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Brasília-DF. ElEtrotErmofototErapia E HidrotErapia Elaboração Daniele Furtado Albanezi Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 6 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8 UNIDADE I ELETROTERAPIA ...................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 CONCEITOS BÁSICOS EM ELETROTERAPIA ................................................................................. 9 CAPÍTULO 2 PROPRIEDADES ELÉTRICAS DAS CÉLULAS E DOS TECIDOS ....................................................... 14 CAPÍTULO 3 TIPOS DE CORRENTES UTILIZADAS EM ELETROTERAPIA .............................................................. 19 CAPÍTULO 4 RECURSOS UTILIZADOS EM ELETROTERAPIA .............................................................................. 24 CAPÍTULO 5 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO ..................................................................................................... 32 UNIDADE II TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA ............................................................................................................ 37 CAPÍTULO 1 TEMPERATURA CORPORAL E REGULAÇÃO TÉRMICA ................................................................ 37 CAPÍTULO 2 RECURSOS UTILIZADOS NA TERMOTERAPIA .............................................................................. 41 CAPÍTULO 3 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE TERMOTERAPIA ......................................................................... 46 CAPÍTULO 4 RECURSOS FOTOTERAPÊUTICOS UTILIZADOS: LASER, INFRAVERMELHO, ULTRAVIOLETA ............... 51 CAPÍTULO 5 TÉCNICAS DE APLICAÇÃO DE FOTOTERAPIA ........................................................................... 64 UNIDADE III HIDROTERAPIA ..................................................................................................................................... 69 CAPÍTULO 1 HISTÓRICO DA HIDROTERAPIA NO MUNDO E NO BRASIL ......................................................... 69 CAPÍTULO 2 PRINCÍPIOS FÍSICOS DA ÁGUA ................................................................................................ 72 CAPÍTULO 3 TÉCNICAS TERAPÊUTICAS NA ÁGUA ........................................................................................ 76 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 82 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 7 Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 Introdução Desde a antiguidade, recursos que envolvam eletroterapia, termoterapia e fototerapia são amplamente utilizados, tal como o uso da água com finalidade terapêutica. Antes de se pensar em protocolos de tratamento é útil que se siga em busca dos efeitos biológicos e terapêuticos de todas as técnicas que envolvam eletrotermofototerapia. Assim, conhecendo a fisiologia envolvida na condução de correntes, de calor, de frio e de luz é possível que se tenha claramente as indicações de acordo com cada paciente. Sabendo que a eletrotermofoterapia reúne recursos muito úteis aos fisioterapeutas, cada vez mais estudos contribuem para que as técnicas se aperfeiçoem e assim, trabalhem de forma segura e coerente com o objetivo esperado em cada tratamento. Tão importante quanto escolher o recurso é saber para que serve e o que promove no organismo. Diante disso, esta disciplina pretende que o aluno tenha a escolha certa em mãos para tratar seus pacientes, que não siga protocolos dados, mas que raciocine sobre a melhor opção de tratamento diante da queixa do paciente e seu objetivo esperado. Objetivos » Capacitar o aluno na prescrição e aplicação de recursos físicos (eletrotermofoterapia) para o tratamento fisioterapêutico, após conhecimento de cada técnica. » Apresentar ao aluno os princípios físicos da água e seus efeitos fisiológicos como recurso terapêutico, seja na prevenção como na reabilitação da doença. 9 UNIDADE IELETROTERAPIA CAPÍTULO 1 Conceitos básicos em eletroterapia Carga elétrica É a propriedade básica da eletroterapia. Esta carga elétrica pode ser positiva (carregada de prótons) ou negativa (carregada de elétrons). Porém, um átomo pode ser eletricamente neutro indicando que está carregado com número igual de prótons e elétrons. Figura 1. Carga elétrica: Elétrons (negativo), Nêutron (neutro=o), Prótons (positivo). Cargas iguais – REPELEM-SE Cargas opostas – ATRAEM-SE Fonte: <http://1.bp.blogspot.com/-z1NXSobsr6Q/UNdHUE_zRkI/AAAAAAAAAEo/U_zIhwkCLgY/s1600/introducao-eletricidade-4.gif>. Acesso em: 15 dez. 2016. Se um átomo perde elétron, sem mudar a quantidade de prótons em seu núcleo ele torna-se positivamente carregado. 10 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA Íons: átomoscom excesso ou deficiência de elétron. Cátions: átomos positivamente carregados. Ânions: átomos negativamente carregados. Polaridade: termo usado para indicar a carga relativa (positiva ou negativa) de terminais ou condutores que participam de um circuito elétrico. Figura 2. Interação das cargas elétricas (P=PRÓTON); (E=ELÉTRON); (N=NÊUTRON). Fonte: <http://fisicathomasedison.blogspot.com/>. Acesso em: 15 dez. 2016. Lei de Coulomb: quanto maiores as cargas respectivas maior a proximidade entre elas e maior será a atração ou a repulsão. Campo elétrico Partículas carregadas geram uma força elétrica que será conduzida pelo campo elétrico que cada carga cria ao seu redor. A partir do movimento das cargas observam-se as linhas de força. Estas saem de carga positiva e chegam à carga negativa e nunca se cruzam. Vale destacar também que a intensidade do campo elétrico é proporcional à concentração das linhas de força. http://fisicathomasedison.blogspot.com/ 11 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Figura 3. Exemplo de campo elétrico uniforme. Dois polos diferentes se atraem e criam um campo elétrico com linhas paralelas. Fonte: <http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig55.gif>. Acesso em: 15 dez. 2016. Condutores e isolantes Substâncias condutoras são aquelas que apresentam campo elétrico onde as partículas carregadas se movem facilmente, já as isolantes não permitem o movimento livre de íons e elétrons. Músculos e nervos são bons condutores diferentes de pele que gordura que não são bons condutores. Figura 4. Quando encostamos em uma pessoa que está com a mão na corrente elétrica, passamos a fazer parte deste circuito e nos tornamos condutores. Já parou para pensar o porquê tomamos choque quando encostamos em uma pessoa que está com a mão na corrente elétrica? Fonte: <http://www.efeitojoule.com/2008/04/quantizacao-de-carga-eletrica.html>. Acesso em: 15 dez. 2016. http://cepa.if.usp.br/e-fisica/imagens/eletricidade/basico/cap03/fig55.gif http://www.efeitojoule.com/2008/04/quantizacao-de-carga-eletrica.html 12 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA Corrente elétrica Definida como a quantidade de carga que se move num plano condutor em determinada unidade de tempo. Assim, para produzir corrente elétrica é preciso partículas carregadas livremente em determinada substância, que sofram ação de uma força que as movam. Resistência e condutância Resistência é a capacidade das partículas se oporem nos condutores enquanto a condutância descreve a facilidade das partículas carregadas se moverem nos condutores. Lei de Ohm: a corrente induzida em um condutor aumenta proporcionalmente à força motriz aplicada, ou inversamente proporcional ao movimento da carga. Capacitância e impedância Capacitância é a capacidade de um sistema de condutores e isolantes em armazenar carga. Enquanto a resistência leva em conta a oposição das correntes contínuas, a impedância descreve as correntes alternadas. Correntes produzidas nos tecidos biológicos são influenciadas pela resistência e pela capacitância do tecido. Quanto mais alta a frequência de estimulação, mais baixa será a impedância do tecido. Surgimento da eletroterapia Desde a antiguidade recursos relacionados com eletroterapia foram observados em diferentes formas e com isso o próprio termo eletroterapia ganhou várias denominações, entre elas eletricidade médica, que nada mais se restringe ao uso de correntes elétricas para tratamento de pacientes. A seguir, um cronograma com principais achados na história relacionados à eletroterapia. Quadro 1. 5000 a.C. Egípcios consideravam o bagre do Nilo um ser divino por sua capacidade de emitir correntes elétricas. 1000 a.C. Magnes, um pastor grego, relata que as armações de ferro de suas sandálias atraíam magnetita. 600 a.C. Tales de Mileto verificou que o âmbar atraía pequenos elementos, e assim denominou-se a resina como elektron. 300 a.C. Aristóteles descobriu que o peixe elétrico produzia certo entorpecimento nas mãos. 13 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I 42 a.C. O romano Scribonius Largus escreve o primeiro tratado de farmacologia e testa a aplicação do peixe elétrico na cabeça para alívio de dor de cabeça e para artrite gotosa. 1551 O físico italiano Girolano Cardano, definiu que a atração exercida pela magnetita era uma atração de força elétrica. 1600 O físico e médico da rainha Elizabeth I, Willian Gilbert, criou as primeiras máquinas de indução eletrostástica, que seguiram sendo utilizadas nos 300 anos seguintes. Willian Gilbert concluiu que a Terra era magnética, pelo fato de as bússolas apontarem para o norte. Estudou eletricidade estática usando âmbar em seu livro Magneticisque Corporibus et de Magno Magnete Telllure. 