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01 MA Fisiologia Humana UNISA

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Fisiologia Humana 
Professor Eloi Francisco Rosa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
SUMÁRIO 
1 FISIOLOGIA CELULAR E HOMEOSTASIA 3 
2 NEUROFISIOLOGIA 11 
3 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR 20 
4 FISIOLOGIA ENDÓCRINA 27 
5 FISIOLOGIA DOS SISTEMAS GRASTRINTESTINAL E RESPIRATÓRIO 35 
6 FISIOLOGIA RENAL 43 
REFERÊNCIAS 47 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
1 FISIOLOGIA CELULAR E HOMEOSTASIA 
Antes de iniciarmos nossa construção de conhecimentos sobre Fisiologia Humana, 
precisamos nos debruçar sobre a estrutura e o funcionamento das células, 
principalmente, dos transportes através da membrana. Também discutiremos um 
conceito de extrema importância fisiológica, a homeostase e os seus mecanismos de 
regulação. 
 
 
 
 
 
4 
 
 
1.1 Morfologia da célula e transporte através da membrana 
O corpo humano, didaticamente, é dividido em sistemas, cada um com uma função 
preponderante. Cada sistema, por sua vez, é composto por órgãos. Cada órgão é 
formado por tecidos. Cada tecido é formado por células. Desse modo, a célula é a 
unidade funcional formadora de todo o corpo humano. 
As células animais são basicamente formadas por: membrana plasmática que a envolve, 
encerrando o seu conteúdo; núcleo, onde se encontram os cromossomos; ribossomos, 
responsáveis pela síntese de proteína; retículo endoplasmático, relacionado com a 
síntese de lipídeos; complexo de Golgi, vinculado à secreção celular; centríolos, 
relacionados com a divisão celular; lisossomos, responsáveis pela digestão celular; e 
mitocôndrias, relacionadas com a síntese de ATP, nossa molécula energética. 
Quando analisamos a membrana com mais detalhe verificamos que ela é composta por 
uma bicamada lipídica incrustada por proteínas. Desse modo, moléculas hidrofílicas 
(que se dissolvem em água) não conseguem atravessar a bicamada lipídica. Apenas 
moléculas lipofílicas ou hidrofóbicas atravessam a bicamada lipídica. As moléculas 
hidrofílicas e os íons atravessam a membrana plasmática por meio de canais ou 
transportadores, que são proteínas com uma conformação específica. 
Todo soluto possui a tendência de atravessar a membrana para que se atinja o 
equilíbrio. Ou seja, para que a concentração dos dois lados de uma membrana seja igual. 
Desse modo, o soluto sempre se move naturalmente do lado de maior concentração 
para o lado de menor concentração. Esse processo é chamado difusão simples, e ocorre 
se existir diferença de concentração (gradiente de concentração) e se a membrana for 
permeável ao soluto. 
Nas nossas células a difusão simples é chamada de transporte passivo e depende da 
permeabilidade da membrana. Porém, além do transporte passivo, que não gasta 
energia porque ocorre naturalmente, as células também possuem o transporte ativo, no 
qual se observa gasto de energia porque uma proteína, denominada bomba, precisa 
 
 
 
5 
 
conduzir o soluto do meio menos concentrado para o mais concentrado, contra o 
gradiente de concentração. O transporte ativo mais importante das células é realizado 
pela bomba de Na+/K+ ATPase, que mantém altos níveis de Na+ (sódio) no meio 
extracelular (fora da célula) e altos níveis de K+ (potássio) no meio intracelular (dentro 
da célula), bombeando sódio para fora da célula e potássio para dentro da célula, 
sempre gastando ATP (energia). 
Contudo, quando o soluto é impermeante, não atravessa a membrana plasmática, ele 
provocará o processo de osmose (fluxo de água). 
Em função disso, os solutos impermeantes são chamados de osmoticamente ativos. A 
água se movimentará para atingir o equilíbrio das concentrações, desse modo, ocorre 
osmose (movimento de água) da célula para o meio, quando ele é hipertônico (meio 
com osmolaridade maior que da célula). Quando o meio é hipotônico (osmolaridade 
menor que da célula), a água se movimentará do meio para a célula. Se o meio for 
isotônico (osmolaridade igual à da célula), não ocorrerá fluxo de água. 
1.2 Bioeletrogênese – Potencial de Ação 
Os solutos mais comuns encontrados no corpo humano são os sais de sódio, potássio, 
cálcio, cloreto, fosfato, magnésio e bicarbonato. Parte dos sais são íons, ou seja, átomos 
que possuem um número diferente de prótons (cargas positivas) e elétrons (carga 
negativas). Os cátions, como sódio, potássio, cálcio e magnésio, são íons positivos 
(possuem mais prótons que elétrons). Os ânions, como o cloreto, são íons negativos 
(possuem mais elétrons que prótons). 
A quantidade de íons dentro e fora da célula não é igual, fazendo com que a quantidade 
de cargas elétricas dentro e fora da célula seja diferente. Se existe diferença de cargas 
elétricas através da membrana plasmática, pode-se concluir que existe diferença de 
potencial elétrico, ou seja, de voltagem. 
Nas células humanas, encontramos muito sódio (Na+) no meio extracelular e pouco no 
intracelular, bem como muito potássio (K+) no meio intracelular e pouco no extracelular. 
Essa distribuição, assim como a diferença de permeabilidade dos íons (o potássio é mais 
permeante), faz com que o meio extracelular seja mais positivo que o intracelular. Na 
 
 
 
6 
 
maior parte das células, sem estímulo, essa configuração gera uma voltagem de – 0,09 
V (Volts), -90 mV (milivolts). Essa diferença de potencial é chamada na célula de 
potencial eletroquímico. Na célula em repouso esse potencial é conservado graças ao 
funcionamento da bomba de Na+ / K+ ATPase, que mantém os níveis dos dois íons 
sempre constantes. 
Um dos modos que uma célula recebe ou transmite um sinal é por meio da alteração do 
seu potencial de membrana (ou voltagem). Um exemplo importante é o neurônio, que 
conduz seus impulsos por meio de alterações muito rápidas da voltagem de sua 
membrana plasmática. Para alterar o potencial de uma membrana, é necessário permitir 
a movimentação dos íons, também chamada corrente iônica. Os íons, hidrofílicos, 
cruzam a membrana plasmática através de canais iônicos, que são proteínas 
transmembranas com um orifício, como um cano. A maior parte dos canais possui duas 
configurações: abertos ou fechados. 
Como mencionamos, o neurônio transmite impulsos por meio de variações muito 
rápidas do potencial da membrana. Essa variação rápida é chamada de potencial de 
ação. 
Durante o potencial de ação: 
 Abrem canais de sódio, existe entrada de sódio na célula (influxo de sódio); 
 O interior da célula fica com mais cargas positivas; 
 O potencial elétrico da membrana fica positivo (DESPOLARIZAÇÃO); 
 Fecham os canais de sódio; 
 Abrem os canais de potássio, existe saída de potássio da célula (efluxo de 
potássio); 
 O interior da célula volta a ficar com menos cargas positivas (REPOLARIZAÇÃO); 
 Bomba de Na+ / K+ ATPase restabelece a situação inicial. 
Por meio do potencial de ação, os estímulos são propagados pelos neurônios para o 
desenvolvimento das diferentes funções orgânicas. 
 
 
 
 
7 
 
1.3 Contração Muscular 
Uma das funções mais importantes do nosso corpo é o movimento. A movimentação do 
corpo depende da contração de músculos. A contração é estimulada por potenciais de 
ação, assim como estudamos. 
Um músculo esquelético (responsável pelo movimento corporal consciente) é formado 
por células musculares esqueléticas, também chamadas de fibras musculares. 
Cada fibra muscular é composta por uma sequência de sarcômeros, que são as unidades 
funcionais da contração. Cada sarcômero é formado por filamentos finos e filamentos 
grossos. Os filamentos finos são constituídos por uma dupla hélice de actinas (proteínas 
globulares), além de troponinas e tropomiosina (também proteínas). Os filamentos 
grossos são formados, principalmente, por miosinas (proteínas que funcionam como 
motores). A membrana plasmática da fibra muscular também possui uma estrutura 
diferenciada com a presença de túbulos T, que são invaginações da membrana. Aos 
lados do túbulo T, no meio intracelular, existem cisternas do retículosarcoplasmático, 
formado as tríades. 
Durante a contração, o potencial de ação se propaga pela membrana plasmática, sendo 
conduzido pelos túbulos T. A despolarização da membrana plasmática causa a abertura 
dos canais de cálcio da cisterna, liberando altas concentrações de cálcio para o 
citoplasma. O cálcio se liga as troponinas alterando sua conformação, arrastando as 
tropomiosinas. Esta nova conformação permite a ligação da miosina com a actina. A 
miosina quebra uma molécula de ATP e muda de conformação arrastando a actina. 
Desse modo, a miosina funciona como um motor convertendo energia química (quebra 
do ATP) em energia mecânica (movimentação da actina). Ao movimentar as actinas, o 
sarcômero diminui de tamanho. Todos os sarcômeros diminuindo de tamanho causarão 
encurtamento da fibra muscular. Todas as fibras encurtando teremos a contração do 
músculo. Ou seja, a força da contração será a soma das forças geradas por cada miosina. 
Como fim dos potenciais de ação, os canais de cálcio da cisterna se fecham, o cálcio é 
bombeado para dentro do retículo sarcoplasmático, diminuindo a concentração de 
cálcio no citoplasma. Sem o cálcio as troponinas voltam para a conformação de repouso, 
 
 
 
