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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Relações Internacionais Temas da Agenda Internacional e do Brasil Combate à fome e à pobreza Aula 1 Prof. Caroline Cordeiro Viana e Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Olá, caro aluno! Seja bem-vindo à disciplina Temas da Agenda Internacional e do Brasil! O primeiro tema a ser estudado – combate à fome e à pobreza, será analisado com foco na política externa das principais potências do sistema internacional. Começando pela visão brasileira do tema, passa-se ao estudo dos EUA, principal polo das relações internacionais. Em seguida, foca-se na visão da União Europeia (UE), moldada em grande medida pela Alemanha, França, Reino Unido e Itália. Em uma etapa seguinte, os parceiros do Brasil nos BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul) são abordados. O Japão aparece como último país estudado. Além disso, a posição da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (Food and Agriculture Organization - FAO) será objeto de estudo, uma vez que tal instituição internacional contribui de maneira fundamental para o entendimento do assunto. Vamos começar?! Para ficar por dentro do que será estudado nesta aula, assista ao vídeo que está disponível no material on-line! Contextualizando A fome e a pobreza são problemas que afetam negativamente e de forma acentuada o desenvolvimento mundial. Antes consideradas mazelas localizadas em certas regiões do mundo, com a globalização o seu combate ganhou escopo planetário. No Brasil, a preocupação, que já ocupava um grande espaço dos assuntos internos, passou a fazer parte da política externa, estimulando a cooperação internacional em torno do tema. A situação é tão alarmante que a redução da fome e da pobreza foi listada como o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU (PNUD Brasil, disponível em: <http://www.pnud.org.br/odm1.aspx> Acesso em 11/04/2016). http://www.pnud.org.br/odm1.aspx CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 A relevância do tema para as relações internacionais também pode ser ilustrada pela existência da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura). Criada em 1945, no contexto de reorganização internacional após a Segunda Guerra Mundial, a referida instituição tem sede em Roma, capital italiana, e tem como objetivo principal o combate à fome no mundo. Mais de 180 países do mundo são membros da organização, o que confirma a importância da questão. A seguir, um mapa com a situação da fome no mundo: Figura 1 – Mapa da fome no mundo em 2014 Fonte: Tableau Public. Disponível em: <http://public.tableau.com/profile/ifpri.td7290#!/vizhome/2014GHI/2014GHI> Acesso em 11/04/2016. Como pode ser visto, o tema afeta de maneiras diversas os diferentes países do mundo. Além disso, existem diferentes visões a respeito do combate à fome e à miséria. Desse modo, busca-se aqui trazer as principais posições sobre o assunto, na tentativa de ter uma imagem mais clara do problema, bem como de suas possíveis soluções. http://public.tableau.com/profile/ifpri.td7290#!/vizhome/2014GHI/2014GHI CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Brasil Nosso estudo se inicia com a posição do Brasil a respeito do assunto. A preocupação brasileira com a redução da fome e da pobreza não é nova. Apesar disso, o combate a essas mazelas foi por muito tempo quase que exclusivamente uma preocupação interna. Porém, gradativamente, a política externa passou a ser invadida pelo tema, recebendo uma atenção substancial. A presente seção pretende detalhar esse processo historicamente, iniciando com a presidência de Fernando Collor de Mello, passando por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, até chegar a Luiz Inácio Lula da Silva. O governo de Fernando Collor de Mello assumiu contornos predominantemente neoliberais, tanto interna como externamente. O novo governante (o primeiro diretamente eleito após a redemocratização do país) trouxe um discurso de estabilização econômica, modernização do Estado e da economia. Com a ideia do Estado mínimo, houve uma brutal redução dos recursos financeiros para políticas sociais, com um esvaziamento dos programas de alimentação e nutrição. “Além disso, esses programas também se tornaram alvo dos desvios de verbas públicas, de licitações duvidosas e de outros mecanismos ilícitos” (VASCONCELOS, 2005, p. 447). Desse modo, o período foi marcado pela redução dos programas sociais e pela corrupção nos que permaneceram, chegando-se ao ponto de se criar a chamada “CPI da Fome” na Câmara dos Deputados, que apontou inúmeras irregularidades. O descaso com a fome e a pobreza na política interna refletiu- se na política externa, que priorizou a abertura econômica e a aproximação com os países desenvolvidos, especialmente EUA, Japão e Europa. Assim, o modelo nacional-desenvolvimentista que predominava até então estava sendo substituído por um Estado mais liberal. Porém, com os escândalos de corrupção se avolumando e chegando à Presidência da República, Collor sofre um processo de impeachment que culmina com sua renúncia. O governo de Itamar Franco busca, logo no início, reverter a imagem negativa deixada pelo presidente anterior. Isso ocorre também no que se refere CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 ao combate à fome e à pobreza. Assim, o novo presidente assume o compromisso de implantar a Política Nacional de Segurança Alimentar, apresentada pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Em 1993, foram lançados o Plano de Combate à Fome e à Miséria e a proposta do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA). A contraposição a Collor também se reflete no âmbito externo, em que as políticas neoliberais dão lugar à priorização do desenvolvimento. Fernando Henrique Cardoso se elege como sucessor de Itamar Franco, tendo como uma de suas principais conquistas a estabilização econômica com o Plano Real, implementado quando era seu Ministro da Fazenda. No governo FHC, por sua vez, observou-se que os programas de alimentação e nutrição até então existentes continuaram sendo desenvolvidos. Com um enfoque mais liberal que Itamar Franco, FHC incentivou a participação da iniciativa privada e de ONGs nesses programas sociais, defendendo um Estado mínimo. Apesar disso, cumpre destacar a criação do Programa Bolsa Alimentação, que seria um precursor do Bolsa Família. A política externa do período, ao seu turno, esteve mais voltada para outros temas, como a defesa da democracia, a abertura ao exterior e a estabilidade econômica. Desse modo, o discurso do desenvolvimento deixa de ser prioridade da política externa brasileira do período, afastando os temas sociais para um segundo plano. O “Fome Zero”, um dos mais conhecidos programas de combate à fome do mundo, teria sido elaborado ao longo do ano de 2001, por simpatizantes da campanha de Luís Inácio Lula da Silva à presidência. O projeto acaba sendo uma das principais bandeiras da campanha presidencial vitoriosa do então candidato, dando origem ao “Programa Fome Zero” em 2003. No discurso de posse, Lula chega a afirmar que aquela seria a primeira campanha contra a fome no Brasil. Com isso, percebe-se uma retomada na priorização das políticas sociais no país, especialmente na área de segurança alimentar. Para implementar o “Fome Zero”, Lula nomeia o agrônomo José Graziano, um dos idealizadores do projeto, como Ministro Extraordinário de CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Segurança Alimentar e Combate à Fome. O sucesso do programa foi tanto que Graziano foi eleito como Diretor-Geral da FAO em 2011. Além disso, a ONU chegou a declarar, em 2013, que o Brasil teria saído do mapa da fome.Com isso, muitos países têm se inspirado no modelo brasileiro para criar programas próprios de combate à fome. Figura 2 - Charge sobre a saída do Brasil do mapa da fome Fonte: Blog do Kayser. Disponível em: <http://blogdokayser.blogspot.com.br/2014/09/mapa.html> Acesso em 11/04/2016. Cumpre destacar no período a criação do Fundo IBAS (Índia, Brasil, África do Sul) para o Alívio da Fome e da Pobreza, que financia desde 2004 projetos em países em desenvolvimento, com ênfase na África, Oriente Médio e Caribe. Entre as nações beneficiadas estão Cabo Verde, Serra Leoa, Camboja, Laos, Vietnã e Palestina. Para mais informações sobre o IBAS, consulte o site: http://www.scielosp.org/pdf/rbpi/v48n2/a03v48n2.pdf http://blogdokayser.blogspot.com.br/2014/09/mapa.html http://www.scielosp.org/pdf/rbpi/v48n2/a03v48n2.pdf CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Desse modo, constata-se que a política externa do governo Lula desde seu início teve como prioridade o desenvolvimento. Além disso, incorporou