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47699-160620-1-PB.pdf Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 879-895, dez. 2016. 879 DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7941.2016v33n3p879 Detecção de ondas gravitacionais + * José Maria Filardo Bassalo1 Academia Paraense de Ciências Belém – PA M. Cattani2 Instituto de Física – USP São Paulo – SP Resumo Em 11 de fevereiro de 2016, por ocasião de uma Conferência realizada na National Science Foundation (NSF), em Washington, D.C., o físico norte-americano David Reitze, Diretor Executivo do Laser Interferometer Gravitacional-Wave Observatory (LIGO) anunciou que haviam sido ob- servadas em 14 de setembro de 2015 Ondas Gravitacionais (OG). Esse evento foi denominado GW150914. Uma segunda observação de OG foi feita também pelo LIGO em 26 de dezembro de 2015 denominado de GW151226. Os sinais detectados nesses eventos são similares e foram ge- rados pela coalescência (fusão) de um sistema binário formado pois dois Buracos-Negros (BN). As fontes de OG estariam localizados, respectiva- mente, a distâncias de ~ 410 Mpc e de ~ 440 Mpc da Terra. Para enten- dermos o significado desses extraordinários eventos, faremos um breve resumo histórico sobre as OG e os BN. Palavras-chave: Teoria de Gravitação de Einstein; Ondas gravitacio- nais; Pulsares; Buracos-negros. + Detections of the Gravitational Waves * Recebido: maio de 2016. Aceito: junho de 2016. 1 E-mail: jmfbassalo@gmail.com 2 E-mail: mcattani@if.usp.br http://dx.doi.org/ mailto:jmfbassalo@gmail.com Bassalo, J. M. F. e Cattani, M. 880 Abstract On February 11, 2016, during a conference held at the National Science Foundation (NSF), in Washington, D.C., the American physicist David Reitze, Executive Director of the Laser Interferometer Gravitacional- Wave Observatory (LIGO) announced that it had been observed on September 14, 2015 Gravitational Waves (GW). This event was named GW150914. A second observation was also done by the LIGO on December 26, 2015 named GW151226. The signals of these two events are similar and are due to the coalescence of a binary black holes (BH). The GW sources are distant, respectively, of ~ 410 Mpc and ~ 440 Mpc from the Earth. To understand the significance of this extraordinary events we will make a historical summary of the GW and the BH. Keywords: Einstein´s gravitation theory; Gravitational waves; Pulsars; Black-holes. I. Introdução Em dezembro de 19153, o físico germano-suíço-norte-americano Albert Einstein (1879-1955; PNF, 1921), formulou a hoje famosa Teoria da Relatividade Geral (TRG), tradu- zida pela também hoje célebre Equação de Einstein (EE): R - (1/2) g R = - K T , sendo R o tensor geométrico de Ricci (R ), R = g R , g = g o tensor métrico riemanni- ano, K = 8πG/c4 a constante gravitacional de Einstein, G a constante de gravitação universal de Newton-Cavendish e c a velocidade da luz no vácuo, e T o tensor energia-matéria. Note- se que Einstein chegou à TRG aplicando a Teoria da Gravitação Newtoniana (TGN) ao pro- blema da atração gravitacional entre corpos, chegando à conclusão de que essa atração não era devida a uma força que agia a distância, como afirmavam os newtonianos, e sim dada pela curvatura do espaço-tempo riemanniano (R ), provocado pela presença de T . Desse modo, quando um corpo “cai” em qualquer planeta (Terra, por exemplo), ele não é puxado pela “força de atração gravitacional do planeta” e sim, ele se desloca na curva do espaço-tempo produzida pela presença da massa planetária, isto é, ele se movimenta na geodésica de g (= g ) induzida por essa massa. 3 Sitzungsberichte Preussische Akademie der Wissenschaften, v. 2, p. 778; 799; 831; 844, 1915. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 879-895, dez. 2016. 881 No começo de 19164, o astrônomo alemão Karl Schwarzschild (1873-1916) encontrou uma solução [conhecida como a Métrica de Schwarzschild (MS)] para a EE e definida pela expressão: ds2 = (1 – 2mG/R) c2 dt2 – [1/(1 – 2mG/R)] dr2 – r2 (dθ2 – sen2θ dφ2), na qual m é a massa de uma partícula puntiforme colocada em um campo gravitacional isotró- pico e estático, G é a constante gravitacional, e (r, θ, φ) representam as coordenadas esféricas. Por essa expressão vê-se, claramente, que quando R = 2 m G, há uma singularidade de ds, isto éμ ds ∞. Esse valor ficou conhecido como o Raio de Schwarzschild (RSch) o que corresponde a conhecida Singularidade de Schwarzschild (SS). II. Ondas Gravitacionais. Emissão Quadrupolar Ainda em 19165, Einstein obteve uma solução aproximada da EE, ao considerar cam- pos gravitacionais fracos e, como resultado dessa consideração, concluiu pela existência de on- das gravitacionais. Ainda nesses trabalhos, Einstein tentou calcular a radiação gravitacional (RG) (de comprimento de onda ) emitida por um sistema mecânico isolado excitado (sendo v a velocidade média de suas partículas internas), com dimensões lineares r (r << ), e no regime não-relativista ( v << c). Observe-se que, em 19176, o matemático alemão David Hilbert (1862- 1943) estudou as ondas gravitacionais (OG) decorrentes da solução da EE. Em 19187, Einstein voltou a calcular a RG, ocasião em que corrigiu um erro que havia cometido no artigo de 1916 sobre o mesmo tema, e apresentou sua célebre fórmula da RG decorrente da perda de energia mecânica. Em notação atual, essa Fórmula do Quadrupolo de Einstein (FQE) é dada por: 2 3,2,1, 3 3 25 ji ijdtQdcGdtdE , na qual xdrxxQ ijjiij 32)3/1( é o momento de quadrupolo, ρ é a densidade da fonte gravitacional, δij é o tensor de Kronecker, r2 = x2 + y2 + z2 e d3x = dx dy dz (lembrar que: x1 = x, x2 = y, x3 = z). Destaque-se que, em 19238, o astrônomo inglês Sir Arthur Stanley Eddington (1882-1944) realizou um estudo teórico da propagação das ondas gravitacionais einsteinianas (OGE). Em 19359, o físico inglês Paul Adrien Maurice Dirac (1902-1984; PNF, 1933) estudou 4 Sitzungsberichte Preussische Akademie der Wissenschaften, v. 1, p. 189, 1964. 5 Sitzungsberichte Preussische Akademie der Wissenchaften, v. 1, p. 423; 688, 1916. 6 Königlich Gesellschaft der Wissenschaften zu Göttingen Nachrichten, Mathematisch-Physikalische Klasse, v. 1, p. 53, 1917. 7 Sitzungsberichte Preussische Akademie der Wissenchaften, v. 1, p. 154, 1918. 8 Proceedings of the Royal Society of London, A102, p. 268, 1923. 9 Annals of Mathematics, v. 36, p. 657; 37, p. 429, 1935. Bassalo, J. M. F. e Cattani, M. 882 a quantização das OGE, denominadas por ele de grávitons, confirmando esse nome que já havia sido provavelmente proposto, em 193410, pelos físicos russos Dmitri Ivanovich Blokhintsev (1908-1979) e F. M. Gal´perin. Logo depois, em 193611, Einstein analisou a possibilidade do desvio da luz devido à ação do campo gravitacional de uma estrela. Esse efeito ficou então conhecido como lente gravitacional (LG). Em 193712, Einstein e o físico norte-americano Na- than Rosen (1909-1955) estudaram as ondas gravitacionais cilíndricas como solução da EE, de 1915. É oportuno notar que, em 1941, os físicos russos Lev Davidovich Landau (1908-1968; PNF, 1962) e Evgeny Mikhaillovich Lifshitz (1915-1985) publicaram o livro intitulado Teoriya Polya (Nauka, Moscow) no qual mostraram que as auto-interações gravitacionais estão incluí- das na FQE. O mesmo foi mostrado pelo também físico russo Vladimir Alexandrovich Fock (1898-1974) no livro Teoriya Prostranstva Vremeni i Tyagoteniya (Fizmatgiz, Moscow), pu- blicado em 1955. Por sua vez, em 195713, o astrofísico austro-inglês Sir Hermann Bondi (1919-2005) encontrou uma solução de ondas gravitacionais planas na EE. Ainda em 195714, os físicos norte-americanos John Archibald Wheeler (1911-2008) e Joseph Weber (1919-2000) analisa- ram as ondas gravitacionais cilíndricas de Einstein-Rosen. Em 195815, L. Bel investigou a RG. Ainda em 1958, G. Gaposhkin16 e o astrônomo holandês Peter van de Kamp (1902-1995)17, investigaram as RG de estrelas binárias eclipsantes e típicas, respectivamente. As soluções de ondas planas exatas das OG foram encontradas, em 195918, por Bondi, Felix A. E. Pirani e I. Robinson. Também, em 196219, Bondi, M. G. J. van der Burg e A. W. K. Metzner estudaram as OG de sistemas isolados com simetria axial. Em trabalhos independentes realizados também em 1959, os físicos norte-americanos R. L. Arnowitt e Stanley Deser (n.1931)20 e Dirac21 de- 10 Pod Znamenem Marxisma, v. 6, p. 147, 1934. 11 Physical Review, v. 49, p. 404; Science, v. 84, p. 506, 1936. 12 Journal of the Franklin Institute, v. 223, p. 43, 1937. 13 Nature, v. 179, p. 1072, 1957. 14 Reviews of Modern Physics, v. 29, p. 509, 1957. 15 Comptes Rendus de l´Académie de Sciences de Paris, v. 247, p. 1094, 1958. 16 Handbuch der Physik, v. 50, p. 225, 1958. 17 Annals of Physics, v. 50, p. 187, 1958. 18 Proceedings of the Royal Society of London A251, p. 519, 1959. 19 Proceedings of the Royal Society of London A269, p. 21, 1962. 20 Physical Review, v. 113, p. 745, 1959. 21 Physical Review, v. 114, p. 924, 1959. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 879-895, dez. 2016. 