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Tema 01 Aspectos Conceituais de Auditoria CONVITEÀLEITURA Neste tema você tomará conhecimento dos principais aspectos relacionados as atividades de auditoria, a origem da auditoria, seu conceito, seu objetivo, os requisitos para ser auditor, órgãos reguladores da profissão de auditoria no Brasil, tipos de auditoria, obrigatoriedade do uso da auditoria. Uma vez que você tomou conhecimento dos primeiros aspectos da auditoria, poderemos identificar as empresas que, por força de lei ou por realizarem atividades reguladas pelo governo ou por alguma agência, estão sujeitas à auditoria independente de suas atividades e das demonstrações contábeis. Assim, ao final deste tema você será capaz de conceituar auditoria, relacionar os requisitos para ser um au- ditor independente, elencar quais órgãos regulam a profissão de auditoria e quais empresas são obrigadas a realizar auditoria externa. PORDENTRODOTEMA Aspectos Conceituais de Auditoria 1. Origem e Evolução da Auditoria Para iniciar este estudo você deve tentar responder uma pergunta que, apesar de simples, pode causar confusão na grande maioria das pessoas: o que é auditoria? Busque nos seus conhecimentos e faça mentalmente uma descrição da origem e da evolução histórica dessa atividade. Você pode associar o surgimento da auditoria com a contabilidade e assim, retornar muito nas brumas do passado. Para o pesquisador brasileiro Sá (2010, p. 21), se tem notícias de que vestígios de auditoria foram encontrados na antiga Suméria, por volta do ano de 4.500 antes de cristo (a.C.). A pratica da auditoria atual, possivelmente, provém do final do século XVIII como ferramenta de controle da forte expansão econômica advinda da Revolução Industrial, a prática moderna da auditoria aponta que sua evolução se deu para atender necessidades decorrentes da evolução do sistema industrial e comercial, principalmente na Inglaterra onde este 5 PORDENTRODOTEMA fenômeno teve seu ápice. Decorre desse fator uma forte influência da escola britânica na economia e na prática contábil dos países por ela colonizados, inclusive os Estados Unidos da América (EUA). Segundo O’Reilly et al. (1990) apud Yoshitake (2009, p. 9), na Grã-Bretanha existiam dois tipos de auditoria: a) auditoria de cidades; b) auditoria de vilas. Sendo que em ambas auditorias um funcionário do governo local lia publicamente as contas para o enviado do rei, esses auditores anotavam as contas com frases como: “ouvida pelos auditores abaixo- assinados”. De acordo com Lins (2014), a palavra auditoria origina-se do latim audire, que significa ouvir, como podemos perceber na forma como os britânicos faziam. Se no início eram os detentores do poder que queriam saber de suas posses, dos reis sumérios, 4.500 a.C., passando pelos egípcios, 4.000 a.C., pelos chineses, 1.900 a.C., pelos babilônicos, 1.800 a.C., até os romanos, 1.400 d.C. Neste grande período, aproximadamente de 4.500 a.C. até 1.400 d.C., era um controle somente do crescimento do patrimônio, hoje temos um controle das contabilidades das empresas na busca de uma segurança maior para os investidores. Temos nos grandes descobrimentos, como por exemplo as américas, no século XV, em que as viagens que foram financiadas por reinos, igreja católica e terceiros, tais como pelos reinos de Portugal, Espanha e depois da Grã-Bretanha, e pela igreja católica e a classe burguesa, temos notícias que 1.602 foi fundada a primeira Sociedade por Ações com autofinanciamento das arriscadas, que se chamava Companhia Holandesas das Índias Orientais (COSTA, 2013). Na revolução industrial houve as mesmas necessidades de captar recursos financeiros de terceiros. Em outras palavras, para grandes investimentos, é necessário dinheiro e, na maioria das vezes, os investidores externos, tais como: agências financiadoras, bancos, credores, acionistas, etc., precisam aportar este capital. Pense agora que você ou um investidor estão colocando dinheiro num investimento. Como você ou qualquer investidor, podem ter certeza que os recursos vão voltar e lógico com os lucros esperados? Podemos afirmar que, com relação a geração de lucro não se pode ter certeza, somente existe uma expectativa de retorno em qualquer investimento. No entanto, é necessário um mecanismo como a auditoria, para que as prestações de contas sejam confiáveis e as informações do negócio sejam julgadas por alguém de fora da empresa, aumentado o grau de confiança dessas informações. No começo as empresas publicavam suas informações financeiras com base na contabilidade, mas como saber se as informações estavam corretas? Os investidores sentiram a necessidade de um controle externo e independente, talvez nesse momento tenha surgido a auditoria independente. 4 PORDENTRODOTEMA Para que você tenha uma ideia a respeito desse contexto podemos citar a grande crise de 1929 nos EUA e a criação da Security and Exchange Commission (SEC) em 1934 que a profissão de auditor assume importância, já que os EUA assumiram o posto de maior economia do mundo, uma vez que as empresas que transacionavam ações na Bolsa de Valores precisavam dar maior credibilidade em suas informações e assegurar a validade de suas demonstrações financeiras por meio da opinião de auditores. 2. Conceito de Auditoria Como todo conceito cada autor de auditoria tem o seu, que traz ênfase diferenciada, porém, quase todos mantem uma similaridade entre eles. Para nossos estudos iniciais vamos utilizar o conceito trazido pela NBC TA – Estrutura Conceitual: “Trabalho de asseguração é o trabalho no qual o auditor independente visa obter evidências apropriadas e suficientes para expressar sua conclusão, de forma a aumentar o grau de confiança dos usuários previstos sobre o resultado da mensuração ou avaliação do objeto, de acordo com os critérios que sejam aplicáveis.”. (CFC, 2015). Note que a NBC TA Estrutura Conceitual traz o conceito de trabalho de Asseguração que é o gênero, do qual a auditoria é uma espécie. Na lição de Yoshitake(2009) a American Accounting Association (AAA), em 1973, definiu auditoria como: “Auditoria é um processo sistemático de objetivamente obter e avaliar a evidência considerando as afirmações a respeito de ações e eventos econômicos para assegurar o grau de correspondência entre aquelas afirmações e estabelecidos critérios de comunicação de resultados para os usuários interessados.”. (AAA (1973) apud YOSHITAKE, 2009, p. 12). A International Federation of Accountants (IFAC) entende que a palavra “auditoria” deve transmitir aos usuários de demonstrações financeiras uma mensagem de que o auditor “obteve asseguração razoável de que as demonstrações financeiras como um todo estão livres de erros relevantes, independentemente do porte, complexidade ou tipo da entidade auditada”. (IFAC, 2012). Podemos resumir que auditoria é o uso de técnicas apropriadas aplicadas na revisão da contabilidade e das demonstrações contábeis que visam aumentar o grau de confiabilidade das informações. 5 PORDENTRODOTEMA 3. Objetivos da Auditoria O objetivo da auditoria está traçado pela NBC TA 200/09 nos seguintes termos: “O objetivo da auditoria é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. Isso é alcançado mediante a expressão de uma opinião pelo auditor sobre se as demonstrações contábeis foram elaboradas, em todos os aspectos relevantes, em conformidade com uma estrutura de relatório financeiro aplicável.”. (CFC, 2009, item 3). Novamente chamamos a atenção do aluno que cada autor pode descrever o objetivo da auditoria de uma forma mais abrangente ou mais restritiva, por isso optamos pela descrição da NBC TA 200/09, que é fruto de um documento técnico da convergência com a contabilidade internacional. 4. Requisitos Para Ser Um Auditor Independente A esta altura vocêdeve estar se perguntando o é um auditor? Como posso ser um auditor? O que se exige para ser um auditor? a) Registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) A NBC TA 200 utiliza o termo auditor como: “Auditor é usado em referência à pessoa ou pessoas que conduzem a auditoria, geralmente o sócio do trabalho ou outros integrantes da equipe do trabalho, ou, como aplicável, à firma.”. (CFC, 2009). Podemos verificar que existe uma preocupação de como termo auditor será usado internamente às normas. Para Perez Junior (2012, p. 2) “Auditor é o profissional que, possuindo competência legal como contador e conhecimentos em áreas correlatas à Contabilidade”, emitirá sua opinião a respeito das demonstrações contábeis. O aluno pode verificar no conceito que se exige competência legal como contador, ou seja, somente bacharéis em contabilidade podem se habilitar para ser auditor, conforme inciso I, do ar tigo 3° da Instrução CVM 308/98: “Art. 3°. Para fins de registro na categoria de Auditor Independente, pessoa física, deverá o interessado atender às seguintes condições: I – Estar registrado em CRC, na categoria de contador. ”. (CVM, 1998). Pode–se ler que não basta saber contabilidade ou auditoria, deve ser bacharel em contabilidade, passar pelo exame de suficiência e estar inscrito no CRC. Deve ainda comprovar o exercício da pratica de auditoria por cinco anos no mínimo e comprovar educação continuada. 6 PORDENTRODOTEMA b) Registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI) Depois de estar registrado no CRC, o contador deve ser aprovado no Exame de Qualificação Técnica, regulado pela NBC PA 13(R2), a partir desse momento terá seu registro de forma automática no Cadastro Nacional dos Auditores Independentes (CNAI) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a partir da data de publicação do resultado no Diário Oficial da União. Cumprido estas duas etapas o auditor poderá pleitear seu registro na CVM, Banco Central do Brasil, Conselho Nacional de Seguros Privados e outros órgãos específicos. 