elementos internos, como o combate à fome, às suas posições no cenário internacional. Apesar desse sucesso, a imagem brasileira em relação ao tema não se mostra totalmente positiva na cena internacional. O uso dos biocombustíveis por parte do Brasil muitas vezes é alvo de críticas no âmbito internacional. Para os que compartilham dessa visão, os brasileiros estariam convertendo alimento em combustível, contribuindo para o aumento da fome no mundo. O governo brasileiro discorda dessa perspectiva, defendendo que pode haver uma convivência entre a agricultura para a produção de alimentos e energia, especialmente no Brasil. Para encerrarmos essa seção, cabem algumas análises a respeito do combate à fome por parte do Brasil nos últimos quatro governos e seus reflexos internacionais. Iniciando por Collor, percebe-se um descaso com o assunto, tanto no plano interno como externo. Itamar Franco, por sua vez, implementa políticas sociais de segurança alimentar e retoma o discurso desenvolvimentista do passado na política externa. FHC, seu sucessor, apesar de não abandonar o combate à fome, defende políticas neoliberais no campo internacional. Por fim, o governo Lula consegue conciliar políticas públicas de segurança alimentar, cujo maior expoente é o “Fome Zero”, com uma política externa que valoriza os temas sociais, exportando seu exemplo de sucesso para o mundo todo. Vamos nos aprofundar mais nesses conhecimentos? Então, acesse o material on-line e assista ao vídeo que a professora Caroline preparou para você! Estados Unidos Os EUA, como país mais rico do sistema internacional, colaboram para diversas ações de combate à fome e à pobreza. Apesar disso, a Estado também possui problemas internos, derivados especialmente de sua densidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 populacional e relativa desigualdade regional. Desse modo, se por um lado o país estabelece ações de cooperação com os países em desenvolvimento, por outro é visto como vilão, diante de políticas unilaterais egoístas que agravam o problema da fome no mundo. Os EUA são os maiores contribuintes da FAO e se preocupam especialmente com ações de emergência, conservação do solo, segurança alimentar e agricultura sustentável. As mudanças climáticas e seu impacto na fome são objeto de projetos visando a adaptação agrícola e resistência às variações do clima. Também financiam o fortalecimento de capacidades em áreas com monitoramento via satélite, agricultura de conservação e coordenação de atividades em relação a choques climáticos. Um exemplo de cooperação da USAID (Agência dos EUA para o Desenvolvimento Internacional) se dá com Bangladesh e seu Ministério do Meio Ambiente e Florestas, fortalecendo-o em suas capacidades para enfrentar desafios ambientais, florestais e climáticos. Outros órgãos do governo dos EUA também contribuem para o combate à fome em escala global, com projetos florestais, de recursos genéticos, segurança alimentar e nutricional, preparação e resposta a desastres, avaliação de riscos microbiológicos, doenças animais, gerenciamento de águas, controle alimentar, erradicação de pestes, inteligência em relação a doenças e alerta global. Além disso, apoia a conservação dos oceanos, pesca e aquicultura. Outro país que recebe contribuição dos EUA contra a fome é o Timor Leste, por meio do incentivo à agricultura sustentável. Na Etiópia, o reforço ao setor agrícola ocorre principalmente em relação a desastres e conservação do solo. O sul da África também recebe financiamentos direcionados à agricultura sustentável. Na Namíbia e na Angola, por exemplo, a prioridade é o apoio às comunidades agropastoris afetadas pela seca e outros desastres naturais. Outra crítica aos EUA no tema de combate à fome consiste nos subsídios agrícolas. O governo estadunidense oferece um pagamento aos agricultores do país para que seus produtos sejam competitivos com commodities importadas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Para os países em desenvolvimento, isso distorce os preços em âmbito global, encarecendo os alimentos e agravando o problema da fome e da miséria. Negociações globais na área comercial discutem o fim desse protecionismo, especialmente no âmbito da Organização Mundial do Comércio. Apesar disso, a bancada ruralista no Congresso dos EUA é bastante forte, fazendo com que seja muito difícil a derrubada desses subsídios. Desse modo, vê-se que problemas internos acabam afetando a política externa dos EUA, que acabam sendo vistos como um vilão mundial, especialmente quando o assunto é agricultura. Desse modo, percebe-se que há uma preocupação com a fome global na política externa dos EUA. Tal inquietação é canalizada principalmente por meio de cooperação bilateral ou pela FAO. Apesar disso, os EUA sofrem críticas por piorarem o flagelo da fome no mundo. Em primeiro lugar, por enfrentar seus problemas de segurança alimentar por meio de subsídios agrícolas, que prejudicam os países mais pobres, inviabilizando sua produção. Além disso, os EUA são considerados os grandes vilões do aquecimento global, que provoca secas e outros desastres naturais, agravando a fome, a desnutrição e a pobreza no mundo. Figura 3 - Gráfico com os subsídios agrícolas dos países ricos Fonte: Blog Geo Conceição. Disponível em: <http://geoconceicao.blogspot.com.br/2012/01/vestibular-2011-cefet-mg-questao-refere.html> Acesso em 11/04/2016. http://geoconceicao.blogspot.com.br/2012/01/vestibular-2011-cefet-mg-questao-refere.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Apesar disso, numa tentativa de equilibrar a concorrência, atualmente os países emergentes também vêm oferecendo subsídios aos agricultores, especialmente China e Rússia. Figura 4 – Subsídios agrícolas Fonte: Economista de Avental. Disponível em: <http://economistadeavental.blogspot.com.br/2011_06_01_archive.html> Acesso em 11/04/2016. Para tirar as dúvidas, assista ao vídeo que está disponível no material on- line com as explicações da professora Caroline! Europa O estudo do papel da Europa no combate à fome passa também pela análise da posição da União Europeia e de seus principais membros. Desse modo, parte-se do entendimento da visão da Alemanha, França, Reino Unido e Itália, para depois construir uma imagem da atuação do bloco em relação ao tema proposto. A preocupação dos europeus com a fome e a pobreza, assim como em outras partes do mundo, inicialmente fez parte da política interna dos países. Externamente, ganhou ênfase no nível regional por meio do processo de integração, com a Política Agrícola Comum, para depois alcançar o nível global. http://economistadeavental.blogspot.com.br/2011_06_01_archive.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico11 Com a maior economia e população da UE, as principais áreas em que a Alemanha contribui são bioenergia, desenvolvimento de melhora na nutrição e regulação fundiária. Além disso, os alemães se preocupam com o impacto da seca, enchentes e desastres naturais em geral no aumento da fome no mundo. A Alemanha criou um fundo bilateral com a FAO em 2002, com o objetivo de melhorar a segurança alimentar de grupos vulneráveis em países menos desenvolvidos. Os principais beneficiários são o Afeganistão, Serra Leoa, Quênia, Tanzânia e a região da bacia do Congo. Os recursos destinam-se a tesar novas ideias para o combate à fome global e desnutrição por meio de investimentos em agricultura, em áreas como bioenergia, segurança alimentar, nutrição sustentável, desenvolvimento rural, direito à alimentação e governança responsável da posse da terra. Órgãos específicos do governo alemão apoiam, em especial, projetos vinculados às florestas, recursos genéticos, meio ambiente, emergências e desenvolvimento. Desse modo, tais ações visam a implementação do direito à alimentação adequada, reconhecido pela ONU e pelo ordenamento jurídico alemão. Nesse sentido, defende-se que toda pessoa no mundo tem o direito à comida suficiente. A Alemanha trabalha em conjunto com a FAO para que esse direito seja reconhecido na legislação interna e políticas públicas nacionais, monitorando o desenvolvimento e o crescimento econômico. Metas voluntárias foram estabelecidas em países como Tanzânia, Uganda e Serra Leoa. A política externa francesa no assunto, especialmente recentemente, tem se focado na agricultura familiar, agroecologia, mudanças climáticas e governança na área da segurança alimentar. A cooperação da França com a FAO inclui também o reforço de comunidades vulneráveis a desastres naturais, disseminação da pesquisa na área, além de compartilhamento de expertise e capacidades nacionais. A cooperação para o desenvolvimento é uma das principais formas encontradas pelos britânicos para combater a fome e a pobreza. Os focos mais