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1
Filosofia Moderna – Hobbes
Filosofia
407
Aula 
Formação e contexto
Hobbes foi o que podemos chamar hoje de um 
polemista. Dialogou com os grandes nomes da primeira 
metade do século XVII, o período que forjou a moderni-
dade: Galileu, Francis Bacon e Descartes. Foi, igualmente, 
um personagem importante da vida política inglesa. 
Assim como Aristóteles, foi preceptor de um rei, Carlos II. 
Durante a ditadura de Oliver Cromwell, viveu no exílio 
com a corte dos Stuarts. Na volta, ganhou como prêmio 
por sua fidelidade uma pensão vitalícia. E olhe que ele 
viveu muito: até os 92 anos.
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 Thomas Hobbes (1588-1679)
Hobbes, além de longevo, foi precoce. Filho de 
um padre que mal sabia ler, teve a sorte de ser aceito 
na família dos Latimer, pessoas cultas e aficionadas 
pela cultura clássica. Aos 15 anos, já traduzia peças de 
Eurípedes, do grego para o latim. Formou-se em Oxford 
e, antes do rei, trabalhou para William Cavendish e apro-
veitou os dias ociosos no seu castelo para estudar, estu-
dar, estudar. Além disso, pôde viajar para vários países 
europeus e aprender seus idiomas. Mas sua particular 
afeição concentrava-se nos historiadores clássicos e suas 
descrições sobre Estados e Política. Traduziu A guerra do 
Peloponeso, de Tucídides. Já se delineava, desde cedo, 
sua simpatia pelos governos fortes e sua crítica aos 
arranjos democráticos. 
Entre 1621 e 1626, foi secretário de Francis Bacon e 
chegou a traduzir algumas de suas obras para o latim. 
Por meio desse autor tomou conhecimento do empiris-
mo, importante elemento de seu próprio pensamento. 
Por outro lado, em 1629, em uma viagem a Genebra, 
conheceu a obra de Euclides (filósofo e matemático que 
escreveu Elementos de Geometria, no século III a.C.) 
e viu-se apegado às ideias racionalistas. Poucos anos 
depois, conheceu o editor de Descartes e leu os originais 
de Meditações Metafísicas, formulando uma série de 
questionamentos que foram publicados pelo pensador 
francês.
Segundo o historiador das ideias Battista Mondin, 
o pensamento de Hobbes, embora tenha tido contato 
intenso com o racionalismo de Descartes, assumia uma 
relação bastante crítica em relação a ele: 
– Descartes professava doutrinas conceitualistas 
em Lógica (ideias claras, distintas e inatas), transcen-
dentalistas em Metafísica (primado de Deus e da reali-
dade espiritual), espiritualistas em Psicologia (homem 
é a sua essência) e estoicas em éticas (desapego do 
mundo);
– Hobbes defende as doutrinas nominalistas em 
Lógica (as ideias universais são apenas nomes), mate-
rialistas em metafísica (o princípio último de todas as 
coisas são a extensão e o movimento), naturalísticas 
em antropologia (o homem é constituído apenas de 
matéria e está sujeito a leis mecânicas da natureza), 
hedonistas em ética (a felicidade está no prazer). 
(MONDIN, 1981, p.98)
O resultado, portanto, foi um pensamento que não 
buscou apenas uma síntese entre a razão cartesiana e 
o imperativo da experiência em Bacon. Usou-os, sim, 
2 Semiextensivo
para desenvolver uma leitura vigorosa da Política, 
da Sociedade e do Pensamento, colocando-se como 
um empirista-racionalista original. Sua leitura do 
mundo parte do real para compor unidades racionais 
e, com elas, volta ao real para compreendê-la mais 
adequadamente. Vamos conhecer dois exemplos 
que permitem entender a importância e a atualidade 
desse pensador.
O Leviatã ou o Deus mortal
O empirismo de Hobbes o levou a imaginar os 
primeiros homens envolvidos em uma guerra de todos 
contra todos. Isso porque, para esses homens em 
estado de natureza, buscariam principalmente aquilo 
que lhes desse prazer e satisfação. O egoísmo moveria 
a humanidade. Essa seria a condição do homem, ao 
contrário das abelhas e formigas, animais “sociais” 
por natureza. Ou seja, para Hobbes, Aristóteles estava 
errado. Enquanto a existência não estivesse em perigo, 
o homem estaria inclinado a buscar o que lhe desse 
satisfação individual, numa versão filosófica do ditado 
popular que diz “farinha pouca, meu pirão primeiro.” 
Aliás, se há uma igualdade entre os homens, seria nesse 
sentimento de egoísmo.
Como afirmava o autor:
A vida é como uma corrida. É preciso vencer sempre. 
Ser ultrapassado é miséria. Ultrapassar sempre é 
felicidade. Abandonar a “corrida” é morrer.
O problema é que esse sentimento é naturalmente 
conflitante. Muitos acabam querendo e gostando de 
coisas comuns e, por isso, a guerra se instala. O homem 
é o lobo do próprio homem, diz Hobbes em outra frase 
que se tornou famosa.
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Mas o destino de um estado constante de guerra não 
pode ser bom. Para evitar essa destruição mútua, que 
ofende o lado racional do homem natural, a saída foi 
buscar uma forma de garantir a sobrevivência, mesmo 
que à custa da liberdade. Melhor ser obediente e vivo, 
do que livre e morto. 
A paz e não a guerra combina mais com a conser-
vação da vida. Mas é preciso que muitos aceitem essa 
paz, esse pacto, esse contrato. Essa, para Hobbes, é a 
origem racional da sociedade civil. Um pacto no qual 
os homens temerosos de suas vidas abrem mão de sua 
liberdade em troca de segurança e comprometem-se 
a manter o pacto, construindo um estatuto social, po-
lítico e moral. Uma moral utilitária pois, para Hobbes, 
os homens concordam em evitar os conflitos, buscar 
uma divisão equânime dos bens e aceitar as decisões 
de magistrados às desavenças não porque são bons, 
mas porque são racionais e sabem que a alternativa 
a esse contrato é a volta da guerra de todos contra 
todos.