5. Órgãos Reguladores da Profissão de Auditor no Brasil Você já está percebendo que a profissão de auditor é extremamente regulamentada, bem como o seu exercício, existe uma norma para quase tudo. Iremos agora elencar de forma rápida quais os principais órgãos que regulamenta esta profissão. No Brasil, os principais órgãos emissores de atos que regulamentam a profissão do auditor independente são: • Conselho Federal de Contabilidade (CFC) O CFC é o órgão máximo que regula o exercício da profissão do contabilista no Brasil, no caso específico da auditoria. • Comissão de Pronunciamentos Contábeis (CPC) O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) foi idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC NACIONAL), Bolsa de Mercadoria e Futuros e Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA), Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI) e Instituto dos Auditores independentes do Brasil (IBRACON). Tendo ainda como entidades convidadas: Banco Central do Brasil (BCB), Confederação Nacional da Industria (CNI), CVM, Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), Receita Federal do Brasil (RFB), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP). Por meio da Comissão de Pronunciamentos Contábeis – CPC, expede-se Normas Brasileiras de Contabilidade, Técnica de Auditoria (NBC TA). ⁄ PORDENTRODOTEMA • Comissão de Valores Mobiliários (CVM) Conforme estabelece o art. 1° da Instrução CVM n° 308/1999, o auditor independente, para exercer atividade no âmbito do mercado de valores mobiliários, está sujeito ao registro na CVM. • Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) É o órgão de classe dos auditores, trabalha na defesa dos interesses dos auditores e na manutenção da qualidade da profissão. • Banco Central do Brasil (BCB); Expede normas específicas para auditoria nas instituições financeiras. • Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) Expede normas específicas para auditoria nas instituições de seguros. 6. Tipos de Auditoria Basicamente há dois tipos de auditoria realizadas por auditores: auditoria interna e auditoria externa ou independente. Poderíamos até falar num terceiro tipo que é a auditoria Fiscal, realizada pelos agentes governamentais, mas esta atividade está mais no campo fiscalizatório e não no campo administrativo, razão pela qual não a abordaremos. A principal auditoria é a externa ou independente, que segue os métodos e procedimentos utilizados pela categoria profissional, totalmente regulamentada por normas emitidas pelos diversos órgãos contábeis e reguladores da profissão, não se afastando da aplicação da legislação de cada país. Já a auditoria interna, apesar de seguir os métodos e procedimentos da auditoria externa, tem objetivos distintos, tais como, revisar integralmente os registros contábeis, revisar os controles internos. Enquanto a auditoria externa se preocupa em aumentar o grau de confiança informações, a auditoria interna se preocupa com a eficiência, eficácia e segurança das operações internas da empresa. A auditoria externa é obrigatória por lei para determinadas empresas e a auditoria interna é facultativa, servindo como órgão de apoio a gestão, assegurando que os controles internos estão em funcionamento. 8 Adaptada de: Barreto e Graeu (2014). Em ambas as auditorias poderíamos dividir por área, seguimento, atividade, tais como: auditoria das demonstrações contábeis, auditoria de controle interno, auditoria operacional, auditoria de cumprimento da legislação ou compliance, auditoria de gestão, auditoria de sistema, auditoria tributária e fiscal, auditoria ambiental; ou seja, para qualquer atividade da empresa poderíamos realizar um procedimento de auditoria específico. 9 PORDENTRODOTEMA A auditoria externa ou independente é aquela executada por profissionais ou empresas que não possuem vínculo ou subordinação à empresa auditada, emite uma opinião independente sobre a entidade auditada, já a auditoria interna, por sua vez, é aquela executada pela própria organização, com empregados próprios ou com terceirizados, podendo até ser uma empresa, garante o atendimento dos objetivos institucionais. Enquanto os auditores independentes se dedicam ao exame das demonstrações contábeis, por amostragens e por um curto período de tempo, os auditores internos realizam um trabalho mais profundo, controlando toda a operação da empresa. Usaremos uma pequena tabela para resumir essas ideias. Tabela 1.1: Diferença entre auditoria interna e auditoria externa SO Adaptada de: Hoog (2001). PORDENTRODOTEMA a) Diferença entre Perícia e Auditoria Você não pode deixar de lado que existe dois ramos que partem da contabilidade que causam confusão nos estudantes iniciantes e leigos, que é a perícia e auditoria. De acordo com Hoog (2001) a perícia é a prova elucidativa dos fatos, abrange a totalidade dos fatos, analisando com um rigor muito grande a respeito do assunto tratado, repudia a amostragem utilizada pela auditoria. Já a auditoria é mais uma revisão, verificação, apesar de aumentar a confiabilidade das informações contábeis, tende a ser constantemente repetida de tempos em tempos, com menos rigores metodológicos pois utiliza-se da amostragem. Na tabela abaixo apresentaremos algumas comparações a respeito da perícia e da auditoria. Tabela 1.2 - Quadro Comparativo Entre Auditoria E Perícia Contábil AUDITOR INTERNO AUDITOR EXTERNO Relação do a empresa É empregado da empresa ou terceirizado Não possui vínculo empregatício Grau de IndependênciaMenor Maior Finalidade Comunicar os trabalhos realizados, as conclusões e as recomendações a serem implementadas Emissão de uma opinião sobre a adequação das demonstrações contábeis Tipos de auditoria Contábil e operacional Contábil Público alvo Interno Interno e externo Duração Continua Pontual Volume de testes Maior Menor Quem exerce a atividade Contador registrado no CRC Contador registrado no CRC, CNAI, CVM Documento que produz Relatório Relatório Onde é realizada Qualquer empresa Qualquer empresa Obrigatoriedade Não SIM P E R Í C I A A U D I T O R I A 1- Executada somente por pessoa física. 1- Pode ser executada tanto por pessoa física quanto por jurídica. 2- A perícia serve a uma época, questionamento ou objeto específico. 2 – Repete-se no tempo. 3 – A perícia se prende a uma resposta conclusiva ou não, com o objetivo de esclarecer controvérsias. 3 – Auditoria se prende à asseguração razoável, sobre atos e fatos contábeis. 4 – É restrita aos quesitos e pontos controvertidos, determinados pelo condutor judicial. 4 – Pode ser específica ou não. 5 – Sua análise é irrestrita e abrangente. 5 – Feita por amostragem. 6 – Usuários do serviço: As partes e principalmente a justiça 6 – Usuários do serviço: Sócios, investidores, administradores 7 – As normas técnicas são: NBC PP. 7 – As normas técnicas são: NBC TA. PORDENTRODOTEMA 7. Obrigatoriedade da Auditoria A importância da auditoria nos dias atuais fez com que os órgãos de controle e fiscalização das empresas, principalmente aquelas com ações negociadas nas Bolsas de Valores, tivessem que se submeter a auditoria externa. No Brasil já com a edição da primeira versão da Lei n° 6.404/76 houve a exigência legal da realização da auditoria, nos seguintes termos: Artigo 177, § 3° - As demonstrações financeiras das companhias abertas observarão, ainda, as normas expedidas pela CVM e serão obrigatoriamente submetidas a auditoria por auditores independentes nela registrados. (BRASIL, 1976). Com o processo de convergência da contabilidade a alteração proporcionada pela Lei nº 11.638/07, incluiu artigo 177 o § 5° - As normas expedidas pela CVM a que se refere o § 3o deste artigo deverão ser elaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. (BRASIL, 1976). Você pode perceber que existe a exigência da auditoria, e que seja realizada por auditor independente, registrado na CVM, e que faça as ligações necessárias para a regulação da auditoria, da profissão e da inscrição. Sem contar que existe a exigência de que devemos seguir os padrões internacionais de contabilidade, as normas de convergência. Outro elemento que temos atualmente, se refere a equiparação das empresas de grande porte às sociedades de capital fechado. Ou, seja, aquelas empresas que tem ativo total ou superior a R$ 240 milhões, ou receita bruta anual superior a R$ 300 milhões, não importando o tipo de organização societária, se S.A. ou Ltda, estão sujeitas as normas da Lei n° 6.404/76, ou seja, a obrigatoriedade da auditoria externa. As entidades de fins filantrópicos também são obrigadas a se submeterem a auditoria externa por força do Decreto n° 2.536/98, para fins de concessão do Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos. As instituições financeiras de modo geral também são obrigadas a realizar auditoria externa por força da Resolução n° 2.267/96 do Banco Central do Brasil (BACEN), além dos fundos de investimentos autorizados pelo BACEN e as administradoras de consórcios. Existe também a exigência pelo Conselho Nacional de Seguros Privados, que por meio da resolução CNSP n° 118/2004 determina que as sociedades seguradoras, de capitalizações e entidades abertas de previdência complementar tenha auditoria externa, inclusive um Comitê de Auditoria. Por último temos as empresas submetidas a outros órgãos, tais como: SS Sł Fonte: Elaborada pelo autor. É possível que outras