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Dimensões e consequências do movimento antivacina na realidade brasileira

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Pesquisa feita com o intuito de estudar o Tema da redação: Os desafios 
pra garantir a vacinação no Brasil 
 
Dimensões e consequências do movimento antivacina: a disseminação 
de uma ilusão na realidade brasileira 
A imunização certamente é um dos métodos mais seguros e eficazes para 
prevenir doenças e atenuar a disseminação daquelas já existentes no 
território brasileiro. Diversas leis e programas foram adotados pelo governo 
para tornar as vacinas acessíveis a todos e, por conseguinte, mitigar os efeitos 
prejudiciais causados por patógenos. A vacinação e sua efetividade, no entanto, 
são questionados por uma parcela da população devido a variados fatores, 
abordados nesta revisão, que fundamentam os ideais do movimento antivacina 
pelo Brasil. objetivo evidenciar e discutir o conjunto de razões para que o 
movimento antivacina tenha se tornado uma realidade comum entre 
brasileiros e as consequências de sua instalação para a sociedade. Conclui-se, 
portanto, que os principais aspectos para o engrandecimento desse movimento 
foram: o medo dos efeitos deletérios, o baixo nível de escolaridade e renda,a 
desinformação dos próprios profissionais de saúde e o descaso da 
divulgação sobre o ato de vacinar. Tais circunstâncias são decisivas para o 
reaparecimento de doenças previamente controladas. 
Vacinas são compostos que acarretam em reações imunológicas no organismo, 
desenvolvidas pela manipulação de bactérias ou de vírus atenuados ou mortos. 
A imunização é exercida ao promover a produção de anticorpos específicos 
contra o antígeno que invadiu o corpo. A entrada desta partícula é importante 
para induzir uma reação de memória e, assim, preparar o organismo, caso haja 
uma futura invasão do antígeno ativo, que receberá uma resposta mais rápida e 
eficiente. 
A vacina, portanto, atenua ou até evita por completo as doenças e suas 
consequências. Por evitar que as pessoas vacinadas adoeçam, a imunização 
também é capaz de impedir a disseminação patológica pelas comunidades, 
sendo fundamental, então, não só para a saúde do paciente que a recebe, 
mas, também, para a erradicação de várias doenças infectocontagiosas. 
O governo brasileiro tornou obrigatória a vacinação das crianças e dos 
adolescentes na Lei 8.069/90, o que já tinha sido feito anteriormente para 
doenças específicas, como se observa na Lei 1.261/1904, que impõe, em todo 
o Brasil, a vacinação e a revacinação contra a varíola. Além disso, programas 
governamentais de vacinação foram criados para facilitar o acesso da 
população à imunização e deixá-la mais eficaz. O Programa Nacional de 
Imunizações (PNI), por exemplo, elaborado em 1973 pelo Ministério da Saúde, 
passou a coordenar as ações de imunização desenvolvidas pela rede 
pública de saúde brasileira. 
O PNI formula, constantemente, metas de extermínio de doenças da 
realidade brasileira, tentando abranger seus cuidados por todos os 
municípios do país. Apesar das grandes vantagens sociais (evitar enfermidades 
e suas consequências) e econômicas (priorizar o investimento mais barato na 
prevenção e poupar nos tratamentos caros). 
 A imunização pode gerar efeitos que alimentam dúvidas sobre a segurança 
e efetividade da vacina na vida dos brasileiros com baixo acesso às 
informações, os quais são a maioria. 
Sinais e sintomas após o procedimento, como febre ou dor na região de 
aplicação, são chamados de eventos adversos. Tendo isso em vista, um 
grande número de brasileiros duvida e até evita o procedimento. 
As consequências vacinais, porém, não são os únicos motivos para uma 
grande parcela da população se recusar e hesitar na hora de se imunizar. 
Por falta de informações seguras, os brasileiros se expõem ao risco de 
contaminação e de aumento dos casos de doenças já controladas 
Atualmente, no Brasil, a falta de informações e suas divulgações de 
forma não efetiva colaboram para o reaparecimento de doenças infecciosas, 
como o sarampo e a coqueluche. Campanhas publicitárias, disseminadas em 
mídias sociais ou mesmo revestidas de evidências supostamente 
“científicas”, contribuem para o ressurgimento de doenças outrora erradicadas 
em grande parte do mundo. 
O movimento antivacina: no cenário global, sucede em casos de surtos, como 
os de caxumba nos Estados Unidos e na Mongólia, em 2011, e os de rubéola , 
em 2013, no Japão. No Brasil, a crescente adesão a esse movimento resultou 
na reincidência e surtos de doenças controladas pelas campanhas de 
vacinação, como a varíola . 
No que diz respeito ao fator de descaso e seu referente efeito sobre a 
mentalidade da população: percebe-se que os pais que vacinaram seus 
filhos demonstram desconhecimento sobre a lei que obriga o ato, e afirmam que 
sua ação é resultado maior de uma tradição e de um costume familiar e 
cultural da vacina. Já os pais que não os vacinaram, são aqueles mais 
cientes sobre as leis do país sobre obrigatoriedade da vacinação, mas 
não o fazem por crenças pessoais. Na maior parte dos casos, a opção pela 
não vacinação foi tomada pela esposa e seguida pelo marido. Desta maneira, 
a decisão do indivíduo de não vacinar seu filho e a si mesmo não traz 
perigo somente a eles, mas para as pessoas em seu convívio. Tal fato contribui 
para a redução da imunização populacional em geral e também para o 
aumento da possibilidade de surtos ou bolsões de infecção. Este decréscimo 
fica comprovado na reportagem da Folha de São Paulo no dia 19 de 
junho de 2018, denominada: V̈acinação de crianças no país atinge índice 
mais baixo em 16 anos ̈, utilizando dados coletados do PNI. Entre as doenças 
com cobertura vacinal abaixo do esperado, estão a poliomielite, o sarampo, a 
caxumba, a rubéola, a difteria, a varicela, o rotavírus e a meningite. A 
notícia demonstra, por conseguinte, o crescimento e fortalecimento do 
movimento antivacina nos últimos anos. 