8 
 
levando a tropomiosina para sua localização original que impede a ligação da actina na 
miosina. Sem ligação da actina na miosina, o processo de contração se finaliza e o 
músculo relaxa. 
1.4 Homeostase – Regulação e Controle em Fisiologia 
O potencial de ação e a contração são alguns dos processos celulares que permitem que 
o organismo humano se mantenha vivo, executando suas diversas funções. Contudo, 
manter o corpo vivo depende de muitos e variados fatores. Nesse contexto, em 1929, 
Walter Cannon propôs o conceito de Homeostase, que seria um estado de manutenção 
de uma condição similar, ou seja, de manter o meio interno do corpo relativamente 
constante. Dentro desse conceito, diversos fatores orgânicos devem ser mantidos 
dentro de faixas de normalidade e o corpo atua intensamente para manter a sua 
homeostase e, consequentemente, a vida. São fatores homeostáticos, que não podem 
variar além da faixa de normalidade: temperatura corporal; pH; osmolaridade; água; 
nível de sódio, potássio, oxigênio, cálcio e de nutrientes. 
Para manter a homeostase, o corpo humano possui complexos sistemas fisiológicos de 
controle. A situação mais básica de um sistema de controle seria, sinal de entrada, 
estrutura ou sistema controlador e sinal de saída para ajuste. Ou seja, o corpo monitora 
o tempo todo os fatores homeostáticos, se medir uma oscilação fora da normalidade 
(entrada), ela integra a informação em um centro (sistema controlador – cérebro) e 
aciona um sistema apara ajuste da condição (saída). 
1.5 Sinalização Celular e Ritmos Biológicos 
Para manter a homeostase é necessário que as células e os tecidos que as compõem se 
comuniquem, transmitindo informações para as áreas de integração e regulação. 
Existem diversas formas de comunicação entre as células: 
 Sinalização autócrina: a célula secreta uma molécula sinalizadora que irá atuar 
sobre a própria célula que secretou. 
 Sinalização parácrina: a célula secreta uma molécula sinalizadora que irá atuar 
nas células vizinhas. 
 
 
 
9 
 
 Sinalização endócrina: a célula secreta uma molécula que será transportada pela 
corrente sanguínea para atuar em células distantes. 
A molécula sinalizadora irá se ligar a um receptor presente na célula alvo. O receptor é 
uma proteína que possui um sitio de ligação para a molécula sinalizadora. Essa ligação 
entre a molécula e seu receptor é muito específica, como o de uma chave em uma 
fechadura. O receptor pode estar na membrana plasmática, pode estar dentro da célula, 
no citoplasma ou no núcleo. 
O controle da homeostase depende da integração de todas essas vias de comunicação, 
de tal modo que o estímulo em um local específico possa gerar diferentes respostas em 
todas as partes do corpo que necessitam se acionadas. 
Cabe ressaltar que os fatores homeostáticos variam durante o dia, dentro de uma faixa. 
Ou seja, o corpo, por meio das diferentes vias de sinalização, cria um ciclo que permite 
que o corpo esteja em sua plenitude em cada fase do dia. A temperatura corporal, por 
exemplo, é mais baixa durante a madrugada, favorecendo o refazimento físico, e mais 
alta no meio da tarde, quando precisamos estar em plena atividade. 
1.6 Regulação do pH do meio interno 
Um bom exemplo para aplicarmos à lógica dos processos de manutenção da 
homeostase é a manutenção do pH do sangue. 
O pH do sangue é uma constante homeostática, variando entre 7,35 e 7,45. Ou seja, o 
sangue é levemente alcalino (pH = 7,0, neutro; pH < 7,0, ácido; pH >7,0 alcalino) e não 
pode sofrer variações de seu pH. Se um indivíduo tiver pH do sangue entre 7,34 e 6,85 
ele estará em acidose, pH menor que 6,85 pode levar a óbito. Se o pH do sangue estiver 
entre 7,46 e 7,95, o indivíduo estará em alcalose, pH maior que 7,95, risco de óbito. Isso 
ocorre porque as proteínas (enzimas, transportadores, canais iônicos, miosina, actina 
etc.) funcionam de maneira regular dentro de uma faixa de pH; fora do pH normal, as 
proteínas perdem sua função. 
 Como o pH é tão relevante para a manutenção da vida, o corpo possui diversos 
mecanismos para manter sua constância. O meio extracelular é rico em bicarbonato 
 
 
 
10 
 
(HCO3 -) que é um tampão (molécula que impede variações de pH, dentro de uma faixa), 
e o controle da homeostase passa pelo controle dos seus níveis. 
Desse modo, se um indivíduo estiver em acidose respiratória (causada por aumento do 
CO2 em função de alteração da respiração), ele aumentará a reabsorção de bicarbonato 
pelos rins, se estiver em alcalose respiratória (causada por diminuição do CO2 em função 
da respiração), ocorrerá a compensação pelo aumento da excreção de bicarbonato. 
Se for observada acidose metabólica (causada por diminuição do bicarbonato por fator 
metabólico), ele diminuirá a frequência respiratória para aumentar o CO2, porém se for 
observada alcalose metabólica (causada por aumento do bicarbonato em função do 
metabolismo), ele aumentará a frequência respiratória para diminuir o CO2. 
Em todos esses casos, o que observamos é que a variação do pH é percebida pelo 
organismo e será interpretada por áreas cerebrais que irão decidir mecanismos de 
compensação que fazem o pH voltar para a normalidade. 
 
 
 
 
 
11 
 
 
2 NEUROFISIOLOGIA 
O que seria mais instigador para iniciar a jornada de compreensão sobre o corpo 
humano do que iniciar pelo Sistema Nervoso? Nesta etapa, iremos discutir os princípios 
de funcionamento do sistema nervoso central e periférico, iniciando pela análise do 
neurônio e seus mecanismos básicos. 
 
 
 
 
 
12 
 
 
2.1 Sinalização Neuronal 
O neurônio é uma das principais células que formam o tecido nervoso, sendo um dos 
responsáveis pelo funcionamento do cérebro, cerebelo, medula espinal e nervos. O 
neurônio é uma célula altamente diferenciada, com grande potencial para transmitir 
impulsos e integrar sistemas. O neurônio é formado por corpo celular, dendritos e 
axônios. Os impulsos sempre são recebidos pelos dendritos e ou corpo celular e 
transmitidos pelo axônio em uma via de mão única. No corpo celular encontramos o 
núcleo e as organelas responsáveis pelo metabolismo celular. 
O neurônio é capaz de desenvolver e propagar potenciais de ação, que se deslocam pelo 
axônio sempre no sentido do corpo celular para a periferia do axônio. A propagação do 
potencial de ação, resultante das correntes de sódio (durante a despolarização) e 
potássio (durante a repolarização), também é chamada de impulso nervoso. 
Para que a propagação do impulso nervoso (potenciais de ação) seja mais rápida, o 
neurônio é recoberto pela bainha de mielina. Essa cobertura funciona como um isolante 
que impede a formação de potencial de ação em todas as regiões doneurônio. Desse 
modo, o potencial de ação somente se forma onde não existe bainha de mielina (regiões 
chamadas nódulos de Ranvier). Esse processo é chamado de potencial saltatório, porque 
parece que o potencial salta de um nódulo de Ranvier para outro, o que torna a 
propagação do impulso muito mais rápida. Ou seja, a bainha de mielina acelera 
imensamente a propagação do impulso nervoso. 
Além de propagar o impulso nervoso, um neurônio também se comunica com outros 
neurônios. Essa comunicação se dá por meio de sinapses, que são regiões específicas de 
transmissão de um sinal. Uma sinapse é formada por um neurônio pré-sináptico (que 
enviará o sinal), uma fenda sináptica (região entre os neurônios) e o neurônio pós-
sináptico (que receberá o sinal). Existem dois tipos de sinapse, a química e a elétrica. 
Na sinapse elétrica, o potencial de ação se propaga pelo neurônio pré-sináptico 
chegando ao terminal sináptico onde existem junções comunicantes que permitem a 
 
 
 
13 
 
passagem da corrente de íons diretamente para o neurônio pós-sináptico, iniciando um 
potencial de ação nesse neurônio. 
Durante a sinapse química, o potencial de ação se propaga pelo neurônio pré-sináptico 
chegado ao terminal sináptico (região da sinapse), lá a despolarização do potencial de 
ação causa a abertura de canais de cálcio da membrana plasmática, permitindo a 
entrada de cálcio no neurônio pré-sináptico. O cálcio sinaliza para a liberação de 
neurotransmissor na fenda sináptica. O neurotransmissor é uma molécula sinalizadora. 
O neurotransmissor atravessará a fenda sináptica e se ligará ao seu receptor presente 
na membrana do neurônio pós-sináptico, transmitindo o sinal. O tipo de sinal dependerá 
do tipo de neurotransmissor. Cada tipo de neurônio secreta um neurotransmissor 
específico, dentre os mais comuns podemos destacar: 
 Neurônio colinérgico – secreta acetilcolina – que é um neurotransmissor 
excitatório; 
 Neurônio serotoninérgico – secreta serotonina – que é um neurotransmissor 
modulador; 
 Neurônio dopaminérgico – secreta dopamina – que é um neurotransmissor 
excitatório; 
 Neurônio noradrenérgico – secreta noradrenalina – que é um neurotransmissor 
excitatório; 
 Neurônio gabaérgico – secreta ácido gama-aminobutírico (GABA) – que é um 
neurotransmissor inibitório. 
Desse modo, durante uma sinapse um neurônio pode excitar, inibir ou modular o outro 
neurônio. 
Vale ressaltar que o neurônio pode realizar sinapses específicas com outras células, 
como fibras musculares. 
2.2 Sistemas Sensoriais – Somestesia e Propriocepção 
Uma das funções do sistema nervoso é receber e interpretar as diversas informações 
que o nosso corpo capta tanto do ambiente que nos cerca, quanto do nosso meio 
 
 
 