1672 Otto Von Guericke, físico alemão criou o primeiro gerador eletrostático. 1757 Benjamin Franklin, fez uso de um equipamento elétrico para tratar ombro congelado e paralisia após acidente vascular encefálico. 1764 Gennai Hiraga, farmacologista japonês utilizou eletroestimulação com acupuntura através de magnetizadores estáticos. 1791 Luigi Galvani, médico anatomista e filósofo italiano descobriu que a descarga elétrica em músculos de rãs promoviam contração muscular, dando início ao entendimento as propriedades biolétricas dos músculos. Assim, a corrente galvânica surgiu quando utilizou uma corrente contínua para se obter uma contração muscular. 1833 O francês e neurologista Guillaume Duchene iniciou estudos com eletroterapia que passaram a ser utilizados em hospitais franceses. 1864 Graças às equações de Maxwell os fenômenos elétricos e magnéticos puderam se unificar e serem quantificados. 1887 “Efeito Hertz” descoberto por Heinrich Hertz que observou que no momento em que a luz incide numa placa de metal, elétrons saem da placa, tendo a luz como resultante de uma onda eletromagnética. 1905 Einstein explica o efeito fotoelétrico, dizendo que a luz é transmitida em pacotes (quanta) ou fótons como é atualmente descrita. O efeito fotoelétrico refere-se ao fato de a absorção de radiação eletromagnética por átomos que aumentam nível energético de elétrons, e ao diminuir este nível o elétron emite um fóton. 1953 O médico alemão Reinhol Voll, cria o primeiro equipamento de eletroterapia que utilizava a corrente comercial, também realizou os primeiros estudos sobre resistência elétrica dos pontos de acupuntura. Fonte: Adaptado de <http://ofisioterapeuta.blogspot.com>. Acesso em 15 dez. 2016. Eletroterapia no Brasil: primeiro marco A partir da exposição da eletroanalgesia no IX Congresso Internacional da Word Confederation for Physical Therapy, em 1982, ocorrido em Estocolmo, uma empresa brasileira trouxe esta técnica para o Brasil e criou o primeiro aparelho TENSYS-831, seguindo os padrões do TENS americano. A partir daí surgiram os tratamentos terapêuticos no Brasil utilizando de correntes elétricas. 14 CAPÍTULO 2 Propriedades elétricas das células e dos tecidos Os tecidos do corpo são formados por células eucarióticas (células que possuem um núcleo definido e protegido pelo envoltório nuclear, com um mais nucléolos e constituem muitas organelas citoplasmáticas). Estas células são embebidas em líquido o que as torna capacitadas para gerar e receber carga elétrica. Figura 5. Célula eucariótica. Fonte: <http://iemmaconvida.blogspot.com.br/2012/03/para-os-alunos-do-7-ano-do-iemma.html> Acesso em: 15 dez. 2016. A atividade elétrica nas células do corpo deve-se ao movimento de íons (corrente de convecção) que ocorre de forma lenta em vias curtas com alterações constantes nas células individuais (cerca de 1 décimo de volt). Estrutura da membrana e potencial de repouso da membrana As membranas de células musculares e nervosas são constituídas de uma bicamada fosfolipídica com várias moléculas proteicas. 15 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Proteínas de membranas podem servir como: » Proteínas receptoras que agem como sítios de ligação para neurotransmissores ou neuromoduladores.» Proteínas de canal que formam um poro através da membrana para movimento de íons como sódio, potássio, cloro ou cálcio. » Proteínas transportadoras que fixam e transferem substâncias como sódio e potássio pela membrana, contra o gradiente de concentração. Figura 6. Composição da membrana celular excitável, contendo bicamada fosfolipídica e as proteínas constituintes. Fonte: <http://interna.coceducacao.com.br/ebook/pages/3468.htm> Acesso em: 15 dez. 2016. Devido sua estrutura, a membrana celular excitável funciona como uma barreira para movimento de substâncias (como oxigênio, dióxido de carbono e água) intra e extracelular. Já os íons não se movem com tanta facilidade entre a membrana, por isso existe uma diferença de permeabilidade para diferentes partículas carregadas eletricamente. No estado de repouso as membranas são: » bastante permeáveis a íons de potássio; » ligeiramente permeáveis a íons de sódio; » impermeáveis a proteínas muito carregadas negativamente e fosfatos (ânions). 16 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA Em repouso, as membranas excitáveis usam energia em forma de adenosina trifosfato (ATP) para transporte ativo de sódio e potássio. Bomba sódio-potássio: este fenômeno é o que deixa a membrana da célula polarizada e assim excitável. Íons de sódio saem de dentro da célula e íons e potássio entram na célula. Assim, a membrana celular tem um potencial de repouso de aproximadamente de -90mV para músculos e -75mV para fibras nervosas periféricas. Potencial de ação As membranas de células musculares e nervosas podem rapidamente alterar sua permeabilidade aos íons em resposta a determinadas intervenções. Assim os potenciais de ação são responsáveis pela despolarização da membrana celular (potencial da membrana fica por volta de -55mV) que vai permitir a entrada de sódio para dentro da célula, além da saída de potássio de dentro dela para o meio extracelular. O refluxo de potássio para dentro da célula e a saída de sódio para fora dela, refere-se à repolarização da membrana. Ocorre uma hiperpolarização da membrana em repouso num ponto considerado de equilíbrio de potássio e com isso a difusão passiva de íons restabelece o potencial de ação da membrana. A despolarização e a repolarização refere-se ao potencial de ação gerado na membrana celular, que vai ativar a bomba sódio-potássio, refere-se então, à mudança de voltagem da membrana celular que favorece o fluxo de sódio e potássio. O transporte de íons pela membrana celular ocorre por três mecanismos: » Difusão: íons se movem de uma área de alta concentração para uma de menor concentração, assim como pela atração de sua carga. » Difusão facilitada: refere-se a moléculas vinculadas a moléculas transportadoras, sendo um processo passivo, pois a molécula depende de outra para se movimentar, um exemplo é a glicose. » Transporte ativo: necessita de energia para que ocorra o transporte, advinda da adenosina trifosfato (ATP) e envolve proteínas carregadoras para transporte de íons e moléculas, respeitando os gradientes de concentração e elétrico. 17 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Figura 7. Transporte ativo de íons. Fonte: <http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Transporte+De+%C3%8Dons&lang=3> Acesso em: 15 dez. 2016. Cargas elétricas geradas por células musculares Quando o músculo se contrai gera um potencial de ação em uma ou mais unidades motoras. Unidade motora: um nervo motor junto às fibras musculares inervadas por ele. Um músculo pode ter muitas unidades motoras. Contração muscular (figura 8): Para ativar um músculo, inicialmente o sistema nervoso central gera um potencial de ação nos axônios dos motoneurônios alfa, que se propaga ao longo dos axônios periféricos até atingirem os terminais do nervo motor. Neste momento, o potencial de ação nos terminais do nervo motor promove liberação de acetilcolina na placa motora (Exocitose). Por difusão, a acetilcolina move-se entre o nervo e as membranas musculares e se liga ao receptor proteico na região da placa motora aumentando a permeabilidade de íons de sódio por abrir os canais proteicos de sódio. À medida que o sódio entra na membrana muscular e o potencial da membrana é reduzido ocorre o potencial de placa (íons de sódio entram na célula e de potássio saem) que vai atingir os Túbulos-T para que seja levado ao interior da célula, com isso os canais de cálcio do retículo sarcoplasmático são abertos e o cálcio sai para o citoplasma que vai se unir aos filamentos grossos e finos. 18 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA O cálcio livre no citoplasma se liga rapidamente a qualquer sítio de ligação de cálcio na molécula de troponina mudando tanto a conformação da troponina quanto da tropomiosina (proteína presa à troponina). Essa mudança de conformação das duas proteínas facilita que moléculas de actina se liguem às cabeças de miosina formando as pontes cruzadas, que rapidamente mudam a forma das moléculas de miosina, com isso a cabeça da miosina gira puxando os filamentos finos em direção ao centro dos sarcômeros, que é o que produz a Força de contração. Durante a contração a interação miosina-actina produz quantidades suficientes de ATP para que todo o processo tenha energia suficiente. Figura 7. Contração muscular. Fonte: <http://pt.slideshare.net/emanuelbio/tecido-muscular-super-super-med> Acesso em: 15 dez. 2016. 