relevantes são a nutrição de crianças e mães, a produtividade da agricultura e a CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 cooperação com outros parceiros para a redução da fome e pobreza no mundo em desenvolvimento. Em parceria com a FAO, o Reino unido apoia a melhora na produtividade, nutrição e renda dos pequenos agricultores por meio de novas práticas, acesso a financiamento e mercados, além de produção e consumo de alimentos mais nutritivos e seguros. As principais áreas de ajuda britânica no combate à fome nas nações em desenvolvimento são a melhora na nutrição de mães e crianças, na produtividade (especialmente África e Ásia) e pesquisa com outros parceiros internacionais. Programas de transferência de renda destinados ao aumento da produção têm sido aplicados na África Subsaariana, em países como Etiópia, Gana, Quênia, Lesoto, Zâmbia e Zimbábue. O impacto de conflitos, desastres naturais, pestes e outras emergências devastadoras na agricultura também geram projetos apoiados pela Grã- Bretanha. Exemplos dessa contribuição podem ser encontrados em relação à crise no Sudão do Sul, choques externos na Somália, furacões nas Filipinas e enchentes no Paquistão. Por fim, incentiva-se a melhora nas capacidades estatísticas para que políticas sejam traçadas de maneira mais efetiva. A Itália é um importante contribuinte para as atividades da FAO, sendo a sede da organização desde 1951. Além disso, configura-se como um dos maiores contribuintes voluntários para o seu orçamento, com foco em segurança alimentar e expertise. Além disso, é um dos países mais afetados pelo problema da migração no Mediterrâneo. Preocupados com a crise humanitária, os italianos têm apoiado a redução da pobreza em área rurais da Tunísia e Etiópia. Outros projetos de segurança alimentar priorizam regiões como o Oriente Médio, Norte e Oeste da África e região do Sahel. A Itália também figura como um dos principais doadores para o Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e Agricultura, assistindo agricultores na gestão, conservação e transferência de tecnologia de recursos fitogenéticos e apoiando a melhora na resistência de plantações. Por CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 fim, os italianos têm financiado projetos para desenvolver cadeias de valor, melhorar sistemas alimentares e reduzir perdas pós-colheita na América Central e África. A União Europeia em muitas situações atua conjuntamente nas relações internacionais. No âmbito da FAO, sua posição coesa foi reconhecida em 1991, quando o bloco foi admitido como membro da organização. Desde então, a UE vem apoiando os esforços de combate à fome por meio de cooperação em segurança alimentar, desenvolvimento rural sustentável, nutrição, resistência a desastres naturais, gênero, qualidade dos alimentos, mudanças climáticas, além de estatísticas e troca de informações. Uma das principais críticas à UE no âmbito do combate à fome parece ser a PAC (Política Agrícola Comum). Essa política tem como preocupação central garantir a segurança alimentar dos europeus, e tem como resultado o uso de subsídios aos agricultores, para que os preços praticados pelos produtores europeus de alimentos consigam competir com aqueles de outras partes do mundo. Segundo os críticos, tais subsídios provocam uma alta global dos preços, prejudicando os países mais pobres e agravando o problema da fome no mundo. Nossos estudos não param por aqui! Veja o que a professora Caroline tem a dizer sobre o assunto no vídeo que está disponível no material on- line! BRICS Os países do agrupamento BRICS têm como característica comum o fato de serem grandes países emergentes, representativos de sua região que, por serem países intermediários, tanto recebem como fornecem ajuda internacional para segurança alimentar. Além disso, são líderes da cooperação Sul-Sul, bem como tendem a ser os mais preocupados com a fome, dos países aqui estudados, por se identificarem como países em desenvolvimento. Como o Brasil já foi estudado no primeiro tema, agora foca-se nas posições da Rússia, Índia, China e África do Sul. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 A Federação Russa contribui com várias ações da FAO ao redor do mundo, como é o caso de programas de merenda escolar no Norte da África e na Ásia. No ano de 2014, os russos contribuíram com a Segunda Conferência Internacional sobre Nutrição. As áreas prioritárias de cooperação com a FAO incluem segurança alimentar, agricultura, florestas, pesca e rotulagem. Além disso, a Rússia é receptora de cooperação internacional para o combate à fome. As perspectivas futuras russas para a cooperação na área de segurança alimentar e nutricional são promissoras em relação aos países em desenvolvimento, com foco na Armênia, Quirguistão, Tadjiquistão, Etiópia e Tanzânia. O programa incluiria troca de informações e lições aprendidas, conectando esses países aos mecanismos de governança globais em termos de segurança alimentar. A cooperação recebida pela Rússia inclui ajuda na elaboração de legislação, como em relação aos recibos de depósitos de grãos, com a participação da FAO, do Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) e do Cazaquistão. Outra lei que vem sendo estudada em parceria com o BERD e a FAO se refere à Cédula de Produto Rural usada no Brasil, que permite o financiamento de plantações tendo como garantia colheitas futuras. Uma característica importante da Rússia diz respeito ao seu território, o maior do mundo. Um grande desafio é a regularização da posse de terra por meio do registro de propriedade no país, que vem avançando bastante por meio da cooperação com o Banco Mundial e a FAO. Para essas organizações, a melhora da governançafundiária no país contribuiria para a segurança alimentar. Dos países aqui estudados, a Índia é o que possui maiores problemas relativos à fome. A cooperação com a FAO leva em conta a complexidade do sistema agrícola indiano, a pecuária, gestão sustentável da água, do solo e recursos naturais em geral, grãos, gado, segurança alimentar e pesca. Enquanto que no início da cooperação os projetos eram focados no aumento da produção agrícola, hoje a FAO atua mais como um facilitador, parceiro de conhecimento e fonte de experiência. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Entre as áreas prioritárias em que a Índia colabora com a FAO está a facilitação da cooperação técnica multilateral, incluindo doenças e pestes transfronteiriças, gestão pesqueira, segurança alimentar (food safety) e mudanças climáticas. A organização também apoia programas governamentais indianos para a redução da fome e da pobreza, por meio de assistência técnica. Projetos piloto para inovação agrícola e rural são incentivados, tendo tido sucesso com águas subterrâneas e irrigação, por exemplo. Como país em desenvolvimento e que sofre com a fome, a China configura-se como receptor de ajuda internacional. A cooperação com a FAO já gerou mais de 400 projetos voltados ao desenvolvimento agrícola com milhões de beneficiários. Vale ressaltar que a China alimenta 20% da população mundial com apenas 9% das terras aráveis e 6% da água doce. A parceria da China com a FAO é considerada promissora tanto para a erradicação da fome no mundo como para a perspectiva de desenvolvimento de capacidade. Além de colaboração em áreas técnicas com a FAO, a China destaca-se também na cooperação Sul-Sul. No âmbito da cooperação Sul-Sul, a China já colaborou com a FAO por meio de aproximadamente mil técnicos e especialistas enviados a muitas regiões, incluindo a África, Caribe, Ásia e Pacífico. As áreas técnicas cobriram temas como irrigação, agronomia, pecuária, pesca, produção de grãos, silvicultura, mecanização, processamento alimentar, entre outros. O governo chinês se comprometeu a continuar com o envio de especialistas a países em desenvolvimento para melhorar a produtividade de pequenos agricultores e pescadores. Além disso, a China contribui para um fundo destinado à melhora da produtividade agrícola em países em desenvolvimento. Quanto à África do Sul, cumpre destacar primeiramente sua posição como país africano e, em segundo lugar, como membro dos BRICS. A recepção da África do Sul no agrupamento dos BRICS contribuiu para reforçar sua posição de potência emergente, sendo o único representante africano no grupo que lidera as aspirações do mundo em desenvolvimento. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 O continente africano figura como o maior receptor global de ajuda no combate à fome e à miséria. Isso se justifica pela situação em que se encontra, sendo a única região do mundo que ainda tem países com índices extremamente alarmantes. A África do Sul encontra-se na chamada África subsaariana, a área com dados mais críticos do continente. Apesar disso, sua situação é uma das melhores entre seus vizinhos, fazendo com que os sul-africanos, em sua política externa, tomem para si a liderança regional na luta por melhorias de vida e também na crítica aos países desenvolvidos por suas políticas que, para muitos, parecem perpetuar a fome, a miséria e a dependência. No âmbito das instituições regionais, os sul-africanos contribuem para o reforço do SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) por meio da capacitação de profissionais para a segurança alimentar. Com o estudo dos BRICS, constatam-se características comuns desses países no combate à fome e à miséria no mundo. Apesar de terem índices de fome diferentes, todas as nações do grupo são fornecedores e receptores de ajuda internacional, liderando os esforços mundiais na cooperação Sul-Sul. Muito interessante, não é? Para saber mais, assista ao vídeo que está disponível no material on-line! Japão e FAO No âmbito da FAO, a preocupação do Japão se dá especialmente em relação à África subsaariana, uma das regiões mais assoladas pela fome no mundo. O crescimento populacional, associado às mudanças climáticas, podem piorar ainda mais a situação. Com uma população predominantemente jovem e rural, o governo japonês acredita que o setor agrícola faz parte da solução para os problemas africanos. Desse modo, a ajuda à região concentra-se no aumento da produção e da produtividade agrícola, especialmente do arroz, além de promover a visão do agronegócio nos pequenos fazendeiros. Os japoneses também se preocupam com situações de emergência que possam provocar a fome, principalmente no continente asiático. No ano de 2014, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 por exemplo, o país contribuiu com ajuda às Filipinas, que foram assoladas por um furacão que destruiu milhões de coqueiros, deixando um milhão de fazendeiros sem fonte de renda. No mesmo ano apoiou a Palestina, debilitada pelo conflito constante, na reconstrução da infraestrutura agrícola e recuperação de atividades como pesca e pastoreio. No âmbito do ASEAN, o Japão contribui com treinamento de capacitação para implementação do chamado Codex Alimentarius, que institui padrões globais na área de alimentação, como rotulagem. Além disso, apoia a Convenção Internacional para a Proteção das Plantas, auxiliando países em desenvolvimento no controle de pestes em plantas. Com relação ao Tratado sobre Recursos Genéticos de Plantas para a Alimentação e a Agricultura, o governo japonês financia um projeto apoiando a sua ratificação e implementação em países asiáticos. O combate à gripe aviária e outras doenças animais transfronteiriças também é alvo de cooperação internacional por meio de partilha de informações com países da Ásia. O compartilhamento de informações também é incentivado na Tailândia e Filipinas, mais precisamente no âmbito do mercado agrícola. O reforço na implementação do Código de Conduta para a Pesca Responsável também recebe ajuda, com foco na pesca ilegal, não-reportada e não-regulada, bem como na sobrepesca e mudanças climáticas. Apesar dessa posição oficial do governo japonês, há acusações ao país em relação à pesca predatória das baleias. Após a Segunda Guerra Mundial, a carne da baleia teria se tornado popular diante da escassez de comida, mas com a recuperação econômica e uma campanha global (“Save the whales”- Salvem as baleias) a baleação teria sido suspensa e proibida. O Japão reconhece que retomou suas atividades pesqueiras em relação às baleias, mas apenas para fins científicos, o que seria permitido pelo direito internacional. Para mais informações, leia a reportagem da revista Veja: http://veja.abril.com.br/blog/duvidas-universais/por-que-os-japoneses-pescam- baleias-mas-nao-comem-a-sua-carne/ http://veja.abril.com.br/blog/duvidas-universais/por-que-os-japoneses-pescam-baleias-mas-nao-comem-a-sua-carne/ http://veja.abril.com.br/blog/duvidas-universais/por-que-os-japoneses-pescam-baleias-mas-nao-comem-a-sua-carne/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Por fim, outros exemplos incluem um projeto de dois anos para a consolidação de informação sobre a função de conservação do solo e da água pelas florestas no México, Nepal e Vietnã. Com isso, constata-se que a política externa japonesa no combate à fome concentra-se na cooperação internacional com os seus vizinhos asiáticos em desenvolvimento. Apesar de ser um dos maiores contribuintes da FAO, o Japão sofre duras críticas por condutas relacionadas à pesca, como é o caso das baleias, e à agricultura, por conta dos subsídios. O último tópico de nosso estudo, porém não menos importante, trata-se da FAO. A instituição tem se destacado por sero mais importante fórum de discussão e implementação de políticas globais para a erradicação da fome no mundo. Apesar disso, sabe-se que suas orientações são dadas pelas principais potências do planeta, destacadas ao longo do presente estudo. Mais especificamente, a organização parece ser controlada por seus membros mais poderosos, especialmente os principais contribuintes, que acabam ditando para onde irão os recursos. Por meio das análises aqui realizadas, percebeu-se que alguns Estados, por investirem esforços na organização, conseguem influenciá-la de uma maneira mais próxima de seus interesses. Exemplo disso é o Brasil, que vem moldando a instituição e suas políticas de maneira excepcional. A eleição do brasileiro José Graziano, idealizador do “Programa Fome Zero”, para o cargo mais importante da organização, ilustra bem o poder do Brasil no âmbito da segurança alimentar. Com isso, o país vem servindo de modelo para as políticas de combate à fome no mundo, além de contar com um ex-funcionário do governo para liderar a sua execução. Também podemos apontar a Itália como membro com força diferencial, especialmente por servir de sede à organização, além de contribuir voluntariamente com recursos acima de seus compromissos. Líderes italianos costumam ser os principais convidados às conferências da instituição em Roma, dando o tom das decisões tomadas pelos diplomatas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Por fim, a FAO tem pedido a seus membros que assumam obrigações para erradicar a fome no planeta. Exemplo disso foi a Cúpula Mundial sobre Segurança Alimentar, realizada em Roma em 1996. Entretanto, tal reunião resultou na adoção da Declaração de Roma sobre Segurança Alimentar, que não tem força mandatória de um tratado internacional. Desse modo, apesar de o direito à alimentação ser reconhecido como um direito humano, deveres precisam ser estabelecidos, portanto muito ainda pode e deve ser feito para que a fome seja eliminada da face da Terra. Figura 5 - Sede da FAO, em Roma Disponível em: Blog Sostenibilitalia. Disponível em: <http://emiliodalessio.blogspot.com.br/2015/10/70-anni-di-fao.html> Acesso em 11/04/2016. Assista ao discurso do brasileiro José Graziano, ex-coordenador do Programa Fome Zero e atual Diretor-Geral da FAO, sobre o combate à fome no mundo: https://www.youtube.com/watch?v=hidm-257VBo Para as explicações da professora Caroline, assista ao vídeo que está disponível no material on-line. http://emiliodalessio.blogspot.com.br/2015/10/70-anni-di-fao.html https://www.youtube.com/watch?v=hidm-257VBo CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Trocando ideias Colabore com a Wikipédia e atualize o site em relação à FAO, destacando a posição das principais potências e fatos atuais como a reeleição de Graziano. Em seguida, acesse o Ambiente Virtual de Aprendizagem e poste sua contribuição no fórum desta disciplina. Dica: compare o site em inglês com o site em português: https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_das_Na%C3%A7%C 3%B5es_Unidas_para_Alimenta%C3%A7%C3%A3o_e_Agricultura Na prática Atividade: simulação de preparação para uma Conferência da FAO para assinatura de um Tratado Global de Combate à Fome, com metas obrigatórias aos países: ■ Passo 1: cada aluno deve escolher um país para representar na simulação; ■ Passo 2: cada aluno deve redigir um documento de posição de uma página, esclarecendo a posição do seu país, podendo ser na forma de discurso. Mais informações em: https://14minionuacnur2020.wordpress.com/2013/09/15/documento-de- posicao-oficial-dpo-como-fazer-pra-que/ Orientações 1. Escolher de preferência um país estudado em aula; 2. Resumir o que foi estudado sobre esse país; 3. Pesquisar mais sobre o tema, especialmente a declaração já assinada e suas limitações: http://www.fao.org/docrep/003/w3613p/w3613p00.HTM 4. Pesquisar a posição desse país em sites governamentais, especialmente no Ministério de Relações Exteriores. Ex: Brasil – https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para_Alimenta%C3%A7%C3%A3o_e_Agricultura