A melhor garantia de que o pacto de sobrevivência 
não soçobrasse a um mais valentão ou a um outro mais 
esperto seria abrir mão de qualquer iniciativa de impor 
vontades aos outros, deixando essa tarefa, inteiramen-
te, a um rei ou a uma assembleia. Para Hobbes, portanto, 
o absolutismo seria resultado não de uma imposição 
violenta, mas de uma decisão coletiva, estabelecida 
pela razão e voltada a garantir a conservação dos sig-
natários do acordo. E esse poder deveria ser absoluto 
para e enquanto garantisse o fim a ele outorgado: a paz 
e a prosperidade. Para garantir esses propósitos não 
havia razão para discutir e questionar as decisões do(s) 
governante(s). 
Observe que Hobbes não recusa a ideia de um 
governo formado por vários representantes. O que 
ele não aceita na sua formulação é a liberdade 
de contestação. Apesar disso, sua preferência 
era evidente por um governo de um homem só, 
controlador das decisões e inquestionável no que 
decidisse.
O poder de decidir do soberano incluía as regras 
religiosas. Todo o poder religioso estaria, igualmente, 
na mãos do soberano. Deveria haver um único culto e 
a crença deveria ser obrigatória. Não haveria, por isso, 
crentes, mas obedientes. 
Toda essa conformação do Estado a uma base ra-
cional fundada na ideia da conservação, levou Hobbes 
a enfrentar algumas dificuldades, pois tornava a Igreja 
desnecessária e mesmo Deus um componente aces-
sório, decorativo. O Estado imaginado por ele era um 
“Deus mortal”: 
“A multidão reunida em um único indivíduo passa a 
ser chamada de Estado, em latim, civitas. Esta é a origem 
do grande Leviatã, ou melhor (para falar com maior 
reverência), do Deus mortal, ao qual devemos, abaixo 
do Deus imortal, a nossa paz e a nossa defesa.”
Aula 07
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Por ideias como essas, o pensador inglês sofreu 
acusações de ateísmo e foi obrigado a deixar a família 
real durante o exílio em Paris. Não era considerado o 
preceptor mais adequado para o rei. Depois reatou com 
o jovem, já rei Carlos II e foi recompensado por ele. Con-
siderem: o pensamento de Hobbes deveria ser música 
aos ouvidos de um jovem rei, não?
Como se forma o 
pensamento?
A influência empirista de Bacon, associada aos fins 
práticos, úteis, e a influência mecanicistade Descartes 
sobre o universo, na qual todo o movimento está 
dissociado de um fim e todo o conhecimento racional 
é desprovido de qualidade, levaram Hobbes a um con-
ceito sobre o pensamento que é muito original, próximo 
do que somente no século XX seria retomado pelos cien-
tistas com o nome de cibernética. Para Hobbes, tanto o 
pensamento quanto a linguagem podem ser descritas 
como operações de compor e decompor: 
“... a proposição é constituída pela adição de dois 
nomes; o silogismo, pela adição de duas proposições; 
a demonstração, pela adição de vários silogismos. A 
ciência seria, então, o conhecimento das consequências 
de uma palavra a outra.”
Para Hobbes, os objetos externos afetam o homem 
produzindo as percepções. O cérebro capta essas sensa-
ções e as transmite ao coração. A sensação daí derivada 
é a que se manifesta por meio de palavras e explica 
os fenômenos. A generalização dessas sensações que 
nos afetam individualmente é formulada por meio da 
imaginação. A razão funciona, para Hobbes, ao analisar 
as sensações e depois sintetizá-las em nomes que se 
aplicam genericamente. Como afirma o próprio autor: 
“... ao raciocinar, não fazemos mais que obter uma soma 
total por meio da adição de parcelas, ou um resto por 
meio da subtração de uma soma de outra: isso consiste 
em obter, por meio da conexão dos nomes de todas as 
partes, o nome do todo: ou, do nome do todo e de uma 
parte, o nome da parte restante. (...)”
“Os escritores de política somam os pactos estipula-
dos para encontrar os deveres dos homens, e os juristas, 
as leis e os fatos para encontrar o que está certo e o que 
está errado nas ações dos indivíduos privados. Em suma, 
em qualquer campo em que houver lugar para a adição 
e subtração haverá também espaço para a razão; e onde 
essas coisas não encontrarem lugar, a razão não tem o 
que fazer ali.”
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Hobbes, assim, busca associar aspectos que depois 
as ciências verão como campos distintos – do pensa-
mento dedutivo a formulação do Estado – numa visão 
materialista mecanicista ou, podemos dizer, computa-
cional, na qual a soma de segurança implica a subtração 
da liberdade; a adição de linhas, figuras, ângulos, pro-
porções, etc., permitem compreender a physis; a soma 
de desejos implica a guerra; a subtração das paixões, a 
estabilidade. Precursor das teses contratualistas, que 
estudaremos nos capítulos seguintes, Hobbes também 
antecipou a discussão sobre o conflito entre desejo e 
razão que a psicanálise vai popularizar no século XX. E, 
por fim, é considerado o “avô” da cibernética, a ciência 
da computação. Quer mais?
4 Semiextensivo
Testes
Assimilação
07.01. De acordo com o filósofo inglês Thomas Hobbes 
(1588-1679), em seu estado natural, os seres humanos são 
livres, competem e lutam entre si. Mas como têm em geral 
a mesma força, o conflito se perpetua através das gerações, 
criando um ambiente de tensão e medo permanentes. Para 
Hobbes, criar uma sociedade submetida à lei e na qual os 
seres humanos vivam em paz e deixem de guerrear entre si, 
pressupõe que todos os homens renunciem a sua liberdade 
original e deleguem a um só deles (o soberano) o poder com-
pleto e inquestionável. Assinale a modalidade de governo 
que desempenhou importante papel na Filosofia Política 
Moderna e que é associada à teoria política de Hobbes.
a) Monarquia censitária
c) Sistema parlamentar
e) Sistema republicano
b) Monarquia absoluta
d) Despotismo esclarecido
07.02. No Leviatã, Hobbes opõe-se à tese aristotélica de que 
o homem é sociável por natureza, dizendo que 
a) a constituição de uma sociedade organizada é impossível. 
b) a socialização desvirtua o homem, tornando-o indefeso. 
c) ninguém quer renunciar à sua liberdade e viver em so-
ciedade. 
d) os homens são naturalmente inclinados à discórdia e à 
luta de uns contra outros. 
e) toda ciência política é desprovida de valor, já que os ho-
mens não foram feitos para viver em sociedade. 