exigências sejam feitas por instituições financeiras, por acionistas, por determinação estatutária ou social, ou por qualquer outro contrato particular que a empresa estabeleça, mas nestas hipóteses temos cláusulas particulares. Tabela 1.3 – Empresas obrigadas a fazer auditoria externa PORDENTRODOTEMA Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) Secretaria de Previdência Complementar (SPC) ACOMPANHE NA WEB S5 Questão 3 É uma característica da auditoria interna: a) manter independência total da empresa. b) ser sempre executada por profissional liberal. c) emitir parecer sobre as demonstrações financeiras. d) revisar integralmente os registros contábeis. e) existir em todas empresas de capital aberto. Questão 2 Quais os passos para se obter o registro de auditor independente no Brasil? AGORAÉASUAVEZ Instruções: Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. Questão 1 Comente a respeito da importância da revisão dos registros contábeis para assegurar o investimento do capital? S6 Questão 5 De acordo com a legislação vigente a auditoria externa é realizada: a) pelo diretor presidente da empresa auditada. b) por um (ou mais) funcionários da assessoria da empresa. c) pelo funcionário responsável pela caixa da empresa. d) por um (ou mais) diretores executivos da empresa, especialmente designados. e) por um (ou mais) profissionais independentes, habilitados, especificamente contratados pela empresa para tal. AGORAÉASUAVEZ Questão 4 O objetivo da auditoria contábil é: a) a análise do sistema contábil e do sistema de controle interno. b) a execução do programa de auditoria. c) emissão de relatório sobre a adequação de parte das demonstrações contábeis. d) a aplicação das políticas de compliance. e) é aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. FINALIZANDO Neste tema você tomou conhecimento de como a auditoria teve sua origem, os conceitos básicos de auditoria, seu objetivo, os requisitos para ser um auditor independente, as principais entidades que regula a profissão do auditor no Brasil, os dois tipos principais de auditoria, a diferença básica entre auditoria e perícia e por fim quais empresas são obrigadas a se submeter a auditoria externa. No próximo tema você tomará conhecimento das principais normas que regula o exercício da atividade de auditoria e suas implicações no dia-a-dia do profissional que faz auditoria independente. GLOSSÁRIO Revolução Industrial: foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas, que proporcionou um avanço no comércio mundial, principalmente, pela Inglaterra. Investidores: são as “[...] pessoas físicas ou jurídicas que participam diretamente no mercado, seja comprando ou ven- dendo ações, por si próprios, assumindo sozinhos o risco” (PINHEIRO, 2001, p.90), ou seja, são pessoas como eu e você ou ainda empresas ou pessoas jurídicas que investem seu capital em empreendimentos de terceiros. Bolsa de Valores: As bolsas de valores são sociedades anônimas ou associações civis, com o objetivo de manter local ou sistema adequado ao encontro de seus membros e à realização entre eles de transações de compra e venda de tí- tulos e valores mobiliários, em mercado livre e aberto, especialmente organizado e fiscalizado por seus membros e pela CVM. Possuem autonomia financeira, patrimonial e administrativa(BRASIL, 2000). NBC TA: Sigla de Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica de Auditoria, onde estão definidas as regulamentações da profissão de auditor, fazem parte do processo de convergência da contabilidade. Compliance: O termo compliance tem origem no verbo em inglês to comply, que significa agir de acordo com uma regra, uma instrução interna, um comando ou um pedido, ou seja, é estar em conformidade com leis e regulamentos externos e internos. łO Questão 1: Resposta: Sendo uma exigência a realização de auditoria para as empresas de capital aberto, as de grande porte, aquelas que operam no mercado financeiro e outras que por exigências de agências reguladoras ou de contrato entre os sócios. A auditoria é um importante instrumento de controle e transparência das informações contábeis, principalmente com a aprovação da lei anticorrupção, onde são penalizados os gestores. Dessa forma assegurar que a gestão da empresa está seguindo as Normas Brasileiras de Contabilidade e a legislação vigente no país aumenta o grau de confiabilidade do investidor. Questão 2: Resposta: Primeiro ser um bacharel em contabilidade, ser aprovado no Exame de Suficiência, após exercer a atividade de auditoria por cinco anos no mínimo, ser aprovado no Exame de Qualificação Técnica, do CNAI, por fim obter seu registro na CVM e outros órgãos de controle. Questão 3: Resposta: Alternativa D. Revisar integralmente os registros contábeis. Questão 4: Resposta: Alternativa E. É aumentar o grau de confiança nas demonstrações contábeis por parte dos usuários. Questão 5: Resposta: Alternativa E. Por um (ou mais) profissionais independentes, habilitados, especificamente contratados pela empresa para tal. GABARITO Tema 02 Normas e Responsabilidade em Auditoria CONVITEÀLEITURA Neste tema você vai tomar conhecimento sobre as principais normas relacionadas ao trabalho dos auditores in - dependentes ou internos. Com destaque para o Código de Ética Profissional, as Normas Brasileiras de Contabilidade, Profissionais de Auditoria e por final as Normas Brasileiras de Contabilidade, Técnicas de Auditoria, devidamente con- vergentes as normas internacionais. Você ficará por dentro de vários conceitos trazidos pelo processo de convergência das normas de auditoria. Ao final você poderá identificar a importância do Código de Ética na profissão de auditor, sentir que as normas profissionais de auditoria trazem bastante exigências para o exercício da profissão, tais como a qualidade da firma, o exame de qualificação técnica, regras rígidas para que se mantenha a independência do auditor, a exigência da revisão dos trabalhos das firmas de auditoria, sua capacitação profissional. Após estudarmos as normas técnicas o aluno vai ser capaz de traçar o roteiro de um trabalho de auditoria. Por fim será capaz de explicar alguns conceitos tra- zidos pela convergência internacional. PORDENTRODOTEMA Normas e responsabilidade em auditoria A auditoria “contábil” por ser uma técnica praticada no mundo inteiro, é uma especialização contábil, por este fato torna-se necessário que exista um conjunto de regras básicas padronizadas. As normas de auditoria, tal qual as normas de contabilidade, foram adaptadas no Brasil, por força dos acordos de convergência internacional dos padrões contábeis. Decorre disso que a profissão de auditor é totalmente regulamentada por leis e normas. Assim as normas que estudaremos neste tema serão fundamentais para que o auditor possa exercer sua profissão com segurança, seguindo um roteiro preestabelecido, que representam um conjunto de técnicas, procedimentos e rotinas necessários para o 5 4 Fonte: (LONGO, 2015, p. 7) PORDENTRODOTEMA adequado do exercício profissional de auditor das demonstrações financeiras, também conhecido como auditor externo ou independente. Quando pensamos nas Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC) temos que partir do Código de Ética Profissional do Contabilista, das Normas de Contabilidade, das Normas de Auditoria Independente e de Asseguração, Normas de Auditoria Interna e Normas de Perícia. Interpretando o artigo 7º da Resolução CFC nº 1.328, de 18 de março de 2011, nós temos a forma de se ler as abreviaturas das NBC, seguido da abreviatura das normas técnicas, com o seu número. Exemplo: NBC, Técnica Auditoria (NBC TA), NBC, Profissional de Auditoria (NBC PA), como apresentado na Tabela 2.1. Assim temos na tabela 2.1, normas técnicas, conforme artigo 4º da Resolução CFC 1.328/11, que levando em consideração o processo de convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais, utilizando os mesmos padrões das normas internacionais emitidas pelo International Accounting Standards Board (IASB) e pelo International Federation of Accountants (IFAC), apresentou as seguintes nomenclaturas: Nos ensinamentos de Longo (2015, p. 7) podemos resumir as normas profissionais e técnicas da seguinte forma: Tabela 2.1 Resumo das normas profissionais e técnicas. PORDENTRODOTEMA I - Geral - NBC TG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade convergentes com as normas internacionais [...]. II - Do Setor Público - NBC TSP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público, [...]. III - De Auditoria Independente de Informação Contábil Histórica - NBC TA - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria [...]. IV - De Revisão de Informação Contábil Histórica - NBC TR - são as Normas Brasileiras de Contabilidade [...]. V - De Asseguração de Informação Não Histórica - NBC TO - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Asseguração [...]. VI - De Serviço Correlato - NBC TSC - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas aos Serviços Correlatos [...]. VII - de Auditoria Interna - NBC TI - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Auditoria Interna. VIII - de Perícia - NBC TP - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicáveis aos trabalhos de Perícia. IX - De Auditoria Governamental - NBC TAG - são as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas à Auditoria Governamental [...]. 