19 CAPÍTULO 3 Tipos de correntes utilizadas em eletroterapia Basicamente, existem três tipos de correntes elétricas utilizadas de forma terapêutica: Quadro 2. CONTÍNUA ALTERNADA PULSADA Fluxo unidirecional contínuo ou ininterrupto de partículas carregadas. Fluxo bidirecional contínuo ou ininterrupto de partículas carregadas. Fluxo uni ou bidirecional interrompido de partículas carregadas. Fonte: <http://ofisioterapeuta.blogspot.com> Acesso em: 15 dez. 2016. As correntes alternadas e pulsadas apresentam ondas e pulsos com características descritivas e quantitativas específicas: Quadro 3. Características descritivas Características quantitativas Número de fases Monofásica Características dependentes da amplitude Amplitude máxima Bifásica Amplitude entre picos Trifásica Amplitude eficaz Polifásica Amplitude média Simetria de fases Simétrica Características dependentes do tempo Duração da fase Assimétrica Duração do pulso Equilíbrio da cada de fase Equilibrada Tempo de transição Desiquilibrada Tempo de extinção Forma de onda ou forma da fase Retangular Intervalo interpulso Quadrada Intervalo intrapulso Triangular Período Dente-de-serra Frequência Sinusoidal Características dependentes da amplitude e do tempo. Carga de fase Exponencial Carga de pulso Fonte: < http://ofisioterapeuta.blogspot.com> Acesso em: 15 dez. 2016. http://ofisioterapeuta.blogspot.com http://ofisioterapeuta.blogspot.com 20 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA Figura 20. Característica da onda. A) Corrente alternada retangular. B) Corrente contínua retangular. C) Corrente retangular pulsada. Fonte: <http://rtufvjm.blogspot.com.br/2009/10/principios-gerais-em-eletroterapia.html> Acesso em: 15 dez. 2016. Em um pulso monofásico as partículas carregadas movem-se em uma direção e depois param, enquanto no bifásico esse movimento é de vai e vem. Já as trifásicas apresentam três direções e a polifásicas, mais de três direções. A onda produzida pelo movimento do pulso pode ser simétrica ou assimétrica dependendo da amplitude da corrente. Sendo simétrica a forma da onda bifásica que vai numa direção é exatamente igual à forma da onda da direção oposta e já a assimétrica, esses ondas são diferentes, especialmente pelo tempo de duração de cada onda ser diferente. 21 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Figura 10. Simetria das fases de onda. Fonte: <https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwiEr_ 6i-LTNAhVGOZAKHf82DCEQjB0IBA&url=http%3A%2F%2Fxa.yimg.com%2Fkq%2Fgroups%2F19866073%2F2113933227%2Fname %2Feletroterapia.pdf&bvm=bv.124817099,d.Y2I&psig=AFQjCNEIpOmTdmPJ4DS-SYDKpQLvx7NCJA&ust=1466454096548001>Acesso em: 15 dez. 2016. A forma da onda bifásica pode ser equilibrada quando a área dela é igual nas duas fases, ou desequilibradas se se esta área for diferente, também dependente do tempo de duração da onda. Figura 11. Onda monofásica e bifásica. Fonte:< <https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=&url=http%3A%2F%2F xa.yimg.com%2Fkq%2Fgroups%2F19866073%2F2113933227%2Fname%2Feletroterapia.pdf&bvm=bv.124817099,d. Y2I&psig=AFQjCNEIpOmTdmPJ4DS-SYDKpQLvx7NCJA&ust=1466454096548001&cad=rjt> Acesso em: 15 dez. 2016. Fica claro que a forma da onda, o número de fases, sua simetria e seu nível de equilíbrio dependem da amplitude e do tempo. A amplitude apresenta quatro variações, sendo elas: amplitude máxima (com corrente máxima alcançada em um pulso monofásico ou para cada fase de pulso bifásico), amplitude entre picos (corrente máxima é medida do pico da primeira fase ao pico da https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=&url=http%3A%2F%2Fxa.yimg.com%2Fkq%2Fgroups%2F19866073%2F2113933227%2Fname%2Feletroterapia.pdf&bvm=bv.124817099,d.Y2I&psig=AFQjCNEIpOmTdmPJ4DS-SYDKpQLvx7NCJA&ust=1466454096548001&cad=rjt https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=&url=http%3A%2F%2Fxa.yimg.com%2Fkq%2Fgroups%2F19866073%2F2113933227%2Fname%2Feletroterapia.pdf&bvm=bv.124817099,d.Y2I&psig=AFQjCNEIpOmTdmPJ4DS-SYDKpQLvx7NCJA&ust=1466454096548001&cad=rjt https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&ved=&url=http%3A%2F%2Fxa.yimg.com%2Fkq%2Fgroups%2F19866073%2F2113933227%2Fname%2Feletroterapia.pdf&bvm=bv.124817099,d.Y2I&psig=AFQjCNEIpOmTdmPJ4DS-SYDKpQLvx7NCJA&ust=1466454096548001&cad=rjt 22 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA segunda), amplitude eficaz (RMS) ou a amplitude média levam em conta o pulso e com isso mais precisamente fornecem a força estimulante da onda, assim, nota-se que nem todo valor de amplitude máxima é 100% equivalente à onda. A duração da fase e do pulso (largura de pulso) são medidas de tempo que quantificam o pulso da corrente, além do tempo de transição que representa um intervalo entre uma fase e outra, tal como o período de extinção, sendo este o final da fase. Todas essas características são expressas em micro ou milissegundos na aplicação clínica. Para descrever uma série de pulsos é importante considerar o intervalo interpulso e a frequência, daí obtém-se o período do pulso. Modulações da corrente, considerando suas características quantitativas são necessárias para a aplicação clínica. Uma modulação comum na clínica é a modulação de rampa (oscilação), considerando a rampa de subida e rampa de descida, aumento e diminuição, respectivamente, da amplitude e/ou da duração de pulso durante o tempo. Figura 12. Exemplo de uma Corrente Pulsada de Alta Voltagem com pulsos de alta amplitude iguais e curta duração, e forma de onda monofásica (unidirecional). CICLO DE TRABALHO = ON TIME x 100% (ON TIME + OFF TIME) TREM: série contínua e repetitiva de pulsos ou segmentos de uma corrente alternada BURST: série de pulsos em um intervalo determinado numa frequência e tempo estabelecido. ON TIME: tempo onde um trem de pulso ou uma série de bursts é fornecido na aplicação terapêutica. OFF TIME: tempo entre trens de pulsos ou uma série de bursts. 23 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Fonte: <http://www.fisiofernandes.com.br/media/wysiwyg/neurodyn-high-volt-fisio-fernandes.jpg. Adaptado: Sandro Kill>. Acesso em: 15 dez. 2016. Antes de escolher o recurso a ser utilizado na eletroterapia é preciso ter em mente o que esperar dele, de acordo com a característica principal da corrente. 24 CAPÍTULO 4 Recursos utilizados em eletroterapia Corrente galvânica Características: » Corrente do tipo contínua. » Unidirecional (elétrons seguem num único sentido: polo negativo para polo positivo). Utiliza-se dois eletrodos (um positivo e um negativo) e ambos precisam estar em contato com o paciente para fechar o circuito da corrente. » Produz calor e assim muda permeabilidade da membrana facilitando a absorção da corrente e quando for o caso da iontoforese, também absorção das substâncias. O uso de corrente galvânica apresenta-se em dois tipos terapêuticos: » Galvanização. » Iontoforese (ionização). A iontoforese é uma técnica não invasiva que utiliza de uso de substâncias (como medicamentos) durante a aplicação, assim a passagem da corrente favorece absorção da substância nas membranas biológicas. A passagem da corrente aumenta o metabolismo e melhora a atividade celular, com isso a penetração de substâncias (moléculas ionizadas) é favorecida. Seus efeitos são tanto locais quanto sistêmicos. 25 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Figura 13. Iontoforese: o princípio ativo (fármaco) é incorporado ao gel e deve ter polaridade definida (ionizado). Fonte: <http://www.negocioestetica.com.br/tag/iontoforese/> Acesso em: 15 dez. 2016. Corrente diadinâmica Características: » Corrente senoidal. » Com duas formas básicas: › Monofásica fixa (MF) que se apresenta como senoidal retificada, com uma série de 10 ms de pulsos em forma de meia onda senoidal intervalado com pulso de 10 ms. Figura 14. Corrente senoidal Monofásica fixa. Fonte: <files.viniciuscoca.com> › Difásica fixa (DF), sendo uma senoidal retificada completa com uma 26 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA série contínua de pulsos senoidais de 10 ms que resultam numa frequência de 100 Hz. Figura 15. Corrente senoidal difásica fixa. Fonte: <files.viniciuscoca.com> › Pode ser uma corrente de curto período ou de longo período. › Curto período quando uma monofásica fixa é aplicada alternando por 1s com uma difásica fixa. › Longo período, refere-se à aplicação de duas correntes monofásicas fixas, que pode durar 5 ou 6s. Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) Características: » Intensidade relativamente baixa para controle da dor. » Duração do pulso geralmente varia entre 10µs a 400µs. » Frequência comumente encontra-se entre 2 e 200Hz e com esses parâmetros o pico máximo da corrente fica entre 50 a 100 mA. O TENS convencional utiliza-se de alta frequência e baixa intensidade (pulsos curtos com cerca de 50 µs a uma frequência d 40-150Hz). O TENS de pulso trabalha nessa mesma frequência do TENS convencional, porém com intensidade mais alta, visto que pode ser mais tolerável por emitir uma série de pulsos (em média 1-5 por segundos). Sua duração de aplicação varia de 30-60 27 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I minutos em até duas vezes ao dia, porém se houver mais de uma aplicação ao dia é necessário um intervalo de meia hora para não irritar a pele. Em casos de condições bem dolorosas e localizadas, utiliza-se o TENS breve e intenso, com pulsos de maior duração (0,2ms), frequência bem alta (em torno de 100hz) e intensidade mais alta que a tolerada por um período pequeno (inferior a 15 minutos). O TENS tipo acupuntura utiliza baixa frequência (2Hz), pulsos de longa duração (0,2ms) e operam com alta intensidade, a ponto de produzir contração muscular efetiva. Pode ser aplicado uma vez ao dia por 20-30 minutos. E, se houver necessidade de usar TENS por um período longo é preciso variar constantemente a frequência, a duração do pulso e a intensidade, impedindo a adaptação dos nervos à corrente. A corrente não deve ser dolorosa e nem provocar contração muscular e assim, informa-se ao paciente, pois a intensidade vai aumentando gradativamente de acordo com sua sensibilidade. Espera-se que sinta um formigamento ou pontada durante a aplicação. Quanto ao posicionamento dos eletrodos, deve-se considerar o local da dor, colocando o eletrodo neste local ou próximo ou ainda sobre o dermátomo, miótomo ou esclerótomo. Pode-se também considerar os pontos de acupuntura para posicionamento dos eletrodos ou o ponto-gatilho quando houver. Em casos de dor neurogênica, considera-seo posicionamento do eletrodo sobre os nervos periféricos. Figura 16. O TENS convencional é o tipo de TENS mais utilizado pelos fisioterapeutas, seguido do breve e intenso e Burst e por fim, o tipo acupuntura. Fonte: <http://www.efdeportes.com/efd177/aplicacao-do-tens-em-clinicas-de-fisioterapia.htm> Acesso em: 15 dez. 2016. 