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1 
 
 
 
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Nome do Professor 
 
3 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. A IMPRÓPRIA CONFUSÃO ENTRE WELFARE STATE E POLÍTICAS SOCIAIS: UM BREVE 
HISTÓRICO ................................................................................................................................... 4 
2. O “WELFARE MIX” ................................................................................................................ 12 
3. PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DA SEGURIDADE SOCIAL. ............................................ 17 
4. DA SEGURIDADE SOCIAL - SEÇÃO I. DISPOSIÇÕES GERAIS ........................................ 20 
5. HISTÓRIA DAS POLÍTICAS SOCIAIS .................................................................................. 22 
6. CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO E AS TENDÊNCIAS DAS POLÍTICAS SOCIAIS ...... 29 
7. PROBLEMATIZANDO FUNDAMENTOS E CONCEITOS DA PNAS E DO SUAS .............. 39 
8. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NAS POLÍTICAS SOCIAIS ................................. 42 
QUESTÕES DE PROVAS .......................................................................................................... 48 
GABARITO ................................................................................................................................. 55 
BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................... 56 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
1. A IMPRÓPRIA CONFUSÃO ENTRE WELFARE STATE E 
POLÍTICAS SOCIAIS: UM BREVE HISTÓRICO 
 
 Inicia-se esta abordagem apresentando a política social, o Welfare State e suas 
origens, aproximações e distanciamentos. 
 A política social é um fenômeno anterior ao estado de bem-estar, sendo toda 
prática comprometida com a mudança e tensionamentos social em prol dos 
desamparados, despossuídos, dominados, menos favorecidos, não se reduzindo à 
prática estatal ou normativa. É uma prática e uma reflexão que se inicia assim que as 
relações de produção começam a gerar a desigualdade, portanto, pode-se afirmar que 
é tão antiga quanto a emergência da questão social e a conflitante relação entre capital 
e trabalho. 
 
 
Entretanto, tem a sua construção mais acentuada com a Revolução Industrial e 
a sedimentação dos Estados Nacionais e a difusão dos direitos individuais e 
políticos, o que possibilitou às massas populares começarem a participar do 
jogo político. E, diante da pauperização geral e aguda ocasionada pela 
Revolução Industrial e a exacerbação do modelo liberal do capitalismo e a 
exploração que se seguiu, bem como das condições sub-humanas em que se 
vivia e trabalhava, que aos poucos se acentuou e acirraram-se os debates e 
embates por políticas sociais (PEREIRA, 2009). 
 
 
 Neste momento, passa-se à análise da trajetória da política social, desde os 
seus primórdios onde, inicialmente apresentavam uma característica de controle social 
e de uma faceta repressivista, até se chegar ao modelo do Welfare State. 
 Começa-se pelo modelo da Rainha Elisabeth (primeira) da Inglaterra, cujo 
principal instituto/prática aplicada eram as Workhouses, nas quais os indivíduos eram 
testados e levados às condições mais sub-humanas de vida e de trabalho, a fim de 
provar que realmente necessitavam da ajuda do governo. Caso conseguissem se 
 
5 
 
submeter, era porque realmente necessitavam dos benefícios. Dir-se-ia que era uma 
condição probatória para a aplicação do instituto (PEREIRA, 2009). 
 Assim, tal paradigma era assentado no ideário de que os benefícios públicos aos 
desvalidos deveriam ser os piores possíveis, inferiores ao pior salário, para que fossem 
incentivados ao trabalho, como propõe Faleiros “o indivíduo era culpado de sua 
situação, legitimando-se essa ideologia por critérios morais, de uma moral natural. 
Como se o fato de existir pobres e ricos fosse um fenômeno natural e não o resultado 
do tipo de produção existente” (FALEIROS, 1995, p. 11). 
 Ademais, entendia-se que ser o cidadão (súdito) e beneficiário ou necessitado 
de benefícios públicos seria como se fosse o equivalente ao cometimento de um delito. 
Situação esta muito bem gerida pela burguesia da época que utilizava e se utilizava 
dessas pessoas como mão-de-obra mais do que escrava, não humana, tendo em vista 
as condições a que eram submetidas, não importando se eram mulheres, homens, 
velhos ou crianças; e assim obtinham altos índices de lucro através da mais-valia pura, 
através da super-exploração. 
 No alvorecer do Liberalismo puro com Adam Smith, mantém-se o mesmo modelo 
de seguridade, calcada no ideário de que os benefícios desestimulavam a mão-de-obra. 
Portanto, tal condição de desumanidade seria uma política defensora da ideia do capital 
e do trabalho ativo. 
 Este modelo de política social que se desenvolveu no período pré-industrial e no 
desenvolvimento e até o auge da Revolução Industrial e estruturação do modo 
capitalista de produção produziu um enorme contingente de desvalidos, famintos, 
doentes, mutilados [...]. 
 E é neste contexto que começa a surgir e ganhar força a discussão acerca de 
políticas públicas e de responsabilização do Estado por este contingente. E neste 
meio que surge a Sociedade Fabiana ao final do século XIX na Inglaterra que 
preconizava a luta de classes mais aguda e a revolução proletária, e acreditavam na 
transição a socialismo através de mudanças a partir e de dentro do próprio sistema 
capitalista através da ideologia e da educação e demais pequenas ações modificativas 
da sociedade. E a partir disto, posteriormente, tem-se o modelo do Plano Beveridge, 
(Inglaterra), de assistência universal que previa seguros e benefícios para 
desempregados, doentes, idosos (PEREIRA, 2009). 
 Demonstrando ser uma mudança política social com forte componente ou 
fundamento também econômico, que apresenta um paulatino processo de tomada de 
 
6 
 
consciência, assim, de crescimento da esquerda (revolucionário e contestatária) e de 
igual forma, como estratégia de manutenção, modificações sensíveis na direita 
(governista, sistêmica e capitalista). 
 Fortalece-se ainda, a tese de que tais pessoas se encontravam nesta condição 
por conta do sistema que as produzia, mantendo e piorando a situação desses 
indivíduos e não mais a teoria da ontológica condição de pobre, ou seja, por desvios 
pessoais e morais. Sendo um dos grandes fundamentos da obrigação do Estado em 
provê-los de algum sustento. 
 Vale referir ainda a própria tomada de consciência por parte de executores, 
controladores e pensadores do sistema capitalista, que tal condição ocasionaria 
revoltas, e ainda, pretendendo sempre a ampliação dos lucros e dos níveis de produção, 
necessário se faria a qualificação de mão-de-obra, o que era impossível a partir de tais 
condições de tratamento e trabalho. Neste sentido, assevera Potyara Pereira sobre 
esses aspectos: 
os líderes do novo liberalismo preocupavam-se com a eficiência 
econômica e com a competitividade internacional e estavam 
cientes de que a defesa nacional e o fortalecimento da economia 
tinha estreita relação com o bem-estar dos trabalhadores e a 
população em geral. Essa consciência se tornou mais clara 
durante o recrutamento de jovens do sexo masculino para o 
serviço militar, quando se constatou que a maioria deles não 
estava apta a exercê-los, dada a sua debilidade física. Fica claro, 
assim, que a política social desse período constituiu um fator de 
preparação de recursos humanos para fazer face às demandas 
da sociedade industrial altamente competitiva (PEREIRA, 2009, 
p. 86) 
 Assim, demonstra-se um pouco da trajetória da política social e a criação 
do Welfare State e a passagem de um modelo paternalista, caritativo, punitivo, 
para um modelo mais consciente das necessidades do capital. 
 Era a tomada de consciência do sistema no sentido político e social, ambos 
estratégicos. Necessidades que vão desdea mão-de-obra qualificada, saudável e dos 
maiores índices de produção e lucro, até a desmotivação de movimentos que se criavam 
em torno das crises e das péssimas condições de vida e de trabalho, ou seja, uma 
estratégia perpetuadora do sistema de produção e seu modelo político. 
 
 
7 
 
 
 Assim, é o entendimento de Potyara Pereira sobre esta nuance 
metamórfica da política social vista pela lente do capital e de seus intentos com a 
política social que serve de ferramenta legitimadora e pacificadora: 
seu surgimento, por conseguinte, está relacionado a demandas por maior 
igualdade e reconhecimento de direitos sociais e segurança econômica, 
concomitantemente com demandas do capital de se manter reciclado e 
preservado. É por isso que autores como Gough vêm o Welfare State como um 
fenômeno também contraditório, porque, ao mesmo tempo em que tem que 
atender necessidades sociais, impondo limites às livres forças do mercado, o faz 
preservando a integridade do modo de produção capitalista (PEREIRA, 2009, p. 
87). 
 
 
2016/CESPE/TRT8ªR. Acerca da Política Social na contemporaneidade, assinale a 
opção correta. 
a) Uma das tendências da proteção social contemporânea diz respeito à transformação 
do workfare (bem-estar em troca de trabalho) em welfare (bem-estar incondicional). 
b) A política social consiste em provisão ou alocação de decisões tomadas pelo Estado 
e aplicadas verticalmente na sociedade. 
c) Os conceitos de política social e estado de bem-estar equivalem-se no que se refere 
à garantia de direitos de cidadania. 
d) A influência do Relatório de Beveridge sobre seguro social e serviços afins na 
construção da seguridade social destaca-se pelo fortalecimento de seu eixo contributivo 
em detrimento do distributivo. 
e) A compreensão do welfare state como um fenômeno contraditório deve-se ao fato de 
ele atender a necessidades sociais, impondo limites às livres forças do mercado, ao 
mesmo tempo em que preserva a integridade do modo de produção capitalista. 
Resposta Correta: Letra e) A compreensão do welfare state como um fenômeno 
contraditório deve-se ao fato de ele atender a necessidades sociais, impondo 
limites às livres forças do mercado, ao mesmo tempo em que preserva a 
integridade do modo de produção capitalista. 
Comentário: Assim, é o entendimento de Potyara Pereira sobre esta nuance 
metamórfica da política social vista pela lente do capital e de seus intentos com a política 
social que serve de ferramenta legitimadora e pacificadora: seu surgimento, por 
conseguinte, está relacionado a demandas por maior igualdade e reconhecimento de 
 
8 
 
direitos sociais e segurança econômica, concomitantemente com demandas do capital 
de se manter reciclado e preservado. É por isso que autores como Gough vêm o Welfare 
State como um fenômeno também contraditório, porque, ao mesmo tempo em que tem 
que atender necessidades sociais, impondo limites às livres forças do mercado, o faz 
preservando a integridade do modo de produção capitalista. 
 