14 
 
interno. Nesse sentido, o sistema sensorial permite receber e interpretar estímulos de 
frio, calor, pressão, posição do corpo, dor, pressão arterial, pH do sangue e assim por 
diante. 
Para receber os diferentes tipos de estímulos, nós possuímos neurônios específicos 
chamados neurônios sensoriais, ou células receptoras. Cada neurônio sensorial é 
estimulado por um fator distinto, por exemplo, os neurônios termoceptores são 
estimulados por variações da temperatura, quanto mais quente ou mais frio, mais ele 
irá se excitar, aumentando a quantidade de potenciais de ação disparados. Os neurônios 
baroceptores são estimulados por variações da pressão, quanto mais forte for o toque 
sobre o neurônio, mais ele se excitará, propagando mais potenciais de ação. Desse 
modo, cada neurônio sensorial percebe um estímulo diferente e se excita 
proporcionalmente à potência do estímulo. Essa excitação se refletirá na propagação de 
potenciais de ação. 
Tipos de Neurônios 
Quando o neurônio sensorial é estimulado, ele propaga o potencial de ação que se 
conduzirá por meio de nervos sensoriais aferentes até o sistema nervoso central, 
chegando a uma região do cérebro chamada córtex sensorial. A informação que chega 
ao córtex será interpretada e a pessoa terá a sensação do estímulo. Ou seja, o estímulo 
pode ser na pele, por exemplo, mas a sensação ocorre no cérebro, com a ilusão que está 
sentindo na pele. Por isso, quando uma pessoa sofre uma lesão na medula, que 
interrompe o fluxo dos nervos aferentes, a pele poderá ser estimulada, o neurônio 
sensorial continua na pele, mas ela não sentirá nada, visto que o estímulo não chegará 
ao cérebro. 
Um neurônio sensorial possui várias ramificações de seus dendritos, onde ocorrem os 
estímulos. Diferentes neurônios sensoriais podem fazer sinapse com um mesmo 
neurônio secundário aferente. A área inervada pelo mesmo neurônio secundário 
aferente é denominada campo receptivo. Ou seja, trata-se de uma área na qual qualquer 
estímulo se propagará por meio do mesmo neurônio secundário. Isso faz com que você 
tenha a sensação de que o estímulo ocorreu no mesmo local. Quanto maior o campo 
receptivo, mais imprecisa é a sensibilidade da região. A pele da região das mãos possui 
 
 
 
15 
 
um campo receptivo muito pequeno, permitindo alta sensibilidade dessa região. Ao 
contrário, a pele da região das costas possui um campo receptivo muito grande, sendo 
bem menos precisa na sua sensibilidade. 
A sensibilidade de uma região também está associada com a região do córtex sensorial 
que realiza esse processamento. Desse modo, a região do cérebro que recebe e 
interpreta os estímulos provenientes das mãos é relativamente maior que a região 
cerebral que analisa os estímulos vindos da pele da perna. 
Esse complexo de estimulação e interpretação permite que percebamos os estímulos 
externos do ambiente, o que chamamos de somestesia, e também que nos percebamos 
enquanto corpo, o que é designado de propriocepção. Desse modo, a propriocepção 
nos permite identificar a nossa posição no ambiente (em pé, sentado, deitado, virado 
etc.) bem como o tamanho de nosso corpo e os movimentos que estamos realizando. 
2.3 Audição, Gustação, Olfato e Visão 
Dentre os processos do sistema nervoso sensorial, os sentidos são fundamentais para a 
manutenção da homeostasia e preservação da vida. 
A audição é a capacidade de perceber e interpretar os sons, que são ondas mecânicas. 
Os sons do ambiente são captados pela orelha externa e se propagam pela orelha média. 
Chegando lá, essas ondas mecânicas causarão a vibração do tímpano, que é uma 
membrana muito sensível. O tímpano transmite a vibração para um sistema de ossículos 
(martelo, bigorna e estribo). Os ossos transmitem a vibração causada pelo som para a 
orelha interna, agitando o líquido presente na cóclea. A cóclea é revista de neurônios 
sensoriais ciliados. O movimento do líquido movimenta o cílio do neurônio, 
despolarizando a célula e iniciando a propagação do impulso. Essa propagação de 
potencial de ação chegará ao córtex cerebral, onde será interpretada. 
Sentir o sabor dos alimentos é extremamente importante para que o indivíduo se 
alimente corretamente e também para prevenir envenenamentos e intoxicações. A 
língua é recoberta por papilas gustativas, ou papilas linguais. Em cada papila estão 
presente muitos botões gustativos, sendo que cada um deles é formado por neurônios 
sensoriais gustativos, ou receptores gustativos. Cada receptor gustativo é estimulado 
 
 
 
16 
 
por diferentes agentes químicos dissolvidos. Desse modo, existe o receptor gustativo 
que se despolariza na presença de sódio (indicando o sabor salgado), outros que se 
despolarizam na presença de açúcares, como a glicose, (indicando o sabor doce), outros 
que se despolarizam na presença de ácido (indicando o sabor azedo), outros na presença 
de alcaloides (indicando o sabor amargo) e, por fim, neurônios gustativos estimulados 
por aminoácidos (indicando o sabor unami, gosto de glutamato). 
Antes se acreditava que cada porção da língua possuía neurônios gustativos para apenas 
um sabor, porém, hoje, já se sabe que qualquer sabor é percebidoem todas as partes 
da língua, com preponderância em algumas regiões. Nossa sensibilidade aos sabores 
também é diferente, somos 10.000 vezes mais sensíveis ao amargo que ao doce, uma 
vez que a maior parte das substâncias venenosas é amarga. 
O olfato também é muito importante na percepção do sabor. O nariz é o órgão 
responsável pela olfação. As células receptoras olfatórias ficam situadas na cavidade 
nasal e são estimuladas por diferentes aromáticas presentes no ar. As substâncias 
aromáticas presentes no ar entram pelo nariz, atingindo as células olfatórias, que, 
excitadas, propagam potenciais de ação para o cérebro, onde são interpretadas e 
produzidas as sensações olfatórias. Apesar de a sensibilidade das células olfativas ser 
alta, elas se dessensibilizam, ou seja, quando o estímulo se mantém, ele para de 
estimular a célula olfatória. 
Para completar a nossa capacidade de perceber o mundo que nos cerca, nós contamos 
com a visão. O olho é o órgão responsável pela percepção da luz e, consequentemente, 
pela visão. 
A luz é uma onda eletromagnética e podemos enxergar apenas as ondas de tamanhos 
específicos. Somos capazes de perceber as ondas eletromagnéticas de 360 nm (violeta) 
a 750 nm (vermelho), o que se denomina espectro do visível. As ondas menores que 360 
nm não são visíveis, e são chamadas ondas ultravioletas. As ondas maiores que 750 nm 
também não são visíveis, e são chamadas ondas infravermelho. Um objeto, imagem, 
pessoa, paisagem só pode ser vista porque reflete a luz. Sem luz não existe possibilidade 
de visão. Essa reflexão da luz atravessará a pupila do olho, será invertida pelo cristalino 
e projetada sobre a retina (no fundo do olho). Na retina se encontram células 
 
 
 
17 
 
ultraespecializadas chamadas cones e bastonetes, que são capazes de se excitar na 
presença da luz. Os cones percebem as cores e os bastonetes o claro e escuro e tons de 
cinza. As células excitadas transmitirão o impulso para o cérebro por meio do nervo 
óptico. No cérebro, a imagem é desinvertida e interpretada criando a sensação da visão. 
2.4 Sistemas Motores 
Após perceber os estímulos externos, o cérebro interpreta tais informações, analisa com 
base em suas memórias e toma uma decisão. Parte da reação pode envolver um 
movimento, e para isso é necessário sinalizar para o processo de contração muscular. 
A região do cérebro responsável pelo controle motor voluntário é chamada córtex 
motor. Cada região do córtex comanda um músculo distinto do corpo. O neurônio do 
córtex motor define a contração de um músculo, emitindo o potencial de ação. Esse 
potencial irá se propagar por meio de nervos motores eferentes, que descem pela 
medula espinhal, alcançando os nervos motores periféricos. O nervo motor periférico 
propagará o potencial de ação até atingir a junção neuromuscular, uma sinapse entre 
neurônio e a célula muscular. 
Na junção neuromuscular, o potencial de ação estimula a abertura de canais de cálcio, 
ocasionando a entrada de cálcio no neurônio. Esse cálcio sinaliza para a liberação de 
acetilcolina na fenda sináptica, a acetilcolina atravessa a fenda e se liga nos receptores 
nicotínicos presentes na membrana da fibra muscular. Com a ligação da acetilcolina, 
ocorre a entrada e sódio na fibra muscular, iniciando um potencial de ação, que 
estimulará a contração. 
Cada neurônio inerva mais de uma fibra muscular e esse conjunto é chamado de 
unidade motora. Ou seja, a unidade motora é formada por um neurônio e todas as fibras 
que ele inerva. Quanto menor a unidade motora mais preciso o movimento. 
Contudo, o movimento não é possível apenas com a contração de músculos isolados, é 
necessária uma organização desse processo, com a orquestração de quais músculos 
agonistas devem contrair e quais músculos antagonista devem relaxar. Todo esse 
aprendizado motor depende do córtex motor e de outras regiões como o cerebelo. Os 
 
 
 
