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2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 3 1 DESENVOLVIMENTO HUMANO ............................................................... 4 1.1 Importância do estudo do desenvolvimento humano ........................... 5 1.2 Fatores que influenciam o desenvolvimento humano .......................... 5 2 PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ................................... 6 2.1 Aspectos do desenvolvimento humano ................................................ 7 3 AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO .................................... 9 4 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E SOCIAL ...................................... 9 4.1 O Desenvolvimento da inteligência ...................................................... 9 5 CONCEITO TRADICIONAL DE INTELIGÊNCIA ...................................... 12 6 INTELIGÊNCIA DO PONTO DE VISTA INTERACIONISTA ..................... 16 6.1 Estágios do desenvolvimento segundo Piaget ................................... 16 7 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL ................................................................... 19 8 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ........................................... 21 9 O DESENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO SOCIAL: O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO ............................................................................. 28 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 30 10 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................ 33 11 ARTIGO PARA REFLEXÃO .................................................................. 45 3 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta , para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 4 1 DESENVOLVIMENTO HUMANO Fonte: www.clickgratis.com.br O desenvolvimento humano se estabelece através da interação do indivíduo com o ambiente físico e social. Caracteriza-se pelo desenvolvimento mental e pelo crescimento orgânico. O desenvolvimento mental se constrói continuamente e se constitui pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. As estruturas mentais são formas de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e se solidificando, até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior em relação à inteligência, à vida afetiva e às relações sociais. Algumas estruturas mentais podem permanecer ao longo de toda a vida, como, por exemplo: a motivação. Outras estruturas são substituídas a cada nova fase da vida do indivíduo. A obediência da criança é substituída pela autonomia moral do adolescente. A relação da criança com os objetos que, se dá primeiro apenas de forma concreta se transforma na capacidade de abstração. 5 1.1 Importância do estudo do desenvolvimento humano Fonte: www.psicologiamsn.com Cada fase do desenvolvimento humano: pré-natal, infância, adolescência, maturidade e senescência; apresentam características que as identificam e permitem o seu reconhecimento. O seu estudo possibilita uma melhor observação, compreensão e interpretação do comportamento humano. Distinguindo como nascem e como se desenvolvem as funções psicológicas do ser humano para subsidiar a organização das condições para o seu desenvolvimento pleno. O desenvolvimento humano é determinado pela interação de vários fatores. 1.2 Fatores que influenciam o desenvolvimento humano Hereditariedade - Cada criança ao nascer herda de seus sais uma carga genética que estabelece o seu potencial de desenvolvimento. Estas potencialidades poderão ou não se desenvolver de acordo com os estímulos advindos do meio ambiente. Crescimento orgânico - Com o aumento da altura e estabilização do esqueleto, é permitido ao indivíduo comportamentos e um domínio de mundo que antes não eram possíveis. Maturação Neurofisiológica - É o que torna possível determinados padrões de comportamento. Por exemplo, o aluno para ser, adequadamente, alfabetizado deve ter condições de segurar o lápis e manejá-lo com habilidade, 6 para tanto, é necessário um desenvolvimento neurológico que uma criança de 2 anos ainda não possui. Meio Ambiente - Conjunto de influências e estimulações ambientais que alteram os padrões de comportamento do indivíduo. Uma criança muito estimulada para a fala pode ter um vocabulário excelente aos 3 anos e não subir escadas bem porque não vivenciou isso. 2 PRINCÍPIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO Fonte: www.jrmcoaching.com.br O ser humano, no seu processo de desenvolvimento, apesar das diferenças individuais, segue algumas tendências que são encontradas em todas as pessoas. Seis delas serão destacadas: 1. O desenvolvimento humano é um processo ordenado e contínuo, dividido em quatro fases principais: infância, adolescência, idade adulta e senescência; 2. O desenvolvimento humano se realiza da cabeça para as extremidades; sequência céfalo-caudal: a criança sustenta primeiro a cabeça, para só então levantar o tronco, sentar e andar; progride do centro para a periferia do corpo; sequência próximo distal: a criança movimenta primeiro os braços, para depois movimentar as mãos e os dedos; 3. O indivíduo tende a responder sempre de forma mais específica as estimulações do meio. Cada vez mais vão se especializando os movimentos 7 do corpo para respostas específicas. A fala se torna mais abrangente em relação aos objetos a serem designados etc. O desenvolvimento se dá do geral para o específico; 4. Os órgãos não crescem de maneira uniforme. Enquanto o cérebro, por exemplo, desenvolve-se rapidamente na infância, as outras partes do corpo seguem ritmos diferenciados, as vezes de forma lenta em outras aceleradamente; 5. Cada indivíduo se desenvolve de acordo com um ritmo próprio que tende a permanecer constante segundo seus padrões de hereditariedade, se não for perturbado por influências externas, como má alimentação; ou internas, como doenças; 6. Todos os aspectos do desenvolvimento humano são inter-relacionados, não podendo ser avaliados sem levar em conta essas mútuas interferências. Fonte: www.passeidireto.com 2.1 Aspectos do desenvolvimento humano O desenvolvimento deve ser entendido como uma globalidade; mas, em razão de sua riqueza e diversidade, é abordado, para efeito de estudo, a partir de três aspectos básicos: Aspecto físico-motor - Refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. Aspecto intelectual - Inclui os aspectos de desenvolvimento ligados as capacidades cognitivas do indivíduo em todas as suas fases. Como quando, 8 por exemplo, a criança de 2 anos puxa um brinquedo de baixo dos móveis ou adolescente planeja seus gastos a partir da mesada. Aspecto afetivo emocional - É a capacidade do indivíduo de integrarsuas experiências. São os sentimentos cotidianos que formam nossa estrutura emocional. Envolvem os aspectos relacionados ao convívio em sociedade. Fonte: loja.grupoa.com.br Todos esses aspectos estão presentes de forma concomitante no desenvolvimento do indivíduo. Uma criança com dificuldades auditivas poderá apresentar problemas na aprendizagem, repetir o ano letivo, se isolar e por esta causa se tornar agressiva. Após tratada pode voltar a ter um desenvolvimento normal. Todas as teorias do desenvolvimento humano partem deste pressuposto de indissociabilidade desses quatro aspectos, mas, podem estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A psicanálise, por exemplo, toma como princípio o aspecto afetivo-emocional. Piaget, o desenvolvimento intelectual. 9 3 AS ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO Fonte: 2.bp.blogspot.com 4 O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E SOCIAL 4.1 O Desenvolvimento da inteligência Se os muitos psicólogos que pesquisam o funcionamento mental fossem solicitados a definir inteligência, haveria uma grande quantidade de diferenças de opinião. Alguns psicólogos comportamentais propõem que a inteligência é essencialmente uma capacidade geral única. Outros argumentam que a inteligência depende de muitas capacidades separadas. Spearman (1863-1945) era um conhecido proponente do ponto de vista da capacidade ser única. Concluiu que todas as tarefas mentais solicitavam duas qualidades: inteligência e perícias específicas para o item individual. Resolver problemas de álgebra, por exemplo, exige inteligência geral mais um entendimento de 10 conceitos numéricos. Spearman supôs que as pessoas espertas tivessem uma grande dose do fator geral. L.L. Thurstone (1887-1955), um engenheiro eletricista americano que se tornou um eminente fazedor de testes, esposava o ponto de vista das “capacidades separadas”. Alegava que o fator de abrangência geral de Spearman na realidade se constituía em sete habilidades algo distintas: 1. Somar, subtrair, multiplicar e dividir; 2. Escrever e falar com facilidade; 3. Compreender ideias em forma de palavras; 4. Reter impressões; 5. Resolver problemas complexos e tirar proveito da experiência passada; 6. Perceber corretamente relacionamentos de tamanho e espaciais; 7. Identificar objetos rápida e exatamente. Fonte: www.medplan.com.br Embora Thurstone considerasse que estas capacidades eram relacionadas até certo ponto, ele enfatizava suas diferenças. Outras controvérsias sobre a natureza da inteligência dividem os psicólogos em campos opostos: A inteligência deve ser conceituada como uma capacidade (ou capacidades) para aprender em situações acadêmicas ou dominar matérias conceituadas abstratas ou, mais geralmente, como uma capacidade (ou capacidades) para se adaptar ao ambiente? A inteligência deve ser visualizada como uma faculdade inteiramente cognitiva ou deve-se levar em conta a motivação? Até que ponto a hereditariedade influencia a inteligência? 