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13 CONSTITUCIONAL - APOSTILA RESUMO

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Projeto Monitoria 
 
1 
 
RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL - Projeto Monitoria – Cas 2020 
 
INTRODUÇÃO 
 
A Constituição Federal brasileira, em seu art. 1º, determinou o aspecto político 
constitucional do Brasil como o de um Estado Democrático de Direito. Trata-se do mais 
importante mecanismo da Carta de 1988, pois dele decorrem todos os princípios e preceitos 
fundamentais do Estado brasileiro. 
Estado Democrático de Direito é muito mais do que meramente Estado de Direito, pois 
assegura a igualdade entre os homens, e tem como características a submissão de todos ao 
império da lei, a divisão formal do exercício das funções derivadas do poder, entre os órgãos 
executivos, legislativos e judiciários, como forma de evitar a concentração de forças e combater 
o arbítrio, o estabelecimento formal de garantias individuais, o povo como origem formal de todo 
e qualquer poder e ainda a igualdade de todos perante a lei. 
A Constituição federal determina as competências das diversas Instituições cabendo a 
polícia militar, consciente de sua missão constitucional, exercitá-la cumprindo, rigorosamente, 
o que se determina em lei. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
Conceito liberal de constituição 
 
Com a vitória do constitucionalismo surge, no século XIX, a ideia de Constituição ideal, 
com CARL SCHMITT. Seu conceito está atrelado à ideologia político-liberal, considerando-se 
essencial: a garantia das liberdades, com a participação política; a divisão dos poderes; a 
Constituição como documento escrito. 
Assim, essa ideia de Constituição foi albergada pela Declaração de Direitos do Homem e 
do Cidadão, de 1789, em seu art. 16, nos seguintes termos: “Toda sociedade na qual não está 
assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação dos poderes, não tem 
Constituição”. 
 
Conceito orgânico de constituição 
 
Lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. É ela 
que determina a organização político-jurídica do Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos 
que o integram e as competências destes e, finalmente, a aquisição e o exercício do poder. Cabe 
também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e enumerar os direitos e garantias 
fundamentais, sendo a matéria do ramo do Direito Público de onde decorrem todas as demais 
normas do ordenamento jurídico. 
 
Estrutura das constituições 
 
As Constituições, de forma geral, dividem-se em três partes: preâmbulo, parte 
dogmática e disposições transitórias. 
 
Projeto Monitoria 
 
2 
 
O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Tem como 
função definir as intenções do legislador constituinte, proclamando os princípios da nova 
constituição e rompendo com a ordem jurídica anterior. 
E no preâmbulo os seguintes dizeres: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos 
em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a 
assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, 
o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade” 
 
A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, que prevê 
os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. 
 
Por fim, a parte transitória da Constituição visa integrar a ordem jurídica antiga à nova, 
quando do advento de uma nova Constituição, garantindo a segurança jurídica e evitando o 
colapso entre um ordenamento jurídico e outro. 
 
Assim como a parte dogmática, a parte transitória pode ser modificada por reforma 
constitucional. Além disso, também pode servir como paradigma para o controle de 
constitucionalidade das leis. 
A chamada Carta cidadã foi aprovada em dois turnos de votação, por maioria absoluta 
dos membros da Assembleia Nacional Constituinte, que ocorreu em 5 de outubro de 1988, data 
da promulgação da atual Constituição da República Federativa do Brasil. 
No que se refere a classificação da Constituição de 1988 podemos aduzir que é escrita, 
do tipo codificada, elaborada em processo democrático, dogmática eclética, rígida, formal, 
analítica, normativa, dirigente, social princípio lógica e expansiva. 
Vejamos logo abaixo as principais características das Constituições existentes e a 
definição sintetizada de cada uma, observe o significado das características da Constituição 
Brasileira. 
 
Classificação das constituições 
 
Quanto à origem 
• OUTORGADAS - Impostas, surgem sem participação popular. Resultam de ato 
unilateral de vontade da classe ou pessoa dominante no sentido de limitar seu 
próprio poder. 
• DEMOCRÁTICAS - Nascem com participação popular, por processo democrático. 
• CESARISTAS - Outorgadas, mas necessitam de referendo popular. 
• DUALISTAS - Resultam de um compromisso entre a monarquia e a burguesia, 
dando origem às monarquias constitucionais. 
 
 
Quanto à forma 
• ESCRITAS – Sistematizadas em documentos. 
• NÃO-ESCRITAS – Normas em les esparsas, jurisprudência, costumes 
econvenções. 
Projeto Monitoria 
 
3 
 
 
Quanto ao modo de elaboração 
• DOGMÁTICAS – Elaboradas em um determinado momento, segundo os dogmas 
em voga. 
• HISTÓRICAS – Surgem lentamente, à partir das tradições. Resultam dos valores 
históricos consolidados pela sociedade. 
 
Quanto à estabilidade 
• IMUTÁVEIS - Não podem ser modificadas. 
• RÍGIDAS - Modificadas por procedimento mais dificultoso que aquele de alteração 
das leis. Sempre escritas. 
• SEMIRRÍGIDAS - Processo legislativo de alteração mais dificultoso que o ordinário 
para algumas de suas normas. 
 
Quanto ao conteúdo 
• MATERIAIS - Conjunto de normas que regulam os aspectos essenciais da vida 
estatal, ainda que fora do texto constitucional escrito. 
• FORMAIS - Conjunto de normas que estão inseridas no texto de uma Constituição 
rígida, independentemente de seu conteúdo. 
 
Quanto à extensão 
• ANALÍTICAS - Conteúdo extenso. Contêm normas apenas formalmente 
constitucionais. 
• SINTÉTICAS - Restringem-se aos elementos materialmente constitucionais. 
 
Quanto à correspondência com a realidade 
• NORMATIVAS – Limitam, de fato, o poder, por corresponderem à realidade 
política e social. 
• NOMINATIVAS – Não conseguem regular o processo político, embora esse seja 
seu objetivo, por não corresponderem à realidade. 
• SEMÂNTICAS - Não têm por objeto regular a política estatal, mas apenas 
formalizar a situação. 
 
Quanto à finalidade 
• CONSTITUIÇÕES-GARANTIA - Objetivam proteger as liberdades públicas 
contra a arbitrariedade do Estado. 
• CONSTITUIÇÕES-DIRIGENTES - Traçam diretrizes para a ação estatal, 
prevendo normas programáticas. 
• CONSTITUIÇÕES-BALANÇO - Descrevem e registram o estágio da sociedade 
em um dado momento. 
 
Quanto ao conteúdo ideológico 
• LIBERAIS - Buscam limitar o poder estatal. 
Projeto Monitoria 
 
4 
 
• SOCIAIS - Têm como objetivo realizar a igualdade material e a efetivação dos 
direitos sociais. 
 
Quanto ao local da decretação 
• HETEROCONSTITUIÇÕES - Elaboradas fora do Estado em que produzem seus 
efeitos. 
• AUTOCONSTITUIÇÕES - Elaboradas dentro do Estado que produzem seus 
efeitos. 
 
Quanto ao sistema 
• PRINCIPIOLÓGICAS - Nelas, predominam os princípios. 
• PRECEITUAIS - Nelas, prevalecem as regras. 
 
Dica Monitoria: NOSSA CONSTITUIÇÃO FEDERAL É PRAFED. 
 
P = Promulgada. 
R = Rígida. 
A = Analítica. 
F = Formal. 
E = Escrita. 
D = Dogmática. 
 
 
Breve histórico das constituições brasileiras. 
 
O surgimento das diversas Leis Fundamentais esteve sempre associado a rupturas de 
alterações sociais e políticas. 
 
CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 
 
O território foi dividido em províncias. Desse modo, quanto à forma de Estado, era unitário, 
e não federal. Quanto à forma de governo, era uma monarquia hereditária. No tocante à divisão 
dos Poderes, além dos clássicos Legislativo, Executivo e Judiciário, havia o Poder Moderador,este exercido privativamente pelo Imperador (doutrina de Benjamin Constant). 
Quanto à mutabilidade, era semirrígida. A eleição era indireta e censitária, ou seja, 
definida com base na renda, sendo vedada às mulheres e aos analfabetos. 
 
CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DE 1891 
 
A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. A Constituição da República 
dos Estados Unidos do Brasil foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Adotou como forma 
de Estado a federação; como forma de governo, a república; e como sistema, o 
presidencialismo. Foi inspirada na Constituição dos Estados Unidos da América. Previa a 
existência dos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário (doutrina de Montesquieu). 
Projeto Monitoria 
 
5 
 
 
CONSTITUIÇÃO DE 1934 
 
Com a Revolução de 1930, ascendeu ao Poder Getúlio Vargas. Em grande parte, por força 
da Revolução Constitucionalista, que exigia do governo uma Constituição, foi promulgada em 16 
de julho de 1934 a segunda grande Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 
Manteve-se a federação, a república presidencialista e os três poderes. 
Como inovação, instituiu-se o voto secreto, obrigatório para os maiores de 18 anos 
estendendo-o também às mulheres. Foi a primeira Constituição a trazer um capítulo sobre a 
ordem econômica e social, inspirando-se na Constituição de Weimar, criando a Justiça do 
Trabalho. Continha, ainda, normas sobre a família, educação e cultura. 
 