883 senvolveram um formalismo hamiltoniano não-covariante da gravitação para calcular amplitu- des de transição da RG. Como Dirac, em 195822, havia iniciado esse formalismo [completado em 195923], ele passou a ser conhecido como Universo de Dirac. III. Detectores Ressonantes de Ondas Gravitacionais A ideia de construir um equipamento para medir as OG foi apresentada por Weber, em 196024, constituído de grandes cilindros de alumínio (A ). Em 1961 e 196225, R. K. Sachs estudou as OG no espaço-tempo plano assintótico. Também, em 196226, Bondi, M. G. J. van der Burg e A. W. K. Metzner estudaram as OG de sistemas isolados com simetria axial. Em 1963, os físicos norte-americanos Julian Seymour Schwinger (1918-1994; PNF, 1965)27 e Ri- chard Philips Feynman (1918-1988; PNF, 1965)28 usaram a Teoria de Campos para quantizar o campo gravitacional (gráviton). Por sua vez, as LG foram estudadas pelo astrofísico norue- guês Sjur Refsdal (1935-2009), em 196429. Ainda em 196430, o físico norte-americano Steven Weinberg (n.1933; PNF. 1979) estudou a probabilidade de emissão de OG usando a Mecânica Quântica. Em 196531, o físico russo V. S. Braginsky discutiu como detectar as OG. Em 196632, em 196733 e em 196834, Weber voltou a descrever a construção de grandes cilindros de A para detectar as OG. A partir dessa proposta de Weber, foi desenvolvida a técnica de detectores ressonan- tes, que usa a oscilação de sólidos muito rígidos (geralmente na forma cilíndrica e esférica) para detectar as OG. Para detalhes sobre a emissão e detecção das OG, ver os artigos de um dos autores (Cattani), publicados em 201035. 22 Proceedings of the Royal Society of London A246, p. 333, 1958. 23 Physical Review, v. 114, p. 924, 1959. 24 Physical Review, v. 117, p. 307, 1960. 25 Proceedings of the Royal Society of London A264, p. 309, 1961; A270, p. 103, 1962. 26 Proceedings of the Royal Society of London A269, p. 21, 1962. 27 Physical Review, v. 130, p. 1253, 1963. 28 Acta Physica Polonica, v. 24, p. 697, 1963. 29 Monthly Notices of the Royal Society of London, v. 128, p. 295, 1964. 30 Physics Letters 9, p. 357; Physical Review B135, p. 1049; B140, p. 516, 1964. 31 Uspekhi Fizika Nauk, v. 86, p. 433, 1965. 32 Physics Review Letters, v. 17, p. 1228, 1966. 33 Physics Review Letters, v. 18, p. 498, 1967. 34 Physics Review Letters, v. 20, p. 1307, 1968. 35 Gravitacional Waves I: Basic Emission Equations [arXiv:1001.2518v1 (gr-qc)]; Gravitacional Waves II: Basic Emission Systems Equations [arXiv:1003.2105v1 (gr-qc)]; e Gravitacional Waves III: Detecting Sys- tems [arXiv:1004.2470v1 (gr-qc)]. Bassalo, J. M. F. e Cattani, M. 884 IV. Detectores Interferométricos, Pulsares, Buracos Negros e Big Bang Após 30 anos de pesquisas verificou-se que os detectores sólidos são muito pouco eficientes e que se alguma OG fosse detectada seria um evento fortuito. Assim, a partir de 1990 esses detectores deixaram de ser usados e começaram a ser substituídos pelos grandes interfe- rômetros (LIGO ou VIRGO) como veremos a seguir (CATTANI, op. cit.). Nesta oportunidade, é interessante destacar que a detecção das OG se intensificou com a descoberta dos pulsares. Vejamos como ocorreu essa descoberta. Em agosto de 1967, a as- trônoma irlandesa Susan Jocelyn Bell Burnell (n.1943), então estudante do radioastrônomo in- glês Antony Hewish (n.1924; PNF, 1974), encontrou objetos celestes, na nebulosa de Caran- guejo, que emitiam vibrações regulares de ondas de rádio. Ao comunicar essa descoberta a Hewish, os dois então pensaram que haviam realizado contato com uma civilização extraterres- tre, razão pela qual deram o nome de Little Green Men (LGM1) (“Pequenos Homens ↑erdes”). No entanto, a análise mais detalhada dessa observação levou Hewish e sua equipe (Burnell, J. H. D. Pilkington, Paul F. Scott e R. A. Collins) a anunciar, em 196836 a descoberta de uma estrela da ordem da massa solar e de raio da ordem de 10 km, e que gira em torno de si com um período de ≈ 1,γγ7 s. Note-se que essa estrela recebeu o nome de CP 1919, onde CP significa Cambridge Pulsar e 1919 indica sua posição nos céus. Denote-se que, em 196837, Weber dis- cutiu a possibilidade de o pulsar NP 0532, na nebulosa de Caranguejo, ser um emissor de OG. Em 196938 e em 197039, ele anunciou que havia encontrado evidências experimentais da RG, pois observou a coincidência de pulsos dessa radiação em cilindros de A colocados a uma distância de 1.000 km, entre o College Park, em Maryland, e o Argonne National Laboratory, em Illinois. Em 1972, o físico brasileiro Jayme Tiomno (1920-2011), em parceria com os astrofí- sicos, o norte-americano Marc Davis (n.1947) e o italiano Remo Ruffini (n.1943)40 e com Ru- ffini e o astrofísico indiano C. V. Vishveshwara41 realizaram trabalhos sobre, respectivamente, a radiação gravitacional (RG) e a radiação eletromagnética de corpos caindo nas proximida- des de uma SS. Em dezembro de 1973, o astrofísico norte-americano Russell Alan Hulse (n.1950; PNF, 1993) foi trabalhar no Arecibo Radio Telescope, em Porto Rico, operado pela Cornell University, na frequência de 430 MHz, no qual havia registros de cerca de 100 pulsares até então conhecidos. Seu objetivo era o de preparar sua Tese de Doutoramento sob a orientação do astrofísico norte-americano Joseph Hooton Taylor Junior (n.1941; PNF, 1993) que ensinava 36 Nature, v. 217, p. 709, 1967. 37 Physics Review Letters, v. 21, p. 395, 1968. 38 Physical Review Letters, v. 22, p. 1320, 1969. 39 Physics Review Letters, v. 24, p. 276; 25, p. 180, 1970. 40 Physical Review D, v. 12, p. 2932, 1972. 41 Nuovo Cimento Letters, v. 3, p. 211, 1972. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 879-895, dez. 2016. 885 na University of Massachusetts, especialista em pulsares, pois, em 197242, juntamente com Richard N. Manchester e G. R. Huguenin desenvolvera um algoritmo de dispersão-compensa- ção para estudar 22 pulsares. Entre dezembro de 1973 e janeiro de 1975, Hulse descobriu 40 novos pulsares. Contudo, um deles, observado no dia 02 de julho de 1974, na constelação de Águia, não se enquadrava na crença geral de que esses objetos celestes eram estrelas de nêutrons solitárias e girantes. Esse pulsar, denominado de PSR 1913 + 16, onde PSR significa pulsar e o número é a sua posição no céu, apresentava um período de 0,05903 s. Contudo, no dia 25 de agosto de 1974, Hulse tentou obter um período mais acurado para esse pulsar. Depois de reali- zar um ajuste do efeito Doppler (1842)-Fizeau (1848) devido ao movimento da Terra, Hulse encontrou uma diferença de β7 s (1 s = 10-6 s) em suas medidas. Em princípio, pensou tratar- se de uma falha em seu programa de computador, o ZBTREE. Reescreveu-o e voltou a observar o PSR 1913 + 16, entre 01 e 02 de setembro de 1974. Novamente encontrou uma variação do período com o tempo, variação essa que permaneceu nas observações subsequentes. Então, no dia 18 de setembro de 1974, escreveu uma carta para Taylor, que se encontrava em Amherst, dizendo-lhe que o PSR 1913 + 16 era um pulsar-binário, com período de ~ 8 horas. Desse modo, Hulse e Taylor, em Arecibo, começaram a realizar uma análise desse objeto celeste usando as leis de Kepler, encontrando os seguintes dados: velocidade orbital ~300 km/s, tama- nho da órbita da ordem do raio do Sol (RS) (= 6,96 108 m), massas do sistema binário da ordem da massa solar (mS = 1,99 × 1030 kg), e período de 7 h 45 min. Essa descoberta foi anunciada em 197443 e em 197544. Registre-se que Hulse deixou de trabalhar com pulsares, a partir de 1977. Registre-se que foi no artigo citado acima que Hulse e Taylor afirmaram que esse ob- jeto celeste poderia servir para testar as OG, pois qualquer sistema que radiasse esse tipo de onda perderia energia. Assim, em virtude dessa perda de energia, as estrelas do pulsar-binário se aproximariam uma da outra e, em consequência, haveria uma diferença em seu período or- bital. Considerando essa possibilidade, Taylor e colaboradores passaram a verificar se havia essa diferença no período do PSR 1913 + 16. O primeiro resultado dessa variação foi anunciado, em 197945, por Taylor, Lee A. Fowler e Peter M. McCulloch. Mais tarde, em 198246, Taylor e Joel M. Weisberg apresentaram o seguinte resultado: (2,40 0,09) × 10-12 s/s, sendo o valor teórico einsteniano de: (2,403 0,02) × 10-12 s/s. Esse resultado levou Taylor a fazer o seguinte comentário: - Portanto, 66 anos depois de Einstein prever as ondas gravitacionais, um experimento foi realizado e que apresenta clara evidência de sua existência. 42 Nature-Physical Science, v. 240, p. 74, 1972. 43 Astrophysical Journal Letters, v. 191, p. L59, 1974. 44 Astrophysical Journal, v. 195, p. L51; Astrophysical Journal Letters, v. 201, p. L55, 1975. 45 Nature 277, p. 437, 1979. 