07.03. Thomas Hobbes define assim a essência do Estado: 
Uma pessoa de cujos atos uma grande multidão, me-
diante pactos recíprocos uns com os outros, foi institu-
ída por cada como autora, de modo a ela poder usar a 
força e os recursos de todos, da maneira que considerar 
conveniente, para assegurar a paz e a defesa comum.
HOBBES, Thomas. Leviatã. Coleção Os Pensadores. São Paulo: 
Abril Cultural, 1974. p.110. 
A partir desse contexto, qual o caráter do poder do qual é 
dotado o Estado? 
a) Seu poder é equivalente ao poder de cada um dos seus 
membros. 
b) Seu poder é absoluto, apenas se não for feito uso da força. 
c) Seu poder é absoluto, no sentido de não ser constrangido 
por nenhuma outra pessoa. 
d) Seu poder é limitado pelos direitos naturais dos quais os 
cidadãos são portadores. 
e) Seu poder é limitado pela vontade geral da qual partici-
pam os cidadãos a cada decisão. 
07.04. Para Hobbes, o estado de natureza 
a) é idêntico ao estado de guerra. 
b) implica a liberdade para cada um fazer o que bem lhe 
aprouver. 
c) faz homens livres e responsáveis pelas próprias ações. 
d) é um estado de paz, de harmonia e de assistência mútua. 
07.05. (UEL – PR) – “O direito de natureza, a que os au-
tores geralmente chamam de jus naturale, é a liberdade 
que cada homem possui de usar seu próprio poder, da 
maneira que quiser, para a preservação de sua própria 
natureza, ou seja, de sua vida; e consequentemente de 
fazer tudo aquilo que seu próprio julgamento e razão 
lhe indiquem como meios adequados a esse fim.” 
HOBBES, Thomas. Leviatã. Trad. João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. 
São Paulo: Abril Cultural, 1974.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o Estado 
de natureza em Hobbes, considere as afirmativas a seguir.
I. Todos os homens são igualmente vulneráveis à violência 
diante da ausência de uma autoridade soberana que 
detenha o uso da força.
II. Em cada ser humano há um egoísmo na busca de seus in-
teresses pessoais a fim de manter a própria sobrevivência.
III. A competição e o desejo de fama passam a existir nos 
homens quando abandonam o Estado de natureza e 
ingressam no Estado social.
IV. O homem é naturalmente um ser social, o que lhe garante 
uma vida harmônica entre seus pares.
Estão corretas apenas as afirmativas:
a) I e II.
d) I, II e III.
b) I e IV. 
e) II, III e IV.
c) III e IV.
Aperfeiçoamento
07.06. (UFU – MG) – Hobbes escreve, no Leviatã, que a 
condição dos homens fora da sociedade civil nada mais é 
do que uma simples guerra de todos contra todos, na qual 
todos os homens têm igual direito a todas as coisas.
Com base nisso, assinale a única alternativa correta.
a) A sociedade civil continua o estado de natureza.
b) A sociedade civil é uma ruptura com o estado de natureza. 
O estado de guerra está presente na sociedade civil.
c) A guerra de todos contra todos não pode ser eliminada 
da condição humana.
07.07. Thomas Hobbes foi um matemático, teórico político 
e filósofo inglês. Sobre sua obra Leviatã, podemos afirmar:
a) Explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana 
e sobre a necessidade de governos e sociedades.
b) Defende a necessidade do governante de basear suas 
forças em exércitos próprios, não em mercenários.
c) Explanou os seus pontos de vista sobre a natureza humana 
e sobre a capacidade do homem de viver independente 
de governos.
d) Defende a necessidade do governante de basear suas forças 
em exércitos mercenários e não constituir exércitos próprios.
Aula 07
5Filosofia 4
07.08. Tendo como base a filosofia moral e política de 
Hobbes, assinale a opção correta.
a) A melhor forma de governo é a democracia.
b) O direito à vida é inalienável, isto é, ninguém pode 
abdicar-se dele.
c) O homem nasce naturalmente bom, mas é corrompido 
pela sociedade.
d) O objetivo da política é tentar devolver o homem ao 
estado de natureza.
07.09. Assinale a alternativa que NÃO condiz com o pen-
samento de Hobbes sobre o estado de natureza, ou seja, 
sobreo estágio da humanidade em que “os homens viveriam, 
naturalmente, sem poder e sem organização”: 
a) Em estado de natureza, os indivíduos vivem isolados e 
em luta permanente, vigorando a guerra de todos contra 
todos ou “o homem lobo do homem”. 
b) Nesse estado, reina o medo e, principalmente, o grande 
medo: o da morte violenta. 
c) Quanto à força corporal, o mais fraco tem força suficiente 
para matar o mais forte, quer por secreta maquinação, 
quer aliando-se com outros que se encontrem ameaçados 
pelo mesmo perigo. 
d) A vida não tem garantias; a posse não tem reconhecimento 
e, portanto, não existe; a única lei é a força do mais forte, que 
pode tudo quanto tenha força para conquistar e conservar. 
e) A natureza fez os homens tão desiguais, quanto às fa-
culdades do corpo e do espírito, de forma que, quanto 
a força corporal, o mais fraco nunca tem força suficiente 
para matar o mais forte. 
07.10. (UFU – MG) – Leia o texto abaixo e assinale a alter-
nativa correta.
“É evidente que, durante o tempo em que os homens 
vivem sem um poder comum que os mantenha sub-
jugados, eles se encontram naquela condição que é 
chamada de guerra; e essa guerra é uma guerra de 
cada homem contra cada outro homem.” 
Hobbes in BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: 
Ed. Campus, 1991. p. 35. 
a) Para Hobbes, a guerra é uma situação anterior ao estado 
de natureza. 
b) Hobbes associa, em suas reflexões, a situação de guerra 
e o estado de natureza. 
c) Um poder comum, segundo Hobbes, mantém os homens 
no estado de natureza. 
d) Em Hobbes, a guerra de todos contra todos é compatível 
com um poder comum.