18 
 
aprendizados motores, após consolidados, não são perdidos. Por isso você aprendeu a 
andar de bicicleta uma única vez... 
2.5 Sistemas Neurovegetativos 
Enquanto percebemos e interagimos com o ambiente, o nosso corpo físico continua em 
um processo complexo de percepção do meio interno e manutenção da nossa 
homeostase. Para isso, existem regiões no sistema nervoso central voltadas ao controle 
da homeostasia, recebendo constantemente informações da periferia do corpo e 
comandando processos de adaptação e/ou compensação. As principais regiões 
responsáveis por esses processos são o hipotálamo e o tronco cerebral. 
Além da atuação dessas regiões, o nosso corpo conta com o Sistema Nervoso Autônomo, 
que está dividido em sistema nervoso autônomo simpático e sistema nervoso autônomo 
parassimpático. Ambos controlam e modulam as funções vegetativas do organismo, 
agindo antagonicamente. 
O Sistema Nervoso Simpático possui diferentes pares de nervos que se projetam da 
medula espinhal, com corpos celulares dos neurônios concentrados no cordão 
simpático, paralelo à coluna vertebral. Os neurônios do sistema nervoso simpático 
secretam noradrenalina quando estão excitados. 
O Sistema Nervoso Parassimpático inerva boa parte dos órgãos com ramificações de um 
único nervo, o nervo vago. Os neurônios do sistema nervoso parassimpático secretam 
acetilcolina quando são estimulados. 
O sistema simpático, quando estimulado, é responsável por: aumentar a frequência 
cardíaca, aumentar a força de contração do coração, causar dilatação dos brônquios do 
pulmão, diminuir a motilidade do intestino, diminuir a secreção de saliva, aumentar o 
tônus dos músculos esqueléticos, aumentar a pressão arterial, aumentar a secreção de 
adrenalina pelas adrenais, aumentar a frequência respiratória e dilatar as pupilas. 
O sistema simpático sempre é estimulado em situações que o cérebro entende como de 
perigo, ou estresse, colocando o corpo preparado para um estado chamado de LUTA ou 
FUGA. Ou seja, pronto para reagir. 
 
 
 
19 
 
O sistema nervoso parassimpático, sempre entrará em ação após o fim da ação do 
sistema simpático. O parassimpático diminui a frequência cardíaca, diminui a frequência 
respiratória, aumenta a motilidade do intestino e estômago, aumenta a salivação, retrai 
a pupila, diminui o tônus muscular, inibe a secreção de adrenalina, diminui a pressão 
arterial e causa constrição dos brônquios. 
Desse modo, a atuação de todos esses sistemas, atrelados aos demais controles de 
homeostase, permite que o corpo mantenha a vida. 
2.6 Comportamento e Emoções 
O sistema nervoso vai muito além de controlar e integrar informações para manter o 
corpo vivo, ele permite a construção de nossa personalidade, de nossas memórias, 
sentimentos e emoções, ou seja, da nossa percepção de quem somos e como pensamos. 
Todos os nossos pensamentos, sentimentos e emoções são frutos de complexas e 
incontáveis interações realizadas entre diferentes áreas do cérebro, desde a responsável 
pelo armazenamento de nossa memória, até as áreas que comandam nossas emoções. 
A Psicobiologia é um ramo da ciência dedicado a estudar como cada região do cérebro 
permite a criação de cada percepção e conduta psicológica que temos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
3 FISIOLOGIA CARDIOVASCULAR 
Um dos sistemas que colaboram na integração das funções orgânicas é o sistema 
cardiovascular. Nesta fase, estudaremos os mecanismos de funcionamento do coração 
e dos nossos vasos sanguíneos, detalhando conceitos de hemodinâmica e de regulação 
da pressão arterial. 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
3.1 Fisiologia do Coração 
O sistema circulatório é formado pelo coração e pelos vasos sanguíneos. Os vasos 
sanguíneos, por sua vez, se dividem em artérias que permitem o fluxo de sangue do 
coração para o corpo e veias e a circulação de sangue do corpo para o coração, além dos 
capilares. 
O coração funciona como uma bomba propulsora geradora de pressão, é formado por 
uma espessa paredemuscular que encerra quatro câmaras internas, sendo que o lado 
direito não possui comunicação com o lado esquerdo. As câmaras menores e superiores 
são denominadas átrios e as câmaras maiores inferiores, ventrículos. O átrio direito 
possui comunicação com o ventrículo direito através de uma valva. O átrio esquerdo 
possui comunicação com o ventrículo esquerdo também através de uma valva. As valvas 
não permitem que o sangue que está nos ventrículos volte para os átrios durante a 
contração. 
Essa configuração cardíaca permite que o sangue arterial (rico em oxigênio O2) não se 
misture com o sangue venoso (rico em gás carbônico CO2), uma vez que o sangue arterial 
circula na parte esquerda do coração e o sangue venoso na parte direita. 
Detalhando o processo circulatório, verifica-se que a circulação pode ser dividida em 
duas, uma grande circulação e uma pequena circulação. Na grande circulação o 
ventrículo esquerdo bombeia o sangue arterial, por meio da aorta (maior artéria do 
corpo), para todos os tecidos corporais. Nos tecidos e na região dos capilares ocorre a 
liberação do oxigênio e captação do gás carbônico tornando o sangue venoso. Esse 
sangue venoso retorna ao coração por meio das veias, chegando ao átrio direito, que 
bombeia o sangue venoso para o ventrículo direito. 
Na pequena circulação, o ventrículo direito bombeia o sangue venoso por meio da 
artéria pulmonar para os pulmões. Nos pulmões ocorre a liberação do gás carbônico e a 
absorção do oxigênio, tornando o sangue arterial. O sangue arterial retorna ao coração 
por meio da veia pulmonar, chegando ao átrio esquerdo, que bombeia o sangue arterial 
para o ventrículo esquerdo. 
 
 
 
22 
 
É importante ressaltar que as duas circulações ocorrem ao mesmo tempo, visto que os 
dois átrios contraem juntos, enquanto os ventrículos estão relaxados. Depois, os dois 
ventrículos contraem juntos e as valvas não permitem que o sangue volte para os átrios. 
A contração dos átrios é denominada diástole, e a contração dos ventrículos se chama 
sístole. 
Sabendo que pressão é igual a força dividida pela área, a contração do coração diminui 
o tamanho das câmaras, essa força de contração, somada à diminuição da área, 
aumenta a pressão, o que permite o fluxo do sangue, uma vez que todo o líquido flui do 
local de maior pressão para o local de menor pressão. Ou seja, o funcionamento 
cardíaco está integralmente atrelado à contração de sua parede, formada por células 
musculares cardíacas. 
As células musculares cardíacas, ou fibras cardíacas, são estriadas (possuem 
sarcômeros) e nunca se fadigam. Sua contração é estimulada por um potencial de ação 
gerado em uma região específica do coração, denominada nó sinoatrial, ou nó sinusal. 
O nó sinoatrial é o marca-passo cardíaco gerando espontaneamente potenciais de ação 
que se propagam pelo tecido cardíaco estimulando a contração ritmada. 
Como existe a propagação de um impulso elétrico (potencial de ação) sobre o tecido 
cardíaco, ocorre a formação de um campo eletromagnético que pode ser medido na 
superfície do corpo. A medida desse campo eletromagnético se chama 
eletrocardiograma. No traçado do eletrocardiograma observamos a formação de 
diferentes curvas que correspondem a cada fenômeno elétrico cardíaco. Desse modo, a 
onda P é o reflexo da despolarização dos átrios, o complexo QRS está vinculado à 
despolarização dos ventrículos e a onda T é o reflexo da repolarização dos ventrículos. 
Todo o trabalho do coração é quantificado por meio de um parâmetro denominado 
débito cardíaco, que é o volume de sangue que o coração bombeia por minuto. Para 
calcular o débito cardíaco, multiplicamos a frequência cardíaca pelo volume de sistólico. 
 
 
 
 
 
23 
 
3.2 Sangue 
Um homem de 70 kg possui, aproximadamente, 5 litros de sangue, que é um tecido 
líquido especializado formado por células (2 litros) suspensas no plasma (3 litros). O 
plasma é uma mistura de água, proteínas e outras moléculas solúveis, como íons 
aminoácidos, glicose e vitaminas. A proteína mais encontrada no sangue é a albumina. 
Os elementos celulares podem ser divididos em três grupos, a série branca, a série 
vermelha e as plaquetas. A série vermelha é formada pelas hemácias, também 
chamadas de eritrócitos, que são células cheias da proteína hemoglobina em seu 
interior. Sua principal função é transportar oxigênio. A série branca é formada pelas 
células chamadas monócitos, neutrófilos, basófilos, eosinófilos e linfócitos. Todas as 
células da série branca são pertencentes ao sistema imune e são responsáveis pelos 
processos de defesa do organismo. 
Todas as células sanguíneas são sintetizadas na medula óssea a partir de células-tronco 
hematopoiéticas e dependem de estímulos próprios. 
3.3 Vasos 
O sangue circula em um sistema fechado composto por vasos que funcionam como 
tubulações. Como já mencionado, esse sistema é formado por artérias e arteríolas (que 
conduzem o sangue do coração para os tecidos) e veias e vênulas (que conduzem o 
sangue dos tecidos para o coração), além dos capilares que são vasos muito finos 
encontrados nas regiões de trocas nos tecidos. 
As artérias são mais calibrosas (maior diâmetro) que as arteríolas, que são mais delgadas 
(finas) e se ramificam das artérias. As artérias possuem uma forte parede muscular, 
enquanto as arteríolas possuem feixes de músculo em porções de sua parede. Os 
capilares, por sua vez, possuem sua parede formada por uma única camada de células, 
podendo ser contínuos ou fenestrados. Em um capilar passa uma célula por vez. 
As veias são complacentes e possuem paredes mais elásticas. Em seu interior nota-se a 
presença de válvulas que impedem o refluxo de sangue. As vênulas são mais delgadas. 
 