1. O Código de Ética Profissional A tabela 1.1 indica que o Código de Ética perpassa por toda a profissão de contabilidade, com o estabelecimento da contabilidade como uma profissão não poderia deixar de ter o seu código de conduta, por meio da Resolução do Conselho Federal de Contabilidade No. 803/96, de 10 de outubro de 1996, apresentou o Código de Ética Profissional do Contabilista (CEPC), que teve sua atualização para ficar em sintonia com as normas internacionais em 2010, por meio da Resolução CFC nº 1.307/10, de 09/12/2010. Para a atividade de auditoria o artigo 5° do CEPC traz uma série de regulamentações para o exercício da profissão, tais como: recusar prestar serviços quando reconheça não ter as qualificações técnicas necessárias. Ex: Ser convidado para prestar auditoria em uma holding que tenha bancos, e você não ter conhecimentos da contabilidade bancária; Não ser tendencioso em suas interpretações. Ex: Querer agradar seu contratante e informar mais qualidades do que realmente existe; mantendo sempre a sua independência na elaboração de relatórios. Ex: Deixar se lavar pelos honorários e ficar 5 PORDENTRODOTEMA dependente do seu contratante para fechar novos contratos; não declarar suas convicções pessoais, mantando fiel aos quesitos ou aos fatos encontrados, manter sua imparcialidade na emissão de seus relatórios, destacar fatos que possa comprometer seu trabalho, somente emitir opinião a respeito de fatos se existir documentos que os comprovem, destacar equívocos ou divergências na aplicação da NBC e dos Princípios de Contabilidade, declarar-se impedido sempre quehouver incompatibilidade com as restrições das NBCs e atender à fiscalização do CRC e CFC, quando solicitado apresentar os documentos das auditorias realizadas. Ex: Existe uma demanda entre a empresa e acionistas que alegam que seu relatório influenciou em decisões erradas e existe uma solicitação judicial para apresentação dos documentos de auditoria. Estes mesmos conceitos você irá rever quando estudarmos parte das NBC TA e PA, que são reafirmados nas normas internacionais. 2. As Normas Brasileiras de Contabilidade Novamente a tabela 1.1 nos auxilia a entender que o auditor deverá conhecer as NBC aplicadas à contabilidade, ou seja, para ser um auditor o profissional deverá conhecer profundamente os Princípios de Contabilidade, os CPCs, na atualidade temos 48 CPCs, conforme podemos pesquisar no site do Comitê de Pronunciamento Contábeis (CPC). (CPC, 2013). Esses pronunciamentos estarão na atividade do auditor contábil dia-a-dia, durante toda a realização dos trabalhos, porque o que se busca é aumentar o grau de confiança das Demonstrações Contábeis. Você pode imaginar que a cada vez que o auditor for aplicar um procedimento de auditoria num item do balanço, por exemplo estoques, este procedimento deverá ter uma conexão com o CPC correspondente que trata do estoque, que é o CPC 16, e assim para todos os grupos de contas. O estudo dos CPCs é uma fonte primordial para o exercício da contabilidade e da auditoria. 3. Normas Brasileiras de Contabilidade de Auditoria No Brasil após a convergência internacional, temos dois grupos de normas, o primeiro são as NBC PA, como o aluno deve ter percebido na tabela 1.1, são Normas Brasileiras de Contabilidade, Profissionais de Auditoria e o segundo, são as NBC TA, Normas Brasileiras de Contabilidade, Técnica de Auditoria. 6 8 Elaborado pelo autor. b) Normas Brasileiras de Contabilidade, Técnica de Auditoria As NBC TA, são as Técnicas de Auditoria e Asseguração, que são as normas internacionais: International Standards on Auditing (ISAs), emitidas pela International Auditing and Assurance Standards Bord (IAASB) um órgão ligado ao IFAC, que sua introdução no Brasil e nos países que aderiram à convergência se deu por meio de tradução literal e inclusive mantendo os mesmos números das ISAs, para melhor comparação e aplicação. São normas técnicas que estabelecem conceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados a auditoria, atualmente, possuem um número de 37 NBC TAs divididas em várias seções, como veremos a seguir. PORDENTRODOTEMA Na tabela abaixo podemos resumir as NBC PAs comentadas de forma resumida. Tabela 2.2 – Normas Brasileiras de Contabilidade, Profissionais de Auditoria PORDENTRODOTEMA a) Normas Brasileiras de Contabilidade, Profissionais de Auditoria São as normas que estabelecem regras de exercício profissional do auditor independente ou da firma de auditoria. São várias NBC PA mas para nossos propósitos trabalharemos somente com cinco normas que são: I. A NBC PA 01 trata do Controle de Qualidade para Firmas e de Auditores Independentes, você deve notar que o controle de qualidade se dá em nível de firma ou do profissional liberal. Esta norma tem sua equivalente na NBC TA 220 que trata da qualidade dos trabalhos de auditoria e dos serviços prestados nas auditorias. Ex: Qualidade na empresa: a empresa deve ter o mínimo de qualidade nos serviços, tais como: manual de procedimentos, arquivamento seguindo normas de arquivologia, ter um serviço de atendimento ao cliente, canal de comunicação, treinamentos de colaboradores e de sócios, etc. Qualidade do serviço: Manter uma lógica, reuniões com pauta e atas precisas, documentação livres de rasuras, equipe treinada para o serviço, plano de auditoria seguido com rigor, relatórios e memorandos concisos e pontuais, etc. II. Para a NBC TA 290 (R1) a Independência dos trabalhos de auditoria e revisão é fundamental para a profissão. Os auditores independentes devem exercer seu ofício com total independência da empresa auditada, não podendo sofrer influência na elaboração de suas conclusões. Existe muitos impedimentos que o auditor deve estar atento para não invalidar seus trabalhos, tais como: ter tido vínculo trabalhista com a empresa auditada, ter parentes na sociedade ou na administração da empresa, não ter interesse financeiro na empresa, etc. Na NBC PA 200 temos várias orientações a respeito da independência do auditor. (LINS, 2014). Caso o auditor note que está perdendo a independência deverá criar mecanismos de proteção para que isto não ocorra; se persistir ou não conseguir minimizar o risco de perda de independência deverá comunicar a empresa e deve deixar os serviços. III. Para a NBC TA 11 as empresas de auditoria e os auditores independentes deverão se submeter a cada quatro anos a uma auditoria externa, para revisar os trabalhos realizados. IV. A NBC TA 12 prevê que o auditor independente ou qualquer contador que trabalhe em empresas de auditoria deve comprovar a realização de no mínimo 40 horas de Educação Profissional Continuada. As horas realizadas devem ser divididas em áreas de conhecimentos específicas, estabelecida na própria norma. (JUNIOR, 2012). V. A NBC PA 13 trata do Exame de Qualificação de Auditoria para inscrição no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI), que tem como objetivo medir a qualificação dos candidatos a realização de auditoria. ⁄ Nomenclatura Descrição da norma NBC PA 01 Controle de Qualidade para Firmas (Pessoas Jurídicas e Físicas) de Auditores Independentes. NBC PA 290(R1) Independência – trabalhos de auditoria e revisão. NBC PA 11 Revisão Externa de Qualidade pelos Pares. NBC PA 12 Educação Profissional Continuada. NBC PA 13 Exame de qualificação de auditoria. PORDENTRODOTEMA Tabela 2.3 – Resumo das NBC TAs S eções das N BC TA 01 200 300 402 500 600 700 800 210 315 450 501 610 705 805 220 320 505 620 706 810 230 330 510 710 240 520 720 250 530 260 540 265 550 560 570 580 Elaborado pelo autor. A primeira seção de norma é a NBC TA 01, composta somente por uma norma, que trata da estrutura conceitual dos trabalhos de asseguração, detalha de maneira geral a respeito de todo os trabalhos de asseguração. O termo asseguração é o gênero e diz respeito à segurança que os trabalhos de auditoria, que é uma espécie de asseguração, devem passar para os relatórios de auditoria. A segunda seção de NBC TA que inicia como o n° 200 e vai até o n° 265, este conjunto é composto por oito normas, que trata da base inicial dos trabalhos, que faremos um breve resumo de cada uma: I. NBC TA 200 que trata dos objetivos gerais do auditor independente e a condução da auditoria em conformidade com normas de auditoria, também chamada de mãe de todas as normas, porque as demais normas devem ser lidas tendo como base esta norma. II. NBC TA 210 que trata da contratação dos serviços de auditoria, firmado por uma carta de contratação ou por outro meio que se comprove a contratação, é o estabelecimento do “campo de trabalho” que as partes irão observar. III. NBC TA 220 trata do controle de qualidade dos trabalhos de auditoria, já que a qualidade da empresa ou do auditor independente é tratada na NBC PA 01. IV. NBC TA 230 é a norma que trata da documentação da auditoria. São todos os registros de um trabalho de auditoria, que se inicia na primeira reunião para contratação e passa por cada documento examinado e papéis de trabalho realizado, pode ser em forma de papel ou em forma digital. Após os trabalhos concluídos e apresentação do relatório 9 PORDENTRODOTEMA o auditor tem 60 dias para finalizar a documentação e tem a responsabilidade de guardar por no mínimo cinco anos. Somente pode dar conhecimento dos dados ao cliente, se solicitado por juiz,ou em procedimentos do CFC ou CRC na forma da lei. V. NBC TA 240 é a responsabilidade do auditor em relação à fraude, no contexto da auditoria de demonstrações contábeis. Não é prioridade localizar uma fraude, mas pelas novas normas, o auditor sabe que fraudes podem existir e ele deve seguir esta norma para produzir evidências, relatar sua ocorrência e sugerir mecanismos para sua, possível, eliminação. VI. NBC TA 250 são as considerações de leis e regulamentos na auditoria das demonstrações contábeis, é a forma que o auditor