28 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA Eletroestimulação Elétrica Neuromuscular (EENM) A estimulação elétrica beneficia o fortalecimento muscular em intensidades baixas de contração de treinamento, assim o fortalecimento com EENM se baseia em vários programas de exercício voluntário de fortalecimento. As contrações estimuladas pela EENM deve ser tetanizada no nível de torque tolerado mais alto. Características: » Corrente pulsada ou contínua modulada, na amplitude máxima tolerada. » Duração de fase de 20-1000µs. » Frequência de estimulação de 30-75 pulsos ou bursts por segundo. » A contração obtida é do tipo isométrica que utiliza on time de 10-15s e off time de 50-120s. Normalmente são feitas 10 contrações por sessão na intensidade máxima tolerável e três vezes por semana. Os eletrodos devem ser posicionados adequadamente, de modo que primeiro seja localizado o ponto motor do músculo a ser ativado. Figura 17. Para verificar o quanto que a eletroestimulação neuromuscular seria capaz de alterar o torque isométrico do músculo quadríceps, estando os músculos nas posições de encurtamento (A) ou em alongamento (B), sugerem que independente da posição muscular a EENM aumenta o pico de força isométrica. Fonte: <http://docplayer.com.br/14553763-Analise-do-torque-do-musculo-quadriceps-apos-estimulacao-eletrica- neuromuscular-nas-posicoes-de-alongamento-e-encurtamento.html> Acesso em: 15 dez. 2016. Corrente interferencial Consiste na passagem de duas correntes alternadas de média frequência. Quando essas correntes se encontram formam uma nova corrente. 29 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Características: » Frequência utilizada é constante (ou estática) e varia de 1 a 250Hz, porém pode ser modulada, especialmente no quesito tempo e padrão da corrente, assim garante que o nervo não se acostume à corrente. » Nos aparelhos é possível regular frequência de batimento constante (80Hz), de batimentos variáveis (20-80Hz), o tempo para um ciclo de frequências de batimento variáveis, a intensidade e o tempo total do tratamento. » A intensidade é ajustada de acordo com a sensibilidade do paciente e uma intensidade máxima (sugere-se que seja entre 8 e 15mA) será capaz de produzir contração muscular. Corrente russa Características: » Corrente de média frequência alternada (2500Hz) aplicada como uma série de disparos separados (50 períodos de 20 ms de duração). » Com pulsos de curta duração tipo farádico (50 fases de 0,2ms de duração). » Quando o objetivo da corrente é buscar hipertrofia muscular utiliza-se alta intensidade a fim de produzir contração muscular máxima tolerável, com poucos segundos de duração e maior período de repouso. » Normalmente a aplicação dura 10 a 20 minutos, feitos 2 a 3 vezes na semana. A aplicação da corrente russa pode ser feita associada a movimentos musculares, e com isso existe a participação ativa da pessoa junto à passagem da corrente que vai favorecer coordenação motora associada ao ganho de volume e força muscular ou resistência física. 30 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA Efeitos fisiológicos de cada recurso Corrente galvânica Os efeitos terapêuticos da corrente galvânica deve-se aos efeitos biológicos: » Diminuição do limiar de excitabilidade das fibras nervosas motoras, com isso aumenta a capacidade de reação e melhora função, além de contribuir para efeito analgésico por diminuir efeitos dolorosos. » O aquecimento tecidual promove vasodilatação generalizada. » Promove trocas nutritivas entre os tecidos, devido alterações físico-químicas no interior dos tecidos pela polarização do espaço intersticial. » “Efeito dieletroforético”: refere-se à iontoforese. Corrente diadinâmica Os efeitos biológicos promovem estimulação dos nervos sensoriais e motores, assim ocasionam a contração muscular, tal quanto alterações químicas devido à corrente multidirecional. Baseado nos efeitos biológicos, os efeitos terapêuticos incluem: » reeducação e fortalecimento muscular, devido a estimulação dos músculos; » o aumento do bombeamento muscular e da circulação local promove diminuição da inflamação e do edema, como também redução do tônus simpático; » facilita cicatrização tecidual, devido aumento na atividade celular; » promove alívio da dor, através do mecanismo de comporta da dor. a liberação de endorfinas e encefalinas diminuem a dor. Estimulação Nervosa Elétrica Transcutânea (TENS) A estimulação de fibras nervosas altamente mielinizadas justificam o uso do TENS para alívio da dor. O efeito analgésico da TENS baseia-se na teoria das comportas, em que ocorre uma inibição pré-sináptica de interneurônios no corno dorsal da medula espinhal, e pela produção de opioides endógenos no SNC. 31 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Eletroestimulação Elétrica Neuromuscular (EENM) » Ocorre facilitação do controle muscular, por haver reaprendizagem da ação muscular e inibição da dor que vão facilitar a contração muscular. » Promove mudanças da estrutura muscular, como a modificação de fibras fásicas em tônicas. » Ocorre um aumento do fluxo sanguíneo e venoso. » O aumento da força muscular ocorre por contração isométrica e esta pode levar o músculo à fadiga muscular mais rápido que uma contração muscular propriamente dita. Corrente interferencial A estimulação de fibras mielínicas é responsável pela ativação da teoria de comportas tal como liberação de opioides, atuando assim, no alívio da dor. Por promover o relaxamento muscular e melhora da circulação (tal como aumento da microcirculação) prostaglandinas são liberadas e também responsáveis pela analgesia. Promove efeito metabólico responsável pelo restabelecimento funcional e estrutural dos tecidos. Corrente russa Estimula fibras de contração rápida favorecendo a principal indicação da corrente que se trata de fortalecimento muscular. » Quanto maior a amplitude – maior será a velocidade do fluxo de elétrons. » Quanto maior a largura de pulso – maior será o tempo de passagem da corrente (microssegundos). » Frequência é o número de pulsos/segundos (Hertz). » Corrente de baixa frequência: < 1000Hz (uso terapêutico < 100hz). » Corrente de média frequência: 1000 a 4000Hz. (modulado em baixa frequência de aproximadamente 50Hz). 32 CAPÍTULO 5 Técnicas de aplicação Antes de escolher a técnica a ser utilizada é preciso traçar o objetivo de tratamento e assim, buscar a corrente que melhor favoreça o alcance desse objetivo. Diretrizes para aplicação de eletroterapia » Preparo do paciente: é preciso explicar ao paciente toda a técnica que será utilizada, considerando as possíveis sensações e efeitos que surgirão. Ainda, antes de aplicar qualquer recurso no paciente, deve-se examinar a área a ser aplicada a corrente, verificando os riscos e possíveis contraindicações. » Montagem dos aparelhos: devem ser posicionados corretamente na montagem e ter sempre verificado em toda aplicação: eletrodos, sondas, cabos, plugues, tomadas, interruptores, controles, seletores e indicadores luminosos. » Preparo e teste do aparelho: tão importante quanto ajustar os parâmetros do aparelho é testar o mesmo regularmente. » Preparo da parte a ser tratada: limpar a área a ser tratada é tão importante quanto posicionar corretamente o paciente. » Regulagem do aparelho: a fim de garantir o efeito terapêutico com segurança. » Instruções e alertas: antes de iniciar o tratamento deve-se instruir o paciente sobre o que ele deve ou não fazer durante a aplicação. » Aplicação: durante toda a aplicação deve-se observar o paciente considerando que possam surgir efeitos adversos indesejáveis. » Término do tratamento:assim que terminar a aplicação examinar a área que recebeu a corrente, para se assegurar que não apareceram efeitos indesejáveis. » Registro: é necessário registrar os parâmetros utilizados em cada aplicação além de observações sobre a área que recebeu a corrente. 33 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Instrumentação O tipo de estimulador, especialmente sobre sua capacidade de ajustes da corrente faz toda diferença na hora de planejar um programa de eletroterapia. O primeiro passo é saber se o aparelho é dependente de energia elétrica ou bateria. Correntes que são aplicadas por tempo prolongado, por exemplo, são dependentes de energia elétrica e ai é necessário considerar a localização da tomada para posicionar o aparelho, tal como posicionar o paciente. Ainda sobre a tomada, levar em consideração os plugues e voltagem, antes de iniciar qualquer tratamento. Os aparelhos podem apresentar versões com controladores digitais ou analógicos, ambos com vantagens e desvantagens. Como por exemplo, a principal vantagem de um controlador analógico é a capacidade de ajuste contínuo dos parâmetros de tratamento. » Selecionar a forma da onda que mais se adeque ao esperado pelo tratamento. » Selecionar amplitude da onda. Geralmente não passam de 100 a 200mA numa amplitude máxima e 500mA numa amplitude de picos. Aparelhos de baixa voltagem produzem amplitude máxima de 100 a 150mA, enquanto os de alta voltagem é possível regular acima de 150mA. » Selecionar duração da fase e do pulso. Comumente conhecido como largura de pulso, dependente da frequência e tempo de aplicação. » Selecionar a frequência. Ajustando a frequência é possível ajustar o número de pulsos a ser emitido em cada canal por segundo, o número de bursts/segundo ou a frequência de pulsos dentro de um burst. A frequência de estimulação de pulso geralmente varia de 1 a 1000pps (pulsos por segundo) e a frequência de bursts varia de 1 a 100 bursts por segundo. Baixa frequência: 1 a 1000 pps Média frequência: 1000 a 10 000 pps Alta frequência: Acima de 10 000 pps » Selecionar On time e Off time quando a estimulação terapêutica precisa de repouso (1 a 60 segundos). » Ajustar rampa de subida e de descida quando se requer um início ou término de estimulação gradual. 