11 Os primitivos psicólogos estavam muito mais interessados em inventar testes que pudessem diferenciar entre estudantes embotados e rápidos, para que pudessem ser designados para um currículo escolar apropriado. Por esta razão, as questões teóricas foram facilmente postas de lado. A inteligência passou a ser definida operacionalmente em termos dos testes destinados a medi-la. Em outras palavras, o que quer que os testes medissem era chamado de inteligência. Conceitos práticos como estes dominaram a pesquisa psicológica sobre a inteligência até bem recentemente, quando os cientistas comportamentais começaram a reexaminar seus pressupostos. Fonte: www.acritica.net Aqui, distinguimos inteligência medida e inteligência. Por inteligência medida queremos dizer desempenho em uma situação específica de teste, sempre baseada em realizações: hábitos e habilidades adquiridos. Em contraste, definimos inteligência como uma capacidade para atividade mental que não pode ser medida diretamente. Assumiremos o ponto de vista de que a inteligência consiste em muitas capacidades cognitivas separadas, inclusive as envolvidas em percepção, memória, pensamento e linguagem. Embora até certo ponto todos os seres humanos possuam estas capacidades, parece haver muita variabilidade na eficiência de cada processo. Também fazemos a suposição de que a inteligência se aplica no ajustamento de cada processo. Também fazemos a suposição de que a inteligência se aplica no ajustamento em todas as esferas da vida. Já que as investigações de inteligência se 12 amparam fortemente em testes, é crucial compreender como os psicólogos têm medido as capacidades mentais. 5 CONCEITO TRADICIONAL DE INTELIGÊNCIA Fonte: graduacao.avm.edu.br O cientista comportamental britânico Francis Galton provavelmente foi a primeira pessoa a pensar seriamente em testar a inteligência. Galton estabeleceu um pequeno laboratório em um museu da Londres, expressamente para o propósito de medir as capacidades humanas. Admitindo que as pessoas com desvantagens mentais podiam ter falta de acuidade sensorial, ele decidiu que as capacidades intelectuais e perceptuais poderiam estar altamente relacionadas. Se assim fosse, uma poderia proporcionar um índice da outra. Por isso, Galton começou a avaliar tais características, como acuidade visual e auditiva, sentido da cor, julgamento visual e tempo de reação. Media as atividades motoras, inclusive o “vigor do puxar e do apertar” e a “força do sopro também”. Em breve, muitos outros psicólogos estavam igualmente empenhados em procurar criar testes de capacidades intelectuais. O problema da mensuração da inteligência foi resolvido adequadamente, pela primeira vez, pelos psicólogos franceses Binet e Simon. http://graduacao.avm.edu.br/voce-sabe-qual-a-sua-inteligencia-ela-pode-influenciar-na-escolha-da-sua-carreira/ 13 Em 1904, estes psicólogos foram encarregados pelo governo francês para auxiliarem a resolver o problema do baixo rendimento escolar, do grande número de reprovações nas escolas primárias francesas. Binet atribuiu o problema ao fato das classes serem heterogêneas, isto é, em uma única classe havia alunos bem dotados e pouco dotados intelectualmente. Assim, tornava-se selecionar as crianças pelo grau de inteligência, para formar classes homogêneas. Admitiu-se, também, que o simples julgamento dos professores não seria uma medida muita objetiva porque eles seriam influenciados pelas suas simpatias, preconceitos, pelos pais das crianças ou outros fatores. Fonte: joaokepler.com.br Abandonando o problema da definição da inteligência, Binet perguntou-se simplesmente: “O que fazem os sujeitos brilhantes que a média não consegue fazer?” Para responder à questão, Binet e Simon desenvolveram uma grande variedade de tarefas que enfatizavam diferentes aspectos como julgamento, compreensão, raciocínio, atenção, memória e outros. Uma criança de seis anos que conseguisse resolver apenas os testes da idade de quatro anos tinha, portanto, uma idade mental de quatro anos. A criança que resolvesse os testes próprios para a sua idade e também os de idade superior à sua era considerada de inteligência normal. Este teste foi traduzido para todo o mundo e despertou especial atenção nos Estados Unidos da América, onde foram feitas várias revisões e apareceram outras formas de testes. A mais famosa é a de Terman. Lewis Terman (1877-1956), um psicólogo americano que trabalhava na Stanford University, produziu uma versão amplamente aceita do teste 14 de Binet para americanos em 1916 e foi quem primeiro se utilizou do conceito de “quociente intelectual” (QI), atribuído ao psicólogo alemão Willian Stern, como um indicador de inteligência. O Q.I. é um índice numérico que descreve o desempenho relativo em um teste. Compara o desempenho de uma pessoacom o de outras da mesma idade. Os Q.I. podem ser calculados de diferentes maneiras. Terman usou o Q.I. para descrever o relacionamento entre o nível mental e a idade cronológica, tendo rejeitado a medida de Binet, ou seja, a diferença entre os dois. Na Escala de Inteligência Stanford-Binet, como foi denominada a revisão de Terman, inicialmente o Q.I. era calculado desta maneira: a pessoa que estava sendo testada recebia o crédito de um número preciso de meses para cada resposta correta. Os pontos eram somados e a soma recebia o rótulo de idade mental (IM). Os valores dos pontos dados para cada tarefa eram escolhidos de modo que os escores das idades mentais médias das pessoas fossem iguais à sua idade cronológica. Depois, a idade mental era dividida pela idade cronológica (IC) e o resultado multiplicado por 100. Em outras palavras, dizia-se que Q.I. = (MI/IC) x 100. Fonte: heypeppers.com.br Uma criança de dez anos de idade que conseguisse um escore de idade mental de onze obtinha um Q.I. de 110 (11/10 x 100 = 110). O Q.I. refletia a suposição de que uma idade mental um ano abaixo da idade cronológica da pessoa mostra uma 15 desvantagem maior aos cinco anos de idade do que aos quinze. Hoje, os Q.I. Stanford-Binet são calculados de modo ligeiramente diferente. Nota: Não cometa engano de equacionar Q.I. e inteligência. Inteligência, como a definimos, é uma capacidade global para atividades mentais. Q.I. é um número que diz como uma pessoa se desempenhou em um determinado teste em comparação com outras na mesma faixa etária. As ideias de Binet a respeito de testar a inteligência foram geralmente adotadas no mundo inteiro porque seu modelo “funcionava” em um sentido prático. Permitia aos psicólogos designar à inteligência um número que parecia razoável. E o número podia ser facilmente calculado por um estranho absoluto depois de interagir com o sujeito durante uma idade aproximadamente. Alguns cientistas comportamentais tentaram aperfeiçoar a escala de Binet. Outros construíram novos testes seguindo linhas semelhantes às de Binet. A fim de pouparem tempo e dinheiro, os psicólogos desenvolveram instrumentos que podiam ser ministrados a grupos de indivíduos. Foram criados testes para categorias especiais de pessoas, inclusive bebês, adolescentes, adultos, cegos e mudos. Atualmente há quase uma centena de testes de inteligência usados pelos educadores. Fonte: www.justrealmoms.com.br 16 6 INTELIGÊNCIA DO PONTO DE VISTA INTERACIONISTA A teoria do conhecimento desenvolvida por Jean Piaget, não teve como princípio a intenção pedagógica. Porém ofereceu aos educadores importantes princípios para orientar sua prática ao mostrar a forma como o indivíduo estabelece desde do nascimento uma relação de interação com o meio. Relação esta – com o mundo físico e social – que promove seu desenvolvimento cognitivo. 6.1 Estágios do desenvolvimento segundo Piaget Fonte: 3.bp.blogspot.com Piaget acredita que existem, no desenvolvimento humano, diferentes momentos: um pensamento, uma maneira de calcular, certa conclusão, podem parecer absolutamente corretos em um determinado período de desenvolvimento e absurdos em outro. Para Piaget, a forma de raciocinar e de aprender da criança passa por estágios. Por volta dos dois anos, ela evolui do estágio sensório motor, em que a ação envolve os órgãos sensoriais e os reflexos neurológicos básicos – com sugar o seio materno - e o pensamento se dá somente sobre as coisas presentes na ação que desenvolve, para o pré-operatório. Nessa etapa, a crianças e torna capaz de fazer uma coisa e imaginar outra. Ela faz isso, por exemplo, quando brinca de boneca e representa situações vividas em dias anteriores. 