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Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ Sangue II – Leucócitos Granulócitos Profº Marcelo Narciso Introdução Os leucócitos são células específicas do tecido conjuntivo propriamente dito, porque circulam, transitoriamente, no sangue apenas como forma de deslocamento da medula óssea para os tecidos conjuntivos, de modo que, enquanto os leucócitos estão circulando no sangue, eles não têm nenhuma função. Uma vez, depois de, mais ou menos, 8-10 horas na corrente sanguínea, todos os leucócitos realizam diapedese através das vênulas, acessando, então, o tecido conjuntivo propriamente dito, onde desempenham suas funções. Da mesma forma que as hemácias e as plaquetas, os leucócitos têm uma vida muito breve nos tecidos, durando, em média, de 1- 2 dias (com exceção dos linfócitos, cuja vida dura um pouco mais), o que justifica sua constante produção na medula óssea. Leucócitos são células essencialmente de defesa do organismo, são células que desempenham diferentes mecanismos relacionados à eliminação de agentes agressores do organismo, portanto, eles vão ter funções absolutamente específicas. Em termos gerais, essas células, no hemograma, têm uma concentração relativa total de em torno de 5-11 mil/mm3 de sangue (essa concentração diz respeito à contagem total de leucócitos). Números mais elevados na concentração de leucócitos caracterizam quadros denominados de leucocitoses, que estão relacionados a processos inflamatórios; e números mais baixos caracterizam quadros chamados de leucopenias. Os leucócitos são agregados em duas grandes classes, os granulócitos e os agranulócitos. Esses dois termos dizem respeito a grânulos de secreção específicos: alguns apresentam – os granulócitos – e outro não apresentam – agranulócitos. No entanto, essa forma inicial de apresentação é muito simplificada para definir os leucócitos como granulócitos ou agranulócitos; na verdade, essas duas classes têm características comuns e, em cada classe, há tipos diferentes de granulócitos e agranulócitos. Leucócitos granulócitos X Leucócitos agranulócitos Os granulócitos vão ser caracterizados por apresentar, em seu citoplasma, uma população de grânulos de secreção denominada de grânulos específicos. Esses grânulos têm esse nome porque têm afinidade por determinado corante das colorações Romanowski [relembrando: eosina, azul de metileno e eosinatos de metileno] e, justamente por se corarem com esses corantes, os grânulos específicos permitir sua identificação à microscopia óptica e vão dar o nome de cada granulócito: ✓ Eosinófilos: são os leucócitos granulócitos cujos grânulos específicos se coram pela eosina. ✓ Basófilos: são os leucócitos granulócitos cujos grânulos específicos se coram pelo corante básico, que é o azul de metileno. ✓ Neutrófilos: são os leucócitos granulócitos cujos grânulos específicos se coram pelos corantes neutros, que são os eosinatos de metileno. A partir desses grânulos específicos, visualizados na microscopia óptica, é que vocês vão caracterizar esses granulócitos na lâmina de distensão sanguínea. Além dos grânulos específicos, os granulócitos têm uma segunda população de grânulos, que está presente tanto em leucócitos granulócitos quanto em leucócitos agranulócitos. Pelo fato de essa segunda população de grânulos ocorrer nas duas classes de leucócitos e, portanto, não serem específicos de nenhuma classe, eles são denominados de grânulos inespecíficos. Esses grânulos são os lisossomos dos leucócitos e eles se coram pelo corante azur de metileno (por isso, são grânulos azurófilos), da mesma forma que esse corante cora os grânulos λ (lambda) das plaquetas, que são seus lisossomos. Além da presença de grânulos específicos que permitem sua identificação no microscópio óptico, os granulócitos têm uma segunda característica importante: eles apresentam seu núcleo dotado de porções maiores interligadas por delicadas pontes de cromatina. Essas regiões maiores do núcleo dos granulócitos são os lóbulos nucleares e, portanto, os núcleos destas células são lobulados. Nem sempre os núcleos foram lobulados, isso, inclusive, representa o estágio terminal que a célula adquire, porque as células precursoras dos granulócitos possuem um núcleo inteiriço. À medida que as células precursoras vão se diferenciando, o núcleo vai adquirindo lóbulos e, também, a cromatina torna-se cada vez mais condensada (os núcleos lobulados têm uma heterocromatina predominante). Existe um termo, “núcleo segmentado”, que sugere falsamente que essa configuração dos núcleos lobulados dos granulócitos seja segmentada, mas os núcleos não são, eles são unidos uns aos outros por áreas mais finas. Por isso, o termo preferencial é “núcleo lobulado”. Por sua vez, os agranulócitos não vão ter grânulos específicos em seu citoplasma, só vão ter os grânulos inespecíficos. Além disso, o núcleo dessa classe celular não é lobulado. Dentro dessa classe, há dois tipos de leucócitos, os linfócitos e os monócitos. 