CONSTITUIÇÃO DE 1937 
 
Conforme narra a história, em 1937 ocorreu o golpe de Getúlio Vargas para manter-se no 
poder. Era o início do Estado Novo, ditadura que perdurou até 1945. Em 10 de novembro de 
1937 foi outorgada a Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Nesta nova Constituição foi 
fortalecido o Poder Executivo. 
Os direitos individuais eram sempre condicionados ao bem público. De observar que, 
embora os direitos e as garantias estivessem previstos, alguns desses poderiam ser suprimidos 
em caso de estado de emergência e – curiosamente – na parte final da Constituição havia um 
dispositivo que instituía o estado de emergência no País. 
Em razão de ter sido inspirada nos regimes nazifascistas, esta foi apelidada de 
Constituição polaca, em alusão à Constituição polonesa fascista de 1935, outorgada pelo 
Marechal Josef Pilsudski. 
 
CONSTITUIÇÃO DE 1946 
 
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados ditatoriais nazistas foram derrotados. 
A isso se seguiu um movimento inicial de democratização, o que foi acompanhado pelo Brasil. 
Getúlio Vargas convocou eleições diretas para a presidência e para o Poder Legislativo. 
Foi eleito, com o apoio de Vargas, o General Eurico Gaspar Dutra. Foi então, promulgada, 
em 18 de setembro de 1946 a quarta Constituição brasileira, a Constituição da República dos 
Estados Unidos do Brasil, inspirada nas anteriores de (1891 e 1934). 
 
CONSTITUIÇÃO DE 1967 e a EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 1 DE 1969 
 
No contexto internacional da Guerra Fria, em 1964 houve uma tomada de poder liderada 
pelos militares do Brasil destituindo o Governo do Presidente eleito João Goulart, era o início de 
um regime militar que perdurou até 1985. Outorgada em 24 de janeiro de 1967, a Constituição do 
Brasil apoiava-se na busca pela Segurança Nacional. Alguns constitucionalistas entendem que 
o regime militar imposto era legítimo e sustentam que a Constituição de 1967 foi promulgada, 
mas não é o entendimento predominante. Amplos poderes foram concedidos à União e ao Poder 
Executivo. 
Durante o regime militar, foram expedidos diversos Atos Institucionais, dos quais o de 
Projeto Monitoria 
 
6 
 
número 5 (AI 5) representou praticamente a supressão das garantias individuais. Em 17 de 
outubro de 1969 foi outorgada a Emenda Constitucional número 1, considerada por muitos 
doutrinadores como uma nova Constituição do Brasil, tanto que, com essa Emenda 
Constitucional, a Constituição do Brasil passou a ser denominada como hoje a conhecemos, ou 
seja, Constituição da República Federativa do Brasil. 
 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 
 
Importa destacar que a luta pela redemocratização se iniciou com a tomada do poder 
pelos militares em 1964. Porém, o regime militar perdurou por mais de vinte anos. Em 1984 houve 
intensa luta, destacando-se o movimento pelas “diretas já”, o qual pretendia que as eleições para 
Presidente de 1985 fossem diretas, o que não ocorreu. Venceu as eleições o candidato que 
apoiava a democracia, falamos de Tancredo Neves. 
Eleito de forma indireta, pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, não chegou a 
tomar posse, pois faleceu. Assumiu o Vice-Presidente José Sarney, que, embora tenha sido 
aliado dos militares, deu continuidade ao processo de redemocratização. Os membros do 
Congresso Nacional foram convocados para formar a Assembleia Nacional Constituinte. A 
Câmara dos Deputados e o Senado Federal reuniram-se na sede do Congresso Nacional. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabeleceu como forma de 
governo a república e como sistema, o presidencialismo, sendo o governante eleito a partir 
daquela data para exercer as suas atividades de chefe do executivo federal eleito através do 
voto do cidadão onde exerceria o mandato por um período determinado de 05 anos sem a 
possibilidade de reeleição porém com as mudanças realizadas pela Emenda Constitucional de 
Revisão nº 5, de 1994 e Emenda Constitucional nº 16, de 1997 fora vetado o período de cinco 
anos passando a ser de 04 com possibilidade de uma consecutiva reeleição, sendo este 
Presidente eleito responsável por todos os seus atos Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei 
Complementar nº 101, de 04/05/2000), podendo ainda, ser submetido a processo de 
impeachment, se praticar um crime de responsabilidade (Lei do Impeachment nº. 1.079 de 10 de 
abril de 1950), na forma do artigo 86 da CRFB/88. No Brasil temos dois exemplos de 
impeachment de Presidentes da República: o primeiro ocorrido em 02 de outubro de 1992 – do 
Presidente Fernando Collor de Mello e, por derradeiro, o impeachment de Dilma Rousseff, no 
dia 31/08/2016. 
Mediante um plebiscito, ocorrido no dia 21 de abril de 1993, em atendimento a 
determinação artigo 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da 
Constituição Federal de 1988 para escolher a forma de governo (república ou monarquia) a 
maioria do povo brasileiro decidiu pela continuidade da República presidencialista que está 
em vigor até a presente data. 
A República Federativa do Brasil é um Estado Federal Soberano, ou seja, possui 
independência em relação aos Estados estrangeiros, não se submete a outra forma de poder 
que não seja o que é inerente ao nosso próprio ordenamento jurídico (União - Soberania). Sendo 
assim, o Estado brasileiro é formado pela União, 01 (um) Distrito Federal, 26 (vinte e seis) 
Estados membros e 5.570 (cinco mil quinhentos e setenta) Municípios, (CF, art. 1º e art. 18). 
Todos eles são pessoas jurídicas de direito público, autônomos entre si (Estados e 
Municípios - Autonomia). 
 
Projeto Monitoria 
 
7 
 
Os Estados estão submetidos ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. A 
República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma federação, isto é, composto 
por vários estados membros. Não é possível aceitar propostas que possa transformar um dos 
estados membros em um Estado (país) independente do Brasil, pois não existe em nosso 
ordenamento jurídico o fenômeno da secessão. 
 
O vínculo entre as entidades componentes da Federação (União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios) é indissolúvel, ou seja, nenhuma delas pode abandonar o restante para 
fundar um novo país, não é admitido o fenômeno da secessão. 
 
Por fim, quanto ao regime, está expresso no artigo 1º da Lei Maior o Estado Democrático 
de Direito, ou seja, um Estado no qual todo o poder se exerce do povo e para o povo, ou seja, 
no qual a próprialei deverá sempre ser fruto da vontade popular, assegurando-se, igualmente, 
os direitos fundamentais para preservar a dignidade da pessoa humana. 
 
A pirâmide de Kelsen – hierarquia das normas 
 
No Brasil, vigora o princípio da Supremacia da Constituição, segundo o qual as normas 
constitucionais, obra do poder constituinte originário, estão num patamar de superioridade em 
relação às demais leis, servindo de fundamento de validade para estas. Assim, as normas podem 
ser separadas: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essa pirâmide foi concebida pelo jurista austríaco para fundamentar a sua teoria, baseada 
na ideia de que as normas jurídicas inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamento de 
validade das normas jurídicas superiores (normas fundantes). 
A pirâmide de Kelsen tem a Constituição como seu vértice (topo). Assim, nenhuma norma 
do ordenamento jurídico pode se opor à Constituição: ela é superior a todas as demais normas 
jurídicas, as quais são, por isso mesmo, denominadas infraconstitucionais. Na Constituição, 
há normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas. As normas 
constitucionais originárias são produto do Poder Constituinte Originário (que elabora uma 
nova Constituição); elas integram o texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. 
Projeto Monitoria 
 