46 Astrophysical Journal 253, p. 908, 1982. Bassalo, J. M. F. e Cattani, M. 886 Essa concordância entre experiência e teoria foi confirmada por Taylor em 199247. Observe-se que antes, em 1991, Taylor48 mostrou que os pulsares milissegundos (períodos entre 1 e 10 ms) descobertos e estudados por ele são os relógios naturais mais estáveis do Universo, e que Taylor e Thibault Damour investigaram a mudança do período orbital do PSR 1913 + 16. É interessante registrar que, em 199249, Alexander Wolszczan (n.1942) e Dale A. Frail (n.1961) anunciaram a descoberta de um sistema de dois planetas, três vezes mais massivos do que a Terra, girando em torno do pulsar milissegundo PSR 1257 + 12. Note-se que Wolszczan, em 199450, anunciou a existência de um terceiro planeta girando em torno desse PSR 1257 + 12, com um período de 25, 34 dias. Em 199251, A. Abramovici, →. E. Althouse, Ronald (“Ron”) →. P. Drever (n.1λγ1), Y. Gursel, S. Kawamura, F. J. Raab, D. Shoemaker, L. Sievers, R. E. Spero, Kip Stephen Thorne (n.1λ40), Rochus E. (“Robbie”) ↑ogt, Rainer (“Rai”) →eiss (n.1λγβ), S. E. →hitcomb e M. E. Zucker apresentaram o projeto Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory (LIGO) (“Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro Laser”) cujo objetivo fun- damental era o de observar as OG de origem cósmica. [É interessante registrar que a concepção inicial do LIGO foi apresentada por Weiss, em 1968, no Massachusetts Institute of Technology (MIT) e imediatamente aceita por muitos físicos, dentre eles: Drever, Thorne e Vogt]. Ele foi construído em 1999 e opera com dois observatórios (em forma de L, com 4 km de comprimento de lado) para detectar as OG: o Hanford Observatory, do Hanford Nuclear Reservation, pró- ximo de Richland, Washington, e o Livingston Observatory, em Livingston, Louisiana, separa- dos por 3.002 km, que corresponde a 10 ms (1 ms = 10-3 s) na chegada das OG, uma vez que esta viaja, teoricamente, com a velocidade da luz no vácuo (c = 300.000 km/s). Observe-se que o LIGO, que é composto de interferômetros do Tipo Michelson-Morley (1887) e com Cavidades Fabry-Pérot (1898), começou a operar em 23 de agosto de 2002, mas somente foi finalizado em 2010 por falta de investidores. Em 199452, os físicos, os brasileiros José Carlos Nogueira Araújo (n.1968), José An- tônio de Freitas Pacheco (n.1942) e Cattani, e o argentino Jorge Emiliano Horvath (n.1959) analisaram as OG emitidas por pulsares cambaleantes (“wobbling pulsars”). Em 200053, o físico norte-americano Ezra Ted Newman (n.1929), Simonetta Frittelli e Thomas P. Kling estudaram a distorção da imagem de objetos ópticos em uma lente gravitaci- onal não perturbativa. 47 Philosophical Transactions of the Royal Society of London, v. 341, p. 117, 1982. 48 Proceedings of the Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE), v. 79, p. 1054, 1991. 49 Nature, v. 355, p. 145, 1992. 50 Science, 264, p. 538, 1994. 51 Science, 256, p. 325, 1992. 52 Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, v. 271, p. L31, 1994. 53 Physical Review D, v. 63, article number (a.n.) 023007, 2000. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 879-895, dez. 2016. 887 Em 200154, o físico russo-norte-americano Sergei Kopeikin (n.1956) apresentou a ideia de usar o planeta Júpiter como uma lente gravitacional para interagir com a luz (onda eletromagnética) emitida pelo quasar (JO842+1835) que se alinharia com aquele planeta e a Terra em 08 de setembro de β00β, às 16hγ0min GTM (“Greenwich Mean Time”). Desse modo, ele e o radioastrônomo norte-americano Edward Formalont (n.1940) usaram um arranjo de te- lescópios terrestres, inclusive o ↑LBI (“↑ery Large Baseline Interferometry”) e, por intermédio da TRG encontraram para a velocidade da OG o valor: (1,06 0,21) × c. Os resultados dessa medida foram apresentados por eles, em 200355, em 200656, em 200757 e, em 200958, sendo este com a colaboração de Gabor Lanyi e John Benson. Observe-se que o VLBI foi idealizado pelo radioastrônomo inglês Roger Clifton Jennison (1922-2006) em trabalhos realizados, em 195859 e 196160, porém só muito utilizado a partir de 1974, usando três antenas61. Em 2002, os astrofísicos norte-americanos Andrew E. Lange (1957-β010), James (“Ja- mie”) J. Bock [California Institute of Technology (Department of Physics) (CALTECH-DP) e do Jet Propulsion Laboratory (JPL)], Brian G. Keating [University of California (Department of Physics), em San Diego (UC/SD-DP)] e William L. Holzapfel (n.1965) [University of Cali- fornia (Department of Physics), em Berkeley (UCBe/DP)] começaram a desenvolver um pro- jeto para a construção de um radiotelescópio para medir a polarização da Cosmic Microwave Background [“Radiação Cósmica de Fundo de Micro-onda” (RCFM)], projeto esse conhecido como Background Imaging of Cosmic Extragalactic Polarization (BICEP) (“Imageamento de Fundo da Polarização Cósmica Extragaláctica”). O principal objetivo desse projeto era o de medir os modos-B (“componentes torcidos”) de polarização da RCFM. Antes de prosseguirmos, vejamos a razão pela busca desses modos-B. Segundo o as- trofísico norte-americano Lawrence Maxwell Krauss (n.1954) [Cicatriz do Big Bang62], logo em seu começo, o Universo sofreu um período de expansão muito acelerada, isto é, uma infla- ção, durante o qual o Universo passou do tamanho de um próton [cujo raio (rP) vale: rP ≈ 0,85 × 10-15 m] para o tamanho de uma uva (aumentou cerca de 1050 vezes), durante o período de 10-35 s contado a partir do Big Bang (BB), e emitiu a RCFM. Porém, essa radiação primordial só passou a ser observável quando o Universo começou a esfriar suficientemente pela primeira vez, no tempo ≈ γ8 × 104 anos depois do Big Bang (que aconteceu há 13,8 × 109 anos), dando 54 The Astrophysical Journal, v. 556, p. L1, 2001. 55 The Astrophysical Journal, v. 598, p. 704, 2003. 56 Foundations of Physics, v. 36, p. 1244, 2006. 57 General Relativity and Gravitation, v. 39, p. 1583, 2007. 58 The Astrophysical Journal, v. 699, p. 1395, 2009. 59 Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, v. 118, p. 276, 1958. 60 Proceedings of the Physical Society, v. 78, p. 596, 1961. 61 en.wikipedia.org/wiki/LIGO; Edward_Formalont; Sergei_Kopeikin, 1974. 62 Scientific American Brasil, v. 150, p. 46, Nov. 2014. Bassalo, J. M. F. e Cattani, M. 888 início a era inflacionária do Universo. Por essa ocasião, prótons livres capturaram elétrons livres formando átomos neutros, tornando o Universo transparente para a RCFM, radiação essa que chegou até nós. As primeiras tentativas para estimar o seu valor [em termos de temperatura absoluta (T)], ocorreram na década de 1940, devido ao trabalho do físico russo-norte-americano George Antonovich Gamow (1904-1968) sobre a formulação de um modelo para explicar a expansão do Universo observada pelo astrônomo norte-americano Edwin Powell Hubble (1889-1953), em dezembro de 1924. Desse modo, Gamow e os físicos norte-americanos Ralph Asher Alpher (1921-2007) e Hans Albrecht Bethe (1906-2005; PNF, 1967) (de origem alemã) desenvolveram o famoso modelo cosmológico α (α-Alpher, -Bethe, -Gamow), em 194863, que previa o valor (≈ β5 K) para a RCFM. Ainda em 1λ4864, Alpher e físico norte-americano Robert C. Herman (1922-1λλ7), alunos de Gamow, estimaram (≈ 5 K) para aquele valor. Note- se que a RCFM só foi medida em maio de 196465 [(3,5 ± 1) K], pelos radio-astrônomos norte- americanos Arno Allan Penzias (n.1933; PNF, 1979) (de origem alemã) e Robert Woodrow Wilson (n.1936; PNF, 1978). Ainda segundo Krauss, se na ocasião da inflação cósmica já existissem as OG, estas poderiam distorcer o espaço numa direção preferencial e, desse modo, a RCFM poderia ser polarizada. Acontece, no entanto, que a polarização dessa radiação primordial pode também ocorrer por outros efeitos, como, por exemplo, por sua flutuação da temperatura. Assim, a polarização da RCFM pode apresentar dois modos: modo-B (causada pelas OG) e modo-E (ou- tras causas, como, p.e.: flutuação de temperatura e radiação emitida por poeira polarizada de nossa Via-Láctea). É interessante destacar que como a anisotropia térmica [oscilações em torno de γ0 K (1 = 10-6)] da RCFM, foi registrada pelo satélite Cosmic Background Explorer (COBE) (“Explorador da Radiação Cósmica de Fundo”) (lançado em 18 de novembro de 1λ8λ), em 1992, os astrofísicos apresentavam esses dois modos por intermédio de uma relação r (ten- sor/escalar) entre um possível sinal de polarização por onda gravitacional e a intensidade do sinal da flutuação de temperatura medido. Voltemos ao BICEP. O BICEP1, basicamente desenvolvido na UC/SD-DP, foi insta- lado no Observatório Astronômico Americano, na Amundsen-Scott South Pole Station (A- SSPS), localizada no Polo Sul, começou a funcionar em janeiro de 2006 e ficou ativo até de- zembro de 2008. Durante esse período de funcionamento, o BICEP1 observou o céu nas fre- quências de: a) 100 GHz (1 GHz = 109 Hz; 1 Hz = 1 ciclo/segundo), com a resolução de 0,930 e constituído de um par de 25 sensores (pixels) cada; b) 150 GHz, com a resolução de 0,600 e composto de um par de 24 sensores (pixels) cada. Esses sensores foram projetados para detec- tarem os modos-B da polarização da RCFM. Registre-se que o BICEP 1, além dos pesquisado- res da UC/SD-DP e do JPL, contou com a colaboração de pesquisadores de 23 instituições de 63 Physical Review, v. 73, p. 803, 1948. 64 Physical Review, v. 74, p. 1198, 1948. 65 Astrophysical Journal, v. 142, p. 419, 1965. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 879-895, dez. 2016. 