17 Outra progressão acontece por volta dos sete anos, quando ela passa para o estágio operatório concreto. Ela consegue refletir sobre o inverso das coisas e dos fenômenos e, para concluir um raciocínio, leva em consideração as relações entre os objetos. Percebe que 3-1=2 porque sabe que 2+1=3. Finalmente, por volta dos doze anos, chega ao estágio operatório formal. É quando o adolescente começa a desenvolver ideias completamente abstratas, sem necessitar da relação direta com a experiência concreta. Ele compreende conceitos como: amor, democracia, liberdade, etc. Fonte: dicasemsaude.blogspot.com.br O conhecimento e o desenvolvimento da inteligência seriam construídos na experiência, a partir da ação do sujeito sobre a realidade. Não sendo imposto de fora para dentro, por pressão do meio. Mas, alcançadas pelo indivíduo ao longo do processo de desenvolvimento, processo este entendido como sucessão de estágios que se diferenciam um dos outros, por mudanças qualitativas. Mudanças que permitam, não só a assimilação de objetos do conhecimento compatíveis com as possibilidades já construídas, através da acomodação, mas também sirvam de ponto de partida para novas construções. Para Lev Vygotski, o indivíduo não nasce pronto nem é cópia do ambiente externo. Em sua evolução intelectual há uma interação constante ininterrupta entre processos internos e influências do mundo social. Vygotski em um posicionamento 18 que se contrapunha ao pensamento inatista, segundo a qual as pessoas já nascem com características, como inteligência e estados emocionais, pré-determinados. Da mesma forma, enfrentou o empirismo, corrente que defende que as pessoas nascem como uma folha de papel em branco e que são formadas de acordo com as experiências às quais são submetidas. Vygotski, no entanto, entende que o desenvolvimento do conhecimento é fruto de uma grande influência das experiências do indivíduo. Mas que cada um proporciona um significado particular a essas vivências. A apreensão do mundo seria obra do próprio indivíduo. Para ele, desenvolvimento e aprendizado estão intimamente ligados: nós só nós desenvolvemos se e quando aprendemos. Além disso, o desenvolvimento não dependeria apenas da maturação, como acreditavam os inatistas. Apesar de ter condições maturacionais para falar, uma criança só falará se participar ao longo de sua vida do processo cultural de um grupo, se tiver contato com uma comunidade de falantes. Fonte: superdotacao.com.br A ideia de um maior desenvolvimento quanto maior for o aprendizado suscitou erros de interpretação. Várias escolas passaram a entender o ensino como uma transmissão incessante de conteúdos enciclopédicos. Imaginando que assim os alunos se desenvolveriam mais. No entanto, para ser assimiladas as informações têm de fazer sentido. Isso acontece quando elas incidem no que Vygotski chamou de Zona de desenvolvimento proximal, a distância entre aquilo que a criança sabe fazer 19 sozinha – o desenvolvimento real – e o que é capaz de realizar com a ajuda de alguém mais experiente – o desenvolvimento potencial. Dessa forma, o que é zona de desenvolvimento proximal hoje se torna nível de desenvolvimento real amanhã. O bom ensino, portanto, é o que incide na zona proximal. Pois, ensinar o que a criança já sabe é pouco desafiador e ir além do que ela pode aprender é ineficaz. O ideal é partir do que ela domina para ampliar seu conhecimento. O professor, de posse desses conceitos pode proporcionar aos alunos, com o aperfeiçoamento de sua prática através da teoria, de conteúdos pedagógicos proporcionais à sua capacidade. Democratizando as relações de aprendizagem, a partir das características de desenvolvimento de conhecimento de cada aluno, para formar sujeitos autônomos. Fonte: vilamulher.uol.com.br 7 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL Daniel Golemam, psicólogo PhD de Harvard, é o autor de Inteligência Emocional. Afirma que temos dois tipos de inteligências distintas. A tradicional que pode ser medida através de testes de QI e a inteligência emocional QE. Afirma que o sucesso se dá: 20% devido ao QI e 80 %divido ao QE. Inteligência Emocional é: 20 1) AUTO CONHECIMENTO - capacidade de reconhecer os próprios sentimentos usando-os para tomar decisões que resultem em satisfação pessoal. Quem não entende seus sentimentos está à mercê deles. Quem entende pilota melhor sua vida. Faz opções acertadas sobre com quem casar ou que emprego aceitar. 2) ADMINISTRAÇÃO DAS EMOÇÕES - habilidade de controlar impulsos, dispersar a ansiedade ou direcionar a raiva à pessoa certa, na medida certa e na hora certa. 3) AUTOMOTIVAÇÃO - habilidade de persistir e se manter otimista mesmo diante de problemas. 4) EMPATIA - habilidade de se colocar no lugar do outro, de entender o outro e de perceber sentimentos não-verbalizados num grupo. 5) ARTE DO RELACIONAMENTO - capacidade de lidar com as reações emocionais dos outros, interagindo com tato. Ainda não existem testes científicos capazes de mensurar o QI. O QI, medido em testes há quase um século, pode avaliar a capacidade lógica e a de raciocínio, mas não dá conta de mensurar as demais variantes que podem fazer a diferença numa carreira ou num casamento. QI pode lhe dar um emprego X QI garantirá promoções É a habilidade de perceber sentimentos ocultos e falar o que um grupo quer ouvir, que fazem de uma pessoa um líder e garantem que alguém seja reconhecido e promovido. Na hora de contratar leva-se em conta a sensibilidade, equilíbrio emocional, flexibilidade de lidar com pessoas diferentes. O executivo do futuro terá de basear seu trabalho em equipes e se impor pela competência, não pela força. É necessário saber guiar. O líder moderno é cada vez mais orientado pelo consenso e pelo entendimento. Em uma divisão de engenheiros eletrônicos, numa equipe de mais de 150 pessoas foi pedido que apontassem os colegas mais produtivos e mais eficientes. Não foram apontados os de QI mais altos e sim os que sabiam conviver com os demais, que estavam sempre motivados, otimistas e pareciam confiáveis. A capacidade de criar relações de companheirismo falou mais alto. 21 Na Metropolitam Life, uma das maiores seguradoras americanas, o psicólogo Martim Seligman, da Universidade da Pensilvánia, aplicou teste sobre otimismo em 15000 candidatos ao cargo de vendedor (além dos testes tradicionais aplicados pela empresa). Os resultados apontaram que os otimistas venderam 37 % mais apólices nos dois primeiros anos de trabalho do que os pessimistas. Os pessimistas pediram demissão o dobro que os otimistas. QI não é hereditário. Aprende-se a lidar com as emoções no decorrer da vida. Emoções fortes como raiva ou ansiedade criam um bloqueio na região frontal do cérebro responsável pelo raciocínio. Se você quer fechar um negócio, precisa tentar sempre ver o lado humano da pessoa que está à sua frente ouvindo mais do que falando. As decisões nunca são totalmente técnicas. Fonte: danioliveira176.wixsite.com 8 TEORIA DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS A Teoria das Inteligências Múltiplas foi elaborada a partir dos anos 80 por pesquisadores da universidade norte americana de Harvard, liderados pelo psicólogo Howard Gardner. Acompanhando o desempenho de pessoas que haviam sido alunos fracos, Gardner se surpreendeu com o sucesso obtido por vários deles. O pesquisador passou então a questionar a avaliação escolar, cujos critérios não incluem a análise 22 de capacidades que são importantes na vida das pessoas. Concluiu que as formas convencionais de avaliação apenas traduzem a concepção de inteligência vigente na escola, limitada à valorização da competência lógico-matemática e da linguística. A Teoria das Inteligências Múltiplas sustenta que cada indivíduo possui diversos tipos de inteligência, o que chamamos em linguagem comum de dom, competência ou habilidade. Gardner demonstrou que as demais faculdades também são produto de processos mentais e não há motivos para diferenciá-las. Assim, segundo “uma visão pluralista da mente”, ampliou o conceito de inteligência única para o de um feixe de capacidades. Para ele “inteligência é a capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos valorizados em um ambiente cultural ou comunitário”. Identificou oito tipos de inteligência, mas não considera esse número definitivo. Fonte: anjaliteam.blogspot.com.br 23 1 - LÓGICO-MATEMÁTICA - habilidade para o raciocínio dedutivo, para a compreensão de cadeia de raciocínios, além da capacidade para solucionar problemas envolvendo números e demais elementos matemáticos. É associada diretamente ao pensamento científico e, portanto, à ideia tradicional de inteligência. Os componentes centrais desta inteligência são descritos por Gardner como uma sensibilidade para padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar relações, categorias e padrões, através da manipulação de objetos ou símbolos, e para experimentar de forma controlada; é a habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer problemas e resolvê-los. É a inteligência característica de matemáticos e cientistas Gardner, porém, explica que, embora o talento cientifico e o talento matemático possam estar presentes num mesmo indivíduo, os motivos que movem as ações dos cientistas e dos matemáticos não são os mesmos. Enquanto os matemáticos desejam criar um mundo abstrato consistente, os cientistas pretendem explicar a natureza. A criança com especial aptidão nesta inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálculos matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio. Fonte: leandromd.blogspot.com.br 2 - LINGUÍSTICA - habilidade para lidar criativamente com palavras nos diferentes níveis de linguagem, tanto na forma oral como na escrita. Sensibilidade aos 24 sons, estrutura e significados e funções das palavras e da linguagem. Os componentes centrais da inteligência linguística são uma sensibilidade para os sons, ritmos e significados das palavras, além de uma especial percepção das diferentes funções da linguagem. É a habilidade para usar a linguagem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Gardner indica que é a habilidade exibida na sua maior intensidade pelos poetas. Em crianças, esta habilidade se manifesta através da capacidade para contar histórias originais ou para relatar, com precisão, experiências vividas. 