07.11. (UFU – MG) – Com base na teoria de Hobbes e no 
texto abaixo, marque a alternativa correta.
O que Hobbes quer dizer falando de “guerra de todos 
contra todos”, é que, sempre onde existirem as condi-
ções que caracterizam o estado de natureza, este é um 
estado de guerra de todos os que nele se encontram.
BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 36.
a) O estado de natureza e o estado de guerra estão relacio-
nados apenas a alguns homens.
b) Hobbes caracteriza a “guerra de todos contra todos” como 
algo que pode sempre existir.
c) A “guerra de todos contra todos” independe de condições 
para existir.
d) O estado de natureza caracteriza-se pela ausência de guerra.
07.12. Para Hobbes, “[...] o poder soberano, quer resida 
num homem, como numa monarquia, quer numa as-
sembleia, como nos estados populares e aristocráticos, é 
o maior que é possível imaginar que os homens possam 
criar. E, embora seja possível imaginar muitas más con-
sequências de um poder tão ilimitado, apesar disso as 
consequências da falta dele, isto é, a guerra perpétua de 
todos homens com os seus vizinhos, são muito piores.” 
HOBBES, T. Leviatã. Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva. 
São Paulo: Nova Cultural, 1988. capítulo XX, p. 127.
Com base na citação e nos conhecimentos sobre a filosofia 
política de Hobbes, assinale a alternativa correta.
a) Os Estados populares se equiparam ao estado natural, pois 
neles reinam as confusões das assembleias.
b) Nos Estados aristocráticos, o poder é limitado devido à 
ausência de um monarca.
c) O poder soberano traz más consequências, justificando-se 
assim a resistência dos súditos.
d) As vantagens do estado civil são expressivamente superio-
res às imagináveis vantagens de um estado de natureza.
e) As consequências do poder soberano são indesejáveis, 
pois é possível a sociabilidade sem Estado.
Aprofundamento
07.13. (UFU – MG) – Segundo Thomas Hobbes, o esta-
do de natureza é caracterizado pela “guerra de todos 
contra todos”, porque, não havendo nenhuma regra 
ou limite, todos têm direito a tudo o que significa que 
ninguém terá segurança de seus bens e de sua vida. A 
saída desta situação é o pacto ou contrato social, “uma 
transferência mútua de direitos”.
HOBBES, T. Leviatã. Coleção Os Pensadores. Trad. João P. Monteiro e Maria B. N. da Silva. 
São Paulo: Nova Cultural, 1988, p. 78-80.
Com base nestas informações e nos seus conhecimentos 
sobre a obra de Hobbes, assinale a alternativa que caracteriza 
o pacto social.
a) Pelo pacto social, cria-se o Estado, que continua sendo uma 
mera reunião de indivíduos somente com laços de sangue.
b) Pelo pacto social, a multidão de indivíduos passa a cons-
tituir um corpo político, uma pessoa artificial: o Estado.
c) Pelo pacto social, cria-se o Estado, mas os indivíduos que 
o compõem continuam senhores de sua liberdade e de 
suas propriedades.
d) O pacto social pressupõe que o Estado deverá garantir a 
segurança dos cidadãos, mas em nenhum momento fará 
uso da força pública para isso.
6 Semiextensivo
07.14. (UFSM – RS) – Na citação: “– Chama-se gato uma 
ligação elétrica clandestina entre a rede e uma residência. 
Usualmente, o gato infringe normas de segurança, porque é 
feito de pessoas não especializadas. O choque elétrico, que 
pode ocorrer devido a um gato malfeito, é causado por uma 
corrente elétrica que passa através do corpo humano – ”.
Observamos no trecho um problema de ordem política e 
econômica. Considere a teoria política hobbesiana, que afirma:
“Onde não há propriedade não pode haver injustiça e onde 
não foi estabelecido um poder coercitivo, isto é, onde não 
há Estado, não há propriedade, pois todos os homens têm 
direito a todas as coisas”.
Assim, a prática dos “gatos”, uma vez que vivemos sob o 
regime de um Estado, implica uma
I. injustiça porque lesa o direito à propriedade privada.
II. injustiça porque as ligações clandestinas representam 
um perigo para as pessoas.
III. ilegalidade por desobedecer à legislação do Estado sobre 
a propriedade privada.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I.
b) apenas II.
c) apenas III.
d) apenas I e II.
e) apenas I e III.
07.15. (UENP – PR) – “[....] Cedo e transfiro o meu direito 
de governar-me a mim mesmo a este homem, ou a esta 
assembleia de homens, com a condição de transferires 
a ele o teu direito, autorizando de uma maneira seme-
lhante todas as suas ações. Feito isto, à multidão assim 
unida numa só pessoa chama-se Estado, em latim civitas. 
É esta a geração daquele grande Leviatã, ou, antes (para 
falar em termos mais reverentes), daquele Deus Mortal, 
ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, a nossa paz 
e a nossa defesa”.
(Hobbes, T. Leviatã, Capítulo XVII). 
Sobre o pensamento de Hobbes, julgue as afirmações e 
assinale a alternativa correta. 
I. Hobbes pode ser classificado como contratualista, tendo 
em vista que acredita que o Estado tem origem em um 
contrato social. 
II. O contrato social que dá origem ao Estado pode ser 
quebrado quando o soberano deixa de representar os 
interesses dos súditos. 
III. O estado de natureza é caracterizado pela guerra de todos 
contra todos, e isso motiva os homens a celebrarem um 
contrato social que dá origem ao Estado Político, cuja 
principal função é garantir a segurança e a paz.
a) somente I e II estão corretas.
b) somente I, II e III estão corretas.
c) somente I e III estão corretas.
d) somente II e III estão corretas.
e) todas são falsas.
07.16. (UFU – MG) – Leia o texto de Hobbes transcrito 
abaixo:
“O fim último, causa final e desígnio dos homens (que 
amam a liberdade e o domínio sobre os outros), ao 
introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a qual 
os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua pró-
pria conservação e com uma vida mais satisfeita.” 
HOBBES, T. Leviathan, São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 103. 