 Apresentada a política social como categoria de análise e atuação autônoma, 
passa-se então, a abordagem do Welfare State que, diferentemente, tem a sua 
característica básica de ser vinculado ao Estado e a um período determinado, o próprio 
século XX do pós II Guerra Mundial e a reação às crises daí advindas. 
 Inicialmente, não se poderia deixar de citar o modelo Beveridge que surge na 
Inglaterra do auge da Revolução Industrial e a partir de discussões acadêmicas que 
surgem no seio da “Sociedade Fabiana”, para os quais a seguridade social seria um 
dever do Estado e a sua cobertura deveria ser universal. 
 Para muitos, foi a ou uma das origens do Welfare, que diferentemente do que 
se diz, começa a se construir e se tecer no século XIX. Após, e inspirada por Lord 
Beveridge, cumpre salientar também, o modelo de Otto von Bismarck na Alemanha, 
que guarda uma diferença básica do modelo inglês, que é a seguridade dirigida à 
contribuintes e a vinculação determinante ao mercado de trabalho. 
 Desses modelos, vale salientar alguns elementos que foram de grande inovação 
no pensamento da época de liberdade total do capitalismo, ou seja, um campo 
totalmente hostil à política social. Inovações tais como a ideia de dever do Estado para 
com pessoas desafortunadas ou vítimas de contingências; ser beneficiário deixa de ser 
um estigma, e passa a ser um exercício de cidadania; e o crescimento com o gasto 
social, em um período exacerbadamente liberal, e com altas margens de lucro, era uma 
singela divisão das fatias do bolo. 
 Uma outra nuance importante das diversas formas de desenvolvimento 
multifacetado do Welfare State, avançando-se um pouco no tempo e que marcou na 
historicidade social, foi o preconizado por Keynes, com o modelo político-econômico 
chamado de keynesianismo. Tal modelo ficou conhecido como reação à crise em que 
se encontravam os EUA após a crise de 1929 e o crash da bolsa de valores de Nova 
Iorque, por conta do liberalismo clássico e da liberdade total concedida ao capital. 
Assim, surge o modelo de recuperação chamado New Deal do presidente Delano 
Roosevelt. Que pretendia a intervenção do Estado na economia e a sua planificação e 
que para a proteção social legou a aplicação do pleno emprego entre outros benefícios 
 
9 
 
sociais que marcaram o Welfare State de viés americano-keynesiano (BOSCHETTI; 
BEHRING, 2008). 
 Assim, o modelo Beveridgeano e o Bismarckiano e as suas várias 
experimentações (que variaram de país para país) dividem o mérito de terem criado o 
Welfare State que começa no final do século XIX em termos de forja teórica e se 
desenvolve predominantemente no século XX em termos práticos. O Welfare State, em 
suas diversas modalidades e aplicações, demonstra que ainda que se tenha 
obtido diversos avanços em termos sociais no decorrer da historicidade político-
social, como se pode verificar, estes sempre se processaram mantendo a lógica 
do sistema de produção. O que, por sua vez, deixa claro uma face de estratégia de 
preservação do próprio sistema, e ainda um esforço no sentido de desmantelamento e 
desencorajamento dos grupos e teorias de contestação e revolucionárias. Neste 
sentido, propõe Potyara Pereira, sobre este aspecto: 
portanto, evidências empíricas atestam que o Estado de Bem-
estar ao mesmo tempo em que teve como um de seus principais 
suportes grupos organizados da classe trabalhadora, garantiu a 
esses grupos oportunidades de maior mobilização e de 
estabelecimento de alianças de classe, fortalecendo-a em seu 
embate com a classe capitalista. Donde se conclui que o 
enfraquecimento ou desestruturação dos sindicatos contribuiria 
– como contribuiu – para a redução ou esvaziamento das 
políticas liberais do Workfare (estado do trabalho) ou das 
políticas neoliberais da era contemporânea (PEREIRA, 2009, p. 
89). 
 Uma importante análise a ser feita é acerca da incongruência da justificativa 
liberal para o afastamento do Estado das questões sociais e a necessidade de não haver 
empecilho para o desenvolvimento do capital, devendo ser deixado para a mão invisível 
do mercado a regulação social. 
 Paradoxalmente o capitalismo e suas políticas desenvolvimentistas e 
imperialistas dominadoras não se desenvolveram totalmente livres, o laissez faire nunca 
foi tão livre assim, não tendo se proliferado e estruturado sem a mão visível do Estado, 
utilizando-se deste para impulsionar o desenvolvimento do capital e sua forma de 
produção e dinâmica política. Sendo esta uma das grandes incongruências por parte do 
ideário liberal que não encontra guarida fática e, portanto, legitimidade política. 
 
10 
 
 Assim, para finalizar esta abordagem distintiva de Política Social e Welfare 
State, adotando-se como referencial teórico Potyara Pereira, cumpre assinalar que a 
política social não se confunde com a política pública, não estando atrelada 
indissociavelmenteà esfera público/governamental, como está o Welfare State 
(PEREIRA, 2009). Neste ponto, já se encontra uma diferença. Política social se pode 
conceituar em dois sentidos. Num primeiro sentido como práxis social, engajada e 
comprometida com a realidade social desigual, no sentido de alterá-la, envolvendo nesta 
tarefa, a esfera pública, a privada, a sociedade civil, a ciência [...]. 
 E ainda, seguindo na esteira da autora, num segundo sentido, como disciplina; 
pois, a política social científica e comprometida, não é produzida de forma impensada e 
automatizada, mas sim montada e movimentada por um pensar científico com 
categorias e estratégias próprias, lhe proporcionando um intento de alteração das bases 
que produzem as desigualdades, e não meros paliativos momentâneos. Neste sentido, 
define Potyara Pereira: 
 
 
Isso quer dizer que o conceito de política social só tem sentido se quem a 
utiliza acreditar que deve (política e eticamente) influir numa realidade 
concreta que precisa ser mudada. É com base nesse comprometimento 
[...] numa eloquente reflexão acerca da pobreza, realça o caráter político e 
ético da política social, nestes termos: o simples fato de estudar pobreza 
já requer do estudioso (da política social) compromisso com a sua 
erradicação. Por isso, a pobreza não deve ser apenas um objeto de estudo, 
mas também de intervenção (PEREIRA, 2009, p. 171). 
 
 
 Nesta linha, buscou-se uma análise introdutório das bases em que se assenta o 
conceito e a procedimentalidade – ou seja, simbólica e material – da ideia de política 
social, para compreender a sua operacionalização e comprometimento de classe na 
modernidade em sua fase contemporânea atual. 
 
2010/CESGRANRIO/PETROBRAS. Um estudo sobre Estado de Bem-Estar Social 
(Welfare State) apresenta uma série de informações corretas, EXCETO que: 
 
11 
 
a- o papel do Estado capitalista foi decisivo e central em todas as experiências de 
Welfare State 
b- o paradigma mais importante de Welfare State constituiu-se nos Estados Unidos, a 
partir do New Deal, de Roosevelt. 
c- a partir da análise das suas experiências históricas, conclui- se não ter havido um 
único modelo de Welfare State. 
d- as concepções econômicas de J. M. Keynes, enunciadas nos anos 1930, 
constituíram-se em um dos fundamentos teóricos do Welfare State. 
e- no Welfare State inglês, adotou-se um conceito ampliado de seguridade social, 
contido no Plano Beveridge. 
Resposta Correta: Letra b- o paradigma mais importante de Welfare State 
constituiu-se nos Estados Unidos, a partir do New Deal, de Roosevelt. 
Comentário: Com o New Deal (o novo acordo teve como objetivo de recuperar e 
reformar a economia norte-americana, e assistir os prejudicados pela Grande 
Depressão), portanto, iniciou-se a tensa construção do pacto entre Estado, trabalho 
organizado e capital, ou regulação fordista keynesiana do capitalismo que, no pós-
guerra, fundamentaria o peculiar Estado de Bem-Estar americano e o longo período de 
prosperidade que se estenderia até fins dos anos 1960." 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
2. O “WELFARE MIX” 
 
 
 O desmantelamento das estruturas do Estado de Bem-Estar Social vem 
coexistindo com a “renovação de uma modalidade de proteção que, agora, sob a 
rubrica de pluralismo de bem-estar (welfare pluralism) ou bem-estar misto vem se 
colocando como uma alternativa às políticas sociais do Welfare State”. (PEREIRA, 
2000, p. 127-128). 
 Chamado tanto de pluralismo de bem-estar, quanto de bem-estar misto ou 
“Welfare Mix”, esta nova modalidade de atendimento às demandas sociais parte 
do pressuposto da divisão de responsabilidades entre Estado, sociedade civil e 
mercado, onde a ação se dá de forma compartilhada entre as três esferas. O 
Estado não mais se coloca como o principal responsável pela proteção social, 
havendo uma distribuição entre os setores não-governamentais. PEREIRA (2000, 
p. 128) utiliza a seguinte distinção: 
o voluntariado (representado pelas organizações voluntárias), o 
comercial (representado pelo setor mercantil) e o informal 
(representado pela família, a vizinhança, o círculo de amigos, a 
comunidade), pondo-se ênfase na autoajuda, na ajuda mútua e 
nas colaborações derivadas do potencial solidário da sociedade. 
 Nesta lógica, a proposta política de descentralização e de programas 
autônomos vem exaltar o papel da sociedade como executora das ações sociais, 
com o discurso da “possibilidade de executar políticas públicas mais próximas das 
pessoas, das realidades onde vivem”. (STEIN, 2000, p.160). A grande importância que 
o chamado Terceiro Setor vem tomando na atualidade é resultado da adesão 
ao “Welfare Mix” por diferentes correntes ideológicas. Lisboa (2000) reflete que o 
Terceiro Setor compreende atividades sociais muito antigas. As formas tradicionais de 
solidariedade social sempre existiram no bojo das relações de parentesco e nos laços 
comunitários, principalmente entre as sociedades periféricas, onde as formas de ajuda 
mútua sempre foram decisivas para a sobrevivência das populações carentes. Somente 
nas últimas décadas que a economia informal da solidariedade ganhou visibilidade, 
apresentando-se como uma renovação das antigas formas de ajuda mútua em 
detrimento dos direitos de cidadania, visto não ter investidura legal para tanto. 
 