 
 
24 
 
Apesar da vasta rede de artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias que temos em 
nosso corpo, não possuímos volume de sangue suficiente para circular vastamente em 
todas as regiões do corpo ao mesmo tempo. Isso significa que a circulação sanguínea é 
ampliada nos órgãos que estão em atividade e diminuída nos tecidos que estão em 
repouso. Esse processo é chamado de desvio do débito cardíaco. Isso ocorre graças a 
contração e/ou relaxamento das arteríolas. Quando um tecido entra em atividade, a 
produção de CO2 pelas células aumenta causando variação do pH da região, que faz com 
que as arteríolas relaxem aumentando o fluxo para esse local. Assim, o fluxo sempre é 
direcionado para os tecidos com maior metabolismo. 
Além dos vasos sanguíneos, o corpo possui uma vasta rede de vasos linfáticos, que 
interagem com os sistemas vascular, digestório e imunológico. O sistema linfático 
permite o movimento de líquido intersticial (liquido que está entre as células) do tecido 
para a circulação sanguínea. Os capilares linfáticos sempre estão ao lado dos capilares 
sanguíneos. Os vasos linfáticos, por sua vez, são formados pelas junções de capilares 
linfáticos e possuem estrutura similar a das veias, com a presença de válvulas. O líquido 
intersticial quando está dentro do vaso linfático é chamado de linfa. O bombeamento 
da linfa depende da contração dos músculos esqueléticos, que comprimem os vasos 
linfáticos gerando diferença de pressão. Ao longo do percurso dos vasos linfáticos são 
encontrados os linfonodos, extremamente relevantes no processo de defesa 
imunológica. 
3.4 Vasomotricidade de Hemodinâmica 
Dentro dos vasos o sangue exercerá pressão sobre a parede do vaso. Essa pressão é 
maior de acordo com a força exercida ou com a área do vaso. Quanto maior a força ou 
menor a área, maior será a pressão. O sangue sempre se movimentará da área de maior 
pressão para a região de menor pressão. 
O fluxo de sangue, portanto, é diretamente proporcional à diferença de pressão. Porém, 
outros fatores também interferem na intensidade do fluxo sanguíneo. Segundo a Lei de 
Poiseuille, o fluxo será influenciado pela diferença de pressão, raio do vaso, viscosidadedo sangue e comprimento do vaso. Conforme a equação abaixo, o fator de maior 
impacto do fluxo é o raio do vaso, que está relacionado exponencialmente à quarta 
 
 
 
25 
 
potência, o que significa que se o raio diminuir pela metade (dividido por 2), o fluxo 
diminuirá 16 vezes (24). 
 
Além de problemas causados por diminuições patológicas do raio do vaso, como em 
uma aterosclerose, os vasos fisiologicamente também podem alterar seus raios por 
meio da contração de suas paredes. 
As paredes dos vasos possuem uma camada de músculo liso, que sofre contração 
quando estimulado por noradrenalina. 
3.5 Regulação da Pressão Arterial 
A pressão arterial é um fator homeostático e precisa se manter dentro de faixas de 
normalidade para que um indivíduo se mantenha saudável. Em repouso, um adulto 
precisa que sua pressão arterial esteja por volta de 120 mmHg durante a sístole 
(contração dos ventrículos) e em 80 mmHh durante a diástole. Durante uma situação de 
estresse ou uma atividade física, esses valores se elevarão, sem que isso seja um 
problema, porque tal alteração denota adaptação a uma nova situação do organismo. 
Para controlar a pressão arterial, possuímos neurônios sensoriais específicos 
denominados baroceptores, presentes em regiões específicas dos vasos. Esses 
neurônios são estimulados por variações da pressão arterial e propagam potenciais de 
ação até a região do hipotálamo, que irá estimular mecanismos de compensação. 
Os mecanismos de regulação da pressão arterial podem ser divididos entre de curto-
prazo e de longo-prazo. 
 
 
 
26 
 
Os mecanismos de curto-prazo são exercidos pelos sistemas nervosos simpático e 
parassimpático. O sistema simpático quando estimulado libera noradrenalina, que 
estimula a contração das paredes dos vasos aumentando a pressão arterial. O 
parassimpático quando estimulado secreta acetilcolina, que causa relaxamento dos 
vasos, diminuindo a pressão arterial. 
A regulação de longo prazo é realizada, principalmente, pelo sistema renina-
angiotensina. A queda da pressão arterial estimula a secreção de renina pelas células 
justaglomerulares dos rins. A renina é uma enzima que aumenta a velocidade de quebra 
do angiotensinogênio, que é uma proteína produzida pelo fígado. Desse modo, a renina 
catalisa a quebra do angiotensinogênio em angiotensina I. Quando passa pelo pulmão, 
a proteína angiotensina I é novamente clivada por uma enzima chamada enzima 
conversora de angiotensina, obtendo a angiotensina II. A angiotensina II causa 
contração dos vasos, aumenta a reabsorção do sódio e a retenção de água pelos rins, e 
aumenta a força de contração cardíaca. Esses três fatores, juntos, aumentam muito a 
pressão arterial. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
4 FISIOLOGIA ENDÓCRINA 
Além da regulação nervosa, o corpo possui um sofisticado sistema de regulação e 
modulação hormonal, desempenhado por vários órgãos e tecidos, sendo que os 
principais compõem o sistema endócrino, objetivo de estudo desta unidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
4.1 Hipotálamo Endócrino – Hipófise e Adrenal 
O sistema é composto pelas glândulas endócrinas, hipófise, tireoide, paratireoides, 
adrenais, pâncreas, gônadas (testículos e ovários) e timo, além dos tecidos que secretam 
hormônios, como o tecido adiposo, estômago, pele, rins e fígado. Nesta fase, focaremos 
nas glândulas endócrinas. 
O hipotálamo está intimamente relacionado ao controle de nossa homeostase e de 
nossas funções vegetativas. Está anatomicamente acima da glândula hipófise (pituitária) 
e secreta neuro-hormônios que controlam a hipófise. 
Os hormônios secretados pelo hipotálamo são: 
 GnRH - Hormônio Liberador de Gonadotrofina – que estimula secreção de FSH e 
LH pela adeno-hipófise 
 TRH - Hormônio Liberador de Tireotropina - que estimula secreção de TSH pela 
adeno-hipófise 
 CRH - Hormônio Liberador de Corticotropina - que estimula secreção de ACTH 
pela adeno-hipófise 
 GHRH - Hormônio Liberador de GH - que estimula secreção de GH pela adeno-
hipófise 
 SS – Somatostatina - que inibe secreção de GH pela adeno-hipófise 
 PRF - Fator Liberador de Prolactina – que estimula a secreção de Prolactina pela 
adeno-hipófise 
 Dopamina – que inibe a secreção de prolactina pela adeno-hipófise 
A glândula hipófise está situada abaixo do hipotálamo, dentro da caixa craniana. É 
dividida em duas porções, a hipófise anterior, ou adeno-hipófise, e a hipófise posterior, 
ou neuro-hipófise. 
A neuro-hipófise secreta dois hormônios principais: a ocitocina e o hormônio 
antidiurético (ADH, ou vasopressina). A ocitocina é liberada durante o trabalho de parto, 
estimulando a contração uterina, e também durante a lactação, estimulando a ejeção 
 
 
 
29 
 
do leite materno. A ocitocina também é liberada durante experiências emocionalmente 
acolhedoras, propiciando a formação de laços, por exemplo, durante o abraço de 
pessoas amigas ou familiares. O ADH estimula a reabsorção de sódio pelos rins, 
aumentando a retenção de água no corpo e, consequentemente, elevando a pressão 
arterial. 
A adeno-hipófise, secreta diversos hormônio que atuam sobre outras glândulas ou sobre 
o metabolismo, são eles: 
 Hormônio Folículo estimulante (FSH) e Hormônio Luteinizante (LH) que agem 
sobre as gônadas (testículos e ovários) 
 Tireotropina (TSH) que age sobre a tireoide 
 Corticotropina (ACTH) que age sobre as adrenais 
 Hormônio do Crescimento - GH 
 Prolactina 
Um dos principais eixos de regulação orgânica é o formado pelo hipotálamo, hipófise, 
adrenais. O hipotálamo secreta CRH, que estimula a adeno-hipófise a secretar ACTH, 
que age nas adrenais estimulando a secreção de cortisol. O cortisol, por sua vez, faz um 
feedback negativo, inibindo a secreção de CRH. Esse eixo é estimulado sempre que o 
indivíduo estiver em situações de estresse físico ou emocional, elevando o nível de 
cortisol. Desse modo, pode-se dizer que cortisol é o hormônio do estresse, ele aumenta 
a neoglicogênese, a glicemia, o catabolismo proteico e a lipólise, é, também, um anti-
inflamatório natural. Em excesso, ele pode: causar resistência à insulina (diabetes tipo 
II); diminuir a massa muscular; e diminuir a resistência imunológica. 
O Hormônio do crescimento (GH) age sobre todos os tecidos do corpo humano, 
possuindo grande influência sobre o metabolismo. Dentre os inúmeros efeitos, o GH: 
estimula o fígado a sintetizar IGF, estimula a síntese de proteína (aumenta massa 
muscular), estimula o crescimento ósseo, aumenta a lipólise (diminui tecido adiposo), 
aumenta o crescimento linear. 
A prolactina é secretada pela adeno-hipófise e estimula o desenvolvimento das 
glândulas mamárias e a síntese de leite materno. 
 
