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Projeto Monitoria 1 RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL - Projeto Monitoria – Cas 2020 INTRODUÇÃO A Constituição Federal brasileira, em seu art. 1º, determinou o aspecto político constitucional do Brasil como o de um Estado Democrático de Direito. Trata-se do mais importante mecanismo da Carta de 1988, pois dele decorrem todos os princípios e preceitos fundamentais do Estado brasileiro. Estado Democrático de Direito é muito mais do que meramente Estado de Direito, pois assegura a igualdade entre os homens, e tem como características a submissão de todos ao império da lei, a divisão formal do exercício das funções derivadas do poder, entre os órgãos executivos, legislativos e judiciários, como forma de evitar a concentração de forças e combater o arbítrio, o estabelecimento formal de garantias individuais, o povo como origem formal de todo e qualquer poder e ainda a igualdade de todos perante a lei. A Constituição federal determina as competências das diversas Instituições cabendo a polícia militar, consciente de sua missão constitucional, exercitá-la cumprindo, rigorosamente, o que se determina em lei. DIREITO CONSTITUCIONAL Conceito liberal de constituição Com a vitória do constitucionalismo surge, no século XIX, a ideia de Constituição ideal, com CARL SCHMITT. Seu conceito está atrelado à ideologia político-liberal, considerando-se essencial: a garantia das liberdades, com a participação política; a divisão dos poderes; a Constituição como documento escrito. Assim, essa ideia de Constituição foi albergada pela Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, em seu art. 16, nos seguintes termos: “Toda sociedade na qual não está assegurada a garantia dos direitos nem determinada a separação dos poderes, não tem Constituição”. Conceito orgânico de constituição Lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. É ela que determina a organização político-jurídica do Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos que o integram e as competências destes e, finalmente, a aquisição e o exercício do poder. Cabe também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e enumerar os direitos e garantias fundamentais, sendo a matéria do ramo do Direito Público de onde decorrem todas as demais normas do ordenamento jurídico. Estrutura das constituições As Constituições, de forma geral, dividem-se em três partes: preâmbulo, parte dogmática e disposições transitórias. Projeto Monitoria 2 O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Tem como função definir as intenções do legislador constituinte, proclamando os princípios da nova constituição e rompendo com a ordem jurídica anterior. E no preâmbulo os seguintes dizeres: “Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade” A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, que prevê os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Por fim, a parte transitória da Constituição visa integrar a ordem jurídica antiga à nova, quando do advento de uma nova Constituição, garantindo a segurança jurídica e evitando o colapso entre um ordenamento jurídico e outro. Assim como a parte dogmática, a parte transitória pode ser modificada por reforma constitucional. Além disso, também pode servir como paradigma para o controle de constitucionalidade das leis. A chamada Carta cidadã foi aprovada em dois turnos de votação, por maioria absoluta dos membros da Assembleia Nacional Constituinte, que ocorreu em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição da República Federativa do Brasil. No que se refere a classificação da Constituição de 1988 podemos aduzir que é escrita, do tipo codificada, elaborada em processo democrático, dogmática eclética, rígida, formal, analítica, normativa, dirigente, social princípio lógica e expansiva. Vejamos logo abaixo as principais características das Constituições existentes e a definição sintetizada de cada uma, observe o significado das características da Constituição Brasileira. Classificação das constituições Quanto à origem • OUTORGADAS - Impostas, surgem sem participação popular. Resultam de ato unilateral de vontade da classe ou pessoa dominante no sentido de limitar seu próprio poder. • DEMOCRÁTICAS - Nascem com participação popular, por processo democrático. • CESARISTAS - Outorgadas, mas necessitam de referendo popular. • DUALISTAS - Resultam de um compromisso entre a monarquia e a burguesia, dando origem às monarquias constitucionais. Quanto à forma • ESCRITAS – Sistematizadas em documentos. • NÃO-ESCRITAS – Normas em les esparsas, jurisprudência, costumes econvenções. Projeto Monitoria 3 Quanto ao modo de elaboração • DOGMÁTICAS – Elaboradas em um determinado momento, segundo os dogmas em voga. • HISTÓRICAS – Surgem lentamente, à partir das tradições. Resultam dos valores históricos consolidados pela sociedade. Quanto à estabilidade • IMUTÁVEIS - Não podem ser modificadas. • RÍGIDAS - Modificadas por procedimento mais dificultoso que aquele de alteração das leis. Sempre escritas. • SEMIRRÍGIDAS - Processo legislativo de alteração mais dificultoso que o ordinário para algumas de suas normas. Quanto ao conteúdo • MATERIAIS - Conjunto de normas que regulam os aspectos essenciais da vida estatal, ainda que fora do texto constitucional escrito. • FORMAIS - Conjunto de normas que estão inseridas no texto de uma Constituição rígida, independentemente de seu conteúdo. Quanto à extensão • ANALÍTICAS - Conteúdo extenso. Contêm normas apenas formalmente constitucionais. • SINTÉTICAS - Restringem-se aos elementos materialmente constitucionais. Quanto à correspondência com a realidade • NORMATIVAS – Limitam, de fato, o poder, por corresponderem à realidade política e social. • NOMINATIVAS – Não conseguem regular o processo político, embora esse seja seu objetivo, por não corresponderem à realidade. • SEMÂNTICAS - Não têm por objeto regular a política estatal, mas apenas formalizar a situação. Quanto à finalidade • CONSTITUIÇÕES-GARANTIA - Objetivam proteger as liberdades públicas contra a arbitrariedade do Estado. • CONSTITUIÇÕES-DIRIGENTES - Traçam diretrizes para a ação estatal, prevendo normas programáticas. • CONSTITUIÇÕES-BALANÇO - Descrevem e registram o estágio da sociedade em um dado momento. Quanto ao conteúdo ideológico • LIBERAIS - Buscam limitar o poder estatal. Projeto Monitoria 4 • SOCIAIS - Têm como objetivo realizar a igualdade material e a efetivação dos direitos sociais. Quanto ao local da decretação • HETEROCONSTITUIÇÕES - Elaboradas fora do Estado em que produzem seus efeitos. • AUTOCONSTITUIÇÕES - Elaboradas dentro do Estado que produzem seus efeitos. Quanto ao sistema • PRINCIPIOLÓGICAS - Nelas, predominam os princípios. • PRECEITUAIS - Nelas, prevalecem as regras. Dica Monitoria: NOSSA CONSTITUIÇÃO FEDERAL É PRAFED. P = Promulgada. R = Rígida. A = Analítica. F = Formal. E = Escrita. D = Dogmática. Breve histórico das constituições brasileiras. O surgimento das diversas Leis Fundamentais esteve sempre associado a rupturas de alterações sociais e políticas. CONSTITUIÇÃO IMPERIAL DE 1824 O território foi dividido em províncias. Desse modo, quanto à forma de Estado, era unitário, e não federal. Quanto à forma de governo, era uma monarquia hereditária. No tocante à divisão dos Poderes, além dos clássicos Legislativo, Executivo e Judiciário, havia o Poder Moderador,este exercido privativamente pelo Imperador (doutrina de Benjamin Constant). Quanto à mutabilidade, era semirrígida. A eleição era indireta e censitária, ou seja, definida com base na renda, sendo vedada às mulheres e aos analfabetos. CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DE 1891 A República foi proclamada em 15 de novembro de 1889. A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil foi promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Adotou como forma de Estado a federação; como forma de governo, a república; e como sistema, o presidencialismo. Foi inspirada na Constituição dos Estados Unidos da América. Previa a existência dos três Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário (doutrina de Montesquieu). Projeto Monitoria 5 CONSTITUIÇÃO DE 1934 Com a Revolução de 1930, ascendeu ao Poder Getúlio Vargas. Em grande parte, por força da Revolução Constitucionalista, que exigia do governo uma Constituição, foi promulgada em 16 de julho de 1934 a segunda grande Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Manteve-se a federação, a república presidencialista e os três poderes. Como inovação, instituiu-se o voto secreto, obrigatório para os maiores de 18 anos estendendo-o também às mulheres. Foi a primeira Constituição a trazer um capítulo sobre a ordem econômica e social, inspirando-se na Constituição de Weimar, criando a Justiça do Trabalho. Continha, ainda, normas sobre a família, educação e cultura. CONSTITUIÇÃO DE 1937 Conforme narra a história, em 1937 ocorreu o golpe de Getúlio Vargas para manter-se no poder. Era o início do Estado Novo, ditadura que perdurou até 1945. Em 10 de novembro de 1937 foi outorgada a Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Nesta nova Constituição foi fortalecido o Poder Executivo. Os direitos individuais eram sempre condicionados ao bem público. De