1. Neutrófilos ou polimorfonucleares Esses leucócitos granulócitos são o segundo tipo de célula fagocitária profissional do organismo [lembrando que os macrófagos foram os primeiros], inclusive, muita coisa que os macrófagos fazem, os neutrófilos também fazem. O neutrófilo é o tipo de leucócito mais abundante na corrente sanguínea, representando uma percentagem de, em torno, de 55- 75% do total de leucócitos. Por conta disso, os neutrófilos são muito fáceis de serem identificados na microscopia. Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ Microscopia óptica Prova prática: Porém, não é só pela quantidade que eles são fáceis de serem identificados, o que facilita também é o fato de os neutrófilos apresentarem um núcleo dotado de 3 a 5 lóbulos (cuidado para não dizer que a célula é multilobulada, quem é multilobulado é o núcleo), sendo que esses lóbulos têm tamanhos e disposição diferentes e contêm uma cromatina bastante condensada. Prova prática: A segunda característica é que o citoplasma tem a típica tonalidade salmão pálido, dada pelos grânulos específicos, os grânulos neutrófilos, corados com corantes neutros, os eosinatos de metileno. Atenção: esses grânulos não são vistos a M.O., porque são os menores dentre todos os grânulos específicos. No entanto, como eles estão em muita quantidade, em conjunto, eles impõem essa tonalidade rosa salmão ao citoplasma do neutrófilo. Os grânulos mais intensamente corados que estão esparsos no citoplasma dos neutrófilos são os grânulos azurófilos (grânulos inespecíficos), que são vistos na M.O. por serem mais escuros e por serem maiores que os grânulos neutrófilos. Vários núcleos de neutrófilos vão apresentar, preso a um dos lóbulos maiores, um lóbulo menor, em forma de raquete. Esse lóbulo é o chamado lóbulo acessório ou corpúsculos de Barr, o que significa que, certamente, vocês estão visualizando um sangue do sexo feminino. Por quê? Porque o lóbulo acessório nada mais é que a cromatina sexual, é um dos dois cromossomos X, que forma um lóbulo heterocromático. Neutrófilos em bastão ou bastonetes Neutrófilos jovens, imaturos são chamados de bastonetes. Eles são a comprovação de que, à medida que os neutrófilos terminam sua diferenciação, o seu núcleo, inicialmente, não lobulado vem a se tornar lobulado. Então, vocês vão encontrar esses neutrófilos jovens com o núcleo alongado, sem apresentar o formato tipicamente lobulado. Os neutrófilos em bastão são encontrados frequentemente no sangue, principalmente, em quadros de inflamação aguda. Os neutrófilos jovens são enviados à corrente sanguínea, da medula óssea, para amadurecerem no sangue, visando o combate de uma infecção. Microscopia eletrônica Na M.E., o núcleo dos neutrófilos apresenta seus vários lóbulos dando a impressão de que são separados em função do corte histológico; uma abundante heterocromatina; e um citoplasma sempre cheio de grânulos.Com frequência, os livros indicam quais são os neutrófilos [sg] e os azurófilos [pg] dizendo que os azurófilos são os grânulos maiores, o que está certo. Mas quem garante que um grânulo pequeno não esteja sendo apresentado assim devido ao seu corte aparentemente menor do que outro? Por isso, só dá para identificar o grânulo a partir da imunocitoquímica. As organelas de síntese nos neutrófilos aparecem em pequena quantidade: parte do aparelho de Golgi aparece e pequenas quantidades de mitocôndria; e o retículo endoplasmático quase não se vê. Os grânulos são formados durante o processo de formação dos neutrófilos, onde as organelas de síntese estarão mais desenvolvidas. Conforme a célula vai amadurecendo, as organelas de síntese vão diminuindo em quantidade. Os neutrófilos também têm pseudopódos, mas menos abundantes que os macrófagos, causados pela deformação da membrana plasmática, ocasionada por um córtex