dever verificar se as leis e regulamentos, tanto legal como da empresa, estão sendo cumpridos. VII. NBC TA 260 trata do canal de comunicação com os responsáveis pela governança, é a forma que o auditor deve se comunicar com os responsáveis pela empresa, para boa condução dos trabalhos e para dar respostas aos riscos e distorções encontrada. VIII. NBC TA 265 trata da comunicação de deficiências do controle interno, significa que durante os trabalhos podem surgir distorções nos controles internos que comprometem os serviços de auditoria de devem ser reportadas para os responsáveis pela empresa. Na terceira seção de normas temos quatro normas, que são: I. NBC TA 300 que trata do planejamento da auditoria de demonstrações contábeis, é uma norma de suma importância para a auditoria, pois é neste passo que todo o trabalho de auditoria vai ser desenhado e o auditor vai estabelecer os planos de auditoria para cada empresa. Dedicaremos uma aula somente para estudar isto. II. NBC TA 315 é o momento de identificação e avaliação dos riscos de distorção relevante por meio do entendimento da entidade e de seu ambiente. Juntamente com o planejamento o auditor vai conhecer a empresa e seu ambiente, ou seja, conhecer o negócio de seu cliente, para tentar delinear os riscos e as distorções relevantes para os procedimentos de auditoria. III. NBC TA 320 trata da materialidade no planejamento e na execução da auditoria. É identificar os possíveis números padrões da empresa, do setor, com as informações do negócio da empresa é possível estabelecer como deveria ser os parâmetros da empresa auditada, qualquer distorção é motivo para chamar a atenção do auditor. SO PORDENTRODOTEMA IV. NBC TA 330 é a resposta do auditor aos riscos avaliados. Iniciando no planejamento, conhecendo o negócio da empresa e definindo a materialidade poderá surgir riscos de distorção relevante é o momento que o auditor vai estabelecer procedimentos de auditoria em respostas as distorções relevantes ou aos riscos encontrados. No conjunto da seção quatro temos somente duas normas: I. NBC TA 402 que trata das considerações de auditoria para entidade que utiliza organização prestadora de serviços. São os serviços de contabilidade realizados fora da empresa, que se existir, o prestador de serviços também deverá ser auditado. II. NBC TA 450 é a avaliação das distorções identificadas durante a auditoria que leva o auditor a medir o grau de comprometimento de seu relatório, se os dados encontrados podem alterar as informações das demonstrações contábeis, ou se as distorções não foram corrigidas pela administração. O auditor vai avaliar se isto compromete ou não seu relatório. Na seção cinco temos onze normas, que trata do chamado núcleo central da auditoria, são as normas da parte operacional da realização da coleta de evidências, procedimentos a serem aplicados, amostras, como veremos nas descrições: I. NBC TA 500 elenca as diversas formas como o auditor evidencia o seu trabalho, utilizando de meios, tais como: indagação, recálculo, reexecução, observação, aplicação de procedimentos analíticos e confirmações com fontes externas. As evidências de auditoria deverão ser apropriadas e suficientes. II. NBC TA 501 nesta norma a evidência de auditoria são das considerações específicas para itens selecionados, como certos aspectos da conta “Estoque” do ativo (CPC 26), assim como os litígios e reclamações, envolvendo a entidade, e informações por segmentos (CPC 22) na auditoria das demonstrações contábeis. Neste caso precisa estar em conformidade com a NBC TA 330, NBC TA 500 e outras normas relevantes. III. NBC TA 505 são as confirmações externas, realizadas por meio principalmente das inspeções e da circularização. IV. NBC TA 510 trata dos saldos iniciais, na primeira auditoria, neste caso o auditor tem que emitir sua opinião a respeito dos saldos existentes no ano anterior, inclusive devendo se manifestar se as auditorias anteriores foram realizadas em cumprimento as normas de auditoria. V. NBC TA 520 os procedimentos analíticos, chamado também de procedimentos substantivos, são aplicados durante todo o processo de auditoria, pode iniciar no planejamento e ir até a formulação da opinião no relatório final de auditoria. SS PORDENTRODOTEMA VI. NBC TA 530 esta norma trata da amostragem da auditoria. É ideal que o auditor se utilize de modelos estatísticos para definir suas amostras, com isso pode se evitar distorções relevantes nos dados. VII. NBC TA 540 trata da auditoria de estimativas contábeis, inclusive do valor justo, e divulgações relacionadas. Sabe- se que as estimativas, cálculo do valor justo são julgamentos que os contadores fazem para contabilização de alguns valores, são muitos CPCs, tais como: CPC 1, 13, 16, 25, 38 e 40. É fundamental que o auditor aplique esta norma em conjunto com o CPC específico a cada caso. VIII. NBC TA550 trata das partes relacionadas, área de bastante risco para a auditoria, pelas próprias características das relações comerciais entre partes relacionadas conforme o CPC 5. São muitos itens a serem testados pelo auditor neste caso. IX. NBC TA 560 os eventos subsequentes, são fatos que o auditor somente vai tomar conhecimento após a entrega do relatório final de auditoria que vão influenciar as demonstrações contábeis ou a continuidade da empresa auditada, assim vão impactar as considerações e as responsabilidades do auditor. Aplica as regras dessa norma para fazer ressalvas ou dar explicações aos usuários das informações das demonstrações contábeis. Deve-se aplicar esta norma com o complementa do CPC 24. X. NBC TA 570 trata da continuidade da empresa. Aaplicação do pressuposto da continuidade é basilar da contabilidade, as empresas são constituídas para trabalhar por tempo indeterminado, o item 25, do CPC 26, estabelece normas para a situação contrária, ou seja, a descontinuidade e encerramento da empresa. Esta norma além da NBC TA 200, item 23, devemos aplicar paralelamente com a NBC TA 315. XI. NBC TA 580 são as regras das representações formais. É o momento que o auditor busca documentar que as distorções relevantes são de responsabilidade do administrador da empresa, assim faz com que o administrador declare estar ciente de que tudo tem que ser informado para auditoria. Na seção seis temos três normas, que tratam da auditoria de grupos econômicos e usos de trabalhos de terceiros, como veremos: I. NBC TA 600 são as considerações especiais a respeito de auditorias de demonstrações contábeis de grupos, incluindo o trabalho dos auditores dos componentes. Essa norma traz como novidade a responsabilidade do auditor do grupo por toda auditoria realizada nas empresas conexas (componentes) independente se foi realizado por ele ou não. Sł PORDENTRODOTEMA II. NBC TA 610 trata da utilização do trabalho da auditoria interna, traz as regras para se usar os trabalhos já realizados pelo auditor interno, tal qual a responsabilidade da NBC TA 600, o auditor assume a responsabilidade pelas informações utilizadas. III. NBC TA 620 trata da utilização do trabalho de especialistas. O auditor não é um sabe tudo e às vezes é necessário contratar um especialista para realizar alguns procedimentos de auditoria, são as regras e quando se pode utilizar relatórios de especialistas nos trabalhos, mesmo assimo auditor assume total responsabilidade pelos julgamentos realizados com base neste trabalho. Na seção sete temos cinco normas que tratam do relatório final da auditoria, é o momento em que o auditor vai emitir sua opinião por meio de relatório que pode ser limpo, ou sem ressalvas, com ressalvas, de opinião adversa, de abstenção de opinião ou de um parágrafo com ênfase, como veremos: I. NBC TA 700 trata da formação da opinião e emissão do relatório do auditor independente sobre as demonstrações contábeis, essa norma trata da emissão de um relatório limpo, sem qualquer ressalva. São as regras para o auditor formar sua opinião a respeito das demonstrações contábeis com base nas evidências obtidas nos procedimentos de auditoria. II. NBC TA 705 trata das modificações na opinião do auditor independente, entendendo modificação como a opinião que não é pela aprovação completa, ou seja, “relatório limpo”. Esta norma trata das ressalvas, das abstenções na opinião do auditor. III. NBC TA 706 nesta norma o auditor vai emitir seu relatório com parágrafos de ênfase e parágrafos de outros assuntos, que tem como objetivo chamar a atenção para algum assunto relevante, são comunicações adicionais que o auditor considerar necessárias. IV. NBC TA 710 trata das responsabilidades do auditor independente relacionadas às informações comparativas na auditoria de demonstrações contábeis, regula a forma de manifestar opinião requerida na NBC TA 510, ou seja, as auditorias anteriores foram executadas por outro auditor e precisam necessariamente serem auditadas pelo auditor ou as demonstrações comparativas nunca foram auditadas e também precisam da opinião do auditor. V. NBC TA 720 trata da responsabilidade do auditor em relação a outras informações incluídas em documentos que contenham demonstrações contábeis auditadas, esta norma deve ser lida com a NBC TA 200, para assegurar as informações que o auditor teve conhecimento e que não fazem parte das demonstrações financeiras. S5 PORDENTRODOTEMA Na última seção temos três normas, bem técnicas, a respeito das demonstrações financeiras, que são: I. NBC TA 800 – Considerações Especiais – Auditorias de Demonstrações Contábeis Elaboradas de Acordo com Estruturas de Contabilidade para Propósitos Especiais. É uma forma especial de apresentar as demonstrações