individuais, sociedades e corporações. Uma empresa individual é constituída por um único proprietário que tem a responsabilidade ilimitada sobre a empresa. O proprietário é responsável legal por todas dívidas até a uma quantia igual a toda sua riqueza. Este toma decisões administrativas, recebe os lucros da empresa e se responsabiliza pelos prejuízos. Os lucros de uma empresa individual são submetidos à mesma aliquota de imposto na que outras fontes de rendimento individual do proprietário. 17 A sociedade refere-se a uma empresa que é constituído por dois ou mais proprietários e que este tem responsabilidade ilimitada sobre ela. Neste tipo de empresa, os sócios concordam em uma estrutura administrativa apropriada e a forma de divisão dos proveitos. Os lucros de uma sociedade sofrem uma taxa como se fossem rendimento individual dos proprietários. Porem, cada sócio é legalmente responsável por todas as dívidas da sociedade, que é limitada somente pela riqueza do sócio individual. Uma corporação é uma empresa de propriedade de um ou mais accionistas de responsabilidade limitada ou seja os proprietários são legalmente responsáveis somente pela quantia do seu investimento inicial. A limitação de responsabilidade significa que, caso a empresa vá a falência, os seus proprietários não são obrigados causar a sua riqueza pessoal para saldar as dívidas da corporação. Os lucros deste tipo de organização sãosubmetidos a imposto independentemente do rendimento dos accionistas. Os accionistas pagam um imposto sobre os ganhos de capital que incide sobre o lucro que recebem quando vendem as acções por um preço superior àquele que pagaram. As acções corporativas rendem ganhos de capital quando uma corporação faz a retenção de parte do seu lucro e o reinvestem em actividades lucrativas. Desta forma, os rendimentos retidos são submetidos duas vezes a impostos porque os ganhos de capital geram são taxados. Vantagens e Desvantagens dos diferentes tipos de empresas Como referido anteriormente, os diferentes tipos de organizações privadas surgem de diferentes maneiras de tentar lidar com o problema da relação entre agente-principal. Cada tipo de empresa tem suas vantagens e desvantagens que justificam a sua existência. O tabela XXX resume essas situações. Tabela 1: vantagens e Desvantagens dos diferentes tipos de empresas Tipo de empresa Vantagens Desvantagens Empresa individual Facilmente constituída Decisões ineficazes não são verificadas, por não haver necessidade de consenso. Processo decisório Simples Toda riqueza do proprietário está em risco. Lucros tributados apenas uma vez como renda do proprietário A empresa deixa de existir com a morte do proprietário. O custo do capital e do trabalho é alto em relação ao de uma corporação. 18 Sociedade Facilmente constituída Pode ser lento e oneroso atingir o consenso Processo decisório diversificado Toda riqueza dos proprietários está em risco. Pode sobreviver se um sócio se retira A saída de um dos sócios pode gerar escassez de capital. Lucros são tributados apenas uma vez como renda dos proprietários O custo de capital e do trabalho é alto em relação ao de uma corporação. Corporação Os proprietários têm responsabilidade limitada Capital de larga escala e baixo custo disponível. A estrutura administrativa complexa pode fazer com que as decisões sejam lentas e dispendiosas. Administração profissional não restringida pela capacidade dos proprietários. Lucros retidos submetidos duas vezes ao imposto: primeiro como lucro da empresa e segundo como ganhos de capital dos accionistas Vida perpétua Contratos de trabalho de longo prazo reduzem os custos de trabalho Fonte: Parkin (2009) Questões de Autoavaliação 1. Explique a diferença entre um sistema de comando e um sistema de incentivos. 2. Qual é o problema da relação agente-principal? 3. Quais são as três maneiras pelas quais as empresas tentam lidar com esse problema? 4. Quais são os três tipos de empresas? 5. Explique as principais vantagens e desvantagens dos três tipos de empresa. Soluções: 1. Explique a diferença entre um sistema de comando e um sistema de incentivos. A diferença entre um sistema de comando e um sistema de incentivos é o sistema de comando é um método de organização da produção que utiliza uma hierarquia administrativa enquanto que o sistema de incentivo é um método de organização da produção que utiliza um mecanismo similar ao do mercado dentre da empresa. 2. Qual é o problema da relação agente-principal? O problema da relação agente-principal é o problema de elaboração de regras de recompensa que aliciam um agente a executar as suas actividades que vai de acordo com os interesses do principal. 19 3. Quais são as três maneiras pelas quais as empresas tentam lidar com esse problema? As três maneiras pelas quais as empresas tentam lidar com esse problema são: Propriedade, pagamento de incentivos e contratos de longo prazo. 4. Quais são os três tipos de empresas? Os três tipos de empresas são: empresa individual, sociedade e cooperação. 