8 
 
As normas constitucionais derivadas são aquelas que resultam da manifestação do 
Poder Constituinte Derivado (altera a Constituição); são as chamadas emendas constitucionais, 
que também se situam no topo da pirâmide de Kelsen. Não existe hierarquia entre normas 
constitucionais originárias. Assim, não importa qual é o conteúdo da norma. Todas as normas 
constitucionais originárias têm o mesmo status hierárquico. 
Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas 
constitucionais derivadas. Todas elas se situam no mesmo patamar, porém entre normas 
constitucionais originárias e derivadas, há uma importante diferença entre elas: as normas 
constitucionais originárias não podem ser declaradas inconstitucionais. Em outras 
palavras, as normas constitucionais originárias não podem ser objeto de controle de 
constitucionalidade. Já as emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) são 
passíveis de controle de constitucionalidade. 
Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004, abriu-se uma nova e 
importante possibilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Os tratados e convenções 
internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional 
(Câmara dos Deputados e Senado Federal), em dois turnos, por três quintos dos votos 
dos respectivos membros, passaram a ser equivalentes às emendas constitucionais 
(artigo 5º§ 3º da CF/88). Situam-se, portanto, no topo da pirâmide de Kelsen, tendo “status” de 
emenda constitucional. Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por 
esse rito especial, ingressam no chamado “bloco de constitucionalidade”. Em virtude da matéria 
de que tratam (direitos humanos), esses tratados estão gravados por cláusula pétrea e, portanto, 
imunes de modificação ou extinção pelo Estado brasileiro. O primeiro tratado de direitos 
humanos a receber o status de emenda constitucional foi a “Convenção Internacional sobre os 
Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo”. 
Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito 
ordinário, têm, segundo o STF, “status” supralegal. Isso significa que se situam logo abaixo da 
Constituição e acima das demais normas do ordenamento jurídico. 
As normas imediatamente abaixo da Constituição (infraconstitucionais) e dos tratados 
internacionais sobre direitos humanos são as leis (complementares, ordinárias e delegadas), as 
medidas provisórias, os decretos legislativos, as resoluções legislativas, os tratados 
internacionais em geral incorporados ao ordenamento jurídico e os decretos autônomos. 
Ao contrário do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis federais, estaduais, 
distritais e municipais possuem o mesmo grau hierárquico. Assim, um eventual conflito 
entre leis federais e estaduais ou entre leis estaduais e municipais não será resolvido por um 
critério hierárquico a solução dependerá da repartição constitucional de competências. Deve-se 
perguntar o seguinte: de qual ente federativo (União, Estados ou Municípios) é a competência 
para tratar do tema objeto da lei? Nessa ótica, é plenamente possível que, num caso concreto, 
uma lei municipal prevaleça diante de uma lei federal. 
A Constituição Federal está num patamar superior ao das Constituições Estaduais que, 
por sua vez, são hierarquicamente superiores às Leis Orgânicas. 
As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um procedimento mais 
dificultoso, têm o mesmo nível hierárquico das leis ordinárias. O que as diferencia é o conteúdo: 
ambas têm campos de atuação diversos, ou seja, a matéria (conteúdo) é diferente. Como 
exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre direito tributário sejam 
estabelecidas por lei complementar. 
Projeto Monitoria 
 
9 
 
As leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às leis complementares. Caso isso 
ocorra, estaremos diante de um caso de inconstitucionalidade formal (nomodinâmica). Os 
regimentos dos tribunais do Poder Judiciário são considerados normas primárias, equiparados 
hierarquicamente às leis ordinárias. Na mesma situação, encontram-se as resoluções do CNMP 
(Conselho Nacional do Ministério público) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). 
Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e Câmara dos Deputados), por 
constituírem resoluções legislativas, também são considerados normas primárias, equiparados 
hierarquicamente às leis ordinárias. 
Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infralegais. Elas são normas 
secundárias, não tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de impor obrigações. Não podem 
contrariar as normas primárias, sob pena de invalidade, é o caso dos decretos regulamentares, 
portarias, instruções normativas, dentre outros decretos regulamentares. 
 
Poder constituinte 
 
A teoria do poder constituinte, que se aplica somente aos Estados com Constituição 
escrita e rígida. Poder Constituinte é aquele que cria a Constituição, enquanto os poderes 
constituídos são aqueles estabelecidos por ela, ou seja, são aqueles que resultam de sua 
criação. E o poder constituinte pode ser de dois tipos: originário ou derivado. 
 
Poder constituinte originário (primeiro grau ou genuíno) é o poder de criar uma 
Constituição. Apresenta 6 (seis) características: político, inicial, incondicionado, permanente, 
ilimitado juridicamente e autônomo, cria o ordenamento jurídico de um Estado dando validade a 
uma nova ordem constitucional, ou seja, nova ordem jurídica, rompendo com a anterior com 
efeito de criar um novo Estado, não se sujeitando a qualquer forma ou procedimento 
predeterminado em sua manifestação, não se submete a limites determinados pelo direito 
anterior. Pode mudar completamente a estrutura do Estado ou os direitos dos cidadãos, por 
exemplo, sem ter sua validade contestada com base no ordenamento jurídico anterior. 
O Poder Constituinte Derivado (segundo grau) é o poder de modificar a Constituição 
Federal bem como de elaborar as Constituições Estaduais. É fruto do poder constituinte 
originário, estando previsto na própria Constituição. Tem como características ser jurídico, 
derivado, limitado (ou subordinado) e condicionado. 
 
O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois: 
I) Poder Constituinte Reformador e 
II) Poder Constituinte Decorrente. 
 
O poder constituinte reformador consiste no poder de emendar a Constituição federal. 
O poder constituinte decorrente é aquele que a CF/88 confere aos Estados membros 
de se auto organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições estaduais. 
Ambos devemrespeitar as limitações e condições impostas pela Constituição Federal. 
O Poder constituinte difuso é o poder de fato que atua na etapa da mutação 
constitucional, meio informal de alteração da Constituição. Cabe a ele, portanto, alterar o 
conteúdo, o alcance e o sentido das normas constitucionais, mas de modo informal, sem 
Projeto Monitoria 
 
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qualquer modificação da literalidade do texto da Constituição. É um poder de fato porque nascido 
do fato social, político econômico. É informal porque se manifesta por meio das mutações 
constitucionais, modificando o sentido das Constituições, mas sem nenhuma alteração do seu 
texto expresso, este fenômeno ocorre nos em matéria Constitucional federal quando Supremo 
Tribunal Federal (STF). 
 
Mutação constitucional 
 
Mutação constitucional é o fenômeno que modifica determinada norma da Constituição 
Federal sem que haja qualquer alteração no seu texto. É considerada alteração informal 
porque não são cumpridos os requisitos formais necessários à modificação do seu conteúdo 
textual. 
Exemplo emblemático de mutação Constitucional sobre a mesma matéria em curto 
espaço de tempo é o tema de cumprimento de pena depois da confirmação de condenação em 
segunda instância. 
Desde a Constituição de 1988, o entendimento sobre a prisão em segunda instância já 
mudou algumas vezes utilizando a mutação Constitucional para exercer o poder Constituinte 
difuso. Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o réu só podia ser preso 
após o trânsito em julgado, ou seja, depois do recurso a todas as instâncias. Antes do 
esgotamento de recursos, ele poderia no máximo ter prisão preventiva decretada contra si. 
Já em fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que um réu condenado em segunda 
instância já poderia começar a cumprir sua pena, ou seja, poderia parar na cadeia mesmo 
enquanto recorre aos tribunais superiores. Naquele momento, a regra foi aplicada ao caso de 
um réu específico. No mesmo ano, o STF reafirmou a decisão, que passou a ter validade para 
todos os casos no Brasil. 
Em 2019, a constitucionalidade da condenação em segunda instância voltou ao 
Supremo Tribunal Federal para novo julgamento. O Supremo analisou três Ações 
Declaratórios de Constitucionalidade capazes de discutir o alcance da norma constitucional de 
presunção de inocência e por maioria de 6 x 5, estabeleceu que o cumprimento da pena deve 
começar após esgotamento de recursos, ou seja, a prisão condenatória apenas depois do 
trânsito em julgado. 
 
Cláusulas pétreas 
 
Você sabia que as cláusulas pétreas são limitações materiais ao poder de reforma 
da constituição de um Estado? 
Em outras palavras, são dispositivos que podem ser alteradas, mas não abolidas, que 
tende a abolir as normas constitucionais relativas às matérias por elas definidas. A existência 
de cláusulas pétreas ou limitações materiais implícitas é motivo de controvérsia na literatura 
jurídica. 
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 60, § 4º, traz em 
seu bojo as Cláusulas Pétreas. As matérias que estão sob o manto das Cláusulas Pétreas não 
podem ser alteradas para restringir ou retirar direitos, no entanto, permite que todos os direitos 
sob o seu manto sejam majorados. São objetos das Cláusulas Pétreas: a forma federativa de 
Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes e os 
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direitos e garantias individuais. Assim está disposto: 
 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir 
I) a forma federativa de Estado; 
II) o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III) a separação dos Poderes; 
IV) os direitos e garantias individuais. (BRASIL, 1988). 
 
Dica Monitoria: CLÁUSULAS PÉTREAS: FODI VOSE (sim, sei q é feio e a grafia está 
errada, mas pra decorar é super válido. E o que importa é acertar a questão). 
 
FO: Forma Federativa de Estado 
DI: Direitos e Garantias Individuais 
VO: Voto direto, secreto, universal e periódico. 
SE: Separação dos poderes. 
 
✓ Observe que a proposta não poderá abolir, mas se for pra aumentar pode. 
Exemplo, proposta pra aumentar o rol de direitos e garantias individuais. 
 
Forma federativa de Estado 
A denominação República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma 
federação, isto é, composto por vários estados membros. Não é possível aceitar propostas que 
possa transformar um dos estados membros em um Estado (país) independente do Brasil. 
 