• Medo dos efeitos deletérios 
Nas formulações vacinais, há presença de componentes que podem gerar 
efeitos adversos, como reações inflamatórias locais, efeitos sistêmicos e 
alergias. Consequentemente, existem doenças relacionadas aos sais de 
alumínio presentes em muitas vacinas, como alergias, Síndrome Autoimune 
Inflamatória Induzida por Adjuvantes, miofascite macrofágica e doenças 
neurológicas, como o Alzheimer .Além dos adjuvantes, outros componentes 
vacinais, como estabilizantes e conservantes, podem estar relacionados a 
diferentes eventos adversos. Os principais exemplos são: a albumina e a 
gelatina, proteínas utilizadas como estabilizantes; antibióticos, comumente 
utilizados durante as primeiras etapas da preparação vacinal e 
frequentemente associados a reações alérgicas; e o formaldeído que, em 
forma líquida, é utilizado nas etapas iniciais de algumas vacinas como agente 
inativador de toxinas ou partículas virais. Proteínas do ovo também podem estar 
presentes em quantidades muito baixas em algumas vacinas que utilizam vírus 
cultivados em ovos embrionados, como a vacina contra a influenza. Essas 
proteínas podem desencadear uma resposta alérgica em pessoas intolerantes a 
esse componente. Os efeitos colaterais decorrentes dessas substâncias, 
apesar de mínimos, influenciam, de maneira considerável, para que ocorra 
o surgimento do receio por parte das pessoas no ato de se vacinar. Esses 
fatores contribuem, assim, para uma maior adesão ao movimento antivacina. 
• Baixo nível de escolaridade e renda 
 O grupo com menor faixa de renda familiar foi o que exibiu menoríndice 
de aceitação para vacinar. Já aquele com a maior faixa (= ou + 10 salários 
mínimos/ mês), foi o que apresentou maior índice de aceitação de vacina. 
Entre a classe alta, os argumentos mais utilizados para a hesitação vacinal 
foram: “a doença que a vacina previne não é grave ou é de fácil tratamento”; “a 
doença não é frequente ou já foi eliminada”; “a vacina não é eficaz”; “a imunidade 
adquirida pela doença é melhor que a pela vacina”, “a qual induz uma imunidade 
temporária”; e “a abordagem da medicina não tradicional, como a homeopatia, 
possui mais confiança” .Já no que diz respeito ao nível de escolaridade, o grupo 
de pais com maiores níveis de instrução foi o que teve maiores índices de 
aceitação vacinal. Além disso, foi observado que, conforme tais níveis 
abaixavam, o índice de aceitação vacinal também se atenuava de maneira 
proporcional. 
• Desinformação dos próprios profissionais de saúde 
No estudo de Mizuta , foi realizado um estudo com 39 médicos e 53 alunos 
de medicina do 1º ao 4º ano, com a obtenção dos seguintes dados: grande parte 
dos estudantes entendem os conceitos básicos de vacinação. No entanto, 
quase todos, em conjunto com um número intermediário dos médicos, não 
conhecem as vacinas do calendário do PNI. Ademais, médicos e alunos, em sua 
maioria, disseram ter a carteira de vacinação e se lembrarem da última 
vacina que receberam, apesar de que quando não se imunizam, é por falta 
de interesse ou medo de eventos adversos. Desta forma, é evidente que a 
despreocupação e a dúvida gerada a cerca das vacinas e seus efeitos é um fator 
motivador de despreparo e dificuldades para responder ao movimento 
antivacina, já que a cobertura vacinal atinge sucesso principalmente pela 
preocupação do médico e seus conhecimentos sobre a imunização. Logo, 
é dever do profissional saber orientar os pacientes sobre os riscos e 
benefícios da vacinação e de sua recusa. Porém, sem o conhecimento 
adequado sobre o assunto, como constatado no dados citados, o profissional 
é incapaz de cumprir seu dever. 
Em resumo 
 
� Principais fatores a serem considerados para a motivação da não 
vacinação: 
1. crenças pessoais de que a vacina pode promover a doença e pode 
não funcionar. 
2. medo dos efeitos deletérios que podem ser causados no organismo. 
3. hesitação de se vacinar nas classes de baixa e alta renda, sendo que 
os principais argumentos do segundo grupo são que as doenças 
prevenidas pela vacina são de fácil tratamento e não são 
frequentes. 
4. fato de a vacina não se mostrar eficaz e a medicina não tradicional ter 
melhor efeito ao corpo do que a própria vacina. 
 Por fim, é notório que os profissionais de saúde e sua falta de conhecimento 
e despreocupação com as vacinas e seus efeitos são fatores determinantes 
para o crescimento do movimento antivacina no país. 
Identifica-se, portanto, que diversos são os motivos para a problemática 
estudada, e que eles devem ser combatidos com maior afinco, uma vez 
que a imunização é cientificamente comprovada como a maneira mais 
eficaz de evitar e atenuar doenças. A partir de propostas apropriadas, a 
população brasileira pode se privilegiar da vacinação, dos benefícios trazidos por 
ela para a saúde pública e para a qualidade de vida dos cidadãos. 