observar que, embora os direitos e as garantias estivessem previstos, alguns desses poderiam ser suprimidos em caso de estado de emergência e – curiosamente – na parte final da Constituição havia um dispositivo que instituía o estado de emergência no País. Em razão de ter sido inspirada nos regimes nazifascistas, esta foi apelidada de Constituição polaca, em alusão à Constituição polonesa fascista de 1935, outorgada pelo Marechal Josef Pilsudski. CONSTITUIÇÃO DE 1946 Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados ditatoriais nazistas foram derrotados. A isso se seguiu um movimento inicial de democratização, o que foi acompanhado pelo Brasil. Getúlio Vargas convocou eleições diretas para a presidência e para o Poder Legislativo. Foi eleito, com o apoio de Vargas, o General Eurico Gaspar Dutra. Foi então, promulgada, em 18 de setembro de 1946 a quarta Constituição brasileira, a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, inspirada nas anteriores de (1891 e 1934). CONSTITUIÇÃO DE 1967 e a EMENDA CONSTITUCIONAL Nº. 1 DE 1969 No contexto internacional da Guerra Fria, em 1964 houve uma tomada de poder liderada pelos militares do Brasil destituindo o Governo do Presidente eleito João Goulart, era o início de um regime militar que perdurou até 1985. Outorgada em 24 de janeiro de 1967, a Constituição do Brasil apoiava-se na busca pela Segurança Nacional. Alguns constitucionalistas entendem que o regime militar imposto era legítimo e sustentam que a Constituição de 1967 foi promulgada, mas não é o entendimento predominante. Amplos poderes foram concedidos à União e ao Poder Executivo. Durante o regime militar, foram expedidos diversos Atos Institucionais, dos quais o de Projeto Monitoria 6 número 5 (AI 5) representou praticamente a supressão das garantias individuais. Em 17 de outubro de 1969 foi outorgada a Emenda Constitucional número 1, considerada por muitos doutrinadores como uma nova Constituição do Brasil, tanto que, com essa Emenda Constitucional, a Constituição do Brasil passou a ser denominada como hoje a conhecemos, ou seja, Constituição da República Federativa do Brasil. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 Importa destacar que a luta pela redemocratização se iniciou com a tomada do poder pelos militares em 1964. Porém, o regime militar perdurou por mais de vinte anos. Em 1984 houve intensa luta, destacando-se o movimento pelas “diretas já”, o qual pretendia que as eleições para Presidente de 1985 fossem diretas, o que não ocorreu. Venceu as eleições o candidato que apoiava a democracia, falamos de Tancredo Neves. Eleito de forma indireta, pelo Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, não chegou a tomar posse, pois faleceu. Assumiu o Vice-Presidente José Sarney, que, embora tenha sido aliado dos militares, deu continuidade ao processo de redemocratização. Os membros do Congresso Nacional foram convocados para formar a Assembleia Nacional Constituinte. A Câmara dos Deputados e o Senado Federal reuniram-se na sede do Congresso Nacional. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 estabeleceu como forma de governo a república e como sistema, o presidencialismo, sendo o governante eleito a partir daquela data para exercer as suas atividades de chefe do executivo federal eleito através do voto do cidadão onde exerceria o mandato por um período determinado de 05 anos sem a possibilidade de reeleição porém com as mudanças realizadas pela Emenda Constitucional de Revisão nº 5, de 1994 e Emenda Constitucional nº 16, de 1997 fora vetado o período de cinco anos passando a ser de 04 com possibilidade de uma consecutiva reeleição, sendo este Presidente eleito responsável por todos os seus atos Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000), podendo ainda, ser submetido a processo de impeachment, se praticar um crime de responsabilidade (Lei do Impeachment nº. 1.079 de 10 de abril de 1950), na forma do artigo 86 da CRFB/88. No Brasil temos dois exemplos de impeachment de Presidentes da República: o primeiro ocorrido em 02 de outubro de 1992 – do Presidente Fernando Collor de Mello e, por derradeiro, o impeachment de Dilma Rousseff, no dia 31/08/2016. Mediante um plebiscito, ocorrido no dia 21 de abril de 1993, em atendimento a determinação artigo 2º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal de 1988 para escolher a forma de governo (república ou monarquia) a maioria do povo brasileiro decidiu pela continuidade da República presidencialista que está em vigor até a presente data. A República Federativa do Brasil é um Estado Federal Soberano, ou seja, possui independência em relação aos Estados estrangeiros, não se submete a outra forma de poder que não seja o que é inerente ao nosso próprio ordenamento jurídico (União - Soberania). Sendo assim, o Estado brasileiro é formado pela União, 01 (um) Distrito Federal, 26 (vinte e seis) Estados membros e 5.570 (cinco mil quinhentos e setenta) Municípios, (CF, art. 1º e art. 18). Todos eles são pessoas jurídicas de direito público, autônomos entre si (Estados e Municípios - Autonomia). Projeto Monitoria 7 Os Estados estão submetidos ao princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. A República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma federação, isto é, composto por vários estados membros. Não é possível aceitar propostas que possa transformar um dos estados membros em um Estado (país) independente do Brasil, pois não existe em nosso ordenamento jurídico o fenômeno da secessão. O vínculo entre as entidades componentes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) é indissolúvel, ou seja, nenhuma delas pode abandonar o restante para fundar um novo país, não é admitido o fenômeno da secessão. Por fim, quanto ao regime, está expresso no artigo 1º da Lei Maior o Estado Democrático de Direito, ou seja, um Estado no qual todo o poder se exerce do povo e para o povo, ou seja, no qual a próprialei deverá sempre ser fruto da vontade popular, assegurando-se, igualmente, os direitos fundamentais para preservar a dignidade da pessoa humana. A pirâmide de Kelsen – hierarquia das normas No Brasil, vigora o princípio da Supremacia da Constituição, segundo o qual as normas constitucionais, obra do poder constituinte originário, estão num patamar de superioridade em relação às demais leis, servindo de fundamento de validade para estas. Assim, as normas podem ser separadas: Essa pirâmide foi concebida pelo jurista austríaco para fundamentar a sua teoria, baseada na ideia de que as normas jurídicas inferiores (normas fundadas) retiram seu fundamento de validade das normas jurídicas superiores (normas fundantes). A pirâmide de Kelsen tem a Constituição como seu vértice (topo). Assim, nenhuma norma do ordenamento jurídico pode se opor à Constituição: ela é superior a todas as demais normas jurídicas, as quais são, por isso mesmo, denominadas infraconstitucionais. Na Constituição, há normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas. As normas constitucionais originárias são produto do Poder Constituinte Originário (que elabora uma nova Constituição); elas integram o texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988. Projeto Monitoria 8 As normas constitucionais derivadas são aquelas que resultam da manifestação do Poder Constituinte Derivado (altera a Constituição); são as chamadas emendas constitucionais, que também se situam no topo da pirâmide de Kelsen. Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias. Assim, não importa qual é o conteúdo da norma. Todas as normas constitucionais originárias têm o mesmo status hierárquico. Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas. Todas elas se situam no mesmo patamar, porém entre normas constitucionais originárias e derivadas, há uma importante diferença entre elas: as normas constitucionais originárias não podem ser declaradas inconstitucionais. Em outras palavras, as normas constitucionais originárias não podem ser objeto de controle de constitucionalidade. Já as emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) são passíveis de controle de constitucionalidade. Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004, abriu-se uma nova e importante possibilidade no ordenamento jurídico brasileiro. Os tratados e convenções internacionais de direitos humanos aprovados em cada Casa do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal), em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, passaram a ser equivalentes às emendas constitucionais (artigo 5º§ 3º da CF/88). Situam-se, portanto, no topo da pirâmide de Kelsen, tendo “status” de emenda constitucional. Diz-se que os tratados de direitos humanos, ao serem aprovados por esse rito especial, ingressam no chamado “bloco de constitucionalidade”. Em virtude da matéria de que tratam (direitos humanos), esses tratados estão gravados por cláusula pétrea e, portanto, imunes de modificação ou extinção pelo Estado brasileiro. O primeiro tratado de direitos humanos a receber o status de emenda constitucional foi a “Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo”. Os demais tratados internacionais sobre direitos humanos, aprovados pelo rito ordinário, têm, segundo o STF, “status” supralegal. Isso significa que se situam logo abaixo da Constituição e acima das demais normas do ordenamento jurídico. As normas imediatamente abaixo da Constituição (infraconstitucionais) e dos tratados internacionais sobre direitos humanos são as leis (complementares, ordinárias e delegadas), as medidas provisórias, os decretos legislativos, as resoluções legislativas, os tratados internacionais em geral incorporados ao ordenamento jurídico e os decretos autônomos. Ao contrário do que muitos podem ser levados a acreditar, as leis federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo grau hierárquico. Assim, um eventual conflito entre leis federais e estaduais ou entre leis estaduais e municipais não será resolvido por um critério hierárquico a solução dependerá da repartição constitucional de competências. Deve-se perguntar o seguinte: de qual ente federativo (União, Estados ou Municípios) é a competência para tratar do tema objeto da lei? Nessa ótica, é plenamente possível que, num caso concreto, uma lei municipal prevaleça diante de uma lei federal. A Constituição Federal está num patamar superior ao das Constituições Estaduais que, por sua vez, são hierarquicamente superiores às Leis Orgânicas. As leis complementares, apesar de serem aprovadas por um procedimento mais dificultoso, têm o mesmo nível hierárquico das leis ordinárias. O que as diferencia é o conteúdo: ambas têm campos de atuação diversos, ou seja, a matéria (conteúdo) é diferente. Como exemplo, citamos o fato de que a CF/88 exige que normas gerais sobre direito tributário sejam estabelecidas por lei complementar. Projeto Monitoria 9 As leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às leis complementares. Caso isso ocorra, estaremos diante de um caso de inconstitucionalidade formal (nomodinâmica). Os regimentos dos tribunais do Poder Judiciário são considerados normas primárias, equiparados hierarquicamente às leis ordinárias. Na mesma situação, encontram-se as resoluções do CNMP (Conselho Nacional do Ministério público) e do CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Os regimentos das Casas Legislativas (Senado e Câmara dos Deputados), por constituírem resoluções legislativas, também são considerados normas primárias, equiparados hierarquicamente às leis ordinárias. Finalmente, abaixo das leis encontram-se as normas infralegais. Elas são normas secundárias, não tendo poder de gerar direitos, nem, tampouco, de impor obrigações. Não podem contrariar as normas primárias, sob pena de invalidade, é o caso dos decretos regulamentares, portarias, instruções normativas, dentre outros decretos regulamentares. Poder constituinte A teoria do poder constituinte, que se aplica somente aos Estados com Constituição escrita e rígida. Poder Constituinte é aquele que cria a Constituição, enquanto os poderes constituídos são aqueles estabelecidos por ela, ou seja, são aqueles que resultam de sua criação. E o poder constituinte pode ser de dois tipos: originário ou derivado. Poder constituinte originário (primeiro grau ou genuíno) é o poder de criar uma Constituição. Apresenta 6 (seis) características: político, inicial, incondicionado, permanente, ilimitado juridicamente e autônomo, cria o ordenamento jurídico de um Estado dando validade a uma nova ordem constitucional, ou seja, nova ordem jurídica, rompendo com a anterior com efeito de criar um novo Estado, não se sujeitando a qualquer forma ou procedimento predeterminado em sua manifestação, não se submete a limites determinados pelo direito anterior. Pode mudar completamente a estrutura do Estado ou os direitos dos cidadãos, por exemplo, sem ter sua validade contestada com base no ordenamento jurídico anterior. O Poder Constituinte Derivado (segundo grau) é o poder de modificar a Constituição Federal bem como de elaborar as Constituições Estaduais. É fruto do poder constituinte originário, estando previsto na própria Constituição. Tem como características ser jurídico, derivado, limitado (ou subordinado) e condicionado. O Poder Constituinte Derivado subdivide-se em dois: I) Poder Constituinte Reformador e II) Poder Constituinte Decorrente. O poder constituinte reformador consiste no poder de emendar a Constituição federal. O poder constituinte decorrente é aquele que a CF/88 confere aos Estados membros de se auto organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições estaduais. Ambos devemrespeitar as limitações e condições impostas pela Constituição Federal. O Poder constituinte difuso é o poder de fato que atua na etapa da mutação constitucional, meio informal de alteração da Constituição. Cabe a ele, portanto, alterar o conteúdo, o alcance e o sentido das normas constitucionais, mas de modo informal, sem Projeto Monitoria 10 qualquer modificação da literalidade do texto da Constituição. É um poder de fato porque nascido do fato social, político econômico. É informal porque se manifesta por meio das mutações constitucionais, modificando o sentido das Constituições, mas sem nenhuma alteração do seu texto expresso, este fenômeno ocorre nos em matéria Constitucional federal quando Supremo Tribunal Federal (STF). Mutação constitucional Mutação constitucional é o fenômeno que modifica determinada norma da Constituição Federal sem que haja qualquer alteração no seu texto. É considerada alteração informal porque não são cumpridos os requisitos formais necessários à modificação do seu conteúdo textual. Exemplo emblemático de mutação Constitucional sobre a mesma matéria em curto espaço de tempo é o tema de cumprimento de pena depois da confirmação de condenação em segunda instância. Desde a Constituição de 1988, o entendimento sobre a prisão em segunda instância já mudou algumas vezes utilizando a mutação Constitucional para exercer o poder Constituinte difuso. Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que o réu só podia ser preso após o trânsito em julgado, ou seja, depois do recurso a todas as instâncias. Antes do esgotamento de recursos, ele poderia no máximo ter prisão preventiva decretada contra si. Já em fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que um réu condenado em segunda instância já poderia começar a cumprir sua pena, ou seja, poderia parar na cadeia mesmo enquanto recorre aos tribunais superiores. Naquele momento, a regra foi aplicada ao caso de um réu específico. No mesmo ano, o STF reafirmou a decisão, que passou a ter validade para todos os casos no Brasil. Em 2019, a constitucionalidade da condenação em segunda instância voltou ao Supremo Tribunal Federal para novo julgamento. O Supremo analisou três Ações Declaratórios de Constitucionalidade capazes de discutir o alcance da norma constitucional de presunção de inocência e por maioria de 6 x 5, estabeleceu que o cumprimento da pena deve começar após esgotamento de recursos, ou seja, a prisão condenatória apenas depois do trânsito em julgado. Cláusulas pétreas Você sabia que as cláusulas pétreas são limitações materiais ao poder de reforma da constituição de um Estado? Em outras palavras, são dispositivos que podem ser alteradas, mas não abolidas, que tende a abolir as normas constitucionais relativas às matérias por elas definidas. A existência de cláusulas pétreas ou limitações materiais implícitas é motivo de controvérsia na literatura jurídica. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu artigo 60, § 4º, traz em seu bojo as Cláusulas Pétreas. As matérias que estão sob o manto das Cláusulas Pétreas não podem ser alteradas para restringir ou retirar direitos, no entanto, permite que todos os direitos sob o seu manto sejam majorados. São objetos das Cláusulas Pétreas: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes e os Projeto Monitoria 11 direitos e garantias individuais. Assim está disposto: Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: (...) § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir I) a forma federativa de Estado; II) o voto direto, secreto, universal e periódico; III) a separação dos Poderes; IV) os direitos e garantias individuais. (BRASIL, 1988). Dica Monitoria: CLÁUSULAS PÉTREAS: FODI VOSE (sim, sei q é feio e a grafia está errada, mas pra decorar é super válido. E o que importa é acertar a questão). FO: Forma Federativa de Estado DI: Direitos e Garantias Individuais VO: Voto direto, secreto, universal e periódico. SE: Separação dos poderes. ✓ Observe que a proposta não poderá abolir, mas se for pra aumentar pode. Exemplo, proposta pra aumentar o rol de direitos e garantias individuais. Forma federativa de Estado A denominação República Federativa do Brasil indica que o país é baseado em uma federação, isto é, composto por vários estados membros. Não é possível aceitar propostas que possa transformar um dos estados membros em um Estado (país) independente do Brasil. Voto direto, secreto, universal e periódico Não é possível modificar o sistema de voto direto, onde cada cidadão devidamente alistado tem direito a voto. Deverá sempre ser secreto (o cidadão tem o direito de não revelar o seu voto, evitando assim perseguições políticas ou qualquer outra intimidação). Deve também ser universal, ou seja, todos os brasileiros, natos ou naturalizados têm a oportunidade de se alistar e votar, a menos que se encaixem em certos casos previstos no artigo 14 da