Assinale a alternativa correta, de acordo com o pensamento 
de Hobbes. 
a) Viver fora de um Estado é o desígnio final de muitos homens. 
b) A vida mais satisfeita é alcançada pelo exercício sem 
limites da liberdade. 
c) A restrição que os homens impõem a sua própria liberda-
de é compatível com sua vivência sob um Estado. 
d) Os homens não se preocupam com sua conservação, 
mas em construir um Estado para ter uma vida melhor.
07.17. (UEL – PR) – Leia o seguinte texto de Hobbes e 
responda àquestão.
A maior parte daqueles que escreveram alguma coisa 
a propósito das repúblicas o supõe, ou nos pede ou 
requer que acreditemos que o homem é uma criatura 
que nasce apta para a sociedade. Os gregos chamam-no 
zoonpolitikon; e sobre este alicerce eles erigem a dou-
trina da sociedade civil [...] aqueles que perscrutarem 
com maior precisão as causas pelas quais os homens 
se reúnem, e se deleitam uns na companhia dos ou-
tros, facilmente hão de notar que isto não acontece 
porque naturalmente não poderia suceder de outro 
modo, mas por acidente.
[...]
Toda associado [.. .] ou é para o ganho ou para a gló-
ria, isto é, não tanto para o amor de nossos próximos, 
quanto pelo amor de nós mesmos. [...] se fosse remo-
vido todo o medo, a natureza humana tenderia com 
muito mais avidez à dominação do que construir uma 
sociedade. Devemos, portanto, concluir que a origem 
de todas as grandes e duradouras sociedades não pro-
vém da boa vontade recíproca que os homens tives-
sem uns para com os outros, mas do medo recíproco 
que uns tinham dos outros.
HOBBES, T. Do Cidadão. São Paulo: Martins Fontes. 1992. p. 28-29; 31-32.
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o pensamen-
to político hobbesiano, é correto afirmar.
a) Hobbes reafirma o postulado aristotélico de que os ho-
mens tendem naturalmente à vida em sociedade, mas 
que, obcecados pelas paixões, decaíram num estado 
generalizado de guerra de todos contra todos.
b) O estado de guerra generalizada entre os homens emerge, 
segundo Hobbes, da desigualdade promovida pela lei civil 
e pelo desejo de poder de uns sobre os outros.
c) A ideia de que o estado de guerra generalizada ocorre 
com o desaparecimento do estado de natureza, onde 
todos os homens vivem em harmonia, constitui o fun-
damento da teoria política de Hobbes.
Aula 07
7Filosofia 4
d) Segundo Hobbes, para restaurar a paz que existia no 
estado de natureza, os homens sujeitam-se, pelo pacto, 
a um único soberano para subtrair-se ao medo da morte 
e, por sua vez, garantir a autopreservação.
e) Segundo Hobbes, à propensão natural dos homens a 
se ferirem uns aos outros se soma o direito de todos a 
tudo, resultando, pela igualdade natural, em uma guerra 
perpétua de todos contra todos.
07.18. (UEM – PR) – Thomas Hobbes explica a origem da 
sociedade e do Estado mediante a ideia de um pacto ou 
acordo entre os indivíduos para regulamentar o convívio 
social e garantir a paz e a segurança de todos. Sobre a teoria 
política de Thomas Hobbes, assinale o que for correto. 
01) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o 
comportamento dos homens é pacífico, o que é con-
dição para instauração do pacto de respeito mútuo às 
liberdades individuais. 
02) Segundo Thomas Hobbes, no estado de natureza, o 
homem dispõe de toda liberdade e poder para realizar 
tudo quanto sua força ou astúcia lhe permitir. 
04) Segundo Thomas Hobbes, o Estado é a unidade formada 
por uma multidão de indivíduos que concordaram em 
transferir seu direito de governarem a si mesmos à pessoa 
ou à assembleia de pessoas que os represente e que 
possa assegurar a paz e o bem comum. 
08) Na obra Leviatã, para caracterizar o Estado, Thomas 
Hobbes utiliza a figura do Novo Testamento, o Leviatã, 
cuja função é salvar os homens do poder despótico dos 
reis. 
16) Segundo Thomas Hobbes, o Estado não dispõe de poder 
absoluto algum. É ilegítimo o uso da força pelo soberano 
para constranger os súditos, pois o controle do poder 
instituído, como o próprio poder, deve assentar-se no 
acordo e no convencimento. 
Discursivos
07.19. (UFU – MG) – Leia a afirmação abaixo e responda.
A função que Hobbes atribui ao pacto de união é a de fazer passar a humanidade do estado de guerra para o 
estado de paz, instituindo o poder soberano.
BOBBIO, Norberto. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, 1991. p. 43.
a) Por que, sem o pacto, não há paz entre os homens?
b) Por que a instituição do poder soberano é resultado de uma passagem?
Gabarito
07.01. b
07.02. d
07.03. c
07.04. b
07.05. a
07.06. b
07.07. a
07.08. b
07.09. e
07.10. b
07.11. b
07.12. d
07.13. b
07.14. e
07.15. c
07.16. c
07.17. e
07.18. 06 (02, 04)
07.19. a) Porque os homens, fora do pacto, em 
seu estado de natureza, entram em 
guerra todos contra todos.
b) O poder soberano se dá pela transfe-
rência das liberdades individuais em 
troca da paz e das garantias de cum-
primentos dos acordos.
8 Semiextensivo
Filosofia Moderna – Pascal e Spinoza
4
Filosofia
Aula 08
Pascal e a “aposta” em 
Deus 
O século XVII impunha um desafio aos pensadores: a 
necessária submissão da razão à onisciência de Deus. Por 
mais que a matemática avançasse, que a física ganhasse 
consistência, que a química desse seus primeiros e se-
guros passos, o conhecimento do mundo e do universo 
precisavam, a todo tempo, de uma justificação religiosa. 
Não estava distante no tempo a abjuração de Galileu e, 
pouco antes, a fogueira que levou Giordano Bruno desta 
vida. Descartes, como sabemos, quase abandonou suas 
convicções e quando, convencido pelos amigos, publi-
cou seu Discurso sobre o Método, evitou colocar seu 
nome na obra. Por isso, o tema “Deus” ainda ocupava 
um tempo considerável da reflexão dos filósofos do 
século XVII. Mas cada vez que a compreensão do univer-
so dava um passo para frente, a interferência divina dava 
um passo para trás. 