 
Movimento antivacina é uma das dez ameaças para a saúde mundial 
Nova pesquisa publicada na Revista Vaccine descobriu que o conteúdo anti-vax 
no Facebook agora adota crenças genuínas, incluindo a ideia de que a 
poliomielite não existe. 
Segundo a OMS, a vacinação evita de 2 a 3 milhões de mortes por ano, e outro 
1,5 milhão poderia ser evitado se a cobertura vacinal fosse melhorada no mundo. 
Recentemente o movimento antivacinação foi incluído pela Organização Mundial 
de Saúde (OMS) em seu relatório sobre os dez maiores riscos à saúde global.De 
acordo com a Organização, os movimentos antivacina são tão perigosos quanto 
os vírus que aparecem nesta lista porque ameaçam reverter o progresso 
alcançado no combate a doenças evitáveis por vacinação, como o sarampo e a 
poliomielite. Ainda segundo a OMS, as razões pelas quais as pessoas escolhem 
não se vacinar são complexas, e incluem falta de confiança, complacência e 
dificuldades no acesso a elas. Há também os que alegam motivos religiosos para 
não se vacinar ou a seus filhos. “A vacinação é uma das formas mais eficientes, 
em termos de custo, para evitar doenças. Ela atualmente evita de 2 a 3 milhões 
de mortes por ano, e outro 1,5 milhão poderia ser evitado se a cobertura vacinal 
fosse melhorada no mundo”, afirma a OMS. 
Entretanto, os movimentos antivacina vêm crescendo no mundo todo, inclusive 
no Brasil, que sempre foi exemplo internacional. Segundo dados do Programa 
Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI/MS), nos últimos dois 
anos a meta de ter 95% da população-alvo vacinada não foi alcançada. Vacinas 
importantes como a Tetra Viral, que previne o sarampo, caxumba, rubéola e 
varicela, teve o menor índice de cobertura: 70,69% em 2017. De acordo com 
especialistas em saúde pública, se a vacinação da população brasileira fosse 
adequada, um novo surto de sarampo não se estabeleceria no País. Segundo o 
Ministério da Saúde, anualmente são aplicados cerca de 300 milhões de doses 
de 25 diferentes tipos de vacinas, em 36 mil postos de saúde espalhados por 
todo o Brasil. Ou seja, não faltam vacinas gratuitas e nem acesso a elas. 
O professor Dr. Carlos Graeff Teixeira, do Grupo de Parasitologia Biomédica da 
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), sugere que os 
cientistas brasileiros acelerem um movimento de divulgação sobre a utilidade 
das vacinas,com informações científicas sobre os seus benefícios, com 
mensagens positivas e de esclarecimento, inclusive reverenciando cientistas que 
já lutaram esta luta, como Oswaldo Cruz. Para ele, é preocupante o 
ressurgimento de infecções onde a cobertura vacinal caiu. 
 Nos Estados Unidos, por exemplo, o Presidente da Academia Americana de 
Pediatria (AAP, em inglês) Kyle E. Yasuda, enviou cartas a três grandes 
empresas de tecnologia – Google (proprietária do youtube), Facebook 
(proprietária do Instagram e whatsapp) e Pinterest – destacando a crescente 
ameaça que a desinformação online de vacinas representa à saúde das 
crianças. O documento “AAP Urges Major Technology Companies to Combat 
Vaccine Misinformation Online” ressalta que embora pesquisas científicas 
robustas demonstrem que as vacinas são seguras, eficazes e que salvam vidas, 
o conteúdo impreciso e enganoso se prolifera online. À medida que os pais 
recorrem cada vez mais às mídias sociais para coletar informações e formar 
opiniões sobre a saúde de seus filhos, as consequências de informações 
imprecisas são exibidas offline. “Embora o Facebook, o Google e o Pinterest 
tenham indicado que estão tomando medidas para lidar com as vulnerabilidades 
únicas em suas respectivas plataformas, a Academia pede que seja feito mais 
para garantir que os pais estejam equipados com informações confiáveis de 
fontes confirmadas sobre vacinas”, diz a carta. 
Uma nova pesquisa publicada, em março, na Revista Vaccine “It’s not all about 
autism: The emerging landscape of anti-vaccination sentiment on 
Facebook“ descobriu que o conteúdo anti-vax no Facebook agora adota crenças 
genuínas, incluindo a ideia de que a poliomielite não existe. Ainda de acordo com 
a reportagem, os pesquisadores descobriram que os anti-vaxxers agora incluem 
vários grupos distintos, incluindo pessoas vendendo remédios alternativos (como 
o iogurte para o HPV). O Dr. Peter Hotez, reitor da National School of Tropical 
Medicine Baylor College of Medicine (em inglês) afirma que isso tende a 
confirmar a profundidade e amplitude de como o Facebook está promovendo o 
movimentoantivacina. Todos os anos, 1,5 milhões de crianças em todo o mundo 
morrem de doenças que podem ser evitadas com vacinas – e os chamados “anti-
vaxxers” contribuem para isso. 
 Para saber mais sobre os movimentos antivacina, a assessoria de comunicação 
da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT) conversou com o Dr. Peter 
Hotez, cientista que explica em seu livro por que as vacinas não causam o 
autismo e por que os teóricos da conspiração precisam ser desafiados. Confira 
a entrevista abaixo na íntegra: 
SBMT: Por que os movimentos antivacina ganham força no mundo? 