5. Explique as principais vantagens e desvantagens dos três tipos de empresa. Empresa individual tem como vantagem facilidade na constituição; tem um processo decisório simples; os lucros são tributados apenas uma vez com rendimento do proprietário. Tem como desvantagem: a inexistência da empresa com a morte do proprietário; o risco que incorre toda riqueza do proprietário; desnecessidade de consenso, levam com que as decisões ineficazes não sejam averiguadas. Sociedade tem como vantagem: facilidade na constituição da empresa; possuir um processo decisório diversificado; a retirada de um sócio, não implica a sobrevivência da empresa e os lucros são tributados apenas uma vez como rendimento dos proprietários. Desvantagens: por ser lento e dispendioso atingir o consenso; toda a riqueza do proprietário esta em risco; a saída de um sócio pode gerar escassez de capital e o custo do capital e do trabalho é alto em relação ao de uma corporação. A Corporação tem como vantagem: responsabilidade limitada por parte dos proprietários; capital de larga escala e baixo custo disponível; a administração profissional não restringida pela capacidade dos proprietários; tem uma vida perpétua e os contratos de trabalho de longo prazo reduzem os custos de trabalho. Desvantagens: tem uma estrutura administrativa complexa que faz com que as decisões sejam lentas e dispendioso e o lucro retido é submetido duas vezes ao imposto e 20 UNIDADE TEMÁTICA 1.3. Mercados e empresa Introdução Nesta unidade temática, irá abordar como as empresas conseguem coordenar as actividades económicas quando podem realizar uma tarefa com mais eficiência, tendo em conta os custos advindo dessas actividades que, devem ser baixos do que oferecidos no mercado. Objectivos Explicar Como os mercados coordenam as actividades económicas. Explicar o que determina a coordenação da produção. Explicar as causas que levam com que uma empresa seja mais eficiente do que os mercados. Mercados e empresa Uma empresa é uma instituição que contrata factores produtivos e os organiza para a produção de bens ou serviços. Para organizar a produção, as empresas coordenam as decisões e actividades económicas de várias pessoas. As empresas não são as únicas que fazem a coordenação económica, os mercados também coordenam as decisões. A coordenação do mercado é feita através de ajustamento dos preços e fazendo com que as decisões dos compradores e vendedores sejam harmonizáveis. (Parkin 2009; Mata 2007) Algumas perguntas podem surgir como: o que determina se uma empresa ou o mercado que coordena um conjunto especifico de actividades? Como as empresas decidem comprar bens ou serviços de uma outra empresa ou fabrica-los elas mesmas? A resposta a estas perguntas está nos custos incorridos. Se considerarmos o custo de oportunidade do tempo, além dos custos dos outros insumos, as empresas adoptam o método que lhes oferece menor custo. Elas coordenam a actividade económica quando podem realizar uma tarefa com mais eficiência do que os mercados. Se os mercados puderem executar uma tarefa com mais eficiência do que uma empresa, as empresas utilizam os mercados, e qualquer tentativa de constituir uma empresa para substituir essa coordenação feita pelo mercado conduzirá ao fracasso. 21 No entanto, as empresas têm sido mais eficientes do que os mercados pelas seguintes razões: As empresas são capazes de conseguir menores custos de transacções. Os custos de transacções são aqueles que se tem para encontrar alguém com quem fazer negócios, para chegar a um acordo em relação ao preço e outros aspectos da negociação e para garantir que as condições do acordo sejam cumpridas. Normalmente, as transacções no mercado requerem que compradores e vendedores se encontrem e negociem os termos de condições da transacção. Nem sempre os contratos são cumpridos, e quando isto acontece conduz a mais gastos. que nalgumas vezes há necessidade da intervenção de um advogado para que possa elaborar os contratos. Considere por exemplo, duas maneiras de concertar um carro. Aprimeira situação é a coordenação da empresa: o proprietário leva o carro à oficina mecânica. O dono da oficina faz o levantamento das peças e ferramentas e também a mão-de-obra do mecânico que concertará o carro. O proprietário paga uma conta pelo serviço todo. Por outro lado, na coordenação do mercado, o proprietário do carro contrata um mecânico que determina quais são os problemas e faz a lista das peças e ferramentas necessárias para que concerte o carro. O proprietário compra as peças em um ferro- velho e aluga as ferramentas em uma loja. De seguida chama novamente o mecânico para fazer o concerto. Depois devolve as ferramentas e paga as contas referentes ao aluguer das ferramentas, a mão-de-obra do mecânico e o custo das peças. Economia de escala surge quando o custo de produção de uma unidade de um bem diminui à medida que a produção aumenta. As economias de escala resultam da especialização e da divisão de trabalho que podem ser obtidos mais eficazmente pela coordenação feita pela empresa do que pela coordenação feita pelo mercado. (Mata 2007; Parkin 2009). É exemplo de economia de escala os fabricantes de automóveis. Um fabricante de automóvel que produz apenas alguns carros anualmente, utiliza o método manual, e este é muito oneroso. No entanto, um fabricante que usa a economia de escala, a medida que a escala de produção aumenta, a empresa pode utilizar mão-de-obra altamente especializada e equipamentos que reduzem os custos. 