 
 
30 
 
4.2 Tireoide 
A tireoide é responsável pela síntese e secreção de três hormônios, a tri-iodotironina 
(T3), a tiroxina (T4) e a calcitonina. O TSH liberado pela adeno-hipófise estimula a 
secreção e a síntese de T3 e T4, onde ocorre a ligação de uma molécula do aminoácido 
tirosina com três átomos de iodo (T3) ou quatro iodos (T4). No processo de feedback 
negativo, os hormônios T3 e T4 secretados inibem a secreção de TSH. O T3 é muito mais 
potente que o T4, mas o T3 possui menor tempo de duração. 
Tanto o T3 quanto o T4 possuem os mesmos efeitos, apesar da diferença de potência, e 
agem sobre todas as células do organismo, aumentando o metabolismo celular. Ou seja, 
a grosso modo, pode-se resumir que os hormônios T3 e T4 aceleram todas as reações 
das células do corpo. 
Nas situações clínicas em que esses hormônios estão fora das faixas de normalidade, a 
pessoa terá diversos efeitos físicos. No hipertireoidismo, onde se observa aumento da 
secreção de T3 e T4 e diminuição de TSH, o paciente terá: irritação, ansiedade, perda de 
peso, insônia e falta de foco mental. No hipotireoidismo, onde se nota diminuição da 
secreção de T3 e T4 e aumento de TSH, o paciente relatará: sonolência, raciocíniolento, 
ganho de peso, cansaço crônico a até depressão. 
4.3 Pâncreas Endócrino 
O pâncreas possui duas funções, uma endócrina, relacionada com a secreção de 
hormônios na corrente sanguínea, e uma exócrina, de secreção de enzimas e 
bicarbonato no duodeno durante a digestão. Neste momento, focaremos apenas na 
função endócrina. 
Os hormônios secretados pelo pâncreas são sintetizados em regiões específicas 
denominadas Ilhotas de Langherans, onde encontramos diferentes tipos de células. As 
células alfa-pancreáticas sintetizam e secretam o hormônio glucagon, as células beta-
pancreáticas sintetizam e secretam o hormônio insulina e as células delta-pancreática 
sintetizam e secretam somatostatina. 
 
 
 
31 
 
A insulina e o glucagon estão diretamente relacionados ao metabolismo da glicose. A 
glicose é um monossacarídeo proveniente da digestão dos carboidratos (principal 
componente de pães, macarrão, arroz, batata, etc.) e é a principal fonte utilizada para a 
obtenção de energia pela célula. A quebra da molécula da glicose está acoplada a 
processos que permitem a síntese de ATP (nossa molécula energética). A glicose é uma 
molécula hidrofílica, ou seja, não atravessa a bicamada lipídica, entrando na célula por 
meio de proteínas transportadoras. Existem 10 tipos diferentes de transportadores de 
glicose, chamados GLUT. Os GLUT1, 2, 3, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 estão sempre na membrana. 
O GLUT4 fica dentro da célula, só vai para a membrana se a célula for estimulada por 
insulina. O GLUT 4 é encontrado nos tecidos musculares e no tecido adiposo, que são 
parte relativamente grande da massa corporal. Os tecidos que possuem o receptor 
GLUT-4 são chamados de tecidos insulino dependentes. 
Após uma refeição, os níveis de glicose no sangue (glicemia) começam a subir. O 
aumento da glicemia estimula as células beta-pancreáticas a secretar insulina. A insulina 
cai na corrente sanguínea e vai se ligar em seus receptores presentes nas membranas 
das células. Quando a insulina se liga ao seu receptor dos tecidos insulino dependentes, 
ela sinaliza para a externalização do GLUT4 na membrana plasmática. Quando esse 
transportador chega na membrana plasmática, a glicose consegue entrar nas células e 
o nível de glicose no sangue diminui. Além de sinalizar para a diminuição da glicemia 
(estímulo hipoglicemiante), a insulina estimula a síntese de lipídeos e de proteínas e 
diminui a neoglicogênese. Ou seja, a insulina é um hormônio anabólico. 
O glucagon é secretado pelas células alfa-pancreáticas quando existe queda da glicemia 
(nível de glicose no sangue), durante um período de jejum, por exemplo. O glucagon 
estimula a lise (quebra) de lipídeos, estimula a lise (quebra) de proteínas, estimula a 
neoglicogênese e diminui a captação de glicose pelas células. O glucagon é um hormônio 
catabólico, que possui ação antagônica com relação à insulina. 
A somatostatina inibe a secreção de GH, inibindo o efeito anabólico. 
 
 
 
 
 
32 
 
4.4 Sistema Reprodutor Feminino 
As glândulas do sistema reprodutor feminino são os ovários, que são regulados por 
hormônios secretados pela adeno-hipófise. Nesse sentido, o hipotálamo secreta o GnRH 
que estimula a adeno-hipófise a secretar FSH e LH, esses dois hormônios agem sobre os 
ovários. 
Contudo, no corpo feminino esse processo é cíclico e depende da faixa etária. Antes da 
primeira menstruação, chamada menarca, os níveis de hormônios sexuais são baixos e 
a menina não terá a ativação desse eixo. Quando a menina chega à puberdade, ela passa 
a ter a secreção dos hormônios sexuais, que serão responsáveis pelo desenvolvimento 
das características sexuais secundárias: crescimento das mamas, deposição de gordura 
nos quadris, crescimento de pelos das axilas e região pubiana e desenvolvimento da 
vagina. As características secundárias são resultado da ação do estrógeno (ou 
estrogênio), com exceção do crescimento das mamas, que é estimulado pela 
progesterona. 
Após a menarca, a mulher passa a ter ciclos hormonais que sempre preparam seu corpo 
para a gravidez, denominado ciclo menstrual. O primeiro dia do ciclo menstrual é o 
primeiro dia da menstruação, e inicia uma fase do ciclo denominada fase folicular. Nessa 
fase, a adeno-hipófise passa a secretar altas concentração de FSH e concentrações 
menores de LH. A ação conjunta do FSH e do LH sobre o ovário induz o crescimento de 
diversos folículos, que passam a secretar estrógeno. O estrógeno induz espessamento 
da camada interna do útero, o endométrio, preparando o tecido para uma possível 
gravidez. O estrógeno também age sobre a adeno-hipófise inibindo a secreção de FSH e 
LH, fazendo com que atinjam os menores níveis por volta do 10º dia do ciclo. No 14º dia 
do ciclo, ocorre um pico de secreção de FSH pela adeno-hipófise induzindo a eclosão de 
um dos folículos com o extravasamento de um oócito, processo denominado ovulação. 
No ovário fica um tecido cicatricial, produto da ovulação, denominado corpo lúteo, que 
passa a secretar estrógeno e alta quantidades de progesterona. A progesterona age 
sobre o endométrio aumentado a sua capacidade secretiva. O estrógeno e a 
progesterona agem sobre a adeno-hipófise inibindo a secreção de FSH e LH. Sem o FSH 
e o LH o corpo lúteo do ovário involui e deixa de secretar estrógeno e progesterona. 
 
 
 
33 
 
Com a queda do estrógeno e da progesterona, no último dia do ciclo, o endométrio do 
útero começa a descamar, iniciando um novo ciclo. As datas acima se referem a um 
ciclo médio de 28 dias, mas existem mulheres que possuem ciclos mais curtos, de até 21 
dias, ou mais longos, com mais de 30 dias. 
Se a mulher engravidar, o embrião irá nidar no endométrio do útero e será formado um 
novo tecido chamado teca, que passa a secretar estrógeno e progesterona, mantendo a 
estrutura uterina e permitindo a progressão do processo. 
Quando a mulher chega na menopausa a secreção hormonal é completamente 
interrompida e seus níveis de estrógeno e progesterona são praticamente zerados, 
ocasionando diversos efeitos colaterais, como aumento do risco de doenças 
cardiovasculares, osteoporose e depressão. 
4.5 Sistema Reprodutor Masculino 
Quando o menino chega à puberdade, o hipotálamo passa a secretar GnRH que age 
sobre a adeno-hipófise estimulando a secreção de FSH e LH. O FSH estimula a produção 
de espermatozoides, enquanto o LH estimula a secreção de testosterona. 
O corpo masculino é menos sofisticado que o feminino, uma vez que a secreção 
hormonal e a espermatogênese são contínuas, variando muito pouco ao longo da vida. 
Tem início na puberdade e possui um declínio suave a partir da meia-idade, chegando a 
níveis mais baixos no idoso, mas sem nunca cessar. 
A testosterona é um potente hormônio anabólico. Induz a produção de proteínas e 
aumento da massa muscular, bem como o crescimento ósseo. Também aumenta a libido 
(desejo sexual) e a agressividade, induz o desenvolvimento das características sexuais 
secundárias, como crescimento de pelos, espessamento da voz, aumento da oleosidade 
do suor, aumento do tamanho dos testículos e pênis. 
Em função de seu efeito anabólico, é comum o uso inadequado de testosterona para 
crescimento muscular. Contudo, é uma prática muito perigosa, pois seu uso pode causar 
câncer de fígado, bem como atrofia de testículos, impotência e esterilidade. 
 
 
 
 
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4.6 Homeostase do Cálcio 
O cálcio é um cátion (íon positivo) fundamental para os processos de sinalização e 
metabolismo celular. Nesse sentido, os níveis de cálcio são um fator homeostático 
importante, regulado por diferentes hormônios. 
O cálcio deve ser absorvido diariamente pela dieta para repor a perda diária que ocorre 
por meio da secreção de sucos gástricos e descamação das células do intestino, saindo 
pelas fezes. Nosso corpo possui uma grande reserva de cálcio no tecido ósseo, onde está 
depositado na forma de hidroxiapatita. O metabolismo do osso é controladopor dois 
tipos de células, os osteoclastos e os osteoblastos, que possuem funções antagônicas. 
Os osteoclastos são responsáveis pela reabsorção óssea, diminuindo a matriz óssea, 
enquanto os osteoblastos são responsáveis pela deposição óssea, aumentando a matriz. 
A ação do osteoclasto resulta da liberação de cálcio do osso para o meio extracelular, a 
ação do osteoblasto resulta da absorção de cálcio do meio para o osso. 
O primeiro hormônio a atuar no metabolismo do cálcio é o paratormônio (PTH) 
secretado pelas glândulas paratireoides. O PTH inibe a secreção de cálcio na urina, 
estimulando a reabsorção e cálcio nos rins. O PTH também age sobre os ossos, 
estimulando a reabsorção óssea e a liberação de cálcio na corrente sanguínea. 
A vitamina D é outra molécula indispensável no metabolismo ósseo. O fígado sintetiza 
7-desidrocolesterol, essa molécula na pele sob ação da radiação ultravioleta é 
convertida em colecalciferol. O colecalciferol, estimulado pelo PTH, é convertido em 
diidroxicalciferol, que é a forma ativa da vitamina D. A vitamina D aumenta a absorção 
de cálcio no intestino, bem como a deposição de cálcio nos ossos. 
Outro hormônio envolvido no processo é a calcitonina, secretada pela tireoide, com 
efeito oposto ao do PTH. A calcitonina inibe a reabsorção de cálcio pelos rins, estimula 
a deposição de cálcio nos ossos e inibe a absorção intestinal de cálcio. 
A ação combinada dos hormônios permite que os níveis de cálcio no sangue variem 
muito pouco. 
 