Dr. Peter Hotez: Porque eles evoluíram de um grupo pequeno para se tornar seu 
próprio império de mídia com 500 websites impulsionados pelas redes sociais, 
especialmente pelo Facebook, mas também estão dominando o comércio 
eletrônico em sites como Amazon – a Amazon hoje é o maior promotor de falsos 
livros antivacinas. O ponto é que a maior parte das informações na internet sobre 
vacinas é falsa. 
SBMT: Podemos dizer que a recusa de vacinas é um fenômeno 
basicamente de classe A e quase todos os casos de recusa de vacinas são 
de pessoas de categorias socioeconômicas elevadas? 
Dr. Peter Hotez: Pode ser verdade em relação ao estilo do movimento antivacina 
dos Estados Unidos, e possivelmente também do Europeu, mas em outras 
partes do mundo esse movimento antivacina toma outras formas. Eu me 
preocupo que o movimento antivacina americano possa se espalhar para uma 
nação como o Brasil, com conseqüências desastrosas. 
SBMT: Em sua opinião, todos os argumentos médicos contrários às 
vacinas são absolutamente fáceis de se desmentir do ponto de vida 
cientifico? Por quê? 
Dr. Peter Hotez: A ciência esmagadoramente apóia as vacinas. No meu livro ‘As 
vacinas não causaram o autismo de Rachel‘ eu forneço evidências em mais de 
um milhão de crianças de que as vacinas não causam autismo, também discuto 
a ciência do autismo e como ela começa no início do desenvolvimento fetal – 
ainda na gravidez. O lado pro-vacinação ganha o lado da ciência, mas estamos 
perdendo ou talvez já tenhamos perdido a guerra da mídia. 
SBMT: O senhor acredita que posicionamentos mais firmes da academia, 
da mídia e de demais formadores de opinião podem ajudar? 
Dr. Peter Hotez: Sim, é importante que acadêmicos exponham suas idéias e 
assumam um papel mais público. Simplesmente escrever artigos para periódicos 
acadêmicos não é mais suficiente para combater as guerras de informação ou 
as guerras de mídia. Eu acredito que o público precisa se identificar com os 
cientistas. Eu escrevi sobre isso em Plos Biology em um artigo intitulado 
“Moldando sua marca de cientista”. 
SBTM: As vacinas são vítimas do seu próprio sucesso como instrumento 
de imunização? Por quê? 
Dr. Peter Hotez: Talvez até certo grau, pois em países como o Brasil os pais 
raramente veem sarampo. É claro que isso também está mudando por um motivo 
diferente com a epidemia de sarampo na Venezuela e a diáspora venezuelana 
na Colômbia e Amazonas e Roraima no Brasil. Ainda assim, no meio de surtos 
de sarampo nos EUA, o movimento antivacina ainda está promovendo uma nova 
legislação antivacina. 
SBMT: Especialistas atribuem o fenômeno à falta de investimento 
governamental em prevenção e aos movimentos antivacinas. O senhor 
concorda? 
Dr. Peter Hotez: Eu acredito que os governos devem fazer mais para promover 
a defesa da vacinação. Por exemplo, o governo australiano acaba de lançar uma 
campanha de promoção de vacinas de US$ 12 milhões. É lamentável que 
tenhamos que investir dinheiro para esse propósito, mas até que tomemos o 
passo ousado de desmantelar o império de mídia antivacina, acho que será 
necessário. 
SBMT: Se a vacinação é uma das melhores ferramentas para se prevenir 
doenças e salvar vidas, por que ela tem sido aceita de maneira tão negativa 
pela população? 
Dr. Peter Hotez: Falei um pouco sobre isso acima. É a falsa campanha de 
desinformação que agora domina a internet. Nós ainda não entendemos a 
motivação deles. Em alguns casos, eles estão ganhando dinheiro vendendo 
remédios falsos e prejudiciais contra o autismo, em outros casos, alguns alegam 
que bots e trolls russos estão envolvidos, mas acho que realmente não 
sabemos. 
SBMT: O movimento antivacinação foi incluído pela Organização Mundial 
de Saúde (OMS) em seu relatório sobre os dez maiores riscos à saúde 
global em 2019. Para o senhor, o que podemos esperar deste movimento 
em curto e médio prazo e o que pode ser feito? 
Dr. Peter Hotez: Estou aliviado que a OMS finalmente reconheceu a ameaça do 
movimento antivacina. Eu dei o primeiro alerta em 2017 em um artigo no New 
York Times chamado “Como os “antivaxxers” [“ativistas anti-vacinas”] estão 
ganhando”, mas ainda em 2016 eu escrevi uma peça na Plos Medicine chamada 
“Texas e a sua epidemia de sarampo”, então é bom que tenha chegado ao nível 
da OMS, mesmo que estejam um pouco atrasados. Mas agora, desmantelar o 
império de mídia antivacina vai ser bastante trabalhoso e eu não tenho certeza 
se existe a vontade política para enfrentá-lo. Eu lancei minha própria campanha, 
mas no final eu sou apenas um pediatra acadêmico, cientista e pai de uma filha 
adulta autista que escreveu um livro. Nós precisaremos de muito mais que isso! 
Entenda o que é o movimento antivacina 
Apesar de salvar de 2 a 3 milhões de pessoas anualmente, grupos têm defendido 
que a imunização seria responsável por problemas de saúde. 
Vivemos em um mundo no qual é muito difícil de imaginar que, há algumas 
décadas, era comum que as pessoas morressem por doenças como rubéola, 
meningite, poliomielite e tétano. Com a evolução da medicina e o 
desenvolvimento de vacinas, essas enfermidades se tornaram raras e passaram 
a ser vistas como algo de um passado distante. Tão distante que a importância 
da vacinação está em risco. Grupos que criticam a forma como as imunizações 
são realizadas, os chamados antivacinas, têm crescido. 