Descartes, como vimos, usou sua filosofia para 
demonstrar a existência de Deus, como os escolásticos 
(que ele criticava) o fizeram. Para Descartes, a existência 
de Deus validava o conhecimento dedutivo e verdadeiro 
das coisas. “Se Deus existe, Ele é bom e não criaria o 
homem para que ele não fosse capaz de conhecer.” 
Um comportamento desses seria próprio de um “gênio 
maligno” e não de Deus.
Pascal (1623-1662), contemporâneo e crítico de 
Descartes, também buscou demonstrar a existência 
de Deus e, ao mesmo tempo, nossa insignificância 
diante Dele. “O que é um homem no infinito?” O 
questionamento buscava lembrar que a tentativa 
humana de apreensão do conhecimento do mundo 
era uma arrogância e uma inutilidade: “O universo é 
uma esfera infinita, cujo centro está em toda parte e 
a circunferência em lugar nenhum. Enfim, que a nossa 
imaginação se perca nesse pensamento é o maior sinal 
da onipotência de Deus.”
E dizia, ainda, o pensador francês: “... por não 
ter considerado esses dois infinitos – o princípio 
e o fim de todas as coisas – os homens puseram-se 
imprudentemente a investigar a natureza, como se 
tivessem alguma simetria em relação a ela. É curioso 
que tenham querido descobrir os princípios das coisas 
e a partir destes chegar a conhecer o todo, com uma 
presunção tão infinita quanto o seu objeto: porque 
certamente não se pode conceber tal desígnio sem 
uma presunção ou uma capacidade infinita, como 
aquela da natureza.”
Desse discurso sobre a pequenez humana diante do 
universo, deduzia Pascal outra realidade: se não pode-
mos afirmar sobre o princípio e o fim das coisas, o que 
podemos dizer sobre a existência de Deus? Como nossa 
razão não alcança a origem e o fim do que vemos, o que 
dizer sobre o Criador? 
Considerando que não é possível afirmá-lo, a 
alternativa é negá-lo. Mas negá-lo, igualmente, não é 
uma afirmação racional, pois não se fundamenta em 
nenhuma evidência ou nada capaz de ser demonstrado.
Diante desse impasse, Pascal propõe uma solução, 
no mínimo, criativa: acreditar em Deus, por ser esta a 
melhor aposta.
E por que essa escolha é a melhor? Imagine que você 
opte por não acreditar em Deus. Quando você morrer e 
ele não existir, você não ganhou nada e tudo acabou. 
Mas, se ele existir, você terá de se explicar com Ele. 
Agora veja o outro lado: você opta por acreditar em 
Deus. Quando você morrer e ele não existir, você não 
perdeu nada, tudo acabou mesmo. Mas, caso ele exista, 
você não terá muito o que reclamar.
Então Pascal acreditava que era mais “conveniente” 
acreditar. E como desenvolver essa crença? 
Pelo hábito, dizia ele. A fé começapela prática: 
“... imitai o modo pelo qual começaram: fazendo como 
se acreditassem, tomando da água benta, mandando 
rezar missas, e assim por diante. No vosso caso, também 
isso fará crer e vos tornará dóceis como ovelhas. Mas é 
justamente isso que eu temo. E por quê? O que tendes 
a perder?
O que você acha disso?
9
Aula 08
Filosofia 4
Spinoza e o Deus como 
Natureza
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 Baruch de Spinoza (1632-1677)
Spinoza (1632-1677) foi criado em uma família de 
judeus que fugiu da península ibérica e refugiou-se 
na Holanda. A Inquisição Espanhola e Portuguesa não 
poupava os judeus. A Holanda era mais tolerante e, 
por isso, tornou-se pouso de muitas famílias como a de 
Baruch Spinoza. Curioso é que, apesar disso, Spinoza 
converte-se ao catolicismo, depois de ser expulso da 
sinagoga, por causa de suas ideias. Pior: rejeitado por 
sua comunidade, quase deserdado pela família, quase 
apunhalado na rua, passou a viver modestamente em 
uma pequena vila nas proximidades de Amsterdã, como 
polidor de lentes. A vida precária cobrou um preço alto: 
aos 44 anos, morreu de tuberculose.
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E o que provocou essa ira tão grande da comunidade 
judaica? Esse jovem brilhante, que estudou numa escola 
hebraica ortodoxa e que, por conhecer também o latim, 
teve acesso aos pensadores contemporâneos, como 
Hobbes, Bacon e Descartes, apreendendo suas ideias e 
admirando suas obras. A ele foram oferecidos prêmios 
e empregos como professor, como foi o caso da Uni-
versidade de Heidelberg. Nobres abastados, como era 
costume na época, ofereceram-lhe proteção e auxílio 
financeiro. Enfim, havia um consenso na qualidade do 
seu pensamento e na solidez das suas ideias. Então, o 
que provocou tanta ira dos seus mais próximos, seus 
irmãos de fé?
Basicamente, a originalidade – e, ao mesmo tempo, 
a polêmica – do pensamento de Spinoza está situado 
no conceito de substância. Para compreendê-la, lem-
bremos de Aristóteles e Descartes. Para o Aristóteles, há 
tanta substâncias quanto seres e, pela razão, é possível 
conhecer as substâncias dos seres, desconsiderando 
o que for aparente ou acidental. Para Descartes, eram 
substâncias, isto é, o ser verdadeiro, apenas a matéria e a 
alma. Tudo o que há de corpóreo no universo é matéria, 
res extensa. Fora disso, só o espírito, res cogitans. Ao 
espírito caberia o conhecimento. À matéria, ser dada ao 
conhecimento. 
Seja o mundo de seres de Aristóteles, ou o mundo de 
uma única “coisa extensa” de Descartes, ambas tinham 
algo em comum: a existência da alma, distinta da ma-
téria e, como tal, eterna e imutável. E havia aqui uma 
distinção que Spinoza considerava equivocada.
Para Spinoza, substância é aquilo que “existe em si e 
por si é concebido; isto é, aquilo cujo conceito, para ser 
formado, não precisa do conceito de uma outra coisa”.