Voto direto, secreto, universal e periódico 
Não é possível modificar o sistema de voto direto, onde cada cidadão devidamente 
alistado tem direito a voto. Deverá sempre ser secreto (o cidadão tem o direito de não revelar o 
seu voto, evitando assim perseguições políticas ou qualquer outra intimidação). Deve também 
ser universal, ou seja, todos os brasileiros, natos ou naturalizados têm a oportunidade de se 
alistar e votar, a menos que se encaixem em certos casos previstos no artigo 14 da Carta Magna. 
Deve este voto ser ainda periódico, ou seja, o cidadão deve ter a oportunidade de votar de 
tempos em tempos. 
Dica Monitoria: voto obrigatório não consta aqui! 
 
A Separação dos Poderes 
Não se admite discutir a retirada ou a introdução de outro poder, sendo esta organização 
tripartite do Estado em Judiciário, Legislativo e Executivo clausula pétrea. Estes poderes são 
independentes e harmônicos entre sí, e não existe hierarquia entre eles, e sim competências 
específicas. 
 
Os Direitos e Garantias Individuais 
Direitos individuais elencados no artigo 5° e seus incisos, possuindo maior relevo a vida, 
a liberdade, a igualdade, a segurança, a propriedade, ente outros. Insta aduzir, apesar de serem 
direitos pétreos não são absolutos, podendo ser reduzidos ou até retirados quando o interesse 
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público for afetado, sendo certo que deverá estar previsto em lei. 
 
Princípios fundamentais 
 
Os princípios fundamentais estão disciplinados nos artigos 1º a 4º da Constituição. Trata- 
se de uma federação (forma de Estado), de uma república (forma de governo), que adota o 
regime político democrático (traz ínsita a ideia de soberania assentada no povo); constitui um 
Estado de Democrático de Direito (implica a noção de limitação do poder e de garantia de direitos 
fundamentais aos particulares). 
Ademais, traz (no art 1º) os fundamentos da República federativa do Brasil, que são: 
soberania; cidadania; dignidade da pessoa humana; valores sociais do trabalho e da livre-
iniciativa e o pluralismo político. 
 
Dica Monitoria: SOCIDIVAPLU 
SOberania 
CIdadania 
DIgnidade da pessoa humana 
VAlores sociais do trabalho e livre iniciativa 
PLUralismo político. 
 
A soberania é um atributo essencial ao Estado, garantindo que sua vontade não se 
subordine a qualquer outro poder, seja no plano interno ou no plano internacional. A soberania 
é considerada um poder supremo Fundamentos da RFB e independente, não estando limitado a 
nenhum outro poder na ordem interna e no plano internacional, não se subordina à vontade de 
outros Estados. (Art. 4º, V, CF/88). 
 
A cidadania, Objeto e um direito fundamental das pessoas, representa um verdadeiro 
status do ser humano o de ser cidadão e, com isso, ter assegurado o seu direito de participação 
na vida política do Estado. A previsão da cidadania como fundamento do Estado brasileiro exige 
que o Poder Público incentive a participação popular nas decisões políticas do Estado no direito 
de sufrágio, ou seja votar e ser votado. 
 
A dignidade da pessoa humana é outro fundamento da República Federativa do Brasil 
e sendo a base de todos os direitos fundamentais. Trata-se de princípio que coloca o ser humano 
como a preocupação central para o Estado brasileiro: a proteção às pessoas deve ser vista como 
um fim em si mesmo. O princípioda dignidade da pessoa humana possui elevada densidade 
normativa e pode ser usado, por si só e independentemente de regulamentação, como 
fundamento de decisão judicial. Além de possuir eficácia negativa (invalidando qualquer norma 
com ele conflitante), o princípio da dignidade da pessoa humana vincula o Poder Público, 
impelindo-o a adotar políticas para sua total implementação. 
 
O pluralismo político princípio que visa garantir a inclusão dos diferentes grupos sociais 
no processo político nacional, outorgando aos cidadãos liberdade de convicção filosófica e 
política. Como seu corolário, tem-se a liberdade de criação e funcionamento dos partidos 
políticos e por isso dezenas de partidos políticos representam o seu eleitor nas casas legislativas 
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e no poder executivo em todo o País e principalmente no congresso nacional. 
 
No artigo 2º estão elencados os Poderes da União, o Legislativo, o Executivo e o 
Judiciário, todos independentes e harmônicos entre si, ou seja, estão impedidos de invadir a 
esfera de competência dos demais, devendo atuar de forma integrada, inclusive controlando- se 
reciprocamente. 
A Constituição estabelece diversas situações nas quais os poderes deverão atuar 
conjuntamente, como é o caso da lei, uma vez que o projeto após ser aprovado pelo Legislativo 
será sancionado ou vetado no Executivo; também a escolha dos Ministros do STF, que será feita 
com a nomeação pelo Presidente (Executivo) após aprovada a escolha pelo Senado Federal 
(Legislativo). 
Por fim, também integra esse sistema os mecanismos de controle recíprocos, como, por 
exemplo, a fiscalização do Executivo pelo Legislativo (art. 70), ou o controle de 
constitucionalidade pelo judiciário. 
Temos no art. 3º os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que são: 
construir uma sociedade livre, justa e solidária: garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a 
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, por fim, promover o 
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de 
discriminação. 
 
Dica Monitoria: CON – GA – E – PRO 
CONstruir uma sociedade livre, justa e solidária; 
GArantir o desenvolvimento nacional; 
Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; 
PROmover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e 
quaisquer outras formas de discriminação. (OBS: memorize a palavra RISCO para lembrar 
Raça, Idade, Sexo, Cor e Origem). 
 
O art. 4º estabelece os princípios que regem a República Federativa do Brasil nas suas 
relações internacionais: independência nacional; autodeterminação dos povos; não 
intervenção; igualdade entre os Estados; prevalência dos direitos humanos; repúdio ao 
terrorismo e ao racismo; defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; cooperação entre os povos 
para o progresso da humanidade; e concessão de asilo político. 
 
Dica Monitoria: PÂNICO SOCO REDE. 
PANICO 
Prevalência dos direitos humanos. 
Auto-determinação dos povos. 
Não-intervenção. 
Independência nacional e Igualdade entre os Estados. 
COoperação entre o povos. 
 
SOCO 
SOlução pacífica dos conflitos. 
COncessão de asilo político. 
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REDE 
REpúdio ao terrorismo. 
DEfesa da paz. 
 
 
 
DOS PRÍNCÍPIOS, DOS DIREITOS E DAS GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ART. 5º AO 17 
DA CRFB/88). 
 
Direitos fundamentais são os direitos da pessoa humana consagrados, em um 
determinado momento histórico, constitucionalmente protegidos, ou seja, positivados em uma 
determinada ordem jurídica. Os direitos fundamentais são tradicionalmente classificados em 
gerações, o que busca transmitir uma ideia de que eles não surgiram todos em um mesmo 
momento histórico. Eles foram fruto de uma evolução histórico-social, de conquistas 
progressivas da humanidade do conceito de “gerações de direitos humanos” nossa doutrina 
majoritária reconhece a existência de três gerações de direitos: 
 
Primeira Geração: são os direitos que buscam restringir a ação do Estado sobre o 
indivíduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. 
São chamadas liberdades negativas pois traduzem a liberdade de não sofrer ingerência 
abusiva por parte do Estado, ficando este proibido de intervir indevidamente na esfera privada. 
Exemplo: Direito a locomoção, associação, reunião... 
 
Segunda geração: são os direitos que envolvem prestações positivas do Estado aos 
indivíduos (políticas e serviços públicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem normas 
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programáticas, também chamados de liberdades positivas. Para o Estado, constituem 
obrigações de fazer algo em prol dos indivíduos, objetivando que todos tenham de “bem-
estar”. Exemplo: Direito a saúde, educação, segurança, trabalho... 
 
Terceira geração: são os direitos que não protegem interesses individuais, mas que 
transcendem a órbita dos indivíduos para alcançar a coletividade. Os direitos de terceira 
geração têm como valor-fonte a solidariedade, a fraternidade. São os direitos difusos e os 
coletivos. Citam-se, como exemplos, o direito do consumidor, o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento. Constata-se que as três gerações 
seguem a sequência do lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 
 
Diante disto os direitos fundamentais podem ser classificados em direitos de primeira 
geração ou dimensão (direitos e garantias civis e políticos), de segunda geração ou dimensão 
(direitos sociais, econômicos e culturais) e de terceira geração ou dimensão (direitos de 
solidariedade, como a um meio ambiente sadio e à paz, ou seja, os direitos difusos). 
 
 
Distinção entre direitos fundamentais e garantias fundamentais 
 
Direitos fundamentais - A Constituição Federal trouxe em seu título II, os direitos e 
garantias fundamentais, subdivididos em cinco capítulos: Direitos individuais e coletivos, 
Direitos sociais, Direitos de nacionalidade, Direitos políticos e Direitos de sufrágio. 
 