celular abundante em rede de actina. Conteúdo dos grânulos dos neutrófilos Os grânulos vão colaborar no combate aos microrganismos que os neutrófilos fagocitarem (a função primordial dos neutrófilos é a fagocitose de bactérias principalmente). Uma vez as bactérias fagocitadas, elas vão ser destruídas pelos mesmos mecanismos microbiocidas que já foram vistos com os macrófagos (ativação da NADPH oxidase, produção de íons superóxidos etc.) devido ao conteúdo dos grânulos neutrófilos e azurófilos, que vai ser despejado no fagossomas que contêm os microrganismos fagocitados. ➢ Grânulos específicos (não são lisossomas) contêm: Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ → Lisozima, uma enzima importante porque ela degrada a parede bacteriana; → Lactoferrina, uma proteína que sequestra íons ferro do meio, inibindo o consumo deste íon pela bactéria e, portanto, a proliferação bacteriana no meio; → Colagenase IV, enzima que é uma metaloproteínase e que degrada o colágeno do tipo IV, presente nas lâminas basais; → Moléculas de adesão dos neutrófilos, que ficam expostas quando os neutrófilos se deslocam em meio a MEC. Ex.: integrinas. ➢ Grânulos azurófilos (são lisossomas) contêm: → Hidrolases ácidas; → Mieloperoxidase, enzima importante na produção de peróxido de hidrogênio (H2O2) e de ácido hipocloroso (HClO) para eliminação de bactérias fagocitadas. É encontrada nos grânulos azurófilos de todos os leucócitos; → Elastase, enzima que degrada a elastina, que é um componente da MEC. Por quê falar de elastase aqui? Porque os neutrófilos, como células fagocitárias que são, participam da patogênese do enfisema pulmonar. O enfisema pulmonar é uma doença ocasionada pela degradação do estroma elástico do pulmão, que faz com que o pulmão perca a elasticidade, portanto, ele fica sem como expandir e a respiração e ventilação pulmonares ficam prejudicados. O que os neutrófilos têm a ver com isso? Os neutrófilos são atraídos pela quantidade de resíduos tóxicos que são inspirados e depositados em função do hábito do tabagismo (o tabagismo é que causa enfisema pulmonar na maioria das vezes). Consequentemente, mais e mais macrófagos pulmonares fagocitam os resíduos tóxicos, que ativam macrófagos, que produzem citocinas que atraem os neutrófilos. Os neutrófilos vão liberar vários componentes dos seus grânulos e, entre eles, a elastase, que vai degradar a elastina presente nas fibras elásticas do estroma pulmonar. Dessa forma, não só ocorre lesão do parênquima pulmonar (os alvéolos são degradados por ação tóxica dos resíduos do fumo), mas o estroma acaba sofrendo ação da elastase. → Defensinas, são enzimas envolvidas na degradação de bactérias. Função dos neutrófilos: fagocitose de microrganismos Nesse papel de defesa do organismo com base na fagocitose, os neutrófilos, como já falado, têm uma afinidade especial por bactérias. Aqui, vocês têm o exemplo muito comum, para dar ideia da invasão eventual de bactérias em meio ao tecido conjuntivo: uma farpa suja entra na pele, rompe vasos e veicula microrganismos para o tecido conjuntivo. Os metabólitos eliminados pelas bactérias acabam atraindo neutrófilos para o local – quimiotaxia. Isso é apenas um fator de atração, que vai predispor a migração dos neutrófilos através da parede de vênulas, por meio da qual vai acontecer a diapedese e o acesso ao tecido conjuntivo onde ocorre a invasão bacteriana. A quimiotaxia é apenas um fator que auxilia a presença de neutrófilos no local onde há a infecção. Marginação, rolamento e diapedese do neutrófilos Prova teórica: Uma vez havendo a infecção por uma bactéria, já há, no local, macrófagos fagocitando bactérias (os neutrófilos ainda estão na corrente sanguínea) e, à medida que eles são ativados, apresentando antígenos etc., eles produzem inúmeras secreções, em particular, duas citocinas, o TNF-α (tumor necrosis factor) e a IL-1 (interleucina 1). Essas citocinas vão colaborar para atração dos neutrófilos até o local da infecção, portanto, são citocinas pró-inflamatórias, ou seja, elas estimulam o processo inflamação. O TNF-α e a IL-1, produzidos por macrófagos, vão estimular a expressão de uma proteína na membrana plasmática das células endoteliais das vênulas, denominada E-selectina (como visto em Biologia Celular, as selectinas são proteínas que reconhecem o glicocálice de outras células). Por quê? Porque os neutrófilos, que estão circulando nos vasos sanguíneos, têm