Por ser uma questão que interfere na saúde mundial é importante considerar o 
posicionamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o assunto. E 
ela não poderia ser mais clara. A organização divulgou uma lista das 10 grandes 
ameaças à saúde em 2019 e, entre elas, estava o medo de vacina. A questão 
foi apontada como um dos problemas que mais poderia causar vítimas neste 
ano.A vacina é a forma mais eficiente de prevenir uma série de doenças. Dados 
divulgados pela OMS apontam que a medida é responsável por evitar de 2 a 3 
milhões de mortes por ano, atualmente. A decisão de não vacinar mais os filhos 
pode parecer algo individual. Mas, na verdade, é uma questão de saúde pública. 
Uma decisão coletiva 
A partir do momento em que crianças não são mais vacinadas cria-se um grupo 
suscetível a contrair determinadas doenças. Como portadoras dos agentes 
infecciosos, elas acabam propagando enfermidades para outros dois grupos: os 
que também escolheram não tomar vacinas, mas também os que, por algum 
motivo, não podem tomá-las e estariam vulneráveis. Nesse último caso, 
encontram-se os que ainda não têm idade para serem imunizados contra certas 
doenças e os que têm alguma deficiência imunológica. Com isso, a sociedade 
fica ainda mais exposta a surtos. Em resumo, quanto mais pessoas se 
vacinarem, mais a população como um todo estará protegida. Esse fenômeno 
no qual a maioria da população é vacinada, controlando a disseminação de 
doenças e protegendo quem ainda não se vacinou, é chamado de efeito rebanho 
ou imunidade de grupo. 
A origem do movimento 
Apesar de já existirem pessoas que desconfiavam da eficiência e segurança da 
vacina, a comunidade médica acredita que o movimento antivacina teve um 
estopim. Em 1998, o médico britânico Andrew Wakefield publicou um estudo em 
uma respeitada revista científica, a Lancet. Nele, Wakefield relacionava a vacina 
tríplice viral, que previne contra a caxumba, o sarampo e a rubéola, ao 
autismo. Das 12 crianças com autismo analisadas no artigo, oito teriam 
manifestadoa doença duas semanas depois da aplicação da vacina. A teoria era 
de que o sistema imunológico havia sofrido uma sobrecarga com a 
imunização. Um tempo após a publicação, o estudo começou a ser questionado. 
O médico estava envolvido com advogados que queriam lucrar a partir de 
processos contra fabricantes de vacinas. Além disso, ele utilizou dados falsos e 
alterou informações sobre os pacientes. Após a confirmação do caso, 
a Lancet se retratou e retirou o estudo de seus arquivos. Mas depois que algo 
dessa gravidade chega na população como confiável, fica difícil desfazer o 
estrago. Até hoje, muitas pessoas citam o estudo, relacionando não apenas a 
tríplice viral com o autismo, mas vacinas de modo geral. As consequências 
dessa confusão afetam o presente, com pais deixando de vacinar seus filhos e 
impulsionando o retorno de doenças que estavam praticamente 
erradicadas. Neste ano, a OMS declarou que os surtos de sarampo que estão 
ocorrendo se devem à falta de cobertura da vacina em certas regiões. Cerca de 
110 mil pessoas morreram por causa da doença em 2017. 
O que os antivacinas argumentam 
Para esse grupo, o correto seria iniciar a vacinação quando a pessoa estivesse 
com o sistema imunológico mais “maduro”. Além disso, acreditam que as vacinas 
deveriam ser dadas uma de cada vez (sem a aplicação de uma dose única para 
mais de uma doença) e que o tempo entre uma dose e outra deveria ser maior. A 
justificativa das pessoas que defendem esse movimento é que aplicar doses 
combinadas ou simultâneas causaria uma suposta sobrecarga 
imunológica. Vale ressaltar que a OMS já declarou que a administração de 
várias vacinas ao mesmo tempo não causa problemas à imunidade. Ela também 
defende essa medida para evitar um desconforto na criança, de ter que se 
submeter a diversas doses, e para ela não precisar ir a centros de saúde 
inúmeras vezes, economizando tempo, dinheiro e não deixando que ela fique 
ainda mais exposta a outras doenças que poderiam ser transmitidas nesses 
locais. 
Estudos apontam que a ausência de vacinas na infância aumentaria 
drasticamente a mortalidade infantil. No século 20, uma em cada cinco crianças 
com menos de 5 anos morria de alguma doença infecciosa. Também já foi 
constatado que os bebês podem ser capazes de ter respostas imunológicas 
antes mesmo de nascerem. Estima-se que uma criança já seria capaz de 
responder a aproximadamente 10 mil vacinas. Logo, os especialistas concluíram 
que se elas recebessem 11 simultaneamente, apenas 0,1% do sistema 
imunológico estaria sendo utilizado. Vale lembrar que até os 2 anos, elas tomam 
cerca de 33. A eficácia das vacinas já foi mais do que provada pela ciência, pela 
medicina, pelas estatísticas. Dois milhões de pessoas salvas por ano, ou quatro 
vezes a Guerra Civil Síria, não são um número qualquer. 
Movimento Antivacinação: O que você precisa saber sobre o tema para o 
Enem Aposto que você se lembra dos seus pais te levando para 
tomar vacina quando você ainda era criança. Você era do time dos que 
choravam ou dos que aguentavam firme? Chorando ou não, o importante é que 
hoje você está protegido de doenças que matavam muitas crianças séculos 
atrás. As vacinas são agentes causador da doença inativados ou enfraquecidos 
introduzidos no corpo que o estimulam a produção de anticorpos contra doenças 
específicas. A primeira vacina surgiu no século XVIII contra a varíola, mas 
somente no século XX que elas foram aperfeiçoadas e aplicadas pelo mundo. 
