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PONTO - 3 - TRF2

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PROVA ORAL MAGISTRATURA FEDERAL – TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 2ª REGIÃO
PONTO 3
Conteúdo
CONSTITUCIONAL. Controle de Constitucionalidade. Sistemas. Controle Jurisdicional. Efeitos. Meio Ambiente. Família, Criança, Adolescente, Jovem e Idoso, índios. - Redução de 73 fls para 30.	2
Tributário: Discriminação Constitucional de Competências Tributárias. Repartição de Receitas. Infrações e Sanções Tributárias. Conceito e Natureza Jurídica do ilícito Tributário e dos Crimes Tributários. Denúncia Espontânea.	31
ADMINISTRATIVO - Poderes Administrativos. Vinculado. Discricionário. Hierárquico. Disciplinar. Regulamentar. Poder de Polícia. Competência Administrativa. Avocação e Delegação. Agente de Fato. Bens Públicos. Classificação. Regime jurídico. Alienação. Uso e Exploração. Monopólio Estatal. Regime Jurídico das Águas e dos Minerais. Domínio Público Aéreo e Terrestre. (PONTO 3)	41
PENAL: Teoria geral do crime: conceito; objeto; sujeitos; conduta; tipicidade; culpabilidade. Bem jurídico. Tempo e lugar do crime. Punibilidade. Erro. Concurso de crimes e crime continuado. Crimes contra a organização do trabalho (Código Penal). Crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos (Código Penal). Crimes contra os costumes (Código Penal). Crime de corrupção de menores. Crimes contra a criança e o adolescente (Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990). Crimes contra a família (Código Penal). ESTATUTO DO IDOSO. Crimes de produção, uso e tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins.	87
PREVIDENCIÁRIO: Seguridade Social. Saúde, Previdência e Assistência. Distinções.	130
CIVIL - Pessoa Natural. Personalidade e Capacidade. Direitos da Personalidade. Tutela. Curatela. Ausência. Direitos reais: Usucapião. Acessão. Direitos Reais sobre coisas alheias.	135
COMERCIAL: Regime Jurídico do Estabelecimento Empresarial e do Nome Empresarial. Prepostos do Empresário. Escrituração Contábil.	178
CONSUMIDOR. Elementos Integrantes da Relação Jurídica de Consumo. Sujeitos: Conceitos de Consumidor e de Fornecedor. Objetos: Conceito de Produto e de Serviço. Vínculo: Conceito de Oferta e de Mercado de Consumo.	194
INTERNACIONAL PÚBLICO: A competência da justiça federal para questões decorrentes de tratados.	208
INTERNACIONAL PRIVADO - Cooperação jurídica internacional. Modalidades, tendências e instrumentos incluindo as cartas rogatórias e homologação de sentenças estrangeiras. Legislação sobre cartas rogatórias e sentenças estrangeiras. Cooperação direta.	212
PROCESSO CIVIL: Jurisdição. Conceito. Características. Natureza Jurídica. Princípios. Limites. Competência. Critérios Determinadores. Competência Internacional c Interna. Competência Absoluta e Relativa. Modificações. Meios de Declaração de Incompetência. Conflitos de Competência. Perpetuação da Jurisdição. Competência da Justiça Federal e dos Juizados Especiais Federais. Ação de Prestação de Contas. Ações Possessórias. Desapropriação. Ação Discriminatória.	227
PROCESSO PENAL: Jurisdição e competência. Questões e processos incidentes: prejudiciais; cxceções; incompatibilidades e impedimentos; incidente de falsidade e incidente de insanidade mental. Conflito de competência.	248
AMBIENTAL: Normas constitucionais relativas à proteção ambiental. Efetivação da proteção normativa ao meio ambiente: Poder Judiciário, Ministério Público e Administração Pública.	316
DIREITOS HUMANOS. Classificação DOS DIREITOS HUMANOS.	325
ECONÔMICO - A propriedade na ordem econômica. Fusão, incorporação, integração e outras formas de concentração de empresas. Limites. Requisitos.	330
Princípios Institucionais da Magistratura: Da disciplina judiciária.	347
CONSTITUCIONAL. Controle de Constitucionalidade. Sistemas. Controle Jurisdicional. Efeitos. Meio Ambiente. Família, Criança, Adolescente, Jovem e Idoso, índios. - Redução de 73 fls para 30.
CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Conceito: é mecanismo de controle da adequação dos atos infraconstitucionais à Constituição.
Pressupostos para o Controle:
(i) Constituição rígida - processo de alteração mais dificultoso;
(ii) Competência para resolver problemas de constitucionalidade atribuídas a um órgão – STF;
(iii) Supremacia da Constituição – norma que se sobrepõe às demais, no ápice da pirâmide.
ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE.
Inconstitucionalidade pode se dar por ação (edição de atos incompatíveis) ou por omissão (Síndrome da Inefetividade das Normas Constitucionais: Legislador se queda inerte).
- Omissão pressupõe um dever constitucional de legislar. Ela pode ser total (não há lei sobre o tema - ex.: art. 37, VII, da CF), parcial propriamente dita (legislação sobre tema é deficiente, do ponto de vista abstrato - ex.: art. 7º, , da CF) ou parcial relativa (lei não abrangeu todos os setores da sociedade que deveria ter abrangido, caso em que abrangida a hipótese da súmula 339 do STF: “Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de isonomia”).
- Inconstitucionalidade por ação é nomodinâmica (vício formal na dinâmica da edição do ato), nomoestática (vício material de incompatilidade entre conteúdo da norma e conteúdo da CF) ou – categoria defendida por Pedro Lenza – pode haver vício de decoro parlamentar (venda de votos para aprovação de lei macula a representatividade e a essência do voto).
 TIPOS DE VÍCIO FORMAL:
(i) inconstitucionalidade formal orgânica - é a inobservância da competência para legislar – ex.: Estado edita lei sobre matéria de competência da União;
(ii) inconstitucionalidade formal por violação dos pressupostos objetivos do ato, que se dá pela inobservância de elementos que não integram o devido processo legislativo, mas servem para firmar a competência legislativa – ex.: criação de Municípios sem observância do período definido em lei federal ou sem consulta plebiscitária prévia;
(iii) inconstitucionalidade procedimental por vício subjetivo, que é a inobservância de iniciativa para propositura de projeto de lei, ou por vício objetivo, que abarca outros vícios procedimentais, como a inobservância do bicameralismo ou do quórum mínimo.
INCONSTITUCIONALIDADE TOTAL E PARCIAL. Em regra, a declaração de inconstitucionalidade acarreta a pronúncia total de nulidade da norma. Admite-se, todavia, o princípio da parcelaridade, segundo o qual o órgão de controle de constitucionalidade pode suprimir seletivamente uma palavra ou expressão num dispositivo. Observe-se que, no veto presidencial, o art. 66, §2º, da CF determina a aplicação do princípio da não parcelaridade (Presidente não pode fazer supressão de apenas parte do dispositivo legal).
INCONSTITUC. CHAPADA, ENLOUQUECIDA ou DESVAIRADA. É aquela que é clara, evidente.
ATALHAMENTO CONSTITUCIONAL. O Princípio da Vedação ao Atalhamento Constitucional tem por finalidade vedar qualquer mecanismo ou artifício que busque abrandar, suavizar, abreviar, dificultar ou impedir a ampla produção de efeitos das normas constitucionais. O exemplo mais debatido foi o da EC 52/06 que tentou acabar com a obrigatoriedade da verticalização das coligações partidárias em razão do caráter nacional dos partidos, trazendo dispositivo que violava o princípio da anualidade aplicável à vigência de leis que alterem o processo eleitoral. O STF reconheceu a tentativa de atalhamento constitucional pela medida e declarou a inconstitucionalidade da EC para a aplicação nas eleições no prazo de até 1 ano de sua promulgação.
INCONSTITUCIONALIDADE DIRETA E OBLÍQUA. A diferença está na existência de norma de interposição, no escalonamento de normas do ordenamento jurídico, entre o ato inconstitucional e a Constituição. Na inconstitucionalidade direta, não há norma interposta; há apenas ato normativo materialmente primário (que extrai sua validade diretamente da CF). Na oblíqua, há ato normativo materialmente secundário, existindo lei entre esse ato e a CF.
ARRASTAMENTO CONSTITUCIONAL. = Inconstitucionalidade consequente. STF não admite o controle de inconstitucionalidade oblíqua (ADI sobre decreto regulamentar), pois questão se resolveno controle de legalidade. Contudo, STF reconhece o arrastamento. Se é proposta ADI sobre o art. X da lei Y, há arrastamento vertical de decreto que regulamente o art. X (como consequência lógica, há a declaração de nulidade total em virtude de uma dependência unilateral). Há arrastamento horizontal quando a Corte reconhece a inconstitucionalidade de um ou alguns artigos da lei intimamente vinculados ao objeto do controle de constitucionalidade. Nesse caso, há declaração de nulidade total em virtude de dependência recíproca. Contaminação da nulidade pode ser reconhecida dentro do mesmo processo ou em processo posterior.
LEI AINDA CONSTITUCIONAL. Alerta-se que uma lei pode vir a se revelar incompatível com a Constituição após a modificação de circunstâncias fáticas. Ex.: prazo em dobro para Defensoria em processos penais. Quando as defensorias estiverem equipadas, haverá quebra da isonomia. Essa técnica decisória às vezes é conjugada com o Apelo ao Legislador, muito usado pela Corte alemã para instar o Legislativo a elaborar uma lei mais compatível com a CF, ante a possibilidade de modificação de entendimento da Corte quanto à constitucionalidade da lei existente.
INCONSTITUCIONALIDADE CIRCUNSTANCIAL. A lei é constitucional, mas sua incidência pode se revelar contrária à CF em algumas circunstâncias. E.g. ADI 223 (discussão da norma que proíbe tutela antecipada contra a fazenda pública).