Carta Magna. Deve este voto ser ainda periódico, ou seja, o cidadão deve ter a oportunidade de votar de tempos em tempos. Dica Monitoria: voto obrigatório não consta aqui! A Separação dos Poderes Não se admite discutir a retirada ou a introdução de outro poder, sendo esta organização tripartite do Estado em Judiciário, Legislativo e Executivo clausula pétrea. Estes poderes são independentes e harmônicos entre sí, e não existe hierarquia entre eles, e sim competências específicas. Os Direitos e Garantias Individuais Direitos individuais elencados no artigo 5° e seus incisos, possuindo maior relevo a vida, a liberdade, a igualdade, a segurança, a propriedade, ente outros. Insta aduzir, apesar de serem direitos pétreos não são absolutos, podendo ser reduzidos ou até retirados quando o interesse Projeto Monitoria 12 público for afetado, sendo certo que deverá estar previsto em lei. Princípios fundamentais Os princípios fundamentais estão disciplinados nos artigos 1º a 4º da Constituição. Trata- se de uma federação (forma de Estado), de uma república (forma de governo), que adota o regime político democrático (traz ínsita a ideia de soberania assentada no povo); constitui um Estado de Democrático de Direito (implica a noção de limitação do poder e de garantia de direitos fundamentais aos particulares). Ademais, traz (no art 1º) os fundamentos da República federativa do Brasil, que são: soberania; cidadania; dignidade da pessoa humana; valores sociais do trabalho e da livre- iniciativa e o pluralismo político. Dica Monitoria: SOCIDIVAPLU SOberania CIdadania DIgnidade da pessoa humana VAlores sociais do trabalho e livre iniciativa PLUralismo político. A soberania é um atributo essencial ao Estado, garantindo que sua vontade não se subordine a qualquer outro poder, seja no plano interno ou no plano internacional. A soberania é considerada um poder supremo Fundamentos da RFB e independente, não estando limitado a nenhum outro poder na ordem interna e no plano internacional, não se subordina à vontade de outros Estados. (Art. 4º, V, CF/88). A cidadania, Objeto e um direito fundamental das pessoas, representa um verdadeiro status do ser humano o de ser cidadão e, com isso, ter assegurado o seu direito de participação na vida política do Estado. A previsão da cidadania como fundamento do Estado brasileiro exige que o Poder Público incentive a participação popular nas decisões políticas do Estado no direito de sufrágio, ou seja votar e ser votado. A dignidade da pessoa humana é outro fundamento da República Federativa do Brasil e sendo a base de todos os direitos fundamentais. Trata-se de princípio que coloca o ser humano como a preocupação central para o Estado brasileiro: a proteção às pessoas deve ser vista como um fim em si mesmo. O princípioda dignidade da pessoa humana possui elevada densidade normativa e pode ser usado, por si só e independentemente de regulamentação, como fundamento de decisão judicial. Além de possuir eficácia negativa (invalidando qualquer norma com ele conflitante), o princípio da dignidade da pessoa humana vincula o Poder Público, impelindo-o a adotar políticas para sua total implementação. O pluralismo político princípio que visa garantir a inclusão dos diferentes grupos sociais no processo político nacional, outorgando aos cidadãos liberdade de convicção filosófica e política. Como seu corolário, tem-se a liberdade de criação e funcionamento dos partidos políticos e por isso dezenas de partidos políticos representam o seu eleitor nas casas legislativas Projeto Monitoria 13 e no poder executivo em todo o País e principalmente no congresso nacional. No artigo 2º estão elencados os Poderes da União, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, todos independentes e harmônicos entre si, ou seja, estão impedidos de invadir a esfera de competência dos demais, devendo atuar de forma integrada, inclusive controlando- se reciprocamente. A Constituição estabelece diversas situações nas quais os poderes deverão atuar conjuntamente, como é o caso da lei, uma vez que o projeto após ser aprovado pelo Legislativo será sancionado ou vetado no Executivo; também a escolha dos Ministros do STF, que será feita com a nomeação pelo Presidente (Executivo) após aprovada a escolha pelo Senado Federal (Legislativo). Por fim, também integra esse sistema os mecanismos de controle recíprocos, como, por exemplo, a fiscalização do Executivo pelo Legislativo (art. 70), ou o controle de constitucionalidade pelo judiciário. Temos no art. 3º os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, que são: construir uma sociedade livre, justa e solidária: garantir o desenvolvimento nacional; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais, por fim, promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Dica Monitoria: CON – GA – E – PRO CONstruir uma sociedade livre, justa e solidária; GArantir o desenvolvimento nacional; Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; PROmover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (OBS: memorize a palavra RISCO para lembrar Raça, Idade, Sexo, Cor e Origem). O art. 4º estabelece os princípios que regem a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais: independência nacional; autodeterminação dos povos; não intervenção; igualdade entre os Estados; prevalência dos direitos humanos; repúdio ao terrorismo e ao racismo; defesa da paz; solução pacífica dos conflitos; cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; e concessão de asilo político. Dica Monitoria: PÂNICO SOCO REDE. PANICO Prevalência dos direitos humanos. Auto-determinação dos povos. Não-intervenção. Independência nacional e Igualdade entre os Estados. COoperação entre o povos. SOCO SOlução pacífica dos conflitos. COncessão de asilo político. Projeto Monitoria 14 REDE REpúdio ao terrorismo. DEfesa da paz. DOS PRÍNCÍPIOS, DOS DIREITOS E DAS GARANTIAS FUNDAMENTAIS (ART. 5º AO 17 DA CRFB/88). Direitos fundamentais são os direitos da pessoa humana consagrados, em um determinado momento histórico, constitucionalmente protegidos, ou seja, positivados em uma determinada ordem jurídica. Os direitos fundamentais são tradicionalmente classificados em gerações, o que busca transmitir uma ideia de que eles não surgiram todos em um mesmo momento histórico. Eles foram fruto de uma evolução histórico-social, de conquistas progressivas da humanidade do conceito de “gerações de direitos humanos” nossa doutrina majoritária reconhece a existência de três gerações de direitos: Primeira Geração: são os direitos que buscam restringir a ação do Estado sobre o indivíduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. São chamadas liberdades negativas pois traduzem a liberdade de não sofrer ingerência abusiva por parte do Estado, ficando este proibido de intervir indevidamente na esfera privada. Exemplo: Direito a locomoção, associação, reunião... Segunda geração: são os direitos que envolvem prestações positivas do Estado aos indivíduos (políticas e serviços públicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem normas Projeto Monitoria 15 programáticas, também chamados de liberdades positivas. Para o Estado, constituem obrigações de fazer algo em prol dos indivíduos, objetivando que todos tenham de “bem- estar”. Exemplo: Direito a saúde, educação, segurança, trabalho... Terceira geração: são os direitos que não protegem interesses individuais, mas que transcendem a órbita dos indivíduos para alcançar a coletividade. Os direitos de terceira geração têm como valor-fonte a solidariedade, a fraternidade. São os direitos difusos e os coletivos. Citam-se, como exemplos, o direito do consumidor, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e o direito ao desenvolvimento. Constata-se que as três gerações seguem a sequência do lema da Revolução Francesa: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Diante disto os direitos fundamentais podem ser classificados em direitos de primeira geração ou dimensão (direitos e garantias civis e políticos), de segunda geração ou dimensão (direitos sociais, econômicos e culturais) e de terceira geração ou dimensão (direitos de solidariedade, como a um meio ambiente sadio e à paz, ou seja, os direitos difusos). Distinção entre direitos fundamentais e garantias fundamentais Direitos fundamentais - A Constituição Federal trouxe em seu título II, os direitos e garantias fundamentais, subdivididos em cinco capítulos: Direitos individuais e coletivos, Direitos sociais, Direitos de nacionalidade, Direitos políticos e Direitos de sufrágio. Garantias fundamentais - São estabelecidas pelo texto constitucional como instrumentos de proteção dos direitos fundamentais. As garantias possibilitam que os indivíduos façam valer, frente ao Estado, os direitos fundamentais. Assim, ao direito à vida corresponde a garantia de vedação à pena de morte; ao direito à liberdade de locomoção corresponde a garantia do “habeas corpus”; ao direito à liberdade de manifestação do pensamento, a garantia da proibição da censura etc. Finalmente, os direitos fundamentais são bens jurídicos em si mesmos considerados, conferidos às pessoas pelo texto constitucional, enquanto as garantias fundamentais são os instrumentos por meio dos quais é assegurado o exercício