Buscar

Direito-Constitucional

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 100 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

SOLDADO
PM-BA
Direito Constitucional
APOSTILA
de acordo com
Edital 02/2019
Estrutura formal da Constituição de 1988: 
 Preâmbulo, Disposições permanentes e Disposições transitórias .......................................................................... 3 
Direitos e garantias fundamentais: aspectos históricos, relação entre Direitos e garantias fundamentais e 
política, jusnaturalismo, positivismo jurídico, jurisprudência dos valores, área de regulação e área de pro-
teção dos direitos fundamentais, titularidade dos direitos e garantias fundamentais, direitos e garantias 
fundamentais em espécie. Garantias sociais. Da Ordem Social ..................................................................................... 6
Da organização do Estado. Da organização político-administrativa. Da União. Dos Estados federados. Do 
Distrito Federal e dos Territórios. Da Administração Pública. Dos servidores públicos. Dos militares dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Territórios. Da Segurança Pública .......................................................................... 31 
Constituição do Estado da Bahia .................................................................................................................................... * 
Dos Servidores Públicos Militares ................................................................................................................................ 47
Da Organização dos Poderes e competências dos poderes. Atribuições do Governador do Estado. Do Poder 
Judiciário: Disposições Gerais. Justiça Militar, Ministério Público, Procuradorias, Defensoria Pública ...................... 48
* Acesse a Constituição do Estado da Bahia atualizada através do link https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/
id/70433/CE_BA_EC_24.pdf?sequence=11&isAllowed=y
SUMÁRIO
Direito Constitucional
PM-BA
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
3
Direito ConstituCional
Gabriel Moraes Vieira
CONCEITO E OBJETO DA CONSTITUIÇÃO
Constituição é a Lei Maior, a reunião de todos os valores 
supremos de um Estado, instituída para regular a atuação 
governamental, as relações jurídicas existentes na socieda‑
de, bem como proteger os indivíduos de abusos do Poder 
Público.
Para Alexandre de Moraes (2006, p. 2),
deve ser entendida como a lei fundamental e supre‑
ma de um Estado, que contém normas referentes 
à estruturação do Estado, à formação dos Poderes 
públicos, à forma de governo e à aquisição do poder 
de governar, à distribuição de competências, direitos, 
garantias e deveres dos cidadãos.
segundo José Afonso da silva (2008, p. 37-38),
a constituição do Estado, considerada a sua lei 
fundamental, seria, então, a organização dos seus 
elementos essenciais: um sistema de normas jurídi‑
cas, escritas ou costumeiras, que regula a forma do 
Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição 
e o exercício do poder, o estabelecimento de seus ór‑
gãos, os limites de sua ação, os direitos fundamentais 
do homem e as respectivas garantias. Em síntese, 
a constituição é o conjunto de normas que organiza 
os elementos constitutivos do Estado.
Podemos identificar, nos conceitos citados anterior‑
mente, três objetos da Constituição: organização do Estado, 
estrutura política e direitos e garantias fundamentais.
Concepção de Constituição
Existem três principais concepções:
1ª Concepção (Jurídica): a Constituição é a lei maior do 
Estado. Concepção influenciada pelas ideias de Hans Kelsen.
2ª Concepção (Política): a Constituição é vista como um 
conjunto de opções políticas do Estado. ideia baseada na 
corrente decisionista de Carlos schmitt.
3ª Concepção (Sociológica): a Constituição é encarada 
como o conjunto de fatores reais de poder. Esta concepção 
é baseada na obra de Ferdinand lassalle, que entendia a 
constituição sob o aspecto formal como mera “constituição 
de papel”, que não poderia prevalecer sobre a vontade da 
sociedade.
Elementos 
segundo José Afonso da silva (1998), uma constituição 
contém cinco tipos de elementos:
• Elementos orgânicos: definem a estrutura do Estado 
(ex.: arts. 2º e 101 da CF).
• Elementos limitativos1: limitam a atuação do Estado, 
restringindo sua capacidade de intervenção na esfera 
privada (ex.: art. 5º da CF).
• Elementos socioideológicos: opções de ordem social, 
econômica etc. (ex.: arts. 6º e 7º da CF).
1 sobre o papel restritivo desses elementos, vide a aplicabilidade das normas 
constitucionais, em especial no que tange aos direitos de primeira geração. 
• Elementos de estabilização constitucional: garantem 
a estabilidade da constituição (ex.: art. 60, § 4º, e art. 
102, i, a, da CF).
• Elementos formais de aplicabilidade: são verda‑
deiros “manuais de instrução” para a aplicação da 
constituição. Definem, portanto, como a carta política 
deve ser interpretada e aplicada (ex.: art. 5º, § 1º, da 
CF).
Estado
Elementos 
que compõem 
o Estado
Soberania: capacidade de decidir em 
última instância, sem influências externas.
Povo: é o conjunto de pessoas que possui a 
nacionalidade de um determinado estado. 
É composto, portanto, segundo critérios 
de nacionalidade. não deve ser confundi‑
do com a ideia de população, que segue 
critério demográfico, bem como com a 
ideia de cidadão, que é determinada por 
critério político.
Território: é o espaço físico no qual o 
Estado exerce a soberania.
Classificação do Estado
Forma de Estado
Federação: Estado em que há uma descentralização 
política, compondo-se de entes dotados de autonomia.
Unitário: Estado em que não se verifica divisão em entes 
autônomos.
A confederação se distingue da federação porque nela, 
os entes que se reúnem possuem soberania, possuindo o 
poder de secessão, podendo, assim, sair da confederação 
quando bem entenderem.
Cabe lembrar que soberania não se confunde com au‑
tonomia. A república Federativa do Brasil possui soberania, 
enquanto a união, os Estados, o Distrito Federal e os Muni‑
cípios possuem autonomia.
o Brasil é uma federação.
Forma de Governo
República: forma de governo caracterizada pela eleti‑
vidade, temporariedade dos cargos e responsabilidade do 
governante.
Monarquia: é caracterizada pela hereditariedade, vitali‑
ciedade e irresponsabilidade do governante.
o Brasil é uma república.
Sistema de Governo
Presidencialismo: a figura central é o Presidente. Chefe 
de Governo (chefia da Administração Pública) também atua 
como Chefe de Estado (representa a figura estatal). Ex.: Brasil
Parlamentarismo: a figura central é o Parlamento, 
composto por representantes do Povo. o Chefe de Governo 
necessita de apoio do Parlamento para se manter no Poder. 
Ex.: inglaterra.
o Brasil adota o presidencialismo.
Regime Político
Democrático: regime em que há a participação popular. 
Marcado pela ideia de soberania popular, segundo a qual 
todo o poder emana do Povo.
Autoritário: regime em que não há participação po pular
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
4
Divisão do regime democrático:
DEMOCRACIA
Direta 
Plebiscito: consulta pública realizada previamente à edição de ato administra‑
tivo ou de lei.
Referendo: consulta pública realizada posteriormente à edição de ato admi‑
nistrativo ou lei.
Iniciativa Popular de Lei: possibilidade de o povo iniciar projeto de lei.
Ação Popular: ação ajuizada com a finalidade de se anular ato lesivo ao patri‑
mônio público, à moralidade administrativa, ao patrimônio histórico e cultural 
e ao meio ambiente.
Denúncia direta ao TCU: possibilidade de o cidadão instaurar procedimento jun‑
to ao tCu para verificar a existência de irregularidade no trato da coisa pública. 
Indireta (realizada por 
meio de representantes)
A democracia indireta é feita por meio do voto direto, secreto e com igual valor 
para todos. 
Classificação da Constituição
Existem diversos critérios para se classificar uma consti‑
tuição. Vejamos as principais classificações.
Quanto ao Conteúdo
Formal: sob o aspecto formal, a Constituição é composta 
pelos elementos que são inseridos em seu texto,tratando 
ou não de questões fundamentais ao Estado.
A constituição formal consiste em um documento escrito 
que foi estabelecido solenemente pelo poder constituinte 
originário.
Material: a Constituição sob o aspecto material envolve e 
é formada apenas por elementos essenciais à figura estatal, 
tal como estrutura política, organização do Estado e direitos 
e garantias fundamentais.
no mesmo sentido, conceitua-se a Constituição, quanto 
ao aspecto material, como o conjunto de normas pertinentes 
à organização do poder, à distribuição da competência, ao 
exercício da autoridade, à forma de governo e aos direitos 
individuais e sociais da pessoa humana.
Quanto à Forma
Escrita: formalizada em documento único, sistematizado.
Não Escrita: pode ser composta por leis esparsas, além 
de usos e costumes. não são sistematizadas em documento 
único.
Quanto ao Modo de Elaboração
Dogmática: é elaborada em determinado momento 
histórico, exprimindo os valores de uma determinada época.
Histórica: feita paulatinamente, por meio de um longo 
processo histórico.
Quanto à Origem
Outorgada: é a Constituição imposta a um determinado 
povo.
Promulgada: é a Constituição democrática, votada.
Cesarista: é a Constituição que depende de referendo 
popular.
Quanto à Extensão
Prolixa/Analítica: trata de forma detalhada os temas 
que aborda.
Sintética: trata de forma resumida os institutos constan‑
tes de seu texto.
Estabilidade
Imutável: não admite alteração. É intangível.