 
 
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5 FISIOLOGIA DOS SISTEMAS GRASTRINTESTINAL E RESPIRATÓRIO 
Nesta etapa serão discutidos os mecanismos de funcionamento de dois sistemas 
fundamentais na manutenção da homeostase, por permitir as trocas do corpo com o 
meio externo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5.1 Morfologia do Trato Gastrintestinal e Regulação Neuro-hormonal 
O Sistema Digestório poderia ser resumido como um tubo muscular com glândulas 
anexas. Nesse sentido, o trato se inicia na boca, continua na faringe e depois no esôfago, 
estômago, intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus, estando anexado a esse 
trajeto as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas. 
Na boca ocorre a trituração e maceração dos alimentos por meio da mastigação. A 
saliva, sintetizada pelas glândulas salivares, permite a emulsificação do bolo alimentar, 
facilitando a deglutição, e suas enzimas permitem o início da digestão de carboidratos. 
A salivação é estimulada por fatores locais, como tamanho do bolo alimentar na boca e 
presença de ácidos, bem como por fatores centrais, como imaginar um alimento ou 
sentir um aroma. 
O esôfago é um tubo muscular que permite a passagem do bolo alimentar até o 
estômago. Impedindo a saída do suco gástrico do estômago para o esôfago existe o 
esfíncter (anel muscular, com o funcionamento de válvula), denominado cárdia. A cárdia 
relaxa para a entrada do bolo alimentar no estômago e volta a contrair para impedir o 
refluxo de suco gástrico. 
O estômago é uma dilatação do tubo do trato gastrintestinal e possui sua parede 
revestida de muco para proteger o tecido do suco gástrico, que é extremamente ácido. 
No estômago existem as células parietais que secretam ácido. A secreção é estimulada 
diretamente pela molécula de histamina. A secreção de histamina, por sua vez, é 
estimulada pela acetilcolina secretada pelo nervo vago, bem como por outras vias. Vale 
ressaltar que essa via de estimulação tem três fases: a fase cefálica, apenas de ver um 
alimento ou sentir um aroma o sistema nervoso parassimpático já inicia a estimulação 
de todo o processo digestório; a fase gástrica, a presença de proteínas e lipídeos no 
estômago também estimula a secreção de suco gástrico; e a fase intestinal, a presença 
de quimo ácido no duodeno inibe a motilidade gástrica. 
 
 
 
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Além da secreção de ácido, no estômago também ocorre a liberação de pepsinogênio, 
que na presença de ácido é convertido em pepsina, enzima que inicia a digestão de 
proteínas. 
O bolo alimentar, com a ação desnaturante do ácido, é convertido em uma massa ácida 
denominada quimo ácido, que atravessa outro esfíncter denominado piloro, chegando 
ao duodeno (primeira porção do intestino delgado). A presença do quimo ácido no 
duodeno estimula a secreção de secretina e colecistocinina. A secretina estimula a 
secreção de bicarbonato pelas células acinares do pâncreas. A colecistocinina inibe o 
relaxamento do piloro, impedindo a continuidade do esvaziamento gástrico, estimula a 
secreção de enzimas pancreáticas pelas células acinares e a secreção de bile pela 
vesícula biliar. O bicarbonato e as enzimas pancreáticas formam o suco pancreático, que 
atinge o duodeno por meio do ducto pancreático. Desse modo, o suco pancreático que 
chega ao duodeno promove a continuidade do processo digestivo de proteínas, 
carboidratos e lipídeos. A bile tem papel fundamental na digestão de lipídeos por ser 
um emulsificante que aumenta a superfície de contato do lipídeo com a lipase, enzima 
pancreática. A bile é sintetizada no fígado a partir do colesterol e é armazenada na 
vesícula biliar. O quimo resultante do processo digestório no duodeno será movido pelo 
jejuno e íleo (porções do intestino delgado) por meio de movimentos peristálticos 
(contrações longitudinais e transversais coordenadas do músculo liso intestinal). O 
principal estímulo para a contração intestinal é a acetilcolina, que é liberada tanto por 
estímulos centrais quanto por reflexos locais. Durante a passagem pelo jejuno, são 
absorvidos todos os nutrientes resultantes da digestão das macromoléculas. No íleo 
ocorre a absorção de sais e água. 
Quando atinge o intestino grosso, ocorre principalmente a absorção de água com a 
formação do bolo fecal. 
5.2 Motilidade do Trato Gastrintestinal 
A parede de quase todo o trato gastrintestinal possui músculo liso, com exceção do terço 
inicial do esôfago, que possui músculo esquelético. A célula muscular lisa não possui 
sarcômeros e apresenta formato fusiforme com filamentos finos se ligando diretamente 
à membrana plasmática e se dispondo de maneira aleatória pela célula. 
 
 
 
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O principal estímulo para contração muscular é o neurotransmissor acetilcolina. Esse 
neurotransmissor pode ser liberado tanto pelo nervo vago, quando o sistema 
parassimpático é estimulado, quanto pelos nervos nervosos que existem na parede do 
intestino. O intestino possui milhões de neurônios, sendo chamado de “segundo 
cérebro” por alguns autores. Os plexos nervosos intestinais podem liberar acetilcolina 
em função de diferentes estímulos, como distensão da parede do intestino, presença de 
nutrientes ou de toxinas. 
O músculo liso gastrintestinal está organizado em duas camadas, uma camada 
longitudinal e outra, transversal. Quando a camada transversal contrai, ocorre o 
estreitamente do tubo, quando a camada longitudinal contrai, ocorre o encurtamento 
do tubo. A contração combinada das duas camadas origina o movimento peristáltico, 
que permite movimentar o bolo pelo tubo na direção do esôfago para o ânus. 
O canal anal possui dois esfíncteres, um interno e outro externo. O esfíncter anal interno 
não possui controle voluntário e relaxa quando ocorre o movimento peristáltico para 
evacuação. O esfíncter externo possui controle voluntário, e a pessoa pode manter 
contraído mesmo com o estímulo para evacuação. 
Se a evacuação não ocorrer, as fezes retornam do canal anal para o colón sigmoide 
(porção final do intestino grosso), onde continua ocorrendo a absorção de água. Desse 
modo, ao resistir ao estímulo para defecar, o indivíduo está provocando endurecimento 
de suas fezes por continuidade da absorção de água. 
5.3 Digestão e Absorção de Nutrientes 
Carboidratos – os carboidratos possuem como principais fontes os açucares e farinhas 
de trigo, mandioca e milho, além de estarem presentes em tubérculos como a batata, a 
mandioca, a batata-doce,o inhame, a mandioquinha (batata-baroa) etc. 
A digestão dos carboidratos tem início na boca por meio da ação da enzima amilase 
salivar, presente na saliva. No estômago, não há digestão de carboidratos, que 
continuam no duodeno sob ação de enzimas pancreáticas como a amilase. Sob ação 
dessas enzimas, a macromolécula de amido vai sendo quebrada em dissacarídeos, 
trissacarídeos e polissacarídeos. Contudo, a maior parte do processo de digestão dos 
 
 
 
39 
 
carboidratos acontecerá nas células presentes no duodeno e na borda em escova do 
enterócito (célula da mucosa intestinal). Nessa célula encontramos a maltase, enzima 
que quebra a maltose em duas glicoses; a sacarase, que quebra a sacarose em glicose; 
a frutose e a lactase, que quebra a lactose em galactose e glicose. Desse modo, ao fim 
da digestão dos carboidratos, obtemos os seguintes monossacarídeos: glicose, frutose 
e galactose, que são absorvidos pelos enterócitos. 
Proteínas – as proteínas são encontradas principalmente nas carnes, na clara do ovo, 
nos queijos e em alguns vegetais, como feijão, lentilha e soja. 
A digestão das proteínas tem início no estômago por meio da ação da pepsina, que 
quebra longas cadeias de proteínas em cadeias menores. Esse processo continua no 
duodeno, com a ação de enzimas pancreáticas, como a tripsina, a elastase, a 
carboxipolipeptidase e a quimotripsina, que resulta na obtenção de peptídeos. Nos 
enterócitos do intestino delgado, os peptídeos são quebrados por peptidases, com a 
obtenção de aminoácidos livres que são absorvidos. 
Lipídeos – os lipídeos são encontrados em alimentos gordurosos como queijos, carnes 
gordas, manteiga, óleos, margarina, além de estarem presentes em castanhas e abacate. 
A digestão dos lipídeos tem início no estômago por meio da ação da lipase ácida, que 
inicia a quebra dos triacilgliceróis. No duodeno os lipídeos são emulsificados pela bile, o 
que aumenta a superfície de contato para a ação da lipase pancreática, que acelera a 
quebra do triacilglicerol liberando ácido graxo e glicerol. Os mesmos são absorvidos 
pelos enterócitos e transportados por meio de quilomícrons. 
5.4 Fisiologia do Sistema Respiratório e Mecânica Respiratória 
O sistema respiratório é formado por nariz, laringe, traqueia, brônquios, esquerdo e 
direito, e pulmões. Nos pulmões os brônquios se ramificam em bronquíolos, que se 
ramificam até atingir os alvéolos. 
Para que o processo de respiração possa ocorrer, é necessário o fluxo constante de ar 
pelos pulmões. O ar é um fluido e, como tal, se move do local de maior pressão para o 
local de menor pressão. 
 