Garantias fundamentais - São estabelecidas pelo texto constitucional como 
instrumentos de proteção dos direitos fundamentais. As garantias possibilitam que os 
indivíduos façam valer, frente ao Estado, os direitos fundamentais. Assim, ao direito à vida 
corresponde a garantia de vedação à pena de morte; ao direito à liberdade de locomoção 
corresponde a garantia do “habeas corpus”; ao direito à liberdade de manifestação do 
pensamento, a garantia da proibição da censura etc. Finalmente, os direitos fundamentais são 
bens jurídicos em si mesmos considerados, conferidos às pessoas pelo texto constitucional, 
enquanto as garantias fundamentais são os instrumentos por meio dos quais é assegurado o 
exercício desses direitos, bem como a devida reparação, nos casos de violação. 
Projeto Monitoria 
 
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Direitos e garantias fundamentais 
Diante das três gerações de direitos elencados acima percebemos que na Constituição 
Federal do Brasil segue esta linha estabelecendo os direitos e garantias fundamentais no título 
II da Constituição de 1988 (arts 5º a 17), abrangendo os direitos e deveres individuais e coletivos, 
os direitos sociais, a nacionalidade, os direitos políticos e os partidos políticos. 
 
Você sabia que os direitos fundamentais se caracterizam por serem: históricos, 
inalienáveis, imprescritíveis, irrenunciáveis e relativos? 
 
É histórico porque seu conteúdo altera-se com o passar dos tempos; inalienáveis, pois 
não são passiveis de valorização econômica; imprescritíveis, já que, independentemente de não 
serem exercitados permanecem invocáveis; irrenunciáveis porque são direitos fundamentais da 
própria existência humana, razão pela qual, ainda que se deseje, não será passível abrir mão de 
tais direitos. 
 
Dos direitos e dos deveres individuais e coletivosContemplados no artigo 5º da CRFB/88, estabelece: “todos são iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no 
País a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade”. O 
dispositivo constitucional enumera cinco direitos fundamentais – os direitos à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade e desses derivam todos os outros direitos inseridos 
nos incisos do artigo 5º da CF/88. Tais dispositivos são considerados como cláusulas pétreas, 
conforme reza o artigo 60, § 4º da CRFB/88. Desse modo não podem ser suprimidos, podem 
apenas acrescentar mais direitos através de emenda à Constituição. 
Necessário ressaltar que embora haja referência apenas aos estrangeiros residentes no 
país, tal dispositivo não pode ser interpretado de modo a afastar dos estrangeiros não residentes 
os direitos fundamentais, portanto, um estrangeiro que está no país a turismo, para estudar ou 
a trabalho também terá assegurado os direitos e as garantias disciplinados neste artigo 
constitucional, pois há consenso na doutrina de que os direitos fundamentais abrangem qualquer 
pessoa que se encontre em território nacional. 
No que se refere ao direito à vida, a doutrina considera que é dever do Estado assegurá- 
lo em sua dupla acepção: a primeira, enquanto direito de continuar vivo; a segunda, enquanto 
direito de ter uma vida digna. A vida deve ser compreendida seu sentido mais amplo, pois é o 
bem jurídico mais relevante de todo o ser humano é o mais elementar dos direitos fundamentais, 
sem vida, nenhum outro direito poderá ser fruído, ou sequer cogitado. 
Nesse sentido, o STF já decidiu que assiste aos indivíduos o direito à busca pela 
felicidade, como forma de realização do princípio da dignidade da pessoa humana. O direito à 
vida não abrange apenas a vida extrauterina, mas também a vida intrauterina. Sem essa 
proteção, estaríamos autorizando a prática do aborto, que somente é admitida no Brasil quando 
há grave ameaça à vida da gestante ou quando a gravidez é resultante de estupro. 
Relacionado a esse tema, há um importante julgado do STF sobre a possibilidade de 
interrupção de gravidez de feto anencefálico. O feto anencefálico é aquele que tem uma má- 
formação do tubo neural (ausência parcial do encéfalo e da calota craniana). Trata-se de uma 
patologia letal: os fetos por ela afetados morrem, em geral, poucas horas depois de terem 
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nascido. 
A Corte garantiu o direito à gestante de “submeter-se a antecipação terapêutica de parto 
na hipótese de gravidez de feto anencefálico, previamente diagnosticada por profissional 
habilitado, sem estar compelida a apresentar autorização judicial ou qualquer outra forma de 
permissão do Estado”. O STF entendeu que, nesse caso, não haveria colisão real entre 
direitos fundamentais, apenas conflito aparente, uma vez que o anencefálico, por ser inviável, 
não seria titular do direito à vida. O feto anencefálico, mesmo que biologicamente vivo, porque 
feito de células e tecidos vivos, seria juridicamente morto, de maneira que não deteria proteção 
jurídica. Outra controvérsia levada à apreciação do STF envolvia a pesquisa com células-
tronco embrionárias. Segundo a Corte, é legítima e não ofende o direito à vida nem, tampouco, 
a dignidade da pessoa humana, a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias, 
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização “in vitro” e não utilizados neste 
procedimento. 
Por fim, cabe destacar que nem mesmo o direito à vida é absoluto, sendo admitida pela 
Constituição Federal de 1988 a pena de morte em caso de guerra declarada. A doutrina 
considera que, por se tratar de cláusula pétrea, emenda constitucional não pode estabelecer, no 
Brasil, novas hipóteses de pena de morte. Essa ampliação não poderia nem mesmo ser feita por 
meio de uma nova Constituição, em respeito ao princípio da vedação ao retrocesso. 
 
Depois da análise do “caput” do artigo 5º da Carta Magna, passaremos à análise dos seus 
incisos: 
A igualdade é a base fundamental do princípio republicano e da democracia. O princípio 
da igualdade determina que se dê tratamento igual aos que se encontram em situação 
equivalente, e que se trate de maneira desigual os desiguais na medida de suas desigualdades. 
O princípio constitucional da igualdade não veda que a lei estabeleça tratamento 
diferenciado entre pessoas que guardam distinções de grupo social, de sexo, de profissão, de 
condições econômicas ou de idade entre outras; o que não se admite é que o parâmetro 
diferenciador seja arbitrário, desprovido de razoabilidade. 
Em suma, o princípio da igualdade não veda tratamento discriminatório entre os 
indivíduos quando há razoabilidade para a discriminação. Exemplo: cotas nas universidades 
para os Afrodescendentes; concurso público com vagas determinadas exclusivamente para 
determinado sexo (neste caso as peculiaridades das atribuições do cargo devem justificar no 
edital do concurso, ou seja, concurso para preenchimento de vaga de agente penitenciário 
feminino para unidade prisional feminino). 
Os legisladores e aplicadores da lei, por sua vez, ficam limitados pela “igualdade perante 
a lei”, não podendo diferenciar, quando da elaboração ou aplicação do Direito, aqueles a quem 
a lei concedeu tratamento igual resguardando assim a igualdade na lei, pois de nada adiantaria 
ao legislador estabelecer um direito a todos se fosse permitido que os juízes e demais 
autoridades tratassem as pessoas desigualmente, reconhecendo direito a alguns e negando-os 
a outros, mesmo estando na mesma situação fática. Do princípio da igualdade se originam vários 
outros princípios da Constituição, como, por exemplo, a vedação ao racismo (art. 5º, XLII, CF), o 
princípio da isonomia tributária (art. 150, II, CF), dentre outros. 
 
 
 
Projeto Monitoria 
 
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II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude 
de lei. 
Esse inciso trata do princípio da legalidade, que se aplica de maneira diferenciada aos 
particulares e ao Poder Público. Para os particulares, traz a garantia de que só podem ser 
obrigados a agirem ou a se omitirem por lei. Tudo é permitido a eles na falta de norma legal 
proibitiva. 
No Poder Público, o princípio da legalidade consagra a ideia de que este só pode fazer o 
que é permitido pela lei, não pode atuar, nem contrariamente às leis, nem na ausência de lei. 
Não se exclui, aqui, a possibilidade de atividade discricionária pela Administração Pública, mas 
a discricionariedade não é, em nenhuma hipótese, atividade desenvolvida na ausência da lei, e 
sim atuação nos limites da lei, quando esta deixa alguma margem para a Administração agir 
conforme critérios de oportunidade e conveniência, repita-se segundo os parâmetros genéricos 
estabelecidos na lei. 
É importante compreendermos a diferença entre o princípio da legalidade e o princípio da 
reserva legal, pois o princípio da legalidade se apresenta quando a Carta Magna utiliza a palavra 
“lei” em um sentido mais amplo, abrangendo não somente a lei em sentido estrito, mas todo e 
qualquer ato normativo estatal (incluindo atos infralegais) que obedeça às formalidades que lhe 
são próprias e contenha uma regra jurídica. Por meio do princípio da legalidade, a Carta Magna 
determina a submissão e o respeito à “lei”, ou a atuação dentro dos limites legais; no entanto, a 
referência que se faz é à lei em sentido material. 
O princípio da reserva legal é evidenciado quando a Constituição exige expressamente 
que determinada matéria seja regulada por lei formal ou atos com força de lei (como decretos 
autônomos, por exemplo). O vocábulo “lei” é, aqui, usado em um sentido mais restrito. 
LEGALIDADE - Exige lei formal, ato com força de lei, ou atos expedidos nos limites 
deste. Maior abrangência. Menor densidade ou conteúdo.RESERVA LEGAL - Exige lei formal, ou atos com força de lei. Menor abrangência. 
Maior densidade ou conteúdo... 
 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. 
São proibições Constitucionais com fundamento no preceito fundamental da dignidade 
humana onde a proteção é extensiva a todos as pessoas que estão permanentemente ou 
transitoriamente no Brasil, independentemente de qualquer coisa. Princípio da dignidade da 
pessoa Humana, artigo 1º . inciso III da CF/88. 
 
IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. 
Trata-se da liberdade de expressão, que é verdadeiro fundamento do Estado 
democrático de direito. Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o que pensam, desde 
que isso não seja feito anonimamente. A liberdade de expressão pode ser oralmente ou por 
escrito, e também o direito de ouvir, assistir e ler. A vedação ao anonimato visa garantir a 
responsabilização de quem utilizar tal liberdade para causar danos a terceiros. A liberdade de 
expressão é ampla, mas não é absoluta, sendo proibidos os discursos de ódio. Preconceituosa 
e de intolerância. 
Essa norma traduz o direito de resposta à manifestação do pensamento de outrem, que 
é aplicável em relação a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou não 
infrações penais. Essa resposta deverá ser sempre proporcional, ou seja, veiculada no mesmo 
Projeto Monitoria 
 
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meio de comunicação utilizado pelo agravo, com mesmo destaque, tamanho e duração. Salienta- 
se, ainda, que o direito de resposta se aplica tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas 
ofendidas pela expressão indevida de opiniões. 
 
DIREITO DE RESPOSTA 
• Aplicação a pessoas físicas e pessoas jurídicas. 
• Proporcional ao agravo. 
• Pode ser acumulado com indenização por dano material, moral ou à imagem. 
 
VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto 
e a suas liturgias; 
VII - É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva; 
VIII - Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a 
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
 
Consagra-se, nesses incisos, o direito Constitucional Pétreo de liberdade religiosa. No 
que se refere ao inciso VII, observe que não é o Poder Público o responsável pela prestação 
religiosa, pois o Brasil é um Estado laico, portanto a administração pública está impedida de 
exercer tal função. Essa assistência tem caráter privado e incumbe aos representantes 
habilitados de cada religião. 
 
O art. 5º, inciso VIII, consagra a denominada “escusa de consciência”? 
Essa é uma garantia que estabelece que, em regra, ninguém será privado de direitos por 
não cumprir obrigação legal a todos imposta devido a suas crenças religiosas ou convicções 
filosóficas ou políticas. Entretanto, havendo o descumprimento de obrigação legal, o Estado 
poderá impor, à pessoa que recorrer a esse direito, prestação alternativa fixada em lei. 
É uma norma constitucional de eficácia contida, todos têm o direito de manifestar 
livremente sua crença religiosa e convicções filosófica e política. Essa é uma garantia 
plenamente exercitável, mas que poderá ser restringida pelo legislador se houver interesse 
público. Aquele que, além de descumprir a obrigação legal a todos imposta, se recusar a cumprir 
a prestação alternativa, será privado de seus direitos. 
 
IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença. 
A liberdade de expressão, contida no art. 5º, IX da CRFB/88 tem por escopo proibir a 
censura prévia, porém, qualquer direito fundamental, é relativo. Isso porque é limitada por outros 
direitos protegidos pela Carta Magna, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade do 
indivíduo, por exemplo. 
Nesse sentido, entende o STF que o direito à liberdade de imprensa assegura ao 
jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, 
contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos 
de Estado. 
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Entretanto, esse profissional responderá, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, 
sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, inciso V. A 
liberdade de imprensa é plena em todo o tempo, lugar e circunstâncias, tanto em período não- 
eleitoral, quanto em período de eleições gerais. 
 
X -São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, 
assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua 
violação; 
Este inciso revela a proteção Constitucional Pétrea do direito à intimidade e a vida 
privada. Resguarda, portanto, a esfera mais secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz respeito 
a seu modo de pensar e de agir. 
O direito à honra também é protegido desse modo, o sentimento de dignidade e a 
reputação dos indivíduos, o “bom nome” que os diferencia na sociedade. 
O direito à imagem é protegido pois defende a representação que as pessoas possuem 
perante si mesmas e os outros. A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas são 
invioláveis: elas consistem em espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas. 
A violação a esses bens jurídicos ensejará indenização, cujo montante deverá observar 
o grau de reprovabilidade da conduta. Destaque-se que as indenizações por dano material e por 
dano moral são cumuláveis, ou seja, diante de um mesmo fato, é possível que se reconheça o 
direito a ambas indenizações. As pessoas jurídicas também poderão ser indenizadas por dano 
moral, uma vez que são titulares dos direitos à honra e à imagem. 
Sobre à privacidade dos agentes políticos o STF expressou através de súmula que esta 
é relativa, uma vez que estes devem à sociedade as contas da atuação desenvolvida. Mas isso 
não significa que quem se dedica à vida pública não tem direito à privacidade. O direito se 
mantém no que diz respeito a fatos íntimos e da vida familiar, embora nunca naquilo que se refira 
à sua atividade pública. 
Também relacionado aos direitos à intimidade e à vida privada está o sigilo bancário, 
que é verdadeira garantia de privacidade dos dados bancários. Assim como todos os direitos 
fundamentais, o sigilo bancário não é absoluto. Nesse sentido, tem-se o entendimento do STJ 
de que “havendo satisfatória fundamentação judicial a ensejar a quebra do sigilo, não há violação 
a nenhuma cláusula pétrea constitucional. ” (STJ, DJ de 23.05.2005) 
O Ministério Público pode determinar a quebra do sigilo bancário de conta da titularidade 
de ente público. Segundo o STJ, as contas correntes de entes públicos (contas públicas) não 
gozam de proteção à intimidade e privacidade. Prevalecem, assim, os princípios da publicidade 
e moralidade, que impõem à Administração Pública o dever de transparência.) Na jurisprudência 
do STF, também se reconhece, em caráter excepcionalíssimo, a possibilidade de quebra de 
sigilo bancário pelo Ministério Público, que se dará no âmbito de procedimento administrativo 
que vise à defesa do patrimônio público (quando houver envolvimento de dinheiros ou verbas 
públicas). MS nº 21.729-4/DF, Rel. Min. Francisco Rezek. Julgamento 05.10.1995. 
Devido à gravidade jurídica de que se reveste o ato de quebra de sigilo bancário, este 
somente se dará em situações excepcionais, sendo fundamental demonstrar a necessidade 
das informações solicitadas e cumprir as condições legais. Além disso, para que a quebra do 
sigilo bancário ou do sigilo fiscal seja admissível, é necessário que hajaindividualização do 
investigado e do objeto da investigação. Não é possível, portanto, a determinação da quebra 
do sigilo bancário para apuração de fatos genéricos. 
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21 
 
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem 
consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar 
socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; 
Princípio da inviolabilidade domiciliar tem por finalidade proteger a intimidade e a vida 
privada do indivíduo, bem como de garantir-lhe, especialmente no período noturno, o sossego e 
a tranquilidade. 
Inicialmente necessário saber qual é o conceito de “casa” e o STF em conceito pacificado 
nesta Corte revela que o conceito de “casa” é abrangente, estendendo-se a:I) qualquer 
compartimento habitado; II) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; e III) qualquer 
compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade 
pessoal. HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10- 6-2008, Segunda Turma, DJE 
de 1º-8-2008. 
Assim, o conceito de “casa” alcança não só a residência do indivíduo, mas também 
escritórios profissionais, consultórios médicos e odontológicos, trailers, barcos e aposentos de 
habitação coletiva (como, por exemplo, o quarto de hotel). 
Não estão abrangidos pelo conceito de casa os bares e restaurantes. O STF entende que, 
embora os escritórios estejam abrangidos pelo conceito de “casa”, não se pode invocar a 
inviolabilidade de domicílio como escudo para a prática de atos ilícitos em seu interior. Com base 
nessa ideia, a Corte considerou válida ordem judicial que autorizava o ingresso de autoridade 
policial no estabelecimento profissional, inclusive durante a noite, para instalar equipamentos de 
captação de som (“escuta”). Entendeu-se que tais medidas precisavam ser executadas sem o 
conhecimento do investigado, o que seria impossível durante o dia. 
 
Em quais hipóteses se pode penetrar na casa de um indivíduo? 
 
O ingresso na “casa” de um indivíduo poderá ocorrer nas seguintes situações: 
 
➢ Com o consentimento do morador. 
➢ Sem o consentimento do morador, sob ordem judicial, apenas durante o dia. Perceba 
que, mesmo com ordem judicial, não é possível o ingresso na casa do indivíduo durante 
o período noturno. 
➢ A qualquer hora, sem consentimento do indivíduo, em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou, ainda, para prestar socorro. 
 