Rígida: permite alteração, mas exige um procedimento 
complexo, específico, como o da proposta de emenda consti‑
tucional que é adotado no Brasil. Para alguns autores, nossa 
Constituição seria considerada superrígida, tendo em vista 
que, além de ser rígida, possui certos pontos que sequer 
podem sofrer alteração, como as cláusulas pétreas.
Semirrígida ou Semiflexível: em parte é rígida e em outra 
parte é flexível.
Flexível: alterada por mero processo legislativo.
Quanto ao Modelo
Existem dois principais modelos de constituição: a 
constituição-garantia e a constituição-dirigente. 
A constituição-garantia, que é o modelo clássico, preo‑
cupa-se em estabelecer a divisão dos Poderes, os direitos 
fundamentais etc. Em suma, preocupa-se com a manutenção 
do status quo, limitando os poderes do Estado em prol de 
uma ideologia liberal. A constituição-dirigente, além de 
estabelecer limitações ao poder estatal, prevê metas de 
evolução política. É marcante, nas constituições dirigentes, 
a existência de normas programáticas, que estabelecem pro‑
gramas a serem cumpridos por meio da atividade legislativa 
e da atuação do Poder Executivo.
A Constituição Federal de 1988 é formal, escrita, dogmá‑
tica, promulgada, analítica e rígida.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Fundamentos
nosso País é denominado república Federativa do Brasil.
república representa nossa forma de governo. na repú‑
blica a figura estatal possui um caráter público, deixando, 
assim, de pertencer a uma monarca. A forma de governo 
republicana pressupõe alguns elementos que a diferenciam 
da forma monárquica:
• temporariedade dos cargos;
• eletividade;
• responsabilidade dos governantes.
Federação é nossa forma de estado. A forma fe derativa 
de estado traduz-se na descentralização política do país, 
tornando-o uma reunião de entes autônomos, que não 
podem se desvincular dessa união, ou seja, não podem exer‑
cer direito de secessão. A autonomia dos entes fe derados 
não pode ser confundida com a soberania que possui o 
país. Esta pressupõe a não sujeição a qualquer vontade 
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
5
externa aquela, por sua vez, apenas impõe a existência de 
três elementos:
• auto-organização (capacidade de estabelecer legisla‑
ção própria);
• autogoverno (eleição de seus representantes);
• autoadministração (prestação de serviços públicos).
no Brasil, a federação compõe-se pela união indissolúvel 
dos Estados, Municípios e Distrito Federal.
É também um princípio fundamental de nosso país o fato 
de constituirmos um Estado Democrático de Direito, o que 
significa que o Estado obedece às imposições legais, que 
são elaboradas de maneira democrática (feitas pelo povo 
e para o povo).
o art. 1º da Constituição Federal define cinco fundamen‑
tos, quais sejam:
a) soberania;
b) Cidadania;
c) Dignidade da Pessoa Humana;
d) Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
observe a seguinte assertiva cobrada em prova: caso 
o Governo Federal decidisse adotar medidas a partir 
das quais o Estado passasse a planejar e dirigir, de 
forma determinante, a ordem econômica do país, 
inclusive em relação ao setor privado, essas medidas 
violariam o valor constitucional da livre iniciativa.
e) Pluralismo Político.
importante observar que pluralismo político não é 
sinônimo de pluripartidarismo político. Pluralismo Políti-
co significa liberdade de adoção de concepções políticas. 
o pluripartidarismo, por sua vez, que está previsto no art. 
17 da Constituição Federal, traduz-se na possibilidade de se 
criar, no País, mais de um partido político.
no art. 1º, parágrafo único, da Constituição Federal já se 
encontra traduzida a soberania popular. segundo a Consti‑
tuição Federal, “todo poder emana do povo, que o exerce 
por meio de seus representantes eleitos ou diretamente, nos 
termos desta Constituição”.
Separação dos Poderes
Visando à limitação dos poderes estatais, desenvolveu-se 
a teoria da tripartição dos poderes. Parte-se do pressuposto 
de que a divisão das principais funções estatais para serem 
exercidas separadamente, evita a formação de poderes ab‑
solutos. sendo assim, desenvolveu-se, inspirada nas ideias 
de Montesquieu, a técnica de separação das três principais 
funções do Estado (admi nistrar, legislar e julgar) para que 
sejam exercidas por três poderes.
no Brasil foi adotada uma separação que, podemos dizer, 
não se mostra absoluta, já que as funções não são exercidas 
de maneira exclusiva por um dos agentes estatais. Define o 
art. 2º da Constituição Federal que “são Poderes da união, 
independentes e harmônicos entre si, o legislativo, o Exe‑
cutivo e o Judiciário”. um poder não poderá, dessa forma, 
intervir nas atividades do outro, mas a atuação dos poderes 
será harmônica, envolvendo todos os poderes na execução 
das políticas públicas.
tendo em vista que a execução de uma função não 
é atribuída de forma exclusiva a nenhum dos poderes, 
desenvolveu-se a divisão de funções em típicas e atípicas. 
As funções típicas são aquelas para as quais um determinado 
poder é criado, representando a vocação dessa estrutura 
política. A função atípica representa uma atribuição exercida 
de maneira excepcional por um determinado poder, isto é, é 
concebida como uma função típica de outro poder.
o Poder Judiciário possui a função típica de julgar, exer‑
cendo, porém, a função atípica de administrar quando, por 
exemplo, realiza um concurso público.
o Poder legislativo possui as funções típicas de legislar 
e de fiscalizar, exercendo, por outro lado, a função atípica de 
julgar, quando julga os crimes de responsabilidade, bem como 
a função atípica de administrar, quando, por exemplo, realiza 
uma licitação. nesse sentido, observe a seguinte assertiva de 
prova: no Brasil, as funções atípicas, relacionadas à teoria da 
separação de poderes, possibilitam ao senado Federal julgar 
o Presidente da república por crime de responsabilidade.
o Poder Executivo exerce função típica de administrar, 
mas também exerce atividade atípica ao legislar, editando 
medidas provisórias ou leis delegadas.
A busca pela harmonia das funções exercidas pelo 
Estado levou à adoção de um mecanismo denominado 
checks and balances, checks and counter checks, ou freios 
e contrapesos. o referido sistema consiste na previsão de 
freios mútuos, que servem à manutenção do equilíbrio de 
forças entre os Poderes.
Objetivos Fundamentais
De acordo com o art. 3º da Constituição Federal, são 
objetivos fundamentais da república Federativa do Brasil:
• construir uma sociedadelivre, justa e solidária;
• garantir o desenvolvimento nacional;
• erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais;
• promover o bem de todos, sem preconceitos de ori‑
gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas 
de discriminação.
As normas definidoras dos objetivos fundamentais são, 
por sua natureza, normas programáticas. isso não significa 
que elas possam ser esquecidas pelo poder público. As nor‑
mas programáticas vinculam o Estado mas são sujeitas à 
reserva do possível, que significa a necessidade de o Estado 
implementar políticas públicas dentro do que é considerado 
economicamente viável. o princípio da reserva do possível 
não pode servir de estímulo ao total desprezo das normas 
programáticas, já que há um mínimo existencial a vincular a 
implementação de tais objetivos. Quando o Poder Judiciário 
intervém na atuação administrativa para determinar o respeito 
a tais objetivos, tem-se o que é denominado ativismo judicial.
Princípios Aplicáveis às Relações Internacionais
os princípios aplicáveis nas relações internacionais estão 
definidos no art. 4º da Constituição Federal. tais princípios 
são sempre aplicáveis com vistas à reciprocidade, princípio 
geral que incide em nossas relações internacionais. Estão 
listados no referido artigo os seguintes princípios:
• independência nacional;
• prevalência dos direitos humanos;
• autodeterminação dos povos;
• não intervenção;
• igualdade entre os Estados;
• defesa da paz;
• solução pacífica dos conflitos;
• repúdio ao terrorismo e ao racismo;
• cooperação entre os povos para o progresso da huma‑
nidade;
• concessão de asilo político.
A república Federativa do Brasil buscará a integração 
econômica, política, social e cultural dos povos da América 
latina, visando à formação de uma comunidade latino-ame‑
ricana de nações.
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
6
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
os direitos fundamentais ganham destaque principal‑
mente após a revolução Francesa, momento em que diversas 
correntes filosóficas e políticas como o racionalismo e o 
contratualismo inspiram a vontade popular de impor limites 
ao Estado, reconhecendo um núcleo mínimo de proteção do 
indivíduo perante o Estado. A ideia de direitos fundamentais 
surge da tentativa de se estabelecer um rol de direitos que 
seria inerente à própria condição humana, que não depen‑
desse de uma vontade política. são, por isso, considerados 
direitos naturais.
nossa Constituição relaciona os direitos fundamentais 
em seu título ii, denominado “Dos Direitos e Garantias 
Fundamentais”. A posição “geográfica” desse título, logo 
no início do texto constitucional, demonstra a importância 
dos direitos fundamentais em nossa ordem constitucional.
Partindo do pressuposto de que o constituinte não utiliza 
palavras inúteis, podemos concluir que direitos e garantias 
possuem diferenças axiológicas. os direitos possuem um ca‑
ráter declaratório, enquanto as garantias possuem um nítido 
sentido assecuratório. os direitos se declaram, enquanto as 
garantias se estabelecem, demonstrando que as garantias 
são elementos instrumentais que garantem o respeito aos 
direitos que são declarados na Constituição Federal.