HISTÓRICO DO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
CF 1824 – Não previa forma de controle, senão pelo Poder Moderador. Vigorava dogma da soberania do Parlamento.
CF 1891 – Prevê pela primeira vez o controle de constitucionalidade difuso na via incidental.
CF 1934 – Manteve controle difuso. Inovou ao criar a ADI interventiva, a cláusula de reserva de plenário e a atribuição do Senado Federal de competência para suspender a execução, no todo ou em parte, de lei ou ato declarado inconstitucional por decisão definitiva (forma de compensar a inexistência do stare decisis no direito constitucional brasileiro).
CF 1937 – Previu a possibilidade de o Presidente, em casos em que envolver o bem-estar do povo ou a promoção ou a defesa de interesse nacional de alta monta, submeter a decisão que declarar a inconstitucionalidade de determinada lei ao reexame pelo Parlamento, que, por sua vez, pela decisão de 2/3 dos membros de cada uma das Casas, poderia tornar sem efeito a referida declaração proferida pelo Tribunal, confirmando, assim, a validade da lei.
CF 1946 - Manteve o controle difuso de constitucionalidade. A EC 16/65 previu, pela primeira vez no Brasil, o controle concentrado, exercido pela representação inconstitucionalidade (ADI), de competência originária do STF, proposta, exclusivamente, pelo Procurador-Geral da República. Estabeleceu, também, a possibilidade de controle concentrado no âmbito estadual.
CF 1967 – O controle concentrado em âmbito estadual não mais foi previsto nesta Constituição, contudo, a EC nº1/69 criou controle de leis municipais ao prever a ADI para intervenção estadual.
INOVAÇÕES A PARTIR DE 1988
	- Redação originária da CF88: (i) amplicação do rol dos legitimados para propositura de ADI; (ii) criação do controle de inconstitucionalidade por omissão na via da ADI por omissão e do Mandado de Injunção; (iii) permitiu a Representação Estadual por Inconstitucionalidade, vedando a atribuição de legitimção a um único órgão; (iv) previu a criação da ADPF.
	- EC 03/93: estabeleceu a ADC – Ação Declaratória de Constitucionalidade.
	- EC 45/04: (a) igualou a legitimação ativa para o ajuizamento da ADC à da ADI, bem como (b) estendeu o efeito vinculante, previsto expressamente para a ADC, para a ADI. Aliás, segundo Lenza, caminha-se para a consagração da idéia de efeito dúplice ou ambivalente entre essas duas ações, faltando somente a igualação de seus objetos, já que a ADI cabe para lei ou ato normativo federal ou estadual, enquanto a ADC somente para federal.
SISTEMAS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Os Sistemas de Controle adotados pelos Estados podem ser:
(i) Político – controle é exercido por um órgão de natureza política, distinto dos três poderes, que tem como função garantir a supremacia da Constituição.
(II) Jurídico - Controle jurisdicional é exercido pelo Judiciário (seja por controle concentrado , seja por controle difuso). Brasil adotou controle jurisdicional misto (abstrato e difuso juntos).
(III) MISTO - Controle misto: É uma mistura dos dois sistemas, no qual algumas normas são levadas a controle perante órgão distinto dos três poderes (controle político), e outras, a apreciação do Poder Judiciário (controle jurisdicional).
Modelos de Controle de Constitucionalidade. Confiram-se as diferenças:
	MODELO AUSTRIACO (Hans Kelsen)
	MODELO NORTE-AMERICANO
	Portugal e Itália se filiaram a esse modelo.
	O Brasil se filiou a este modelo.
	Controle fica a cargo de corte política com integrantes investidos em mandato.
Juízes não têm competência para o controle, devendo, se for o caso, suspender o feito e provocar a Corte.
	Entende-se que existe competência do Poder Judiciário para o controle (Suprema Corte. Caso Marshall vs. Madison).
	Decisão tem eficácia CONSTITUTIVA (constitutiva-negativa)
	Decisão tem eficácia DECLARATÓRIA de situação preexistente
	Em regra, o vício é aferido no plano da EFICÁCIA
	Em regra, o vício é aferido no plano da VALIDADE
	Em regra efeitos EX NUNC
	Em regra efeitos EX TUNC
	A lei inconstitucional é ato ANULÁVEL
	A lei inconstitucional é ato NULO
	Lei provisoriamente válida
	Invalidação AB INITIO
	O reconhecimento da ineficácia da lei produz efeitos a partir da decisão (ex nunc) e erga omnes, respeitados os efeitos da lei produzidos até a decisão
	A lei nasce morta, nunca chegando a produzir efeitos, apesar de existir, não chegou ao plano da eficácia
Obs: em ambos os sistemas houve atenuação dos efeitos das decisões, sendo que o sistema austríaco passou a possibilitar a retroação da decisão em determinados casos, assim como o sistema norte-americano passou a prever a modulação de efeitos (caso Mapp x Ohio).
O Brasil adota o sistema norte-americano, com possibilidade de modulação de efeitos – art. 27, da Lei 9868.
No Brasil prevalece a ideia de que a decisão sobre a constitucionalidade ou não de um determinado ato normativo é de natureza declaratória, com efeitos ex tunc (invalidade desde o nascimento da norma).
Para conhecimento histórico: o caso Marbury vs. Madison. John Adams, presidente dos EUA, foi derrotado na eleição presidencial por Thomas Jefferson. Assim, antes de ser sucedido, Adams nomeou diversas pessoas ligadas ao seu governo para o cargo de juiz federal, entre elas, Marbury. Contudo, ao assumir o governo, Jefferson nomeou Madison como seu Secretário de Estado e, por entender que a nomeação de Marbury era incompleta, por não ter-lhe sido entregue, até aquele momento, a sua comissão, determinou que Madison não mais efetivasse a nomeação de Marbury. Marbury, então, impetrou writ of mandamus em face de Madison, a fim de buscar a sua nomeação. A Suprema Corte saiu pela tangente, alegando inconstitucionalidade de lei que criava / ampliava sua competência para apreciar o writ impetrado. Decidiu a Suprema Corte que qualquer lei incompatível com a Constituição é nula e que os tribunais e os demais departamentos são vinculados a ela. “Havendo conflito entre a aplicação de uma lei em um caso concreto e a Constituição, deve prevalecer a Constituição por ser hierarquicamente superior.”
TIPOS DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE.
Quanto ao momento. Controle pode se dar antes da edição da norma (controle preventivo, feito em regra pelo Legislativo e Executivo) ou após (repressivo, feito, em regra, pelo Poder Judiciário).
Quanto ao critério subjetivo ou orgânico. Há o controle difuso (feito por qualquer juiz) e o concentrado (feito por corte específica).
Quanto ao critério formal. Há o controle concreto (ou incidental), que resolve questão prévia para solucionar litígio entre partes, e o controle abstrato (ou principal), em que processo objetivo afere, abstratamente,se lei é compatível com a Constituição.
	Em regra, controle concreto é difuso... mas há a ADI interventiva, que é forma de controle concentrado concreto.
Controle Preventivo no Brasil
	Pelo Executivo
	Pelo Legislativo
	Pelo Judiciário
	Através do veto jurídico do Chefe do Poder Executivo.
	Através das comissões de constituição e justiça, existentes na Câmara dos Deputados, bem como no Senado Federal. Também o plenário ou as comissões das referidas casas poderão verificar a inconstitucionalidade do projeto de lei, seja durante as votações do próprio projeto em questão ou não.
* Michel Temer observa que esse controle não ocorre sobre projetos de medidas provisórias, resoluções dos Tribunais e decretos.
	Através do julgamento, no caso concreto, de defesa de direito público subjetivo, pertencente apenas aos parlamentares, de participar de um processo legislativo hígido (devido processo legislativo) que não contrarie as regras de vedação de deliberação expressamente contidas na Constituição.
Barroso entende que o veto do executivo (veto jurídico), bem como a rejeição a projeto de lei na CCJ são exemplos de controle político.
Controle preventivo judicial. Legitimidade Ativa. STF não a reconhece a terceiros que invocam sua potencial condição de destinatários da norma, sob pena de criar controle preventivo em abstrato.
Hipóteses de cabimento, conforme Plenário do STF (MS 32033/DF, 20/6/2013). A regra é o do não cabimento de ação judicial de controle preventivo judicial de constitucionalidade. Há 2 exceções:
a) proposta de emenda à Constituição manifestamente ofensiva à cláusula pétrea; e
b) tramitação do projeto de lei ou de emenda à Constituição que viola regra constitucional sobre o processo legislativo.
ATENÇÃO: a tramitação de projeto de lei com violação apenas de regimento interno da Casa é matéria interna corporis, não sujeita à apreciação do Judiciário. O Parlamentar tem direito líquido e certo apenas a não ser obrigado a participar de processo legislativo contrário à CF.
Controle Repressivo no Brasil
	Pelo Legislativo
	Pelo Executivo
	O Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, poderá sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitarem dos limites de seu poder de regulamentar definido pela própria lei a ser regulamentada (na verdade, trata-se de um controle de legalidade e, não, de constitucionalidade), ou dos limites da delegação legislativa lhe atribuída por meio de resolução pelo Congresso. (Art. 49, V, da CF)
	Ainda ao Congresso deverão ser submetidas imediatamente as medidas provisórias adotadas pelo Presidente da República, a fim de serem convertidas em lei, ocasião na qual será verificado o atendimento de seus pressupostos constitucionais (controle posterior propriamente dito).
	Lei inconstitucional. Repúdio. Chefe do Executivo pode determinar que seus subordinados não observem uma lei inconstitucional.
Doutrina antes da CF/88: fundamento era fato de Presidente não ser legitimado para propor ação de controle concentrado.
Hoje, Gilmar Mendes defende que apenas Prefeitos podem repudiar lei, pois eles não são legitimados à ADIN. Presidente e Governadores deveriam judicializar eventual inconstitucionalidade, ante a expansão da legitimidade ativa para ADIN.