Elas foram a maior invenção do século XX e revolucionaram a medicina. Por 
causa delas, a mortalidade infantil reduziu e a expectativa de vida aumentou. 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a vacinação é uma das 
formas mais efetivas e de menor custo para reduzir a mortalidade infantil. Uma 
pesquisa da OMS estima que as vacinas previnem por ano quase 6 milhões de 
mortes no mundo. Apesar dessa nova realidade com mais qualidade de vida, o 
número de pessoas que aderem ao chamado Movimento 
Antivacinação preocupam as autoridades e políticos. 
O que é o movimento antivacinação? O medo de vacinas e de outros avanços 
da medicina não é algo recente. Na Idade Média, muitas pessoas tinham medo 
até de tomar banho, pois acreditavam que o corpo podia ficar exposto a males e 
doenças. Hoje, além de algumas comunidades religiosas que não são adeptas 
à vacinação, existem também grupos de pessoas desconfiadas da indústria 
farmacêutica. São pessoas que resolveram não se vacinar e nem imunizar seus 
filhos por medo dos efeitos negativos que as vacinas poderiam causar. A 
professora de redação Giovanna Gallo, do canal do Youtube Professor de 
Atualidades, acredita que o assunto pode ser tema de redação do Enem: “Antes 
ele era um movimento incipiente, mas, com o aumento no número de casos de 
pais que optam pela não-vacinação, o problema se tornou uma questão de saúde 
pública”. 
Surgimento e justificativas da antivacinação as principais razões do medo às 
vacinas são causadas por notícias falsas. Na internet, há diversos conteúdos 
que conspiram contra a vacinação e a indústria farmacêutica baseados em 
dados falsos e até, totalmente, sem sentido. O movimento ganhou força em 
1998, após uma pesquisa falsa do médico britânico Andrew Wakefield que 
sugeria que a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola desencadearia 
autismo em crianças. O estudo e o médico foram desmascarados, mas a notícia 
mentirosa se espalhou pelo mundo e até hoje muitas pessoas acreditam que 
vacinas podem causar autismo. O movimento prega que a vacinação se inicie 
mais tarde, quando o sistema imunológico estaria mais maduro, que as doses 
únicas sejam separadas em mais doses e que haja um aumento no tempo entre 
suas aplicações. Os adeptos também acreditam que a imunização pela doença 
seja melhor do que pela vacina, que seria artificial. Entretanto, a vacinação 
ocorre em pouca idade justamente porque é quando o sistema imunológico está 
mais frágil e com o objetivo de que as doenças não sejam contraídas, já que elas 
deixam muitas sequelas e podem causar até morte. 
Os problemas da não-vacinação O crescimento do movimento antivacinação 
é uma preocupação mundial e pode, inclusive, aparecer na prova do Exame 
Nacional do Ensino Médio (Enem). A resistência à vacinação entrou na lista de 
dez ameaças à saúde global em 2019 da Organização Mundial de Saúde. 
Segundo a Organização, o movimento antivacinação ameaça reverter o 
progresso feito no combate a doenças evitáveis por vacinação. Isso porque a 
imunização ocorre pelo efeito rebanho: quanto mais pessoas imunes, menor o 
risco da doença se propagar. Quando parte da população decide não se vacinar, 
aumenta o número de pessoas expostas as doenças. Assim, não só as pessoas 
antivacinação são afetadas, mas também todas as pessoas que podem se 
vacinar, seja por questão de pouca idade, problemas imunológicos ou falta de 
acesso. As taxas de vacinação têm caído, inclusive no Brasil. Algumas doenças 
erradicadas ameaçam voltar, como o sarampo, a poliomielite, a difteria e a 
rubéola. De acordo com o Ministério da Saúde, dentre oito vacinas infantis 
obrigatórias, apenas a BCG alcançou sua meta de cobertura, mesmo com a 
queda nos últimos oito anos. A vacinação contra poliomielite teve sua pior taxa 
vacinação, cobrindo 86% da população, quando o recomendado pela OMS é de 
95%. No Brasil, a poliomielite é considerada erradicada desde 1990. 
O que esperar do tema no Enem? A redação do Enem sempre irá propor uma 
questão problemática que afeta toda a sociedade e que precisa de solução. “O 
movimento antivacinação se apresenta como uma questão importante e que 
pode desafiar os estudantes despreparados”, acredita a professora Giovanna. 
As notícias falsas podem ser as principais armadilhas dos vestibulandos, e 
inclusive alimentam movimentos perigosos como o da antivacinação. A dica do 
professor Renan Russo, também do canal Professor de Atualidades, é 
acompanhar fontes confiáveis de informação,como jornais confiáveis, dados de 
fontes oficiais, como a OMS, e canais relevantes do Youtube Educação. A 
professora Giovanna acrescenta que estudar sobre o assunto ainda pode ajudar 
na argumentação em outros temas de redação. ”Pode servir de exemplo para 
mostrar uma descrença nas ciências e nos conhecimentos ligados à razão 
crítica”, explica. 
Além da redação A prova também pode cobrar o assuntos em outras disciplinas, 
como Biologia, História e até Sociologia. “Temos as questões biológicas 
da vacina e do sistema imunológico, a Revolta da Vacina ocorrida na República 
Velha e já que o número de pessoas salvas pela descoberta das vacinas 
aumentou a expectativa de vida, se alterou diversas dinâmicas sociais”, 
exemplifica o professor Renan.O assunto pode ser abordado de várias formas, 
alerta Renan, desde a descrença em relação ao conhecimento científico, os 
perigos que uma redução nos níveis de vacinação pode causar à saúde pública, 
até o aumento nos gastos com a campanha de vacinação. 