financeiras, tais como: um balanço convertido para moeda de um investidor, mudar o critério a base de caixa, pode ser solicitado um balanço gerencial por força de contrato, um balanço fiscal que acompanha a declaração do imposto de renda, ou um balanço exigido por uma agência reguladora. As demais normas devem ser adaptadas para esta norma. II. NBC TA 805 – Considerações Especiais – Auditoria de Quadros Isolados das Demonstrações Contábeis e de Elementos, Contas ou Itens Específicos das Demonstrações Contábeis. São todos os quadros apresentados no relatório da administração ou outros anexos presentes nas Demonstrações Financeiras publicadas. III. NBC TA 810 - Trabalhos para a Emissão de Relatório sobre Demonstrações Contábeis Condensadas. Entendendo Demonstrações Contábeis Condensadas aquelas derivadas da união de duas ou mais demonstrações completas, porém com menor detalhamento, devem ser auditadas pelo auditor. Concluída a apresentação, resumida, das NBC TA você deve ter notado que a máxima é verdadeira: “existe uma norma para quase tudo em contabilidade ou auditoria”. Por isso recomendo fortemente o estudo das Normas Brasileiras de Contabilidade, os CPCs para a contabilidade e as NBC TAs para auditoria, que estão disponíveis nos sites, do CPC (http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos) (CPC, 2013) e NBC TA (http://www1.cfc.org.br/ sisweb/sre/) (CRCRS, 2015), além das normas existe quadros e exemplos, muito prático. 4. Termos Essenciais Para o Trabalho de Auditoria Com as mudanças introduzidas pela convergência às normas internacionais de auditoria, foram introduzidos, ainda, termos técnicos que não existiam nas normas anteriores e que o estudante inicial ou o profissional que está retomando seus estudos precisa conhecer, para melhor entendimento das NBC TA e outras normas convergidas. a. Asseguração O termo asseguração, segundo o professor Longo (2015), vem do inglês assurance, que é o mesmo que pledge, que significa dar garantia, confiança. Para as ISAs e o CFC asseguração passa a ser a garantia, a confiança de que as demonstrações financeiras seguiram as normas brasileiras de contabilidade, é o gênero, do qual auditoria é uma espécie. Na NBC TA 01, existe a definição de duas subespécies de asseguração: a razoável e a limitada. S4 http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos) http://www1.cfc.org.br/ PORDENTRODOTEMA O termo asseguração razoável é utilizado para demonstrar que não é possível uma asseguração absoluta nos trabalhos do auditor, sempre pode existir algum tipo de distorção. I. Asseguração Razoável Para a NBC TA 01 quando estamos falando de um trabalho de asseguração razoável realizado numa série histórica de informações contábeis, estamos nos referindo ao trabalho de auditoria. Afirmando, ainda, que o objetivo do trabalho de asseguração razoável, portanto da auditoria, é reduzir o risco do trabalho de asseguração a um nível aceitavelmente baixo, elevando por consequência a confiança nas demonstrações financeiras auditadas. Decorre disso que o relatório de auditoria vai expressar uma opinião positiva nas conclusões do auditor. II. Asseguração Limitada De forma diferente para a NBC TA 01 quando estamos falando de um trabalho de asseguração limitada realizado numa série histórica de informações contábeis, estamos nos referindo ao trabalho de revisão, e não de auditoria. Afirmando, ainda, que o objetivo do trabalho de asseguração limitada, portanto da auditoria, é reduzir o risco do trabalho de asseguração a um nível aceitável, mas que o risco seja maior que no trabalho de asseguração razoável. Decorre disso que o relatório de auditoria vai expressar uma opinião de forma negativa nas conclusões do auditor. b. Estrutura de relatórios financeiros aplicáveis Este termo indica que as Demonstrações Financeiras forma elaboradas seguindo todas NBCs, com ética, CPCs, seguiu a legislação própria, o conjunto de relatórios foram apresentados de forma completa e corretos ao auditor. Você já deve ter conhecimento que no Brasil, a Lei n° 6.404 exige as seguintes demonstrações: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa, e ainda, para as companhias abertas e de grande porte se exige a demonstração de valor adicionado, todas acompanhadas de notas explicativas. c. Materialidade O valor da materialidade é estabelecido com base nos valores e índices informados nas demonstrações financeiras, são parâmetros de dados do passado para que o auditor possa no planejamento da auditoria definir o que se pode esperar das informações atuais a serem levantadas na auditoria. É, em parte, uma aplicação do desvio padrão dos dados, ou seja, são limites que o auditor pode aceitar como válidos, e tudo que fugir a esses limites estarão fora e apresentarão as chamadas distorções relevantes. S5 PORDENTRODOTEMA Exemplo: Vamos imaginar o retorno sobre os ativos totais, que é a divisão do lucro líquido pelo ativo total, a média dos últimos cinco anos foi de 4%, e o desvio padrão aceitável é 0,5% para cima ou para baixo, ou seja, mínimo de 3,5% ou máximo de 4,5%. No momento da auditoria é encontrado 1,5%, é exagero, isso causa uma distorção relevante para investigação do auditor. A materialidade calculada na fase de planejamento pode sofrer ajustes no decorrer da auditoria, pois o cenário econômico pode mudar, outros elementos que levaram ao convencimento na época podem ser justificados pela administração, correções em fatores de riscos,etc. Tanto os parâmetros e cálculos para a determinação da materialidade devem ser registrados e documentados, fazendo parte da documentação da auditoria. O mesmo vale para eventuais mudanças na determinação da materialidade no decorrer da auditoria. d. Distorções relevantes As distorções relevantes podem ser decorrentes de erros ou fraudes detectadas nas demonstrações financeiras, que se fossem conhecidas poderiam levar os usuários das informações financeiras a mudar sua opinião a respeito de suas posições em relação ao(s) investimento(s) realizado(s) na empresa. (STUART, 2014). Assim a medida que o auditor vai encontrando as distorções que em sua opinião são relevantes, entendendo este termo como as variações nos valores, comportamentos destoantes dos esperados, procedimentos equivocados, descumprimento de legislação, etc., encontrados nas demonstrações financeiras, o auditor vai anotando em um formulário próprio, que servirá como um check list para efetuar as comunicações para os responsáveis pela empresa, para que corrija, iniba a ameaça ou diminua o risco. Na lição do professor Longo (2015) as distorções têm natureza que podem ser classificadas em três tipos: I. Factuais: que decorrem de erros de cálculo ou imprecisão na coleta ou processamento de informações, uma vez identificadas podem ser corrigidas facilmente. II. Decorrentes de julgamento: são as estimativas contábeis incorretas, que surgem ou por interpretação errada dos fatos, da legislação, ou outra interpretação que leve a um julgamento equivocado. Esse é um tipo de distorção que pode gerar conflitos entre auditor e administração, pois está no campo da interpretação ou julgamento pessoal. PORDENTRODOTEMA III. Projeção de distorções: é a aplicação do item A-23 da NBC TA 530, que se refere as amostragens em auditoria, traz orientações claras de como o auditor deve proceder quando as amostras não apresentam bases seguras para sua conclusão. e. Erros e Fraudes Quando estamos diante dos termos erro ou fraude, é necessário nos socorrermos da NBC TA 240, que nos aponta a características da fraude nos seguintes dizeres: “O fator distintivo entre fraude e erro está no fato de ser intencional ou não intencional a ação subjacente que resulta em distorção nas demonstrações contábeis.”. (CRCRS, 2015, p. 177). Para o erro é comum dizermos que houve um fato sem a intenção de prejudicar, no caso da fraude, sendo um conceito jurídico bem mais abrangente, se diz que é um fato cometido com dolo, ou seja, ação intencional de prejudicar, iludir, ter vantagem, maquiar. A literatura especializada em auditoria aponta que existe um tripé que aumenta as chances de ocorrer a fraude ou o erro, i) pela pressão, ii) pela oportunidade, iii) pela racionalização. I. Na pressão a administração ou os funcionários podem se sentir pressionados para atingir uma meta, realizar um trabalho com sobrecarga, apresentar um resultado melhor. Surge então o uso de mecanismo para tentar burlar o sistema levando a erros ou nos casos mais graves lançam mão do recurso de fraudes. II. A oportunidade é quando administradores ou colaboradores percebem que os sistemas de controles são falhos e possibilitam trabalhos imperfeitos ou o cometimento de fraudes, subtrações de valores e coisas, uso de segredos empresariais, uso indevido de ativos. III. Para a racionalização os autores se envolvem em atividades que podem levar a fraudes ou ao cometimento de erros por acreditarem que os fins justificam os meios, ou seja, vale a pena correr o risco. Ainda quando comete os atos por vingança aos tratamentos recebidos da administração. (STUART, 2014). Na ocorrência de fraude ou de erros o principal responsável pelo controle é a administração da empresa, que já na carta de contração de auditoria (NBC TA 210), declara estar ciente que é sua responsabilidade a respeito de erros e fraudes. No entanto, você já deve ter tomado ciência, de que para a auditoria convergente, o auditor também tem suas responsabilidades, assim diante da evidência de erros ou de fraudes, deve documentar tudo, comunicar a administração para que ela faça o seu papel, corrija, proponha as ações necessárias, quer