Barroso: supremacia da Constituição é o fundamento para qualquer Chefe de Executivo negar vigência a lei inconstitucional.
STJ: Os chefes dos Poderes Executivos federal, estaduais, distrital e municipais, ao tomarem posse com o compromisso de guardar especial observância à Constituição (arts. 78 da CF/1988 e 139 da Constituição estadual), podem deixar de cumprir lei que entendam por inconstitucional, ainda que sem manifestação do Judiciário a respeito, decisão essa que vincula toda a Administração Pública a eles subordinada e importa na assunção dos riscos decorrentes de suas escolhas político-jurídicas. (Resp 23121-1 GO nov. 1993)
Tribunal de Contas. Súmula 347 STF: “O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do poder público”. Enunciado está em discussão no STF. No MS 25.888, discutia-se atuação do TCU, que reputou inconstitucional regulamento da Petrobrás sobre procedimento simplificado de licitação. Gilmar Mendes deferiu liminar suspendendo decisão do TCU. Não houve ainda decisão definitiva. Para Gilmar Mendes, a partir da CF88, com ampliação dos legitimados para a ADI, Súmula 347 deve ser reavaliada.
CONTROLE JURISDICIONAL
1) Cisão da Competência Vertical → Na ADPF incidental ou indireta, poderá ser concedida liminar para que juízes suspendam o andamento de processos ou de seus efeitos, caso em que a competência para análise da questão constitucional passa a ser de órgão superior (STF).
2) Cisão da Competência Horizontal → É quando outro órgão da mesma corte é o competente para análise da questão incidental relativa à alegação de inconstitucionalidade. O caso mais conhecido será analisado abaixo:
CF. “Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.”
CLÁUSULA DE RESERVA DO PLENÁRIO. Vale tanto no controle difuso quanto no concentrado, mas seu fim é fortalecer presunção de constitucionalidade, de modo que só vale para os casos de reconhecimento de vício de constitucionalidade. Turma Recursal não é Tribunal e não precisa, portanto, se submeter à reserva de plenário. Cláusula se aplica na via do Incidente de Inconstitucionalidade nos Tribunais (arts. 480 a 482 do CPC), conforme passos abaixo:
- Alegada a inconstitucionalidade, relator submete questão à turma/câmara, após ouvir MP.
- Se órgão fracionário entender pela inconstitucionalidade, lavrará acórdão de encaminhamento da questão ao órgão competente.
- Tribunal pleno ou órgão especial analisará a questão (lavra um segundo acórdão).
- Autos voltam ao órgão fracionário, que irá aplicar a decisão do plenário ao caso concreto, lavrando-se um terceiro acórdão (salvo dentro do STF, caso em que o art. 177 do RISTF determina que o próprio plenário aplique o julgamento).
Súmula 513 STF: “A decisão que enseja a interposição de recurso ordinário ou extraordinário não é a do plenário, que resolve o incidente de inconstitucionalidade, mas a do órgão que completa o julgamento do feito”.
Súmula vinculante nº. 10 STF: “Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte”
É dispensada a remessa ao órgão especial ou pleno se já houver pronunciamento destes ou do STF (art. 481, PU, CPC). Há precedente do no sentido de que não se aplica ao STF o art. 97: “O STF exerce, por excelência, o controle difuso de constitucionalidade quando do julgamento do recurso extraordinário, tendo os seus colegiados fracionários competência regimental para fazê-lo sem ofensa ao art. 97 da CF.” (RE 361.829-ED, Rel. Min. Ellen Gracie, Segunda Turma, DJE de 19-3-2010). Gilmar Mendes (2007, p. 1076) entende de forma diversa: com base no regimento interno do STF, afirma que nos processos de competência das Turmas, será feita remessa ao Plenário, em caso de relevante arguição de inconstitucionalidade.
No STF, há cisão horizontal da competência? Não, pois não há nem matéria fática nem matéria não constitucional submetida a debate.
Quais os meios apropriados para se requerer o controle de constitucionalidade de um ato?
- Contra qualquer inconstitucionalidade, cabe o controle concreto e incidental.
- Quanto às outras formas de controle previstas na CF, confira-se quadro abaixo:
	Inconstitucionalidade por ação
	Inconstitucionalidade por omissão
	Objeto de controle é só lei ou ato normativo
federal posteriores à CF88
	Objeto é lei ou ato normativo federal ou estadual posteriores à CF88
	Qualquer lei ou ato normativo que provoque controvérsia judicial de relevante fundamento
	Qualquer atodo Poder Público (mesmo atos concretos) que violem preceito fundamental
	Falta de ato normativo primário que regulamente noma constitucional de eficácia limitada sobre direitos e liberdades, nacionalidade, soberania e cidadania
	Falta de ato normativo primário ou secundário para regulamentar norma constitucional de eficácia limitada
	ADC
	ADI
	ADPF incidental ou indireta
	ADPF autônoma ou direta
	Mandado de injunção
(controle concreto e incidental)
	ADI por omissão
Princípio da subsidiariedade da ADPF: só cabe ADPF se não couber outro mecanismo de natureza objetiva apto a sanar a lesividade do ato. Se houver dúvida, viabiliza-se a fungibilidade entre ADPF e ADI e vice-versa.
Exceção: ADPF foi proposta pela OAB contra ato que nomeou juiz de carreira como desembargador sem observar o quinto constitucional. Gilmar Mendes considerou que o ajuizamento de MS coletivo pela OAB geraria o mesmo resultado prático. Havendo idêntica aptidão para sanar a lesividade ao preceito fundamental, a subsidiariedade observará também, excepcionalmente, mecanismos de natureza subjetiva.
+ ADI Interventiva → mediante propositura pelo PGR da Representação Interventiva, nos termos da Lei 12.562/2011 e do CF36, III, que deverá ser julgada pelo STF, determinando a atuação do Presidente da República, cabível quando houver qualquer ato dos Estados/DF que viole os princípios sensíveis.
→ Vale lembrar que a ação executória de lei federal, até a EC45/2004, era da competência do STJ, o que conflitava com a competência do STF para julgar conflitos federativos (CF102, I, f). O descumprimento de lei federal implica desrespeito à autoridade e à competência da União e, por isso, é considerado matéria constitucional pela doutrina. A mesma EC45 trouxe p/ o STF a discussão, em RE, de lei local contestada em face de lei federal (CF102, III, d), que antes era objeto de REsp no STJ. Para o STJ ficou o REsp sobre ato (secundário) local contestado em face de lei federal.
+ Representação Estadual de Inconstitucionalidade → regulado na Constituição Estadual, controla leis estaduais e leis municipais
Controle de atos municipais → pode se dar em controle incidental concreto bem como...
	
	Controle de lei local
	Controle de ato de governo local
	Com base na CF
	Cabe ADPF (violação de preceito fundamental) ou
ADI interventiva (violação de princípio sensível) ou
Ação Executória de Lei Federal
* 2 últimos casos valem para Municípios Territoriais
	Cabe ADPF
	Em face de Lei Federal
	Cabe RE (CF102, III, d)
	Cabe REsp (CF105, III, b)
Controle de atos municipais também pode se dar no TJ se o parâmetro for Constituição Estadual.
Normas revogadas como objeto de controle. É possível na via incidental ou, no controle abstrato, apenas em pedido subsequente, em ação contra a lei revogadora vigente. Se tanto a norma revogadora como a revogada são de constitucionalidade duvidosa, todo o complexo normativo deve ser impugnado, a fim de evitar o efeito repristinatório (ADI 3148).
Parâmetros registrados na doutrina utilizáveis em controle de constitucionalidade:
1) Normas Constitucionais Interpostas (conceito de Gustavo Zagrebelski): o conceito abrange as normas formalmente infraconstitucionais, mas materialmente constitucionais. Caberia o controle também em face delas. Tese não é aceita no Brasil.
é tudo que pode servir de parâmetro no controle de constitucionalidade
2) Texto Constitucional (bloco de constitucionalidade na acepção restrita) = Constituição + Atos e Disposições Constitucionais Transitórias. Eis aí, na sua acepção restritiva, o Bloco de Constitucionalidade (conjunto de normas-parâmetro no controle de constitucionalidade).
3) Bloco de Constitucionalidade em sentido amplo – A Ordem Constitucional : É o bloco na acepção restrita + princípios implícitos + tratados internacionais de direitos humanos [CF88: que foram aprovados conforme CF5º, par. 3º] → vale p/ ADI e ADC. É o parâmetro usado no Brasil.
4) Constituição Estadual - Utilizada apenas na Representação Estadual de Inconstitucionalidade perante o TJ. Jamais é utilizada como parâmetro pelo STF.
Preâmbulo. STF já considerou que preâmbulo não pode ser nem objeto nem parâmetro de controle de constitucionalidade.
Constituição revogada → em controle incidental de atos antigos, deve se aferir se a lei violou a constituição contemporânea a ela. A declaração de inconstitucionalidade pode ser feita em ordens constitucionais posteriores, ainda que o ato se adéque materialmente a constituições posteriores. Inconstitucionalidade não se convalida.
CASOS ESPECIAIS
1. Controle de Emenda Constitucional → o parâmetro são apenas as normas constitucionais sobre limitações ao poder de reforma (e.g. cláusulas pétreas, processo legislativo de aprovação)
2. Controle de inconstitucionalidade por omissão → parâmetro é apenas a norma constitucional que cria obrigação específica de legislar sobre um direito. Não inclui as obrigações abstratas (indefinidas), que definem apenas um tema (“É dever de todos a educação”). As obrigações definidas dizem quem é o devedor, quem é o credor, qual a prestação e quando ela é devida. Daí o STF ter decidido que existe o direito constitucional a creche a partir dos 4 anos, devido pelo Município (arts. 205, 208, I e § 1º c/c 211, § 2º, todos da CF), mas ter dito que o direito a erradicação do analfabetismo é um direito social, que depende de realização gradual, não havendo omissão da União no cumprimento dessa missão constitucional. No caso das creches, a obrigação é específica e independe de lei efetivamente promulgada. É cabível a alegação de inconstitucionalidade por omissão.