A regra geral é que somente se pode ingressar na casa do indivíduo com o seu 
consentimento. No entanto, será possível penetrar na casa do indivíduo mesmo sem o 
consentimento, desde que amparado por ordem judicial (durante o dia) ou, a qualquer tempo, 
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. 
O conceito de “dia” para fins de aplicação do art. 5º, XI, CF/88, possui divergências 
doutrinárias sobre o tema. Há autores que entendem que “dia” é o período compreendido entre 
as 06:00h e as 18:00h e outros utilizam um critério físico- astronômico, destacando que “dia” é o 
intervalo entre a aurora e o crepúsculo. Cabe aduzir que para efeito da atividade policial o que 
mais respalda esta ação é o primeiro entendimento. 
A entrada de autoridade policial em domicílio sem autorização judicial será possível nas 
situações de flagrante delito. Isso é particularmente relevante no caso da prática de crimes 
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permanentes, nos quais a situação de flagrância se estende no tempo. Exemplo de crimes desse 
tipo seriam o cárcere privado e o porte de drogas. 
Objetivando coibir o abuso de autoridade, o STF deixou consignado o entendimento de 
que “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período 
noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que 
indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade 
disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados”. Ressalta-
se que a doutrina admite que a força policial, tendo ingressado na casa de indivíduo, durante o 
dia, com amparo em ordem judicial, prolongue suas ações durante o período noturno. 
 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de 
dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas 
hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução 
processual penal; 
O art. 5º, inciso XII, trata da inviolabilidade das correspondências e das 
comunicações. A princípio, a leitura pode dar a entender que o sigilo da correspondência e 
das comunicações telegráficas e de dados não poderia ser violado; apenas haveria exceção 
constitucional para a violação das comunicações telefônicas. Não é esse, todavia, o 
entendimento que prevalece. 
Como não há direito absoluto no ordenamento jurídico brasileiro, admite-se, mesmo sem 
previsão expressa na Constituição, que lei ou decisão judicial também possam estabelecer 
hipóteses de interceptação das correspondências e das comunicações telegráficas e de dados, 
sempre que a norma constitucional esteja sendo usada para acobertar a prática de ilícitos. 
Nesse sentido, entende o STF que “a administração penitenciária, com fundamento em 
razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, 
sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, 
da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, 
eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de 
salvaguarda de práticas ilícitas.” 
É importante destacar a diferença entre quebra do sigilo telefônico e interceptação 
telefônica. São coisas diferentes. A quebra do sigilo telefônico consiste em ter acesso ao 
extrato das ligações telefônicas (grosso modo, seria ter acesso à conta da VIVO/TIM). Por outro 
lado, a interceptação telefônica consiste em ter acesso às gravações das conversas. 
 
A interceptação telefônica é, sem dúvida, medida mais gravosa e, por isso, somente pode 
ser determinada pelo Poder Judiciário. Já a quebra do sigilo das comunicações telefônicas, pode 
ser determinada pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), além, é claro, do Poder 
Judiciário. 
A interceptação das comunicações telefônicas só pode ser autorizada por decisão judicial 
(de ofício ou a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público) e para fins de 
investigação criminal ou instrução processual penal. Há que se estabelecer, agora, a diferença 
entre três institutos que possuem bastante semelhança entre si: I) interceptação telefônica; II) 
escuta telefônica e; III) gravação telefônica. 
A interceptação telefônica, conforme já vimos, consiste na captação de conversas 
telefônicas feita por terceiro (autoridade policial) sem o conhecimento de nenhum dos 
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interlocutores, devendo ser autorizada pelo Poder Judiciário, nas hipóteses e na forma que a lei 
estabelecer, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. 
A escuta telefônica, por sua vez, é a captação de conversa telefônica feita por um 
terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. 
A gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento 
ou ciência do outro. 
 
Vejamos, a seguir, importantes entendimentos do STF sobre a licitude/ilicitude de provas 
referentes ao direito constitucional de inviolabilidade das correspondências e das comunicações: 
 
✓ É ilícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica sem autorização judicial. 
✓ São ilícitas as provas obtidas por meio de interceptação telefônica determinada a 
partir apenas de denúncia anônima, sem investigação preliminar. 
✓ São ilícitas as provas obtidas mediante gravaçãode conversa informal do indiciado com 
policiais, por constituir-se tal prática em “interrogatório sub-reptício”, realizado sem 
as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial e sem que o indiciado seja 
advertido do seu direito ao silêncio. 
✓ São ilícitas as provas obtidas mediante confissão durante prisão ilegal. Ora, se a 
prisão foi ilegal, todas as provas obtidas a partir dela também o serão. 
✓ É lícita a prova obtida mediante gravação telefônica feita por um dos interlocutores 
sem a autorização judicial, caso haja investida criminosa daquele que desconhece que 
a gravação está sendo feita. Nessa situação, tem-se a legítima defesa. 
✓ É lícita a prova obtida por gravação de conversa telefônica feita por um dos 
interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou 
de reserva da conversação. 
✓ É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos 
interlocutores sem o conhecimento do outro. 
 
XIII - É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer; 
Trata-se de norma constitucional de eficácia contida que trata da liberdade de atividade 
profissional. Esta dispõe que, na inexistência de lei que exija qualificações para o exercício de 
determinada profissão, qualquer pessoa poderá exercê-la. Entretanto, existente a lei, a profissão 
só poderá ser exercida por quem atender às qualificações legais. Segundo o STF, nem todos os 
ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu 
exercício. A regra é a liberdade. 
 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, 
quando necessário ao exercício profissional; 
Esse inciso tem dois desdobramentos: assegura o direito de acesso à informação 
(desde que esta não fira outros direitos fundamentais) e resguarda os jornalistas, possibilitando 
que estes obtenham informações sem terem que revelar sua fonte. Não há conflito, todavia, com 
a vedação ao anonimato. Caso alguém seja lesado pela informação, o jornalista responderá por 
isso. 
 
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XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao 
público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião 
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à 
autoridade competente; 
O direito de reunião é um direito típico de uma democracia, estando intimamente 
relacionado à liberdade de expressão. É um direito individual, mas que se expressa de maneira 
coletiva. Caracteriza-se como uma “liberdade-condição”, pois viabiliza o exercício de outros 
direitos individuais, tais como a liberdade de crença religiosa e política e a liberdade de 
expressão. O exercício do direito de reunião é condicionado pela Constituição Federal de 1988: 
A reunião deverá ter fins pacíficos, e apresentar ausência de armas; 
• A reunião deverá ser realizada em locais abertos ao público; 
• O exercício do direito de reunião não poderá frustrar outra reunião convocada 
anteriormente para o mesmo local; 
• Desnecessidade de autorização; 
• Necessidade de prévio aviso à autoridade competente. 
 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter 
paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem 
de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; 
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas 
atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em 
julgado; 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; 
Não há muito a se falar sobre esse inciso: apenas que ninguém pode ser obrigado a se 
associar (filiar-se a um partido político, por exemplo) ou a permanecer associado. 
 
 
XXI - As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm 
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. 
O art. 5º, XXI, CF/88, é um caso de representação processual, as associações poderão, 
desde que expressamente autorizadas, representar seus filiados judicial e extrajudicialmente, 
em outras palavras, poderão atuar em nome de seus filiados e na defesa dos direitos destes. 
 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. 
Esses três incisos em conjunto tratam do direito de propriedade, que é norma 
constitucional de eficácia contida e, portanto, está sujeita à atuação restritiva por parte do Poder 
Público. Como todos os direitos fundamentais, o direito de propriedade não é absoluto: é 
necessário que o proprietário dê à propriedade uma função social. 
Entretanto, mesmo sendo relativo, a Constituição não poderia deixar de estabelecer 
certas proteções a esse direito. 
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Desse modo, no inciso XXIV do art. 5º da CF/88, garante- se que, se a propriedade 
estiver cumprindo a sua função social, só poderá haver desapropriação com base na tutela do 
interesse público, em três hipóteses: necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. 
A indenização, nesses casos, ressalvadas algumas exceções determinadas 
constitucionalmente, dar-se-á mediante prévia e justa indenização em dinheiro. 
Existem casos em que a indenização pela desapropriação não será em dinheiro, são 
eles: 
• Desapropriação para fins de reforma agrária; 
• Desapropriação de imóvel urbano não-edificado que não cumpriu sua função 
social; 
• Desapropriação confiscatória. A desapropriação para fins de reforma agrária 
obedece ao disposto no art. 184 da Carta Magna. É de competência da União e tem por objeto 
o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. 
 