Titularidade dos Direitos Fundamentais
os direitos fundamentais podem ser exercidos tanto 
pelas pessoas físicas quanto pelas pessoas jurídicas. Apesar 
de o art. 5º, caput, da Constituição Federal referir-se tão 
somente aos brasileiros e estrangeiros residentes no país, 
entende-se que os estrangeiros em geral, ainda que apenas 
visitando a república Federativa do Brasil, também são 
titulares desses direitos.
A título de exemplo: Pablo, argentino e residente na 
Argentina, solteiro, de dezoito anos de idade, de passagem 
pelo Brasil, com destino aos Estados unidos da América, foi 
interceptado em operação da PrF. nessa situação hipotéti‑
ca, não obstante Pablo não seja residente no Brasil, todos 
os direitos individuais fundamentais elencados no caput 
do art. 5º da CF devem ser respeitados durante a referida 
operação policial.
As pessoas jurídicas também podem ser titulares de 
direitos fundamentais, mas apenas daqueles direitos que 
são com elas compatíveis. são, assim, impedidas de exercer 
certos direitos como os direitos políticos (votar, ser votado 
etc.). Até mesmo as pessoas jurídicas de direito público são 
titulares de direitos fundamentais.
Geração dos Direitos Fundamentais
os direitos fundamentais não surgiram de forma instantâ‑
nea. A conquista dos direitos fundamentais ocorreu ao longo 
da história, de tal forma que podemos identificar diversas 
gerações de direitos, que nada mais são do que a represen‑
tação de momentos históricos e os direitos ali conquistados. 
As gerações de direitos também podem ser denominadas 
dimensões de direitos fundamentais, termo que deixa mais 
claro o fato de que as gerações não são superadas, mas sim 
incorporadas às novas gerações de direitos fundamentais.
Primeira Geração
surge no século XViii, no âmbito da revolução Fran‑
cesa. os direitos fundamentais conquistados nessa época 
configuram liberdades negativas (status negativus), já que 
representam um impedimento à atividade estatal, uma 
omissão, um não fazer. trata-se dos direitos civis e políticos.
Segunda Geração
Desenvolvem-se no século XiX, inspirados pela revolu‑
ção industrial, sendo reconhecidos constitucionalmente no 
século XX. tais direitos possuem um caráter positivo (status 
positivus) e exigem uma prestação do Estado. inserem, assim, 
uma obrigação de fazer, uma ação do ente estatal. são os 
direitos sociais, econômicos e culturais.
Terceira Geração
os direitos de terceira geração, desenvolvidos no sé‑
culo XX, voltam-se à defesa dos interesses de titularidade 
coletiva, denominados interesses difusos. Esses direitos 
são supraindividuais, já que não pertencem a um indivíduo 
especificamente, mas sim a uma coletividade. são exemplos 
o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado 
e a proteção do idoso.
A primeira geração remonta ao ideal de liberdade. 
A segunda geração volta-se à igualdade. Por fim, a terceira 
geração preocupa-se com a fraternidade ou solidariedade. 
temos, assim, a célebre frase, que marcou a revolução Fran‑
cesa: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.
Há quem defenda a existência de quarta e quinta geração 
de direitos fundamentais. não há, porém, um consenso sobre 
quais sejam esses direitos fundamentais.
Características dos Direitos Fundamentais
Relatividade – os direitos não são absolutos: eles podem 
ser relativizados, principalmente quando entram em choque. 
Até mesmo o direito à vida, que pode ser considerado o mais 
fundamental dos direitos, pode ser relativizado. Exemplo 
de relativização do direito à vida é encontrado no caso da 
pena de morte, autorizada na hipótese de guerra declarada.
A relativização dos direitos fundamentais pode advir da 
capacidade de conformação que é dada ao legislador. Assim, 
mesmo nos casos em que não existe uma reserva legal, ou 
seja, mesmo quando a constituição não faz referência à lei 
é possível que o legislador venha a delimitar a forma de 
utilização dos direitos fundamentais.
no caso de choque de direitos fundamentais, teremos 
de observar certos parâmetros. Em primeiro lugar, deve ser 
observado o princípio da legalidade. segundo esse princípio, 
a atuação do intérprete deve ser pautada nos critérios de 
necessidade e adequação. Além disso, a hipótese de choque 
de direitos fundamentais também inspira a utilização do 
princípio da harmonização ou da concordância prática, que 
requer que o aplicador adote uma interpretação que evite 
o sacrifício total de um dos direitos em conflito.
Inalienabilidade – não é possível transferir um direito 
fundamental.
Irrenunciabilidade – não é possível renunciar totalmente 
a um direito fundamental.
Imprescritibilidade – os direitos fundamentais não são 
alcançados pela prescrição. A prescrição corresponde à perda 
de uma pretensão em virtude do decurso dotempo.
Historicidade – os direitos e garantias fundamentais 
possuem origem histórica.
Inviolabilidade – não podem ser violados os direitos 
fundamentais.
Efetividade – o Estado deve primar por garantir o res‑
peito e a efetividade dos direitos fundamentais.
Universalidade – os direitos fundamentais alcançam a 
todos.
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
7
Obs.: os direitos e as garantias fundamentais consagra‑
dos constitucionalmente não são ilimitados, uma vez que 
encontram seus limites nos demais direitos igualmente 
consagrados na mesma Carta Magna.
Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Assim dispõe o art. 5º da Constituição Federal:
todos são iguais perante a lei, sem distinção de qual‑
quer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no País a inviolabi lidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança 
e à propriedade, nos termos seguintes:
Em primeiro lugar, há que se frisar que o dispositivo acima 
transcrito reproduz o princípio da isonomia, que consiste 
na proibição de criação de distinções que não sejam funda‑
mentadas. Assim, impõe a Constituição que os iguais sejam 
tratados de forma igual e que os desiguais sejam tratados de 
forma desigual. Assim, por exemplo, justifica-se a existência 
de critérios diferenciados para homens e mulheres em uma 
prova física em um concurso público ante as nítidas diferen‑
ças fisiológicas entre os gêneros.
Denomina-se igualdade material aquela que permite 
a existência de diferenciações, desde que devidamente 
justificadas. A igualdade formal que impede a estipulação 
de distinções em qualquer hipótese muitas vezes resultará 
em injustiças, pois deixa de considerar as peculiaridades de 
certas formações sociais.
A igualdade em nossa ordem constitucional deve ser le‑
vada em conta tanto na lei quanto perante a lei. A igualdade 
na lei é verificada quando da elaboração legislativa, impondo 
a formação de leis que tenham como pilar a inexistência de 
diferenciações odiosas. A igualdade perante a lei impõe o 
tratamento igualitário por parte do aplicador do direito, ou 
seja, por parte daquele que venha a interpretar a norma e a 
aplicar a disposição abstrata a um caso concreto.
Passamos a comentar os setenta e oito incisos que com‑
põem o art. 5º da Constituição Federal.
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
ções, nos termos desta Constituição;
Comentário: trata-se de mais uma decorrência do prin‑
cípio da isonomia. A previsão acima, porém, não impede 
a existência de distinções entre homens e mulheres. tais 
diferenciações podem ser feitas tanto no âmbito constitu‑
cional quanto na órbita legal. A Constituição Federal de 1988 
estabelece uma série de prerrogativas para as mulheres, 
como a proteção de seu mercado de trabalho, prazo dife‑
renciado para a licença à gestante, prazo reduzido para a 
aposentadoria e inexistência de obrigação de alistamento 
militar em tempos de paz.
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer 
alguma coisa senão em virtude de lei;
Comentário: traduz esse inciso o princípio da legalidade. 
todos nós podemos fazer tudo o que a lei não proíba, o que 
exprime a nossa capacidade de autodeterminação, também 
chamada autonomia das vontades.
A autonomia das vontades definida no art. 5, ii, da Cons‑
tituição Federal não pode ser confundida com o princípio da 
legalidade estrita ou restrita, que está descrito no art. 37 
da Constituição Federal. o referido artigo, ao estipular a 
necessidade de observância da legalidade, impõe que o 
administrador público apenas faça o que está previsto em 
lei. Podemos assim distinguir as duas legalidades:
Autonomia das vontades 
(art. 5º, ii, da CF)
legalidade estrita (art. 37 da CF)
Vincula os particulares. Vincula o administrador público.
Permite que se faça tudo 
o que a lei não proíba.
Apenas admite que se faça o que 
a lei prevê.
o princípio da legalidade não pode ser confundido com 
o princípio da reserva legal. A reserva legal impõe que certas 
matérias sejam regidas apenas por lei em sentido estrito. É o 
caso, por exemplo, da previsão de crimes e cominação de 
penas, que somente pode ser feita por lei.
III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento 
desumano ou degradante;
Comentário: cuida o dispositivo da dignidade da pessoa 
humana. Este inciso está em consonância com o que dispõe 
o art. 1º, iii, da Constituição Federal.
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado 
o anonimato;
Comentário: a liberdade de expressão, como todo di‑
reito fundamental, não é absoluta. Diversos limites serão 
encontrados no exercício concreto de tais direitos. Primei‑
ramente, não se pode utilizar a liberdade de expressão para 
cometer atos ilícitos, ofendendo os direitos fundamentais. 