22 Economia de escopo surge quando uma empresa utiliza recursos especializados, muitas vezes onerosos, para produzir uma variedade de bens ou serviços. Em consequência, ela coordena esses recursos a um custo mais baixo do que o custo que um individuo teria para adquirir todos esses serviços nos mercados. Economia de produção em equipa é um processo de produção no qual os indivíduos de um grupo se especializam em tarefas que se complementam. A produção de bens e serviços oferece muitos exemplos de actividade em equipa, pois as actividades são organizadas em equipa e cada uma se especializa em uma pequena tarefa. Exercício de Auto- Avaliação 1. Quais são as duas maneiras de coordenar a actividade económica? 2. O que determina se a produção é coordenada por uma empresa ou pelo mercado? 3. Quais as principais razões pelas quais as empresas normalmente conseguem coordenar a um custo mais baixo do que o alcançado pelo mercado? Solução: 1. Quais são as duas maneiras de coordenar a actividade económica? R: As duas maneiras de coordenar a actividade económica são: coordenação através do mercado e a coordenação através das empresas. 2. O que determina se a produção é coordenada por uma empresa ou pelo mercado? R: O que determina se a produção é coordenada por uma empresa ou pelo mercado são os custos. Se os custos incorridos pelas empresas são menores que as do mercado então a coordenação será feita pelas empresas. Porém, se o mercado for mais eficiente que as empresas a coordenação é feita pelo mercado. 23 3. Quais as principais razões pelas quais as empresas normalmente conseguem coordenar a um custo mais baixo do que o alcançado pelo mercado? R: As principais razões pelas quais as empresas normalmente conseguem coordenar a um custo mais baixo do que o alcançado pelo mercado por serem capazes de conseguir menores custos de transacção, economia de escala, economia de escopo e economia de produção em equipa. 24 TEMA II: FUNCIONAMENTO DO MERCADO UNIDADE TEMÁTICA 2.1. O modelo de procura UNIDADE TEMÁTICA 2.1. O modelo de Oferta UNIDADE TEMÁTICA 2.3. Equilíbrio Geral da Procura e da Oferta Introdução O mercado é entendido como sendo o lugar físico ou virtual que põe em contacto o consumidor e o vendedor de um dado bem ou serviço, com finalidade de satisfazer as suas necessidades. No entanto, este é semelhante com as situações meteorológicas, pois estão sempre em processo de mudança, são imprevisíveis e sujeitos a frequentes períodos de tempestades e bonanças. por isso a sua compreensão é bastante complexa. A ferramenta que ajuda a compreender os movimentos dos preços e das quantidades nos mercados específicos é chamada análise da oferta e da procura (teoria da oferta e da procura). A teoria da oferta e da procura demonstra como as preferências dos consumidores determinam a procura de bens, enquanto os custos das empresas são a base da oferta de mercadorias. A quantidade que as pessoas procuram de um bem, depende do seu preço. Quanto maior for o preço de um bem, mantendo-se o resto constante, menor é a quantidade que as pessoas querem comprar desse bem. Quanto menor é o preço do mercado do bem, maior é o número de unidades compradas. 25 UNIDADE TEMÁTICA 2.1: Modelo de Procura O conhecimento da procura enfrentada por uma determinada empresa está directamente relacionada com o comportamento dos consumidores, em termo de quantidades que está disposto a adquirir quando se confronta com diferentes níveis de preços. Normalmente, os consumidores tem a tendência de comprar mais quando os preços de um bem baixam e tendem a reduzir quando os preços são altos. No entanto este comportamento não é similar para todos os bens transaccionados no mercado. Neste sentido, pode-se dizer que os consumidores são a chave para o sucesso das empresas, estes determinam quais as possibilidades de venda que uma empresa pode ter. Para o alcance deste objectivo, as empresas precisam conhecer os seus potenciais consumidores, de forma a adequar as suas decisões. Objectivos: No final desta unidade temática o estudante deve ser capaz de: 1. Definir a procura; 2. Descrever a Lei da procura e o porquê a curva da procura tem inclinação negativa; 3. Definir, calcular e Explicar os factores que influenciam a Procura; 4. Definir, calcular e explicar os factores que influenciam a elasticidade da procura Curva da Procura As pessoas preocupadas em satisfazer as