3. Os Preceitos Fundamentais - na ADPF, o parâmetro não inclui normas tão só formalmente constitucionais. Destaca-se ementa de cautelar na ADPF33: “Preceito Fundamental: parâmetro de controle a indicar os preceitos fundamentais passíveis de lesão que justifiquem o processo e o julgamento da argüição de descumprimento [, o que abrange] Direitos e garantias individuais, cláusulas pétreas, princípios sensíveis: sua interpretação, vinculação com outros princípios e garantia de eternidade.” Doutrina costuma elencar também os arts. 1º a 4º (princípios fundamentais), CF37, caput (princípios da administração pública) e cláusulas pétreas implícitas (1. titularidade do poder, que é do povo; 2. a vedação de dupla reforma; 3. os limites explícitos às cláusulas pétreas).
EFEITOS DA DECISÃO NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
(A) Efeitos no controle difuso
A coisa julgada produz efeitos ex tunc e inter partes. A inconstitucionalidade declarada como questão prejudicial não transita em julgado (limite objetivo da coisa julgado) nem afeta terceiros estranhos ao processo (limite subjetivo). A doutrina majoritária no Brasil situa a inconstitucionalidade no campo da nulidade, em razão da supremacia da constituição. Decisão que a reconhece tem natureza declaratória, e retroage até o nascimento do ato viciado. STF já admitiu, excepcionalmente, mitigação da retroação de efeitos, mediante ponderação de princípios e aplicação analógica do art. 27 da Lei 9868/99 (ex.: RE 197917). Questão é controversa. Argumento contrário à aplicação analógica: se art. 27 exige do STF quórum qualificado de 2/3 para modulação, seria inviável que o juiz de 1º grau modulasse os efeitos com menos restrições.
Papel do Senado no Controle Difuso. Segundo o art. 52, X, CR/88, cabe ao Senado suspender a lei declarada inconstitucional pelo STF em controle difuso, no todo ou em parte, conferindo eficácia erga omnes à decisão. Pela doutrina majoritária, o Senado não está vinculado à decisão do STF, existindo um campo de discricionariedade para decidir pela suspensão ou não da norma e pela sua extensão. O Senado tem competência para suspender norma federal, estadual e municipal. Como se disse antes, eficácia da decisão em controle difuso é entre as partes. Os terceiros serão vinculados pela Resolução do Senado apenas a partir da publicação na Imprensa Oficial (ex nunc), mas a Resolução opera efeitos retroativos com relação à Administração Pública Federaldireta e indireta (art. 1º, § 2º, do Decreto nº 2.346/97).
Abstrativização do controle difuso: O entendimento tradicional é o de que apenas o dispositivo da decisão transita em julgado. Todavia, no julgamento da repercussão geral no recurso extraordinário (art. 543-A, CPC) o legislador tendeu à abstrativização do controle difuso, permitindo, inclusive, o julgamento por amostragem (art. 543-B). Procedimento similar está previsto no art. 543-C para o REsp. Nas duas hipóteses há previsão legal para a participação do Amici Curiae. O controle difuso perderia, assim, o caráter subjetivo e passa a ter, de forma decisiva, a função de defesa da ordem constitucional objetiva. Nesse sentido, o STF (ADI 4071) decidiu que deve ser rejeitada a inicial de ADI que impugna norma cuja constitucionalidade tenha sido reconhecida pelo plenário do STF, ainda que no âmbito de recurso extraordinário. 
A Ordem Constitucional Global. Gilmar Mendes (Recl. 4335) propôs releitura do dispositivo, entendendo que, em mutação constitucional, a reclamação serviria para tutela de toda interpretação dada pelo STF à Constituição, em sede de controle difuso ou abstrato. Sepúlveda Pertence criticou. Art. 52, X seria da tradição constitucional e existem outros mecanismos para vincular a Administração, como a Súmula Vinculante. Tese de Gilmar Mendes não foi fundamental para decidir aquela reclamação e foi rechaçada pela Corte na Recl. 10793. Tese é controversa.
Ação Civil Pública. A ACP pode versar sobre questão incidental relativa a inconstitucionalidade. A ACP não pode ser manejada para subtrair a competência do TJ ou STF para o controle abstrato.
Mandado de Injunção. Efeitos da decisão final são ex nunc e inter partes. Âmbito da decisão é...
a) tese não concretista: apenas decreta a mora do Poder omisso.
b) concretista individual intermediária: fixa um prazo para o Legislativo suprir a omissão, findo este prazo sem o saneamento passa o autor a ter assegurado o seu direito.
c) concretista individual direta: implementa o direito apenas para o autor da ação.
d) concretista geral: decisão com efeitos erga omnes até que sobrevenha a norma. O STF adotou nos primeiros julgamentos a posição não concretista, atualmente tem adotado a posição concretista geral (MI 670, 708 e 712). A colmatação será limitada temporalmente até a atuação do legislador.
(B) Efeitos no controle abstrato
No controle abstrato, a decisão sobre inconstitucionalidade ocorre em processo objetivo, em que não há partes materiais, com causa de pedir aberta, sem lide e sem possibilidade de ajuizamento de ação rescisória. Efeito vinculante se destina aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública Direta e Indireta. Inobservância dá ensejo a reclamação. Não ficam vinculados à decisão o STF, em julgamentos futuros, ou o Poder Legislativo, no exercício de sua função típica.
FOSSILIZAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO. Se STF e Legislativo ficassem vinculados às decisões pretéritas em sede de controle abstrato, haveria petrificação da evolução social e perda do equilíbrio entre os Poderes.
Institutos do Direito Norte-Americano. Stare decisis é instituto que obriga as Cortes a não reconsiderarem, em regra, os precedentes com idêntica questão jurídica decidida. O stare decisis, no plano horizontal, cria vinculação dentro do próprio tribunal de que emanou o precedente. Quando vincula tribunais inferiores, fala-se em efeito vertical, denominado de "binding effect".	 
A súmula vinculante se assemelha ao bindding effect, mas estabelece um enunciado de caráter geral e abstrato, diferindo do efeito vinculante adstrito a um caso concreto (como ocorre no binding effect). Nesta diferença reside crítica de parte da doutrina em relação à súmula vinculante, entendendo que tal instituto revela caso de usurpação de competência legislativa, pois apenas o legislativo, com sua legitimação democrática, poderia ser apto a constituir regras de caráter geral e abstrato.
Decisão Cautelar. Sobre a natureza jurídica do instituto previsto no art. 10 da Lei 9868, parte da doutrina entende que se cuida de tutela antecipada. Outra parte pondera que se cuida de cautelar, pois se cuida de decisão de suspensão de eficácia que salvaguarda eventual decisão final sobre a validade da norma. Apenas se concedida a cautelar, os efeitos da decisão serão erga omnes, ex nunc e, segundo o STF, vinculante (apesar de não haver previsão expressa na CF). Se STF indefere cautelar (por falta de pressupostos da cautelar), juízes de 1ª instância podem considerar a lei inconstitucional. O indeferimento da cautelar, portanto, não dá ensejo ao ajuizamento de reclamação (STF. Rcl 3267, 2010).
A concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente. É o EFEITO REPRISTINATORIO TÁCITO NA CAUTELAR salvo expressa manifestação em sentido contrário (art. 11, §§ 1º e 2º, da Lei nº 9.868/99).
A decisão cautelar na ADC também tem efeitos vinculantes e erga omnes.
Decisão final. Ela é vinculante, quer pronuncie a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade. Tem caráter dúplice ou bivalente (art. 24 da lei 9868), pois a procedência de ADI equivale a improcedência de ADC e vice-versa. Qualquer decisão de 1º grau que seja divergente do decidido pelo STF dará ensejo a reclamação. Na ADI, ADC, ADO e ADPF, a declaração de inconstitucionalidade produz efeitos ex tunc, erga omnes e vinculante.
Transcendência dos Motivos Determinantes. A teoria extensiva lê o art. 102, § 2º da CF como indicativo de que não apenas o dispositivo, mas também a fundamentação vincularia o Judiciário e a Administração Pública. Portanto, decisão sobre a lei do Município X seria vinculante com relação a lei idêntica do Município Y, não submetida a julgamento. Tese não é pacífica na Corte. Há precedente de 2012 da 1ª Turma (Rcl 11477) e de 2011 do Pleno (Rcl3294), rejeitando a Tese da Transcendência. STF, nesses casos, adotou tese restritiva, que limita o efeito vinculante ao dispositivo.
(C) Início dos efeitos das decisões do STF
Em regra, a decisão tem eficácia já a partir da publicação da ata de julgamento no DJU.
OBS.: a ADI 4357 deve ser acompanhada. Talvez nela se externe novo entendimento. Nela, o STF declarou inconstitucionais diversos artigos da Emenda 62 e o art. 1º-F da Lei 9494 (por arrastamento vertical). O STF concedeu cautelar determinando aos tribunais o pagamento de precatórios pela sistemática anterior e cassou algumas decisões do STJ que davam aplicabilidade imediata ao decidido na referida ADI.
TÉCNICAS DECISÓRIAS EM CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE
Situação Perfeita da Norma → ocorre quando caracterizada a plena adequação da norma à CF ou a plena inadequação. Técnicas utilizáveis podem ser as de:
(i) Decisão Estimatória Total ou Declaração de Inconstitucionalidade com pronúncia Total de Nulidade com Redução de Texto – expurga de um ordenamento um texto e sua norma.