desses direitos, bem como a devida reparação, nos casos de violação. Projeto Monitoria 16 Direitos e garantias fundamentais Diante das três gerações de direitos elencados acima percebemos que na Constituição Federal do Brasil segue esta linha estabelecendo os direitos e garantias fundamentais no título II da Constituição de 1988 (arts 5º a 17), abrangendo os direitos e deveres individuais e coletivos, os direitos sociais, a nacionalidade, os direitos políticos e os partidos políticos. Você sabia que os direitos fundamentais se caracterizam por serem: históricos, inalienáveis, imprescritíveis, irrenunciáveis e relativos? É histórico porque seu conteúdo altera-se com o passar dos tempos; inalienáveis, pois não são passiveis de valorização econômica; imprescritíveis, já que, independentemente de não serem exercitados permanecem invocáveis; irrenunciáveis porque são direitos fundamentais da própria existência humana, razão pela qual, ainda que se deseje, não será passível abrir mão de tais direitos. Dos direitos e dos deveres individuais e coletivosContemplados no artigo 5º da CRFB/88, estabelece: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, a liberdade, a igualdade, a segurança e a propriedade”. O dispositivo constitucional enumera cinco direitos fundamentais – os direitos à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade e desses derivam todos os outros direitos inseridos nos incisos do artigo 5º da CF/88. Tais dispositivos são considerados como cláusulas pétreas, conforme reza o artigo 60, § 4º da CRFB/88. Desse modo não podem ser suprimidos, podem apenas acrescentar mais direitos através de emenda à Constituição. Necessário ressaltar que embora haja referência apenas aos estrangeiros residentes no país, tal dispositivo não pode ser interpretado de modo a afastar dos estrangeiros não residentes os direitos fundamentais, portanto, um estrangeiro que está no país a turismo, para estudar ou a trabalho também terá assegurado os direitos e as garantias disciplinados neste artigo constitucional, pois há consenso na doutrina de que os direitos fundamentais abrangem qualquer pessoa que se encontre em território nacional. No que se refere ao direito à vida, a doutrina considera que é dever do Estado assegurá- lo em sua dupla acepção: a primeira, enquanto direito de continuar vivo; a segunda, enquanto direito de ter uma vida digna. A vida deve ser compreendida seu sentido mais amplo, pois é o bem jurídico mais relevante de todo o ser humano é o mais elementar dos direitos fundamentais, sem vida, nenhum outro direito poderá ser fruído, ou sequer cogitado. Nesse sentido, o STF já decidiu que assiste aos indivíduos o direito à busca pela felicidade, como forma de realização do princípio da dignidade da pessoa humana. O direito à vida não abrange apenas a vida extrauterina, mas também a vida intrauterina. Sem essa proteção, estaríamos autorizando a prática do aborto, que somente é admitida no Brasil quando há grave ameaça à vida da gestante ou quando a gravidez é resultante de estupro. Relacionado a esse tema, há um importante julgado do STF sobre a possibilidade de interrupção de gravidez de feto anencefálico. O feto anencefálico é aquele que tem uma má- formação do tubo neural (ausência parcial do encéfalo e da calota craniana). Trata-se de uma patologia letal: os fetos por ela afetados morrem, em geral, poucas horas depois de terem Projeto Monitoria 17 nascido. A Corte garantiu o direito à gestante de “submeter-se a antecipação terapêutica de parto na hipótese de gravidez de feto anencefálico, previamente diagnosticada por profissional habilitado, sem estar compelida a apresentar autorização judicial ou qualquer outra forma de permissão do Estado”. O STF entendeu que, nesse caso, não haveria colisão real entre direitos fundamentais, apenas conflito aparente, uma vez que o anencefálico, por ser inviável, não seria titular do direito à vida. O feto anencefálico, mesmo que biologicamente vivo, porque feito de células e tecidos vivos, seria juridicamente morto, de maneira que não deteria proteção jurídica. Outra controvérsia levada à apreciação do STF envolvia a pesquisa com células- tronco embrionárias. Segundo a Corte, é legítima e não ofende o direito à vida nem, tampouco, a dignidade da pessoa humana, a realização de pesquisas com células-tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização “in vitro” e não utilizados neste procedimento. Por fim, cabe destacar que nem mesmo o direito à vida é absoluto, sendo admitida pela Constituição Federal de 1988 a pena de morte em caso de guerra declarada. A doutrina considera que, por se tratar de cláusula pétrea, emenda constitucional não pode estabelecer, no Brasil, novas hipóteses de pena de morte. Essa ampliação não poderia nem mesmo ser feita por meio de uma nova Constituição, em respeito ao princípio da vedação ao retrocesso. Depois da análise do “caput” do artigo 5º da Carta Magna, passaremos à análise dos seus incisos: A igualdade é a base fundamental do princípio republicano e da democracia. O princípio da igualdade determina que se dê tratamento igual aos que se encontram em situação equivalente, e que se trate de maneira desigual os desiguais na medida de suas desigualdades. O princípio constitucional da igualdade não veda que a lei estabeleça tratamento diferenciado entre pessoas que guardam distinções de grupo social, de sexo, de profissão, de condições econômicas ou de idade entre outras; o que não se admite é que o parâmetro diferenciador seja arbitrário, desprovido de razoabilidade. Em suma, o princípio da igualdade não veda tratamento discriminatório entre os indivíduos quando há razoabilidade para a discriminação. Exemplo: cotas nas universidades para os Afrodescendentes; concurso público com vagas determinadas exclusivamente para determinado sexo (neste caso as peculiaridades das atribuições do cargo devem justificar no edital do concurso, ou seja, concurso para preenchimento de vaga de agente penitenciário feminino para unidade prisional feminino). Os legisladores e aplicadores da lei, por sua vez, ficam limitados pela “igualdade perante a lei”, não podendo diferenciar, quando da elaboração ou aplicação do Direito, aqueles a quem a lei concedeu tratamento igual resguardando assim a igualdade na lei, pois de nada adiantaria ao legislador estabelecer um direito a todos se fosse permitido que os juízes e demais autoridades tratassem as pessoas desigualmente, reconhecendo direito a alguns e negando-os a outros, mesmo estando na mesma situação fática. Do princípio da igualdade se originam vários outros princípios da Constituição, como, por exemplo, a vedação ao racismo (art. 5º, XLII, CF), o princípio da isonomia tributária (art. 150, II, CF), dentre outros. Projeto Monitoria 18 II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. Esse inciso trata do princípio da legalidade, que se aplica de maneira diferenciada aos particulares e ao Poder Público. Para os particulares, traz a garantia de que só podem ser obrigados a agirem ou a se omitirem por lei. Tudo é permitido a eles na falta de norma legal proibitiva. No Poder Público, o princípio da legalidade consagra a ideia de que este só pode fazer o que é permitido pela lei, não pode atuar, nem contrariamente às leis, nem na ausência de lei. Não se exclui, aqui, a possibilidade de atividade discricionária pela Administração Pública, mas a discricionariedade não é, em nenhuma hipótese, atividade desenvolvida na ausência da lei, e sim atuação nos limites da lei, quando esta deixa alguma margem para a Administração agir conforme critérios de oportunidade e conveniência, repita-se segundo os parâmetros genéricos estabelecidos na lei. É importante compreendermos a diferença entre o princípio da legalidade e o princípio da reserva legal, pois o princípio da legalidade se apresenta quando a Carta Magna utiliza a palavra “lei” em um sentido mais amplo, abrangendo não somente a lei em sentido estrito, mas todo e qualquer ato normativo estatal (incluindo atos infralegais) que obedeça às formalidades que lhe são próprias e contenha uma regra jurídica. Por meio do princípio da legalidade, a Carta Magna determina a submissão e o respeito à “lei”, ou a atuação dentro dos limites legais; no entanto, a referência que se faz é à lei em sentido material. O princípio da reserva legal é evidenciado quando a Constituição exige expressamente que determinada matéria seja regulada por lei formal ou atos com força de lei (como decretos autônomos, por exemplo). O vocábulo “lei” é, aqui, usado em um sentido mais restrito. LEGALIDADE - Exige lei formal, ato com força de lei, ou atos expedidos nos limites deste. Maior abrangência. Menor densidade ou conteúdo.RESERVA LEGAL - Exige lei formal, ou atos com força de lei. Menor abrangência. Maior densidade ou conteúdo... III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante. São proibições Constitucionais com fundamento no preceito fundamental da dignidade humana onde a proteção é extensiva a todos as pessoas que estão permanentemente ou transitoriamente no Brasil, independentemente de qualquer coisa. Princípio da dignidade da pessoa Humana, artigo 1º . inciso III da CF/88. IV - É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. Trata-se