https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_das_Na%C3%A7%C3%B5es_Unidas_para_Alimenta%C3%A7%C3%A3o_e_Agricultura https://14minionuacnur2020.wordpress.com/2013/09/15/documento-de-posicao-oficial-dpo-como-fazer-pra-que/ https://14minionuacnur2020.wordpress.com/2013/09/15/documento-de-posicao-oficial-dpo-como-fazer-pra-que/ http://www.fao.org/docrep/003/w3613p/w3613p00.HTM CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 www.mre.gov.br 5. Redigir um documento com a posição oficial do país a respeito do combate à fome no mundo e sua obrigatoriedade. Síntese Na presente aula, pretendeu-se estudar o tema do combate à fome e à pobreza por meio da posição das principais potências do sistema internacional a respeito do tema. Apesar de consensos em torno do combate a essas mazelas, também há discordâncias. Uma das clivagens observadas foi entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. O uso de subsídios agrícolas por parte dos países ricos seria um dos vilões da fome global, inviabilizando a agricultura em países pobres. As mudanças climáticas, apesar de provocarem destruição e fome, ainda não foram enfrentadas da maneira devida. Além disso, apesar do progresso no combate à fome, ela está longe de ser erradicada, não existindo uma obrigação internacional aos países no sentido de combatê-la. Enquanto os Estados forem livres para buscar a segurança alimentar, os esforços dos países ricos serão insuficientes, e os recursos dos países pobres também. Para encerrar seus estudos, assista ao vídeo que está disponível no material on-line. Referências ALMEIDA, P. R. de. Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula. Revista brasileira de política internacional. Brasília , v. 47, n. 1, p. 162- 184, Junho, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 73292004000100008&lng=en&nrm=iso> Acesso em 12/12/2015. AYODELE, T. et al. African perspectives on aid: Foreign assistance will not pull Africa out of poverty. Economic Development Bulletin, v. 2, p. 1-4, 2005. http://www.mre.gov.br/ http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000100008&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-73292004000100008&lng=en&nrm=iso CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Disponível em: <http://www.cato.org/publications/economic-development- bulletin/african-perspectives-aid-foreign-assistance-will-not-pull-africa-out- poverty> Acesso em 12/12/2015. CASARÕES, G. S. P. e. O tempo é o senhor da razão? A política externa do governo Collor, vinte anos depois. 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O IBAS como expressão das coalizões Sul- Sul: o caso do fundo para alívio da fome e da pobreza. Século XXI, v. 4, n. 1, p. 13-26, 2015. Disponível em: <http://seculoxxi.espm.br/index.php/xxi/article/viewFile/94/96> Acesso em: 2015/12/12. PECEQUILO, C. S. A política externa do Brasil no século XXI: os eixos combinados de cooperação horizontal e vertical. Revista Brasileira de Política Internacional. Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, v. 51, n. 2, p. 136- 156, 2008. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/29305> Acesso em: 2015/12/12. PINHEIRO, L. Traídos pelo desejo: um ensaio sobre a teoria e a prática da política externa brasileira contemporânea. Contexto internacional, v. 22, n. 2, p. 305, 2000. SILVA, A. L. R. da. Do otimismo liberal à globalização assimétrica: a política externa do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). 2008. Disponível em: - <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/14743/000665956.pdf?seque nce=1> Acesso em: 2015/12/12. SILVA, M. 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Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo com a fala inicial da professora Caroline Cordeiro. CONTEXTUALIZANDO O desenvolvimento é um dos principais objetivos dos países, afetando tanto a política interna como a política externa dos Estados. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma das mais reconhecidas formas de se mensurar o grau de riqueza dos países (embora não o único), permitindo que os países sejam comparados em relação a esse quesito, auxiliando na melhora dos números em nível global. No Brasil, a preocupação com o desenvolvimento, que sempre ocupou grande espaço dos assuntos internos, passou a fazer parte da política externa, estimulando a cooperação internacional em torno do tema. O índice envolve três temas: saúde, educação e renda. Desse modo, tornou-se possível padronizar métodos para que fossem possíveis medidas globais de promoção do desenvolvimento. Cada país adota medidas próprias e mais adequadas à sua realidade para alcançar seus objetivos, e a cooperação internacional é um desses instrumentos. Nesse âmbito, destaca-se o papel da ONU (Organização das Nações Unidas) e do PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), auxiliando as nações a medirem o desenvolvimento e melhorarem suas condições. O tema em questão afeta de diversas maneiras os diferentes países do mundo. Além disso, existem também diferentes visões a respeito da luta pelo desenvolvimento. Desse modo, busca-se, aqui, trazer as principais posições sobre o assunto, na tentativa de ter uma imagem mais clara do problema, bem como de suas possíveis soluções. Para saber um pouco mais sobre o assunto, acesse aqui os Relatórios Globais sobre Desenvolvimento Humano: http://www.pnud.org.br/HDR/Relatorios-Desenvolvimento-Humano- Globais.aspx?indiceAccordion=2&li=li_RDHGlobais Conheça também os Relatórios de Desenvolvimento Humano do Brasil. Acesse: http://www.pnud.org.br/HDR/Relatorios-Desenvolvimento-Humano- Brasil.aspx?indiceAccordion=2&li=li_RDHBrasil Tema 1: Brasil Nosso estudo se inicia com a posição do Brasil a respeito do assunto. A preocupação brasileira com o desenvolvimento é bastante antiga. Desde a época da colonização, desenvolver o Brasil foi motivo de discussões, uma vez que o pacto colonial impedia políticas desenvolvimentistas, garantindo que a colônia permanecesse dependente da metrópole. http://www.pnud.org.br/HDR/Relatorios-Desenvolvimento-Humano-Globais.aspx?indiceAccordion=2&li=li_RDHGlobais http://www.pnud.org.br/HDR/Relatorios-Desenvolvimento-Humano-Globais.aspx?indiceAccordion=2&li=li_RDHGlobais http://www.pnud.org.br/HDR/Relatorios-Desenvolvimento-Humano-Brasil.aspx?indiceAccordion=2&li=li_RDHBrasil http://www.pnud.org.br/HDR/Relatorios-Desenvolvimento-Humano-Brasil.aspx?indiceAccordion=2&li=li_RDHBrasil Caso tenha interesse, saiba mais sobre como funcionou o pacto colonial entre Brasil e Portugal: http://www.estudopratico.com.br/pacto-colonial/ Após a independência, governos sucessivamente deram mais ênfase ao tema. A diferença no tratamento desses temas se deu, principalmente, em relação ao maior ou menor intervencionismo estatal na economia. Vamos, aqui, detalhar esse processo historicamente, iniciando com a presidência de Fernando Collor de Mello, passando por Itamar Francoe Fernando Henrique Cardoso até chegar a Luiz Inácio Lula da Silva. O governo de Fernando Collor de Mello, como já destacado anteriormente, assumiu contornos predominantemente neoliberais, tanto interna como externamente. O novo governante, primeiro diretamente eleito após a redemocratização do país, trouxe um discurso de estabilização econômica, modernização do Estado e da economia. Com a ideia do Estado mínimo, houve grande redução dos recursos financeiros para políticas sociais, o que afetou setores importantes para o desenvolvimento, como saúde e educação. Desse modo, o período foi marcado pela redução dos programas sociais e pela corrupção nos que permaneceram. O descaso com o desenvolvimento também afetou a política externa, que priorizou a abertura econômica e a aproximação com os países desenvolvidos, especialmente EUA, Japão e Europa. Assim, o modelo nacional-desenvolvimentista que predominava até então estava sendo substituído por um Estado mais liberal. O governo de Itamar Franco busca, logo no início, reverter a imagem negativa do governo anterior, adotando políticas desenvolvimentistas. A contraposição a Collor também se reflete no âmbito externo, em que as políticas neoliberais dão lugar à priorização do desenvolvimento nacional. http://www.estudopratico.com.br/pacto-colonial/ Fernando Henrique Cardoso se elege como sucessor de Itamar Franco, tendo como uma de suas principais conquistas a estabilização econômica com o Plano Real, implementado quando era seu Ministro da Fazenda. Com enfoque mais liberal que Itamar Franco, FHC incentivou a participação da iniciativa privada e de ONGs nos programas sociais, defendendo um Estado mínimo. A política externa do período, ao seu turno, esteve mais voltada para outros temas, como