suas necessidades, procuram bens e serviços. Procura ou demanda segundo Samuelson et all (2010) é a quantidade de bens, serviços ou factores de produção que os consumidores estão dispostos a adquirir por um determinado preço durante um determinado período. A relação entre o preço do mercado de um bem e a quantidade procurada desse mesmo bem, mantendo-se o resto constante, é chamada por função procura ou curva da procura. A curva da procura tem inclinação negativa. A esta propriedade denomina- se Lei da procura com inclinação negativa. A lei da procura diz que: o preço do bem e quantidade procurada do mesmo tem uma relação inversa, isto é, quando o preço de um bem aumenta (diminui), mantendo-se todo o 26 resto constante, os consumidores tendem a consumir uma menor (maior) quantidade desse mesmo bem. Esta situação justifica-se pelas seguintes razões: efeito substituição, efeito rendimento e efeito utilidade marginal decrescente. a) Efeito substituição: quando o preço de um bem aumenta, o consumidor procura substituir por outros bem similares mas que tenham um preço mais baixo e que lhe garante a mesma satisfação. b) Efeito rendimento: quando o preço aumenta, mantendo-se o resto constante, torna os consumidores mais pobres do que anteriormente pois os seus rendimentos permanecem inalterados, o mesmo é aplicado para o inverso. c) Efeito utilidade marginal decrescente: Quanto mais o consumidor adquire maior quantidade de um determinado bem ou serviço, o acréscimo da sua satisfação tende a reduzir, induzindo-o a pagar ao menor preço Procura individual e Procura do mercado Os mercados em geral são constituídos por diversos consumidores. Os elementos fundamentais da construção da procura são os gostos e as necessidades individuais (procuras individuais). No entanto, cada consumidor tem um comportamento diferenciado do outro, o que leva com que tenham procurasindividuais diferentes. Para as empresas interessa saber a procura que agrega todos consumidores, a chamada procura de mercado, que representa a soma de todas as procuras individuais.(Mata 2007) Para melhor percebermos como passar da procura individual para a procura de mercado, vamos admitir que, o Rui, a Susana e o Miguel gostam de ópera e a tabela 2 descreve o número de vezes que estes vão assistir a espectáculo de ópera para diferentes níveis de preço de bilhete. Tabela 2: Procura Individual e do mercado Preço (Euros) Procura do Rui Procura da Suzana Procura do Miguel Procura de Mercado 60 1 0 0 1 50 1 1 0 2 40 1 2 2 5 30 2 2 4 8 20 2 3 5 10 10 4 3 6 13 27 Para obtermos a procura de mercado basta agregar, para cada preço a totalidade da quantidade procurada pelos diferentes consumidores. Assim, ao preço de 60, apenas o Rui ira a opera, o que faz com que a procura de mercado a este preço seja igual a uma unidade. Ao preço de 50, a suzana ira também uma vez, o que faz com que a procura seja de duas unidades. Ao preço de 40, o Miguel entra no mercado, indo duas vezes e a Suzana ira uma única vez, o que faz com que a procura de mercado seja de 5 unidades. Este processo de agregação repete-se para cada preço ate chegar-se à quantidade de 13 unidades quando se atinge o preço de 10. A agregação das diferentes procuras individuais esta representada graficamente na figura 1. Figura 1: Procura individual e procura de mercado Fonte: Mata, 2007 A curva de procura é representada de forma linear, ou seja, por uma linha recta. Com a linha recta é fácil perceber que, quanto maior for o numero de consumidores no mercado e quanto maior for a heterogeneidade entre eles, menos importantes serão os degraus da procura agregada e mais perto se esta da forma linear. No entanto, ainda se chama Curva da procura, mesmo quando usa-se a forma linear para a representação da procura. Figura 2: A Curva de Procura 28 Fonte: Parkin, 2009 Do ponto de vista analítico, a forma linear continua a ser usada pela sua simplicidade e ajuda também a perceber melhor a relação existente entre o preço de um bem e a quantidade procurada do mesmo bem que normalmente é representada pela expressão abaixo: bPaQ Sendo Q a variável dependente ou explicada; P a variável independente ou explicada; bea parâmetros positivos, cujo valor varia de acordo com as características especificas de cada curva da procura; o sinal menos antes do parâmetro b significa que a curva da procura tem inclinação negativa; O parâmetro a representa o valor de dQ quando P é nulo. O parâmetro b representa a inclinação da recta. Na economia, a representação gráfica segue uma nomenclatura inversa usada na matemática, isto é, a representação gráfica faz a inversão dos eixos relativamente a forma usual da representação de funções. Muitas vezes, contudo, usaremos a inversa da curva da procura em vez da procura propriamente dita, representação essa em que os eixos estão no seu lugar habitual. Q bb a P 1 29 Factores determinantes da Procura Para além do preço que influencia a quantidade procurada, as alterações da