(ii) Decisão Estimatória Parcial a respeito do texto ou Declaração de Inconstitucionalidade com pronúncia parcial de nulidade com redução de texto (aplica o princípio da parcelaridade para eliminação seletiva de palavra ou expressão dentro do texto legal)
(iii) Decisão Desestimatória Pura e Simples – atesta a constitucionalidade da norma.
Para situações imperfeitas, aplicam-se as técnicas abaixo de decisões intermediárias:
(iv) Declaração Desestimatória Interpretativa (ou declaratória de constitucionalidade condicionada): reconhece a constitucionalidade de norma plurívoca com reservas, condicionando-a à interpretação fixada. Ex.: a norma diz que a Administração pode revogar os seus atos. A interpretação conforme pode aditar um sentido: desde que observado o contraditório e a ampla defesa.
(v) Declaração Desestimatória com Apelo ao Legislador - Reconhece a inconstitucionalidade, mas sem pronunciar a nulidade, em nome da segurança jurídica, apelando-se ao Legislador, para que este legisle modificando o quadro normativo, fazendo cessar a situação de inconstitucionalidade.
(vi) Declaração de Estimação Futura ou ou Declaração de constitucionalidade restrita(Lei Ainda Constitucional) – Reconhece que norma hoje é constitucional, ante o quadro fático existente, mas que a tendência é que esse quadro se modifique, acarretando futuro reconhecimento de inconstitucionalidade, que fica desde já sinalizado, embora não realizado.
(vii) Decisão Estimatória Parcial a respeito da norma em sentido estrito – técnica usada na ADIn 1.377, que versou sobre norma que permitia a filiação do membro do MP a partidos políticos, apesar de a CF proibir os integrantes do MP de exercer atividade político-partidária. STF preservou a aplicação da norma nas hipóteses de afastamento do MP de suas funções institucionais. É uma declaração de inconstitucionalidade com pronúncia parcial de nulidade sem redução de texto.
Lacunas jurídicas ameaçadoras. Conceito desenvolvido no direito alemão. A busca pela “exclusão do benefício incompatível com o princípio da igualdade” pode ser mais prejudicial do que a sua manutenção, não podendo, por outro lado, haver a extensão pelo Poder Judiciário, eis que não pode atuar como legislador positivo. Nesses casos, declara-se a invalidade e preserva-se a norma.
A Interpretação Conforme a Constituição:
	Visão do STF
Se a norma for plurívoca, cabe
(i) a Decisão Desestimatória ou
(ii) a Interpretação Conforme a Constituição.
A polissemia dessa norma é pressuposto dessa última técnica decisória, que fixará o sentido compatível com a Constituição.
O STF julga ADIs parcialmente procedentes para pronunciar a inconstitucionalidade parcial sem redução de texto (DIPSRT), dando interpretação conforme a constituição à norma (ICC). A ICC seria um subtipo de DIPSRT utilizado no reconhecimento da inconstitucionalidade.
Há a declaração da inconstitucionalidade das demais interpretações. Ambas devem caminhar juntas. Por isso, o STF fala em julgamento de parcial procedência.
	Visão de Francisco J.D. Revorio
- Correta delimitação da interpretação conforme a Constituição: realiza declaração de CONStitucionalidade condicionada à observância de uma única interpretação compatível com o texto constitucional. A ICC é técnica decisória que pode salvar a constitucionalidade da norma. É aplicada para o reconhecimento da CONStitucionalidade do único sentido possível da norma.
- Correta delimitação da inconstitucionalidade parcial sem redução de texto: realiza declaração de INconstitucionalidade restrita a um dos significados possíveis do enunciado.
STF adota doutrina alemã, que, ao contrário da italiana, não distingue a sentença interpretativa de constitucionalidade de seu oposto, a sentença interpretativa de inconstitucionalidade.
DISTINGUISHING E OVERRULING. Institutos peculiares a Common Law. Distinguishing é o diferenciamento (demonstrar que sua causa não é igual àquela que gerou o precedente e portanto a mesma solução não pode ser aplicada). Overruling é a superação do precedente através de um argumento novo (nova orientação jurisprudencial), permitindo uma oxigenação no sistema jurídico.
SENTENÇAS MANIPULATIVAS – essa categoria foi desenvolvida pela doutrina italiana e abrange 3 espécies: as decisões aditivas, as substitutivas e as redutoras. Elas reconhecem, em parte, a inconstitucionalidade de uma norma, preservando-a sob a adição de uma condição, registrando uma condição que deveria ter constado da lei ao invés da efetivamente incluída pelo Legislador, ou reduzindo uma das interpretações possíveis da norma. Os portugueses Canotilho e Jorge Miranda não reputam manipulativas as decisões redutoras.
ATALHAMENTO CONSTITUCIONAL = Desvio do Poder Constituinte. O Princípio da Vedação ao Atalhamento Constitucional tem por finalidade vedar qualquer mecanismo ou artifício que busque abrandar, suavizar, abreviar, dificultar ou impedir a ampla produção de efeitos das normas constitucionais. O exemplo mais debatido foi o da EC 52/06 que tentou acabar com a obrigatoriedade da verticalização das coligações partidárias em razão do caráter nacional dos partidos, trazendo dispositivo que violava o princípio da anualidade aplicável à vigência de leis que alterem o processo eleitoral. O STF reconheceu a tentativa de atalhamento constitucional pela medida e declarou a inconstitucionalidade da EC para a aplicação nas eleições no prazo de até 1 ano de sua promulgação.
CASO DOS MUNICÍPIOS PUTATIVOS. ADI 2240/BA. Discutiu-se a violação da CF pela criação do Município Luís Eduardo Magalhães (BA) em ano de eleições municipais, sem LC federal fixando período de criação de Municípios, sem prévia consulta a toda população do Município original que sofreu o desmembramento, entre outras coisas. Decisão do STF foi de declarar a inconstitucionalidade sem pronúncia de nulidade com Apelo ao Legislador. Foi fixado prazo de 18 meses para o Congresso Nacional elaborar a LC federal, a partir do qual seriam contados 6 meses para Municípios corrigirem vícios. Viria a se configurar hipótese de atalhamento constitucional, pois Congresso viria a editar a EC 57/2008, que buscou convalidar os vícios de constitucionalidade na criação de Municípios como o supra mencionado por meio da inclusão do dispositivo abaixo reproduzido no ADCT: "Art. 96. Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação". O STF viria a julgar que a ADI2381, sobre o mesmo tema, perdeu seu objeto com a superveniência da emenda, chancelando essa excepcional convalidação de inconstitucionalidade, a despeito de a doutrina afirmar que, em regra, o vício de inconstitucionalidade é insanável.
Fundamentos declinados por Eros Grau para preservação ao menos temporária dos Municípios irregulares: (i) segurança jurídica; (ii) princípio federativo; (iii) princípio da continuidade do Estado – art. 1º da CF vedaria a descontinuidade de ente federativo; e, ainda:
(iv) princípio da força normativa dos fatos – decisão política deu ensejo a autonomia municipal, criando efetivamente um Município, o que não poderia deixar de ser observado;
(v) Princípio da Reserva do Impossível – distingue o reconhecimento da nulidade de um casamento putativo e o reconhecimento da nulidade de um Município putativo, pois, no segundo caso, seria impossível a anulação da decisão política que criou ente federativo sem agressão ao princípio federativo.
	Judicialização da Política
	Ativismo Judicial
	É o fenômeno da colocação de várias questões de repercussão política ou social para serem decididas pelo Poder Judiciário, em contraposição às vias políticas tradicionais do Executivo e Legislativo. Transfere poder às Cortes. É fruto do acesso à Justiça e serve à concretização de direitos fundamentais, possuindo a Reserva do Possível como contrapeso.
Segundo Barroso, é decorrência
(i) da redemocratização (maiores prerrogativas para MP e juízes enfrentarem mais equitativamente tais questões políticas).
(ii) da constitucionalização abrangente,
(iii) do modelo jurídico misto de controle de constitucionalidade.
	Fenômeno de proeminência do Poder Judiciário na solução de demandas sociais através da interpretação principiológica. É uma escolha, uma atitude proativa do STF em interpretar a Constituição de forma a expandir o seu sentido e alcance, possibilitada, principalmente, pela omissão dos demais poderes, que também têm legitimidade constitucional para definir a solução dada.
Exemplos de Barroso:
(i) aplicação direta da CF a situações não previstas expressamente, desconsiderando-se, prévia manifestação do legislador ordinário;
(ii) declaração de inconstitucionalidade de atos normativos emanados do legislador, com base em critérios menos rígidos que os de patente e ostensiva violação da Constituição;
(iii) imposição de condutas ao Poder Público, notadamente em matéria de políticas públicas.
JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL. ESPÉCIES E PROCEDIMENTOS.
1. ADI (Ação Direta de Inconstitucionalidade) genérica
1.1 PREVISÃO CONSTITUCIONAL: “Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente,a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente: 
a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;”
1.2 OBJETO: lei federal ou estadual e ato normativo federal ou estadual.
O que é lei? → Art. 59 da CF: emendas constitucionais (por emanarem do poder constituinte derivado reformador), leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias (por terem força de lei, mas desde que em plena vigência, ou seja, não convertidas ainda em lei ou não tendo perdido a sua eficácia por decurso de prazo), decretos legislativos e resoluções (esses dois últimos somente se estiverem revestidos de generalidade e abstração), Leis orçamentárias.
O que são atos normativos? → qualquer ato revestido de indiscutível caráter normativo, tais como (i) resoluções administrativas dos Tribunais e (ii) o regimentos internos dos Tribunais.
Ayres Britto destacou uma peculiaridade: estes regimentos internos possuem natureza dúbia, porquanto podem ter natureza de atos primários, quando dispõem sobre competência e funcionamento dos órgãos jurisdicionais e administrativos de cada qual deles (tribunais); e de atos secundários, quando dispuserem sobre o dever de observância das normas de processo e das garantias processuais das partes.