889 pesquisa (15 dos Estados Unidos da América; 2 da França, 2 do Canadá; 1 da África do Sul; 1 do Chile; 1 do Reino Unido; e 1 do Japão). É oportuno destacar que, em 11 de junho de 2008, a NASA lançou o foguete DELTA II7920-H levando a bordo o Fermi Gamma-ray Burst Monitor (GBM) ou Gamma-ray Large Area Space Telescope (GLAST), com o objetivo de observar raios gama ( ). A partir de 2008, o programa BICEP começou a elaborar o BICEP 2 [com a participa- ção de novos colaboradores, como os cosmólogos norte-americanos John M. Kovac (n.1970), do Harvard-Smithsonian Centre for Astrophysics (H-SCA), e Chao Lin Kuo, da Stanford Uni- versity [Kavli Institute for Particle Astrophysics and Cosmology, SLAC National Accelerator Laboratory (SU-KIPAC/SLAC)], usando o mesmo telescópio-polarímetro, agora com outros detectores instalados usando uma tecnologia inteiramente nova, ou seja, um arranjo (bolômetro) contendo um sensor de transição de borda [Transition Edge Sensor (TES)] colocado no plano focal da lente de 26 cm de abertura, contendo um par de 256 sensores (pixels) cada, operando em 150 GHz e com uma resolução de 0.920. Ele foi instalado em 2009, na Amundsen-Scott South Pole Station (A-SSPS), na Antártida, perto do Polo Sul Terrestre e funcionou entre 2010 e 2012. É interessante registrar que, segundo o grupo da European Space Agency (ESA), res- ponsável pelo Satélite Planck (lançado em 14 de maio de 2009), r é representado pelo intervalo: (0,00-0,13). Note-se que o Planck Collaboration (com 264 colaboradores sendo alguns do BI- CEP), apresentou seus resultados em 20 de março de 2013 [arXiv:1303.5076 (astro-ph.CO)] e revisado em 20 de março de 2014 [arXiv:1303.5076v3 (astro-ph.CO)] e submetido à publicação na revista Cosmology and Nongalactic Astrophysics, com o artigo intitulado: Planck 2013 Re- sults. XVI. Cosmological Parameters. A partir de 2013, o grupo do BICEP começou a publicar seus resultados, com destaque para dois deles: 1) O BICEP1 (composto de 34 pesquisadores) encontrou, em 04 de outubro de 2013 [arXiv:1310.1422v2 (astro-ph.CO)], o seguinte valor para a importante relação r, qual seja: r = 0,0γ ( +0,β7 -0,23) ou r < 0,70 com CL = 95%. No entanto, o espectro do modo-B é consis- tente com o valor zero (0), ou seja: ausência de OG. Note-se que esse artigo foi publicado em 14 de fevereiro de 201466; 2) O BICEP2 (composto de 47 pesquisadores) encontrou, em 14 de março de 2014 [arXiv:1403.3885v1 (astro-ph.CO)] queμ r = 0,β0 ( +0,07 -0,05), acima do limite máximo para r (que é: r = 0,13, como vimos acima). Como esse resultado indicava que o valor r = 0 era desfavorável no nível de CL = 7σ [5,λσ, subtraído o fundo (foreground), com 5σ representando menos do que um em um milhão de chances de erro], portanto, tal resultado sugeria a existência de OG. Esse trabalho do BICEP2 foi publicado em 19 de junho de 201467. 66 Astrophysical Journal, v. 783, p. 67, 2014. 67 Physical Review Letters, v. 112, a.n. 241101, 2014. Bassalo, J. M. F. e Cattani, M. 890 Note-se que o resultado acima foi analisado em uma reunião da American Astronomi- cal Society, realizada em 05 de junho de 2014, ocasião em que o astrofísico norte-americano David Nathaniel Spergel (n.1961), professor da PU [Department of Astrophysical Sciences (PU-DAS)], arguiu que o modo-B detectado pelo BICEP2 poderia ser resultado da emissão térmica polarizada (modo-E) pela poeira (dust) das estrelas de nossa Galáxia. Em 22 de setem- bro de 2014, o Planck Collaboration (com 400 colaboradores, sendo alguns do BICEP) confir- mou a conjectura de Spergel [arXiv:1409.5738v1 (astro-ph.CO)], submetido à publicação na revista Cosmology and Nongalactic Astrophysics], com o artigo intitulado: Planck Intermediate Results. XXX. The Angular Power Spectrum of Polarized Dust Emission at Intermediate and High Galactic Latitudes. Registre-se que logo que o BICEP2 terminou sua missão, em 2012, o BICEP Collabo- rartion começou o BICEP3 (com 29 pesquisadores), usando um telescópio-polarímetro (do tipo do Keck Array, mas com uma abertura de 55 cm), contendo um par de 1280 sensores (pixels) cada, operando em 95 GHz e com uma resolução de 0.370, proposto em 22 de julho de 2014 [arXiv:1407.5928v1 (astro-ph.CO)]. Note-se que, em fevereiro de 2015, a colaboração BI- CEP2/Keck/Planck confirmou mais uma vez a conjectura de Spergel, isto é: a ausência de OG [arXiv:1502.00612v1 (astro-ph.CO)]. É interessante registrar que o Keck Array (consiste de cinco polarímetros similares ao BICEP2), foi projetado inicialmente por Lange e pertence ao A-SSPS. Quando esta Estação Astronômica Norte-Americana foi inaugurada, em 1995, nas Montanhas Usarp, na Antártica, o observatório contendo o Keck Array recebeu o nome de Martin A. Pomerantz Observatory (MAPO), para homenagear o físico norte-americano Martin Arthur Pomerantz (1916-2008), então Diretor do Bartol Research Institute, da University of Delaware, e o líder no desenvolvimento da Astronomia Norte-Americana na Antártica. O Keck Array funcionou entre 2011 e 2013. Para maiores detalhes sobre as OG, ver: <wikipedia.org/BI- CEP_KickArray; www.searadaciencia.ufc.br/curiosidadesdafisica>). Vejamos agora como surgiu o conceito de BN. A Métrica de Schwarzchild (MS) vista acima vale para pontos fora (e sem matéria) da superfície do corpo (de raio R e massa M) que produziu o campo gravitacional como (p. e: uma estrela) e com a seguinte condição: r > 2 G M. E para pontos internos, isto é: r < 2 G M? Para examinar essa questão, vejamos o estudo a evolução estelar. Em 1914, o astrônomo inglês Sir Arthur Eddington (1882-1944) escreveu o livro intitulado Stellar Movements and the Structure of the Universe (Cambridge University Press), no qual apresentou uma verdadeira súmula de todo o conhecimento existente sobre a distribuição e dinâmica das estrelas nos diversos tipos de nebulosas. Logo depois, em 191568, estimou que a massa total (M) de um aglomerado (clusters) de estrelas em equilíbrio estatístico, como sendo dada por M ≈ β Rcℓ <v2>/G, sendo Rcℓ um adequado raio que depende da distribui- ção de massa do aglomerado e <v2> representa a velocidade média quadrática das estrelas do aglomerado. Em 191669, Eddington apresentou a ideia de que o equilíbrio estelar deve-se ao 68 Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, v. 76, p. 525, 1915. 69 Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, v. 77, p. 16, 1916. http://www.searadaciencia.ufc.br/curiosidades Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 879-895, dez. 2016. 891 balanço entre a atração gravitacional e as pressões: gasosa e de radiação. Já em 192070, em uma Reunião da Sociedade Britânica para o Progresso da Ciência, Eddington propôs que o meca- nismo de geração de energia das estrelas decorria da conversão (fusão) de quatro átomos de hidrogênio (H) em um núcleo de hélio (He). Ainda nessa Reunião, ele afirmou que, devido a essa conversão, a estrela [principalmente a anã branca, que é o objeto celeste resultante do processo evolutivo de estrelas de até 10 MS (MS = massa do Sol)] perde energia e contrai-se provocando um aumento de temperatura e, consequentemente, esse tipo de estrela radiaria in- tensamente de acordo com a teoria clássica da relação entre energia térmica (E) e temperatura absoluta (T)μ E = σ T4, onde σ é a constante de Stefan (1879)-Boltzmann (1884). Em 192471, Eddington retomou a ideia que tivera, em 1916, sobre o equilíbrio estelar e mostrou que nas anãs brancas o campo gravitacional é tão forte que produz uma grande con- tração, reduzindo-lhe o tamanho e, em consequência disso, os átomos perdem a maioria de seus elétrons, restando um gás altamente ionizado formando assim um estado de matéria degene- rada, com uma densidade média de 108 kg/m3. Nesse trabalho, Eddington calculou como sendo da ordem de β0 km/s o desvio para o vermelho do comprimento de onda ( ) de um raio luminoso emitido por uma estrela desse tipo. Contudo, esse Modelo de Eddington apresentava uma grande dificuldade, pois a rela- ção massa luminosidade por ele utilizada indicava que, por apresentar uma alta temperatura, uma anã branca deveria irradiar intensamente de acordo com a relação entre energia térmica e temperatura vista acima. Isso, no entanto, não era observado. Essa dificuldade foi contornada pelo matemático inglês Sir Ralph Howard Fowler (1889-1944), em 192672, ao mostrar que na- quele tipo de estrela, no processo de converter H em He, ela perde energia e contrai-se até que a pressão interna (p) torna-se tão grande, o bastante para causar o colapso de sua estrutura atô- mica, configurando um estado de matéria degenerada formada apenas de elétrons. Desse modo, usando a estatística de Fermi-Dirac (1926), Fowler demonstrou que o puxão gravitacional ocorrido na estrela é equilibrado pela repulsão dos elétrons “degenerados”, repulsão essa de- corrente do princípio da exclusão de Pauli (1λβ5). Desse modo, para essa matéria “degene- rada”, Fowler encontrou a seguinte relação entre p e a densidade (ρ)μ p ρ5/3, e que essa Equa- ção de Estado independe de T. Registre-se que foi ainda em 1926, que Eddington publicou seu livro The Internal Constitutions of the Stars (Cambridge University Press), no qual apresenta suas pesquisas sobre a evolução estelar, iniciadas em 1914. O Modelo de Eddington-Fowler foi modificado pelo astrofísico indiano-norte-ameri- cano Subrahmanyan Chandrasekhar (1910-1995; PNF, 1983), entre 1931 e 193273, ao levar em 70 Observatory, v. 43, p. 353, 1920. 71 Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, v. 84, p. 308, 1924. 72 Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, v. 87, p. 114, 1926. 