Assim, impede-se, por exemplo, a utilização desse direito 
com a intenção de ofender alguém. A repressão contra a má 
utilização dos direitos fundamentais somente é efetiva se 
acompanhada de identificação do responsável. o anonimato 
é vedado justamente por impossibilitar a responsabilização 
daqueles que venham a utilizar o direito fora dos limites 
constitucionais.
V – é assegurado o direito de resposta, proporcional ao 
agravo, além da indenização por dano material, moral ou 
à imagem;
Comentário: duas possíveis punições contra quem uti‑
liza de forma errada sua liberdade de expressão estão aqui 
dispostas. Primeiramente, temos o direito de resposta, que 
exige do ofensor a concessão de meios para que o ofendido 
venha a defender-se publicamente. A segunda forma de 
punição corresponde à indenização por dano material, moral 
ou à imagem. A Constituição não define parâmetros para a 
fixação do valor da indenização, que deverá ser fixado, em 
regra, pelo Poder Judiciário.
VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, 
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e 
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e 
a suas liturgias;
Comentário: a liberdade acima descrita alcança os fenô‑
menos, possibilitando o livre exercício das crenças religiosas e 
a livre adoção de concepções científicas, filosóficas, políticas 
etc. sendo o Brasil um país laico, não é mais aceita a previsão 
de religião oficial no País.
VII – é assegurada, nos termos da lei, a prestação de 
assistência religiosa nas entidades civis e militares de inter-
nação coletiva;
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
8
Comentário: são considerados locais de internação 
coletiva os hospitais, as prisões e os quartéis, por exemplo.
VIII – ninguém será privado de direitos por motivo de 
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se 
as invocar para eximir‑se de obrigação legal a todos imposta 
e recusar‑se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
Comentário: são consideradas obrigações a todos im‑
postas, a obrigação de votar e o alistamento militar, que em 
tempos de paz obriga a todos os homens de nacionalidade 
brasileira. se alguém oferecer uma excusa de consciência 
para deixar de cumprir uma obrigação a todos imposta, 
terá de se sujeitar ao ônus de uma obrigação alternativa. 
se, porém, a obrigação alternativa não for cumprida, será 
aplicada, por exemplo, a pena de perda dos direitos políticos, 
nos termos do art. 15, iV, da Constituição Federal.
IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura 
ou licença;
Comentário: a proibição da censura não impede que o 
Estado venha a limitar a atividade de comunicação social, 
impedindo que os meios de comunicação venha a oferecer 
programação que não seja condizente com os valores da 
sociedade ou que sejam ofensivos a determinados grupos. 
A classificação indicativa de diversões públicas e a limitação à 
publicidade de tabaco, bebidas alcoólicas, remédios, terapias 
e agrotóxicos são exemplos desse tipo de atividade, que é 
plenamente legítima.
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra 
e a imagem das pessoas,assegurado o direito a indenização 
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Comentário: a proteção ao direito de intimidade pode 
ser relativizado quando entra em choque com outros direi‑
tos, como o direito de informação, que será estudado mais 
à frente. A proteção da intimidade, como veremos a seguir, 
é apta até mesmo para justificar o segredo de justiça, que 
impede a publicidade de atos processuais.
o direito de imagem envolve aspectos físicos, inclusive 
a voz. Fica configurada a proteção, por exemplo, com a utili‑
zação comercial da imagem sem a autorização do titular do 
direito. Pessoas públicas possuem uma tendência à relativi‑
zação do direito de imagem frente ao direito de informação 
da sociedade.
XI – a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela 
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em 
caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, 
ou, durante o dia, por determinação judicial;
Comentário: a penetração sem o consentimento do mo‑
rador pode ocorrer a qualquer hora do dia quando se tratar 
de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. 
Para que o ingresso no domicílio seja realizado mediante 
determinação judicial, porém, é necessário que ele ocorra 
durante o dia, considerado esse o período entre a aurora e 
o crepúsculo, ou seja, aquele em que há luz solar.
o ingresso por determinação judicial está limitado por 
reserva jurisdicional, o que significa que não poderá ocorrer 
por determinação de qualquer outra autoridade (polícia, 
Ministério Público etc.) ou por comissão parlamentar de 
inquérito.
o conceito de casa para efeito de inviolabilidade de do‑
micílio não se limita ao conceito civil, alcançando os locais 
habitados de maneira exclusiva. são incluídos no conceito 
os escritórios, as oficinas, os consultórios e, ainda, os locais 
de habitação coletiva, como hotéis e motéis.
A título de exemplo: no curso de uma investigação cri‑
minal, a autoridade policial competente encontra indícios 
de que bens furtados há um ano de uma repartição pública 
estejam guardados na residência dos pais de um dos inves‑
tigados. A autoridade policial dirige-se, então, ao imóvel, 
durante o dia, onde, sem o consentimento dos moradores 
e independentemente de determinação judicial, efetua 
busca que resulta na localização dos bens furtados. nessa 
hipótese, será inadmissível, no processo, por ter sido obtida 
de maneira ilícita.
XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comuni-
cações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, 
salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na 
forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal 
ou instrução processual penal;
Comentário: os sigilos, assim como todos os demais 
direitos fundamentais, não são absolutos. Eles podem 
sofrer limitação legal ou judicial. Em relação ao sigilo das 
comunicações telefônicas, verifica-se a previsão de uma 
reserva jurisdicional. sendo assim, somente por ordem ju‑
dicial é possível quebrar o referido sigilo. outra imposição 
posta em relação ao sigilo das comunicações telefônicas é 
a necessidade de que somente seja determinada a quebra 
para fins de investigação criminal ou instrução processual 
penal. não é possível quebrar o referido sigilo em causas 
cíveis. Além disso, é necessário que seja observada a forma 
estabelecida em lei.
o sigilo das comunicações telefônicas não pode ser 
confundido com o sigilo dos dados telefônicos. o extrato das 
ligações telefônicas é protegido pelo sigilo de dados, que não 
está sujeito à reserva jurisdicional. o conteúdo das ligações 
é o que se denomina sigilo telefônico e está protegido pela 
reserva jurisdicional.
o sigilo de dados engloba, por exemplo, os dados ban‑
cários, fiscais e telefônicos.
não estão sujeitos à reserva jurisdicional o sigilo da cor‑
respondência, das comunicações telegráficas e de dados. As‑
sim, é possível que a quebra seja determinada, nesses casos, 
por ordem de uma CPi – Comissão Parlamentar de inquérito.
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou 
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei 
estabelecer;
Comentário: esse inciso dispõe sobre norma de eficácia 
contida, já que a liberdade de exercício de trabalho, ofício ou 
profissão pode ser restringida pela lei que venha a estabele‑
cer qualificações profissionais para determinada profissão. 
Dessa forma, a inexistência de uma lei regulamentadora de 
certa profissão não é impedimento ao seu exercício, mas 
sim a garantia de uma ampla liberdade de acesso à atividade 
profissional.
A liberdade profissional não engloba, porém, atividades 
ilícitas. o princípio da legalidade, anteriormente estudado, 
permite que se faça tudo que não seja proibido por meio de 
lei. Assim, não se pode exercer a “profissão” de traficante de 
drogas porque tal atividade é ilícita, proibida pela legislação. 
Por outro lado, a prostituição é totalmente livre em nosso 
País porque não existe lei regulamentando a atividade.
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
9
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e res-
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício 
profissional;
Comentário: o direito de informação pode ser encarado 
sobre duas óticas.
sob o ponto de vista privado, o direito de informação da 
sociedade englobará, por exemplo, a atividade jornalística, 
que pode divulgar informações, ainda que pessoais, que 
sejam de interesse da sociedade. Admite-se, nessa atividade, 
porém, o sigilo da fonte, quando for necessário ao exercício 
profissional. Esse sigilo não impede, porém, a responsabi‑
lização do responsável pela informação no caso de ela ser 
inverídica, por exemplo.
o direito de informação sob o aspecto privado será es‑
tudado adiante, no inciso XXXiii deste artigo.
XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo 
de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele 
entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
Comentário: o direito de locomoção, como os demais 
direitos fundamentais, não é absoluto.
Primeiramente, há que se observar, para o seu exercício, 
a prevalência da paz. Em hipóteses de guerra, que suscitam 
a instituição de Estado de sítio, é possível a restrição da 
liberdade de locomoção no território nacional. Além desse 
aspecto, há que se observar que o direito de locomoção 
inclui os bens pertencentes ao seu titular. isso não significa, 
porém, que os bens possuam de forma autônoma o direito 
de locomoção, mas sim que eles possam acompanhar o 
proprietário que esteja se locomovendo.
o direito de locomoção é protegido pelo habeas corpus 
e somente é garantido dentro do território nacional.
XVI – todos podem reunir‑se pacificamente, sem armas, 
em locais abertos ao público, independentemente de autori-
zação, desde que não frustrem outra reunião anteriormente 
convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio 
aviso à autoridade competente;
Comentário: o direito de reunião, como se pode perce‑
ber, depende do preenchimento de uma série de requisitos:
a) ser realizada de forma pacífica;
b) seus participantes não podem estar armados;
c) a reunião deve ocorrer em locais abertos ao públicos;
d) exige um prévio aviso à autoridade competente, sem 
a necessidade, porém, de autorização dessa autoridade;
e) não pode frustrar uma reunião anteriormente convo‑
cada para o mesmo local.
outro requisito que pode ser inserido nesse rol é o de 
que a reunião seja temporária e episódica, como nos ensina 
o autor Alexandre de Moraes.
o direito de reunião também engloba passeatas, carrea‑
tas, comícios, desfiles, assim como cortejos e banquetes de 
caráter político, que são formas legítimas de reunião. Caso 
o direito de reunião seja desrespeitado, o remédio cabível 
será o mandado de segurança, ação cabível para a proteção 
de direito líquido e certo.
XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, 
vedada a de caráter paramilitar;
Comentário: o direito de associação permite que pes‑soas físicas e jurídicas se agrupem em prol de um interesse 
comum. segundo o texto constitucional, é livre a formação 
de associações, desde que elas tenham um fim lícito e não 
possuam caráter paramilitar. Para que uma associação tenha 
caráter paramilitar, é necessário que ela venha a ter carac‑
terísticas similares às estruturas militares, tais como o uso 
de uniformes, palavras de ordem, hierarquia militarizada, 
táticas militares etc.
XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de 
cooperativas independem de autorização, sendo vedada a 
interferência estatal em seu funcionamento;
Comentário: como visto no inciso anterior, é livre a 
criação de associações. A associação de pessoas em um 
regime de cooperativa, porém, pressupõe o preenchimen‑
to de diversos requisitos legais, tendo em vista os diversos 
benefícios que são concedidos a esse tipo de associativismo. 
não é permitida a interferência do estado no funcionamento 
das associações, o que não impede que o Poder Judiciário 
venha a suspender ou dissolver uma associação no caso de 
se verificar a prática de uma atividade ilícita.
A título de exemplo: cinco amigos, moradores de uma fa‑
vela, decidem criar uma associação para lutar por melhorias 
nas condições de saneamento básico do local. um político 
da região, sabendo da iniciativa, informa-lhes que, para 
tanto, será necessário obter, junto à Prefeitura, uma autori‑
zação para sua criação e funcionamento. nesta hipótese, a 
informação que receberam está errada, pois a Constituição 
Federal estabelece que a criação de associações independe 
de autorização.
XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente 
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão 
judicial, exigindo‑se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
Comentário: como estudado no inciso anterior, as as‑
sociações podem ser compulsoriamente dissolvidas ou 
terem suas atividades suspensas por uma decisão judicial. 
A hipótese de dissolução, porém, mostra uma medida mais 
drástica, o que impõe que a decisão judicial seja revestida de 
um caráter definitivo, sem possibilidade de reforma por meio 
de recurso. Por conta disso, exige-se o trânsito em julgado 
de uma decisão judicial para que ela possa dissolver uma 
associação. uma decisão terá trânsito em julgado quando 
não for mais cabível a interposição de recurso contra ela.
XX – ninguém poderá ser compelido a associar‑se ou a 
permanecer associado;
Comentário: assim como há a liberdade de criação de 
associações, temos também a liberdade individual de inte‑
grar ou deixar de integrar a associação. os integrantes da 
associação, portanto, não poderão ser compelidos a ingressar 
na entidade ou de continuar compondo a associação.
XXI – as entidades associativas, quando expressamente 
autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados 
judicial ou extrajudicialmente;
Comentário: a principal finalidade de uma associação é, 
sem dúvida, a defesa de interesses dos associados. A defesa 
dos interesses pode ocorrer perante o poder judiciário ou 
de forma extrajudicial. A defesa de interesses por meio da 
associação, porém, depende de autorização dos associados, 
que podem se expressar de forma individualizada ou conce‑
der uma autorização genérica.
A defesa de interesses dos associados é realizada por 
meio do instituto da representação processual. na represen‑
tação processual a associação fala em nome do associado e, 
por tal razão, precisa da autorização desse associado.
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
10
Existe uma situação em que a associação atua de forma 
extraordinária por meio da substituição processual. trata-se 
da hipótese de impetração de mandado de segurança 
coletivo. A associação, nesse caso, defende interesses dos 
associados em nome próprio, razão pela qual não necessita 
de autorização.
XXII – é garantido o direito de propriedade;
Comentário: o núcleo de direitos enumerados no caput 
do art. 5º já dispõe sobre o direito de propriedade, consi‑
derado pela doutrina como inserido em norma de eficácia 
contida. isso significa que é possível que o legislador venha a 
restringir certos aspectos da propriedade, desde que não ve‑
nha a reduzi-la aquém de seu núcleo mínimo, ou seja, desde 
que não venha a desconfigurar esse direito de propriedade.
XXIII – a propriedade atenderá a sua função social;
Comentário: a propriedade, como qualquer direito 
fundamental, não é absoluta, devendo ser garantida na pro‑
porção em que também garante o bem-estar da sociedade. 
o descumprimento da função social da propriedade pode 
levar, por exemplo, à desapropriação do bem, destinando-o 
a uma finalidade que atenda ao interesse social, como a 
reforma agrária.
XXIV – a lei estabelecerá o procedimento para desapro-
priação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse 
social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, 
ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Comentário: a desapropriação não pode ser confundida 
com o confisco, que é uma forma de expropriação definida 
no art. 243 da Constituição Federal. A desapropriação resulta 
na aquisição compulsória de uma propriedade por parte do 
Estado, que deverá fundamentar tal ato de força na neces‑
sidade pública, na utilidade pública ou no interesse social. 
Essa previsão demonstra bem a ideia do inciso anterior, que 
demonstra que o interesse do Estado está acima de interes‑
ses particulares quando se trata de dar à propriedade uma 
função social. A indenização devida pelo ente estatal será, 
de regra, justa, prévia e em dinheiro. A própria Constituição 
Federal, porém, excepciona tal previsão, dispondo, em seus 
arts. 182, §4º, iii, e 184, acerca da desapropriação-sanção, 
na qual a indenização é recolhida com base em títulos da 
dívida pública e títulos da dívida agrária.
XXV – no caso de iminente perigo público, a autoridade 
competente poderá usar de propriedade particular, assegu-
rada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
Comentário: esse inciso trata da requisição adminis‑
trativa, que permite ao Estado a utilização compulsória da 
propriedade particular. Existem duas diferenças quanto à 
indenização paga na requisição e na desapropriação. Pri‑
meiramente, a indenização na requisição administrativa não 
representará o valor total do bem, mas apenas o valor do 
dano eventualmente causado. Em segundo lugar, tendo em 
vista que o perigo iminente não é previsível, temos que o pro‑
prietário somente será indenizado posteriormente ao uso, 
e não de forma prévia, como acontece na desapropriação.
XXVI – a pequena propriedade rural, assim definida em 
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de 
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua ati-
vidade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar 
o seu desenvolvimento;
Comentário: a penhora consiste na utilização de bens do 
devedor para a quitação de sua dívida. o Poder Judiciário, 
porém, não poderá utilizar-se desse instituto para penhorar 
propriedades rurais se estiverem presentes alguns requisitos:
– tratar-se de uma propriedade pequena, tal qual defi‑
nido em lei;
– for a propriedade trabalhada pela família;
– a obrigação objeto do inadimplemento referir-se a 
dívida contraída para a produção.
tendo em vista a impossibilidade de penhora dessas 
terras, torna-se pouco interessante o empréstimo de valores 
aos respectivos produtores rurais. Por tal razão, dispõe a 
Constituição que a lei disporá sobre os meios de financiar seu 
desenvolvimento, que muitas vezes é fomentado pelo Estado.
XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza-
ção, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível 
aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
Comentário: a propriedade intelectual também é pro‑
tegida no âmbito constitucional. Aqui estamos a tratar dos 
direitos autorais, que protegem bens imateriais destinados 
essencialmente a uma função estética (obras literárias, 
músicas, pinturas etc.). Compete à legislação a definição 
do prazoo qual os herdeiros poderão usufruir dos direitos 
patrimoniais da propriedade intelectual.
XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:
a) a proteção às participações individuais em obras co-
letivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive 
nas atividades desportivas;
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico 
das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, 
aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e 
associativas;
Comentário: a coautoria, por exemplo, também deve ser 
protegida, tendo em vista que o texto constitucional protege 
as participações individuais em obras coletivas. A imagem e 
a voz humanas também são protegidas, independentemente 
de sua utilização comercial. Cabe lembrar, porém, que tanto a 
imagem quanto a voz podem sofrer divulgação, independen‑
temente de autorização, quando houver um interesse público 
de informação. nesse caso, a relativização desse dispositivo 
encontra amparo no art. 5º, XiV, da Constituição Federal, que 
trata do direito de informação. o direito de fiscalização do 
aproveitamento econômico das obras é feito, por exemplo, 
por meio do ECAD – Escritório Central de Arrecadação e Dis‑
tribuição, entidade que arrecada e distribui direitos autorais.
XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos indus-
triais privilégio temporário para sua utilização, bem como 
proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, 
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo 
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico 
e econômico do País;
Comentário: apesar de se relacionar também com a 
propriedade intelectual, a propriedade industrial se difere 
do direito autoral em virtude do caráter pragmático da in‑
venção, que se volta à utilidade da atividade criativa. Como 
a utilidade deve ser regulada segundo o interesse social e o 
desenvolvimento tecnológico e econômico do País, o privilé‑
gio de utilização dessa propriedade será apenas temporário. 