procura são determinadas por um conjunto de factores, conforme é sugerido por Samuelson et al (2010): Os níveis médios de rendimento: as alterações no rendimento dos consumidores têm consequências sobre a procura que esses consumidores fazem dos bens. Com o aumento dos rendimentos, os consumidores tendem a comprar uma maior quantidade de quase tudo, mesmo sem alteração dos preços. Os bens relativamente aos quais isto acontece denominam-se bens normais. Mas, existem bens cujo consumo diminui a medida que o rendimento aumenta, os bens com estas características denominam-se bens inferiores. O consumo deste tipo de bem reduz-se porque os consumidores passam a procurar consumir bens de melhor qualidade. Por exemplo, se o consumidor ficar mais rico, este diminuirá o consumo da carne de segunda e passara a compra mais a carne de primeira. Existe ainda o caso de bens de consumo saciado, quando a procura de um bem não é influenciado pelo rendimento dos consumidores, é o caso do sal. A dimensão da população: a procura também depende do tamanho e da distribuição etária da população. Quanto maior for o número de habitantes numa região, maior será a procura do mercado. Por exemplo, a procura de vagas de estacionamento, filmes entre outras coisa que possa imaginar, é muito maior nas grandes cidades quanto comparado com as pequenas cidades. Além disso, quanto maior é a parcela da população em uma determinada faixa etária, maior é a procura pelos bens ou serviços utilizados por esta faixa etária. Os preços e a disponibilidade dos outros bens relacionados: Existe uma relação importante entre bens substitutos e os bens complementares. A quantidade que um consumidor compra de um dado bem irá depender do preço de outro bem. Podendo estes bens aumentar ou reduzi as quantidades consumidas, conforme a disponibilidade ou a relação existente entre eles. Se os bens forem substitutos, como por exemplo a manteiga e a margarina, se houver um aumento do preço da margarina, os consumidores passam a comprar menos margarina e aumentam a quantidade de consumo da manteiga. Um bem substituto, é um bem que pode ser utilizado no lugar de outro. No caso de bens complementares, isto é, bens consumidos em 30 simultâneo como por exemplo a gasolina e o automóvel, se o preço da gasolina aumenta, os consumidores irão reduzir a procura de automóveis. Os gostos ou preferências individuais e da sociedade: os consumidores têm gostos diferentes. Os gostos representam uma variedade de influências culturais e históricas. Estes podem ser influenciados por tradição ou crença religiosa. Podem também alterar-se no decurso da vida dos consumidores. Influências específicas: As influências específicas afectam a procura de bens específicos. É importante saber distinguir entre o impacto que as alterações dos níveis de preço de um bem das alterações dos factores determinantes da procura têm sobre a curva da procura. Se apenas alterar o preço do bem, mantendo o resto constante, ocorre uma variação da quantidade procurada, ou seja, haverá movimento ao longo da curva da procura. Se o preço diminui, o movimento será para cima e se o preço aumenta, o movimento será para baixo. Quando se alteram os factores determinantes da procura, mantendo o resto constante, ocorre uma variação na procura, ou seja, há uma deslocação da curva da procura, podendo se deslocar para a direita ilustrando um aumento e para a esquerda ilustrando uma redução. Figura 3: Mudança da quantidade procurada versus mudança da procura Fonte: Parkin, 2009 31 Elasticidade Preço da Procura Um elemento muito importante para caracterizar uma procura é saber qual é o impacto que uma alteração do preço tem sobre a quantidade procurada. Do ponto de vista da empresa, o conhecimento desta sensibilidade da procura às variações do preço é decisivo para avaliar ate que ponto é que é possível subir o preço, ou ate ponto é que vale a pena desce-lo. As figuras abaixo ilustram duas procuras com a mesma subida de preço, no entanto com consequências diferentes em termo de quantidades que são possíveis vender. Figura 4: Elasticidade da procura Fonte: Mata, 2007 Com os dois gráficos, é possível notar que a procura do gráfico a esquerda a subida de preço provoca uma pequena redução da quantidade vendida, na procura do gráfico a direita a variação da quantidade vendida é mais significativa. Para medir a sensibilidade da procura a variação do preço, os economistas usam o conceito elasticidade preço da procura (elasticidade da procura) mede a variação na quantidade procurada de um bem quando o seu preço varia, ou seja, é a variação percentual da quantidade procurada dividida pela variaçãopercentual do preço. (Mata 2007) 32 Onde: D = Representa a elasticidade preço da procura ΔQ = Representa a variação da quantidade procurada. ΔP = Representa a variação no preço. Q = Representa a quantidade média procurada P = Representa o preço médio Categorias da Elasticidade Preço da Procura Quando a uma variação