13 
 
 
 
 
Cabe aqui ressaltar alguns aspectos fundamentais na transformação das ações 
da sociedade civil que contribuíram para a construção do modelo de Terceiro 
Setor contemporâneo. 
 
 
 Nas décadas de 1970 e 1980 a sociedade civil articulou-se em torno da 
participação política no contexto da redemocratização. Com o fim do período autoritário, 
novas experiências de organizações coletivas eclodiram com caráter reivindicatório. 
Na busca pela construção de um modelo de cidadania, baseado nos direitos sociais e 
humanos, as ações coletivas experimentavam a vivência dos movimentos sociais, 
atores políticos que levantavam a bandeira da política emancipatória. O caráter 
politizado que conduzia as ações coletivas nas décadas de 70 e 80 cedeu espaço para 
novas formas de mobilização ao longo da década de 90. Segundo Figueiró (2001, p.74), 
a ação coletiva se reestrutura em função do “atendimento de demandas sociais 
específicas, geralmente tentando suprir [...] os precários investimentos em políticas 
públicas sociais”. Em outras palavras, a sociedade passa a refletir sua ação coletiva 
voltada para a realização complementar dos serviços públicos estatais. 
 Alguns autores consideram que a expansão do Terceiro Setor na década de 
90 pode ser atrelada como consequência do “aumento da inserção de recursos oriundos 
de organizações vinculadas ao empresariado em projetos de interesse público” 
(MENEGASSO, 2001, p.64). O envolvimento crescente das empresas em projetos 
sociais pode ter contribuído para o crescimento do Terceiro Setor e para o 
fortalecimento da lógica do “Welfare Mix”, ao articular a sociedade à necessidade 
de mobilização contra a exclusão social através de relações de solidariedade. Não 
se questiona nesse eixo analítico a forte exigência de ampliação de mercado, 
favorecendo a inserção das massas empobrecidas como agentes de consumo. 
 O desenvolvimento de projetos e de programas de cunho social 
no “Welfare Mix” vem exaltar o fortalecimento das parcerias intersetoriais. Os 
discursos que incentivam as “parcerias”, a descrevem como uma forma de 
investir no social onde há a integração de recursos e esforços entre dois ou mais 
atores: governo, empresas privadas, comunidade e entidades da sociedade civil. 
 
14 
 
 As parcerias implicam no envolvimento entre pessoas e instituições 
através de laços de solidariedade. A cooperação e a aproximação entre os 
diferentes atores através das parcerias aparecem no discurso como sendo a 
chave para construção de uma economia mais comprometida socialmente. Este 
novo modelode ação social pode ser entendido a partir das características 
trazidas por Melo Neto e Froes (2001): atuação conjunta de múltiplos atores, 
formas participativas de gestão, foco nas ações de combate à pobreza, ênfase em 
projetos e ações em nível local e grande adesão de membros da comunidade 
como voluntários. 
 Outra questão de relevância neste contexto é a inserção das organizações 
empresariais no desenvolvimento de projetos de cunho social, através do 
movimento denominado responsabilidade social empresarial. Corullón e 
Medeiros Filho (2002, p. 34) ressaltam que há três fatores que moldam a 
responsabilidade social empresarial: exigência dos consumidores e investidores, 
a necessidade de redefinir o papel da empresa e a própria situação social e 
ambiental, que “vista de uma perspectiva estratégica, será, por si mesma, fator 
limitante da atividade empresarial”. Entretanto, as ações sociais das empresas 
vêm retomar a discussão sobre a filantropia empresarial, que ao longo da história 
consagrou-se a partir das concessões de donativos para instituições de caridade 
ou ações de cunho social. Segundo Rico (1997, p.31), a classe empresarial 
brasileira, histórica e culturalmente, “não se sentiu responsabilizada com as 
questões advindas do social”, por entender que o Estado seria o ator responsável 
por estas situações. Isto perdurou até os anos 80, quando empresariado passou 
engajar-se em ações de investimento e estruturação de projetos sociais próprios. 
 Na temática da responsabilidade social empresarial, as empresas estão 
sendo chamadas a atuarem junto às comunidades, entidades do Terceiro Setor, 
realizando ações com seus trabalhadores e projetos de prevenção e despoluição 
do meio ambiente. O Guia da Boa Cidadania Corporativa (EXAME, 2002) mostra 
que os projetos sociais desenvolvidos pelas empresas atuam nas mais diferentes 
áreas, como voluntariado, comunidade, educação, saúde, meio ambiente, cultura, 
apoio à criança e ao adolescente, apoio a terceira idade e aos portadores de 
necessidades sociais. 
 Nestes termos, um exemplo das atividades das empresas “socialmente 
responsáveis” é a promoção de treinamento e capacitação dos trabalhadores, 
programas de educação e formação profissional, combate ao analfabetismo e 
 
15 
 
elevação do nível educacional dentro da empresa, para desta forma, a empresa 
“melhorar o desempenho de seus trabalhadores”. Segundo o Instituto Ethos 
(2002), na realização de sua função social, as organizações devem buscar uma 
integração entre empresa e ação social, definida quando da alocação de recursos, 
aporte das competências técnicas e envolvimento dos funcionários como 
voluntários. 
 Entretanto, outra linha de análise reconhece que o paradigma 
predominante na lógica do Welfare Mix é o neoliberal, onde a “conotação positiva 
à participação pode estar encobrindo a tendência privatizante que tem sido 
utilizada nas duas últimas décadas” (STEIN, 2000, p. 161) desde a implementação 
das políticas de reestruturação produtiva, onde a ênfase à participação da 
sociedade e das organizações empresariais vem se constituir como uma 
estratégia para reduzir os gastos e a atuação do Estado na área do bem-estar 
social. Pereira (2000, p.128) colabora quando afirma que: 
com o passar do tempo foi ficando claro que a revalorização dos 
setores voluntário, comercial e informal, no campo da política 
social, trazia implícita a exigência neoliberal da diminuição das 
provisões sociais, da desregulamentação dos serviços sociais e 
da seletividade e focalização dos direitos de cidadania. 
 As concepções que predominam na lógica da solidariedade e das parcerias 
privilegiam o setor privado, inclusive, com a precarização dos serviços sociais públicos 
e com os projetos sociais afastados do pressuposto da cidadania, possibilitam maior 
espaço para a mercantilização de tais atividades. A preocupação está no discurso e nas 
práticas que contradizem a “compreensão do bem-estar como direito do cidadão e dever 
do Estado, pois é o único ator que detém a autoridade coativa, para garantir esse direito 
de forma desmercantilizada”. (STEIN, 2000, p.164). O entendimento do espaço da 
proteção social como local da solidariedade reafirma o desmantelamento da cidadania, 
da democracia e da defesa dos interesses coletivos da sociedade conquistada no 
âmbito da luta de classes. 
 
A retração das possibilidades de construção de um espaço público é o que 
desponta nesta lógica. O modelo de proteção social baseado no “Welfare 
Mix” reforça o que diria Iamamoto (2003, p.37): “fazer do interesse privado a 
medida de todas as coisas, obstruindo a esfera pública, a dimensão ética da 
vida social pela recusa das responsabilidades e obrigações sociais do Estado”. 
 
16 
 
 
Os esquemas de proteção social desta nova configuração não geram mais 
cidadania, o que significa que a onda neoliberal é um ataque aos direitos 
sociais, desqualificando a historicidade das lutas de classes na conquista da 
esfera pública. 
 