73 Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, v. 91, p. 456, 1931; Philosophical Magazine, v. 11, p. 592, 1931; Astrophysical Journal, v. 74, p. 81, 1931; Zeitschrift für Astrophysik, v. 5, p. 321, 1932. Bassalo, J. M. F. e Cattani, M. 892 conta os efeitos relativísticos na Equação de Estado do gás de elétrons “degenerados”. Assim, quando a estrela se torna suficientemente densa, a repulsão eletrônica pauliana não será capaz de vencer a atração gravitacional. Desse modo, Chandrasekhar descobriu que nenhuma anã branca pode ter massa maior do que 1,44 MS, valor esse que ficou conhecido como limite de Chandrasekhar. Note-se que, em 193874, Bethe e o físico norte-americano Charles Louis Critchfield (1910-1994) apresentaram o famoso ciclo Hidrogênio-Hidrogênio (H-H) como ge- rador da energia das estrelas tão (ou menos) massivas quanto o Sol. Ainda em 193875, o físico alemão Barão Carl Friedrich von Weizsäcker (1912-2007) propôs o igualmente famoso ciclo Carbono-Nitrogênio-Oxigênio-Carbono (C-N-O-C) como gerador de energia das estrelas mais massivas do que o Sol, ciclo esse confirmado por Bethe, em 193976. Em 193877, os físicos norte-americanos Julius Robert Oppenheimer (1904-1964) e Ro- bert Serber (1909-1997) e, em 1939, Oppenheimer, com a colaboração do físico russo-norte- americano George Michael Volkoff (1914-2000)78 e do físico-norte-americano Hartland Snyder (1913-1962)79 mostraram que, quando todas as fontes termonucleares de energia são exauridas de uma estrela suficientemente pesada, então a contração gravitacional continuará indefinida- mente até seu colapso total. Como esse colapso gravitacional relaciona-se com o Raio de Schwarzschild (RSch), ele passou a ser conhecido como a Singularidade de Schwarzschild (SS). Em 194280, Chandrasekhar e o físico brasileiro Mário Schenberg (1914-1990) apre- sentaram uma análise da evolução do Sol e de estrelas semelhantes que compõem a chamada sequência principal do Diagrama de Hertzsprung (1911) – Russell (1914). Nessa análise, na qual há um estudo da luminosidade desse tipo de estrela em função de sua massa, basicamente, foi verificado o que acontecia quando fosse queimado todo o H do centro dessas estrelas. Ainda nesse trabalho eles mostraram que não existe estrela estável na qual o caroço de He contém mais de 10% da massa da estrela. Esse resultado, conhecido como Limite de Schenberg-Chan- drasekhar, explica a formação de estrelas vermelho-gigantes durante o curso da evolução este- lar Em 1957, o físico norte-americano John Archibald Wheeler (1911-2008) discutiu com o físico e matemático norte-americano Martin David Kruskal (1925-2006) a ideia de contornar a dificuldade encontrada no tratamento matemático do espaço-tempo na região em torno da SS. Com efeito, à medida que ocorre o colapso estelar, a estrela decresce rapidamente de tamanho até uma distância crítica de seu centro, distância essa conhecida, conforme vimos acima, como 74 Physical Review, v. 54, p. 248, 1938. 75 Physikalische Zeitschrift, v. 39, p. 633, 1938. 76 Physical Review, v. 55, p. 434, 1939. 77 Physical Review, v. 54, p. 540, 1938. 78 Physical Review, v. 55, p. 374, 1939. 79 Physical Review, v. 56, p. 455, 1939. 80 Astrophysical Journal, v. 96, p. 161, 1942. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 879-895, dez. 2016. 893 o RSch, de modo que, nessa situação, a luz paira acima da estrela. Assim, o volume esférico no espaço-tempo traçado com esse raio por essa luz é chamado de horizonte de eventos da SS (hoje, horizonte de eventos do buraco negro). Em 196381, o matemático neozelandês Roy Patrick Kerr (n.1934) encontrou uma nova métrica (conhecida como Métrica de Kerr, e que significa uma generalização da MS) que representava objetos colapsados gravitacionalmente rotativos (com spin) e descarregados. Em 196582, o físico norte-americano Ezra Ted Newman (n.1929) e seus colaboradores W. E. Cough, K. Chinnapared, A. Exton, A. Prakash e R. J. Torrence descreve- ram buracos negros rotativos e carregados, por intermédio de uma métrica, hoje conhecida como Métrica de Kerr-Newman. Vejamos como apareceu o nome desses objetos colapsados gravitacionalmente. Em agosto de 1967, a astrônoma irlandesa Susan Jocelyn Bell Burnell (n.1943), então estudante do astrônomo inglês Antony Hewish (n.1924; PNF, 1974), descobriu um objeto ce- leste na nebulosa de Caranguejo que emitia vibrações regulares de ondas de rádio, com o perí- odo aproximado de 1,337 s, e que, jocosamente, chamou-o de LGM (Little Green Man) (“Pe- queno Homem ↑erde”). No outono daquele ano, o físico italiano ↑ittorio M. Canuto (n.1λγ7), então chefe administrativo do Goddard Institute for Space Studies, da National Aeronautics and Space Administration (NASA), sediado em New York, convidou Wheeler para apresentar uma conferência objetivando uma possível interpretação dessa descoberta. Em certo instante de sua exposição, na qual argumentava sobre a possibilidade de o centro de tais objetos ser um objeto colapsado completamente pela gravidade, alguém da plateia sugeriu um nome mais compacto: - How about black hole? (“Que tal buraco negro?”). Como procurava desesperada- mente por um nome compacto para descrever aquela situação física, Wheeler aceitou a sugestão e passou a adotá-la oficialmente, no dia 29 de dezembro de 1967, na conferência realizada na Sigma X-Phi Beta Kappa, sediada também em New York. Contudo, na literatura científica, o nome buraco negro (BN) (“black hole”) apareceu nos artigos que →heeler publicou no Ameri- can Scholar 37, p. 248 e no American Scientist 56, p. 1, ambos em 1968. [John Archibald Wheeler and Kenneth Ford, Geons, Black Holes and Quantum Foam (W. W. Norton & Com- pany, 1998)]. É oportuno destacar que existem evidências observacionais de que o centro das galáxias seja um BN como, por exemplo, o de nossa Via Láctea e que teria uma massa em torno de 4,3 106 MS. Por exemplo, no dia 27 de fevereiro de 2013, astrônomos da National Aero- nautics and Space Administration (NASA) e da European Space Agency (ESA) anunciaram que haviam medido a velocidade de rotação de um BN supermassivo (2 106 MS) no centro da galáxia em espiral NGC 136583. 81 Physical Review Letters, v. 11, p. 237, 1963. 82 Journal of Mathematical Physics, v. 6, p. 918, 1965. 83 Mais detalhes sobre os BN, ver: Charles W. Misner, Kip S. Thorne and John Archibald Wheeler, Gravitation (W. H. Freeman and Company, 1973); Kip S. Thorne, Black Holes & Time Warps: Einstein´s Outrageous Leg- acy (W. W. Norton & Company, 1994); wikipedia/black_hole; www.nasa.gov/nustar. http://www.nasa.gov/nustar Bassalo, J. M. F. e Cattani, M. 894 V. Detecção das Ondas Gravitacionais Vejamos agora como aconteceu a detecção das OG. Segundo vimos no Resumo deste artigo, em 11 de fevereiro de 201684, por ocasião de uma Conferência realizada na NSF, em Washington, D.C., o físico norte-americano David Reitze (n.1961), Diretor Executivo do LIGO anunciou que dois LIGOS da Scientific Collaboration (LSC) haviam detectado (em 14 de se- tembro de 2015) Ondas Gravitacionais (OG) provindas da fusão (merger) de um binário de buracos-negros (BN) com cerca de 62 MS (≈ 1β,5 × 1031 kg) e a uma distância 1,2 × 109 anos- luz (≈ 1,β × 1025 m) da Terra, evento esse conhecido como GW150914. Note-se que essas OG (“ondas no espaço-tempo”) produziram expansões e contrações nos lados dos dois LIGOS da LSC (cujos braços estariam em posição favorável para a medida, inclusive com uma frequência de 250 Hz pouco antes do merger), registradas em cada um de seus detectores (um em Hanford e o outro em Livingston) e com uma diferença de tempo de 7 × 10-3 s85. É interessante destacar que este resultado corresponde ao confidence limit (“limite de confiança”)μ CL > 5,1 σ (99,9999%, significando ser menor do que um evento em cada 203.000 anos). É também opor- tuno destacar que o gráfico abaixo é muito parecido pelo deduzido por Tiomno, Davis e Ruffini, em 1972 (op. cit.). Por sua vez, existe outra interpretação para esse evento (GW150914). Vejamos qual. Com uma visão instantânea de 70% do céu e 0,4 s depois do mesmo, o GBM detectou a presença de uma fonte fraca de energia eletromagnética acima de 50 keV e com a duração de 1 s. No artigo publicado pelo GBM [arXiv:1602.03920v3 (astro-ph.HE)], em seu Abstract, seus 29 principais pesquisadores dizem que essa observação parece não estar conectada com nenhuma outra atividade astrofísica (solar, terrestre ou magnetosférica). Porém, por ser consistente com a direção do GW150914, tal observação sugere que tenha ocorrido uma erupção de raios gama ( ) e, portanto, incompatível com a fusão de buracos negros. Em vista disso, esses pesquisado- res passaram a calcular a luminosidade (L) correspondente a emissão de raios-X duros, entre 1 keV e 10 MeV, e encontraram que: L = [1,8+1,5-1,0 × 1049 (erg/s)]. Esse valor, ainda segundo os autores, tem uma confiabilidade de 75% e, mais ainda, assumindo que os dois eventos (LIGO/GBM) sejam correspondente ao mesmo GW150914, uma colaboração futura desses dois observatórios possa reduzir a 90% o intervalo de confiança numa locação do céu de 601 para 199 deg2. Observe-se que deg2 [≡ (0)2] (“graus quadrados”) é uma medida de ângulo sólido, dado pela expressãoμ (π /180)2 ≈ γ,046β × 10-4 esferoradianos. É oportuno registrar que, em 01 de junho de 2016, os físicos J. Greiner, J. M. Bur- gess, V. Savchenko e H.-F. Yu escreveram um artigo intitulado On the GBM event seen 0.4 sec after GW 150914 [arXiv:1606.00314v1 (astro-ph.HE)], no qual afirmaram que o referido evento não foi gerado pela emissão de OG, mas, somente, por fótons emitidos. 84 Physical Review Letters, v. 116, article number 061102 (12/02/2016), 2016. 