Atos normativos também abrangem (iii) deliberações administrativas dos órgãos judiciários; (iv) as deliberações dos TRTs, salvo convenções coletivas de trabalho; (v) medidas provisórias (cujos requisitos da relevância e urgência somente podem ser apreciados em casos excepcionais - ADI 2.213; (vi) resoluções do Conselho Interministerial de Preços - ADIn 8-0/DF; (vii) resoluções do Senado Federal - art. 52, VII, VIII e IX e art. 155, § 2º, V, alíneas a e b, todos da Constituição Federal; (viii) decreto autônomo — art. 84, VI, CF; (ix) resolução do Conselho Nacional de Justiça; (x) resolução do TSE.
Decisão Administrativa em PAD. STF (ADI3202) entendeu que decisão de TJ em processo administrativo que amplia desmedidamente o conjunto de beneficiários de gratificação prevista em lei produz efeitos com generalidade e abstratividade. Assim, embora decisão tenha cunho administrativo, se equipara a ato normativo primário material e, portanto, passível de controle na via concentrada.
Medidas Provisórias. Controle dos requisitos de relevância e urgência pode ser feito excepcionalmente, quando um deles se apresente objetivamente ausente (ADI-MC 2527). A lei de conversão da MP não convalida os vícios formais porventura existentes na MP (ADI-MC 3090).
Controle de créditos orçamentários. STF (ADI 4048-MC) decidiu que pode haver controle concentrado excepcional quanto aos requisitos da imprevisibilidade e urgência de Medidas Provisórias para abertura de créditos orçamentários extraordinários. Razões: a) CF não restringe o objeto da ADIn consoante o tipo de leis, e, em verdade, amplia-o para abranger atos (só cabem atos normativos); b) estudos da teoria do direito apontam a possibilidade tanto de se formular uma lei formal de efeitos concretos quanto atos administrativos regulando complexo amplo de situações. “[A] lei não precisa de densidade normativa para se expor ao controle abstrato de constitucionalidade, devido a que se trata de ato de aplicação primária da Constituição. Para esse tipo de controle, exige-se densidade normativa apenas para o ato de natureza infralegal”
Leis orçamentárias. Excepcionalmente, se se demonstrar que referida lei tem certo grau de abstração e generalidade, o STF tem admitido seja ela objeto de controle abstrato de constitucionalidade (ADI 2.925/DF, em 2003).
TRATADOS INTERNACIONAIS. Podem ser objeto de controle em ADIn.
	Sobre direitos humanos
Aprovados conforme art. 5º, § 3º,da CF
(aprovados em cada Casa do Congresso Nacional, em 2 turnos, por 3/5 dos votos de seus respectivos membros) → Equivalem a emendas constitucionais e, portanto, podem ser objeto de controle de constitucionalidade.
	Sobre direitos humanos
Aprovados pela regra anterior à EC 45/2004
Têm natureza supralegal (porém infraconstitucional) e, portanto, podem ser objeto de controle de constitucionalidade (RE 466.343, 03 de dezembro de 2008).
	Tratados de natureza diversa
Equivalem a meras leis ordinárias e podem, portanto, ser objeto de controle de constitucionalidade.
NÃO PODEM SER OBJETO DE CONTROLE CONCENTRADO
(a) Súmulas: por não possuírem grau de normatividade qualificada pela generalidade e abstração, mesmo no caso de súmula vinculante. No caso de SV, há procedimento de revisão, na forma da Lei nº 11.417/2006.
TAMPOUCO CABE ADPF - "A arguição de descumprimento de preceito fundamental não é a via adequada para se obter a interpretação, a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante." - ADPF 147-AgR, julgamento em 24-3-2011, Plenário, e ADPF 80-AgR, 2006.
(b) Regulamentos ou decretos regulamentares expedidos pelo Executivo e demais atos normativos secundários: por não estarem revestidos de autonomia jurídica. Trata-se, no caso, de questão de legalidade, por inobservância do dever jurídico de subordinação normativa à lei.
→ O decreto autônomo pode ser objeto de ADI, ante a violação da reserva legal. (ADI 3.731-MC)
(c) Normas constitucionais originárias: pois são sempre constitucionais, devendo os aparentes conflitos entre as suas normas ser harmonizados através de uma interpretação sistemática do caso concreto. (princípio da unidade, concordância prática)
(d) Normas anteriores à Constituição: são recepcionadas, ou não, e, nesse caso, são revogadas, pelo novo ordenamento jurídico, não se podendo falar em inconstitucionalidade superveniente. (Conflito de leis no tempo, e não hierárquico). A ADPF pode ser utilizada para, de forma definitiva e com eficácia geral, solver controvérsia relevante sobre a legitimidade do direito ordinário pré-constitucional em face da nova Constituição. Há discussão sobre a possibilidade de modulação da decisão de declaração de não recepção de norma perante à CF, tendo por base o previsto no art. 27 da lei nº 9.868/99. Celso de Mello entende que não (RE-AGr 353.508 2007), Gilmar Mendes, em seu voto, defendeu que sim. Pedro Lenza entende ser cabível, pois o próprio STF aceita a tese da norma ainda constitucional (ação civil ex delicto).
(e) Atos estatais de efeitos concretos (aceita, todavia, o controle sobre atos de efeitos concretos editados sob a forma de lei): por não possuírem densidade jurídico-material (densidade normativa). Obs: Salvo no que tange à Lei orçamentária que o STF aceita o controle concentrado. O STF distinguiu ato de efeitos concretos de atos de efeitos concretos editados sob forma de lei. A matéria, por ter sido delineada no bojo de medida cautelar, ainda não está consolidada. INFO 527 de 07 de outubro de 2008.
(f) Respostas do TSE a consultas que lhe forem endereçadas: ao contrário do que se dá com as resoluções do TSE, aqui se tem ato de caráter meramente administrativo, que não vincula os demais órgãos do Poder Judiciário.
(g) Atos normativos já revogados ou de eficácia exaurida: porque a sua eventual declaração teria valor meramente histórico. Se a revogação se dá durante curso da ADIn, há a perda do objeto, com a prejudicialidade da ação. Efeitos residuais concretos que possam ter sido gerados pela aplicação da lei ou ato normativo não mais existente poderão ser questionados na via ordinária, por intermédio do controle difuso de constitucionalidade.
Exceção: se revogação se dá em fraude processual, para impedir o julgamento da ADIn. Foi o que o STF entendeu nos casos das ADIns 3232 e 3306.
E se for revogada a norma que serve como parâmetro de controle da constitucionalidade?
Posição tradicional do STF: A superveniente ab-rogação ou derrogação da Constituição, por afetar o próprio paradigma (parâmetro) de confronto invocado no processo de controle concentrado de constitucionalidade, configura a prejudicialidade da ação pela perda de seu objeto.
ADI 2158 – Mudança de Posicionamento - STF rejeitoua preliminar de prejudicialidade, mesmo tendo havido a modificação no parâmetro de confronto. ADIn deve ser julgada, pois não se pode deixar às vias ordinárias à solução de problemas que podem ser resolvidos de forma mais eficiente, eficaz e segura, no âmbito do controle concentrado de constitucionalidade.
1.3 COMPETÊNCIA: É do STF, em caso de controle de lei ou ato normativo federal ou estadual.
Observe-se que o controle de ato normativo estadual ou municipal em face da Constituição Estadual é da competência do TJ local.
Havendo tramitação simultânea de ações, uma buscando declarar a inconstitucionalidade de lei estadual perante o STF (confronto em face da CF) e outra perante o TJ local, cuidando do controle da mesma norma em face de norma de reprodução obrigatória explicitada na CE, deverá haver suspensão da Representação Estadual por Inconstitucionalidade até o julgamento final da ação intentada perante o STF. Se STF declarar inconstitucionalidade da lei estadual, Representação Estadual perde seu objeto. Do contrário, esta volta a ser processada, para aferição da compatibilidade da lei estadual em face da CE.
Lei do Distrito Federal. DF acumula competências dos Estados e Municípios. “Não cabe ADIn de lei do DF derivada da sua competência legislativa municipal” (Súmula 642 do STF). É possível controle em face da Lei Orgânica perante o TJDFT (Art. 8º, I, “o”, da Lei nº 11.697/2011).
Lei Orgânica do Município. Não é considerada parâmetro para controle de constitucionalidade. Trata-se, pois, de simples caso de legalidade.
1.4 LEGITIMIDADE - rol de legitimados para ajuizar ADI e ADC consta do art. 103 da CF:
	
	Legitimados Universais ou Neutros
	Legitimados Especiais
	
Legitimados que já têm capacidade postulatória
	Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
	 [Os legitimados especiais devem demonstrar a pertinência temática]
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
	Legitimados que precisam constituir advogado
	
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
	
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
Obs.1: Mesa do Congresso Nacional não tem legitimidade para propositura de ADI.
Obs.2: Apenas os legitimados acima podem recorrer em sede de controle abstrato. Na ADI 1663, STF registrou que Estado-Membro não tem legitimidade para interpor recurso, ainda que ADI tenha sido ajuizada pelo Governador.
Obs.3: Dica CEP (CONFEDERAÇÃO, ENTIDADE DE CLASSE E PARTIDOS – necessitam de advogado)
Representação de Partido Político. Basta que partido tenha ao menos 1 parlamentar em qualquer das Casas Legislativas no momento do ajuizamento da ação. Entendimento atual do STF é o de que perda superveniente de representação política não dá ensejo à extinção da ADIn.
Entidades de Classe. Representam categoria profissional, organizadas em 09 ou mais Estados da Federação (aqui se utiliza analogicamente a lei dos partidos políticos 9096/95, exigindo 1/3 dos estados da federação). Exceção: se a atividade econômica atingir menos Estados.
Não se considera entidade de classe a reunião de categorias diversas ou permeada por membros vinculados a extratos sociais, profissionais ou econômicos diversificados, cujos objetivos individuais são contrastantes. EX: UNE (ADI 894-DF).