Após um determinado período, uma invenção, por exemplo, 
poderá ser produzida e comercializada sem necessidade de 
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
11
licença de seu inventor ou do detentor do direito de pro‑
priedade industrial.
XXX – é garantido o direito de herança;
Comentário: o direito de herança, como todos os de‑
mais direitos fundamentais, não é absoluto, podendo ser 
relativizado, por exemplo, quando a ele se opõem débitos 
decorrentes de atividades ilícitas praticadas pelo de cujus, 
como estudaremos no dispositivo a seguir.
XXXI – a sucessão de bens de estrangeiros situados no 
País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônju-
ge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais 
favorável a lei pessoal do de cujus;
Comentário: a Constituição brasileira tenta proteger 
cônjuge e filhos brasileiros quando da partilha de bens de 
estrangeiros situados no Brasil. Para tanto, dispõe que deve 
ser aplicada a lei mais favorável aos familiares brasileiros, 
mesmo que, para tanto, seja necessário afastar a legislação 
civil brasileira para que seja aplicada a legislação do país de 
origem do de cujus, ou seja, do estrangeiro falecido. impor‑
tante salientar que essa regra, por questões de soberania, 
somente é aplicável aos bens situados no Brasil.
XXXII – o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa 
do consumidor;
Comentário: o Direito Constitucional constitui a base de 
diversos ramos do Direito, instituindo as diretrizes necessá‑
rias para que o legislador venha a criar a base legal necessária 
à plena eficácia de seus preceitos.
isso é exatamente o que ocorre com o Direito do Con‑
sumidor. Estudar o Direito Consumerista sob a ótica cons‑
titucional é visitar os preceitos que servem de base para a 
instituição de diversas garantias, tal qual aquelas definidas 
no Código de Defesa do Consumidor.
sendo assim, não se cuida aqui de estudar o Direito do 
Consumidor, mas sim as disposições inseridas dentro da 
ótica constitucional. Esse é um ponto que merece destaque 
no presente estudo.
A Constituição Federal começa a referir-se ao consumidor 
em seu art. 5º, XXXii, que assim determina: “XXXii – o Estado 
promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;”.
Verifica-se que a Constituição Federal não elabora lista‑
gem sobre o que venha a ser o direito do consumidor. Por 
outro lado, traz a obrigação constitucional de sua proteção 
pelo Estado. tal defesa será efetivada por meio da edição de 
leis, como se verifica no Código de Defesa do Consumidor 
(lei nº 8.078/1990).
o referido código também possui previsão no Ato das 
Disposições Constitucionais transitórias (ADCt). o ADCt, 
em seu art. 48, determina que o Congresso nacional deveria 
elaborar o Código de Defesa do Consumidor dentro de cento 
e vinte dias após a promulgação da Constituição Federal. 
Esse dispositivo possui grande importância, já que criou a 
obrigação de legislar sobre a matéria, reduzindo, assim, a 
discricionariedade do Poder legislativo.
o referido prazo não foi respeitado, visto a data de edição 
da lei nº 8.078, 11 de setembro de 1990.
os consumidores também são protegidos pelo texto 
constitucional quando é estabelecida, no art. 24, Viii, da 
Constituição Federal, a competência concorrente para a 
edição de lei que disponha sobre a responsabilidade por 
dano causado ao consumidor. Amplia-se, assim, a gama de 
normas que podem ser editadas nesse sentido, nas órbitas 
federal e estadual.
outro dispositivo de grande interesse para o direito do 
consumidor é o que garante o esclarecimento acerca dos 
impostos que incidem sobre mercadorias e serviços. Assim 
dispõe o art. 150, § 5º, da CF:
A lei determinará medidas para que os consumidores 
sejam esclarecidos acerca dos impostos que incidam 
sobre mercadorias e serviços.
Essa disposição constitucional ganha destaque pelo fato 
de consistir em obrigação destinada ao ente Estatal, que 
institui tributos. Demonstra-se, assim, que o Direito do Con‑
sumidor não se restringe a impor obrigação ao fornecedor de 
bens ou serviços, mas também a todos aqueles que possam 
atingir a categoria dos consumidores.
Por fim, destacamos a disposição expressa no 
art. 170, V, que estabelece a defesa do consumidor como um 
dos princípios da ordem econômica. A inserção do direito 
consumerista em nossa ordem econômica representa um 
contrapeso ao liberalismo econômico, destacado pela liber‑
dade de iniciativa. Demonstra que a atividade econômica, 
apesar de livre, não se situa em posição de anarquia, tendo 
em vista o papel cogente dos direitos fundamentais, como 
do consumidor.
Essas são as disposições constitucionais relacionadas ao 
Direito do Consumidor.
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos 
informações de seu interesse particular, ou de interesse 
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob 
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo 
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
Comentário: o direito de informação pode ser encarado 
sob ótica pública ou privada. sob o aspecto privado, refere-se 
ao direito de ser informado, independentemente de censu‑
ra. sob a ótica pública, podemos entender tal prerrogativa 
como o direito que possuímos de obter, junto aos órgãos 
públicos, informações de interesse particular, ou de interesse 
coletivo ou geral. Esse direito é essencial, tendo em vista a 
adoção de forma de governo republicana, que insere a ideia 
de que o Estado é uma coisa pública, de todos, razão pela 
qual deve imperar o princípio da publicidade. A lei definirá o 
prazo no qual, sob pena de responsabilidade, a informação 
será prestada. Há, porém, exceções a esse princípio e que 
possibilitam a existência de informações sigilosas nos órgãos 
públicos. Esse sigilo deverá estar amparado na segurança da 
sociedade e do Estado.
interessante notar que os fundamentos para o sigilo das 
informações constantes dos órgãos públicos recebeu funda‑
mento diverso do segredo de justiça, que, segundo o art. 5º, 
lX, da CF,será possível nos casos de proteção do interesse 
social ou da intimidade.
XXXIV – são a todos assegurados, independentemente 
do pagamento de taxas:
a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de 
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para 
defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse 
pessoal;
Comentário: trata o presente inciso de uma gratuidade 
constitucional incondicionada, o que significa dizer que a 
cobrança de taxas para o exercício do direito de petição ou 
do direito de obter certidões será sempre inconstitucional. 
Há que se ressaltar que a constituição dispõe também sobre 
a gratuidade de duas certidões específicas: de óbito e de 
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
12
nascimento, no art. 5º, lXXVi, da CF, que no âmbito consti‑
tucional alcança apenas os reconhecidamente pobres, nos 
termos da lei.
XXXV – a lei não excluirá da apreciação do Poder Judici-
ário lesão ou ameaça a direito;
Comentário: cuida-se da inafastabilidade da jurisdição 
ou do princípio do amplo acesso ao Poder Judiciário, que 
demonstra a intenção do constituinte de submeter ao Poder 
Judiciário toda lesão ou amea ça de lesão a direito, afastando, 
assim, o modelo francês de contencioso administrativo, ou 
seja, de submissão de questões administrativas a tribunais 
específicos. sendo assim, seria inconstitucional, por exemplo, 
a estipulação de taxas judiciárias elevadas ou fixadas em per‑
centuais sobre o valor da causa, sem limite, pois impedem o 
amplo acesso da população ao Poder Judiciário.
Em certos casos é possível transacionar acerca do direito 
de acesso à máquina judiciária, por exemplo, nas hipóteses 
de convenção de arbitragem livremente acordada em um 
negócio jurídico. É possível também que a Fazenda Pública 
venha a condicionar um parcelamento tributário à renúncia 
do direito de discutir o débito perante o Poder Judiciário.
Em alguns casos, o prévio acesso à via recursal adminis‑
trativa se mostra necessário para a configuração do interesse 
de agir, condição para o ajuizamento de uma ação. Para 
a impetração de habeas data, por exemplo, é necessário 
que o interessado em obter acesso ou a retificação de seus 
dados pessoais comprove a existência de prévia negativa do 
detentor do banco de dados.
A justiça desportiva possui uma precedência sobre o 
sistema judicial no que se refere às causas relativas à dis‑
ciplina e às competições desportivas. nesse caso, a justiça 
desportiva terá o prazo de 60 dias, a partir da instauração 
do processo, para proferir sua decisão final. somente após 
o esgotamento da instância desportiva é que será possível 
submeter a causa ao Poder Judiciário.
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada;
Comentário: nosso sistema constitucional adota a ideia 
de irretroatividade da lei, impedindo, assim, que uma nova 
lei produza efeitos sobre atos anteriormente realizados, até 
mesmo sobre os efeitos futuros desses atos. A irretroativida‑
de, porém, não é total. A proibição constitucional limita-se 
aos casos em que a aplicação retroativa da lei prejudica o 
direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
A lei de introdução às normas do Direito Brasileiro, 
o Decreto-lei nº 4.657/1942, define o alcance dos referidos 
termos da seguinte forma:
Art. 6º A lei em vigor terá efeito imediato e geral, 
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido 
e a coisa julgada.
§ 1º reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado 
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos 
que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, 
como aqueles cujo começo do exercício tenha termo 
pré-fixo, ou condição preestabelecida inalterável, 
a arbítrio de outrem.
§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão 
judicial de que já não caiba recurso.
XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção;
Comentário: a proibição da existência de juízo ou tribunal 
de exceção impede que alguém seja julgado por um órgão 
judicial que não seja aquele ordinariamente competente para 
o julgamento da causa. A vedação do dispositivo, porém, não 
se limita a esse aspecto, relativo à competência. A proibição 
também visa a evitar que no processo seja utilizado proce‑
dimento diverso daquele previsto em lei, ofendendo, assim, 
a legislação processual.
XXXVIII – é reconhecida a instituição do júri, com a orga-
nização que lhe der a lei, assegurados:
a) a plenitude de defesa;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos 
contra a vida;
Comentário: o júri configura uma forma de exercício 
direto da soberania popular, tendo em vista que assegura 
ao povo o julgamento de crimes dolosos contra a vida. no 
tribunal do júri, o conselho de sentença, formado por pes‑
soas leigas, do povo, será o juiz de fato, sendo que o juiz de 
direito, togado, apenas terá a função de coordenar os atos 
processuais.
Como foi dito, o tribunal do júri possui competência para 
julgar os crimes dolosos contra a vida, que são aqueles crimes 
cometidos intencionalmente e que se voltam diretamente 
contra o bem “vida”. são exemplos de crimes contra a vida o 
homicídio, o aborto, auxílio ou a instigação ao suicídio e o in‑
fanticídio. Para que o crime seja julgado pelo júri, é necessário 
que ele se volte diretamente contra a vida, não sendo cabível 
o julgamento de crimes que se destinam a ofender outros 
valores, mas que acabam por atingir também a vida da vítima, 
tais como o latrocínio e a lesão corporal seguida de morte.
no júri, é admitida a utilização de quaisquer meios lícitos 
para o convencimento do conselho de sentença, garantia que 
a Carta Maior denomina plenitude de defesa. também será 
garantido o sigilo da votação, o que impede que os juízes 
leigos sejam ameaçados ou que sejam feitas tentativas de 
suborno, por exemplo. Por fim, cabe lembrar que o vere‑
dicto resultante do julgamento do conselho de sentença é 
soberano, o que impede que o juiz-presidente do tribunal 
venha a alterar alguma conclusão decorrente da votação. isso 
não impede, por outro lado, que sejam interpostos recursos 
contra a decisão proferida pelo tribunal do júri, ocasião na 
qual é possível que o julgamento seja desconstituído.
XXXIX – não há crime sem lei anterior que o defina, nem 
pena sem prévia cominação legal;
Comentário: trata-se do princípio da reserva legal ou da 
anterioridade da lei penal. A definição de crimes e a comina‑
ção de penas somente é possível por meio de lei em sentido 
estrito, excluindo-se portanto atos normativos primários, 
como as medidas provisórias. A previsão constitucional 
desse inciso, porém, não impede a existência de leis penais 
em branco, que admitem a existência de complemento a ser 
veiculado por normas infraconstitucionais, como a lei de 
tóxicos, por exemplo, que possui regulamento infraconstitu‑
cional no intuito de disciplinar quais substâncias devem ser 
consideradas entorpecentes para efeitos penais.
XL – a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
Comentário: trata-se do princípio da irretroatividade da 
lei penal mais maléfica, da retroatividade da lei penal mais 
benéfica ou da ultratividade da lei penal mais benéfica. 
segundo o referido princípio, a legislação penal não pode 
ser aplicada a fatos produzidos antes de sua vigência, salvo 
quando tratar-se de aplicação que beneficie o réu.
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
13
Dessa forma, se uma pessoa comete um crime quando 
da vigência de uma lei A e, posteriormente, surge uma lei 
B, mais maléfica, a data do julgamento será aplicada a lei A, 
ainda que não mais tenha vigência, tendo em vista que não 
se trata de retroatividade em prol do réu.
no caso de a lei posterior ser mais benéfica, a condena‑
ção aplicar-lhe-á, ainda que não vigente à época da conduta 
delitiva. Essa retroação pode até mesmo desconstituirdeci‑
sões que já tenham transitado em julgado.
Cabe nota de que não se admite a Combinação de Leis. 
se a lei posterior for em parte melhor e em parte pior que a 
anterior, o juiz não pode se utilizar da parte benéfica de uma 
lei W e da parte benéfica da lei K, sob pena de agir como 
um legislador positivo, já que criará uma terceira lei. o juiz 
deverá, portanto, analisar qual das leis é mais branda para 
beneficiar o réu no caso concreto.
Ex. 1:
Crime Permanente
na hipótese de crime permanente, a prática criminosa se alonga no tempo. Como na extorsão mediante sequestro, a lei 
será aplicada levando-se em conta o último momento em que praticado ato executório do crime. Vejamos.
Ex. 2:
XLI – a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos 
direitos e liberdades fundamentais;
Comentário: trata-se de cláusula genérica de proteção 
ao próprio sistema de garantias fundamentais do cidadão.
XLII – a prática do racismo constitui crime inafiançável e 
imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
Comentário: primeiramente, há que se asseverar que o 
racismo consiste em atitude de segregação, não se limitando 
a ofensas verbais de conteúdo discriminatório. Ademais, 
o racismo não precisa estar atrelado a critérios biológicos, 
englobando qualquer forma de discriminação baseada em 
critérios étnicos, religiosos etc. A inafiançabilidade impede 
a concessão de liberdade provisória mediante pagamento 
de fiança. A imprescritibilidade impede que o Estado venha 
a perder sua pretensão punitiva em virtude do decurso do 
tempo. Por fim, a pena de reclusão impõe a aplicação de 
regime de pena inicialmente fechado, sendo cabível, porém, 
a progressão de regime.
XLIII – a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetí-
veis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos 
como crimes hediondos, por eles respondendo os mandan-
tes, os executores e os que, podendo evitá‑los, se omitirem;
Comentário: os delitos definidos nesse inciso não admi‑
tem o pagamento de fiança com a finalidade de se obter a 
liberdade provisória, bem como a concessão dos benefícios 
da graça ou da anistia. interessante notar que será cabível 
a modalidade omissiva em relação àqueles que puderem 
evitar esses crimes.
XLIV – constitui crime inafiançável e imprescritível a 
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático;
Comentário: o presente inciso disciplina o terceiro grupo 
de crimes que mereceram do constituinte uma repressão 
especial. tal qual no racismo, foi excluída a possibilidade de 
pagamento de fiança e de prescrição de tais delitos.
sendo assim, temos o seguinte panorama no que se 
refere aos crimes com repressão especial, definidos cons‑
titucionalmente:
– inafiançáveis: racismo, crimes hediondos, tráfico, 
tortura, terrorismo e ação de grupos armados contra 
a ordem constitucional e o Estado Democrático;
– imprescritíveis: racismo e ação de grupos armados 
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
– sujeitos a reclusão: racismo;
– insuscetíveis de graça ou anistia: hediondos, tráfico, 
tortura e terrorismo.
Cabe lembrar que nada impede que a legislação venha a 
ampliar as características aqui listadas, prevendo, por exem‑
plo, que outros crimes também sejam sujeitas a prescrição.
XLV – nenhuma pena passará da pessoa do condenado, 
podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do 
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do 
patrimônio transferido;
Comentário: o princípio da pessoalidade da pena impede 
que a condenação penal venha a ser estendida, subjetiva‑
mente, extrapolando a figura do autor. nosso sistema repudia 
a responsabilidade de pena objetiva, razão pela qual a pena 
somente pode ser aplicada a quem seja culpado (em sentido 
lato) pela conduta delitiva. A referida limitação, porém, não 
se aplica aos reflexos patrimoniais da atividade criminosa. 
A obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento 
de bens pode alcançar os herdeiros, desde que a execução 
da dívida se limite ao patrimônio efetivamente transferido.
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
14
Dessa forma, ainda que os reflexos patrimoniais sejam 
transferidos aos sucessores, a obrigação nunca poderá ser 
cobrada em montante superior ao valor do patrimônio 
transferido, o que, de certa forma, impede a existência de 
uma responsabilidade penal objetiva.
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, 
entre outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição de direitos;
Comentário: as penas descritas no presente inciso for‑
malizam um rol meramente exemplificativo das penas que 
podem ser adotadas em nosso ordenamento jurídico. Estabe‑
lece a Constituição, ainda, o princípio da individualização da 
pena, que impõe a pena adequada ao réu, segundo elemen‑
tos objetivos (relacionados à conduta criminosa) e subjetivos 
(relativos ao perfil do réu). segundo esse preceito, deve o juiz, 
ao proceder à dosimetria da pena, adequar a pena de forma 
a amoldar-se perfeitamente à situação segundo critérios de 
quantidade, tipo e regime de cumprimento.
Por conta desse preceito já foi considerada inconstitu‑
cional a tentativa de se proibir a progressão de regime, que 
permite ao réu progredir, passando do regime fechado, mais 
grave, para os regimes semiaberto e aberto. A imposição de 
regime integralmente fechado retira do juiz a possibilidade 
de individualizar a pena segundo as peculiaridades existentes 
no caso, aplicando o mesmo regime de pena em qualquer 
situação.
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos 
termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Comentário: a pena de morte, como podemos perceber, 
somente é cabível quando o Presidente da república declara 
guerra, sendo aplicada nas hipóteses previstas na legislação 
penal específica.