a defesa da democracia, a abertura ao exterior e a estabilidade econômica. Desse modo, o discurso do desenvolvimento deixa de ser prioridade da política externa brasileira do período, afastando os temas sociais para um segundo plano. No governo de Lula, percebe-se uma retomada na priorização das políticas sociais no país, priorizando, portanto, o desenvolvimento. Para encerrarmos essa seção, cabem algumas análises a respeito do desenvolvimento por parte do Brasil nos últimos quatro governos e seus reflexos internacionais. Acompanhe! Collor: nota-se descaso com o assunto, tanto no plano interno como externo Itamar: implementa um número maior de políticas sociais e retoma o discurso desenvolvimentista do passado na política externa FHC: apesar de não abandonar o desenvolvimento, defende políticas neoliberais no campo internacional Lula: consegue conciliar políticas públicas desenvolvimentistas com uma política externa que valoriza os temas sociais Para que uma padronização seja possível, adota-se como base os relatórios do PNUD de 2015 sobre o desenvolvimento humano: http://hdr.undp.org/en/countries/profiles http://hdr.undp.org/en/countries/profiles O referido relatório leva em conta três indicadores para mensurar o IDH: 1. Uma vida longa e saudável – correlaciona-se com a expectativa de vida ao nascer 2. Acesso ao conhecimento – relaciona-se com os anos de educação da população adulta; esse fator é composto por dois indicadores: i. expectativa de anos escolaridade; ii. principais anos de escolaridade, que diz respeito à escolaridade da população acima de 25 anos. 3. Padrão de vida decente – é medido pelo PNB per capita. De acordo com o relatório de 2015, entre 1980 e 2014, o Brasil melhorou muito o seu IDH, sendo, hoje, considerado um país de alto índice de desenvolvimento. IDH Decompondo entre os três fatores que compõem o IDH, o indicador que mais melhorou foi a expectativa de vida, que, inclusive, superou o PNB per capita, que se manteve mais ou menos estável durante o período, tendo pequena melhora. A educação manteve-se como o pior dos indicadores, porém sofreu uma expectativa melhora. A partir de 2014, um novo índice foi criado: o Índice de Desenvolvimento de Gênero (IDG). Nesse caso, o Brasil possui altos índices, em pé de igualdade com a Colômbia e superando o México e a América Latina e Caribe. Tal índice comporta três dimensões: Saúde reprodutiva – é medida pela mortalidade materna e taxas de partos de adolescentes Empoderamento – refere-se aos assentos parlamentares ocupados por mulheres, bem como registro escolar de educação secundária e superior de homens e mulheres Atividade econômica – tem relação com a participação no mercado de trabalho De acordo com o PNUD, esse índice pode ser interpretado como a perda para o desenvolvimento causada pela desigualdade entre homens e mulheres. Relatório de 2015 do PNUD aponta que o Brasil está pior colocado que Colômbia e México nesse quesito, tendo um índice inferior à média latino-americana. O Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), criado em 2010, é utilizado para medir a pobreza em três dimensões: Educação, Saúde e Padrão de vida. Com isso, foi criada uma pontuação de privação: caso se atinja 33,3% ou mais da pontuação máxima, o país é considerado pobre; entre 20 e 33,3% se é considerado próximo de ser multidmensionalmente pobres; se é igual ou maior que 50%, o país pode ser considerado severamente pobre. Segundo as Nações Unidas, “O IPM é um indicador complementar de acompanhamento do desenvolvimento humano e tem como objetivo acompanhar a pobreza que vai além da pobreza de renda, medida pelo percentual da população que vive abaixo de PPP US$1,25 por dia. Ela mostra que a pobreza de renda relata apenas uma parte da história”. Se somente o IDH fosse considerado, hoje, o Brasil poderia ser considerado uma nação desenvolvida. Apesar disso, a desigualdade ainda é muito grande no país e outros índices demonstram que temos um longo caminho ainda a percorrer. Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Caroline tratando deste tema que estamos estudando e conheça mais sobre o assunto. Tema 2: EUA Os EUA, como um dos países mais ricos do sistema internacional, colaboram para diversas ações desenvolvimentistas no mundo. Apesar disso, o Estado também possui problemas internos, derivados especialmente de sua densidade populacional e relativa desigualdade social e regional. Desse modo, se por um lado o país estabelece ações de cooperação com os países em desenvolvimento, por outro é visto como vilão, diante de políticas unilaterais egoístas que perpetuam a dependência e retardam o desenvolvimento do resto do mundo. O alto desenvolvimento dos EUA faz com que o país assuma a liderança dos países ricos no sistema internacional. Quando o assunto é desenvolvimento econômico, os estadunidenses defendem políticas que acabam sendo bastante diferentes das defendidas pelos países emergentes. As principais instituições financeiras internacionais, FMI e Banco Mundial, acabam sendo controladas pelos países ricos, pois são os seus maiores contribuintes. Desse modo, os EUA são acusados de imporem condições muito duras para que os demais países consigam empréstimos junto a essas instituições. Tais regras ficaram conhecidas como Consenso de Washington (sede dessas instituições e capital dos EUA), impondo condições com políticas liberais, abertura financeira e comercial (econômica), alta dos juros, corte de gastos, privatizações, Estado mínimo, entre outras. Os países emergentes, liderados pelos BRICS, têm defendido políticas desenvolvimentistas contrárias, como: Protecionismo em algumas áreas Baixa dos juros Gastos sociais Propriedade do estado em bens essenciais Welfare State Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Caroline tratando deste tema que estamos estudando e conheça mais. Tema 3: Europa O estudo do papel da Europa no desenvolvimento globalpassa também pela análise da posição da União Europeia e de seus principais membros. Desse modo, parte-se do entendimento da visão da Alemanha, França e do Reino Unido, para depois construir uma imagem da atuação do bloco em relação ao tema proposto. A Alemanha, além de contar com a maior economia e população da UE, também possui IDH bastante elevado. Os relatórios passados apontam um contínuo aumento do IDH alemão desde 1980. Em saúde e educação, as melhoras têm sido crescentes. Já em relação ao PNB per capita, após o ápice, em 2012, houve queda nos anos seguintes, impedindo o aumento do IDH. Em comparação com as outras duas maiores economias da UE, a Alemanha está em melhor situação, possuindo IDH acima da França e do Reino Unido, especialmente por conta de um elevado PNB per capita. O índice de desigualdade alemão também é o menor entre os três países. Além disso, está em melhor situação que a média da OCDE e dos países com IDH muito elevado. Entretanto, tem menores índices que França e Reino Unido no desenvolvimento das mulheres, porém melhores que OCDE e países com IDH muito elevado. Com relação aos indicadores trabalhistas, a Alemanha possui, em geral, índices melhores que a média da OCDE e dos países com IDH muito elevado. Exemplos disso são: Baixo emprego na agricultura Baixo desemprego total, de longa duração e de jovens Alta produtividade Baixa taxa de trabalhadores domésticos Alta taxa de recipientes de seguro desemprego, de aposentadoria, de usuários de internet e telefone celular Apesar disso, não apresenta bons números em quesitos como emprego no setor de serviços, empregados com Ensino Superior e licença maternidade. A França, por sua vez, possui índices um pouco abaixo em relação aos da Alemanha. A expectativa de vida tem sido o melhor indicador e também o que mais melhorou entre 1990 e 2014. A educação, apesar de ter melhorado bastante, ainda é o mais problemático dos componentes do IDH. O IDH francês é menor que a média dos países com IDH muito elevado, porém maior que a média da OCDE. A expectativa de vida francesa é maior que a de países como Alemanha e Reino Unido, porém, em termos educacionais e de renda per capita, não tem desempenho tão bom. Acaba ficando para trás em todos os quesitos, inclusive em relação à média dos países com IDH muito elevado e da OCDE, exceto o PIB per capita em relação aos últimos. Já o coeficiente de desigualdade é maior que o britânico e o alemão, porém menor que a média da OCDE e dos países com IDH muito elevado. A desigualdade de renda francesa, por sua vez, é a menor entre todos os países citados. O Índice de Desenvolvimento de Gênero também é apontando como o melhor deles. Por fim, em relação aos indicadores trabalhistas, a França possui melhores números que a média dos países com IDH muito elevado e da OCDE, em vários