CLT art. 534 e 535 = as confederações sindicais devem ser constituídas por, no mínimo, 03 Federações Sindicais (federação = 5 sindicatos). Obs: Central Única dos Trabalhadores - CUT não possui legitimidade ativa para ADI (STF ADI 271) 
STF, alterando entendimento anterior, passou a admitir o ajuizamento de ADI por Associação de Associação (Ex.: ADEPOL). (ADI 3153)
1.5 PROCEDIMENTO
Previsão: Art. 103,§§1°e3°, da CF. Art. 169 a 178 do RISTF. Lei n° 9.868/99.
- Quando imprescindível a presença de advogado, a procuração deverá ser outorgada com poderes especiais, indicando, ainda, objetivamente, a lei ou ato normativo que estejam sendo levados à apreciação do Judiciário e respectivos preceitos caso não se trate de impugnação de toda a lei.
- Se a petição inicial for inepta, por não indicar o dispositivo da lei ou do ato normativo impugnado, ou não for fundamentada ou for manifestamente improcedente, poderá o relator indeferi-la liminarmente, cabendo, no entanto, contra tal decisão recurso de agravo.
- Não sendo o caso de indeferimento liminar, regra geral, o relator pede informações aos órgãos ou às entidades das quais se emanou a lei ou o ato normativo impugnado, as quais deverão prestá-las no prazo de 30 dias, a contar do recebimento do pedido. Pode o relator, ainda, sendo relevante, solicitar a manifestação de outros órgãos ou entidades.
- Após as informações, são ouvidos, sucessivamente, o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, que devem se manifestar, cada qual, no prazo de 15 dias.
Papel do Advogado Geral da União. Posição Tradicional: o AGU deveria defender o ato impugnado. Modernamente, STF passou a entender que AGU não está obrigado a defender a constitucionalidade de ato normativo quando (i) STF já se pronunciou pela sua inconstitucionalidade; (ii) quando a União tiver interesse na declaração da inconstitucionalidade – Na ADI 3916, Gilmar Mendes defendeu que entender o oposto implicaria retirar a função primordial da AGU plasmada no art. 131 da CF, bem como que não há sanção a impôr ao AGU pela falta de defesa da constitucionalidade
Papel do Procurador-Geral da República. PGR dá parecer tanto favorável quanto desfavorável. Pode opinar pela improcedência em ações ajuizadas por ele, o que não implica desistência.
Amicus Curiae. A admissão de outros órgãos ou entidades é permitida em caráter excepcional, desde que o relator considere a relevância da matéria e a representatividade dos amici curiae. Admissão pode se dar até entrada do processo na pauta (no caso de ADIns no STF) ou até o início do julgamento (no caso de recursos repetitivos no STJ, conforme decidido no QO no REsp 1.152.218-RS em 2014).
Tem natureza jurídica de modalidade sui generis de intervenção de terceiros, apesar de já haver posicionamento anterior identificando-o como mero colaborador informal (Mauricio Correia). Consiste em verdadeiro fator de legitimação social das decisões da Suprema Corte, na medida em que democratiza o debate constitucional (Celso de Mello). Cabe ao relator a análise dos requisitos de admissibilidade (relevância da matéria e representatividade do postulante), mas o Tribunal pode deixar de referendar a decisão monocrática, afastando a intervenção. Decisão pela admissão de amicus curiae é irrecorrível, a fim de se evitar tumulto processual. O amicus curiae só tem legitimidade recursal para agravar da decisão que indeferiu sua admissão. Desde a ADI2777 (2003), admite-se a sustentação oral pelo amicus curiae.
O amicus curiae é admitido em todas as ações de controle concentrado (ADI, ADC, ADO, ADPF, Representação Interventiva). Não obstante o § 2º do artigo 18 da Lei nº 9.868/99 ter sido vetado, admite-se ainda a figura do amicus curiae na ação declaratória de constitucionalidade (ADC), com as ressalvas já apresentadas, em aplicação analógica do artigo 7º, § 2º, da Lei nº 9.868/99, considerando se tratar a ADI e ADC de ações dúplices ou ambivalentes.
Outras hipóteses de cabimento do amicus curiae:
(a) processos de interesse da CVM (artigo 31 da Lei nº 6.385/76),
(b) processos de interesse do CADE (artigo 89 da Lei nº 8.884/94),
(c) processos de controle difuso de constitucionalidade (art. 482, § 3º, CPC),
(d) processos no âmbito dos Juizados Especiais Federais (artigo 14, § 7º, da Lei nº 10.259/01),
(e) no procedimento de edição, revisão e cancelamento de enunciado de súmula vinculante pelo STF (artigo 3º, § 2º, da Lei nº 11.417/06),(f) na análise da repercussão geral no julgamento de recurso extraordinário (artigo 543-A, § 6º, do CPC, introduzido pela Lei nº 11.418/06).
* Pedro Lenza ainda entende ser possível a admissão de parlamentar na condição de amicus curiae, desde que, presente a situação de relevância da matéria, demonstre ele, designado por via eleitoral para desempenhar função política na democracia representativa sobre o qual se funda o regime democrático instituído no país, atuar como verdadeiro representante ideológico de uma coletividade. Lembre-se, porém, de que inexiste, por ora, um posicionamento do STF a esse respeito. Alerte-se que o STF não vem aceitando a atuação de pessoa natural na condição de amicus curiae ADI 4.178/GO.
Leading case (MS 32033) = no qual o Senador da República Pedro Taques, por meio da Petição conseguiu ingresso no feito na qualidade de amicus curiae, ressaltando ser membro da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), que seu pedido não se amparava em sua condição de pessoa física, mas no caráter coletivo e institucional do mandato de Senador da República e em sua atribuição de exercer o mandato em defesa da Constituição e do Estado de Direito, bem como afirma pretender colaborar com a solução do feito por meio de argumentos qualificados e originais. OBSERVEM QUE NESSE CASO FOI ADMITIDO AMICUS CURIAE EM MS.
Especialistas. Se houver necessidade de esclarecimentos de matéria ou de circunstância de fato ou houver notória insuficiência de informações existentes nos autos, pode o relator requisitar outras, designar perito para emitir parecer sobre a questão, ou designar audiência pública para ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria. Artigo 9º, § 1º, da Lei nº 9.868/99
Informações sobre aplicação da norma impugnada. O relator pode solicitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais Federais e aos Tribunais Estaduais acerca da aplicação da norma impugnada no âmbito de sua jurisdição.
Não se admite assistência jurídica a qualquer das partes, nem intervenção de terceiros, ressalvados os caso acima citados.
Quórum. A declaração de inconstitucionalidade será proferida pelo voto da maioria absoluta dos membros do STF (mínimo de 6), observado ainda o quorum necessário para a instalação da sessão de julgamento (mínimo de 8). Artigos 22 e 23 da Lei n° 9.868/99.
QUORUM INSTALAÇÃO = 8 MINISTROS
QUORUM DELIBERAÇÃO = 6 MINISTROS
- É vedada a desistência da ação já proposta (Artigo 5° caput da Lei n° 9.868/99).
- A decisão proferida é irrecorrível (salvo a interposição de embargos declaratórios) e irrescindível (Artigo 26 da Lei n° 9.868/99).
- Não se aplicam prazos diferenciados para fazenda pública
- Causa de pedir aberta: em vista da natureza objetiva da ação de controle concentrado de constitucionalidade, não fica o STF condicionado à causa petendi apresentada pelo postulante, mas apenas ao seu pedido, motivo pelo qual ele poderá declarar a inconstitucionalidade da norma impugnada por teses jurídicas diversas.
- Medida cautelar na ADI: será concedida, salvo no período de recesso, por decisão da maioria absoluta dos membros do STF, observado o quorum mínimo para a sua instalação, após a audiência, exceto nos casos de excepcional urgência, dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que se pronunciarão no prazo de 5 dias. Se o relator ainda julgar indispensável, serão ouvidos o AGU e o PGR, no prazo de 3 dias cada. Artigo 10, caput e §§, da Lei nº 9.868/99. E ainda é facultada a sustentação oral aos representantes judiciais da parte requerente e dos órgãos ou autoridades responsáveis pela expedição do ato, na forma estabelecida pelo Regimento Interno do STF.
- Procedimento “sumário” (art. 12) em face da relevância da matéria e de seu especial significado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá o relator, após a prestação das informações, no prazo de 10 dias, e a manifestação do AGU e do PGR, sucessivamente, no prazo de 5 dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar definitivamente a ação. Artigo 12 da Lei nº 9.868/99
1.6 – EFEITOS: já foram estudados acima. Em regra, são ex tunc, erga omnes e vinculantes.
Modulação dos efeitos. Por motivos de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, o STF, por manifestação qualificada de 2/3 de seus membros (8 Ministros), poderá:
(i) declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo sem a pronúncia de sua nulidade, restringindo os efeitos da referida declaração
(ii) ou [EFEITO ABLATIVO] decidindo que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado, ou seja, atribuindo-lhe efeito ex nunc, nos termos do artigo 27 da Lei nº 9.868/99.
Nesse último caso, os referidos efeitos só se iniciarão a partir do trânsito em julgado da decisão (e não a partir da publicação da ata de julgamento no DJU).
	
QUORUM MODULAÇÃO DE EFEITOS = 2/3
EFEITOS DA DECISÃO = SÓ A PARTIR DO TRANSITO EM JULGADO
Coisa julgada inconstitucional. Colisão entre segurança jurídica e força normativa da CF.
	Caso 1: quando sentença foi proferida, contrariou entendimento do STF já existente com efeitos vinculantes.
	Caso 2: sentença foi proferida adotando entendimento contrário ao que viria a ser adotado depois pelo STF.
	Gilmar Mendes faz distinção entre efeito ex tunc da decisão em controle abstrato no plano normativo e os efeitos pro futuro no plano singular. Conclusão: será possível revisar a questão constitucional apenas no prazo da ação rescisória (2 anos).