sejam administrativas ou jurídicas. Até S⁄ PORDENTRODOTEMA porque erros e fraudes existem e no segundo caso, pode ser muito sofisticado, inclusive com a participação de sócios, diretores, gerentes. f. Características pessoais do auditor Como você já deve ter notado existe os princípios fundamentais de ética profissional relevantes para o auditor quando da condução de auditoria de demonstrações contábeis e que estão implícitos no Código de Ética Profissional do Contabilista e na NBC PA 01, quando tratamos do controle de qualidade. Esses marcadores éticos estão em linha com os princípios do Código de Ética do IFAC, nas normas de convergência, cujo cumprimento é exigido dos auditores. Nós temos a integridade, que trata da ética, do agir com ética, o auditor no desempenho de suas atividades deve manter a sua postura profissional e trabalhar com retidão. Com relação a objetividade do auditor é o trabalho coerente, rápido, até porque os auditores não disporão de tempo para emitir seus relatórios. Competência e zelo profissional é uma busca interminável, até pela imposição da capacitação continua obrigatória do auditor, o desenvolvimento da profissão depende da competência, do trabalho correto. É deve profissional do auditor manter a confidencialidade, o sigilo a respeito das informações obtidas durante os trabalhos de auditoria, somente em situações especiais o auditor deverá revelar suas informações, conforme prevê o Código de Ética. O auditor deve ter um comportamento (ou conduta) profissional irrepreensível, mantendo seus relacionamentos no mais alto nível de profissionalismo, urbanidade. Por fim o auditor deve observar às normas técnicas e profissionais, bem como todas as legislações inerentes a profissão. g. Ceticismo O ceticismo exigido para a profissão de auditoria é necessário para o desempenho de sua profissão. Este ceticismo não é um descrente qualquer, por tudo, é antes uma atitude que inclui uma mente questionadora, alerta para condições que podem indicar possíveis distorções em virtude de fraudes ou erros e que consegue avaliar criticamente as evidências da auditoria. (STUART, 2014). É um ceticismo cartesiano, duvidar de tudo que pode ser tido como possível de ser alterado, considera-se tudo falso ou errado, e vai a coleta de evidências de são verdadeiros, ou seja, duvida de tudo e tenta provar que são verdadeiros, se as evidências apontarem para a verdade, não existe distorção e os fatos, documentos, sistemas podem ser aceitos. É uma atitude de produção de evidências que levam a confiabilidade das demonstrações financeiras da empresa e não ao contrário, a tentativa de provar que tudo é falso ou de que todos os empregados são culpados. S8 ł5 Questão 4 Em relação a fraude e erros podemos afirmar com base nas NBC TAs que elas possuem os seguintes conceitos: a) Fraude é um artifício que pode gerar benefícios para o empregado sem intenção do agente e erro é a ocorrência de uma interpretação errônea da lei. b) Fraude é um ato intencional de produzir mais e erro é uma maneira de matar o serviço. c) Fraude apesar de intencional não causa vantagem a ninguém e erro pode até ser sem intenção e também não traz vantagens. d) Fraude é não intencional e está somente no âmbito dos registros contábeis e erro é aquele que envolve o desvio de patrimônio. e) Fraude é um ato intencional de levar benefícios contrários a lei e erro é um ato não intencional que pode causar um registro contábil indevido. AGORAÉASUAVEZ Questão 3 O auditor externo deve manter sua independência na realização dos trabalhos de auditoria das demonstrações contábeis. Neste contexto, causa a perda de independência:a) possuir participação no capital da empresa auditada. b) for independente em relação à entidade auditada. c) tiver conhecimento técnico da atividade da entidade auditada. d) identificar e compreender o ramo de negócios da empresa. e) estiver capacitado para exercer o trabalho. łł Questão 2 Sabendo que a qualidade nos trabalhos da auditoria independente é de fundamental importância para a boa condução dos trabalhos e para emissão do relatório de opinião. Conforme determinação da NBC PA 01, item 6, os auditores independentes devem se sub- meter à revisão dos controles de qualidade internos da firma ou do auditor independente, por outros auditores independentes com estrutura compatível. Qual o prazo mínimo de realização dessa auditoria? a) 5 anos b) 2 anos c) 4 anos d) 3 anos e) 1 ano AGORAÉASUAVEZ Instruções: Agora, chegou a sua vez de exercitar seu aprendizado. A seguir, você encontrará algumas questões de múltipla escolha e dissertativas. Leia cuidadosamente os enunciados e atente-se para o que está sendo pedido. Questão 1 Em sua opinião a relação necessidade do serviço por parte do auditor x independência exigida do auditor pode interferir na inde- pendência requerida para a realização da auditoria? GLOSSÁRIO Tendencioso: é tudo aquilo que demanda um valor negativo, que se inclina para incompletude de uma informação ou distorção da informação no sentido de beneficiar, prejudicar algo ou alguém. Controle de qualidade: é uma medida adotada por entidades de setores e seguimentos diferentes para definir padrões em procedimentos, políticas e ações, de maneira uniforme. É um sistema que leva em conta o grau de satisfação dos usuários da informação ou produto, como um todo. Carta de contratação: para auditoria a carta de contratação deve ser entendida como um acordo de vontades (contrato) entre quem contrata (empresa) e o contratado (auditor independente ou firma). Planejamento: pode ser resumido num processo que identifica as metas e os objetivos que se quer alcançar, produzin- do planos operacionais para a realização do planejado. Circularização: é o envio de correspondências para pessoas e empresas fora da organização no intuito de se obter confirmações a respeitos de fatos ou valores registrados na contabilidade. Componentes: para auditoria componentes são as empresas satélites de um grupo de empresas, que tem entre si re- lacionamentos relevantes para produzir uma demonstração financeira consolidada. ł4 FINALIZANDO Neste tema você tomou conhecimento das principais normas que regulam o trabalho do auditor. Inteirou-se do Código de Ética Profissional de auditoria, estudou a respeito das Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas a auditoria, nas suas versões profissional e técnica; compreendeu que a profissão de auditoria está totalmente regulamenta, para um melhor desenvolvimento dos trabalhos e da profissão. O aluno deverá ter percebido que a leitura e estudos das NBC PA e TA, além dos CPCs e da legislação aplicável ao setor empresarial é de fundamental importância para o exercício profissional de contabilidade e de auditoria. AGORAÉASUAVEZ Questão 5 O auditor independente deve coservar em boa guarda toda documentação produzida nos procedimentos de auditoria, que vai da primeira reunião com a empresa até o relatório final, que pode ser em papel ou em mídias, pelo prazo de: a) 3 anos a partir da data da emissão de seu relatório. b) 3 anos a partir da publicação de seu relatório. c) 5 anos a partir da data emissão de seu relatório. d) 5 anos a partir da data da publicação de seu relatório. e) 3 anos em relação aos relatórios adversos ou com abstenção de opinião e de 5 anos em relação aos relatórios sem ressalva ou com ressalva, contados a partir da data da emissão de seu relatório. GABARITO Questão 1: Resposta: Atualmente os auditores independentes estão cientes de sua situação profissional e das exigências das entidades fiscalizadores e não se deixam levar pela tentação de fazer as vontades das empresas contratantes. Existe também uma elevação na demanda de serviços profissionais de auditoria na atualidade o que faz com que os profissionais existentes tenham uma demanda razoável de serviços, assim é possível dispensar aqueles serviços que fique evidente a perda de independência. Questão 2: Resposta: Alternativa C. A NBC PA 01 exige que a cada ciclo de quatro anos a empresa ou o auditor independente seja submetido a uma auditoria por outra firma ou auditor independente do mesmo nível técnico, para garantir que os procedimentos aplicáveis foram ideias e que se pautaram pela qualidade esperada para os trabalhos realizados. Questão 3: Resposta: Alternativa A. A perda de independência é causada pelo rol exemplificativo da NBC PA 290 (R1) e dentre elas “possuir participação no capital da empresa auditada”” é causa de perda de independência. Questão 4: Resposta: Alternativa E. A NBC TA 240, no seu item 2 e 3, trazem a distinção entre erro e fraude nos seguinte termos: 2. As distorções nas demonstrações contábeis podem originar-se de fraude ou erro. O fator distintivo entre fraude e erro está no fato de ser intencional ou não intencional a ação subjacente que resulta em distorção nas demonstrações contábeis. 