um carboidrato em suas membranas plasmáticas, chamado Sialil-Lewis X, que é reconhecido pela E-selectina, portanto, haverá uma interação entre as duas moléculas dos dois tipos celulares em questão. Uma vez havendo a interação entre E- selectina e o Sialil-Lewis X, o neutrófilo se adere fracamente à superfície da célula endotelial da vênula (é como se fosse um reconhecimento inicial). Isso configura o que a gente chama de ADESÃO FRACA ou RECONHECIMENTO ou MARGINAÇÃO. Depois que os neutrófilos foram marginados, eles vão passar a se aderir às células endoteliais por outras moléculas de adesão também; essas moléculas de adesão a serem expressas na membrana plasmática das células endoteliais são as moléculas VCAMs (vascular-cell adhesion molecule) e ICAMs (intercelular adhesion molecule) e elas vão interagir com as integrinas expressas na membrana plasmática dos neutrófilos, promovendo uma ADESÃO FORTE agora. Depois dessa adesão forte, o neutrófilo vai rolar, literalmente, pelo endotélio da vênula, à procura de um espaço entre as células endoteliais para poder passar. Tendo achado um espaço intercelular, os neutrófilos vão migrar, vai haver a MIGRAÇÃO Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ TRANSENDOTELIAL ou DIAPEDESE. Em conclusão, antes da diapedese, deve haver um reconhecimento do endotélio pelo leucócito que vai fazer a diapedese, uma adesão fraca, uma adesão forte e um rolamento. Nessa diapedese, as células endoteliais percebem que o neutrófilo vai passar, e, por isso, as junções intercelulares, que existem entre elas, são desfeitas temporariamente para que o neutrófilo possa passar. Quando o neutrófilo vai passar, ele estabelece associações temporárias dele com as células endoteliais através de proteínas adesivas ali também. Depois que o neutrófilo passa, as células endoteliais reestabelecem as junções. Quando o neutrófilo termina de passar, ele dá de cara com a lâmina basal, que é um obstáculo a ser transposto. Qual o principal componente da lâmina basal? Colágeno do tipo IV. Qual é uma das enzimas presentes nos grânulos neutrófilos? Colagenase IV. Por exocitose, o neutrófilo secreta colagenase IV, que vai degradar a lâmina basal para ele poder passar. Depois que degrada a lâmina basal, o neutrófilo chega ao tecido conjuntivo propriamente dito e começa a haver expressão de novas integrinas que fazem com que o neutrófilo interaja com os componentes da MEC para favorecer o seu deslocamento até onde as bactérias estão. Quando o neutrófilo chega atéas bactérias, esses microrganismos serão fagocitados pelas células e todo mecanismo visto com os macrófagos será realizado. Detalhe importante: a diapedese só ocorre através de vênulas porque somente as células endoteliais desses vasos que expressam E-selectinas, ICAMs e VCAMs. Fagocitose pelos neutrófilos ✓ Pseudopódos são emitidos em função da presença da rede de actina, que envolvem as bactérias, levando à formação dos fagossomas; ✓ Explosão respiratória – ativação do complexo NADPH-oxidades; ✓ Desencadeamento de mecanismos microbiocidas; ✓ Eliminação dos microrganismos; ✓ Fusão dos grânulos azurófilos e específicos aos fagossomas. Expulsão da cromatina nuclear pelos neutrófilos – formação de NETs Os neutrófilos têm um mecanismo muito interessante: eles se suicidam, “explodem” e acabam lançado uma rede de cromatina em cima das bactérias. Com isso, as bactérias ficam presas na rede para que os macrófagos e outros neutrófilos fagocitem esses microrganismos presos. Piócitos Quando o neutrófilo fagocita bactéria, ele se empenha tanto que entra em exaustão e morre. Os neutrófilos degenerados, em grande quantidade, acabam formando uma massa amarelada, que é o pus. Esses neutrófilos degenerados são os piócitos. 2. Eosinófilos Microscopia óptica Os eosinófilos são células muito raras na corrente sanguínea, sendo sua percentagem no sangue de 2-3% do total dos leucócitos. Prova prática: Apesar de raros, vão achá-los com o núcleo dotado de 2 lóbulos bem grandes, unidos por uma ponte fina de cromatina, com uma cromatina muito condensada e com um formato que lembra um headphone. Prova prática: Porém, é o seu citoplasma que chama atenção por ser quase totalmente preenchido por grandes grânulos de tonalidade avermelhada ou alaranjada, que são os grânulos corados pela eosina das colorações Romanowski, sendo chamados, portanto, de grânulos eosinófilos. Ao contrário dos neutrófilos, é