da liberdade de expressão, que é verdadeiro fundamento do Estado democrático de direito. Todos podem manifestar, oralmente ou por escrito, o que pensam, desde que isso não seja feito anonimamente. A liberdade de expressão pode ser oralmente ou por escrito, e também o direito de ouvir, assistir e ler. A vedação ao anonimato visa garantir a responsabilização de quem utilizar tal liberdade para causar danos a terceiros. A liberdade de expressão é ampla, mas não é absoluta, sendo proibidos os discursos de ódio. Preconceituosa e de intolerância. Essa norma traduz o direito de resposta à manifestação do pensamento de outrem, que é aplicável em relação a todas as ofensas, independentemente de elas configurarem ou não infrações penais. Essa resposta deverá ser sempre proporcional, ou seja, veiculada no mesmo Projeto Monitoria 19 meio de comunicação utilizado pelo agravo, com mesmo destaque, tamanho e duração. Salienta- se, ainda, que o direito de resposta se aplica tanto a pessoas físicas quanto a pessoas jurídicas ofendidas pela expressão indevida de opiniões. DIREITO DE RESPOSTA • Aplicação a pessoas físicas e pessoas jurídicas. • Proporcional ao agravo. • Pode ser acumulado com indenização por dano material, moral ou à imagem. VI - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; VII - É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; VIII - Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Consagra-se, nesses incisos, o direito Constitucional Pétreo de liberdade religiosa. No que se refere ao inciso VII, observe que não é o Poder Público o responsável pela prestação religiosa, pois o Brasil é um Estado laico, portanto a administração pública está impedida de exercer tal função. Essa assistência tem caráter privado e incumbe aos representantes habilitados de cada religião. O art. 5º, inciso VIII, consagra a denominada “escusa de consciência”? Essa é uma garantia que estabelece que, em regra, ninguém será privado de direitos por não cumprir obrigação legal a todos imposta devido a suas crenças religiosas ou convicções filosóficas ou políticas. Entretanto, havendo o descumprimento de obrigação legal, o Estado poderá impor, à pessoa que recorrer a esse direito, prestação alternativa fixada em lei. É uma norma constitucional de eficácia contida, todos têm o direito de manifestar livremente sua crença religiosa e convicções filosófica e política. Essa é uma garantia plenamente exercitável, mas que poderá ser restringida pelo legislador se houver interesse público. Aquele que, além de descumprir a obrigação legal a todos imposta, se recusar a cumprir a prestação alternativa, será privado de seus direitos. IX - É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. A liberdade de expressão, contida no art. 5º, IX da CRFB/88 tem por escopo proibir a censura prévia, porém, qualquer direito fundamental, é relativo. Isso porque é limitada por outros direitos protegidos pela Carta Magna, como a inviolabilidade da privacidade e da intimidade do indivíduo, por exemplo. Nesse sentido, entende o STF que o direito à liberdade de imprensa assegura ao jornalista o direito de expender críticas a qualquer pessoa, ainda que em tom áspero, contundente, sarcástico, irônico ou irreverente, especialmente contra as autoridades e aparelhos de Estado. Projeto Monitoria 20 Entretanto, esse profissional responderá, penal e civilmente, pelos abusos que cometer, sujeitando-se ao direito de resposta a que se refere a Constituição em seu art. 5º, inciso V. A liberdade de imprensa é plena em todo o tempo, lugar e circunstâncias, tanto em período não- eleitoral, quanto em período de eleições gerais. X -São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; Este inciso revela a proteção Constitucional Pétrea do direito à intimidade e a vida privada. Resguarda, portanto, a esfera mais secreta da vida de uma pessoa, tudo que diz respeito a seu modo de pensar e de agir. O direito à honra também é protegido desse modo, o sentimento de dignidade e a reputação dos indivíduos, o “bom nome” que os diferencia na sociedade. O direito à imagem é protegido pois defende a representação que as pessoas possuem perante si mesmas e os outros. A intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas são invioláveis: elas consistem em espaço íntimo intransponível por intromissões ilícitas externas. A violação a esses bens jurídicos ensejará indenização, cujo montante deverá observar o grau de reprovabilidade da conduta. Destaque-se que as indenizações por dano material e por dano moral são cumuláveis, ou seja, diante de um mesmo fato, é possível que se reconheça o direito a ambas indenizações. As pessoas jurídicas também poderão ser indenizadas por dano moral, uma vez que são titulares dos direitos à honra e à imagem. Sobre à privacidade dos agentes políticos o STF expressou através de súmula que esta é relativa, uma vez que estes devem à sociedade as contas da atuação desenvolvida. Mas isso não significa que quem se dedica à vida pública não tem direito à privacidade. O direito se mantém no que diz respeito a fatos íntimos e da vida familiar, embora nunca naquilo que se refira à sua atividade pública. Também relacionado aos direitos à intimidade e à vida privada está o sigilo bancário, que é verdadeira garantia de privacidade dos dados bancários. Assim como todos os direitos fundamentais, o sigilo bancário não é absoluto. Nesse sentido, tem-se o entendimento do STJ de que “havendo satisfatória fundamentação judicial a ensejar a quebra do sigilo, não há violação a nenhuma cláusula pétrea constitucional. ” (STJ, DJ de 23.05.2005) O Ministério Público pode determinar a quebra do sigilo bancário de conta da titularidade de ente público. Segundo o STJ, as contas correntes de entes públicos (contas públicas) não gozam de proteção à intimidade e privacidade. Prevalecem, assim, os princípios da publicidade e moralidade, que impõem à Administração Pública o dever de transparência.) Na jurisprudência do STF, também se reconhece, em caráter excepcionalíssimo, a possibilidade de quebra de sigilo bancário pelo Ministério Público, que se dará no âmbito de procedimento administrativo que vise à defesa do patrimônio público (quando houver envolvimento de dinheiros ou verbas públicas). MS nº 21.729-4/DF, Rel. Min. Francisco Rezek. Julgamento 05.10.1995. Devido à gravidade jurídica de que se reveste o ato de quebra de sigilo bancário, este somente se dará em situações excepcionais, sendo fundamental demonstrar a necessidade das informações solicitadas e cumprir as condições legais. Além disso, para que a quebra do sigilo bancário ou do sigilo fiscal seja admissível, é necessário que hajaindividualização do investigado e do objeto da investigação. Não é possível, portanto, a determinação da quebra do sigilo bancário para apuração de fatos genéricos. Projeto Monitoria 21 XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial; Princípio da inviolabilidade domiciliar tem por finalidade proteger a intimidade e a vida privada do indivíduo, bem como de garantir-lhe, especialmente no período noturno, o sossego e a tranquilidade. Inicialmente necessário saber qual é o conceito de “casa” e o STF em conceito pacificado nesta Corte revela que o conceito de “casa” é abrangente, estendendo-se a:I) qualquer compartimento habitado; II) qualquer aposento ocupado de habitação coletiva; e III) qualquer compartimento privado não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade pessoal. HC 93.050, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 10- 6-2008, Segunda Turma, DJE de 1º-8-2008. Assim, o conceito de “casa” alcança não só a residência do indivíduo, mas também escritórios profissionais, consultórios médicos e odontológicos, trailers, barcos e aposentos de habitação coletiva (como, por exemplo, o quarto de hotel). Não estão abrangidos pelo conceito de casa os bares e restaurantes. O STF entende que, embora os escritórios estejam abrangidos pelo conceito de “casa”, não se pode invocar a inviolabilidade de domicílio como escudo para a prática de atos ilícitos em seu interior. Com base nessa ideia, a Corte considerou válida ordem judicial que autorizava o ingresso de autoridade policial no estabelecimento profissional, inclusive durante a noite, para instalar equipamentos de captação de som (“escuta”). Entendeu-se que tais medidas precisavam ser executadas sem o conhecimento do investigado, o que seria impossível durante o dia. Em quais hipóteses se pode penetrar na casa de um indivíduo? O ingresso na “casa” de um indivíduo poderá ocorrer nas seguintes situações: ➢ Com o consentimento do morador. ➢ Sem o consentimento do morador, sob ordem judicial, apenas durante o dia. Perceba que, mesmo com ordem judicial, não é possível o ingresso na casa do indivíduo durante o período noturno. ➢ A qualquer hora, sem consentimento do indivíduo, em caso de flagrante delito ou desastre, ou, ainda, para prestar socorro. A regra geral é que somente se pode ingressar na casa do indivíduo com o seu consentimento. No entanto, será possível penetrar na casa do indivíduo mesmo sem o consentimento, desde que amparado por ordem judicial (durante o dia) ou, a qualquer tempo, em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro. O conceito de “dia” para fins de aplicação do art. 5º, XI, CF/88, possui divergências doutrinárias sobre o tema. Há autores que entendem que “dia” é o período compreendido entre as 06:00h e as 18:00h e outros utilizam um critério físico- astronômico, destacando que “dia” é o intervalo entre a aurora e o crepúsculo. Cabe aduzir que para efeito da atividade policial o que mais respalda esta ação é o primeiro entendimento. A entrada de autoridade policial em domicílio sem autorização judicial será possível nas situações de flagrante delito. Isso é particularmente relevante no caso da prática de crimes Projeto Monitoria 22 permanentes, nos quais a situação de flagrância se estende no tempo. Exemplo de crimes desse tipo seriam o cárcere privado e o porte de drogas. Objetivando coibir o abuso de autoridade, o STF deixou consignado o entendimento de que “a entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justificadas a posteriori, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade dos atos praticados”. Ressalta- se que a doutrina admite que a força policial, tendo ingressado na casa de indivíduo, durante o dia, com amparo em ordem judicial, prolongue suas ações durante o período noturno. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; O art. 5º, inciso XII, trata da inviolabilidade das correspondências e das comunicações. A princípio, a leitura pode dar a entender que o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas e de dados não poderia ser violado; apenas haveria exceção constitucional para a violação das comunicações telefônicas. Não é esse, todavia, o entendimento que prevalece. Como não há direito absoluto no ordenamento jurídico brasileiro, admite-se, mesmo sem previsão expressa na Constituição, que lei ou decisão judicial também possam estabelecer hipóteses de interceptação das correspondências e das comunicações telegráficas e de dados, sempre que a norma constitucional esteja sendo usada para acobertar a prática de ilícitos. Nesse sentido, entende o STF que “a administração penitenciária, com fundamento em razões de segurança pública, de disciplina prisional ou de preservação da ordem jurídica, pode, sempre excepcionalmente, e desde que respeitada a norma inscrita no art. 41, parágrafo único, da Lei 7.210/1984, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a cláusula tutelar da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas.” É importante destacar a diferença entre quebra do sigilo telefônico e interceptação telefônica. São coisas diferentes. A quebra do sigilo telefônico consiste em ter acesso ao extrato das ligações telefônicas (grosso modo, seria ter acesso à conta da VIVO/TIM). Por outro lado, a interceptação telefônica consiste em ter acesso às gravações das conversas. A interceptação telefônica é, sem dúvida, medida mais gravosa e, por isso, somente pode ser determinada pelo Poder Judiciário. Já a quebra do sigilo das comunicações telefônicas, pode ser determinada pelas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), além, é claro, do Poder Judiciário. A interceptação das comunicações telefônicas só pode ser autorizada por decisão judicial (de ofício ou a requerimento da autoridade policial ou do Ministério Público) e para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Há que se estabelecer, agora, a diferença entre três institutos que possuem bastante semelhança entre si: I) interceptação telefônica; II) escuta telefônica e; III) gravação telefônica. A interceptação telefônica, conforme já vimos, consiste na captação de conversas telefônicas feita por terceiro (autoridade policial) sem o conhecimento de nenhum dos Projeto Monitoria 23 interlocutores, devendo ser autorizada pelo Poder Judiciário, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer, para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. A escuta telefônica, por sua vez, é a captação de conversa telefônica feita por um terceiro, com o conhecimento de apenas um dos interlocutores. A gravação telefônica é feita por um dos interlocutores do diálogo, sem o consentimento ou ciência do outro. Vejamos, a seguir, importantes entendimentos do STF sobre a licitude/ilicitude de provas referentes ao direito constitucional de inviolabilidade das correspondências e das comunicações: ✓ É ilícita a prova obtida por meio de interceptação telefônica sem autorização judicial. ✓ São ilícitas as provas obtidas por meio de interceptação telefônica determinada a partir apenas de denúncia anônima, sem investigação preliminar. ✓ São ilícitas as provas obtidas mediante gravaçãode conversa informal do indiciado com policiais, por constituir-se tal prática em “interrogatório sub-reptício”, realizado sem as formalidades legais do interrogatório no inquérito policial e sem que o indiciado seja advertido do seu direito ao silêncio. ✓ São ilícitas as provas obtidas mediante confissão durante prisão ilegal. Ora, se a prisão foi ilegal, todas as provas obtidas a partir dela também o serão. ✓ É lícita a prova obtida mediante gravação telefônica feita por um dos interlocutores sem a autorização judicial, caso haja investida criminosa daquele que desconhece que a gravação está sendo feita. Nessa situação, tem-se a legítima defesa. ✓ É lícita a prova obtida por gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, sem conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. ✓ É lícita a prova consistente em gravação ambiental realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro. XIII - É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; Trata-se de norma constitucional de eficácia contida que trata da liberdade de atividade profissional. Esta dispõe que, na inexistência de lei que exija qualificações para o exercício de determinada profissão, qualquer pessoa poderá exercê-la. Entretanto, existente a lei, a profissão só poderá ser exercida por quem atender às qualificações legais. Segundo o STF, nem todos os ofícios ou profissões podem ser condicionadas ao cumprimento de condições legais para o seu exercício. A regra é a liberdade. XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; Esse inciso tem dois desdobramentos: assegura o direito de acesso à informação (desde que esta não fira outros direitos fundamentais) e resguarda os jornalistas, possibilitando que estes obtenham informações sem terem que revelar sua fonte. Não há conflito, todavia, com a vedação ao anonimato. Caso alguém seja lesado pela informação, o jornalista responderá por isso. Projeto Monitoria 24 XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; O direito de reunião é um direito típico de uma democracia, estando intimamente relacionado à liberdade de expressão. É um direito individual, mas que se expressa de maneira coletiva. Caracteriza-se como uma “liberdade-condição”, pois viabiliza o exercício de outros direitos individuais, tais como a liberdade de crença religiosa e política e a liberdade de expressão. O exercício do direito de reunião é condicionado pela Constituição Federal de 1988: A reunião deverá ter fins pacíficos, e apresentar ausência de armas; • A reunião deverá ser realizada em locais abertos ao público; • O exercício do direito de reunião não poderá frustrar outra reunião convocada anteriormente para o mesmo local; • Desnecessidade de autorização; • Necessidade de prévio aviso à autoridade competente. XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar; XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento; XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado; Não há muito a se falar sobre esse inciso: apenas que ninguém pode ser obrigado a se associar (filiar-se a um partido político, por exemplo) ou a permanecer associado. XXI - As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente. O art. 5º, XXI, CF/88, é um caso de representação processual, as associações poderão, desde que expressamente autorizadas, representar seus filiados judicial e extrajudicialmente, em outras palavras, poderão atuar em nome de seus filiados e na defesa dos direitos destes. XXII - é garantido o direito de propriedade; XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição. Esses três incisos em conjunto tratam do direito de propriedade, que é norma constitucional de eficácia contida e, portanto, está sujeita à atuação restritiva por parte do Poder Público. Como todos os direitos fundamentais, o direito de propriedade não é absoluto: é necessário que o proprietário dê à propriedade uma função social. Entretanto, mesmo sendo relativo, a Constituição não poderia deixar de estabelecer certas proteções a esse direito. Projeto Monitoria 25 Desse modo, no inciso XXIV do art. 5º da CF/88, garante- se que, se a propriedade estiver cumprindo a sua função social, só poderá haver desapropriação com base na tutela do interesse público, em três hipóteses: necessidade pública, utilidade pública ou interesse social. A indenização, nesses casos, ressalvadas algumas exceções determinadas constitucionalmente, dar-se-á mediante prévia e justa indenização em dinheiro. Existem casos em que a indenização pela desapropriação não será em dinheiro, são eles: • Desapropriação para fins de reforma agrária; • Desapropriação de imóvel urbano não-edificado que não cumpriu sua função social; • Desapropriação confiscatória. A