Apesar de a Constituição Federal proibir a condenação 
em relação a penas de caráter perpétuo, é possível que uma 
sentença condenatória venha a impor pena de duzentos anos 
de reclusão, por exemplo. ocorre que, apesar de a sentença 
impor pena que provavelmente extrapola a prazo de vida 
de um ser humano, impõe o Código Penal que a execução 
dessa pena não poderá ultrapassar o prazo de trinta anos, 
o que acaba por impedir que a condenação resulte em uma 
penalidade de caráter perpétuo.
A pena de trabalhos forçados impede que o condenado 
seja obrigado a trabalhar de forma desumana, sendo obri‑
gado a empreender esforços que extrapolem o limite da 
capacidade humana.
o banimento significa o exílio, o desterro de um nacional. 
Consiste na proibição de permanência no território de seu 
país. não pode ser confundido com a expulsão, que se refere 
apenas aos estrangeiros e não é propriamente uma pena, 
mas uma medida de resguardo da soberania do país. se fosse 
considerada uma pena, seríamos obrigados a obedecer a um 
devido processo legal para poder expulsar um estrangeiro, 
o que não ocorre. na expulsão, o estrangeiro é retirado do 
País por ter cometido ato contrário aos interesses nacionais.
também não pode ser confundida com banimento a ex‑
tradição, que consiste na entrega de um estrangeiro ou de um 
brasileiro naturalizado a um país estrangeiro, permitindo-se, 
assim, seu julgamento e a aplicação de pena naquele Estado.
Por fim, registramos que o banimento não pode ser 
confundido com a deportação, que decorre da retirada do 
território brasileiro daqueles estrangeiros que não cumprem 
com os requisitos legais migratórios.
resumindo:
Por fim, registra a Constituição do Brasil a proibição 
de aplicação de penas cruéis, já que ferem a dignidade da 
pessoa humana.
XLVIII – a pena será cumprida em estabelecimentos 
distintos, de acordocom a natureza do delito, a idade e o 
sexo do apenado;
Comentário: a medida acima visa a resguardar a figura do 
preso, evitando abusos em virtude da maior suscetibilidade 
de certos presos. Evita também que a prisão deixe de ser 
um local de ressocialização para se tornar uma verdadeira 
escola de crime, já que os presos de menor periculosidade 
poderiam ser influenciados pelos presos de maior tendência 
à criminalidade.
XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade 
física e moral;
Comentário: o preso fica sob a tutela do Estado, devendo 
ter resguardada sua integridade física e moral. o Estado será 
responsável tanto pelos danos gerados por seus agentes, 
quanto por aqueles que sejam gerados pelos demais presos, 
tendo em vista o dever de cuidar da integridade daqueles 
que estão sob sua custódia.
L – às presidiárias serão asseguradas condições para 
que possam permanecer com seus filhos durante o período 
de amamentação;
Comentário: o direito à amamentação assegura, de certa 
forma, a obediência ao princípio da pessoa lidade da pena, 
já que a criança não será afetada nem sofrerá prejuízo em 
virtude do fato cometido pela mãe.
LI – nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura-
lizado, em caso de crime comum, praticado antes da natu-
ralização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito 
de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
Comentário: cuida-se, aqui, da primeira distinção trazida 
no texto constitucional acerca dos brasileiros natos e dos na‑
turalizados. Graficamente podemos representar a disposição 
acima da seguinte maneira:
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
15
LII – não será concedida extradição de estrangeiro por 
crime político ou de opinião;
Comentário: o disposto neste inciso impede que o ins‑
tituto da extradição venha a ser utilizado como forma de 
perseguição política. É respeitado, portanto, o pluralismo 
político, que é a liberdade de se optar por determinadas 
concepções políticas. Cabe lembrar, ainda, que a Constituição 
Federal, em seu art. 4º, X, prevê a concessão de asilo políti‑
co, que nada mais é do que um impedimento à extradição, 
concedido àqueles que sofrem de perseguição política em 
país estrangeiro.
LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão 
pela autoridade competente;
Comentário: cuida-se do princípio do juiz natural, que 
garante ao jurisdicionado o direito a receber a prestação 
jurisdicional segundo as regras rigidamente estabelecidas em 
lei. se uma causa é julgada em juiz incompetente, por exem‑
plo, estamos diante de nítida ofensa ao referido princípio.
Há quem defenda a existência do princípio do promotor 
natural, que também seria um consectário do presente inci‑
so. Esse princípio diz respeito à impossibilidade de alteração, 
de forma arbitrária, do membro do Ministério Público desig‑
nado para uma causa, buscando-se, dessa forma, a garantia 
da independência funcional, já que impede que os membros 
do parquet sofram qualquer pressão.
LIV – ninguém será privado da liberdade ou de seus bens 
sem o devido processo legal;
Comentário: estamos diante do princípio do devido pro‑
cesso legal, que impõe a observância das normas processuais 
vigentes para que alguém seja privado de sua liberdade 
ou de seus bens. A presente regra também é denominada 
“devido processo legal substancial” e impõe a observância 
da proporcionalidade de da razoabilidade.
LV – aos litigantes, em processo judicial ou administrati-
vo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório 
e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Comentário: este inciso explicita o conteúdo do devido 
processo legal processual, estipulando duas regras básicas, 
que são o contraditório e a ampla defesa.
o contraditório consiste no direito de con tra-argumen tar, 
ou seja, de apresentar uma versão que conteste as alegações 
feitas pela parte adversa.
A ampla defesa pressupõe a possibilidade de se produzir 
provas no processo, juntando elementos fáticos à argumen‑
tação feita em sua defesa.
LVI – são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas 
por meios ilícitos;
Comentário: no exercício da ampla defesa, não é possível 
juntar aos autos provas que tenham sido obtidas por meios 
ilícitos. A presente medida busca evitar que a atividade de 
produção de provas se torne um estímulo à prática de atos 
ilícitos.
Em certos casos, porém, essa proibição é relativizada, 
desde que a prova obtida por meio ilícito seja o único meio 
de prova capaz de garantir o direito de defesa de pessoa que 
esteja na condição de acusada.
A doutrina e a jurisprudência reconhecem a regra da 
prova ilícita por derivação (teoria dos frutos da árvore en‑
venenada). segundo tal regra, também serão inadmitidas no 
processo as provas que forem obtidas a partir de uma prova 
obtida por meio ilícito. Vamos supor, por exemplo, que um 
policial faça uma escuta clandestina, descobrindo que um 
crime será cometido no dia seguinte, em tal lugar, em tal 
hora. se esse policial presenciar o crime e fotografar a cena, 
tais fotos também serão ilícitas, pois somente foram obtidas 
a partir das informações colhidas na escuta clandestina, 
atividade criminosa que contamina as provas subsequentes.
Por fim, ressaltamos que o simples fato de existirem 
provas obtidas por meios ilícitos em um processo não signi‑
fica que haverá absolvição do réu. É possível, dessa forma, 
a condenação se existirem no processo outras provas inde‑
pendentes e capazes de fundamentar eventual sentença 
condenatória.
LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito 
em julgado de sentença penal condenatória;
Comentário: cuida o presente inciso do que comumente 
se denomina princípio da presunção de não culpabilidade 
ou da presunção de inocência. Com base nesse dispositivo, 
somente após o trânsito em julgado da sentença condenató‑
ria, o réu poderá ser considerado culpado. isso não significa, 
porém, que ele não poderá ser preso antes disso. A prisão 
não é atrelada à culpa, já que pode ser uma medida de cau‑
tela, evitando-se a fuga do preso ou o risco de cometimento 
de novos delitos.
são exemplos de prisões cautelares as temporárias, 
preventivas, por pronúncia etc.
D
ir
E
it
o
 C
o
n
st
it
u
C
io
n
A
l
16
LVIII – o civilmente identificado não será submetido a 
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
Comentário: em nosso país, privilegiando-se a presun‑
ção de legitimidade e a fé pública, adota-se como regra a 
identificação feita por meio de documentos civis. Em casos 
excepcionais, porém, desde que haja previsão legal, poderá 
ser feita a identificação criminal, papiloscópica ou fotográfica, 
por exemplo.
Assim, quando alguém é detido, somente será obrigado a 
proceder a uma identificação criminal se, por exemplo, não 
possuir identificação civil, tiver identificação civil em mau 
estado de conservação ou cometer delitos específicos, 
previstos em lei.
LIX – será admitida ação privada nos crimes de ação 
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
Comentário: esse é o caso da ação penal privada sub‑
sidiária da pública. Vamos aqui, de forma sintética, resumir 
esse trâmite.
o Poder Judiciário somente age quando é provocado. 
A isso chamamos princípio da inércia. Dessa forma, para 
que o Estado possa condenar alguém pelo cometimento de 
um crime, é necessário que o Judiciário seja provocado por 
meio de uma ação penal.
As ações penais podem ser ajuizadas pela vítima (ação 
penal privada) ou pelo Ministério Público (ação penal pú‑
blica), quando for o caso. Quando proposta pela vítima, 
denominamos queixa-crime; quando iniciada pelo Ministério 
Público, denominamos denúncia.
A lei penal possui o papel de definir qual será a forma de 
propositura da ação, sendo mais comum a propositura pelo 
Ministério Público. nesse caso, se o Ministério Público não 
apresentar denúncia no prazo legal, abrir-se-á oportunidade 
de a vítima substituir o Ministério Público, por meio da ação 
penal privada subsidiária da pública.
LX –

Outros materiais