Ora, com base nesse conceito, a matéria de Descartes 
e os “Seres” de Aristóteles não podiam ser considerados 
substâncias. 
Spinoza afirmará que o aquilo que Aristóteles e 
Descartes chamaram de substância era, na verdade, 
atributo, isto é, aquilo que o intelecto percebe como a 
essência das coisas. E as manifestações dessas substân-
cias, que são infinitas, Spinoza conceituou de modo das 
coisas.
E por que essa preocupação classificatória era tão 
importante para o pensador holandês? Mais ainda: por 
que é importante para nós?
Panteísmo
Então vamos fazer um raciocínio. Se por “substância” 
Spinoza afirma ser apenas aquilo que existe em si e 
por si é concebido; aquilo cujo conceito não precisa do 
conceito de uma outra coisa. O que você acha que pode 
ser então denominado de “substância”?
Spinoza acreditava que tudo é governado por 
uma necessidade de lógica absoluta. A ordem da 
natureza é geométrica. Nada há que ocorra por aca-
so no mundo físico; tudo o que acontece é uma ma-
nifestação da natureza imutável de Deus.
10 Semiextensivo
Ou seja, quem pensou em Deus, acertou em cheio. 
Esse Deus que é um ente absolutamente infinito e que 
possui infinitos atributos. Nós, porém, só conseguimos 
perceber dois deles, exatamente o que Descartes deno-
minou de “matéria” e “alma”. Logo, tudo o que percebe-
mos no mundo – e tudo o que não percebemos – não 
são “coisas” de Deus, mas os atributos de Deus. Ou seja, 
o próprio Deus!
Aqui reside a ideia original e, ao mesmo tempo, he-
rética de Spinoza. Não há uma transcendência de Deus, 
mas uma imanência de Deus.
Explico-me: Um Deus transcendente é aquele que 
está separado e acima das coisas, exercendo sobre elas 
seu conhecimento e poder. É a ideia do Deus de boa par-
te da tradição judaica. O Deus que cria e que provê e que 
abençoa e que castiga. Por sua vez, um Deus imanente 
é aquele cuja criação confunde-se com ele, é parte dele 
e não sua obra. Por serem os atributos a manifestação 
da substância divina, ao apreendê-los pelos sentidos ou 
pela razão nós, humanos, não conhecemos a obra de 
Deus (como na visão transcendente) mas o próprio Deus 
presente nas coisas.
Só assim seria possível aceitar a presença das coisas 
que vemos: elas não poderiam ter sido criadas do nada 
porque do nada, nada vem; e nem de alguma coisa já 
existente, porque assim a coisa original seria reduzida, 
diminuída. Logo, como afirma o próprio Spinoza:
“Disso decorre que da natureza afirma-se tudo 
absolutamente – em outras palavras, que a natureza é 
composta de infinitos atributos, cada um dos quais é in-
finitamente perfeito no seu gênero: o que corresponde 
plenamente à definição que se dá de Deus.”
Como só há um ser infinito e perfeito, tudo o que 
possa ser afirmado é esse ser. Não é “fruto” dele ou 
“criação” dele, mas Ele próprio.
Além disso: se Deus é onisciente e, portanto, ele 
sabe tudo, isso permite afirmar que ele não pode 
saber mais nada! E o tudo que ele sabe, já que ele é 
imutável, perfeito e infinito, a natureza e o espírito, que 
são atributos de sua substância, expressa já toda essa 
perfeição e infinita sabedoria. Logo, pode-se concluir 
que toda a manifestação de Deus já está presente na 
natureza.
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Até porque, sendo Deus perfeito, não é possível 
imaginar Deus no tempo. Não há um antes e depois 
de Deus. Logo, por que Deus criaria algo antes e algo 
depois? Antes e depois do quê? O tempo é a percepção 
das mudanças da matéria: deslocamento, nascimento e 
morte, crescimento e diminuição, multiplicação e divi-
são, alteração de estado. Deus fez surgir o tempo com a 
natureza que expressam sua substância. Por isso não é 
concebível imaginar um antes e um depois. Uma razão 
de espera. Deus, por acaso, onisciente que É, precisa 
esperar para saber que algo funciona ou não?
Mas as coisas não mudam? Uma coisa não muda a 
outra? Se a percepção das coisas permite-nos compre-
ender o tempo e a mudança, como tudo isso pode ser 
Deus, se ele é eterno e imutável? 
Ora, porque as coisas da natureza têm causas, mas a 
natureza como um todo não tem causa. Spinoza afirma 
assim: “Devemos brevemente distinguir a natureza em 
duas partes: a natureza naturante e a natureza naturada. 
Por natureza naturante entendemos um ser que, por si 
mesmo, sem ajuda de outra coisa, é conhecido clara e 
distintamente. Esse ser é Deus” .
A natureza naturada é a mesma coisa, mas vista do 
ponto de vista dos seus efeitos, que é o que podemos 
perceber pelos nossos sentidos. Mas não são duas coi-
sas, mas uma só.
Natura naturante é a própria substância, Deus e 
sua essência infinita; Natura naturata são os modos 
e as manifestações da essência divina: o Mundo. A 
natureza naturante prolonga-se na matéria como 
modo de manifestação de Deus; este se basta a si 
mesmo no processo de automanifestação contínua 
– Natureza Criadora.
Na natureza, tudo é necessário 
Considerando que a natureza é Deus, há algo “errado” 
na natureza? Algo imperfeito? Algo sobrando? Para Spi-
noza, não. Nada é contingente na natureza.Tudo o que 
existe é necessário pois que é manifestação divina. E não 
há fins, pois que Deus é eterno e sua manifestação é fruto 
da necessidade e não de um plano calculado no tempo. 
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Aula 08
11Filosofia 4
O intelecto humano também é atributo de Deus. Por isso, conhecer o que 
o intelecto permite e conhecer a natureza é, simplesmente, conhecer Deus.
Percebem o impacto das ideias de Spinoza na comunidade religiosa, 
judaica e cristã da sua época? No pensamento estabelecido, seja de base 
escolástica, seja cartesiana? Não é à toa que a comunidade judaica o tenha 
condenado tão fortemente. As ideias de Spinoza e a lógica poderosa dessas 
ideias abalavam as crenças e as fundamentações das crenças. Daí o perigo 
que ele representava.