aqui que vocês vão ver um citoplasma de aspecto granulado. Os grânulos azurófilos também existem no citoplasma dos eosinófilos, mas são menores que os grânulos eosinófilos e, então, não é possível ver com nitidez. Microscopia eletrônica Na M.E., é possível ver os lóbulos nucleares separados por conta do corte histológico e, por isso, vendo apenas o núcleo, há a possibilidade de confundir com outro leucócito. O que vai dizer que a célula vista na M.E. é um eosinófilo é o aspecto dos seus grânulos específicos. Fernanda Vidaurre 2014.1 Histologia OI 2014.1 Odontologia UFRJ Os grânulos específicos do eosinófilo têm o formato ovoide, elíptico ou formato filiforme, são grandes e sempre têm uma estrutura, elétron-densa, semelhante a um bastão no seu longo eixo, que é um cristaloide chamado internum. O internum é formado pela proteína básica principal, a MBP (major basic protein), que, por ser básica, é ela que vai dar a afinidade pelo corante ácido, que é a eosina. Ao redor do internum, a matriz menos elétron-densa é chamada de externum e contém o restante do conteúdo do grânulo, como a enzima histaminase*, que degrada histamina, liberada pelos mastócitos; a aril- sulfatase*, que degrada leucotrienos, liberados por mastócitos; e a proteína catiônica eosinofílica* (ECP), tóxica para helmintos e ovos de parasitas; hidrolases lisossomais (grânulos eosinófilos também são lisossomas portanto); peroxidase de eosinófilos; e neurotoxina. Funções ➢ Principal célula inflamatória em processos alérgicos. * Agora que é feito o link: o eosinófilo tem duas enzimas que eliminam dois mediadores farmacológicos liberados pelos mastócitos, então, o eosinófilo é a principal célula inflamatória mobilizada em processos alérgicos – onde estiver havendo ativação de mastócitos, os eosinófilos são imediatamente mobilizados para o local. Os mastócitos, além de liberarem histamina e leucotrienos, liberam ECF-A (eosinophil chimiotactic factor of anaphylaxis), citocina que atrai quimiotaxicamente os eosinófilos para que estes, ao liberarem o conteúdo enzimático por exocitose, eliminem dois dos mediadores farmacológicos liberados pelos mastócitos. O problema é que, dentro dos grânulos eosinófilos, existem, também, hidrolases lisossomais e proteína catiônica eosinofílica, que vão ser liberadas junto com a histaminase e aril-sulfatase e que vão, por isso, causar lesão tecidual, que faz com que haja acesso de neutrófilos também. ➢ Destruição de helmintos e seus ovos (p. ex.: Schistosoma mansoni) e protozoários. *Schistosoma mansoni é um platelminto parasita de veias mesentéricas: quando atingem a forma adulta, se reproduzem e os ovos gerados vão acessar ou a mucosa intestinal ou o fígado. Quando os ovos atingem a mucosa intestinal ou o fígado, esses ovos causam uma reação inflamatória bem característica e, assim, os eosinófilos combatem os ovos do Schistosoma mansoni por liberação da proteína catiônica eosinofílica, que perfura o envoltório dos ovos, matando o embrião. 3. Basófilos O basófilo tem uma percentagem total de leucócitos no sangue muito baixa, em torno de 0-1%. Microscopia óptica Prova prática: É um leucócito bastante característico porque apresenta, em seu citoplasma, os maiores grânulos específicos de todos os granulócitos, os grânulos basófilos, corados com corante básico, que é o azul de metileno. Os grânulos são tão grandes que se sobrepõem ao núcleo, que também é lobulado, mas que a gente não consegue visualizar. O corante, ainda, deixa os grânulos muito escuros a ponto de terem uma tonalidade quase negra. Microscopia eletrônica Na M.E., o basófilo tem grandes grânulos elétron- densos. Por acaso os basófilos lembram outra célula que vocês já viram, que também tem grânulos bem grandes? Eles lembram os mastócitos. Para diferenciar de um mastócito é só lembrar que o basófilo tem núcleo lobulado, coisa que o mastócito não tem. Os grânulos contêm heparina (também presente no mastócito) e condroitinosulfato (GAGs); histamina (também presente no mastócito) e proteases. Esse conteúdo faz com que os basófilos participem da mesma maneira que os mastócitos em processos alérgicos. Além disso, na membrana plasmática dos basófilos, há receptor para IgE, assim como no mastócito. Função: participação em respostas imunológicas de hipersensibilidade imediata, ou seja, as alergias. Basófilo Eosinófilo Neutrófilo
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