3 - MUSICAL - capacidade de produzir e apreciar ritmo, tom e timbre; apreciação das formas de expressividade musical. Permite a organização de sons de maneira criativa, a partir da discriminação dos elementos musicais. Normalmente não precisam de aprendizado formal para exercê-la. Esta inteligência se manifesta através de uma habilidade para apreciar, compor ou reproduzir uma peça musical. Inclui discriminação de sons, habilidade para perceber temas musicais, sensibilidade para ritmos, texturas e timbre, e habilidade para produzir e/ou reproduzir música. A criança pequena com habilidade musical especial percebe desde cedo diferentes sons no seu ambiente e, frequentemente, canta para si mesma. Fonte: anasomma.blogspot.com.br 25 4 - ESPACIAL - capacidade de formar um modelo mental preciso de uma situação espacial e utilizar esse modelo para orientar-se entre objetos ou transformar as características de um determinado espaço. Percepção com exatidão do mundo viso espacial e de realizar transformações nas próprias percepções espaciais. Especialmente desenvolvida em arquitetos, navegadores, pilotos, cirurgiões, engenheiros e escultores. Gardner descreve a inteligência espacial como a capacidade para perceber o mundo visual e espacial de forma precisa. É a habilidade para manipular formas ou objetos mentalmente e, a partir das percepções iniciais, criar tensão, equilíbrio e composição, numa representação visual ou espacial. É a inteligência dos artistas plásticos, dos engenheiros e dos arquitetos. Em criançaspequenas, o potencial especial nessa inteligência é percebido através da habilidade para quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes visuais. 5 - CORPORAL-CINESTÉSICA – capacidade de controlar os movimentos do próprio corpo é de manipular objetos habilmente. Esta inteligência se refere à habilidade para resolver problemas ou criar produtos através do uso de parte ou de todo o corpo. É a habilidade para usar a coordenação grossa ou fina em esportes, artes cênicas ou plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipulação de objetos com destreza. A criança especialmente dotada na inteligência cenestésica se move com graça e expressão a partir de estímulos musicais ou verbais demonstra uma grande habilidade atlética ou uma coordenação fina apurada. 26 Fonte: colegiodelapresentacion.edu.co 6 - INTERPESSOAL - capacidade de discernir e responder adequadamente aos estados de humor, temperamentos, motivações e desejos de outra pessoa. Capacidade de dar-se bem com as outras pessoas, compreendendo e percebendo suas motivações ou inibições e sabendo como satisfazer suas expectativas emocionais. Esta inteligência pode ser descrita como uma habilidade pare entender e responder adequadamente a humores, temperamentos motivações e desejos de outras pessoas. Ela é melhor apreciada na observação de psicoterapeutas, professores, políticos e vendedores bem sucedidos. Na sua forma mais primitiva, a inteligência interpessoal se manifesta em crianças pequenas como a habilidade para distinguir pessoas, e na sua forma mais avançada, como a habilidade para perceber intenções e desejos de outras pessoas e para reagir apropriadamente a partir dessa percepção. Crianças especialmente dotadas demonstram muito cedo uma habilidade para liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sensíveis às necessidades e sentimentos de outros. 27 Fonte: br.guiainfantil.com 7 - INTRAPESSOAL – acesso à própria vida de sentimento e capacidade de discriminar as próprias emoções; conhecimento das forças e fraquezas pessoais. Competência para conhecer-se e estar bem consigo mesma, administrando seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos. Esta inteligência é o correlativo interno da inteligência interpessoal, isto é, a habilidade para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e ideias, para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas pessoais. É o reconhecimento de habilidades, necessidades, desejos e inteligências próprios, a capacidade para formular uma imagem precisa de si próprio e a habilidade para usar essa imagem para funcionar de forma efetiva. Como esta inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja, através de manifestações linguísticas, musicais ou cenestésicas. 8 – NATURALISTA – perícia em distinguir entre membros de uma espécie, em reconhecer a existência de outras espécies próximas e mapear as relações, formalmente ou informalmente, entre várias espécies. Kátia Smole, em sua dissertação de mestrado sobre o tema, amplia a proposta defendendo a classificação da habilidade de desenhar como uma outra inteligência. 9- PICTÓRICA - faculdade de reproduzir, pelo desenho, objetos e situações reais ou mentais. Segundo Gardner “Sempre envolvemos mais de uma habilidade na solução de problemas, embora existam predominâncias”. As inteligências se integram. 28 Excetuados os casos de lesões, todos nascem com o potencial das várias inteligências. A partir das relações com o ambiente, incluindo os estímulos culturais, desenvolvemos mais algumas e deixamos de aprimorar outras. Fonte: aulasteatroinfantil.com 9 O DESENVOLVIMENTO DO COMPORTAMENTO SOCIAL: O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO O ser humano é um ser gregário, não vive isolado. Ao contrário, ele participa de vários grupos entre os quais estão a família- onde se desenvolve a socialização primária -, os companheiros, a escola, a comunidade religiosa etc. – com os quais desenvolve a socialização secundária. Em cada grupo ele deve desempenhar um papel, ou seja, um modo estruturado de comportar-se em um grupo. Realizando aquilo que se espera que um indivíduo faça quando ocupa uma posição no grupo. Assim, existe um padrão de comportamento para o aluno, para o professor, para o noivo, para o pai etc. Além disso, existem padrões de comportamento que são considerados adequados para as diferentes idades e gêneros. O papel de professor, tradicionalmente aceito, inclui explicar, fornecer informações, dirigir uma discussão, questionar, avaliar, aconselhar etc. O papel de mãe inclui o cuidado com a casa e com a alimentação da família, a criação, a proteção e a orientação das crianças. Do pai 29 espera-se que oriente os filhos, trabalhe e forneça o sustento para todos. Da criança exige-se afeto, obediência e respeito a seus pais e irmãos. Fonte: pousadamente.blogspot.com.br Ao mesmo tempo em que uma criança desempenha o seu papel, aprende os papéis de seu pai, de sua mãe e dos demais familiares. Uma criança, depois de fazer uma coisa errada, pode chamar a si mesma de “feia”, exatamente como ela acha que faria sua mãe. Pode imitar os movimentos de seu pai ao dirigir o automóvel da família. Pode, ainda, brincar da mesma forma como fazem seus irmãos mais velhos. Isso mostra que os elementos da família se transformaram em modelos cuja conduta pode ser imitada. 30 BIBLIOGRAFIA BARROS, Célia S.G. Pontos da Psicologia Geral. SP: Ática, 1995. BEE, Helen L.. O ciclo vital. Porto Alegre: Artmed, 1997. 656 p. BOCK, Ana Bahia; FURTADO, O e TEIXEIRA, M.L. Psicologias - Uma Introdução ao Estudo de Psicologia. SP: Saraiva, 1993. BOWDITCH, James L. e BUONO, Anthony F. Elementos de Comportamento Organizacional. São Paulo: Pioneira, 1997. BRAGHIROLLI, Elaine Maria. Psicologia Geral. RJ: Vozes. 1995. COLL, César; PALACIOS, Jesús; MARCHESI, Alvaro. Desenvolvimento psicológico e educação. 2.ed. Porto Alegre: Artmed, 2004. 3 v. CÓRIA-SABINI, Maria Aparecida. Fundamentos de Psicologia Educacional. SP:Ática, 1986. DAVIDOFF, Linda L. Introdução à Psicologia. SP: McGraw-Hill do Brasil, 1991. 