85 Para detalhes sobre como ocorrem os registros nos detectores, ver: Cattani [aXiv:1004.2470v1 (gr-qc)] (op. cit.). https://arxiv.org/find/astro-ph/1/au:+Greiner_J/0/1/0/all/0/1 https://arxiv.org/find/astro-ph/1/au:+Burgess_J/0/1/0/all/0/1 https://arxiv.org/find/astro-ph/1/au:+Burgess_J/0/1/0/all/0/1 https://arxiv.org/find/astro-ph/1/au:+Savchenko_V/0/1/0/all/0/1 https://arxiv.org/find/astro-ph/1/au:+Yu_H/0/1/0/all/0/1 Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 33, n. 3, p. 879-895, dez. 2016. 895 Uma segunda observação de OG foi feita pelo LIGO em 26 de dezembro de 2015. Esse evento denominado de GW151226 foi publicado na revista Physical Review Letters 116, 241103 (15/06/2016). O sinal detectado identicamente ao do evento GW150914 foi gerado pela coalescência de um sistema binário formado por dois buracos negros (BN) com massas ~ 14.2 Mʘ e ~ 7.5 Mʘ. A fonte de OG estaria localizada a uma distância de ~ 440 Mpc da Terra. A onda detectada durou cerca de 1 s e a frequência das ondas variou de 35 a 450 Hz. Acreditamos que essa segunda observação, o evento GW151226, feita pelo LIGO, veio confirmar que realmente as OG foram detectadas, descartando a dúvida apresentada pelo GBM citado acima. astro.03.pdf Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação Alexandre Zabot Outline 1 Leis de Kepler 2 Lei da gravitação de Newton 3 Força de maré 4 Limite de Roche 5 Conceitos de Relatividade 6 Bibliografia Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação2 / 46 Outline 1 Leis de Kepler 2 Lei da gravitação de Newton 3 Força de maré 4 Limite de Roche 5 Conceitos de Relatividade 6 Bibliografia Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação3 / 46 Johannes Kepler 27/12/1571 – 15/11/1630 Mysterium Cosmographicum (1596) I Defendeu o heliocentrismo de Copérnico (1543). 1600: início do trabalho com Tycho Brahe 1609: Astronomia Nova I Trabalho com dados de Brahe I Duas primeiras leis 1619: Harmonices Mundi I Terceira lei Muito ignorado por contemporâneos, como Galileu e Descartes. Kepler em 1610. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação4 / 46 Geocentrismo Geocentrismo era o modelo mais aceito na época de Kepler Matematizado por Ptolomeu no Almagesto (∼100 dC). Órbitas circulares Epiciclos Explicava os dados e era consistente com a filosofia Sistema Geocêntrico de Ptolomeu. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação5 / 46 Elipse Como desenhar uma elipse. Definição geométrica. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação6 / 46 Leis de Kepler 1a lei Todos os planetas se movem em órbitas elípticas com o Sol em um dos focos. Primeira lei de Kepler. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação7 / 46 Leis de Kepler 2a lei Uma linha ligando qualquer planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais. Segunda lei de Kepler. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação8 / 46 Leis de Kepler 3a lei O quadrado do período de qualquer planeta é proporcional ao cubo do semi-eixo maior de sua órbita:( P1 P2 )2 = ( a1 a2 )3 Terceira lei de Kepler aplicada ao Sistema Solar. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação9 / 46 Período de Júpiter Exercício 3.1 O semi-eixo maior de Júpiter é 5.20 UA. Qual é o período da órbita de Júpiter em torno do Sol? 1 Unidade Astronômica (UA) é a distância média da Terra ao Sol. A órbita da Terra é praticamente circular, então podemos assumir que aT = 1 UA. O período da órbita da Terra em torno do Sol é 1 ano (PT = 1 ano). Assim, aplicamos a 3a lei de Kepler: ( PJ PT )2 = ( aJ aT )3 → ( PJ 1 )2 = ( 5.20 1 )3 → PJ = √ 5.203 ∴ PJ = 11.86 anos Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação10 / 46 Outline 1 Leis de Kepler 2 Lei da gravitação de Newton 3 Força de maré 4 Limite de Roche 5 Conceitos de Relatividade 6 Bibliografia Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação11 / 46 Isaac Newton 25/12/1642 – 20/03/1727 Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica (1687) I Livro mais importante da história da ciência I Base de toda mecânica dos próximos 200 anos! I Leis da mecânica I Leis da gravitação I Dedução das leis de Kepler Retrato de Isaac Newton em 1689 (46 anos) por Godfrey Kneller. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação12 / 46 Isaac Newton “Se vi mais longe foi por estar de pé sobre ombros de gigantes." Isaac Newton, carta a Robert Hooke – 5/2/1676 Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação13 / 46 Leis da Mecânica 1a Lei Um corpo em repouso permanece em repouso a não ser que uma força externa atue sobre ele. Um corpo em movimento continua em movimento com velocidade constante e em linha reta a não ser que uma força externa atue sobre ele. 2a Lei ∑ ~F = m~a 3a Lei Quando dois corpos interagem entre si, a força ~FBA exercida pelo corpo B sobre o corpo A tem a mesma magnitude e o sentido oposto ao da força ~FAB exercida pelo corpo A sobre o corpo B. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação14 / 46 Lei da Gravitação Universal ~F12 = − Gm1m2 r212 r̂12 (a) Vetores na lei da Gravitação. (b) As partículas exercem forças iguais e opostas. Lei UNIVERSAL Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação15 / 46 Imponderabilidade Exercício 3.2 Qual é a aceleração da gravidade na altura da órbita da Estação Espacial Internacional? Estação Espacial Internacional. Pela 2a lei de Newton, ~F = m~a Se a força ~F é a força da gravidade, então podemos escrever ~Fg = m~g. Usando a lei da gravitação, Fg = GmM r2 = mg → g = GM r2 Substituindo os valores, MT = 5.97× 1024 kg, r = RT + h = 6371 + 400 km, temos: ∴ g = 8.7 m/s2 que é só 11% menor do que a aceleração na superfície da Terra! Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação16 / 46 Massa inercial e gravitacional Duas leis diferentes: I ~F = m~a I ~FG = Gm1m2r̂/r2 Duas massas distintas: inercial e gravitacional Queda livre, F = FG e g = GmT/R2T ma = gmg m =massa inercial e mg =massa gravitacional Experimento de Galileu: I a = gmg/m I Corpos diferentes de massas iguais caem juntos? Torre de Pisa Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação17 / 46 Velocidade de escape Velocidade mínima para escapar da atração gravitacional de um corpo: ve = √ 2GM R Órbitas possíveis Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação18 / 46 Velocidade de escape Algumas velocidades de escape: Local Vel. (km/s) Sol 617.5 Terra 11.2 Lua 2.4 Marte 5.0 Via Láctea 594 Buraco Negro > vel luz Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação19 / 46 Outline 1 Leis de Kepler 2 Lei da gravitação de Newton 3 Força de maré 4 Limite de Roche 5 Conceitos de Relatividade 6 Bibliografia Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação20 / 46 Forças de maré Efeito importante! Marés na Terra Face fixa da Lua Vulcões em Io (Júpiter) Quebra de cometas Aneis de Saturno Precessão Em todo universo! Maré Face fixa da Lua Io, lua de Júpiter Comet Shoemaker-Levy 9 Saturno com seus anéis Precessão do eixo da Terra Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação21 / 46 Forças de maré Efeito de maré: Forças Diferenciais. Temos F1 = GMm (d − R)2 e F2 = GMm (d + R)2 então, ∆F = F2 − F1 = GMm d2 [( 1 + R d )−2 − ( 1− R d )−2] ≈ − 4GMmR d3 Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação22 / 46 Forças de maré (a) Forças relativas à Lua. (b) Forças relativas ao centro da Terra. ∆F = 4GMmR d3 Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação23 / 46 Outline 1 Leis de Kepler 2 Lei da gravitação de Newton 3 Força de maré 4 Limite de Roche 5 Conceitos de Relatividade 6 Bibliografia Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação24 / 46 Limite de Roche O limite de Roche é a distância mínima do centro do planeta que um satélite pode chegar sem se tornar instável frente a rompimento por maré. Édouard Roche, 17/10/1820 – 27/04/1883. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação25 / 46 Limite de Roche d = C 3 √ ρp ρs Rs A distância mínima (d) depende da densidade do Planeta (ρp) e do satélite (ρs), do raio do satélite (Rs) e da constante de Roche, que varia com o tipo de corpo (C = 2.44 para satélites líquidos e C = 1.38 para satélites rochosos). Satélite destruído por forças de maré quando ultrapassa o limite de Roche. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação26 / 46 Limite de Roche para a Lua Exercício 3.3 Qual a menor distância que a Lua pode chegar da Terra sem se romper? Considerando: MT = 5.97× 1024 kg RT = 6370 km ML = 7.35× 1022 kg RL = 1738 km Temos ρT = MT 4 3 πR 3 T = 5514 kg/m3 ρL = ML 4 3 πR 3 L = 3342 kg/m3 e assim d = 1.38× 3 √ 5514 3342 × 1738 = 2834 km que é cerca de 135 vezes menor do que a distância média da Lua à Terra. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação27 / 46 Outline 1 Leis de Kepler 2 Lei da gravitação de Newton 3 Força de maré 4 Limite de Roche 5 Conceitos de Relatividade 6 Bibliografia Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação28 / 46 Albert Einstein 14/03/1879 – 18/04/1955 Escritório de Patentes 1905 – Annus Mirabilis (26 anos). I Efeito fotoelétrico I Relatividade especial I Movimento browniano 1907-1915 – Relatividade Geral Muitos outros trabalhos: I Cosmologia I Mecânica Quântica I Mecânica Estatística I Termodinâmica I Colaborações com todos os grandes nomes da física do séc. XX Albert Einstein em 1921 (42 anos), quando recebeu o Prêmio Nobel. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação29 / 46 Relatividade Especial Crise na Física: Eletromagnetismo × Mecânica I Em que meio a luz se move? F E: nenhum (éter); M: material I A velocidade depende do Referencial? F E: não; M: sim O estudo da natureza e comportamento da luz causaram uma revolução da Física do séc. XX. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação30 / 46 Postulados da Relatividade Especial Princípio da Relatividade As leis da física são iguais em todos os sistemas de referência inerciais. Constância da velocidade da luz A velocidade da luz no vácuo tem o mesmo valor em todos os referenciais inerciais, independentemente da velocidade do observador ou da velocidade da fonte emitindo a luz. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação31 / 46 Dilatação do tempo Medida do tempo de percurso da luz. Sabemos que, v = ∆x ∆t . então, c = 2L Ta c = 2 √ L2 + (vTb/2)2 Tb Igualando as duas equações (a velocidade da luz é constante!), 2L Ta = 2 √ L2 + (vTb/2)2 Tb obtemos Tb : Tb = Ta√ 1− (v/c)2 Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação32 / 46 Contração do espaço Encolhimento devido à velocidade. L = L0 √ 1 − (v/c)2 Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação33 / 46 Simultaneidade Eventos simultâneos num referencial podem não ser simultâneos em outro. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação34 / 46 Verificação experimental Sem considerações relativísticas, múons criados na atmosfera e descendo com uma velocidade de 0.98c percorreriam apenas ao redor de 600 m antes de decair com um tempo de vida médio de 2.2 µs. Assim, um número muito pequeno de múons alcançaria a superfície da Terra. Com considerações relativísticas, o tempo de vida do múon é dilatado de acordo com um observador na Terra. Como resultado disso, de acordo com esse observador, o múon pode percorrer cerca de 5000 m antes de decair. Isso resulta em muitos múons chegando à superfície. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação35 / 46 Verificação experimental Dois aviões decolaram (em tempos diferentes) de Washington, onde fica o Observatório Naval dos EUA. Os aviões viajaram para o leste e o oeste em volta da Terra (rotação). Relógios atômicos a bordo dos aviões foram comparados com relógios similares que ficaram no Observatório para mostrar que relógios os em movimento nos aviões andaram mais devagar. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação36 / 46 Relatividade Geral Relatividade Especial não trata de referenciais acelerados. O problema da massa inercial e gravitacional continuava em aberto. A Relatividade Geral relacionou os efeitos de gravidade com a forma do espaço. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação37 / 46 Postulado da Relatividade Geral Princípio da equivalência Um campo gravitacional é equivalente a um sistema de referência acelerado na ausência de efeitos gravitacionais. Um observador dentro de um elevador não sabe se o elevador está parado sobre a Terra ou então acelerando para cima com a = g. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação38 / 46 Curvatura da luz A luz se curva na presença de um campo gravitacional. R ≈ c 2 g Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação39 / 46 Verificação experimental Lentes gravitacionais só são explicadas pela Relatividade Geral. Atualmente este efeito é usado para muitas medidades em Astrofísica, até mesmo para descobrir novos exoplanetas. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação40 / 46 Verificação experimental Figura do artigo de Kelly et al, publicado na Science em 6/3/2015. As imagens do telescópio espacial Hubble, com três diferentes filtros, mostram o aparecimento simultâneo de 4 imagens da mesma supernova. Entre a supernova e a Terra havia uma galáxia, que curvou a luz, conforme predito pela Relatividade Geral. Pelas propriedades da imagem é possível estudar a galáxia que curvou a luz, agindo como lente. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação41 / 46 Ondas gravitacionais Video (onda_grav) Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação42 / 46 LIGO LIGO: Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory Observatório LIGO de Livingston. O LIGO é composto de dois observatórios. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação43 / 46 LIGO Detecção do LIGO em 11/02/2016. Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação44 / 46 Outline 1 Leis de Kepler 2 Lei da gravitação de Newton 3 Força de maré 4 Limite de Roche 5 Conceitos de Relatividade 6 Bibliografia Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação45 / 46 Bibliografia Fontes para estudo Várias seções em http://astro.if.ufrgs.br/ Física, Paul Tipler & Gene Mosca, Volume 2, Capítulos R e 11 Alexandre Zabot Astrofísica Geral Tema 03: Noções de Gravitação46 / 46 http://astro.if.ufrgs.br/ Leis de Kepler Lei da gravitação de Newton Força de maré Limite de Roche Conceitos de Relatividade Bibliografia FiscaII_aula1_2017_1.pdf Aula 1 Gravitação Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Sumário I. Introdução II. Lei da gravitação de Newton (Teorema das cascas) III. Gravitação e o princípio da superposição das forças IV. Gravitação nas proximidades da superfície da Terra V. Gravitação no interior da Terra (Teorema das cascas) VI. Energia Potencial gravitacional VII. Leis de Kepler VIII.Satélites: órbitas e energias Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Introdução • Um dois mais antigos objetivos da física é compreender a força gravitacional. • Esta força mantém a Lua em órbita em torno da Terra; mantém a Terra em órbita em torno do Sol • Ela se estende ao espaço intergaláctico, mantendo unida todas as galáxias. • Ela tenta retardar a expansão do universo. • Esta força também é responsável pelo buraco negro. Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Lei da Gravitação de Newton • Em 1665, Isaac Newton (23 anos!), demonstrou que não existe diferença entre a força que mantém a Lua em órbita e a força responsável pela queda de uma maçã. • Ele conclui que não apenas a Terra atrai a maçã e a Lua, mas também que cada corpo do universo atrai todos os demais. • Essa tendência dos corpos se atraírem mutuamente é chamada de gravitação. Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone • Lei da gravitação de Newton: Toda partícula do universo atrai todas as outras partículas com uma força gravitacional cujo módulo é dado por: 2r mM GF Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone A constante G é chamada de constante gravitacional. Seu valor no SI é: Experimento da balança de torção de Henry Cavendish, 1797 Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone John Michell (1724-1793) - Inventor da balança de torção. - Supôs a existência de Buracos negros. Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone (Alonso e Finn, volume 1) Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Lei de Gravitação Universal de Newton: a interação gravitacional entre dois corpos pode ser expressa por uma força central, atrativa, proporcional às massas dos corpos e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles. •A Força Gravitacional não é alterada pela presença de outros objetos, mesmo que estejam situados entre as partículas. Ou seja, esta força não pode ser blindada por outras partículas. •Esta lei se aplica a partículas, mas podemos aplicá-la em boa aproximação para objetos reais, desde que os tamanhos sejam pequenos comparados com a distância entre eles. A Lua e a Terra, podem ser tratados como partículas. •E o que dizer do caso de uma maçã e da Terra?? Teorema das Cascas • Uma casca esférica uniforme de matéria atrai uma partícula que se encontra fora da casca como se toda a massa da casca estivesse concentrada no seu centro. (para demonstração ver: Halliday, vol.2, 5ª.ed.; Chaves e Sampaio, vol.1) • A Terra pode ser imaginada como um conjunto de cascas, uma dentro da outra, cada uma atraindo uma partícula localizada fora da superfície da Terra como se a massa da casca estivesse no seu centro. • Assim do ponto de vista da maçã, a Terra se comporta como partícula, cuja massa está localizada no centro da Terra e possui uma massa igual a massa da Terra. • Note que as forças de atração são iguais em módulos, mas as acelerações produzidas, são diferentes! Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Gravitação e o princípio da superposição das forças • Dado um conjunto de partículas podemos determinar a força gravitacional a que uma delas está submetida devido à presença das outras usando o Princípio da superposição. • No caso de n partículas, a força resultante sobre a partícula 1 será: n i ires nres FF FFFF 2 1,1 11312,1 ... Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Exemplo 1 Determine a força resultante sobre a partícula 1. m1=6kg; m2=m3=4kg; a=2cm Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Exemplo 2 A figura abaixo mostra um arranjo de cinco partículas, de massa m1=8kg, m2=m3=m4=m5=2kg; a=2cm e θ=30 0. Qual é a força resultante que as outras partículas exercem sobre a partícula 1? Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Gravitação nas proximidades da superfície da Terra Suponha que a Terra é uma esfera uniforme de massa M. O módulo da F.G. que a Terra exerce sobre uma partícula de massa m localizada fora da Terra é dada pela Lei da Gravitação de Newton. Se a partícula é liberada ela cai em direção ao centro da Terra com uma aceleração que chamamos de aceleração da gravidade ag . Aplicando a segunda Lei de Newton, temos • Em qual situação ag=g ? 2r GM ag Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone • Na prática ag≠g, pois A massa da Terra não está distribuída uniformemente A Terra não é uma esfera perfeita A Terra está girando A rotação da Terra faz com que a aceleração de queda livre, seja menor que a aceleração gravitacional. Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone g = ag – ω 2R Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Para vermos como g ≠ ag , analisamos o seguinte exemplo: um caixote de massa m está sobre uma balança no equador. Gravitação no interior da Terra • Uma casca uniforme de matéria não exerce força gravitacional resultante sobre uma partícula localizada no seu interior. (Teorema das Cascas no. 2) ( para demonstração ver: Halliday, vol.2, 5ª.ed.; Chaves e Sampaio, vol.1) Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Exemplo 4 Em De Pólo a Pólo, um conto de ficção científica escrito por George Griffith em 1904, três exploradores viajam em uma cápsula em um túnel formado naturalmente que vai do pólo Sul ao pólo Norte. De acordo com a história, quando a cápsula se aproxima do centro da Terra a força gravitacional experimentada pelos exploradores aumenta assustadoramente e, depois, exatamente no centro, desaparece de repente, mas apenas por um momento. Em seguida, a cápsula atravessa a outra metade do túnel e chega ao pólo Norte. Verifique se a descrição de Griffith está correta calculando a força gravitacional experimentada pela cápsula de massa m quando está a uma distância r do centro da Terra. Suponha a Terra uniforme de massa específica ρ. Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone De acordo com o teorema das cascas de Newton, temos três ideias chaves: • Quando a cápsula se encontra a uma distância r do centro da Terra a parte da Terra situada do lado de fora de uma esfera de raio r não produz uma força gravitacional resultante sobre a cápsula. • A parte da Terra localizada no interior dessa esfera produz uma força gravitacional resultante sobre a cápsula. • Podemos tratar a massa Mint dessa parte interior da Terra como sendo a massa de uma partícula situada no centro da Terra. Energia potencial gravitacional Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Energia potencial gravitacional perto da superfície do planeta: Velocidade de escape Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Logo: Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Exemplo 13-5 • Um asteroide, em rota de colisão com a Terra, tem uma velocidade de 12 km/s em relação ao planeta quando está a uma distância de 10 raios terrestre do centro da Terra. Desprezando os efeitos da atmosfera da Terra sobre o asteroide, determine a velocidade do asteroide, vf, ao atingir a superfície da Terra. Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone As leis de Kepler • Um dos maiores êxitos dos séculos XVI e XVII foi a verificação dos seguintes fatos: 1. A Terra também é um planeta (Copérnico, 1543) 2. Todos os planetas descrevem órbitas em torno do Sol (idem) 3. Os movimentos aparentes dos planetas vistos da Terra podem ser usados para uma determinação precisa de suas órbitas (Kepler entre 1601 e 1619, utilizando dados compilados por Tycho Brahe) Pelo método de tentativas, Kepler formulou três leis empíricas. Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Lei das órbitas Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Lei das áreas http://www.animations.physics.unsw.edu.au/jw/gravity.htm Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone http://www.animations.physics.unsw.edu.au/jw/gravity.htm Lei dos períodos Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Também vale para órbitas elipticas! r a Exemplo 13-6 • Cometa Halley gira em torno do Sol com um período de 76 anos. Em 1986, a distância do periélio chegou Rp = 8,9 x 10 10 m. Qual é a distância do afélio? Qual é a excentricidade e da órbita do cometa Halley? Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Órbita do cometa Halley Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Satélites: órbitas e energias Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Referências • Halliday, volume 2, cap. 13, 8ª. Ed. • Sears and Zemansky; Young e Freedman, volume 2, cap. 12, 12ª. Ed. • http://zabot.paginas.ufsc.br/files/2015/07/astro.03.pdf Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone http://zabot.paginas.ufsc.br/files/2015/07/astro.03.pdf http://zabot.paginas.ufsc.br/files/2015/07/astro.03.pdf FiscaII_aula2_2017_1.pdf Aula 2 Gravitação Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Sumário I. Introdução II. Lei da gravitação de Newton (Teorema das cascas) III. Gravitação e o princípio da superposição das forças IV. Gravitação nas proximidades da superfície da Terra V. Gravitação no interior da Terra (Teorema das cascas) VI. Energia Potencial gravitacional VII. Leis de Kepler VIII.Satélites: órbitas e energias IX. Einstein e a Gravitação Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Energia potencial gravitacional Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Mudança na energia potencial gravitacional perto da superfície do planeta: Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Energia potencial gravitacional para um sistema de partículas Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Velocidade de escape Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone “Se encontrasse um objeto com a mesma densidade média do Sol e com raio de 500 Rs, toda luz emitida por esse corpo seria atraída para o seu interior.” Logo: Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Exemplo 13-5 • Um asteroide, em rota de colisão com a Terra, tem uma velocidade de 12 km/s em relação ao planeta quando está a uma distância de 10 raios terrestre do centro da Terra. Desprezando os efeitos da atmosfera da Terra sobre o asteroide, determine a velocidade do asteroide, vf, ao atingir a superfície da Terra. Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone As leis de Kepler • Um dos maiores êxitos dos séculos XVI e XVII foi a verificação dos seguintes fatos: 1. A Terra também é um planeta (Copérnico, 1543) 2. Todos os planetas descrevem órbitas em torno do Sol (idem) 3. Os movimentos aparentes dos planetas vistos da Terra podem ser usados para uma determinação precisa de suas órbitas (Kepler entre 1601 e 1619, utilizando dados compilados por Tycho Brahe) Pelo método de tentativas, Kepler formulou três leis empíricas. Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Lei das órbitas Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Lei das áreas http://www.animations.physics.unsw.edu.au/jw/gravity.htm Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Conservação do momento angular! http://www.animations.physics.unsw.edu.au/jw/gravity.htm Lei dos períodos Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Também vale para órbitas elipticas! r a Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone 𝑇2 𝑎3 = 4π2 𝐺𝑀 Também vale para órbitas elípticas! r a Exemplo 13-6 • Cometa Halley gira em torno do Sol com um período de 76 anos. Em 1986, a distância do periélio chegou Rp = 8,9 x 10 10 m. Qual é a maior distância do cometa ao sol, que é chamada de distância do afélio Ra ? Qual é a excentricidade e da órbita do cometa Halley? Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Órbita do cometa Halley Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone • Quando um satélite gira em torno da Terra em órbita elíptica tanto a velocidade (K), como a distância ao centro da Terra (U), variam com o tempo. Mas a energia mecânica é conservada! Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Satélites: órbitas e energias Satélites: órbitas e energias Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone 𝐸 = − 𝐺𝑀𝑚 2𝑟 (energia total de um satélite em órbita circular) 𝐸 = − 𝐺𝑀𝑚 2𝑎 (energia total de um satélite em órbita elíptica) Órbitas de mesma E, pois tem mesmo a Órbita circular Depende apenas do semieixo maior a, e não da excentricidade da elipse e. Esses resultados são muito importante quando se quer colocar um satélite artificial em órbita. Suponha que esse satélite seja lançado da Terra. Após alcançar sua altura máxima h, ele recebe um impulso final, no ponto A, que lhe dá uma velocidade horizontal v0. A energia total do satélite em A é, portanto, 𝐸 = 1 2 𝑚𝑣0 2 − 𝐺𝑚𝑀 𝑅 + ℎ Se a energia for muito baixa, a órbita elíptica intersectará a Terra e o satélite cairá. Caso contrário, permanecerá movendo-se numa órbita fechada ou escapará da Terra, dependendo do valor de v0. Einstein e a Gravitação Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Curvatura do Espaço Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Afinal o que é gravitação? Física II - 2017/1 Profa. Maria Simone Referências • Halliday, volume 2, cap. 13, 8ª. Ed. • Sears and Zemansky; Young e Freedman, volume 2, cap. 12, 12ª. Ed. • http://zabot.paginas.ufsc.br/files/2015/07/astro.03.pdf • Artigos
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