 
 
2016/CESPE/DPU. Considerando os fundamentos e argumentos teóricos, 
históricos e políticos presentes nas abordagens das políticas sociais, julgue o 
item que se segue. Alguns princípios estruturantes do Welfare Pluralism ou 
Welfare Mix são apontados no Plano Beveridge, sendo eles a responsabilidade 
estatal na manutenção das condições de vida dos cidadãos, a universalização dos 
serviços sociais, a prestação pública de serviços sociais universais e a 
implantação de uma rede de segurança de serviços de assistência social. 
Certo / Errado 
Resposta Correta: Errada. 
Comentário: Para simplificar o entendimento, temos primeiramente que diferenciar 
Welfare State e Welfare Pluralism (ou Mix). O Welfare State significa "ESTADO de bem-
estar social". Como destacado, a ênfase é dada à responsabilidade do Estado em 
garantir a proteção social à sociedade. Já no Welfare Pluralism, a responsabilidade não 
é primordialmente do Estado. Pelo contrário, nesse modelo, o Estado se exime de suas 
responsabilidades, repassando-as para a sociedade, para as famílias. Daí a proteção 
social passa a ser 'garantida' por uma pluralidade de instituições não estatais, por 
diversas instituições da sociedade. Então surge o termo WELFARE PLURALISM. De 
outra forma Welfare State: responsabilidade do Estado na proteção social; Welfare 
Pluralism: a responsabilidade pela proteção social é repassada para a sociedade. Por 
fim, o Plano Beveridge prega a proteção social pelo Estado (Welfare State). 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
3. PRINCÍPIOS ESTRUTURANTES DA SEGURIDADE SOCIAL 
 
 
 As primeiras iniciativas de benefícios previdenciários que vieram a 
constituir a seguridade social no século XX nasceram na Alemanha, no final do 
século XIX, mais precisamente em 1883, durante o Governo do Chanceler Otto 
Von Bismarck, em resposta às greves e pressões dos trabalhadores. O chamado 
modelo bismarckiano é considerado como um sistema de seguros sociais, porque 
suas características assemelham-se às de seguros privados: no que se refere aos 
direitos, os benefícios cobrem principalmente (e às vezes exclusivamente) os 
trabalhadores, o acesso é condicionado a uma contribuição direta anterior e o 
montante das prestações é proporcional à contribuição efetuada; quanto ao 
financiamento, os recursos são provenientes, fundamentalmente, da contribuição 
direta de empregados e empregadores, baseada na folha de salários; em relação 
à gestão, teoricamente (e originalmente), cada benefício é organizado em Caixas, 
que são geridas pelo Estado, com participação dos contribuintes, ou seja, 
empregadores e empregados (BOSCHETTI, 2003). Esse modelo orientou e ainda 
sustenta muitos benefícios da seguridade social, sobretudo, os benefícios 
previdenciários. 
 
 Em outro contexto econômico e político, durante a Segunda Guerra Mundial, 
mais precisamente em 1942, é formulado na Inglaterra o Plano Beveridge,que 
apresenta críticas ao modelo bismarckiano vigente até então, e propõe a instituição do 
Welfare State. No sistema beveridgiano, os direitos têm caráter universal, destinados a 
todos os cidadãos incondicionalmente ou submetidos a condições de recursos, mas 
garantindo mínimos sociais a todos em condições de necessidade. O financiamento é 
proveniente dos impostos fiscais, e a gestão é pública, estatal. Os princípios 
fundamentais são a unificação institucional e uniformização dos benefícios 
(BEVERIDGE, 1943; CASTEL, 1998). 
 Enquanto os benefícios assegurados pelo modelo bismarckiano se destinam a 
manter a renda dos trabalhadores em momentos de risco social decorrentes da 
ausência de trabalho, o modelo beveridgiano tem como principal objetivo a luta contra 
a pobreza (BEVERIDGE, 1943). As diferenças desses princípios provocaram o 
 
18 
 
surgimento e instituição de diferentes modelos de seguridade social nos países 
capitalistas, com variações determinadas pelas diferentes relações estabelecidas entre 
o Estado e as classes sociais em cada país. Hoje, é difícil encontrar um “modelo puro”. 
As políticas existentes e que constituem os sistemas de seguridade social em diversos 
países apresentam as características dos dois modelos, com maior ou menor 
intensidade. No Brasil, os princípios do modelo bismarckiano predominam na 
previdência social, e os do modelo beveridgiano orientam o atual sistema público de 
saúde (com exceção do auxílio doença, tido como seguro saúde e regido pelas regras 
da previdência) e de assistência social, o que faz com que a seguridade social brasileira 
se situe entre o seguro e a assistência social (BOSCHETTI, 2006). 
 
2016/CESPE/DPU. Considerando os fundamentos e argumentos teóricos, 
históricos e políticos presentes nas abordagens das políticas sociais, julgue o 
item que se segue. São princípios fundamentais do sistema beveridgiano a 
fragmentação institucional e das políticas sociais e a não padronização dos 
benefícios sociais. 
Certo/ Errado 
Resposta Correta: Errado. 
Comentário: O "liberal" Beveridge, assim, torna-se o autor de um aspecto do Welfare 
State inglês, qual seja, o da seguridade social, como indica em seu relatório Social 
Insurance and Allied Services. Na interpretação de Marshall, o Plano Beveridge 
consistiu em fazer uma fusão das medidas esparsas já existentes, ampliar e consolidar 
os vários planos de seguro social, padronizar os benefícios e incluir novos benefícios 
como seguro acidente de trabalho, abono familiar ou salário família, seguro desemprego 
e outros seis auxílios sociais: auxílio funeral, auxílio maternidade, abono nupcial, 
benefícios para esposas abandonadas, assistência às donas de casa enfermas e 
auxílio-treinamento para os que trabalhavam por conta própria. Cabe ainda precisar que 
o termo social security, popularizado e universalizado após sua incorporação no Plano 
Beveridge, contudo, foi utilizado oficialmente pela primeira vez nos Estados Unidos, em 
1935, pelo Governo Roosevelt em seu Social Security Act , mas com sentido bastante 
restritivo em relação àquele atribuído posteriormente por Beveridge. No sistema 
beveridgiano, os direitos têm caráter universal, destinados a todos os cidadãos 
incondicionalmente ou submetidos a condições de recursos, mas garantindo mínimos 
sociais a todos em condições de necessidade. Os princípios fundamentais são a 
unificação institucional e uniformização dos benefícios. 
 
 
 
 
19 
 
 
2010/CESGRANRIO/ PETROBRAS. Ao se analisar a história do desenvolvimento 
da política social, verifica-se, em relação a esta política, que: 
a- suas protoformas datam da Revolução Francesa. 
b- sua consolidação deveu-se à redução do desemprego. 
c- sua generalização é posterior à Segunda Guerra Mundial. 
d- surge na transição do Estado Social ao Estado Liberal. 
e- reduziu os impactos sociais da crise de 1929. 
 
Resposta Correta: Letra c- sua generalização é posterior à Segunda Guerra 
Mundial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
4. DA SEGURIDADE SOCIAL - SEÇÃO I. DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de 
iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos 
relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
Parágrafo único. Compete ao Poder Público, nos termos da lei, organizar a seguridade 
social, com base nos seguintes objetivos: 
I - universalidade da cobertura e do atendimento; 
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e 
rurais; 
III - seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços; 
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; 
V - equidade na forma de participação no custeio; 
VI - diversidade da base de financiamento; 
VII - caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados 
e do Governo nos órgãos colegiados. 
 
 
2013/FCC/TRT5ª R. O conceito de seguridade social firmado pela Constituição 
Federal de 1988 refere-se à: 
a- noção de que os cidadãos tenham acesso a um conjunto de certezas e seguranças 
que cubram, reduzam ou previnam situações de risco e de vulnerabilidades sociais. 
b- organização prioritariamente de um sistema de cotizações que envolve trabalhadores 
e empresas de caráter obrigatório garantido pelo Estado. 
c- um modelo de proteção universal em substituição ao modelo anterior de seguro 
social. 
d- noção de cidadania invertida, na qual o Estado reconhece apenas as políticas 
assistenciais como forma de atendimento às necessidades. 
e- noção de cidadania regulada como proteção social estruturada dirigida, 
exclusivamente, à população assalariada. 
 
21 
 
 
Resposta Correta: Letra a- noção de que os cidadãos tenham acesso a um 
conjunto de certezas e seguranças que cubram, reduzam ou previnam situações 
de risco e de vulnerabilidades sociais. 
Comentário: A seguridade social é definida na Constituição Federal, no artigo 194, 
caput, como um “conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da 
sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à 
assistência social”. A Seguridade Social brasileira por definição constitucional é 
integrada pelas políticas de Saúde, Previdência Social e Assistência Social e supõe que 
os cidadãos tenham acesso a um conjunto de certezas a segurança que cubram, 
reduzam ou previnam situações de risco e de vulnerabilidades sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
 
5. HISTÓRIA DAS POLÍTICAS SOCIAIS 
 
 
 
 As políticas sociais no Brasil tiveram sua trajetória influenciada em 
políticas econômicas internacionais. "Diferente, pois, das políticas sociais dos 
países Capitalistas avançados, que nasceram livres da dependência econômica e 
do domínio colonialista, o sistema de bem-estar brasileiro sempre expressou as 
limitações decorrentes dessas injunções". (Potyara, p.125). 
 Pode-se dizer que o estado de bem-estar-social no Brasil, não aconteceu 
de fato, contudo o que ocorreu foram os reflexos do sistema internacional. É 
importante ressaltar que no Welfare State, o Estado é o principal agente de 
proteção social de garantia de direitos. 
 A política social do País teve sua expansão nos períodos de regime 
autoritário, dessa forma o Governo procurava mostrar uma cara humanista, para 
justificar sua ação interventora. Para compreender as experiências das políticas 
de necessidades básicas no Brasil, Potyara (2002) dividiu em cinco períodos 
históricos, de acordo com a situação política, econômica e social: 
 
1º período laisseferiano: 
 
 O Brasil, nos anos 30 apresentava uma economia de agro exportação, assim 
o mercado era o responsável de atender as necessidades individuais e a questão social 
era tratada como caso de polícia,neste período o Estado limitava-se a atender as 
necessidades da população. Sobretudo neste período já existia a lei Elói Chaves 
criada em 1923, como seguro social aos trabalhadores ferroviários, dessa forma os 
trabalhadores contribuíam às caixas de aposentadorias e pensões (Caps), no período 
de Getúlio Vargas cria-se os institutos de aposentadorias e pensões (Iaps) atendendo 
uma classe mais ampla dos trabalhadores. 
 