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Piaget elaborou a epistemologia genética observando o processo da criança ao estabelecer relações da parte com o todo dos objetos e situações envolvidas. A partir daí, iniciou o estudo da construção do conhecimento. Piaget descreve o desenvolvimento como um processo de estágios sucessivos: Sensório-motor, Pré-operatório, Operatório Concreto e Operatório Formal. O conceito central da teoria de Vygotsky é o da Zona de Desenvolvimento Proximal que se refere ao desenvolvimento atual da criança (nível de desenvolvimento efetivo ou real) e o desenvolvimento que poderá atingir (nível de desenvolvimento potencial). Para Vygotsky, a aprendizagem inclui a interdependência entre os indivíduos que se envolvem nesse processo. Vygotsky questionou a divisão entre as dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento psicológico, considerando impossível a separação entre os aspectos intelectuais e os aspectos volitivos e afetivos. A gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social. A estrutura orgânica do ser humano supõe a intervenção da cultura para uma atualização. Assim, a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon tem como foco a psicogênese da pessoa completa. Os estágios de desenvolvimento do ser humano (Impulsivo-emocional, Sensório-motor e projetivo, Personalismo, Categorial e Adolescência) apresentados por Wallon sucedem-se em fases com predominância afetiva e cognitiva. A reflexão pedagógica sobre um homem dotado de razão, afetividade, inteligência, corpo e desejo possibilitará a criação de um espaço educativo que será o lugar de construção dos saberes, por meio do diálogo, da reflexão, da pesquisa e da troca entre os pares de maneira crítica e politizada. PALAVRAS-CHAVES: Cognição, afetividade, desenvolvimento e reflexão pedagógica. Ao longo da história da psicologia como ciência, as dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento psicológico têm sido tratadas de forma separada. Hoje, entretanto, parece haver uma tendência da reunião desses dois aspectos numa tentativa de superação de uma visão dicotômica do funcionamento psicológico. 34 A sociedade tem discutido sobre o papel da instituição educativa na formação do indivíduo, visando uma educação do ser integral, inserido numa determinada cultura e meio social. Educação que implica num processo de aprendizagem que considere o indivíduo a partir das suas múltiplas dimensões: corporeidade, afetividade, cognição e desejo (FERNANDÉZ, 1990). O ensino e a aprendizagem antes concebidos como atos isolados são redescobertos como faces de um processo que possibilita a existência de experiências significativas para quem o vivencia. De acordo com MINGUET (1998:75) O sistema cognitivo humano processa informação que provém fundamentalmente do meio, seja físico ou social, que é a realidade que envolve o indivíduo. Tanto o meio físico quanto o meio social possuem propriedades e regularidades intrínsecas e incluem acontecimentos altamente significativos, que constituem unidades cognitivas básicas. Questionamentos sobre como ocorre o processo de aprendizagem, quais fatores interferem nesse processo e como atuam os mecanismos cognitivos no momento do aprender nos levam a procurar respostas em diferentes autores a partir da prática social e da realidade vivida em sala de aula. Para MATUI (1995), Piaget, Vygotsky e Wallon compartilham de princípios epistemológicos comuns. CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET (1896 - 1980) Suíço, formado em ciências naturais, Piaget manteve especial interesse pela filosofia. Segundo MATUI (1995), para responder como se dá a construção do conhecimento no adulto partindo da biologia do bebê, Piaget elaborou a epistemologia genética, uma teoria evolutiva do conhecimento. Elaborando testes de inteligência para crianças francesas, Piaget observou o processo da criança em estabelecer relações da parte com o todo dos objetos e situações envolvidas. A partir daí, iniciou o estudo da construção do conhecimento, observando que na interação com o meio externo, o indivíduo busca sua melhor sobrevivência, visando uma constante equilibração. Segundo COLL, MARCHESSI, PALACIOS & COLS (2004), para Piaget a meta sempre é a adaptação. A adaptação 35 leva o indivíduo a procurar uma resposta adequada aos problemas que encontra em cada momento. Segundo PIAGET in POZO (1998) a aprendizagem seria produzida quando houvesse um desequilíbrio ou conflito cognitivo entre dois processos complementares: a assimilação e acomodação. Piaget define a acomodação como qualquer modificação de um esquema assimilador ou de uma estrutura. "Esquema é aquilo que é generalizável numa determinada ação." PIAGET in MATUI (1995:122). Se há um desequilíbrio, ou seja, um esquema não responde às características de um objeto e às exigências de conhecimento que apresenta, é necessário modificar o esquema prévio para restaurar o equilíbrio. Piaget descreve o desenvolvimento como um processo de estágios sucessivos. "Se a criança explica em parte o adulto, podemos dizer também que cada período do desenvolvimento anuncia, em parte os períodos seguintes." PIAGET & INHELDER (2003:11). ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO SEGUNDO PIAGET Período Faixas Etárias Aproximadamente Sensório-motor Nascimento até 1 1/2 a 2 anos. Pré-operatório 2 a 6-7 anos. Operatório Concreto 6-7 anos a 11-12 anos. Operatório Formal 11-12 anos até a fase adulta. ESTÁGIO SENSÓRIO MOTOR (0 A 02 ANOS) Piaget chamou de inteligência sensório-motora um tipo de inteligência baseada na percepção da realidade e na ação motora sobre ela. Nessa etapa, a criança faz uso de percepções sensoriais (por exemplo a sucção) para explorar o mundo que a rodeia e suas ações são práticas: pegar, jogar, morder. A inteligência é prática e se relaciona com a resolução de problemas de ação, como por exemplo movimentar o móbile sobre o berço ou encontrar uma bola que rolou para baixo do sofá. Segundo PIAGET & INHELDER (2003), na falta de função simbólica, o bebê ainda não apresenta pensamento, nem afetividade ligada a representações que permitam fazer evocações de pessoas ou objetos na ausência deles. 36 Nesse estágio, a criança elabora subestruturas cognitivas que darão suporte para as futuras construções perceptivas e intelectuais. O mesmo se dá com a afetividade subsequente que é determinada por um certo número de reações afetivas elementares. ESTÁGIO PRÉ-OPERATÓRIO (02 A 07 ANOS) Logo no início desse estágio, também chamado de inteligência verbal ou intuitiva, a criança se vê envolta em uma realidade existencialque é um mundo interior de representações. Essa função simbólica possibilita a formação de símbolos mentais que representam objetos, pessoas ou acontecimentos ausentes. Assim a criança pode antecipar um resultado utilizando representações (signos, símbolos, imagens e conceitos) como substitutos da realidade não presente. A linguagem é enriquecida rapidamente, os desafios a serem enfrentados são lógicos e as respostas adequadas serão raciocínios. Esses raciocínios são desarticulados e ainda precisam de lógica porque a criança só consegue ver o mundo a partir dela mesma. Para COLL, MARCHESI, PALACIOS & COLS (2004), nesse período o pensamento infantil é descrito por Piaget como um período de espera das grandes transformações operatórias que acontecerão nas próximas etapas. Por isso, ressaltou as limitações da criança nessa fase. Limitações do pensamento no estágio pré-operatório Aparência perceptiva/ traços não observáveis: A criança não realiza inferências a partir de propriedades não-observáveis diretamente Centração / descentração O foco está em um só ponto de vista (o próprio) evitando outras possíveis dimensões Estados/ transformações Não faz relação dos estados iniciais e finais de um processo Irreversibilidade/ reversibilidade Não refaz mentalmente o processo seguido até voltar ao estágio inicial Raciocínio transdutivo/ pensamento lógico Faz associações imediatas entre as coisas raciocinando do particular ao particular Fonte: COLL, MARCHESI, PALACIOS & COLS (2004:144) 37 ESTÁGIO OPERATÓRIO CONCRETO (07 A 11 ANOS) É o estágio onde o pensamento lógico aparece. No início, o raciocínio é lógico somente sobre conteúdos simples. Aos poucos, a lógica prevalece sobre todas as situações sujeitas à verificação empírica, isto é, situações de experimentação concreta. Assim é possível estabelecer relações e abstrair dados da realidade. A criança desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade). ESTÁGIO LÓGICO FORMAL (12 A 15 ANOS) É o estágio onde o pensamento lógico alcança sua expressão máxima e é aplicado de forma coerente e sistemática. O sujeito é capaz de pensar em todas as relações logicamente possíveis, buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade. CONTRIBUIÇÕES DE VYGOTSKY (1896 - 1934) De origem russa, membro de uma família judia, cresceu em um ambiente de grande estimulação intelectual. Desde cedo Vygotsky interessou-se pelo estudo e pela reflexão sobre várias áreas do conhecimento. Formado em Direito, estudou também medicina por se interessar por problemas neurológicos para compreender o funcionamento psicológico do homem. Foi professor e