3. Embora a fraude constitua um conceito jurídico amplo, para efeitos das normas de auditoria, o auditor está preocupado com a fraude que causa distorção relevante nas demonstrações contábeis. ł⁄ ł8 Questão 5: Resposta: Alternativa C. A NBC PA 01, no seu A61, traz a regra de guarda de documentos: “No caso específico de trabalho de auditoria, o período de retenção seria normalmente de pelo menos cinco anos, a partir da data do relatório do auditor independente ou, se superior, da data do relatório do auditor independente do grupo.” Tema 03 Planejamento de Auditoria e Seus Riscos 4 Fonte: Longo, 2015, p. 26. PORDENTRODOTEMA Planejamento de Auditoria e Seus Riscos Nos ensinamentos de Longo (2015) podemos traçar o roteiro para efetuar um trabalho de auditoria da seguinte forma: Tabela 3.1 Roteiro para efetuar um trabalho de auditoria PORDENTRODOTEMA Como você deve ter percebido é o momento de exteriorizarmos a aplicação de todas as normas estudadas no tema 2. No item A temos o Código de Ética, NBC TA 01 que regula o controle de qualidade no âmbito da empresa de auditoria e a NBC Estrutura Conceitual para Trabalhos de Asseguração, e no item F são as NBC TA 200 (objetivos gerais e normas para conduzir uma auditoria), 220 (versa sobre o controle de qualidade dos trabalhos de auditoria), 230 (aborda a documentação de auditoria) e na 520 (discute os procedimentos analíticos) que são aplicáveis a todo o processo de auditoria e também ao profissional de auditoria. Um trabalho de auditoria é basicamente constituído de três partes: 1) planejamento de auditoria; 2) aplicação de procedimentos ou testes; 3) as decisões. Neste tema explicaremos a fase de planejamento, que se inicia com: a contratação da auditoria, o conhecimento do negócio, a materialidade, a avaliação dos controles internos, as definições dos riscos relevantes e o planejamento da auditoria (LINS, 2014). 1. Contratação da Auditoria No item B teremos a contratação dos serviços de auditoria, com observância da NBC TA 210, principalmente a carta de contratação. Este é o primeiro ato da auditoria: o auditor precisa ser contratado pela empresa a ser auditada. No entanto, o processo de contratação é bem definido pela NBC TA 210 (CRCRS, 2015), que envolve a análise da existência das precondições de uma auditoria, divididas em: a. O auditor deve decidir se a estrutura de relatório financeiro que o possível cliente usou para elaborar as demonstrações financeiras é aceitável. b. Se a administraçãoda empresa reconhece e compreende sua responsabilidade por preparar as demonstrações financeiras em conformidade com a estrutura de relatório financeiro. c. Se a administração compreende sua responsabilidade primária por estabelecer e manter controles internos de modo que as demonstrações financeiras não apresentem distorções relevantes. d. Se a administração concorda em fornecer ao auditor todas as informações de que os gerentes estiverem cientes e que possam ser relevantes para a preparação das demonstrações financeiras, facilitando o acesso a todas as informações e os lugares da empresa. Essas precondições são a base da carta de contratação, prevista na NBC TA 210, que é o acordo de vontade, um contrato, entre firma de auditoria e empresa contratante do serviço, que deve apresentar como requisitos mínimos: objetivo e o 5 PORDENTRODOTEMA alcance da auditoria das demonstrações contábeis; responsabilidades do auditor; responsabilidades da administração; identificação da estrutura de relatório financeiro aplicável para a elaboração das demonstrações contábeis; referência à forma e ao conteúdo esperados de quaisquer relatórios a serem emitidos pelo auditor; declaração de que existem circunstâncias em que um relatório pode ter forma e conteúdo diferentes do esperado. Se as precondições não estiverem presentes ou o auditor não se sentir seguro de sua existência, ele não deve aceitar o trabalho de auditoria, porque as NBC exigem que o auditor obtenha evidências de auditoria suficientes e apropriadas para reduzir os riscos de auditoria a um nível aceitável e se o auditor considerar que não pode cumprir as normas em virtude da ausência das precondições que elevam os riscos de auditoria, ele deve recusar o serviço. 2. Conhecimento do Negócio Superada a fase da contratação, é de fundamental importância que o auditor obtenha o entendimento da entidade e do ambiente de negócios onde a empresa está inserida. Faz parte desse conhecimento: a. Entrevistar os proprietários, administradores, gerentes e colaboradores. b. Buscar informações públicas a respeito da empresa, tais como relatórios financeiros já publicados, documentação de auditorias anteriores, revistas ou quaisquer informações especializadas do setor. c. Conhecer o ramo de atividade da entidade, se existir fatores regulatórios relevantes. d. Conhecer as operações da entidade, sua estrutura patrimonial, de governança, seus investimentos relevantes em outras sociedades, estruturas de financiamentos, se houver. e. Conhecer os procedimentos contábeis, inclusive se tiver havido qualquer mudança nos critérios ou nas políticas da empresa. f. Buscar entender os objetivos e as estratégias da entidade, saber se existem riscos relevantes de descontinuidade operacional, riscos de mercado. g. Finalmente, conhecer os métodos que a empresa utiliza para avaliar o seu desempenho operacional e financeiro. Você já deve ter percebido que é elementar que o auditor se cerque de informações para reduzir ao mínimo possível os riscos de auditoria, por isso conhecer o ramo de negócio, a atividade e os canais de comunicação dentro da empresa, faz parte do planejamento da auditoria. 6 PORDENTRODOTEMA Existe um aspecto muito importante que faz parte do ambiente do cliente, que são os controles internos da entidade, o auditor busca conhecê-los por meio de visitas preliminares, procedendo entrevistas junto aos funcionários, estudando os manuais da empresa e, se existir, a aplicação de procedimentos de auditoria em processos operacionais. Estes conhecimentos são importantes para que o auditor diminua os riscos de distorções relevantes nas informações constantes das demonstrações financeiras e na emissão de opinião pelo auditor. 3. Materialidade O item E da tabela 3.1 trata da materialidade em que se definem os parâmetros para utilização no planejamento o julgamento do auditor. Isso é fundamental, pois passa pelo uso de técnicas estatísticas, contábeis e pela experiência do profissional, juntamente com sua equipe de auditoria. A NBC TA 320 (CRCRS, 2015) em seu texto estabelece padrões sobre os quais o auditor tem de se balizar; isto nos dá a ideia de que o auditor deve estabelecer um nível máximo e um nível mínimo para os valores encontrados nas demonstrações financeiras do passado e pelos parâmetros das demonstrações financeiras do setor na qual a empresa está inserida. Você pode observar que a aplicação de ferramentas de estatística para determinar parâmetros de análise de dados é de grande utilidade, como o caso do desvio-padrão da média; trata-se de percentuais que o auditor acredita que não vão causar distorções relevantes se ficarem na faixa de aceitação. Para a definição da materialidade não existe um padrão de documentação a ser feito; durante a prática, o auditor utiliza os mesmos documentos usados no planejamento e os quais se exteriorizam no plano de auditoria. Uma vez que se defina a materialidade em conformidade com a NBC TA 320, o auditor passa para sua aplicação nos trabalhos; pode haver a necessidade de ajustes ao caso concreto, porque ao longo de um trabalho de auditoria ocorrem inúmeras situações não previstas na fase planejamento, então é possível rever os parâmetros de materialidade sempre que houver justificativa, esta alteração assim como todos os demais acontecimentos deve ser documentada. 4. Avaliação dos Controles Internos Como parte da fase de planejamento, o auditor deverá conhecer o negócio da empresa auditada, e como parte desse conhecimento está o conhecimento dos controles internos da entidade. Tais controles – sistemas de informações e trâmites de papéis e itens dentro da organização – são elaborados pela administração para se assegurar que as ordens e os objetivos da empresa são seguidos para prevenir ou detectar distorções nas demonstrações financeiras; o auditor, como um trabalho preliminar de auditoria, irá revisar e avaliar se estes controles são eficientes. Podemos citar ⁄ PORDENTRODOTEMA como exemplo a emissão de um cheque: 1° a pessoa do financeiro recebe, de alguém com poderes, a solicitação para pagar algo; 2° emite o cheque; 3° leva o cheque e a cópia de cheque para seu superior conferir, autorizar e assinar o cheque; 4 leva em seguida para uma segunda assinatura. Esse procedimento evita que a emissão de cheques seja efetuada por uma pessoa sozinha. Você já viu que o sistema de controle interno, que se divide basicamente em dois: o operacional e o de governança, é de responsabilidade da administração da empresa. O operacional demonstra a eficiência e eficácia das operações da empresa, protege o seu patrimônio, faz as amarrações das informações para controlar bens e pessoas, no sentido de controlar o horário de trabalho e as atividades desempenhadas. Já o de governança consiste em regras de conduta ética e legal, verifica e incentiva a todos se portarem com ética nos negócios e seguir todas as leis. A aplicação correta desses dois controles deve dar uma segurança razoável às informações contidas nos relatórios financeiros, para que estejam em conformidade com a estrutura de relatórios financeiros aceitáveis. Para Crepaldi (2013), o auditor deverá avaliar os controles internos seguindo, pelo menos, quatro passos: a. Levantar os controles internos com procedimento específicos: para tomar conhecimento de sua existência na entidade. Esta etapa se dá por meio da leitura dos manuais de controle interno, outros documentos da empresa, conversas ou entrevistas com funcionários e a administração da empresa etc. b. Executar avaliação de conformidade dos procedimentos: o auditor julga se os procedimentos levantados são aqueles previstos pela empresa, ou seja, se na prática o que se está fazendo na empresa é aquilo que foi idealizado como controle interno; essa avaliação pode ser feita por meio do acompanhamento de algum
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