34 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA » Selecionar canal de saída dependendo do objetivo da estimulação. Seja em modo contínuo ou constante, sincrônico ou ainda, recíproco. » Selecionar o tempo de tratamento de acordo com o objetivo da terapia. Escolha dos eletrodos O eletrodo é um material condutor que serve como interface entre o estimulador e a pele do paciente; são conectados ao aparelho através de fios, cabos ou cordões de eletrodos. Geralmente eles são feitos de borracha de silício, polímero ou eletricamente condutor, impregnada de carvão. Os eletrodos de polímero condutor autoadesivo dispensa algum meio de acoplamento, diferente dos eletrodos de borracha flexível que requer um meio de acoplamento, como pomada, gel, creme ou líquido eletrolítico. Já os eletrodos de metal utilizam esponjas embebidas em água como agente de acoplamento. Os meios de acoplamento diminuem a impedância na interface pele e eletrodo. Os eletrodos podem ser de único uso, uso repetido ou uso de curto prazo (2 a 15 dias). Os de borracha condutora flexível tem maior vida útil, porém eles devem ser substituídos com certa regularidade (estima-se 3 ou 6 meses). O tamanho dos eletrodos depende da área a ser estimulada e sua correta colocação é fundamental para se obter os resultados esperados. Colocação de eletrodos: » Monopolar: um único eletrodo ativo é colocado sobre a área alvo e para fechar o circuito um segundo eletrodo é colocado bem longe (eletrodo terra). » Bipolar: dois eletrodos são ativos e colocados na área alvo. » Quadripolar: quatro eletrodos forma dois circuitos na região alvo. Todos são eletrodos ativos. 35 ELETROTERAPIA │ UNIDADE I Indicações dos recursos eletroterapêuticos Quadro 4. Corrente Galvânica Alívio da dor e minimização do processo inflamatório. Corrente diadinâmica Controle da dor e reparo do tecido biológico. TENS Controle da dor, melhora da cicatrização tecidual, relaxamento muscular e melhora da vascularização. EENM Alterações inflamatórias superficiais do sistema musculoesquelético, transtornos circulatórios e afecções de nervos periféricos. Corrente Interferencial Alívio da dor, acelera cicatrização/reparo tecidual e produz contrações musculares. Corrente Russa Tonificação e fortalecimento da musculatura por aumentar a capacidade muscular. Também é muito indicada em procedimentos estéticos (como em flacidez muscular). » Frequência 50 a 100Hz com intensidade baixa: Antálgica por inibição sensitiva segmentar. » Frequência 2 a 8Hz com intensidade elevada: Excitomotora por fibrilações elementares e Antálgica por liberação de endorfinas. » Frequência 20 a 80Hz com intensidade suficiente: Excitomotora Tetanizante Trófica. Contraindicações da estimulação elétrica » Não aplicar na região torácica, pois pode afetar funcionamento dos órgãos internos, especialmente o coração. E quando paciente tiver marca-passo, torna-se uma contraindicação absoluta. » Não aplicar na região do nervo frênico nem sobre o seio carótico. » Cuidado com pacientes hipertensos ou hipotensos, pois a EENM pode alterar a pressão sanguínea. » Não aplicar em áreas com distúrbios vasculares, como trombose venosa ou tromboflebite, evitando a formação de um embolo. » Não aplicar em área com neoplasias ou infecções. » Não aplicar em grávidas, especialmente na região de tronco. » Em áreas com grande quantidade de tecido adiposo, não vale a pena aplicar a EENM, pela dificuldade da corrente atingir a região muscular. 36 UNIDADE I │ ELETROTERAPIA » Não aplicar em pacientes que não tenham nível de compreensão da técnica, como crianças, idosos e aqueles com distúrbios mentais. Precauções » Antes de iniciar a sessão, deixe os controles todos zerados, tanto de frequência, largura de pulso, amplitude e tempo. » Não aplique, nem remova eletrodos enquanto estiver passando corrente no paciente. » Aumente gradualmente a amplitude de estimulação depois que todos os ajustes tenham sido feito. » Sempre considerar o máximo tolerável pelo paciente. » Não ajustar os parâmetros durante a fase Off Time, sempre deve-se ajustar na fase On Time. » Ajustar sempre um parâmetro de cada vez. » Antes de desligar o aparelho reduza a amplitude de saída. » Nunca puxe o plugue da tomara pelo cabo. » Não utilizar equipamentos à bateria ligados a um carregador. » Corrente de início brusco é eficaz com uma média intensidade – mais confortável que pulso de inclinação de ascensão progressiva. » Pulso com breve duração são mais confortáveis que com longa duração. » Baixa frequência (<150Hz) e intensidade apresentam efeitos terapêuticos. 37 UNIDADE IITERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA CAPÍTULO 1 Temperatura corporal e regulação térmica Termoterapia: recursos que utilizam calor e frio de forma terapêutica. São apontados em registros ao longo de toda história. O ser humano é homeotérmico (mantém a temperatura corporal constantemente em torno de 36,5 graus) referente a sua temperatura central que depende do equilíbrio de perdas e ganhos de calor. À medida que a temperatura externa aumenta a temperatura corporal também aumenta. A temperatura da superfície corporal normalmente é mais baixa que a temperatura central, essa diferença de temperatura que determina se há perda ou ganho de calor. O calor pode passar dos tecidos profundos para os superficiais por convecção forçada, normalmente pelo fluxo sanguíneo, por isso ocorre diferenças de temperatura entre várias áreas do corpo, observadas pelas linhas isotérmicas corporais (Figura 18). 38 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA Figura 18. Mostra a variação da temperatura interna em função da externa. Em (A) observa-se uma temperaturaconfortável, equilibradas as temperaturas central e externa. Já em (B) pode-se notar uma diminuição na temperatura central, em caso de exposição a uma baixa temperatura externa (-20 Graus). E em (C) em caso de exposição ao calor (>40 Graus), aumenta muito a área central. Fonte adaptada de <http://www.elblogalternativo.com/wp-content/uploads/2010/09/fiebre21.jpg> Acesso em: 15 dez. 2016. Na pele existe termorreceptores (tanto de calor quanto de frio) que sinalizam mudanças de temperaturas externas, o que torna possível a percepção da sensação térmica (Consciente) e o controle da temperatura da pele (Inconsciente). » Temperaturas acima de 45 oC e abaixo de 15 oC ativam também os receptores de dor. » Estímulo de temperatura e dor. A regulação térmica humana conta com uma questão fisiológica/involuntária (controlada pelo hipotálamo, envolve controle metabólico, vasomotor e hídrico) e outra comportamental/voluntária (controlada por centros superiores). » Controle metabólico: quando o corpo está perdendo calor, ocorre aumento da atividade metabólica e com isso o sistema nervoso simpático provoca contrações musculares irregulares (tremor) na tentativa de aquecer o corpo, muito útil em períodos curtos. » Controle vasomotor: o fluxo sanguíneo da pele fará a transferência de calor, em condições de frio, promoverá vasoconstrição, e em calor, vasodilatação da região. » Sudorese: a evaporação da água pela pele é uma forma de liberar calor. » Regulação comportamental: depende muito das sensações individuais, como se aquecer se estiver sentindo frio. 39 TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA │ UNIDADE II Efeitos fisiológicos da mudança de temperatura Quadro 5. Alterações físicas Dependentes da taxa metabólica, da viscosidade e da extensibilidade do colágeno Calor – aumenta taxa metabólica (13% a cada 1 ºC) Frio – diminui taxa metabólica. Danos irreversíveis ocorrem no organismo em temperaturas mantidas a 45 ºC. Calor – diminui viscosidade dos líquidos Frio – aumenta viscosidade dos líquidos. Calor – aumenta extensibilidade do colágeno Frio – aumenta rigidez articular. Alterações fisiológicas Relacionadas com o sistema vascular e nervoso para proteger o corpo de lesão Calor e frio estimulam receptores sensoriais da pele. Frio pode diminuir a condução nervosa. Calor – vasodilatação Frio – vasoconstrição. Calor aumenta fluxo sanguíneo e favorece trocas de líquidos dos tecidos. Efeitos terapêuticos do calor superficial e profundo » Aceleração da cicatrização › O aumento da taxa metabólica promovido pelo calor aumenta tanto a atividade celular quanto o fluxo sanguíneo local e com isso, acelera o processo de cicatrização. Um leve aumento na temperatura (2 a 5 ºC) é capaz de aumentar a fagocitose. » Alívio da dor › A estimulação dos receptores sensoriais de calor presentes na pele ativa o mecanismo de comporta da dor. As alterações vasculares promovidas pelo calor também atum no alívio da dor. » Redução de espasmo muscular › O aquecimento das terminações nervosas aferentes secundárias dos fusos musculares e órgãos tendíneos de Golgi favorece a inibição dos neurônios motores