Revolta da Vacina (1904) A Revolta da Vacina foi uma rebelião popular contra 
a vacina anti-varíola, ocorrida no Rio de Janeiro, em novembro de 1904. 
Resumo: Causas e Consequências Quando o presidente Rodrigues Alves 
assumiu o governo, em 1902, nas ruas da cidade do Rio de Janeiro acumulavam-
se toneladas de lixo. Desta maneira, o vírus da varíola se espalhava. 
Proliferavam ratos e mosquitos transmissores de doenças fatais como a peste 
bubônica e a febre amarela, que matavam milhares de pessoas anualmente. 
Decidido a reurbanizar e sanear a cidade, Rodrigues Alves nomeou o 
engenheiro Pereira Passos para prefeito e o médico Oswaldo Cruz para Diretor 
da Saúde Pública. Com isso, iniciou a construção de grandes obras públicas, o 
alargamento das ruas e avenidas e o combate às doenças. A reurbanização do 
Rio de Janeiro, no entanto, sacrificou as camadas mais pobres da cidade, que 
foram desalojadas, pois tiveram seus casebres e cortiços demolidos. A 
população foi obrigada a mudar para longe do trabalho e para os morros, 
incrementando a construção das favelas. Como resultado das demolições, os 
aluguéis subiram de preço deixando a população cada vez mais indignada. Era 
necessário combater o mosquito e o rato, transmissores das principais doenças. 
Por isso, o intuito central da campanha era precisamente acabar com os focos 
das doenças e o lixo acumulado pela cidade. Primeiro, o governo anunciou que 
pagaria a população por cada rato que fosse entregue às autoridades. O 
resultado foi o surgimento de criadores desses roedores a fim de conseguirem 
uma renda extra. Contudo, a campanha de saneamento realizava-se com 
autoritarismo, onde as casas eram invadidas e vasculhadas. Não foi feito 
nenhum esclarecimento sobre a importância da vacina ou da higiene. Numa 
sociedade onde as pessoas se vestiam cobrindo todo o corpo, mostrar os seus 
braços para tomar a vacina foi visto como "imoral". Assim, a insatisfação da 
população contra o governo foi generalizada, desencadeando "A Revolta da 
Vacina". 
Vacinação Obrigatória O médico Oswaldo Cruz (1872-1917), contratado para 
combater as doenças, impôs vacinação obrigatória contra a varíola, para todo 
brasileiro com mais de seis meses de idade. Políticos, militares de oposição e a 
população da cidade se opuseram à vacina. A imprensa não perdoava Oswaldo 
Cruz dedicando-lhe charges cruéis ironizando a eficácia do remédio. Agitadores 
incitavam a massa urbana a enfrentar os funcionários da Saúde Pública que, 
protegidos pelos policiais, invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força. 
Os mais radicais pregavam a resistência à bala, alegando que o cidadão tinha o 
direito de preservar o próprio corpo e não aceitar aquele líquido desconhecido. 
O descontentamento se generalizou, somando aos problemas de moradia e ao 
elevado custo de vida, resultando na Revolta da Vacina Obrigatória. Entre 10 e 
16 de novembro de 1904, as camadas populares do Rio de Janeiro saíram às 
ruas para enfrentar os agentes da Saúde Pública e a polícia. O centro do Rio de 
Janeiro foi transformado numa praça de guerra com bondes derrubados, 
edifícios depredados e muita confusão na Avenida Central (atual Avenida Rio 
Branco). A revolta popular teve o apoio de militares que tentaram usar a massa 
insatisfeita para derrubar, sem sucesso, o presidente Rodrigues Alves. O 
movimento rebelde foi dominado pelo governo, que prendeu e enviou algumas 
pessoas para o Acre. Em seguida, a Lei da Vacina Obrigatória foi modificada, 
tornando facultativo o seu uso. 
Curiosidade A Revolta da Vacina inspirou novelas, minisséries e até ópera. A 
obra "O Cientista", do maestro brasileiro Sílvio Barbato, conta a vida de Oswaldo 
Cruz e dedica uma cena inteira ao acontecimento. 
 
Redação Modelo 
Temas de Redação > Cuidado com a saúde: A vacinação deve ser 
obrigatória? 
 No século XX, a chamada Revolta da Vacina expôs a insegurança e o medo 
da população brasileira quanto aos métodos de prevenção a doenças. 
Hodiernamente, muito se discute acerca da obrigatoriedade das vacinas, bem 
como sobre os malefícios associados a ela. Fatores de ordem educacional e 
social caracterizam o dilema da questão sanitária no país. 
 É importante ressaltar, de início, as falhas da educação brasileira na 
abordagem do tema. No Brasil, a vacina é cercada de mitos e mentiras sobre 
seus efeitos colaterais. Nesse sentido, a omissão das escolas e dos órgãos de 
saúde no problema corrobora com o receio da população em se submeter a esse 
processo. Tal fato pode ser ratificado pela campanha de 2014 de vacinação 
contra o HPV, que enfrentou grandes obstáculos relacionados à desinformação 
dos indivíduos. 
 Outrossim, tem-se os riscos ligados à abstenção de vacinas, que atingem 
toda a sociedade. Dado que existe uma tendência mundial contra a vacinação, 
toda a população se torna mais suscetível à exposição de doenças que já 
deveriam ter sido erradicadas, como o sarampo. Segundo a OMS, a circulação 
do vírus dessa enfermidade mantinha-se na Europa e África, além de que, só 
em São Paulo, foram contabilizados cerca de 30 casos em 2011. 