de 1% no preço corresponde uma variação superior a 1% na quantidade procurada, o bem tem uma procura elástica em relação ao preço ( D >1). Quando a uma variação de 1% no preço corresponde uma variação inferior a 1% na quantidade procurada, o bem tem uma procura rígida ou inelástica em relação ao preço ( <1). Quando a percentagem da variação da quantidade é exactamente igual a percentagem da variação do preço, o bem tem uma procura unitária ( =1). De acordo com Samuelson et al (2010), existem três pontos importantes no cálculo da elasticidade: primeiro, as variações percentuais são tratadas como sendo positivas. Neste contexto, todas as elasticidades são positivas, ainda que os preços e as quantidades procuradas se desloquem em direcções opostas. Segundo a definição da elasticidade usa a variação percentual do preço e da procura, isto é, uma alteração da unidade de medida não afecta a elasticidade. Quer os preços sejam em Metical ou Rand ou Dólar, a elasticidade preço mantém-se igual. No cálculo exacto das variações percentuais do preço e da quantidade usa- se a fórmula: Onde o preço e a quantidade do denominador calcula-se a partir do preço médio, ou seja: D D Q P P Q PP QQ D / / PP QQ / / 33 2 21 QQQ e 2 21 PPP P1 e Q1 representam o preço e a quantidade originais. P2 e Q2 representam o preço e a quantidade finais. Factores que Influenciam a elasticidade da Procura A elasticidade da procura segundo Parkin (2009) depende dos seguintes factores: Proximidade dos bens substitutos: quanto mais próximo forem os bens ou serviços substitutos, mais elástica é a procura por esses bens; Proporção da renda gasta com o bem: quanto maior for a proporção da renda gasta em um bem, mais elástica é a procura por esse bem. Tempo decorrido desde a variação do preço: quanto mais tempo transcorre desde uma variação de preço, mais elástica é a procura. Casos extremos e importantes que ocorrem na elasticidade preço da procura Existem casos em que as procuras podem ser perfeitamente elásticas (infinitas) ou perfeitamente rígidas (nulas). Procuras perfeitamente rígidas ou com elasticidade preço igual a zero ( 0D ) são aquelas em que as quantidades procuradas não reagem às variações de preço. A sua representação gráfica corresponde a uma curva da procura vertical. 34 Figura 5: Procura perfeitamente inelástica Fonte: Parkin, 2009 Quando a procura é infinitamente elástica ( D ), uma ligeira variação no preço levara a uma variação infinitamente grande da quantidade procurada. Ela representa-se por uma curva de procura horizontal. Figura 6: Procura perfeitamente elástica Fonte: Parkin, 2009 35 Elasticidades da procura e receitas Existe uma relação interessante entre a receita total e a elasticidade da procura. Por definição a receita total é igual ao preço vezes a quantidade (R = PxQ). Quando o preço varia, a receita total também varia. No entanto, nem sempre que o preço aumenta, a receita total também aumenta. A variação da receita total depende da elasticidade da procura da seguinte forma: Quando a procura é rígida em relação ao preço ( >1), uma redução do preço reduz a receita total. Quando a procura é elástica em relação ao preço ( <1), uma redução do preço aumenta a receita total. Quando a procura tem uma elasticidade unitária ( =1), uma redução do preço não tem qualquer efeito na receita total. A figura 5 mostra como é possível utilizar a relação entre a elasticidade procura e a receita total para estimar a elasticidade por meio do teste da receita total. O teste de receita total é um método para estimar a elasticidade da procura pela observação da mudança da receita total resultante de uma mudança do preço, quando todos outros factores que influenciam a quantidade vendida se mantiverem constantes. D D D 36 Figura 7: Elasticidade e receita total Fonte: Parkin, 2009 Como mostra a figura do painel (a), na faixa de preços de $25 a $12,50, a procura é elástica. Na faixa de preços de $12,50 a zero a demanda é inelástica. No preço de $12,50, a demanda tem elasticidade unitária. No painel (b) mostra a receita total. Ao preço de $25, a quantidade vendida é zero, de modo que a receita total é zero. Ao preço de zero, a quantidade é 50 pizzas por hora e a receita total por sua vez, é zero. Uma redução de preço na faixa elástica leva a um aumento da receita total – o aumento percentual da quantidade procurada ‘e maior que a redução percentual do preço. Uma redução de preço na faixa inelástica leva a uma redução da receita total aumento percentual da quantidade procurada é menor que a redução percentual do preço. Na elasticidade unitária, a receita total está no seu máximo. A tabela 3 resume essas situações. 