desapropriação para fins de reforma agrária obedece ao disposto no art. 184 da Carta Magna. É de competência da União e tem por objeto o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social. Dar-se á mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. O § 1o do mesmo artigo, entretanto, faz uma ressalva: a de que as benfeitorias úteis e necessárias serão indenizadas em dinheiro. No que diz respeito à desapropriação de imóvel urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, ou seja, que descumpriu sua função social, determina a CF/88 (art. 182, § 4o, III) que a indenização se dará mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais. Existe, ainda, a possibilidade de que haja desapropriação sem indenização. É o que ocorre na expropriação de propriedades urbanas e rurais de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou exploração de trabalho escravo. Tem-se, então, a chamada “desapropriação confiscatória”, prevista no art. 243 da Constituição. (CNMP – 2015) A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade. XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano. Esse inciso trata da requisição administrativa, que ocorre quando o Poder Público, diante de perigo público iminente, utiliza seu poder de império (de coação) para usar bens ou serviços de particulares. Fatiando-se o artigo, para melhor compreensão, temos que: Em caso de iminente perigo público, o Estado pode requisitar a propriedade particular. Exemplo: no caso de uma enchente que destrua várias casas de uma cidade, a Prefeitura poderequisitar o uso de uma casa que tenha permanecido intacta, para abrigar aqueles que não têm onde ficar. Qual o perigo público iminente que justifica tal ato estatal? No exemplo dado, a possibilidade de a população atingida adoecer ou morrer por falta de abrigo. A requisição é compulsória para o particular, devido ao poder de império do Estado. Veja que o interesse público (socorro às pessoas desabrigadas) é maior que o particular (inconveniente de ter a casa cedida ao Poder Público gratuitamente). Por isso, o último cede lugar ao primeiro. Projeto Monitoria 26 A propriedade continua sendo do particular: é apenas cedida gratuitamente ao Poder Público. O titular do bem somente será indenizado em caso de dano. No exemplo acima, o Estado não teria que pagar aluguel ao proprietário pelo uso do imóvel. O perigo público deve ser iminente, ou seja, deve ser algo que acontecerá em breve. No exemplo dado, o Estado não poderia requisitar a casa já na estação da seca baseado na possibilidade de uma enchente ocorrer vários meses depois. Inafastabilidade do poder judiciário (art. 5°, xxxv) - “A Lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. É o princípio da inafastabilidade do acesso ao Poder Judiciário (direito de ação e de prestação jurisdicional – princípio do livre acesso). A constituição federal garante que a instância administrativa não precisa ser exaurida como condição ao acesso ao Poder Judiciário, a única exceção é o acesso prévio, em certos casos, à Justiça Desportiva (CF, art. 217, § 1°). Por outro lado, o STF já firmou entendimento no sentido de que inexiste direito subjetivo ao duplo grau jurisdicional. Segurança jurídica (art. 5°, xxxvi) - “a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada”. Direito adquirido - aquele que se incorporou definitivamente ao patrimônio pessoal do indivíduo, ou seja, que pode ser a qualquer momento invocado, usufruído, independentemente da vontade alheia, e que, mesmo no caso da existência de condição ou termo para início de sua fruição, tal condição perfaz-se inalterável ao arbítrio de terceiros. Ato Jurídico Perfeito é aquele que se aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos necessários a sua firmação, em face da lei vigente. Coisa Julgada é a decisão judicial transitada em julgado, em outros termos, a decisão judicial de que já não caiba recurso. Exemplo: O Estatuto da PMERJ assegura ao Policial Militar, a cada decênio (10 anos) de serviço prestado, o direito de gozar da LE (Licença especial), 06 meses de licença remunerada. Nesse aspecto, o Direito Adquirido somente ocorrerá na data em que completar os 10 anos de serviço, antes disso, terá somente mera expectativa de direito. Portanto, se tal direito for suprimido, por nova lei, aqueles que já haviam preenchido os requisitos da lei anterior, terão direito o adquirido de gozar a referida licença. Tribunal do júri (art. 5°, xxxviii) O Júri é um tribunal popular, de essência e obrigatoriedade constitucional, regulamentado na forma de lei ordinária e, atualmente, composto por um juiz de direito, que o preside, por 21 jurados, que serão sorteados dentre cidadãos que constem do alistamento eleitoral do Município, formando-se o Conselho de Sentença com sete deles. A CF assegura à instituição do Júri: plenitude da defesa, o sigilo das votações, a soberania dos veredictos, que não exclui a recorribilidade das suas decisões contrárias a provas dos autos; e a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, apenas não aplicável nos casos em que exista prerrogativa constitucional de foro, como os Governadores, Presidente da República, Ministros de estado etc. Projeto Monitoria 27 DIREITOS CONSTITUCIONAIS PENAIS Previsões constitucionais de garantias penais O art. 5º, LVII, determina que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Naquilo que se pode denominar “Direito Constitucional Penal”, há uma grande riqueza de detalhes presente na Constituição de 1988, que institui os seguintes direitos fundamentais: ✓ Legalidade estrita quanto à previsão de crimes e das respectivas penas (art. 5º, XXXIX); ✓ Proibição de retroatividade da lei penal, salvo para beneficiar o réu, correspondendo a um aspecto específico da proibição da retroatividade das leis (art. 5º, XL). ✓ Proibição de que a pena passe da pessoa do condenado, salvo a questão patrimonial, circunscrita, sempre, nesse caso, aos limites da transferência patrimonial aos sucessores que acaso tenha existido (art. 5º, XLIII); ✓ Individualização da pena; ✓ Proibição de penas de caráter perpétuo, de trabalhos forçados, de banimento ou cruéis (art. 5º, XLVII); ✓ Cumprimento da pena em estabelecimentos separados conforme a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado (art. 5º, XLVIII); ✓ Respeito à integridade física e moral dos presos (art. 5º, XLIX); ✓ Direito das presidiárias à concessão das condições necessárias para permanecerem com seus filhos durante o período de amamentação (art. 5º, L); ✓ Direito de o civilmente identificado não ser submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses legais e desde que proporcionalmente estabelecidas (art. 5º, LVIII); X). ✓ Direito de não ser preso salvo em flagrante delito ou por ordem judicial escrita e fundamentada, ou nos casos de transgressão militar ou crime militar propriamente dito (art.5º, LXI); ✓ Direito do preso de que sua prisão e o local onde se encontre sejam comunicados imediatamente ao juiz competente, à sua família ou a pessoa por ele indicada (art. 5º, LXII); ✓ Direito reconhecido ao preso de ser informado de seus direitos, inclusive o de permanecer calado, bem como o direito à assistência da família e de advogado (art. 5º, LXIII); ✓ Direito reconhecido ao preso quanto à identificação dos responsáveis pela sua prisão ou por seu interrogatório policial (art. 5º, LXIV); ✓ Direito ao relaxamento imediato de prisão ilegal (art. 5º, LXV); ✓ Direito a não ser levado à prisão quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 5º, LXVI); ✓ Direito a não ser preso por dívida civil, salvo o caso do responsável por inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel (art. 5º, LXVII), sendo esta última hipótese afastada pela recepção do Pacto de São José da Costa Rica pela E.C.n. 45/2004; ✓ Direito à indenização pelo erro judiciário e pelo excesso de prisão (ar LXXV). Projeto Monitoria 28 Do direito à presunção de inocência Trata-se de um princípio penal,de que ninguém é culpado pela prática de qualquer ilícito senão após ter sido como tal julgado pelo juiz natural, com ampla oportunidade de defesa. O Estado deverá proceder a sua acusação formal e, no curso do devido processo, provar a autoria do crime pelo agente. É por isso que se diz que o princípio está intimamente relacionado com o Estado Democrático de Direito, já que, se assim não fosse, estar-se-ia regredindo ao mais puro e total arbítrio estatal, contudo, não afasta a constitucionalidade das espécies de prisão provisórias (prisão temporária, em flagrante, preventiva ou administrativa militar). Portanto, essa dimensão do princípio da presunção de inocência não se circunscreve ao âmbito do processo penal, mas alcança também, no foro criminal, o âmbito extraprocessual. Ao indivíduo é garantido o não tratamento como criminoso, salvo quando reconhecido pelo sistema jurídico como tal. Portanto, a autoridade policial, carcerária, administrativa e outras não podem considerar culpado aquele que ainda não foi submetido à definitividade da atuação jurisdicional. Direito ao devido processo legal Por esse princípio é garantido a todos que ninguém será privado de seus bens e liberdade, sem que haja o devido processo legal,
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