quesitos. Exemplos disso são: Baixa ocupação na agricultura Alta nos serviços População com educação terciária Poucos trabalhadores informais Alta produtividade Alta taxa de recipientes de seguro desemprego e aposentadoria Alta taxa de usuários de internet O relatório de 2015 colocou o Reino Unido em boa posição no ranking, entre os países com IDH muito elevado. Entre 1980 e 2014, o IDH britânico sofreu evolução praticamente constante. O melhor dos índices sempre foi a expectativa de vida. Educação, por outro lado, era o pior dos indicadores e sofreu evolução considerável. O PNB per capita manteve-se como fator intermediário. Em comparação com a Finlândia e a Áustria, o IDH britânico ultrapassou esses dois países na década de 1990, estando hoje em melhor situação. A situação das mulheres chama a atenção no Reino Unido, especialmente se comparada a França e Alemanha, pois possui o menor número de mulheres parlamentares e a maior taxa de partos de adolescentes, com números piores que a média da OCDE e dos países com IDH muito elevado. Por outro lado, possui o maior número de mulheres com Ensino Superior completo e no mercado de trabalho. Com relação aos dados trabalhistas, possui, em geral, números melhores que a média da OCDE e dos países com IDH muito elevado. Exemplos disso são: Baixa empregabilidade na agricultura e alta nos serviços Alta taxa de trabalhadores com ensino superior Poucos trabalhadores informais Pouco desemprego total e de longo prazo Alta produtividade Recipientes de seguro desemprego Licença maternidade paga Alta taxa de aposentados Usuários de internet e telefone celular Indicadores de IDH de 2014 europeus comparados. Fonte: adaptado de <http://hdr.undp.org/en/countries/profiles>. Os europeus, apesar de, juntamente com os EUA, controlarem as instituições financeiras internacionais, também têm precisado de seus recursos, diante da crise que se abateu no continente. Desse modo, se de um lado temos a Alemanha, que se alinha aos EUA com suas políticas de austeridade nos termos do Consenso de Washington, de outro temos países como a Grécia, que discordam disso. Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Caroline tratando deste tema que estamos estudando e conheça mais. Tema 4: BRICS Os países do agrupamento BRICS têm como característica comum o fato de serem grandes países emergentes, representativos de sua região que, por serem países intermediários, tanto recebem como fornecem ajuda internacional para o desenvolvimento. Além disso, são líderes da cooperação Sul-Sul, bem como tendem a ser os mais preocupados com o desenvolvimento, dos países aqui estudados, por se identificarem como emergentes. http://hdr.undp.org/en/countries/profiles Como o Brasil já foi estudado no primeiro tema, agora foca-se nas posições da Rússia, Índia, China e África do Sul. A Federação Russa ocupa lugar no ranking do PNUD entre as nações de IDH elevado. Apesar de ter sofrido queda na década de 1990, os indicadores russos já superaram os números de 1980, permanecendo o PNB per capita o melhor dos indicadores. A maior melhora de 1980 a 2014, porém, ficou por conta da educação. A expectativa de vida, que sofreu quedas sucessivas em toda a década de 1990, vem melhorando desde os anos 2000. Em comparação com Sérvia e Ucrânia, os três países sofreram revés no relatório de 1995, mas a Rússia continua liderando o ranking do IDH. Também supera o IDH do Casaquistão, dos países da Europa e Ásia Central, além da média dos países com alto IDH. O quesito que mais contribui para o êxito russo é o PNB per capita. Ao mesmo tempo, a desigualdade de renda é bastante elevada na Rússia, havendo maior equilíbrio em relação à educação e expectativa de vida. A desigualdade de gênero é bastante parecida nesses países, não havendo grandes diferenças a serem destacadas. Por fim, em relação aos indicadores trabalhistas, a Rússia apresenta-se mais bem colocada na maior parte deles em relação aos países com IDH elevado e da região (Europa e Ásia Central). Exemplo disso são: Baixa taxa de trabalhadores agrícolas Alta nos serviços Poucos trabalhadores informais Baixa taxa de jovens desempregados Alta taxa de recipientes de seguro desemprego e aposentadoria Muitos usuários de internet e telefone celular A Índia por sua vez, tem sérios problemas de desenvolvimento. A expectativa de vida dos indianos ainda deixa a desejar, mas, de 1980 a 2014, vem ajudando a melhorar o IDH. O PNB per capita não influencia tanto, no caso da Índia, e a educação, apesar de ter melhorado, ainda se apresenta como o pior dos quesitos. Em comparação com os vizinhos Paquistão e Bangladesh, a Índia ainda apresenta IDH superior, especialmente por conta da educação e do PNB per capita. A desigualdade de gênero afeta negativamente o país em relação à região, principalmente em indicadores como alta mortalidade materna e poucasmulheres parlamentares, com números piores que Paquistão, Bangladesh, a média do sul da Ásia e das nações com IDH médio. Por fim, em relação aos indicadores trabalhistas, a Índia também não apresenta bons indicadores, especialmente se comparada a Paquistão e Bangladesh, a média do sul da Ásia e dos países com IDH médio. Isso ocorre em quesitos como alta participação dos trabalhadores na agricultura, baixa nos serviços, muitos trabalhadores informais, pobres trabalhando, poucos recebendo seguro- desemprego, poucos dias de licença-maternidade e poucos usuários de celular. Por outro lado, tem bons números como baixa taxa de desemprego total e de jovens. A China, por sua vez, está colocada entre as nações com IDH elevado. Entre 1980 e 2014, os componentes do IDH chinês sofreram evolução, porém com certa desigualdade. O PNB per capita foi o que mais evoluiu, porém ainda está atrás da expectativa de vida. A educação, apesar de ter melhorado, ficou para trás e, hoje, é o pior dos indicadores. Em comparação com Vietnã e Indonésia, a China ultrapassou o IDH de ambos entre 1980 e 2014, superando o Vietnã na década de 1980 e a Indonésia nos anos 2000. Em 2014, os chineses tiveram melhor expectativa de vida em relação à Indonésia, à média do Leste Asiático e Pacífico e dos países com IDH elevado, empatados com o Vietnã. O PNB per capita também é relativamente elevado, porém perdendo para a média das nações com IDH elevado. Já em relação à desigualdade de gênero, possui números, em geral, melhores que os países mencionados, especialmente à mortalidade materna e adolescentes grávidas. Por fim, com relação aos indicadores trabalhistas, apresenta números relativamente bons, quando disponíveis, especialmente em relação ao desemprego total, recipientes de seguro desemprego e aposentadoria, em uma comparação realizada com a região do Leste Asiático e Pacífico, países em desenvolvimento e com IDH elevado. Na África do Sul, por sua vez, no período de 1990 a 2014, o IDH do país sofreu evolução, impulsionada especialmente pela melhora nos indicadores relativos à educação, que ainda perde para o PNB per capita. A expectativa de vida, por sua vez, sofreu forte queda até 2005 e vem se recuperando desde então, mas não chegou aos níveis de 1990. Em comparação com o Gabão e as Ilhas Maurício, que estavam praticamente no mesmo nível de IDH em 1990, a África do Sul foi ultrapassada e, hoje, possui índice menor. Já em comparação com Congo e Namíbia, os sul-africanos estão em vantagem no IDH, especialmente por conta de fatores como educação e PNB per capita, superando inclusive os países da região (África sub-saariana) e de IDH médio. Em compensação, perde para todos esses países em expectativa de vida. Com relação à desigualdade, possui números que se aproximam dos demais, levando vantagem em educação. Já em questões de gênero, leva vantagem em algumas questões, principalmente no número de parlamentares mulheres, maior que todos os demais. Por fim, em relação aos indicadores trabalhistas, a África do Sul possui números, em geral, melhores que os regionais (África sub-saariana), dos países com IDH médio e em desenvolvimento, como baixa empregabilidade na agricultura, alta nos serviços, poucos trabalhadores informais, poucos pobres trabalhando, alta taxa de recipientes de seguro desemprego e aposentadoria, muitos dias de licença maternidade, usuários de internet e telefone celular. Apesar disso, apresenta números relativamente negativos em relação ao desemprego, tanto total como entre os jovens. Comparativa do IDH dos BRICS para 2014. Fonte: adaptado de <http://hdr.undp.org/en/countries/profiles>. Com o estudo dos BRICS, constatam-se características comuns desses países em relação ao desenvolvimento mundial. Apesar de terem índices de desenvolvimento diferentes, todos as nações do grupo são fornecedores e receptores de ajuda internacional, liderando os esforços