37 Tabela 3: Relação entre elasticidade Procura e recita total Valor da ED Descrição Definição Impacto nas receitas ED>1 Procura elástica Variação percentual da quantidade procurada maior do que a variação percentual do preço As receitas aumentam quando o preço diminui ED=1 Procura com elasticidade unitária Variação percentual da quantidade procurada igual à variação percentual do preço As receitas mantêm-se quando o preço diminui ED<1 Procura rígida Variação percentual da quantidade procurada menor do que a variação percentual do preço As receitas diminuem quando o preço diminui Resumo: Os consumidores procuram bens e serviços para satisfação das suas necessidades. A procura de mercado de um bem ou serviço informa as empresas as quantidades que os consumidores estão dispostos a adquirir a cada nível de preços num determinado período de tempo. A Procura de cada bem depende de vários factores, nomeadamente os gostos, rendimento médio, dimensão populacional, o preço dos bens relacionados e influências especiais. A relação entre o preço de um bem e a quantidade procurada deste mesmo bem é denominada função ou curva da procura. A alteração do preço (redução ou aumento) provoca movimento ao longo da curva da procura e alteração dos factores determinantes da procura provoca deslocamento da curva da procura. A elasticidade é uma medida da sensibilidade da quantidade procurada de um bem a uma mudança do seu preço, se mantivermos todo o resto constante. Quanto maior for a extensão da elasticidade preço da procura, maior é a sensibilidade da quantidade procurada a uma determinada variação de preço. Questões para Autoavaliação 1. Defina procura. 38 2. Descreva a Lei da procura e diga porquê a curva da procura tem inclinação negativa? 3. O que entende por função ou curva da procura? 4. Quais são os factores determinantes da procura? 5. Defina elasticidade preço da procura e Explique os factores que influenciam a elasticidade da procura. Solução: 1. Defina procura ou demanda. R: Procura é a quantidades que o consumidor está disposto a adquirir quando se confronta com diferentes níveis de preços. 2. Descreva a Lei da procura e diga porquê a curva da procura tem inclinação negativa? R: A lei da procura diz: o preço do bem e quantidade procurada do mesmo tem uma relação inversa, isto é, quando o preço de um bem aumenta (diminui), mantendo-se todo o resto constante, os consumidores tendem a consumir uma menor (maior) quantidade desse mesmo bem. A curva da procura tem inclinaçãonegativa pelas seguintes razões: efeito substituição, efeito rendimento e efeito utilidade marginal decrescente. 3. O que entende por função ou curva da procura R: Curva da procura é a relação entre o preço do mercado de um bem e a quantidade procurada desse mesmo bem, mantendo-se o resto constante. 4. Quais são os factores determinantes da procura R: Os factores determinates da procura são 5, nomeadamente: Os níveis médios de rendimento; A dimensão da população; Os preços e a disponibilidade dos outros bens relacionados; Os gostos ou preferências individuais e da sociedade e Influências específicas: As influências específicas afectam a procura de bens específicos. 5. Defina elasticidade preço da procura e Explique os factores que influenciam a elasticidade da procura. R: Elasticidade preço da procura mede a variação na quantidade procurada de um bem quando o seu preço varia, ou seja, é a variação percentual da 39 quantidade procurada dividida pela variação percentual do preço Proximidade dos bens substitutos: quanto mais próximo forem os bens ou serviços substitutos, mais elástica é a procura por esses bens; Proporção da renda gasta com o bem: quanto maior for a proporção da renda gasta em um bem, mais elástica é a procura por esse bem; Tempo decorrido desde a variação do preço: quanto mais tempo transcorre desde uma variação de preço, mais elástica é a procura. 40 UNIDADE TEMÁTICA 2.2: Modelo de Oferta Introdução A abordagem da oferta evidencia o comportamento dos produtores ou vendedores face as suas decisões do que produzir, como produzir e quanto produzir. A Oferta representa a quantidade de bens, serviços que os vendedores estão dispostos a vender por um determinado preço durante um determinado período. Ao relacionar o preço do mercado de um determinado bem com a quantidade oferecida desse mesmo bem, mantendo-se o resto constante, estamos perante uma função ou curva da oferta. Movido pela maximização de lucro, os produtores aumentam as quantidades a oferecer no mercado, quando o preço desse bem aumenta e diminuem, quando o preço reduz. Esta situação faz com que a curva da oferta tenha inclinação positiva. Objectivos: No final desta unidade temática, o estudante deve ser capaz de: Definir a oferta e a função oferta de um bem Explicar os factores determinantes da oferta de um bem Saber representar analiticamente e graficamente a função oferta Distinguir a ocorrência de deslocamento e movimento ao longo da curva da oferta Função oferta Se uma determinada empresa oferece bens e serviços, quer dizer que ela dispõe de factores de produção e de tecnologias para produzir, tem benefícios com a produção e possui um plano de produção e de distribuição do bem no mercado. Os factores de produção e a tecnologia constituem o ponto-chave