responsáveis pelo espasmo muscular. Porém, acredita-se que aliviando a dor, alivia-se o espasmo e vice-versa. » Facilitação da mobilidade articular › O calor diminui a viscosidade dos tecidos e assim, a rigidez articular, 40 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA tal como o amento da extensibilidade do colágeno ocorre com o aquecimento tecidual. O efeito analgésico do calor favorece maior tolerância ao alongamento. » Prevenção de úlceras de pressão › A vasodilatação promovida pelo calor aumenta o fluxo sanguíneo diminuindo o risco de lesão em áreas expostas à pressão prolongada ou à fricção. » Redução de edemas nos membros elevados › A vasodilatação promovida pelo calor superficial, estando os membros elevados (não aplicar no membro pendente pois aumenta mais o edema) em casos de edemas crônicos pode ser favorável na reabsorção de exsudatos. Efeitos terapêuticos do frio » Alívio da dor › Com a redução do edema, também são reduzidas as substâncias que induzem a dor e a velocidade e o número de impulsos que promovem a dor. » Redução de espasmo e espasticidade muscular › Já que a crioterapia leva a melhora na função neuromuscular, tanto o espasmo quanto a espasticidade reduzem e assim aumentam a amplitude de movimento tal como a melhora no alongamento da musculatura. » Facilita contração muscular › Especialmente com breve estimulação dos receptores da pele associando massagem com gelo. » Redução da inflamação crônica e efusão articular › Tanto o edema intersticial quando as efusões articulares inflamatórias apresentam melhora com a aplicação de gelo. 41 CAPÍTULO 2 Recursos utilizados na termoterapia Ultrassom terapêutico Trata-se de uma vibração mecânica em alta frequência que produza ondas sonoras (ultrassonoras) longitudinais. À medida que as ondas sonoras passam pelos tecidos, vibram gerando calor/energia graças aos transdutores piezoelétricos. Pois o movimento do cabeçote durante a aplicação é que produz o movimento de onda e gera o feixe sonoro (não audível por seres humanos). A energia que a onda produz depende da sua frequência e da sua amplitude. Assim, quanto mais alta a frequência e a amplitude, maior será a energia produzida. O ultrassom é capaz de produzir efeitos térmicos e não térmicos. O calor gerado pelas ondas do ultrassom é absorvido pelos tecidos essa absorção depende da natureza do tecido, tanto quanto do seu grau de vascularização além da frequência do ultrassom. Tecidos mais proteicos absorvem mais calor e se beneficiam dos efeitos do ultrassom que tecidos mais gordurosos. O aquecimento de forma segura e controlada provoca os seguintes efeitos desejáveis: alívio da dor, diminuição da rigidez articular, aumento do fluxo sanguíneo. Os efeitos não térmicos: » Cavitação: refere-se à formação de pequenas bolhas gasosas devido a vibração provocada pelo ultrassom, com isso alterações reversíveis na permeabilidade das membranas celulares acontecem. A cavitação pode ser transitória (colapso) ou estável. Sendo estável as bolhas permanecem intactas e oscilam de um lado para o outro, já na transitória elas colidem e podem provocar lesões teciduais. 42 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA Figura 19. Exemplos de cavitação. Fonte: <http://www.alfatest.com.br/noticias/ultrasom2.html> Acesso em: 15 dez. 2016. » Correntes acústicas: refere-se ao movimento unidirecional do fluxo circulatório dentro do campo do ultrassom. Esse movimento recebe o nome de microcorrenteza e é capaz de aumentar a membrana celular e com isso a síntese proteica é favorecida assim como o aumento de mastócitos, o aumento da absorção de cálcio, aumento da produção dos fatores de crescimento pelos macrófagos e alterações na mobilidade dos fibroblastos; todos esses eventos favorecem o reparo tecidual. » Ondas estacionárias: são resultados da sobreposição de ondas refletidas sobre as incidentes. Este efeito pode lesionar tecidos expostos às ondas, especialmente os vasos sanguíneos. Para que se sejam evitadas recomenda-se o movimento do transdutor durante a aplicação. » Micromassagem: ondas de compressão e rarefação podem produzir um efeito mecânico sobre os tecidos desencadeando uma série de consequências biológicas. Diatermia por ondas curtas Refere-se à transformação de energia elétrica em energia térmica e por uma corrente de convecção de alta frequência os íons se movem de um lado para outro. Assim, pode-se dizer que é um tipo de radiação eletromagnética que atua sob frequência de 27,12 MHz responsável por gerar um campo eletromagnético e este produzirá calor nos tecidos desencadeando os seguintes efeitos fisiológicos: » aumento do fluxo sanguíneo local e do metabolismo; » alterações na velocidade de condução nervosa; http://www.alfatest.com.br/noticias/ultrasom2.html 43 TERMOTERAPIAE FOTOTERAPIA │ UNIDADE II » acelera a remoção de metabólitos; » reduz a tensão associada aos tecidos; » aumenta a captação de O2; » diminui a força muscular e a resistência à fadiga por aproximadamente 2 horas após a aplicação . Diante dos efeitos biológicos, destacam-se os efeitos terapêuticos: » aumenta a extensibilidade do colágeno / fibrinolítico; » diminui a rigidez articular; » alivia dores e espasmos; » ajuda na resolução de inflamação (antiflogístico); » reabsorção rápida de hematomas e edemas; » acelerar a cicatrização de feridas. Ondas curtas ainda podem se apresentar na forma pulsátil, muito utilizado em estágios iniciais de lesões, assim trabalha com baixa potência reduzindo riscos indesejáveis. Diatermia por micro-ondas É uma forma de radiação eletromagnética com duas modalidades: aquecimento superficial ou profundo. Utiliza-se de alta frequência (2450MHz). As características de propagação de micro-ondas dependem do comprimento da onda e da frequência de energia. Um gerador de alta frequência (magnetron) orienta a corrente por um cabo coaxial formando uma antena na frente do refletor de metal que emite o feixe. Seus efeitos biológicos envolvem: » aumento da circulação profunda e atividade metabólica; » redução do espasmo muscular; » redução da inflamação; » facilita regeneração tecidual e de feridas; 44 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA » analgesia; » regeneração de fraturas. Parafina É uma forma de calor superficial, com temperaturas mantidas entre 42 e 52 ºC onde a cera de parafina fica derretida juntamente ao óleo mineral. Apesar desta alta temperatura é possível suportar com maior conforto, diferente se fosse água, pois a água apresenta calor específico muito maior que a parafina, na margem de 4,2Kj/Kg/ºC e a parafina 2,72Kj/Kg/ºC. Quando a parte do corpo fica imersa na parafina, sendo mais fria que esta, a cera acaba solidificando na superfície e com isso transmite energia térmica aos tecidos. Figura 20. Exemplos de aplicação de parafina. Fonte: <http://designtoyou.net/STERIMED/index.php?option=com_content&view=article&id=84&Itemid=110>. Acesso em: 15 dez. 2016. Efeitos fisiológicos e terapêuticos: » analgesia; » relaxamento muscular; » melhora da flexibilidade articular; 45 TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA │ UNIDADE II » ação anti-inflamatório; » promove vasodilatação; » aumenta metabolismo local e melhora aporte de oxigênio; » diminui rigidez articular por melhorar extensibilidade do colágeno; » melhora retorno venoso e linfático. Crioterapia Existem diferentes métodos para resfriamento dos tecidos de forma terapêutica. Dentre eles destacam-se: compressas geladas, toalhas ou banhos gelados, spray evaporadores, massagem com gelo. O contato com algo que provoque a queda de temperatura tecidual leva a estimulação dos receptores de frio presentes na pele e se houver um resfriamento intenso os receptores dolorosos também serão ativados. Com isso os vasos sanguíneos locais passam por uma vasoconstrição imediata e assim, reduz a taxa metabólica (reduz atividade celular, captação de oxigênio e inclusive reduz a produção de metabólitos). Devido à redução de condução nervosa provocada pelo frio é possível observar diminuição da dor e da hipertonicidade. Figura 21. Exemplos de colocação de compressas de gelo. Fonte: <http://designtoyou.net/STERIMED/index.php?option=com_content&view=article&id=84&Itemid=110> 46 CAPÍTULO 3 Técnicas de aplicação de termoterapia Ultrassom terapêutico Após escolher o equipamento (considerando especificações técnicas de aplicação e segurança) é preciso calibrar o aparelho para depois realizar os devidos ajustes. O ajuste começa pela escolha de um meio de transferência/acoplamento, que tenha uma viscosidade semelhante ao gel, seja estéril, hipoalergênico, porém o ultrassom pode ser aplicado no tecido imerso na água, com uma bolsa de água ou uma folha de gel sólido. O cabeçote deve ser movimentando lenta e continuamente formando círculos ou um oito, sem perder contato com a pele durante o tratamento. O ultrassom também pode ser aplicado facilitando a absorção de algumas drogas pela pele, conhecido como sonoforese, onde juntamente ao meio de acoplamento adicionam- se alguns medicamentos por exemplo. Parâmetros de utilização: Quadro 6. Parâmetros de utilização. Forma de onda Pulsada: promove efeito atérmico reparo tecidual, fraturas ósseas e tendões. Estimulação fluxo sanguíneo Contínua: promove efeito térmico distúrbios musculoesqueléticos, espasmo muscular, rigidez articular e dor Frequência 1MHz – maior profundidade 3MHz – mais superficial Intensidade Casos agudos ≤ 0,5W/cm² Casos crônicos ≤1W/cm² Duração 1 a 2 minutos de aplicação para cada 10 cm² de superfície Repetição de aplicação 1 a 2 vezes