pesquisador nas áreas de psicologia, pedagogia, filosofia, literatura, deficiência física e mental, atuando em diversas instituições de ensino e pesquisa. Fundamentado no conceito de atividade, Vygotsky preconizou que pela mediação de instrumentos que se interpõem entre estímulo e resposta, o homem atua sobre os estímulos, transformando-os e não apenas respondendoos. Para Vygotsky, as crianças aprendiam coisas que constituíam as características comuns da sua cultura. Mitos, contos de fadas, canções e história contribuíam no processo de socialização da criança para a respectiva cultura. Vygotsky denominou a psicologia baseada na atividade como instrumental, cultural e histórica. MATUI argumenta que é instrumental porque as funções psicológicas superiores (que pertencem exclusivamente ao homem) têm natureza 38 mediadora, ou seja, são elos entre o sujeito e o meio. Quando nasce, a criança já é "uma significação no universo de significações" VYGOTSKY in MATUI (1995:57). É cultural porque a sociedade organiza as atividades ou tarefas que a criança em crescimento pode desempenhar, envolvendo assim, meios socialmente estruturados. Por isso, "a linguagem é a unidade celular dessa nova psicologia" MATUI (1995:151). E é histórica porque se de um lado o homem utiliza instrumentos para dominar a natureza e esses instrumentos são inventados e alterados ao longo da história, por outro, os poderes humanos são expandidos pelos instrumentos culturais. A aprendizagem, para Vigotsky, ocorre muito antes da chegada da criança à escola e favorece o desenvolvimento das funções mentais. A mente é de formação social e a internalização é o meio pelo qual se dá a passagem das funções psicológicas elementares (percepção, motricidade, sentimentos, etc.) para as funções superiores. Segundo POZO, a teoria de Vygotsky a respeito da aprendizagem se mantém atual por integrar os processos de associação e reestruturação em "uma teoria unitária da aprendizagem" (1998:193). O conceito central da teoria de Vygotsky é o da Zona de Desenvolvimento Proximal que se refere ao desenvolvimento atual da criança (nível de desenvolvimento efetivo ou real) e o desenvolvimento que poderá atingir (nível de desenvolvimento potencial) quando resolve problemas com auxílio do professor e outras pessoas. A aprendizagem inclui a interdependência entre os indivíduos que se envolvem nesse processo, devido a ênfase que dava aos processos sócio-históricos. MATUI (1995:129) afirma que: A área de desenvolvimento proximal compreende funções mentais ou operações mentais em amadurecimento. Corresponderia, na linguagem de Piaget, às que estão no nível intermediário de desenvolvimento. O nível de desenvolvimento efetivo ou real é o mesmo definido por Piaget como o estado de amadurecimento das estruturas mentais. OLIVEIRA in MATUI defende que o termo aprendizado expressa melhor o que Vygotsky definia como aprendizagem. Aprendizado ou aprendizagem "é o processo pelo qual o indivíduo adquire informações, habilidades, atitudes, valores, etc. a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente, as outras pessoas" (1995:118). 39 Vygotsky encontrou uma variabilidade muito grande entre as crianças, pois observou em sua pesquisa que duas crianças podem ter o mesmo nível de desenvolvimento real, mas diferentes níveis de desenvolvimento potencial. Assim, considera-se que todas as crianças podem fazer mais do que o conseguiriam fazer por si sós. A criança fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz de fazer em cooperação. Para POZO (1998), Vygotsky considera que o desenvolvimento potencial deve ser o centro de interesse de educadores e psicólogos, embora sua aplicação efetiva seja limitada pela ausência de medições independentes da competência ou desenvolvimento potencial. Segundo OLIVEIRA in MATUI (1992), os aspectos mais difundidos e explorados da abordagem de Vygotsky são aqueles que se referem ao funcionamento cognitivo. Vygotsky questionou a divisão entre as dimensões cognitiva e afetiva do funcionamento psicológico, considerando impossível a separação entre os aspectos intelectuais e os aspectos volitivos e afetivos. Sendo assim, só é víavel uma compreensão do pensamento humano quando se compreende sua "base afetivo-volitiva" (1992:76). CONTRIBUIÇÕES DE WALLON (1879 -1962) A gênese da inteligência para Wallon é genética e organicamente social. Para ele, a estrutura orgânica do ser humano supõe a intervenção da cultura para uma atualização. Assim, a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon tem como foco a psicogênese da pessoa completa. A visão de Wallon da pessoa como ser social começou a ter uma grande influência na psicologia evolutiva depois de 1960, quando as obras de Vygotsky foram divulgadas no ocidente. Para Wallon, o homem é fruto da sua forma de entender o todo. Por isso, a ação do outro sobre a criança e as interações da criança com os outros têm um papel importante em sua obra. Nascido em Paris, Wallon trabalhou e morreu na cidade Luz. Formado em Medicina, passou pela filosofiaantes de chegar à psicologia e ao longo de sua carreira foi aproximando-se cada vez mais da educação. Dedicou-se ao atendimento de crianças com deficiências neurológicas e distúrbios de comportamento. Porém, o contato com lesões cerebrais de 40 excombatentes da primeira guerra mundial, fez com que reconsiderasse algumas concepções neurológicas que havia desenvolvido quando atuava em instituições psiquiátricas. Seus estudos consistiram em observar mais de duzentas crianças com retardo, epilepsia e anomalias psicomotoras em geral. Para DANTAS (1992:36), "Wallon concebe a psicologia como ciência qualitativa: não há preocupação nenhuma com quantificação de resultados". Ainda segundo a autora, suas observações relatam a conduta da criança em seu ambiente (no caso hospital) e é complementada por alguns testes que completam as informações retiradas da observação. Wallon considera que o meio social, que é mais que o meio físico, é vital e primordial para o desenvolvimento da criança e que o desenvolvimento normal fora desse meio social é impossível (GADOTTI, 2002). A criança é um ser social e com a personalidade em desenvolvimento. Ao focar o ser humano numa perspectiva global, Wallon identifica a afetividade, o ato motor e a inteligência como campos funcionais "entre os quais se distribui a atividade infantil" (GALVÃO, 1995:49). Esses campos são pouco diferenciados no início do desenvolvimento e gradativamente vão ganhando independência entre si, tornando-se domínios distintos de atividade. "A pessoa é o todo que integra esses vários campos e é, ela própria, um outro campo funcional". Os cinco estágios de desenvolvimento do ser humano apresentados por Wallon sucedem-se em fases com predominância afetiva e cognitiva. Na sucessão de estágios ocorre uma alternância entre as formas de atividades e de interesses da criança, denominada de alternância funcional. Cada fase predominante (de dominância, afetividade, cognição) é um processo permanente de integração e diferenciação e integra as conquistas realizadas pela outra fase, construindo-se reciprocamente. Segundo GALVÃO (1995) as funções orgânicas são responsáveis pela sequência fixa entre os estágios de desenvolvimento. No entanto, pode haver uma transformação pelas circunstâncias sociais e escolhas voluntárias do sujeito. Essas transformações podem alterar a duração de cada estágio e as idades correspondentes são referências variáveis e relativas. ESTÁGIOS WALLONIANOS SEGUNDO GALVÃO 41 Impulsivo-emocional: ocorre no primeiro ano de vida. O bebê ainda não percebe a diferença as superfícies exteriores e o seu corpo. É sensível ao ambiente e parece reagir em função do meio. A predominância da afetividade e da emoção orienta as primeiras reações do bebê em relação às pessoas, sendo estas que fazem a interação da criança com o meio físico. Sensório-motor e projetivo: vai até os três anos. A criança ganha autonomia na manipulação de objetos e na exploração dos espaços pela aquisição da marcha e da preensão. É nesse estágio que ocorre o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O termo projetivo refere-se ao fato de que o pensamento precisa de gestos para ser exteriorizado. Para Wallon, o ato mental se desenvolve a partir do ato motor. É comum a criança dialogar consigo mesma, referindo-se a si própria na 3a pessoa, sem diferenciar-se de um personagem imaginário. Personalismo: ocorre dos três aos seis anos. É freqüente o uso do pronome "eu" e a criança vê o outro a partir do seu ponto de vista que é exclusivo e unilateral. A disputa por um mesmo objeto por confundir o "eu" com o "meu" é uma busca para assegurar a posse de sua própria personalidade na posse de objetos. Quando desenvolve a personalidade e a construção da consciência de si mediante as interações sociais passa por duas etapas: a sedução e a imitação. Na primeira, também chamada "idade da graça", a criança busca a admiração dos outros para admirar a si mesma. Na segunda etapa, passa a imitar as pessoas que lhe atraem. O estágio personalista também é marcado por conflitos interpessoais (eu-outro) que se acentuarão nos próximos estágios. Estágio Categorial: inicia-se por volta dos seis anos quando ocorre a consolidação da função categorial que supõem a separação entre qualidade e coisa. Isto possibilita que a criança analise, sintetize generalize e compare. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criança para o conhecimento e conquista do mundo exterior. Sua conduta incorpora as conquistas cognitivas. Assim, nessa fase, o aspecto cognitivo predomina nas relações da criança com o meio; Estágio da adolescência: a puberdade rompe a "tranquilidade" afetiva que caracteriza o estágio anterior. Ocorre uma nova definição dos contornos da personalidade, desestruturados devido às modificações corporais resultantes da 42 ação hormonal. Questões pessoais, morais e existenciais são trazidas à tona. O conflito eu-outro se apresenta de forma mais sofisticada e o adolescente procura apoiar suas oposições em argumentos intelectuais, diferentemente do que ocorre no estágio personalista, já que a criança apoia suas oposições em argumentos emocionais. Segundo DANTAS (1992:88), a emoção é raramente enfrentada pela reflexão pedagógica por ser descrita "como potencialmente anárquica e explosiva, imprevisível, e por isso assustadora". Pelo alto poder de contágio, as emoções têm uma importância decisiva para a integração do grupo social (GALVÃO, 1995:65). A emoção é social e alimenta-se das reações que provoca nos outros e no ambiente. Porém, a atividade intelectual pode diminuir os efeitos da emoção que tendem a se dissiparem diante de uma atividade reflexiva. CONSIDERAÇÕES FINAIS Somos fruto de uma escola que estava de acordo com a sociedade e que acreditava que a razão predominava sobre a emoção. O importante não era o aprender, ou o como aprender e sim o memorizar conhecimentos porque um dia, futuramente seria importante para vida do sujeito. O desafio está na luta constante para romper com esse paradigma tradicional, fortemente arraigado na concepção de mundo, na estrutura da sociedade e no cotidiano das pessoas. O momento histórico atual abre espaço entre o conhecimento como forma de verdade absoluta para conhecer o mundo e o conhecimento como forma de múltiplas verdades construídas socialmente. Os espaços educativos podem passar a ser um local de reflexão sobre os saberes científicos e os saberes espontâneos, possibilitando o diálogo e a construção de novos conhecimentos, de elaboração de um pensar sobre os próprios pensamentos lançando novos olhares sobre o aprender. De acordo com FERNANDÉZ (1990:57) O organismo transversalizado pelo desejo e pela inteligência, conforma uma corporeidade, um corpo que aprende, goza, pensa, sofre ou age. Assim como em todo processo de aprendizagem estão implicados os quatro níveis (organismo, corpo, inteligência, desejo)... 43 Quando o centro do processo educativo do como ensinar é deslocado, para o como aprender, abre-se a possibilidade de instaurar uma nova realidade em nosso meio sociocultural. Cria-se a possibilidade do sujeito repensar sua história a partir do contexto social em que vive, a partir da complexidade dos problemas que a realidade lhe impõe e os fatores emocionais que os mesmos lhe trazem. Segundo GADOTTI (2002), a formação do professor também merece um olhar importante. Isso implica em proporcionar ao professor uma cultura psicológica e atitude experimental que lhe permitam tirar lições das experiências pedagógicas por ele mesmo realizadas. O papel da educação é formar o cidadão no sentido mais pleno possível para que conheça e transforme sua situação social e existencial. Não é somente a ação do ensino que garantirá esses resultados, já que a qualidadede vida das pessoas depende da união de múltiplos fatores da sociedade como um todo. Mas, a reflexão pedagógica sobre um novo homem, dotado de razão, afetividade, inteligência, corpo e desejo, num homem preocupado com as questões políticas e sociais do seu tempo levará a esse espaço educativo que será o lugar de construção dos saberes, por meio do diálogo, da reflexão, da pesquisa e da troca entre os pares de maneira crítica e politizada. BIBLIOGRAFIA COLL, César; MARCHESI, Álvaro; PALACIOS, Jésus & Colaboradores. Desenvolvimento Psicológico e Educação - Psicologia Evolutiva. V.1 - Porto Alegre: Artmed, 2004. FERNÁNDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas,1990. GADOTTI, Moacir. História das Idéias Pedagógicas. São Paulo: Ática, 2002. GALVÃO, Izabel. HENRI WALLON: uma concepção dialética do desenvolvimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. 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Abstract This paper points out some elements which could contribute to the recfletion on the importance of an appropriate comprehension of human’s development and its links with learning and social relationship in order to construct in the classroom social and physical environment, a qualitatively superior pedagogical progress. Keywords: Development, learning, social relationship, humanization. Um processo pedagógico qualitativamente superior pode ser construído através de inúmeros caminhos e, neste sentido, não existe uma definição suficientemente ampla que possa dar conta de toda a riqueza que pode ser produzida cotidianamente em nossas escolas quando professores e alunos se envolvem de maneira profunda, prazerosa e coletiva com as tarefas necessárias ao pleno cumprimento da função social da escola. No entanto, podemos afirmar de maneira geral e um tanto óbvia, que um bom ensino é aquele que garante uma aprendizagem efetiva. Neste sentido, um bom professor é aquele que dá conta de ensinar os seus alunos. Mas, o que é preciso para que um professor ensine de fato? 46 Poderíamos enumerar uma série de condições, tais como formação adequada, salários dignos, espaços de estudo e reflexão, valorização social e tantas outras mais. Embora estas sejam questões fundamentais, neste texto vamos analisar de forma mais detida o valor e a importância de uma adequada compreensão do desenvolvimento humano e de suas articulações com a aprendizagem e as relações sociais, já que não se pode verdadeiramente ensinar se não se considerar como o aluno aprende, ou ainda, porque as vezes ele não aprende. Para dar conta deste objetivo, buscaremos inicialmente apontar alguns elementos para a discussão sobre as relações entre aprendizagem e desenvolvimento na educação escolar para, em seguida, apresentarmos algumas considerações sobre o papel das relações sociais na construção do conhecimento. As Relações entre Aprendizagem e Desenvolvimento no Contexto da Educação Escolar Se a escola é a instância socializadora do conhecimento historicamente acumulado e se a finalidade da ação docente se concretiza na tarefa de ensinar e ensinar bem, é preciso que o professor selecione tanto os elementos culturais que precisam ser assimilados pelos alunos, quanto as formas mais adequadas para atingir este objetivo. Conforme aponta Saviani (1992) os educadores devem buscar nortear sua ação a partir de três objetivos fundamentais: a identificação das formas mais desenvolvidas em que se exprime o saber objetivo socialmente produzido, a transformação deste saber objetivo em saber escolar que possa ser assimilado pelo conjunto dos alunos e a garantia das condições necessárias para que estes não apenas se apropriem do conhecimento, mas ainda possam elevar seu nível de compreensão sobre a realidade. No entanto, a tarefa docente vai muito mais além, já que após ter definido os conteúdos e delimitado a metodologia a ser utilizada, o professor ainda tem que enfrentar um novo desafio: o fato de que nem todos aprendem do mesmo modo, no mesmo momento, no mesmo ritmo. Além disto, alguns alunos parecem simplesmente não aprender nada. Em geral, boa parte do professores, até como decorrência de uma formação insuficiente, especialmente no que se refere às questões mais diretamente 47 relacionadas às disciplinas do campo da Psicologia, tende a buscar explicações para esse fato em uma série de preconceitos que estão impregnados no cotidiano escolar, tais como o de que as crianças não aprendem porque são pobres; desnutridas; preguiçosas; filhas de pais analfabetos; provenientes de famílias desestruturadas e desinteressadas pela escola; portadoras de problemas emocionais ou doenças físicas etc. Estes e outros tantos juízos de valor, mesmo sem qualquer fundamento científico, vêm mantendo-se praticamente inalterados, provocando uma incrível inversão: ao patologizarem os alunos acabam por transformar a escola na “vítima de uma clientela inadequada” (Collares; Moysés, 1996, p. 27). Dentre as várias pseudo-explicações para o não aprender que são frequentemente utilizadas nos meios educacionais, abordaremos com um pouco mais de profundidade a ideia de que os alunos não aprendem porque não estão “prontos”. Uma análise crítica deste tipo de abordagem denominada maturacionista aponta para pelo menos duas questões principais. Em primeiro lugar, a afirmação de imaturidade neurológica, intelectual ou emocional da criança só é possível se