na produção de bens e serviços. Segundo Parkin (2010) a quantidade de bens, serviços ou factores de produção que os vendedores ou fornecedores estão dispostos a vender por um determinado preço durante um determinado período é denominada de oferta. No entanto, a quantidade que os produtores irão disponibilizar no mercado, esta dependente do preço do mercado, conjugado aos outros factores que podem influenciar a oferta de bens ou serviços por parte da 41 empresa. Esta situação é justificada pela lei da oferta: “ quanto mais alto for o preço, mantendo os outros factores constantes, maior será a quantidade oferecida desse mesmo bem e quanto menor for o preço do bem, menor será a quantidade oferecida desse bem”. A curva da oferta, constitui a curva mais utilizada na análise económica. Ela mostra a relação existente entre o preço de um bem e a quantidade desse mesmo bem, quando os outros factores planeados pelas empresas permanecem constantes. A curva da oferta de um bem ou serviço, pode ser expressa matematicamente pela seguinte expressão analítica: cPdQs Sendo Q a variável dependente ou explicada; P a variável independente ou explicativa; ced parâmetros positivos, cujo valor varia de acordo com as características especificas de cada curva da procura; o sinal mais antes do parâmetro c significa que a curva da oferta tem inclinação positiva; O parâmetro d representa o valor de dQ quando P é nulo. O parâmetro c representa a inclinação da recta. A representação gráfica da curva da oferta de um bem, permite constatar que a curva da oferta associa a cada nível de preços a uma determinada quantidade. A semelhança da curva da procura, na construção gráfica da curva da oferta, coloca-se as quantidades do bem no eixo horizontal (eixo dos x) e o preço no eixo vertical (eixo dos y), conforme é apresentada pela figura abaixo: Figura 8: A Curva da oferta Fonte: Parkin, 2009 42 Os planos de venda de uma empresa não só são influenciados pelo preço, mas também por outros factores. De entre tantos factores ou determinantes da oferta, Samuelson et al (2010) destaca os seguintes: Tecnologia Preço dos factores de Produção Políticas do governo Expectativas Influências Especiais (Clima) Tecnologia: o progresso tecnológico altera (diminuição) o montante de factores necessários a mesma quantidade de produto. Preço dos factores de Produção: os produtores oferecem uma grande quantidade de um bem, quando os custos de produção desse bem são baixos em relação ao preço de mercado. Políticas do governo: As condições ambientais e de saúde determinam as tecnologias que podem ser usados, enquanto as leis fiscais e do salários mínimos podem aumentar significamente os preços dos factores de produção; Expectativas: As expectativas de preços futuros têm um impacto sobre as decisões da oferta. Influências Especiais (clima): As condições meteorológicas têm uma influência muito importante sobre a agricultura e sobre as indústrias. Na análise gráfica, um ponto na curva da oferta indica a quantidade oferecida a um dado preço. Se houver um movimento ao longo da curva da oferta, seja para cima ou para baixo, indica que houve uma variação na quantidade oferecida. Uma alteração nos factores que influencia a oferta, indica que houve uma variação da oferta, isto é, resultará no deslocamento da curva da oferta para esquerda (diminuição) e para direita (aumento). Figura 9: Mudança da quantidade oferecida versus mudança da oferta 43 Fonte: Parkin, 2009 Exercício de Auto-avaliação: 1. Definir a oferta e a função oferta de um bem 2. Explique a lei da oferta e diga os factores determinantes da oferta de um bem 3. Explique quando é que ocorre um deslocamento da curva da oferta? Solução: 1. Definir a oferta e a função oferta de um bem R: Oferta é a quantidade de bens, serviços ou factores de produção que os vendedores ou fornecedores estão dispostos a vender por um determinado preço durante um determinado período e a função oferta de um bem mostra a relação existente entre o preço de um bem e a quantidade desse mesmo bem, quando os outros factores planeados pelas empresas permanecem constantes 2. Explique a lei da oferta e diga os factores determinantes da oferta de um bem R: A lei da oferta diz: quanto mais alto for o preço, mantendo os outros factores constantes, maior será a quantidade oferecida desse mesmo bem 44 e quanto menor for o preço do bem, menor será a quantidade oferecida desse bem”. Os factores determinantes da oferta de um bem são: Tecnologia; Preço dos factores de Produção; Políticas do governo; Expectativas; Influências Especiais (clima). 3. Explique quando é que ocorre um deslocamento da curva da oferta? R: Um deslocamento da curva da oferta corre quando houver alteração dos factores que influencia a oferta. 45 UNIDADE TEMATICA 2.3: Equilíbrio de Mercado Introdução O mecanismo de mercado é um processo complexo de interacção dos agentes económicos. Neste processo
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