por dia para lesões agudas e menos frequente para lesões crônicas Fonte: <http://ofisioterapeuta.blogspot.com> Diatermia por ondas curtas Existem dois métodos de aplicação: 47 TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA │ UNIDADE II Quadro 7. Método indutivo Método capacitivo Um condutor em forma de espiral envolve toda a parte a ser tratada e é ligado à fonte de ondas curtas Pode utilizar placas metálicas flexíveis ou discos metálicos rígidos (mais comuns) O cabo forma uma indutância e é separado da pele por uma toalha e deve ser mantido a uma distância de 2-3cm da pele O campo elétrico ocorre entre as placas, assim os eletrodos precisam ter o mesmo tamanho, respeitar uma distância de 2 a 4 cm entre pele e eletrodo e quanto mais distante um eletrodo do outro, maior e mais uniforme o campo nos tecidos Tecido adiposo se aquece mais que o tecido muscular, devido a maior quantidade de água Fonte: <http://ofisioterapeuta.blogspot.com> No método capacitivo existem 3 posicionamentos dos eletrodos: » Contraplanar (transversal): eletrodos são colocados nos lados opostos da estrutura a ser tratada, com isso atinge estruturas mais profundas. » Coplanar: eletrodos colocados no mesmo lado do corpo. Trata-se de estruturas mais superficiais. » Fogo cruzado: o tratamento alterna com eletrodos posicionados contraplanar e depois coplanar, obtendo assim um aquecimento mais uniforme dos tecidos. Sempre é importante, em todos os procedimentos instruir o paciente sobre sensações e riscos. Após ligar o aparelho o aquecimento será ajustado conforme intensidade do paciente. A aplicação pode durar até 30 minutos e durante esse período é importante reajustar a intensidade, por haver acomodação da mesma. A intensidade da aplicação está diretamente relacionada às respostas vasculares, assim intensidades muito baixas não são evidentes respostas vasculares e intensidades maiores já apresentam ajustes vasculares com 15-20 minutos de tratamento. O modo de aplicação poderá ser contínuo ou pulsado (utiliza trens de pulso considerando a frequência e duração). Em fase aguda e subaguda o tempo de aplicação varia de 5 a 15 minutos com uma dose considerada pelo paciente de calor muito débil ou débil, enquanto na fase crônica 15 a 20 minutos e dose de calor médio a forte (sempre de acordo com a sensibilidade do paciente). 48 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA Importante ressaltar que pelo comprimento da onda ser grande o terapeuta deve permanecer a 1 m de distância dos eletrodos e 0,5 m dos cabos. Diatermia por micro-ondas A área a ser tratada precisa ser despida e posicionada adequadamente de modo que deixe o paciente confortável e onde o paciente estiver apoiado, seja cadeira ou maca precisa ser de material isolante. O paciente não poderá usar nada de metálico durante a aplicação. O eletrodo utilizado pode ser retangular, circular grande, focal ou contato. É preciso orientar o paciente sobre a sensação de calor durante a aplicação, porque assim a dose será ajustada. Em casos agudos o tempo de aplicação ficará em torno de 5 a 15 minutos com uma sensação de aquecimento apenas brando (perceptível), enquanto o crônico variade 10 a 20 minutos com aquecimento confortável. Parafina A parte do corpo a ser imersa na parafina, antes deve ser lavada e muito bem seca para não entrar água na parafina. O membro é mergulhado na cera e por cerca de 1 segundo é retirado por 2 ou 3 segundos, em seguida é mergulhado novamente e repete-se esse procedimento de mergulhar e retirar por 6 a 12 vezes até que se forme uma camada de 2 ou 3 milímetros de espessura. Atingindo esta espessura, envolve-se a parte com parafina evitando que se perca calor. Normalmente a “luva de cera” fica por 15 minutos em ação e deve ser retirada quando estiver firme, porém maleável. Crioterapia Durante a aplicação do gelo na pele é necessário observar as fases sensoriais que norteiam o tratamento e se adequam ao seu objetivo. Assim que se aplica o gelo na pele, existe o reconhecimento sensorial do frio. Após 4 a 5 minutos a região começa “arder” chegando ao ponto de ser bem dolorida a aplicação. 49 TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA │ UNIDADE II Passados 7 a 10 minutos a região já fica adormecida e é nesta fase que ocorrem os efeitos biológicos decorrentes do resfriamento, porém para que se prolonguem os efeitos pode- se levar adiante a terapia por mais 5 a 10 minutos. A duração total do tratamento não excede 30 minutos. » Compressas geladas: podem ser utilizadas por no máximo 20 minutos. Obtém-se um resfriamento rápido, porém o gelo tende a derreter com facilidade. Podem ser caseiras ou não. As caseiras derretem mais rápido. As comercializadas podem vir em forma em placas que possuem água com substância anticongelante, e são armazenadas no freezer. » Toalhas geladas: são colocadas no gelo que estão submersos na água em um balde. Constantemente aplica-se a toalha sobre a pele, pois este método perde-se rápido o resfriamento da toalha. Utilizar por até 20 minutos. » Sprays evaporadores: tem um efeito bem superficial. Ótimo para ser aplicado em ponto-gatilho. Geralmente, aplica-se 3 a 5 jatos do spray no local dolorido, e este jato dura em média 5 segundos. » Massagem com gelo: possui efeito a nível muscular e assim a analgesia acontece. Delimitar a área dolorosa e aplicar o gelo por 10 minutos a cada área de 10x15cm. Indicações e contraindicações Quadro 8. Indicações Contraindicações Ultrassom Cicatrização de úlceras crônicas e de lesões de tecidos moles Alívio da dor neurogênica e de dor crônica Melhora do tecido cicatricial Útero gravídico Infecções agudas Tecidos com risco de hemorragia Tecido isquêmico Trombose venosa recente Tecido nervoso exposto Sobre os olhos Tecido cancerígeno 50 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA Diatermia por ondas curtas e micro-ondas Analgesia Acelerar cicatrização tecidual Reabsorção de hematomas e edemas Estimular circulação sanguínea Relaxamento muscular Aumentar extensibilidade do colágeno (ganhando amplitude de movimento) Mialgias e tendinites Artrose e artrite crônicas (O.C. Pulsado) Lombalgia Neuralgias Neurites Processos hemorrágicos Tuberculose ativa Febre e processos infecciosos Áreas hemorrágicas, inclusive mulheres que estejam menstruando durante a aplicação, pois se a pelve for irradiada poderá aumentar o fluxo sanguíneo Sensação térmica comprometida Gestantes Gônadas Implantes metálicos Tumores malignos Trombose venosa recente Tecido isquêmico Pacientes não colaborativos PARAFINA Artrose, artrite Tendinites Queloides Fibrose pós-imobilização Mialgia Entorse Alterações de sensibilidades na área a ser tratada Traumas e quadros inflamatórios agudos Febre Áreas desvitalizadas e isquêmicas Lesões na pele (ferida e cortes) Enxertos de pele recentes Doenças dermatológicas CRIOTERAPIA Inflamação aguda ou subaguda Controle de hemorragia e edema Ponto-gatilho miofascial Vasoespasmo Crioglobinemia Urticária pelo frio Cuidados com: doenças cardíacas, hipertensão, regiões com gordura espessa e próximo de nervos superficiais Fonte: <http://ofisioterapeuta.blogspot.com> 51 CAPÍTULO 4 Recursos fototerapêuticos utilizados: laser, infravermelho, ultravioleta O termo fototerapia aplica-se ao uso de fontes luminosas com finalidades terapêuticas e vem sendo utilizada desde a antiguidade, pois relatos apontam que gregos e troianos já relacionavam a exposição à energia solar a cura de certas doenças. Mas foi apenas em 1903, que a fototerapia ganhou notoriedade, quando Niels Finsen recebeu o prêmio Nobel por tratar lúpus vulgar com a radiação ultravioleta, e com o sucesso do tratamento outras dermatoses passaram a ser tratadas com fototerapia, surgindo novas evidências. Em 1907, Einsten publicou a “Teoria quântica da radiação” referente ao terceiro processo de integração da matéria, conhecida como emissão estimulada da radiação e a partir disso o próprio Einstein elaborou a “amplificação da luz por emissão estimulada da radiação” conhecida pelo acrônimo laser. Somente em 1960, a partir de um cristal de rubi Theodore Maiman criou o primeiro equipamento que produzia laser. Foi no final da década de 1970 que surgiram os lasers de Arsenato de Gálio (As-Ga) e de Arsenato de Gálio e Alumínio (As-Ga-Al). Princípios da propagação da luz » Princípio da propagação retilínea da luz; em meios homogêneos e transparentes a luz se propaga em linha reta. Figura 22. A luz se propaga em linha reta em meio transparente. Fonte: <http://www.cultura.ufpa.br/petfisica/conexaofisica/optica/img_optica_010.PNG> Acesso em: 16 dez. 2016. » Princípio da independência dos raios luminosos: raios de luz podem se cruzar sem que um altere a propagação do outro. 52 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA Figura 23. Raios de luz se cruzam, mas não se alteram. Fonte. <http://fisicaevestibular.com.br/optica1.htm> Acesso em: 16 dez. 2016. » Princípio da reversibilidade dos raios luminosos: A trajetória de um raio de luz permanece a mesma quando muda seu sentido de propagação. Figura 24. Tanto a figura (a) quanto a (b) mostram o raio de luz com a mesma característica porém em sentido oposto. Fonte: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000001051/0000011910.gif> Acesso em: 16 dez 2016. Princípio de Fermat: quando a luz percorre a distância de um ponto a outro, sua trajetória minimiza o tempo do percurso. http://fisicaevestibular.com.br/optica1.htm http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/discovirtual/galerias/imagem/0000001051/0000011910.gif 53 TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA │ UNIDADE II Figura 25. Relação do comprimento de onda com a visibilidade da luz emitida pela radiação. Fonte: <http://megaarquivo.com/2012/06/10/6105-tecnologias-o-infravermelho/> Laser Seu feixe de radiação apresenta características específicas: » Monocromaticidade: com comprimento de onda específico/único e frequência definida, por exemplo o laser de rubi, produz luz visível vermelha. » Coerência temporal: com picos e depressões de campos eletromagnéticos acontecendo ao mesmo tempo. » Coerência espacial: todos os feixes percorrem a mesma direção. » Colimação: os feixes são paralelos uns aos outros, o que garante parte de sua coerência. 