2º período Populista/ desenvolvimentista: 
 
 A época de 1930 a 1964 configura vários governos, que vai de Getúlio Vargas a 
João Goulart. O Principal agente transformador da economia foi o início de período 
Industrial. 
 
23 
 
 Segundo Potyara, as principais medidas de proteção social desse período 
foram: 
Na década de 30: criação do ministério do trabalho, indústria e comércio, da carteira de 
trabalho (...). 
Na década de 40: Getúlio Vargas institui o salário mínimo, reestruturação do ministério 
de educação e saúde (...). 
Na década de 40: no governo de Dutra: Promulgação da Constituição Federal de 
1946(defensora dos ideais liberais) (...). 
Na década de 50: durante o Governo de Juscelino K.: destaque da retórica 
internacionalista (...), no rol desses interesses, a política social só tem serventia como 
investimento em capital humano (...). 
Na década de 60 (até1964): com os Governos de Quadros e Goulart: estagnação 
econômica (...), e intensa mobilização das massas em torno de pleitos por reformas 
socioeconômicas. (2002, p.129 até 133). 
 Percebe-se que muitas vitórias foram alcançadas nesses períodos pelos 
trabalhadores, observa--se que a criação do Ministério do Trabalho foi um importante 
passo, em defesa dos direitos dos operários, já que estes trabalhavam em condições 
muitas vezes subumanas. Nota-se também que esses períodos foram marcados por 
interesses e jogos políticos, os Governantes atuavam de forma repressiva no intuito de 
manter o poder sobre a sociedade. 
 
3º Período tecnocrático militar: 
 
 Como nos períodos anteriores, este também se subdivide de 1964 a 1985, vai 
do governo de Castelo Branco até o de Figueiredo que termina em 1985. 
 As principais mudanças deste é que o Estado deixa de ser populista, tornando-
se tecnocrático, "as reformas institucionais que acompanharam essa modificação 
resultaram na reestruturação da máquina estatal, privilegiando o planejamento direto, a 
racionalização burocrática e a supremacia do saber técnico sobre a participação 
popular" (Potyara, p.135). 
 Neste contexto surgiram no País a valorização do capital estrangeiro e o 
conceito de política social, levando em consideração o desenvolvimento do País. 
 Nos primeiros anos da era tecnocrática, que vai de 1964 até 1967, o governo 
procurou dar continuidade aos programas da política anterior, sempre buscando atender 
os interesses do mercado. 
 
24 
 
 A partir de 1967 até 1974 a política social deixou de ser vista apenas como um 
suplemento da economia e se consolidou como um dos meios mais importantes para 
acumulação de capital. 
 Sobretudo o período de 1974 até 1979 foi quando houve grandes modificações 
na economia do País, (a partir das metas de Juscelino K). 
 Estes períodos são marcados pela falta de interesse do governo em atender as 
classes pobres, seus principais interesses era o desenvolvimento de obras faraônicas, 
temos como exemplo a construção da Transamazônica. 
 Se houvesse agitações sociais, em busca de reformas sociais o Estado reagia 
de forma opressiva. O período de 1980 a 1985, sob o governo de Figueiredo, foi 
marcado pela diminuição dos gastos sociais, em decorrência do aumento do déficit 
público herdada do governo anterior. 
 Este período foi marcado pela pressão da sociedade que lutava por democracia 
e questionava a situação das populações pobres. Assim a postura do Governo de não 
atender precisamente as questões sociais, ocasionou o aumento do desemprego e da 
miséria no País. 
 
4º período de transição para a democracia liberal: 
 
 Em 1985, assume a Presidência José Sarney, seu lema era tudo pelo social, 
como exemplifica Potyara "A estratégia adotada para perseguir esse objetivo social 
incluía desde medidas de cunho emergencial, especificamente as voltadas contra a 
fome, o desemprego e a pobreza (...)". (2002, p.150). Esta fase foi de grandes vitórias 
à população brasileira, é quando pela primeira vez na história do Brasil, a Assistência 
Social é considerada como direito Constitucional instituído em 1988, o Estado 
passou a ter mais responsabilidades com a formulação de políticas públicas que 
atendessem os mínimos sociais. 
 
5º período Neoliberal: 
 
 Neste período ocorreram mudanças significativas na economia e na política do 
País. Faz-se necessário compreender que o Neoliberalismo defende que o Estado não 
deve intervir na economia do País e ainda acrescenta, que a saúde e a educação devem 
ser privatizadas, pois, o Estado não tem condições financeiras de conceder serviços de 
qualidade, dessa forma o Estado deve ser apenas o regulador, concedendo apenas 
o mínimo para o social e o máximo de vantagens ao mercado. 
 
25 
 
 
2014/FCC/SABESP. A história das políticas sociais brasileiras apresenta 
importante marco a partir da década de 1980, com base nos ditames da 
Constituição Federal em vigor, envolvendo o protagonismo da esfera pública 
estatal. Com relação a esse tema pode-se afirmar que: 
 a- a ampliação das garantias de proteção social trazidas para o escopo da 
responsabilidade do Estado brasileiro, numa perspectiva de ampliação de acesso a 
direitos e enfrentamento de riscos sociais e da pobreza foi, num primeiro momento, 
reconhecida no campo legal por leis infraconstitucionais. 
 b- a aplicação do seguro desemprego foi um tema com dificuldade de avanço porque a 
classe empresarial não compreendia esse benefício como provisão temporária de renda 
em situação circunstancial de desemprego. 
 c- a instituição da Seguridade Social como sistema básico de proteção social, integrava 
as políticas de previdência social, assistência social, saúde, educação e emprego e 
renda, tornando, assim, ampliação dos direitos sociais de acesso universal a todos 
aqueles que dele necessitassem. 
 d- o direito de acesso universal e gratuito à saúde ficou instituído a partir da 
responsabilidade bipartite entre Estado e sociedade civil, entendendo que, no âmbito do 
SUS, a obrigatoriedade de oferta da esfera governamental é a atenção básica, ficando 
os demais níveis de complexidade para as iniciativas não governamentais. 
 e- com o objetivo de garantir o direito constitucional à seguridade social definiu-se, no 
mesmo texto da carta Magna, a partilha do fundo público de responsabilidade dos três 
entes federados que obrigam disponibilizar, no mínimo, 35% da arrecadação para a 
implementação das políticas sociais públicas que compõem seu campo. 
 
Resposta Correta: Letra a- a ampliação das garantias de proteção social trazidas 
para o escopo da responsabilidade do Estado brasileiro, numa perspectiva de 
ampliação de acesso a direitos e enfrentamento de riscos sociais e da pobreza 
foi, num primeiro momento, reconhecida no campo legal por leis 
infraconstitucionais. 
Comentário: A promulgação da Constituição Federal de 1988 (CF) e o reconhecimento 
em seu texto de garantias de proteção social que devam ser prestadas pela esfera 
estatal, certamente, foi um grande avanço daquele período e uma vitória dos 
movimentos democráticos e populares, possibilitando a construção de um efetivo 
sistema de proteção no país. A Carta "cidadã", como ficou conhecida por assegurar 
direitos sociais e políticas sociais, como a seguridade social - compreendida pela saúde, 
assistência social e previdência -,e o direito a educação, dentre outros, foi caracterizada 
posteriormente pelos conservadores como paternalista e retrógrada. No entanto, já na 
década de 1990 o país adota a agenda neoliberal e a CF passa a ser desconsideradano sentido da não implementação do que estava ali instituído. A própria LOAS (Lei 
Orgânica da Assistência Social - Lei. n. 8.742/1993) sofreu resistências por parte do 
 
26 
 
 
Governo Collor para ser sancionada conforme previsto na CF, o que vem a ocorrer 
somente após a saída daquele presidente e quase 4 anos após a sua previsão no texto 
constitucional. 
 
 
 
 
Leis Infraconsttucionais 
 Infraconstitucional corresponde às normas legais e administrativas que 
estão dispostas abaixo da Constituição, ou seja, é o termo utilizado para se 
referir a qualquer lei que não esteja incluída na norma constitucional, e, de 
acordo com a noção de Ordenamento jurídico, esteja disposta em um nível 
inferior à Carta Magna do Estado. São leis que não são julgadas pelo Supremo 
Tribunal Federal (STF), que cuida exclusivamente da interpretação e aplicação 
da Constituição Federal. 
Exemplos: 
- as leis complementares, as leis delegadas, leis ordinárias, decretos legislativos e 
resoluções que são expedidas pelo poder legislativo; 
- a medida provisória baixada pelo Presidente da República, que tem força de lei, e o 
decreto baixado pelo executivo para regulamentar a lei; 
Todos os demais atos administrativos baixados pelos poderes legislativo, executivo 
e judiciário, também, são considerados normas infraconstitucionais, pois, além de 
observar as disposições administrativas e legais, devem, também, observar os 
preceitos constitucionais, seguindo o princípio da hierarquia da lei, sob pena de serem 
considerados inconstitucionais, ou ilegais. 
- as portarias, as circulares, os avisos, ofícios, pareceres normativos, instruções 
normativas, resoluções, contratos etc. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
2014/FCC/SABESP. Na segunda metade dos anos de 1980 e nos anos de 1990 há 
uma corrente que advoga pela concepção de um Estado democrático e forte que 
possui como característica: 
a- considerar o bem-estar legítimo como aquele que é direcionado comprovadamente 
para os que são indigentes. 
b- impermeabilidade do Estado às demandas sociais, mas com ênfase no ordenamento 
das relações entre sociedade civil organizada e as instituições políticas para a 
prevalência das proposições do mercado como regulador. 
c- possuir a dupla dimensão das políticas sociais, ou seja, o caráter distributivo e 
regulador associando um projeto para a sociedade que contemple um desenvolvimento 
autossustentado. 
d- o alto grau de mercantilização dos próprios bens sociais. 
e- o direito de ter acesso aos bens sociais devem ser garantidos pelo Estado e o gozo 
dos benefícios deve corresponder a uma contrapartida, isto é, o desempenho de 
trabalho ou o seu pagamento. 
 