	Súmula 343 do STF: “Não cabe ação rescisória por ofensa a literal dispositivo de lei, quando a decisão rescindenda se tiver baseado em texto legal de interpretação controvertida nos tribunais.”
No caso 2, somente a sentença poderá ser rescindida se for afastado o posicionamento da súmula 343/STF e se a matéria for de cunho constitucional, com base na foça normativa da constituição e na deferência ao STF como seu intérprete final.
Investigação de Paternidade. Aplicando a ponderação dos interesses, STF aceitou a relativização da coisa julgada depois do prazo da rescisória, nos casos de improcedência por falta de provas sem investigação de paternidade com teste de DNA. Fundamento é a busca da identidade genética como manifestação do direito da personalidade. Vide RE 363889.
Suspensão da Eficácia da Sentença. A Lei nº 11.232/2005 criou mecanismos para inviabilizar a execução de título judicial transitado em julgado que veio a se contrapor ao entendimento do TF. Nesse caso, a questão não se resolve no plano da validade da sentença, mas no da eficácia.
CPC, Art. 475-L. A impugnação somente poderá versar sobre:
II – inexigibilidade do título; (...)
§ 1o Para efeito do disposto no inciso II do caput deste artigo, considera-se também inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em aplicação ou interpretação da lei ou ato normativo tidas pelo Supremo Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 11.232, de 2005)
→ Redação do art. 741, sobre execução contra a Fazenda Pública, é praticamente idêntica.
2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)
2.1 Conceito: Introduzida pela EC 03/93 e regulada pela Lei nº 9.868/99, a ADC tem a finalidade de transformar uma presunção relativa de constitucionalidade (iuris tantum) em absoluta (iure et iure). Sua utilização pressupõe quadro de incerteza sobre a validade ou aplicação da aludida lei (controvérsia atual e relevante no seio do Judiciário ou entre Judiciário e Administração Pública).
2.2 Objeto: Lei ou ato normativo federal (não cabe face a norma estadual).
2.3. Competência: STF
2.4. Legitimidade Ativa. Rol é idêntico ao da ADIn
	
2.5. Procedimento	
É praticamente o mesmo seguido na ação direta de inconstitucionalidade, porém com algumas observações (peculiaridades):
- A petição inicial será liminarmente indeferida pelo relator, se for inepta, se não for fundamentada,ou ainda se for manifestamente improcedente, cabendo contra essa decisão agravo regimental.
 	
- O AGU não será citado, uma vez que não há ato ou texto impugnado a ser defendido. Pedro Lenza entende que o AGU deve ser citado, pois a ADC é uma ADI com sinal trocado, logo a improcedência acarreta no reconhecimento da inconstitucionalidade da lei.
- Vista dos autos ao PGR, por 15 dias (art. 19 da Lei nº 9.868/99), sendo que, havendo pedido cautelar, poderá haver decisão sobre a liminar antes da manifestação do PGR.
- Havendo necessidade de esclarecimento ou insuficiência das informações, o relator pode requisitar informações aos Tribunais Superiores, aos Tribunais federais e aos Tribunais estaduais acerca da aplicação da norma questionada no âmbito de sua jurisdição, designar perito ou comissão de peritos para que emita parecer sobre a questão ou fixar data para, em audiência pública, ouvir depoimentos de pessoas com experiência e autoridade na matéria, a serem realizadas no prazo de 30 dias a contar da solicitação do relator (§§ 1º a 3º do art. 20 da Lei nº 9.868/99).
Quórum. É idêntico ao da ADIn: 8 ministros para instalação e 6, para decisão.
Decisão de mérito é irrecorrível, salvo a interposição de embargos de declaração. Não cabe rescisória.
Medida Cautelar. Consiste na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até o seu julgamento definitivo (art. 21 da Lei nº 9.868/99). Lei prevê suspensão por até 180 dias. Para Gilmar Mendes, a despeito da falta de previsão, se a questão constitucional não tiver sido decidida nesse período, poderá o STF autorizar a prorrogação do prazo de suspensão. Deferimento depende do voto da maioria absoluta (6 ministros).
2.6. Efeitos da decisão. Já se estudou que os efeitos da decisão em ADC são erga omnes, ex tunc e vinculante.
Tendo o STF decidido pela constitucionalidade, a questão se torna preclusa e vincula todo o Judiciário?
(I) O próprio STF não fica vinculado, de modo que, em caso de decisão de procedência, poderá ser ajuizada ADI futuramente em decorrência das mudanças de fatos (ADC/1 min. Carlos Veloso). Lei pode ser constitucional no presente e se tornar inconstitucional no futuro.
Exemplo: Na ADI 1232/DF, STF reputou constitucional o critério de miserabilidade referido no § 3º do art. 20 da Lei 8.742/93. Todavia, anos depois, a mesma Corte, ao julgar a Recl. 4374, reputou que era possível a superação do precedente em sede de reclamação e consignou a inconstitucionalidade superveniente do critério de miserabilidade da LOAS em face de notórias mudanças fáticas (políticas, econômicas e sociais) e jurídicas (sucessivas modificações legislativas dos patamares econômicos utilizados como critérios de concessão de outros benefícios assistenciais por parte do Estado).
(II) Não há preclusão para análise da inconstitucionalidade circunstancial em sede de controle difuso. Lei pode ser abstratamente constitucional, mas pode ser, no caso concreto, tida como inconstitucional (ADI 223 - sobre plano Collor).
Tese alemã do duplo controle de constitucionalidade. Segundo Gilmar Mendes, essa tese define que é possível, mesmo após o Tribunal Constitucional pronunciar-se acerca da inconstitucionalidade de determinada norma, que as instâncias inferiores dela igualmente conheçam, tendo em vista o caso concreto e calcadas no princípio da proporcionalidade.
Exemplo: ADC/04 reconheceu a constitucionalidade da lei que proíbe a antecipação de tutela contra a Fazenda Pública, mas o STF garantiu uma margem para que os tribunais analisassem a inconstitucionalidade circunstancial por falta de razoabilidade.
Súmula 729 STF: “A decisão na Ação Direta de Constitucionalidade 4 não se aplica à antecipação de tutela em causa de natureza previdenciária”.
2.7. ADC no âmbito estadual - A doutrina entende possível a Constituição Estadual instituir ADC no tocante às leis estaduais em face da respectiva Constituição Estadual. Contudo, seria necessário observar o modelo da CF, isto é somente caberia em face de lei estadual, não de lei municipal (já que a ADC no âmbito federal só abrange lei federal, e não estadual). Tal entendimento se mostra coerente com a noção de que ADI e ADC são ações ambivalentes.
3. ADI por omissão
3.1. Conceito. A ADI por omissão tem por finalidade tornar efetiva norma constitucional de eficácia limitada, não regulamentada. Objeto é amplo e abrange omissão por qualquer dos Poderes, com relação mesmo a atos administrativos.
Diferenças. Mandado de Injunção. Este é forma de controle difuso de omissões inconstitucionais. O objeto do MI é mais restrito (falta de norma regulamentadora que torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania – art. 5º, LXXI, da CF). Legitimidade ativa para MI é ampla, atribuída a qualquer pessoa natural ou a pessoas jurídicas nas mesmas hipóteses de MS coletivo.
Fungibilidade. Para Gilmar Mendes (ADI 875), ADO por omissão parcial e ADI são fungíveis.
Todavia, não há fungibilidade entre Mandado de Injunção e ADO (MI 395 – QO), em razão de se tratarem de pedidos diversos.
3.2. Objeto da ADO: (i) a inércia do Legislativo em editar atos normativos primários, (ii) a inércia do Executivo em editar atos normativos secundários, como regulamentos e instruções, e (iii) a inércia do Judiciário em editar os seus próprios atos. O objeto da ADO é uma norma constitucional de eficácia limitada com relação a qual a Constituição determina a edição obrigatória de norma regulamentadora, sendo que, sem a norma infraconstitucional, torna-se inviável o exercício do direito. Na classificação das normas constitucionais, José Afonso da Silva ensina que elas podem ser de eficácia plena, contida ou limitada. As últimas se subdividem em princípios programáticos genéricos, específicos e em princípios institutivos (ou organizatórios). Os princípios programáticos genéricos (ex.: art. 3º da CF) não exigem norma específica e não dão ensejo a ADO. Direitos sociais como os do art. 7º da CF podem consistir em princípio programático específico apto a gerar o dever de legislar, dando ensejo à ADO. Esse também é o caso dos princípios institutivos, desde que eles sejam obrigatórios (art. 134, §1º, da CF), e não facultativos (art. 25, §3º, da CF).
Perda do Objeto. STF extingue ADO quando há revogação da norma por ser regulamentada ou quando é encaminhado projeto de lei ao Congresso Nacional sobre a referida matéria. Essas situações descaracteriam a inertia deliberandi das Casas Legislativas.
Temperamento: STF reconhece a mora do Legislador quando ultrapassado prazo razoável sem discussão e votação (ADI3682).
3.3. Competência: STF
3.4. Legitimidade Ativa. Rol de legitimados é idêntico ao da ADIn.
3.5. Procedimento: é regulado na Lei 9868 e é praticamente idêntico ao da ação direta de inconstitucionalidade, porém com algumas peculiaridades:
AGU. STF dispensava citação da AGU na ADO. Lei 12.063 alterou a lei 9868 (12-E, §2º) e positivou a possibilidade de o relator solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União (prazo de 15 dias) após a apresentação das informações pelas autoridades responsáveis pela eventual omissão, no prazo de 15 dias.
Medida Cautelar. É possível na ADO diante de excepcional urgência e relevância da matéria, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, no prazo de 5 (cinco) dias. Medida consiste na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a ser fixada pelo Tribunal.
Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido.
3.6. Efeitos da

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