É notória, portanto, a influência de fatores educacionais e sociais na 
problemática supracitada. Nesse viés, cabe às escolas, em parceria com os 
postos de saúde, orientar a população sobre a necessidade da vacinação. Tal 
medida pode ser realizada por meio de palestras e debates nas salas de aula e 
mediante a realização de campanhas na internet e nas ruas. Paralelamente, o 
Governo, por intermédio dos setores responsáveis, deve realizar pesquisas 
sobre os possíveis malefícios das vacinas. A ideia é, a partir de estudos nas 
universidades do país, divulgar para a sociedade as verdades e mitos sobre a 
vacinação. Assim, será construída uma consciência coletiva do tema, essencial 
para o combate às doenças. 
Exemplo de redação: Desafios para garantir a vacinação dos brasileiros 
Confira essa redação pronta sobre os desafios para garantir a vacinação 
dos brasileiros. 
 O documentário “A Vacina que Mudou o Mundo” narra, com detalhes, a difícil 
batalha contra a epidemia de poliomielite ocorrida na década de 50. No entanto, 
apesar dos avanços alcançados na área da saúde, doenças graves, que até 
pouco tempo estavam controladas, voltaram a assombrar as famílias brasileiras. 
A respeito disso, torna-se evidente a precarização dos serviços públicos de 
saúde, bem como a desinformação de setores da população. Com efeito, 
visando ao enfrentamento do problema, faz-se necessário um debate entre 
Estado e sociedade acerca dos desafios para garantir a imunização dos 
brasileiros. 
 Em primeira análise, é importante sinalizar que a falta de estrutura nos postos 
de saúde e hospitais compromete a eficácia da imunização em escala nacional. 
Isso se explica porque, apesar da Carta Magna de 1988 garantir o direito à 
saúde, a má gestão dos recursos públicos e a corrupção comprometem a 
qualidade dos serviços prestados,dificultando o acesso da população à 
vacinação. [1] 
 Outrossim, é válido salientar que a falta de informação pode interferir na 
escolha dos pais de levarem seus filhos para se vacinar. Isso afeta, sobretudo, 
camadas mais vulneráveis da população, que não entendem as consequências 
da falta de imunização preventiva. Sob esse viés, o filósofo Émile 
Durkheim [2] afirma que a sociedade é como um corpo biológico, onde as partes 
devem interagir para garantir a coesão e a igualdade. Dessa forma, sem o 
engajamento de todas as camadas sociais, o país pode voltar a sofrer com os 
efeitos ocasionados por doenças graves, como o sarampo, a poliomielite e a 
rubéola. 
 Infere-se, portanto, que medidas devem ser tomadas para que o problema 
seja resolvido. Para que isso ocorra, o Ministério da Saúde deve promover a 
melhoria do sistema público de saúde, por meio de investimentos direcionados 
às unidades básicas e às campanhas de vacinação, com o objetivo de ampliar a 
cobertura nacional de imunização, garantindo, assim, que todas as comunidades 
sejam contempladas. Além disso, as prefeituras devem criar um projeto voltado 
para a aproximação entre as famílias e as instituições de saúde, por intermédio 
de dias de conscientização e oficinas culturais, com a participação de 
profissionais da área, a fim de elucidar as massas e conscientizar a comunidade 
acerca dos benefícios da vacinação infantil, haja vista que, de acordo com o 
sociólogo Gilberto Freyre, o ornamento da vida está na forma como um país 
cuida de suas crianças. A partir dessas ações, espera-se promover uma 
retomada dos níveis de vacinação no país, de forma que o corpo social, 
idealizado por Durkheim, esteja plenamente saudável. [3] 
 
Avaliação por competência: 
Competência I – Demonstrar domínio da norma culta: 
O texto apresentou precisão vocabular e obedeceu às regras gramaticais. O 
domínio da norma culta foi fundamental para construção da boa nota da redação. 
Competência II – Compreender a Proposta: 
Apresentou boa compreensão da proposta, atendendo à delimitação temática. 
Competência III – Selecionar e relacionar argumentos: 
[1] O aluno poderia ter explorado um pouco mais esse argumento. 
[2] Citação muito bem relacionada à discussão. 
Competência IV – Conhecer os mecanismos linguísticos para a construção da 
argumentação: 
O texto foi articulado de forma eficiente, com leitura fluida e agradável que 
possibilitou ao leitor compreender a mensagem que gostaria de transmitir. É 
preciso ter mais atenção, entretanto, a alguns detalhes que foram relevantes 
para a perda de pontas, como em relação uso de conectivo e à repetição ou 
substituição inadequada de palavras. É importante que se aproveite a 
oportunidade de demonstrar domínio sobre os recursos de substituição 
possíveis. 
Competência V – Elaborar a proposta de solução para o problema: 
[3] Resolveu os problemas apresentados na argumentação e, ainda, 
compreendeu muito bem o que é necessário conter na proposta de intervenção. 
O segredo é sempre voltar aos parágrafos de desenvolvimento e solucionar os 
problemas na ordem em que foram apresentados. Acima de tudo, diga o que 
fazer, os meios para fazer e quem irá participar da proposta. Dessa forma, o 
desempenho é um sucesso. 
Nota: 960 
 
 
Significado de Hodierno adjetivo que diz respeito ao dia de hoje ou ao tempo 
recente; atual. que reflete o momento contemporâneo; moderno: mundo 
hodierno.

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