Resposta Correta: Letra c- possuir a dupla dimensão das políticas sociais, ou seja, 
o caráter distributivo e regulador associando um projeto para a sociedade que 
contemple um desenvolvimento autossustentado. 
Comentário: Podemos observar a existência de duas correntes sobre o Estado na 
segunda metade dos anos 1980 e início dos anos 90: a concepção neoliberal que 
advoga o Estado mínimo e define o mercado como principal espaço regulador de ordem 
econômica e social, e a concepção que afirma a necessidade da presença de um Estado 
democrático e forte, perante as mudanças produzidas pelo próprio ajuste neoliberal e 
pelas enormes desigualdades das realidades latino-americanas. Entretanto, a solução 
da crise para a vertente neoliberal latino-americana consiste em reforçar a presença do 
mercado, incentivar a competitividade entre os indivíduos e o capital, e para isto é 
necessário diminuir a intervenção do Estado na economia. Outra estratégia é a redução 
da ação estatal no campo do atendimento das manifestações da questão social, através 
dos cortes dos gastos sociais públicos, das privatizações, e da centralização dos gastos 
em programas sociais focalizados na pobreza e descentralizados. Nota-se que a crítica 
neoliberal ao Estado de Bem-estar é centrada em oposição àqueles elementos da 
política social que implicam desmercantilização, solidariedade social e coletivismo. Essa 
crítica condena os direitos sociais, o universalismo, a dissociação entre benefícios e 
contribuição trabalhista, além da administração-produção pública de serviços; ou seja, 
os elementos que caracterizam principalmente, sobretudo o Estado de Bem-estar 
“social democrata”. 
 
 
28 
 
 
2014/FCC/TRF3ªR. Existem, no mínimo, duas formas de conceituar a política 
social: a primeira, como âmbito de reprodução do status quo e funcional ao 
capital; e a segunda, como espaço com potencialidades contraditórias, podendo 
efetivamente promover o acesso da população aos bens e serviços sociais 
produzidos pela sociedade. A partir dessas premissas, considere as assertivas 
abaixo: 
 
I. A definição do que pode representar a política social só pode ser compreendida a 
partir do solo histórico que a constitui. 
II. No Brasil, a trajetória histórica de política social tem sido acompanhada por 
características como a tutela, o clientelismo, o paternalismo e o patrimonialismo. 
III. O sistema de proteção social brasileiro fundou-se em pilares oligárquicos. 
 
Está correto o que consta em: 
 a- I, II e III. 
 b- I e II, apenas. 
 c- I e III, apenas. 
 d- II e III, apenas. 
 e- I, apenas. 
 
Resposta Correta: Letra b- I e II, apenas. 
Comentário: O Sistema de Proteção Social, por meio da Previdência e de "benefícios" 
ligados ao trabalho industrial (como oferta de alimentação barata para operários) teve 
suas bases fundadas no desenvolvimento industrial. As legislações sociais foram 
resposta à necessidade de manter o controle estatal (tutela) especialmente no Estado 
Novo, e como forma de propiciar o aumento da produtividade industrial. O homem bem 
alimentado (etc.) é mais produtivo para a indústria! Portanto, as bases se deram no meio 
urbano e não rural. 
 
 
 
 
 
29 
 
 
6. CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO E AS 
TENDÊNCIAS DAS POLÍTICAS SOCIAIS 
 
 Para uma melhor análise dos processos recentes de ajuste estrutural no 
capitalismo e seus rebatimentos na Reforma do Estado e reestruturação das 
políticas sociais em curso no mundo, faz-se necessário compreendermos as 
transformações mais recentes experimentadas na esfera do capital, em especial a partir 
dos anos 70, quando este toma uma nova configuração. 
 Remetendo-nos às análises de Mandel (1982), que sustenta a tese de que entre 
os fins dos anos 60 e 70, o capitalismo experimentou um padrão de desenvolvimento 
no interior do qual suas crises periódicas configuravam breves episódios em face de 
suas conjunturas de crescimento, sendo denominado por alguns estudiosos como a 
“idade de ouro do capitalismo”, no qual este, passou a registrar na sua curva de 
desenvolvimento, longos ciclos expansivos. 
 É, portanto, neste contexto que a cidadania se amplia, não só a cidadania civil 
e política, mas também a cidadania social, que está vinculada diretamente à garantia 
dos direitos sociais, exigindo a presença ativa do Estado como provedor de bens e 
serviços sociais. Assim, podemos indicar que ocorreu a extensão da cidadania, 
extrapolando os direitos civis e políticos, ambos identificados e aceitos pela ideologia 
liberal. Ao contrário da cidadania civil e política, que requer a ausência do Estado para 
a sua garantia, a cidadania social exige a presença ativa e decisiva do Estado na 
provisão social, através da efetividade das Políticas Sociais. 
 Contudo, este padrão de desenvolvimento do capitalismo começou a dar sinais 
de crise a partir do “final da década de 60, quando as economias centrais começam a 
apresentar sinais de declínio do crescimento econômico, evidenciando o início da 
saturação daquele padrão de acumulação. A queda das taxas de lucro, as variações da 
produtividade, o endividamento internacional e o desemprego são indícios daquele 
processo” (MOTA, 1995, p. 49). Trata-se de uma crise global de ummodelo social de 
acumulação, cujas tentativas de resolução têm produzido transformações estruturais 
que dão lugar a um modelo diferente, denominado de neoliberal que tem por base a 
informalidade no trabalho, o desemprego, a desproteção trabalhista e, 
consequentemente, uma nova pobreza (SOARES, 2000). 
 Finda a onda longa expansiva do capitalismo, baseada no crescimento 
econômico e intervenção do Estado se inicia uma onda longa recessiva, caracterizada 
por uma taxa de crescimento médio inferior à alcançada nas décadas de 50 e 60. 
 
30 
 
Segundo Soares (Op. Cit), os impactos e consequências da crise, bem como as 
soluções para o seu combate, diferenciam-se entre os países pela inserção 
internacional de suas economias e pelos particulares estágios de desenvolvimento 
histórico, que determinam respostas sociais e políticas específicas. 
 Quais serão as respostas do capital às baixas taxas de lucro? A partir dos anos 
80, a reestruturação da economia vai se dar através da revolução tecnológica e 
organizacional na produção – reestruturação produtiva – corrida tecnológica em busca 
do diferencial de produtividade do trabalho, como fonte de superlucros (BEHRING, 
2003, p.32), a globalização da economia e o retorno dos ideais liberais, através do 
neoliberalismo no tocante ao papel do Estado na proteção social. 
 
 
O neoliberalismo consiste na sustentação da tese segundo a qual o mercado é 
o principal e insubstituível mecanismo de regulação social, onde a sua enfática 
defesa do Estado mínimo. O propósito do neoliberalismo é combater as 
políticas macroeconômicas de matriz keynesiana e o combate à garantia dos 
direitos sociais, defendendo como meta a estabilidade monetária. 
 A reestruturação produtiva vem sendo conduzida com o ajuste 
neoliberal, que implica a desregulamentação de direitos sociais, no corte dos 
gastos sociais e apelo ao mérito individual. A palavra de ordem da 
reestruturação produtiva é flexibilidade – acumulação flexível - para alcançar o 
máximo de produtividade da força de trabalho com o mínimo de custo. 
 Estas mudanças no mundo do trabalho são acompanhadas pela 
globalização ou como muitos estudiosos denominam de “mundialização da 
economia”, de “constituição de um regime de acumulação mundial 
predominantemente financeiro, ou melhor, uma nova configuração do 
capitalismo mundial e dos mecanismos que comandam seu desempenho e sua 
regulação” (CHESNAIS, 1996, In BERHING, 2003, p. 41). 
 
 
Neste cenário de mudanças do padrão de acumulação para o capitalismo 
financeiro, que se origina num processo de transferências de rendimentos produtivos 
para os operadores por meio da dívida do terceiro mundo, as exigências e imposições 
do capital, através de seus órgãos multilaterais, vão ser o ajuste estrutural, através de 
privatizações de empresas estatais e desregulamentações das economias nacionais e 
reforma do papel do Estado. 
 
31 
 
 
 
 Dessa forma, a atual configuração do capital determina novas modalidades 
de reprodução da força de trabalho, ancoradas principalmente nos processos de 
privatização, focalização e descentralização das políticas sociais. Nesta ótica, a 
estratégia neoliberal de reprodução da força de trabalho consiste em implementar 
políticas sociais que consigam integrar os indivíduos, já que, em sua visão, o 
trabalho assalariado não tem mais essa capacidade. É esta perspectiva que vem 
determinando as tendências da s políticas sociais no Brasil, que em oposição à 
universalização e a integração com as outras esferas da seguridade social, 
passando a ser centralizadas em programas sociais emergenciais e seletivos, 
enquanto estratégias de combate à pobreza. 
 Valemo-nos dos estudos de Soares (2000) sobre os custos sociais do 
ajuste neoliberal na América Latina, no qual afirma que “o modelo neoliberal, que 
propõe para a América Latina a liberalização comercial e financeira a todo custo, 
entra em aberta contradição com o intenso neoprotecionismo nos países 
centrais” (SOARES, Op. Cit, p. 15). Essas políticas fazem parte de um movimento 
de ajuste global, que se desenvolve num contexto de globalização financeira e 
produtiva, sob a égide de uma doutrina neoliberal, gestada na capital política do 
mundo capitalista, denominada Consenso de Washington. 
 