tomarmos o adulto como padrão, o que significa que estas explicações desconsideram que o ser humano é histórico e está em um permanente processo de construção. Conforme apontam Collares e Moysés (1996), o conceito de imaturidade colocado nestes termos não possui nenhuma legitimidade científica, já que desde o nascimento e ao longo de toda a sua vida o ser humano apresenta as características físicas, emocionais e cognitivas adequadas e convenientes a cada momento determinado, ou seja, não podemos considerar a criança como um ser imaturo pelo simples fato de diferenciar-se de um adulto. No entanto, interessa-nos discutir mais aprofundadamente a segunda questão, que se relaciona com o pressuposto mais geral que fundamenta esta forma de compreender as dificuldades de aprendizagem dos alunos, ou seja, a ideia de que a aprendizagem depende diretamente do desenvolvimento. Nesta perspectiva, considera-se que determinados alunos apresentam dificuldades porque não atingiram o nível de desenvolvimento psico-intelectual necessário. Assim, o professor não pode ensinar porque estes alunos não têm condições de aprender, não lhe restando outra alternativa a não ser esperar que eles fiquem “maduros” para só então cumprirsua função de ensiná-los. Se do ponto de vista teórico esta forma de compreender o processo de desenvolvimento e aprendizagem não se sustenta, do ponto de vista de seus 48 resultados práticos ela pode ser considerada nefasta tanto para os professores, quanto para os alunos. Os professores sentem-se tremendamente frustrados porque não conseguem ver o retorno de seu trabalho e de seu esforço; é como se a cada dia tivessem que começar tudo de novo do ponto inicial. Aos poucos o desânimo vai se abatendo sobre eles e cada vez mais vão duvidando da capacidade de seus alunos aprenderem. Afinal, eles já fizeram tudo o que podiam e sabiam e nada de concreto aconteceu. Muitas vezes surgem ressentimentos em relação a estes alunos, o que é compreensível, já que não é nada fácil conviver cotidianamente com a frustração de não ver os resultados práticos de um trabalho estafante e ainda extremamente mal remunerado. E os alunos, o que acontece com eles? O desejo inicial de aprender, certamente presente em todos os que ingressam na escola, vai aos poucos desaparecendo. No decorrer do ano letivo eles vão desistindo do processo porque de certa forma não pertencem mais ao espaço da sala de aula. Embora estejam ali ainda, já lhes falta algo essencial: a convicção de que são competentes e capazes de aprender. Que tipo de relações humanas podem emergir de um espaço social constituído desta forma? Certamente relações favorecedoras de alienação e passividade, que retiram toda a possibilidade de se construir um processo educacional capaz de produzir a humanidade nos indivíduos. Abre-se então o espaço para a “caça” aos culpados: o aluno não aprende porque é incapaz, o professor não ensina porque é mal formado, incompetente, descomprometido etc. Desta forma, vai se constituindo um círculo vicioso voltado tendencialmente para a determinação dos limites, seja dos alunos, seja dos professores. Consideramos que para rompermos com esta rede de preconceitos, da qual o maturacionismo é expressão, é preciso transformar a concepção de conhecimento e de como ele pode ser transmitido pelos professores e apropriado pelos alunos. Em outras palavras, é preciso compreender de uma nova forma as relações entre desenvolvimento e aprendizagem. Encontramos este novo olhar nas contribuições de L. S. Vygotsky, que juntamente com outros teóricos soviéticos importantes como A. N. Leontiev e A. R. Luria, fundou a chamada corrente histórico-cultural ou sócio histórica da Psicologia. 49 Antes de apresentarmos as contribuições de Vygotsky sobre o tema central do qual nos ocupamos neste trabalho, consideramos importante discorrermos ainda que brevemente, sobre algumas questões teórico-filosóficas centrais que se encontram na base de suas formulações. Esta medida justifica-se não apenas porque desta forma torna-se mais compreensível a sua concepção sobre as relações entre desenvolvimento e aprendizagem, mas também porque queremos assumir uma atitude clara de contraposição em relação a certas apropriações indevidas de suas ideias. Conforme denuncia Duarte (1999), têm se tornado cada vez mais frequentes no meio educacional brasileiro tentativas variadas de transformação das ideias de Vygotsky, de forma a torná-las assimiláveis ao universo ideológico neoliberal e pós- moderno. Isto tem sido feito de várias maneiras, mas talvez a mais evidente seja a tentativa de secundarizar a fundamentação marxista de toda a sua obra. No entanto, basta que se proceda a uma análise minimamente rigorosa de sua produção para que se perceba uma posição definida no sentido de explicitar as relações entre Psicologia e a história, buscando na concepção filosófica do materialismo histórico os princípios metodológicos necessários à investigação científica e à análise das funções do conhecimento psicológico. Partindo do reconhecimento de que o homem não pode ser apreendido como objeto ou produto já que, ao mesmo tempo, é sujeito e produtor das relações sociais, Vygotsky marcou uma etapa diferenciada no estudo da determinação sócio histórica do psiquismo humano. Ao defender que “o verdadeiro curso do desenvolvimento do pensamento não vai do individual para o socializado, mas do social para o individual” (Vygotsky, 1987, p.18), o autor define sua tese principal, ou seja, a de que as origens das formas superiores de comportamento consciente deveriam ser encontradas nas relações sociais que o indivíduo estabelece com o mundo exterior. Na medida em que considerava que os processos psicológicos humanos se realizam inicialmente no social enquanto processos interpessoais e interpsicológicos, para posteriormente tornarem-se individuais, ou seja, intrapessoais ou intrapsicológicos, Vygotsky se contrapôs a duas tendências importantes na Psicologia. Em primeiro lugar, às concepções que consideram que o comportamento social deriva-se do individual. Em segundo, àquelas que advogam que o indivíduo sofre influências sociais de forma passiva e que se fundamentam em um conceito de “ambiente” no sentido estrito de um conjunto de circunstâncias ou contingências que, 50 de acordo com suas características, podem ou não fornecer elementos que facilitem o desenvolvimento, ou seja, o meio social coloca-se como algo dado e natural, ao qual se deve ajustar. Ao evidenciar que o indivíduo interioriza determinadas formas de funcionamento que estão dadas pela cultura, mas que ao apropriar-se delas transforma-as em instrumentos de pensamento e ação, Vygotsky estabeleceu as bases para uma nova compreensão da relação entre o sujeito psicológico e o contexto histórico, que resgata o sentido subjetivo e pessoal do homem, mas situando-o na trama complexa das relações sociais. Vygotsky considerava que os processos psicológicos superiores humanos constituem-se em atividades mediadas pela linguagem, estruturadas em sistemas funcionais, dinâmicos e historicamente mutáveis. Em suas palavras: O pensamento e a linguagem, que refletem a realidade de uma forma diferente daquela da percepção, são a chave para a compreensão da natureza da consciência humana. As palavras desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento, mas também na evolução histórica da consciência como um todo. Uma palavra é um microcosmo da consciência humana (VYGOTSKY, 1987, p.132). Para o autor, o indivíduo é um ser social e histórico, cuja consciência é fruto das formas pelas quais concretiza sua participação no mundo e se apropria dos conhecimentos historicamente construídos e transmitidos. E, por esta via, defende a possibilidade de uma práxis transformadora que pode ampliar a consciência do homem e iluminar sua busca em direção à liberdade e à criatividade. Na medida em que considera que “a sociedade e a história social moldam a estrutura daquelas formas de atividades que distinguem os homens dos animais” (Vygotsky, 1988, p.22), buscou discutir no nível da Psicologia, as formas pelas quais, ao produzirem seus meios de subsistência, os indivíduos produzem indiretamente sua própria vida material, ou seja, ele trouxe para o nosso campo de reflexão a questão tanto da natureza da atividade humana, quanto de suas finalidades. Após estas breves considerações, passaremos a análise dos principais elementos teóricos desenvolvidos pela corrente histórico-cultural que, entre outras coisas, possibilitam o rompimento com a perspectiva maturacionista. Para Vygotsky, o principal fato humano é a transmissão e assimilação da cultura. Assim, a aprendizagem é alçada a uma posição de extrema importância, na medida em que se constitui em condição fundamental para o desenvolvimento das 51 características humanas não naturais, mas formadas historicamente, o que equivale dizer, para o ser e agir no mundo. Ao analisar a reorganização dos processos psíquicos no decurso da evolução histórica e ontogênica, Leontiev também evidenciou
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