Dar-se á mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula 
de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano 
de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. O § 1o do mesmo artigo, entretanto, faz 
uma ressalva: a de que as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. 
No que diz respeito à desapropriação de imóvel urbano não edificado, subutilizado ou 
não utilizado, ou seja, que descumpriu sua função social, determina a CF/88 (art. 182, § 4o, III) 
que a indenização se dará mediante títulos da dívida pública de emissão previamente 
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, 
iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. 
Existe, ainda, a possibilidade de que haja desapropriação sem indenização. É o que 
ocorre na expropriação de propriedades urbanas e rurais de qualquer região do País onde forem 
localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo. Tem-se, 
então, a chamada “desapropriação confiscatória”, prevista no art. 243 da Constituição. (CNMP 
– 2015) A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade. 
 
 
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de 
propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. 
Esse inciso trata da requisição administrativa, que ocorre quando o Poder Público, 
diante de perigo público iminente, utiliza seu poder de império (de coação) para usar bens ou 
serviços de particulares. Fatiando-se o artigo, para melhor compreensão, temos que: 
Em caso de iminente perigo público, o Estado pode requisitar a propriedade particular. 
Exemplo: no caso de uma enchente que destrua várias casas de uma cidade, a Prefeitura 
poderequisitar o uso de uma casa que tenha permanecido intacta, para abrigar aqueles que não 
têm onde ficar. Qual o perigo público iminente que justifica tal ato estatal? No exemplo dado, a 
possibilidade de a população atingida adoecer ou morrer por falta de abrigo. 
 
A requisição é compulsória para o particular, devido ao poder de império do Estado. Veja 
que o interesse público (socorro às pessoas desabrigadas) é maior que o particular 
(inconveniente de ter a casa cedida ao Poder Público gratuitamente). Por isso, o último cede 
lugar ao primeiro. 
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A propriedade continua sendo do particular: é apenas cedida gratuitamente ao Poder 
Público. 
O titular do bem somente será indenizado em caso de dano. No exemplo acima, o Estado 
não teria que pagar aluguel ao proprietário pelo uso do imóvel. 
O perigo público deve ser iminente, ou seja, deve ser algo que acontecerá em breve. No 
exemplo dado, o Estado não poderia requisitar a casa já na estação da seca baseado na 
possibilidade de uma enchente ocorrer vários meses depois. 
 
Inafastabilidade do poder judiciário (art. 5°, xxxv) - “A Lei não excluirá da 
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. 
É o princípio da inafastabilidade do acesso ao Poder Judiciário (direito de ação e de 
prestação jurisdicional – princípio do livre acesso). 
A constituição federal garante que a instância administrativa não precisa ser exaurida 
como condição ao acesso ao Poder Judiciário, a única exceção é o acesso prévio, em certos 
casos, à Justiça Desportiva (CF, art. 217, § 1°). Por outro lado, o STF já firmou entendimento no 
sentido de que inexiste direito subjetivo ao duplo grau jurisdicional. 
 
Segurança jurídica (art. 5°, xxxvi) - “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato 
jurídico perfeito e a coisa julgada”. 
Direito adquirido - aquele que se incorporou definitivamente ao patrimônio pessoal do 
indivíduo, ou seja, que pode ser a qualquer momento invocado, usufruído, independentemente 
da vontade alheia, e que, mesmo no caso da existência de condição ou termo para início de sua 
fruição, tal condição perfaz-se inalterável ao arbítrio de terceiros. 
Ato Jurídico Perfeito é aquele que se aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos 
necessários a sua firmação, em face da lei vigente. 
Coisa Julgada é a decisão judicial transitada em julgado, em outros termos, a decisão 
judicial de que já não caiba recurso. 
Exemplo: O Estatuto da PMERJ assegura ao Policial Militar, a cada decênio (10 anos) 
de serviço prestado, o direito de gozar da LE (Licença especial), 06 meses de licença remunerada. 
Nesse aspecto, o Direito Adquirido somente ocorrerá na data em que completar os 10 anos de 
serviço, antes disso, terá somente mera expectativa de direito. Portanto, se tal direito for 
suprimido, por nova lei, aqueles que já haviam preenchido os requisitos da lei anterior, terão 
direito o adquirido de gozar a referida licença. 
 
Tribunal do júri (art. 5°, xxxviii) 
 
O Júri é um tribunal popular, de essência e obrigatoriedade constitucional, regulamentado 
na forma de lei ordinária e, atualmente, composto por um juiz de direito, que o preside, por 21 
jurados, que serão sorteados dentre cidadãos que constem do alistamento eleitoral do 
Município, formando-se o Conselho de Sentença com sete deles. 
A CF assegura à instituição do Júri: plenitude da defesa, o sigilo das votações, a 
soberania dos veredictos, que não exclui a recorribilidade das suas decisões contrárias a provas 
dos autos; e a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, apenas não 
aplicável nos casos em que exista prerrogativa constitucional de foro, como os Governadores, 
Presidente da República, Ministros de estado etc. 
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DIREITOS CONSTITUCIONAIS PENAIS 
 
Previsões constitucionais de garantias penais 
 
O art. 5º, LVII, determina que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em 
julgado de sentença penal condenatória”. 
 
Naquilo que se pode denominar “Direito Constitucional Penal”, há uma grande riqueza 
de detalhes presente na Constituição de 1988, que institui os seguintes direitos fundamentais: 
✓ Legalidade estrita quanto à previsão de crimes e das respectivas penas (art. 5º, XXXIX); 
✓ Proibição de retroatividade da lei penal, salvo para beneficiar o réu, correspondendo a 
um aspecto específico da proibição da retroatividade das leis (art. 5º, XL). 
✓ Proibição de que a pena passe da pessoa do condenado, salvo a questão patrimonial, 
circunscrita, sempre, nesse caso, aos limites da transferência patrimonial aos sucessores 
que acaso tenha existido (art. 5º, XLIII); 
✓ Individualização da pena; 
✓ Proibição de penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis 
(art. 5º, XLVII); 
✓ Cumprimento da pena em estabelecimentos separados conforme a natureza do delito, 
a idade e o sexo do apenado (art. 5º, XLVIII); 
✓ Respeito à integridade física e moral dos presos (art. 5º, XLIX); 
✓ Direito das presidiárias à concessão das condições necessárias para permanecerem 
com seus filhos durante o período de amamentação (art. 5º, L); 
✓ Direito de o civilmente identificado não ser submetido à identificação criminal, salvo nas 
hipóteses legais e desde que proporcionalmente estabelecidas (art. 5º, LVIII); X). 
✓ Direito de não ser preso salvo em flagrante delito ou por ordem judicial escrita e 
fundamentada, ou nos casos de transgressão militar ou crime militar propriamente dito 
(art.5º, LXI); 
✓ Direito do preso de que sua prisão e o local onde se encontre sejam comunicados 
imediatamente ao juiz competente, à sua família ou a pessoa por ele indicada (art. 5º, 
LXII); 
✓ Direito reconhecido ao preso de ser informado de seus direitos, inclusive o de 
permanecer calado, bem como o direito à assistência da família e de advogado (art. 5º, 
LXIII); 
✓ Direito reconhecido ao preso quanto à identificação dos responsáveis pela sua prisão ou 
por seu interrogatório policial (art. 5º, LXIV); 
✓ Direito ao relaxamento imediato de prisão ilegal (art. 5º, LXV); 
✓ Direito a não ser levado à prisão quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem 
fiança (art. 5º, LXVI); 
✓ Direito a não ser preso por dívida civil, salvo o caso do responsável por inadimplemento 
voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel (art. 5º, LXVII), 
sendo esta última hipótese afastada pela recepção do Pacto de São José da Costa Rica 
pela E.C.n. 45/2004; 
✓ Direito à indenização pelo erro judiciário e pelo excesso de prisão (ar LXXV). 
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Do direito à presunção de inocência 
Trata-se de um princípio penal,de que ninguém é culpado pela prática de qualquer ilícito 
senão após ter sido como tal julgado pelo juiz natural, com ampla oportunidade de defesa. 
O Estado deverá proceder a sua acusação formal e, no curso do devido processo, provar 
a autoria do crime pelo agente. 
É por isso que se diz que o princípio está intimamente relacionado com o Estado 
Democrático de Direito, já que, se assim não fosse, estar-se-ia regredindo ao mais puro e total 
arbítrio estatal, contudo, não afasta a constitucionalidade das espécies de prisão provisórias 
(prisão temporária, em flagrante, preventiva ou administrativa militar). 
Portanto, essa dimensão do princípio da presunção de inocência não se circunscreve ao 
âmbito do processo penal, mas alcança também, no foro criminal, o âmbito extraprocessual. Ao 
indivíduo é garantido o não tratamento como criminoso, salvo quando reconhecido pelo sistema 
jurídico como tal. Portanto, a autoridade policial, carcerária, administrativa e outras não podem 
considerar culpado aquele que ainda não foi submetido à definitividade da atuação jurisdicional. 
 
Direito ao devido processo legal 
 
Por esse princípio é garantido a todos que ninguém será privado de seus bens e 
liberdade, sem que haja o devido processo legal,

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