O referido Consenso caracteriza-se por um conjunto 
abrangente, de regras de condicionalidade aplicadas de forma 
cada vez mais padronizada aos diversos países e regiões do 
mundo, para obter o apoio político e econômico dos governos 
centrais e dos organismos internacionais. Trata-se também, de 
políticas macroeconômicas de estabilização acompanhadas de 
reformas estruturais liberalizantes (TAVARES e FIORI, 1993, In 
SOARES, 2000, p. 16). 
 
 No caso brasileiro, “o ajuste tornou-se particularmente dramático nos últimos 
anos, tanto do ponto de vista econômico quanto do social” (SOARES, Op. Cit, p. 35). 
Pelo aspecto econômico, apesar de ter sido na década de 80, o país sul-americano a 
oferecer maior resistência às políticas de desregulamentação financeira e abertura 
comercial irrestrita, todos os impactos das políticas de ajuste implementadas nos anos 
90 estão sobrepondo com grande intensidade e num tempo muito curto. Já no aspecto 
social, o país foi pego a meio caminho, na sua tentativa tardia de montagem de um 
 
32 
 
Estado de Bem-Estar Social. Dada a sua massa gigantesca de pobreza estrutural, 
praticamente excluída dos benefícios do desenvolvimento passado, o país é atingido 
pelos dois lados, o desenvolvido e o subdesenvolvido (SOARES, 2000). 
 Como resultado desse ajuste estrutural no Brasil, Cohn (1999) aponta a 
conformação de um sistema dual de proteção social que não se refere mais a 
inserção ou não no mercado formal de trabalho, mas a níveis de renda que se 
traduzem em diferentes graus de capacidade contributiva dos diferentes 
segmentos sociais e que se revelam como “(...) possíveis de serem incluídos pelo 
processo de globalização, e aqueles definitivamente excluídos desse processo 
(...)” (COHN, 1999, p. 189). 
 A conformação desta tendência se dá de um lado, uma política de 
universalização de um patamar básico de acesso a determinados níveis de serviços 
sociais, financiados com recursos orçamentários e, de outro, “(...) um sistema privado, 
no geral continuando a ser subsidiado (através, por exemplo, do instrumento de 
renúncia fiscal) e destinado aos segmentos sociais de maior poder econômico” (COHN, 
1999, p. 189). 
 
 
 
Nesta perspectiva, no interior da reorganização da produção e do Estado 
capitalista, as políticas sociais ganham outro direcionamento. Nessa condição, 
a própria crise da sociedade baseada no trabalho assalariado vai impactar nos 
mecanismos públicos de seguridade social. Seja pelas críticas aos modelos 
universais de direitos e garantias sociais, seja pela crise fiscal do Estado, ou 
ainda pela ideologia neoliberal que vai indicar o caminho da superação da crise, 
através da criação de novas características aos programas de proteção social 
(MOTA, 2001). 
 
 
Segue-se então, um intenso processo de “liberalização” da seguridade social, 
em que a reconstituição do mercado, a competição e o individualismo aparecem como 
eixos principais para o desenvolvimento das políticas sociais. Por outro lado, as antigas 
funções relacionadas ao Estado de Bem-Estar social são bruscamente 
desregulamentadas, utilizando-se o argumento da competição e do individualismo como 
forças desagregadoras dos grupos organizados, desativando os espaços de 
negociações dos interesses coletivos. 
 
33 
 
 
 Surge uma nova visão hegemônica no cenário nacional e internacional 
sobre as políticas sociais, ancoradas em organizações internacionais como: 
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Banco Interamericano para a 
Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e Fundo Monetário Internacional (FMI), 
prestigiando uma ideologia de proteçãosó para os desprotegidos, ou seja, as 
ações de proteção social advindas de recursos do Estado só focalizarão uma 
parte da população, logicamente aquela que se encontra abaixo da linha de 
pobreza, enquanto que o resto da população encontrará sua proteção nas 
prateleiras e vitrines do livre mercado. Assim, assistimos em toda a década de 90, 
a desregulamentação da Constituição Federal de 1988, num ataque a agenda 
universalista prevista, que mesmo antes de ser implementada já sofreu um 
desmonte, através das reformas da previdência, onerando cada vez mais o 
trabalhador, a focalização da assistência social e a universalização excludente na 
saúde. 
 Neste sentido, para as políticas sociais a orientação dos organismos 
internacionais é a focalização das ações, com estímulos a fundos sociais de 
emergências, a mobilização da solidariedade individual e voluntária, bem como 
as organizações filantrópicas e organizações não-governamentais - com a marca 
de GENTE QUE FAZ. O apelo à solidariedade e à parceria desresponsabiliza o 
Estado e despolitiza as relações sociais, deslocando a questão social da esfera 
pública e inserindo-a no plano de filantropia. Nesta perspectiva, observa-se uma 
tendência de despolitização da política, o desfinanciamento da proteção social, 
em detrimento do pagamento do refinanciamento da dívida pública, através da 
obtenção do superávit primário, mercantilização / mercadorização dos serviços e, 
consequentemente, uma redução dos direitos sociais, tardiamente conquistados 
no Brasil. 
 
O quadro acima referido mostra o grau de desmonte a que foi submetida as 
políticas sociais no país, através dos cortes nos gastos sociais com o objetivo de atingir 
o superávit primário, que de acordo com o Fórum Brasil do Orçamento, baseado em 
dados da Secretaria do Tesouro Nacional (2004) o superávit primário em 2004 foi maior 
que o acertado com o FMI, no valor de R$ 70 bilhões até setembro de 2004, maior do 
que todos os gastos sociais neste ano, que somaram R$ 68 bilhões, processo este 
caracterizado pela contra reforma do Estado brasileiro (BEHRING, 2003) que se 
materializa no Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRE) em 1995. Os diagnósticos 
 
34 
 
apresentados no PDRE serviram de base para as propostas de Emenda Constitucional 
nas áreas administrativa e previdenciária, iniciando o processo de desmonte da 
previdência social brasileira na perspectiva da seguridade social. 
 
 
O Brasil nos anos 90 promoveu uma reestruturação das Políticas Sociais na 
perspectiva da solidariedade, da focalização e seletividade, da refilantropização 
da pobreza e responsabilidade social, redução dos gastos sociais, 
descentralização e mercantilização dos bens sociais, promovendo assim o 
desmonte dos direitos sociais, tão duramente conquistados no Brasil. 
 
 
 
2015/EBSERH/MEAC/UFC/HUWC/AOCP. São características das Políticas Sociais 
no Neoliberalismo, EXCETO 
(A) paternalista. 
(B) focalista e clientelista. 
(C) existência de uma mercantilização e transformação de políticas sociais em negócios. 
(D) os benefícios, serviços e programas sociais deixam de ser direitos sociais para se 
tornarem direito do consumidor. 
(E) a universalidade de acesso. 
 
Resposta Correta: Letra (D) os benefícios, serviços e programas sociais deixam 
de ser direitos sociais para se tornarem direito do consumidor. 
 
 
 
2015/EBSERH/HU-UFJF/AOCP. São características das políticas sociais 
neoliberais, EXCETO: 
(A) paternalismo. 
(B) atender as necessidades sociais da maioria das pessoas. 
(C) focalização das ações. 
 
35 
 
 
(D) ter custo excessivo do trabalho. 
(E) preferencialmente ser acessadas via mercado, transformando-se em serviços 
privados. 
 
Resposta Correta: Letra (B) atender as necessidades sociais da maioria das 
pessoas. 
 
 
 
2014/CESPE/POLÍCIA FEDERAL. Considerando o neoliberalismo e o contexto 
atual, bem como a relação entre Estado e sociedade, julgue os itens seguintes. 
Em consequência das medidas de ajuste liberal realizadas a partir da década de 
80 do século passado na América Latina e em conformidade com o paradigma da 
eficiência e efetividade na gestão, as políticas de combate à pobreza foram 
substituídas, em grande medida, pelas políticas de busca da universalização do 
acesso aos serviços básicos. 
Certo / Errado 
Resposta Correta: Errado. 
Comentário: A partir da segunda metade da década de 80 do século passado, por meio 
dos diversos tipos de políticas e programas sociais vigentes na América Latina, foi 
realizado um trânsito do paradigma da universalização do acesso a serviços básicos 
para a redução ou combate à pobreza resultante das políticas de ajuste estrutural. Tais 
políticas, em consonância com o paradigma da efetividade e eficiência na gestão, 
instituíram a focalização, a privatização e a descentralização como um mecanismo de 
gestão e distribuição de recursos. O Brasil nos anos 90 promoveu uma reestruturação 
das Políticas Sociais na perspectiva da solidariedade, da focalização e seletividade, da 
refilantropização da pobreza e responsabilidade social, redução dos gastos sociais, 
descentralização e mercantilização dos bens sociais, promovendo assim o desmonte 
dos direitos sociais, tão duramente conquistados no Brasil. 
 
 
 
 
 
 
36 
 
 
2014/CESGRANRIO/CEFET-RJ. No Brasil, na década de 1990, sob a hegemonia 
neoliberal, as Políticas Sociais passam a adotar como elementos norteadores os 
conceitos de: 
a- universalidade, diversidade e descentralização 
b- distributividade, seletividade e centralização 
c- privatização, focalização e descentralização 
d- uniformidade, focalização e distributividade 
e- focalização, seletividade e centralização 
Resposta Correta: Letra c- privatização, focalização e descentralização. 
Comentário: As políticas sociais articulam-se ao trinômio da focalização, privatização 
e descentralização, ademais, trata-se de desuniversalizar e assistencializar as ações, 
cortando os gastos sociais e contribuindo para o equilíbrio financeiro do setor público. 
Uma política social residual que soluciona apenas o que não pode ser enfrentado pela 
via do mercado, da comunidade e da família. 
 