 
 
40 
 
Desse modo, durante a inspiração, a pressão intrapulmonar deve ser menor que a 
pressão atmosférica, para que o ar vá do ambiente para o meio intrapulmonar. Na 
expiração, a pressão intrapulmonar é maior que a pressão atmosférica, expelindo o ar 
do pulmão para o ambiente. 
Para que a pressão intrapulmonar diminua durante a inspiração, deverá ocorrer o 
aumento do volume intratorácico e, para isso, há contração do músculo diafragma e dos 
músculos intercostais externos, expandindo a caixa. O aumento do volume causa 
diminuição da pressão e, consequentemente, inspiração. 
Durante a expiração, ocorre o relaxamento do diafragma e a contração dos músculos 
intercostais internos, diminuindo o volume da caixa torácica. Com a diminuição do 
volume, ocorre aumento da pressão e efluxo do ar. 
Vale destacar que o pulmão acompanha o movimento da caixa torácica em função da 
anatomia das pleuras. A pleura visceral está intimamente vinculada ao pulmão, 
enquanto a pleura parietal está vinculada à caixa torácica. Entre a pleura visceral e a 
parietal existe uma fina camada de líquido pleural que permite a criação de uma pressão 
negativa entre as pleuras, desse modo, é como se as pleuras estivessem aderidas, mas 
deslizando uma sobre a outra. Desse modo, o movimento da caixa torácica provoca o 
movimento do pulmão. 
A ventilação pulmonar pode ser mensurada, ou seja, os volumes de ar que entram e 
saem do pulmão podem ser medidos. 
 Volume Corrente (VC) – 500 ml – o volume de ar que entra e sai do pulmão 
durante a respiração. 
 Volume de Reserva Inspiratório (VRI) – 3000 ml – o volume máximo de ar que 
pode ser inspirado após o fim de uma inspiração. 
 Volume de Reserva Expiratório (VRE) – 1100 ml – volume de ar eliminado 
durante uma expiração forçada. 
 Volume Residual (VR) – 1200 ml – volume de ar que permanece nos pulmões 
após a expiração forçada. 
 
 
 
41 
 
Capacidade Pulmonar Total (CPT): é a quantidade de ar contida no pulmão no final de 
uma inspiração máxima. 
CPT = VC + VRI + VRE + VR 
Capacidade Vital (CV): é o volume máximo de ar que pode ser expirado após uma 
inspiração máxima. 
CV = VC + VRI + VRE 
5.5 Transporte de Gases 
Como mencionado, os gases se movimentam do local de maior pressão para o de menor 
pressão, e esse é o princípio das trocas gasosas que ocorrem na região dos alvéolos. 
No espaço alveolar, com a ventilação constante, a pressão parcial de oxigênio é maior 
que no interior do capilar sanguíneo, permitindo a difusão de oxigênio do alvéolo para 
o sangue. Por outro lado, a pressão parcial de gás carbônico é maior no sangue que no 
espaço alveolar, permitindo a difusão do CO2 sangue para o alvéolo. 
É importante destacar que a membrana alveolar é muito mais permeável ao CO2 que ao 
O2, fazendo com que pequenas diferenças de pressão de CO2 sejam suficientes para o 
fluxo desse gás. Por outro lado, a membrana alveolar é impermeável ao nitrogênio, por 
isso, mesmo o ar sendo composto por 78% de nitrogênio, ele não atravessa a barreira 
alveolar. 
5.6 Controles da Ventilação 
A frequência respiratória pode ser controlada voluntariamente ou involuntariamente. 
Ou seja, você pode conscientemente controlar sua respiração ou até esquecer que está 
respirando sem perder a frequência adequada. Esse processo é regulado por regiões do 
bulbo e está vinculado aos processos de controle da homeostase do pH sanguíneo e do 
nível de oxigênio. 
A respiração é o principal mecanismo de controle do pH sanguíneo. Aumento da 
quantidade de CO2 pode causar acidose; enquanto diminuição na quantidade de CO2 
pode ocasionar alcalose. 
 
 
 
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O bulbo pode estimular liberação de noradrenalina ou de acetilcolina por meio dos 
nervos simpáticos ou parassimpáticos. 
 
 Noradrenalina: estimula o relaxamento do músculo liso dos brônquios causando 
broncodilatação. Aumenta a frequência respiratória. 
 Acetilcolina: estimula a contração do músculo liso dos brônquios causando 
broncoconstrição. Diminui a frequência respiratória. 
No repouso, um adulto possui frequência respiratória de 10 a 15 movimentos por 
minuto. 
 
 
 
 
 
43 
 
 
6 FISIOLOGIA RENAL 
Finalizando o processo de construção de competências sobre a Fisiologia Humana, esta 
etapa será dedicada à discussão dos mecanismos de funcionamento do Sistema Renal e 
sua participação na manutenção da homeostase. 
 
 
 
 
 
 
 
44 
 
 
6.1 Morfologia do Rim e Hemodinâmica Renal 
O Sistema Renal é formado por dois rins, dois ureteres, uma bexiga e uma uretra. O rim 
é responsável pela filtração do sangue e formação da urina que se direcionará à bexiga 
por meio dos ureteres. Na bexiga ocorre a armazenagem da urina que é expelida para o 
meio externo por meio da uretra. 
Os rins possuem formato de feijão e são do tamanho de uma mão fechada. Estão 
situados um em cada lado da coluna, abaixo da caixa torácica. Em um indivíduo adulto 
de 70 Kg, os rins filtram cerca de 180 L de sangue por dia, produzindo aproximadamente 
1,5 L de urina. 
Os rins recebem o sangue por meio das artérias renais, direita e esquerda, que após a 
filtração renal retornam à circulação por meio das veias renais, direita e esquerda. 
Os rins são formados por néfrons, sua unidade funcional. Cada rim possui mais ou menos 
1 milhão de néfrons. O néfron é formadopor um glomérulo (enovelado de capilares) 
que está envolvido pela cápsula de Bowman, essa cápsula continua no túbulo contorcido 
proximal, alça de Henle e túbulo contorcido distal, que se encerra em um ducto coletor. 
Os ductos coletores se conectam e se continuam nos cálices menores, que se 
comunicam com os cálices maiores e se encerram nos ureteres. 
O fluxo de sangue nos rins é controlado pela contração das arteríolas renais em função 
dos desvios do débito cardíaco. 
6.2 Excreção Renal de Solutos 
O funcionamento renal pode ser divido em três etapas: a filtração glomerular, a 
reabsorção tubular e a excreção ativa. 
O sangue passa pelo glomérulo em alta pressão fazendo com que as pequenas moléculas 
e parte da água passem do capilar para a capsula de Bowman, em um processo 
denominado filtração glomerular. Nesse processo não passam pela barreira glomerular 
nenhuma célula, nem grandes moléculas. Contudo, parte das pequenas moléculas 
 
 
 
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filtradas não podem ser perdidas na urina e precisarão ser reabsorvidas para voltar para 
a corrente sanguínea. 
No túbulo contorcido proximal ocorre a reabsorção das moléculas que não serão 
perdidas na urina. Esse processo ocorre, principalmente, por transporte passivo 
facilitado em simporter com o sódio. Desse modo, são reabsorvidos a glicose, os 
aminoácidos, os sais como fosfato e o magnésio. 
Durante a passagem pela Alça de Henle ocorre o mecanismo de contracorrente, onde 
em função da diferença de osmolaridade ocorre osmose (reabsorção de água) e também 
excreção da ureia. 
No túbulo contorcido distal ocorre a reabsorção de potássio, cálcio e cloreto, bem como 
a excreção ativa das demais toxinas que precisam ser eliminadas na urina. 
Concluindo, pode-se afirmar que a excreção pode ser descrita como tudo o que foi 
filtrado (saiu da corrente sanguínea), menos o que foi reabsorvido (voltou para a 
corrente sanguínea) e mais o que foi excretado (retirado da corrente sanguínea). 
6.3 Situação de Desidratação 
O rim possui papel fundamental na manutenção da homeostase, estando diretamente 
relacionado com a manutenção do pH e do equilíbrio hidroeletrolítico do corpo, ou seja, 
regula o nível de água e sais do organismo, retendo ou eliminando-os. 
Quando um indivíduo está desidratado, ocorre o aumento da osmolaridade do sangue 
por meio de receptores sensoriais, esta informação é direcionada para o hipotálamo que 
irá sintetizar o hormônio antidiurético (ADH ou vasopressina) que será secretado pela 
neuro-hipófise). O ADH atuará nos rins aumentando a reabsorção de água e, por 
consequência, irá tornar a urina mais concentrada. O ADH também age no cérebro 
estimulando a sensação de sede, bem como age nos vasos sanguíneos periféricos, 
causando contração das arteríolas, aumentando a resistência periférica e, 
consequentemente, a pressão arterial. 
A quantidade de sódio no sangue, por sua vez, é controlada pela aldosterona. Esse 
hormônio é sintetizado e secretado pelas glândulas adrenais quando ocorre queda da 
 
 
 
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quantidade de sódio no sangue. A aldosterona aumenta a reabsorção de sódio pelos rins 
e também a pressão arterial. 
 
 
 
 
 
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REFERÊNCIAS 
Aires, M. M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. 
CONSTANZO L. S. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018. 
SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana: Uma Abordagem Integrada. 7. ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2017.

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