mundiais na cooperação Sul-Sul. A criação do Banco dos BRICS parece ser a ação mais contundente do grupo para enfrentar a posição dos países ricos em relação ao desenvolvimento global, rejeitando as políticas de austeridade do FMI e Banco Mundial, principais organizações financeiras internacionais. Assista ao vídeo da professora Caroline tratando deste tema que estamos estudando e conheça mais. Tema 5: Japão O Japão é considerado uma das maiores economias do mundo, membro do G- 7 e o segundo maior contribuinte da ONU. Apesar disso, não está tão bem colocado em relação ao IDH, embora encontre-se entre os países com IDH muito elevado. A expectativa de vida do Japão é o componente que mais eleva o índice, e sofreu substancial evolução ao longo do período 1980-2014. O PNB per capita foi o que menos cresceu no intervalo de tempo. Para compensar, a educação sofreu forte aumento, influenciando bastante o IDH, apesar de permanecer como o pior dos quesitos japoneses. Em comparação com Dinamarca e Islândia, em 1980, o Japão tinha IDH maior que os dois países, sendo ultrapassado por ambos na década de 1990. Outros países com os quais o Japão é comparado são EUA e Coreia do Sul, 8º e 17º no ranking do IDH, respectivamente. Apesar de estarem atrás no ranking, os japoneses se destacam pela expectativa de vida em relação a esses países, superando também a média da OCDE e das nações com IDH muito elevado. Por outro lado, eEducação é a área em que o Japão possui os piores índices comparativos. O relatório do PNUD de 2015 também constata que a desigualdade social no Japão é bastante baixa, menor que os dois países citados e que a média da OCDE, porém superando por pouco as nações com IDH muito elevado. Mais uma vez, a educação é o problema, onde a desigualdade é mais acentuada e superior a todos os números comparados. Em compensação, o Japão é o menos desigual em expectativa de vida e renda. Com relação à desigualdade de gênero, o Japão coloca-se na média dos países comparados, destacando-se pela baixa mortalidade materna. Por outro lado, possui o menor número de mulheres parlamentares. Por fim, em relação aos indicadores trabalhistas, o Japão apresenta: Bons números de trabalhadores com Ensino Superior completo Poucos trabalhadores informais Baixo desemprego total, de longo prazo e entre jovens Poucos jovens sem escola e trabalho simultaneamente Alta produtividade dos trabalhadores Poucos trabalhadores domésticos Muito usuários de internet e telefone celular Por outro lado, apresenta os piores números em relação a seguro desemprego, aposentadoria e licença maternidade, se comparado à média dos países da OCDE e com IDH muito elevado. IDH do Japão de 2014 e comparação. Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Caroline tratando deste tema que estamos estudando e conheça mais. TROCANDO IDEIAS Debata com seus colegas sobre as três variáveis componentes do IDH com base no site do PNUD: http://www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH http://www.pnud.org.br/IDH/IDH.aspx?indiceAccordion=0&li=li_IDH NA PRÁTICA A reflexão prática desta aula é simularmos a preparação para uma Conferência Internacional para a reforma do FMI e do Banco Mundial. Para tanto, deve-se seguir estes dois passos: 1. Escolha um país para representar na simulação 2. Escreva um documento de uma página e posicione-se esclarecendo a posição do seu país (pode ser na forma de discurso) Você pode obter mais informações sobre como elaborar um Documento de Posição Oficial (DPO), acessando o site a seguir: https://14minionuacnur2020.wordpress.com/2013/09/15/documento-de- posicao-oficial-dpo-como-fazer-pra-que/ De forma geral, atente para estes pontos na execução da atividade prática: Escolha, de preferência, um país estudado em aula Resuma o que foi estudado sobre esse país; Pesquisemais sobre o tema, especialmente a reforma já realizada e suas limitações Pesquise a posição desse país em sites governamentais, especialmente ministério de relações exteriores (ex.: <www.mre.gov.br>, no caso do brasil) Redija um DPO do país escolhido a respeito da reforma do FMI e banco mundial SÍNTESE Nesta aula, pretendeu-se estudar o tema do desenvolvimento por meio da posição das principais potências do sistema internacional. Apesar de consensos, também há discordâncias. https://14minionuacnur2020.wordpress.com/2013/09/15/documento-de-posicao-oficial-dpo-como-fazer-pra-que/ https://14minionuacnur2020.wordpress.com/2013/09/15/documento-de-posicao-oficial-dpo-como-fazer-pra-que/ Uma das clivagens observadas foi entre os países desenvolvidos e os países em desenvolvimento. De um lado, observou-se a dominação das instituições financeiras internacionais por parte dos países desenvolvidos. De outro, observou-se a criação dos BRICS como forma de enfrentar esse domínio e as políticas impostas pelo chamado Consenso de Washington. Acesse a versão online da aula e assista à fala final da professora Caroline. Referências ALMEIDA, Paulo Roberto de. Uma política externa engajada: a diplomacia do governo Lula. Revista Brasileira de Política Internacional, v. 47, n. 1, p. 162- 184. Jun. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034- 73292004000100008&lng=en&nrm=iso>. 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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Relações Internacionais Temas da Agenda Internacional e do Brasil Desenvolvimento Aula 3 Prof. Caroline Cordeiro Viana e Silva CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Olá! Seja bem-vindo à disciplina de Temas da Agenda Internacional e do Brasil. Vamos dar início à nossa terceira aula? O tema a ser estudado hoje – a segurança internacional –, será analisado com foco na posição das principais potências do sistema internacional. Começando pela perspectiva do Brasil, passa-se ao estudo dos EUA, principal polo das relações internacionais. Em seguida, foca-se na visão da União Europeia (UE), moldada em grande medida pela Alemanha, França, Reino Unido e Itália. Em uma etapa seguinte, os parceiros do Brasil nos BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul) são abordados. O Japão aparece como último país estudado. Desse modo, pretende-se cobrir a maior parte dos Estados que lideram a formulação da política internacional, envolvendo tanto países desenvolvidos como nações em desenvolvimento. No vídeo que está disponível no material on-line, a professora Caroline fala mais sobre o que será estudado na aula de hoje. Contextualizando O atual regime de segurança global foi moldado majoritariamente pelo último conflito internacional de grandes proporções: a Segunda Guerra Mundial. Por tal motivo, beneficiou os vencedores do referido embate. Atualmente, mais de 70 anos após esse marco das relações internacionais, as regras de segurança internacional permanecem, embora pareçam em parte anacrônicas, uma vez que a realidade mundial passou por várias transformações. Por isso, passamos ao estudo das referidas regras, com foco nas armas nucleares e no desarmamento, apontando a posição das principais potências internacionais a respeito do tema. Com base no Tratado de Não-Proliferação Nuclear, amplamente reconhecido como um dos principais pilares do regime internacional de segurança, os únicos países autorizados pelo tratado a possuir armas nucleares CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 no mundo são EUA, Rússia, Reino Unido, França e China. No entanto, na realidade, outros países também as possuem. Figura 1 – Mapa com as armas nucleares no mundo Fonte: Geografando. Disponível em: <http://f1colombo- geografando.blogspot.com.au/2013/03/tratado-de-nao-proliferacao-de- armas_22.html > Acesso em 03/05/2016. Desse modo, esses países podem ser considerados os países mais importantes do mundo na área de segurança internacional. Veja aqui uma lista atualizada dos países que possuem ogivas nucleares: http://f1colombo-geografando.blogspot.com.au/2013/03/tratado-de-nao-proliferacao-de-armas_22.html http://f1colombo-geografando.blogspot.com.au/2013/03/tratado-de-nao-proliferacao-de-armas_22.html http://f1colombo-geografando.blogspot.com.au/2013/03/tratado-de-nao-proliferacao-de-armas_22.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Brasil Nosso estudo se inicia com a posição do Brasil a respeito do assunto. A presente seção pretende detalhar esse processo historicamente, iniciando com a presidência de Fernando Collor de Mello, passando por Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso até chegar a Luiz Inácio Lula da Silva. O governo de Fernando Collor de Mello, primeiro civil eleito após o regime militar, deu seguimento ao processo de desmilitarização do país. Segundo Jesus, nessa época, o presidente
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