 
2013/CESPE/DEPEN. Com relação às transformações no capitalismo 
contemporâneo e seus desdobramentos na seguridade social brasileira, julgue o 
item a seguir. As propostas de privatização, focalização e seletividade 
acompanham um padrão constitucional universalista e de direitos de cidadania. 
Certo / Errado 
Resposta Correta: Errado. 
Comentário: Se há focalização e seletividade não é possível que haja um padrão 
constitucional universalista. Este é o trinômio articulado do ideário neoliberal para as 
políticas sociais - a focalização, a privatização e a descentralização. O erro está em 
dizer que é universalista 
 
 
2013/CESPE/DEPEN. Com relação às transformações no capitalismo 
contemporâneo e seus desdobramentos na seguridade social brasileira, julgue o 
item a seguir. O predomínio contemporâneo da monetarização da seguridade 
social brasileira rompe com o padrão capitalista de Estado neoliberal 
meritocrático. 
 
37 
 
 
Certo / Errado 
Resposta Correta: Errado. 
Comentário: O predomínio contemporâneo da monetarização da seguridade social 
brasileira vai ao encontro com o padrão capitalista de Estado neoliberal meritocrático. 
Opera-se atualmente um largo processo de desmonte das políticas sociais destinadas 
a reprodução social dos subalternizados ao capital, alargando-se a apropriação privada 
de parte do fundo público pelos rentistas, donos do capital que porta juros. E os 
mecanismos estratégicos para tanto são a transferência crescente de recursos sociais 
para a esfera financeira de um lado – por meio das contra reformas das políticas sociais 
e do repasse de recursos do fundo público para o pagamento da dívida – e, de outro 
lado, os programas de transferência de renda que, alémde alimentar o capital portador 
de juros por sua lógica, enfatizam a focalização das políticas sociais em detrimento das 
conquistas de universalização duramente alcançadas pela classe trabalhadora. Tais 
programas configuram-se na estratégia do capital portador de juros de financeirização 
da vida social e contribui para a contrarreforma das políticas sociais e da Seguridade 
Social. No Brasil, as políticas de saúde, previdência e assistência social, a partir da 
década de 1990, são alvo de regressivas reformas no momento em que a crise do capital 
– fruto das contradições do processo de acumulação – passa a ser respondida por meio 
de medidas denominadas neoliberais. O orçamento da seguridade passa a ser o mais 
afetado por estes ajustes fiscais praticados nos últimos governos em nome da “redução 
do déficit nas contas públicas”. E a finalidade destas reformas para o grande capital 
consiste em suprimir os direitos sociais já conquistados e alargar as “conquistas” do 
capital. 
 
 
 
2013/CESPE/DEPEN. Com relação às transformações no capitalismo 
contemporâneo e seus desdobramentos na seguridade social brasileira, julgue o 
item a seguir. As transformações do capitalismo contemporâneo, ao difundir os 
ideários neoliberais, fortalecem o Estado de bem-estar social e rompe com a 
perspectiva de Estado penal, que defende a militarização da vida social. 
Certo / Errado 
Resposta Correta: Errado. 
Comentário: O Neoliberalismo enfraquece o poder do estado e, logo com a sua 
ascensão em meados dos anos 80 contribuiu para o declínio do Estado do Bem-Estar 
Social. Ele, ainda, promove a marginalização da pobreza. 
 
 
38 
 
 
2011/COPEVE-UFAL/UFAL. No cenário do neoliberalismo, é correto afirmar que o 
enfrentamento das novas expressões da questão social tem-se dado mediante: 
a) uma forte intervenção do Estado, ampliando os gastos sociais. 
b) um sistema de proteção social amplo e sem restrições, resultado das fortes lutas dos 
movimentos sociais. 
c) uma progressiva responsabilização da sociedade civil, via Organizações Não 
Governamentais (ONG), incentivo ao voluntariado, refilantropização da assistência, 
entre outros. 
d) uma crescente desresponsabilização do Estado, paralelo à crescente alocação do 
fundo público na reprodução do trabalho. 
e) um aporte de recursos públicos necessário à efetivação dos direitos sociais 
universais. 
 
Resposta Correta: Letra c) uma progressiva responsabilização da sociedade civil, 
via Organizações Não Governamentais (ONG), incentivo ao voluntariado, 
refilantropização da assistência, entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
7. PROBLEMATIZANDO FUNDAMENTOS E 
CONCEITOS DA PNAS E DO SUAS 
 
 A política nacional de Assistência Social e a NOB/SUAS foram consideradas 
avanços conceituais, estabelecendo critérios para sua definição e acesso vinculado ao 
campo dos direitos sociais, assentado nas características de política pública. 
 A problematização dos conceitos foi pautada pela análise dos elementos que 
informavam esse campo indicando que isso requer o enfrentamento da forma de 
apreensão da assistência social no Brasil. 
 
 
O debate sobre as políticas sociais brasileiras demonstra que historicamente 
estas políticas se caracterizaram por sua pouca efetividade social e por sua 
subordinação a interesses econômicos. Seu escopo foi desenhado em uma 
perspectiva residual, sem o comprometimento em enfrentar a desigualdade 
social que caracteriza a sociedade brasileira. A Assistência Social representa 
nessa análise uma área de grande tensão, uma vez que o padrão arcaico que 
se referência em matrizes apoiada pelo favor, clientelismo, mandonismo, 
desprofissionalização é elemento enraizado na cultura dessa política. O Estado 
tradicionalmente abdicou de sua condução, transferindo entidades privadas, 
filantrópicas ou não, o que impacta diretamente na dificuldade encontrada na 
materialização da política como pública e dever do estado, direito de cidadania. 
 
 
Nessa perspectiva, a construção da PNAS e da NOB/SUAS que se pautou em 
movimentos da sociedade e dos atores que participam dessa disputa, foi um grande 
avanço na consolidação de instrumentos que auxiliam na construção desse campo 
como o de uma política pública que pode ser reclamável por todos aqueles a quem ela 
se destina. 
 
2014/FCC/TRF3ªR. Ao tratar da temática das políticas sociais no Brasil, evidencia-
se que, historicamente, sobretudo até os anos 2000, estas políticas se 
caracterizaram por: 
 
40 
 
 
a- definição de parâmetros que buscam alcançar um patamar de excelência no que se 
refere à efetividade social. 
b- sua autonomia frente a interesses econômicos, mas no entanto, revela sua 
incapacidade de atuar no campo dos direitos sociais. 
c- ações pontuais e focalizadas, que revelam a capacidade de interferir no perfil de 
desigualdade social. 
d- sua subordinação a interesses econômicos dominantes, revelando incapacidade de 
interferir no perfil de desigualdade e pobreza que caracteriza a sociedade brasileira. 
e- sua integração entre o econômico e o social, a centralidade do Estado, na garantia 
de atenção aos segmentos mais empobrecidos da sociedade. 
 
Resposta Correta: Letra d- sua subordinação a interesses econômicos 
dominantes, revelando incapacidade de interferir no perfil de desigualdade e 
pobreza que caracteriza a sociedade brasileira. 
Comentário: Historicamente, estas políticas se caracterizaram por sua pouca 
efetividade social e por sua subordinação a interesses econômicos dominantes, 
revelando incapacidade de interferir no perfil de desigualdade e pobreza que caracteriza 
a sociedade brasileira. 
 
 
 
2013/FCC/TR 5ªR. Em uma perspectiva crítica, é correto afirmar que Política 
Social: 
I. é sempre um resultado que envolve mediações complexas - socioeconômicas, 
políticas, culturais, e sujeitos políticos / forças sociais / classes sociais que se 
movimentam e disputam hegemonia nas esferas estatal, pública e privada. 
II. é sempre resultado de um processo conflituoso de negociação e luta de classes 
e seus segmentos, que se colocam em condições desiguais nas arenas de 
negociação disponíveis no Estado democrático de direito, o que leva a conflitos 
também extra institucionais. 
III. é como um apanhado, exclusivamente, de inserção objetiva no mundo do 
capital, sem a influência da luta de interesses dos sujeitos e sem relação com 
processos na totalidade. 
 
41 
 
 
Está correto o que se afirma em: 
a- I, apenas. 
b- I e II, apenas. 
c- II e III, apenas. 
d- I e III, apenas. 
e- I, II e III. 
Resposta Correta: Letra b- I e II, apenas. 
Comentário: A Política Social numa perspectiva crítica: I. é sempre um resultado que 
envolve mediações complexas - socioeconômicas, políticas, culturais, e sujeitos 
políticos / forças sociais / classes sociais que se movimentam e disputam hegemonia 
nas esferas estatal, pública e privada. II. é sempre resultado de um processo conflituoso 
de negociação e luta de classes e seus segmentos, que se colocam em condições 
desiguais nas arenas de negociação disponíveis no Estado democrático de direito, o 
que leva a conflitos também extra institucionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
42 
 
 
8. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL 
NAS POLÍTICAS SOCIAIS 
 
 Há uma grande conexão entre o Serviço Social e as Políticas Sociais, pois os 
Assistentes Sociais são um dos profissionais que trabalham com essas políticas, 
intervindo nas consequências da questão social nas suas mais variadas expressões 
quotidianas, com atuação em diversas áreas, baseadas na identificação dos 
determinantes sócio econômicos (IAMAMOTO, 2004). 
 É mister lembrar que a concepção e o planejamento das políticas sociais 
ficavam ao cargo de outras categorias profissionais e dos agentes governamentais – ao 
Serviço Social, cabia apenas executá-las, na relação direta com os “indivíduos,

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