54 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA Quadro 9. Diferença entre laser e luz comum Laser Luz comum Monocromático Policromático Feixes paralelos Feixes não paralelos Coerência temporal Incoerência temporal Coerência espacial Incoerência espacial Polarizado Não polarizado Fonte: <http://ofisioterapeuta.blogspot.com> Ao atingir a matéria, o feixe de luz (formado por um grande número de fótons idênticos) desencadeia os mesmos efeitos de uma radiação eletromagnética, sendo eles: refração, reflexão, absorção e dispersão. E assim, diminui e se perde tanto a coerência (espacial e temporal) quanto à colimação. Quando laser é absorvido pelos tecidos promove o aquecimento em intensidades suficientes. Princípios físicos do laser » Emissão espontânea de radiação: os átomos e moléculas do emissor central são estimulados com a energiaelétrica e os elétrons deslocam para órbitas de energia superiores tornando-se intrinsicamente instáveis, com isso caem rapidamente para níveis de energia inferior liberando sua energia extra em forma de fótons de luz. Figura 26. Essa diferença de energia que provoca a queda do fóton será a energia quântica do fóton de luz. Fonte. <http://www.mspc.eng.br/eletrn/im01/laser101.gif> Acesso em: 16 dez. 2016. » Absorção da radiação: a interação de um fóton de luz com um átomo ou uma molécula promove a absorção da radiação. Porém, a absorção é específica para o comprimento de onda, o que se aplica aos diferentes tecidos biológicos e sua capacidade de absorção. http://www.mspc.eng.br/eletrn/im01/laser101.gif 55 TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA │ UNIDADE II » Emissão estimulada da radiação: ocorre quando um fóton incidente interage com um átomo já excitado e com isso gera dois fótons idênticos. Figura 27. Absorção, emissão espontânea e estimulada de luz. Fonte: <http://reinventaromundo.com.sapo.pt/Laser/image003.gif> Efeito do laser no tecido Parte da energia do laser incidente no tecido é absorvida, enquanto outra parte é refletida e também refratada. A luz é absorvida pelos cromófagos presentes na mitocôndria e com isso aumenta o metabolismo celular por aumentar a síntese de ATP. A profundidade de penetração da luz e a absorção de energia nos tecidos dependem das características do tecido biológico e do comprimento de onda. Aplicações perpendiculares favorecem maior profundidade de tecido. Tipos de lasers Laser de alta potência Potência > 1 Wtt FINALIDADE CIRÚRGICA Usados para corte, carbonização, vaporização ou coagulação através do efeito fototérmico Laser de baixa potência Potência < 1Wtts FINALIDADE CIRÚRGICA Usados para corte, carbonização, vaporização ou coagulação através do efeito fototérmico » Laser de rubi: consiste em um pequeno bastão de rubi sintético feito de óxido de alumínio envolvido por um tubo helicoidal de luz de xenônio, com comprimento de onda de 694 nm e pode ter pulso curto ou mais longo. Tem alta afinidade com pigmentos da pele e por produzir luz vermelha com grande intensidade de energia num tempo curto é absorvido somente pela melanina. Devido essa rapidez de liberação de luz ele não danifica a estrutura celular, pois não forma calor destrutivo. 56 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA Figura 28. Laser de rubi. Fonte: Adaptado de <http://scielo.isciii.es/img/revistas/urol/v61n9/04f1.gif> Acesso em: 16 dez. 2016. » Laser de hélio-neônio: representado por um tubo longo que contém gases de hélio e neônio em seu interior sob baixa pressão. O comprimento de onda emitido tem 632,8 nm e emitem visível luz vermelha. » Laser de diodo: existem vários tipos dele, comumente citado o arsenieto de gálio e Alumínio (GaAlAs). São emissores de luz baseados na junção positiva e negativa e assim se tornam semicondutores. Apresentam diferentes comprimentos de onda com baixa potência e podem ser contínuo ou pulsado. Figura 29. Cluster probes: laser com várias emissões de diodo. Fonte: <http://www.sportsphysio.ie/images/Chattanooga%20Laser_Probes_350.jpg> http://scielo.isciii.es/img/revistas/urol/v61n9/04f1.gif 57 TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA │ UNIDADE II Laser hélio-neônio: lesões superficiais, como feridas e úlceras. Laser arsênio-gálio: lesões musculoesqueléticas profundas. Indicações » Cicatrização e reparo tecidual. » Distúrbios articulares. » Distúrbios musculoesqueléticos. » Alivio da dor. Contraindicações » Tecido com neoplasia. » Útero gravídico. » Hemorragias e infecções teciduais (há controversas). Precauções » Cuidado com os olhos, assim recomenda-se usar óculos de proteção durante a aplicação. » Somente ligar o laser quando o aplicador estiver em contato com a pele. Infravermelho Quando a radiação infravermelha é absorvida pela matéria é capaz de gerar calor. Com comprimento de onda bem variado (0,78 a 1000µm), ela fica entre as características das micro-ondas e da luz visível. Porém, dividem-se em três tipos de acordo com a sua absorção: » A: valor espectral de 0,7 a 1,4µm. » B: valor espectral de 1,4 a 3,0µm. » C: valor espectral de 3,0 a 1,0mm. 58 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA Princípios físicos do infravermelho As radiações infravermelhas podem ser refletidas, absorvidas, transmitidas, refratadas e difratadas quando entram em contato com a pele. Ser refletida e absorvida é o que confere a luz suas características clínicas e biológicas. Qualquer radiação na pele, para atingir seus objetivos depende da estrutura, da vascularidade, da pigmentação da pele e claro, do comprimento de onda. Considerado uma modalidade de aquecimento superficial, porém alguma radiação pode atingir camadas mais profundas. » Reflexividade máxima ocorre com ondas de 0,7 a 1,2µm. » A penetração da energia decresce com a profundidade. » Quase todo calor ocorre na superfície. » 63% da energia é absorvida. » 37% é refletido. Efeito do infravermelho nos tecidos Os principais efeitos biológicos relacionados ao infravermelho referem-se ao aquecimento tecidual. » Alterações metabólicas: aumenta atividade metabólica nos tecidos superficiais. » Alterações circulatórias: aumento do fluxo sanguíneo na circulação cutânea em decorrência da vasodilatação. » Efeitos neurológicos: relacionados com o alívio da dor. » Alterações crônicas: a exposição prolongada e excessiva da radiação pode destruir eritrócitos e alterando a pigmentação da pele (fica mais escura), considerada uma sequela do tratamento. » Aumento da extensibilidade do colágeno. 59 TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA │ UNIDADE II Indicações » Redução da dor. » Redução do espasmo muscular. » Redução de rigidez articular. » Aceleração do processo de cicatrização tecidual. » Melhora da circulação. » Redução do edema. » Tratamento para distúrbios da pele. Necessidade de temperatura entre 40 e 45 ºC por no mínimo 5 minutos. Contraindicações » Área com alteração da sensibilidade térmica. » Circulação cutânea arterial deficiente. » Comprometimento da consciência do paciente (o que dificulta a percepção da aplicação). » Doença aguda da pele. » Enfermidade febril aguda. » Tumores de pele. » Lesão na pele decorrente de aplicação ionizante, como os raios-X. » Regulação deficiente da pressão sanguínea. O que acontece em casos de exposição prolongada A vasodilatação prolongada pode provocar: » Pigmentação permanente. 60 UNIDADE II │ TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA » Formação de pápulas e/ou bolhas. » Edema. » Pele com aspecto eritematoso. » Queimaduras. Radiação ultravioleta São radiações invisíveis, porém são refletidas, refratadas e absorvidas, com curto comprimento de onda e são muito absorvidas pelo ar. Comparado às radiações visíveis, ela transmite muito mais energia que elas, capazes de promover alterações químicas não somente o calor no local onde são absorvidas. São classificadas de acordo com seu comprimento de onda. Quadro 10. TIPO COMPRIMENTO DE ONDA OUTROS NOMES UVA 400 a 315 nm Biótica, UV longo, luz negra UVB 315 a 280 nm Biótica, UV médio, UV eritematoso UVC 280 a 100 nm Abiótica, UV curto, UV germicida Fonte: Robinson Snyder-Mackler, 2002. >Comprimento de onda - < penetração Figura 30. Penetração da radiação na epiderme e derme. Fonte: <http://isic.net.br/upload_arquivos/607afe573c61f07127adf088dbade071.jpg> Acesso em: 16 dez. 2016. http://isic.net.br/upload_arquivos/607afe573c61f07127adf088dbade071.jpg 61 TERMOTERAPIA E FOTOTERAPIA │ UNIDADE II Princípios físicos da radiação ultravioleta Geralmente, a radiação ultravioleta é conduzida pela passagem de corrente através de um vapor ionizado (comumente vapor de mercúrio). A passagem da corrente excita os átomos de mercúrio e com isso eles colidem liberando energia na forma de radiação dos tipos ultravioleta. E quando é visível é em forma de radiação infravermelha.
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