E hoje, por que olhar para esse autor? 
Há várias razões, mas vamos destacar uma única, para a sua reflexão: 
imagine que ele tenha razão e que a natureza – incluindo todos nós – somos 
manifestações de Deus, parte dele e não apenas a sua Criação. Mas não nós 
em relação ao resto. Nós – natureza – como um todo. Uma unidade. Um todo. 
Ou como ele mesmo diz em sua obra mais famosa, Ética: “A Natureza inteira 
é um só indivíduo cujas partes, isto é, todos os corpos, variam de infinitas 
maneiras, sem qualquer mudança do indivíduo na sua totalidade”.
Percebe o potencial para um reflexão sobre um dos mais importantes 
assuntos da contemporaneidade, a ecologia? Como a existência do mundo é 
a manifestação da essência de Deus, cuidar do mundo parece ser uma tarefa 
necessária. Ou não?
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Assimilação
08.01. Filósofo que defendeu o panteísmo, ideia de que 
Deus se manifesta em tudo:
a) Hobbes;
c) Pascal;
e) Santo Tomás de Aquino.
b) Spinoza;
d) Maquiavel;
08.02. Para ele, somos seres naturalmente afetivos, nosso 
corpo é diretamente afetado por outros corpos e afeta tantos 
outros. Esse afeto ou sentimento é, portanto, constitutivo de 
nosso corpo e de nossa alma:
a) Aristóteles
c) Baruch Spinoza
e) Platão
b) Immanuel Kant
d) Descartes
08.03. Na parte I da Ética, o filósofo holandês Spinoza afirma 
que Deus-Natureza é um todo substancial indivisível, incau-
sado, sendo que fora dele nada existe e tudo o que existe é 
parte dele, e que tudo é trazido para o Ser necessariamente, 
através das leis da Natureza. 
Neste sentido, ele defende uma tese:
a) agnóstica;
b) baseada no ateísmo brando;
c) baseada no ateísmo radical;
d) não metafísica;
e) panteísmo.
08.04. O corpo não afeta o espírito nem este àquele. Ambos, 
porém, são manifestações de uma única e mesma realidade 
universal, Deus. A árvore é um atributo de Deus; o pensamen-
to que nos ocorre neste momento é um atributo de Deus. 
Tudo o que acontece no corpo, acontece também no espírito. 
É o que se chama paralelismo psicológico, isto é, o corpo e o 
espírito são sempre paralelos, pois constituem dois aspectos 
de uma só e mesma realidade. No homem o espírito percebe 
os seus próprios atos, é consciente. Quer dizer, a substância 
do espírito é mais complexa do que a substância do corpo, 
embora todas façam parte de uma única substância.
Com essa ideia, Spinoza quer dizer:
a) que as coisas do mundo e do espírito são excludentes;
b) que é possível um caminho lógico para o ateísmo;
c) que Deus é um entidade externa e independente da 
realidade;
d) que o espírito não tem relação com o corpo;
e) que corpo, alma, mundo e Deus são partes de uma única 
realidade. 
08.05. A noção imanente de que Deus está em todas as 
coisas e que todas as coisas são apenas parte de uma única 
realidade, que é o próprio Deus é característica da filosofia de:
a) Santo Agostinho
b) Santo Tomás de Aquino
c) Platão
d) Spinoza
e) Descartes
12 Semiextensivo
08.06. Por meio do conceito de natureza naturante, Spinoza 
está se referindo
a) às causas das consequências;
b) a Deus;
c) aos objetos criados pelo homem;
d) à natureza viva;
e) ao próprio Homem.
Aperfeiçoamento
08.07. O panteísmo é a crença de que absolutamente tudo 
e todos compõem um Deus abrangente e imanente, ou que 
o Universo (ou a Natureza) e Deus são idênticos. Sendo assim, 
os adeptos dessa posição, os panteístas, não acreditam num 
deus pessoal, antropomórfico ou criador. A palavra é derivada 
do grego pan (que significa “tudo”) e theos (que significa 
“deus”). Embora existam divergências dentro do panteísmo, 
as ideias centrais dizem que deus é encontrado em todo o 
Cosmos como uma unidade abrangente.
Assinale a alternativa abaixo que apresenta um filósofo que 
defende a tese apresentada no texto.
a) Platão
b) Santo Agostinho
c) Descartes
d) Hobbes
e) Spinoza
08.08. Leia o texto que segue:
“Ou Deus existe ou não existe. 
Mas qual das alternativas devemos escolher?
A razão não pode determinar nada: existe um infinito 
caos a nos dividir.
No ponto extremo desta distância infinita, uma 
moeda está sendo girada e terminará por cair como 
cara ou coroa. 
Em que você aposta?
(…) Não se pode provar que Deus existe. 
Mas se Deus existe, o crente ganha
tudo (céu) e o descrente perde tudo (inferno). 
Se Deus não existe, o crente
nada perde e o descrente nada ganha. 
Portanto, há tudo a ganhar e nada
a perder ao acreditar em Deus.”
Blaise Pascal, Pensamentos (edição póstuma, 1844).
Este raciocínio de Blaise Pascal ficou conhecido na história 
do pensamento filosófico como:
a) dúvida metódica;
b) método indutivo;
c) redução ao infinito;
d) dúvida hiperbólica;
e) aposta de Pascal.
08.09. “A Natureza inteira é um só indivíduo cujas partes, 
isto é, todos os corpos, variam de infinitas maneiras, sem 
qualquer mudança do indivíduo na sua totalidade.”
Com este conceito, Spinoza quer dizer 
a) que todas as coisas fazem parte de uma única realidade;
b) que todas as coisas estão subordinadas a uma divindade 
centralizadora;
c) que todas as coisas são idênticas entre si;
d) que os indivíduos são formados pelas mesmas parcelas 
da natureza;
e) que a natureza e os indivíduos se distinguem pela origem 
divina.
08.10. Ao contrapor a concepção mais comum de Deus e 
assumir a ideia de que Deus é a única substância existente, e 
que este Deus não é transcendente, como é o Deus cristão, por 
exemplo, Spinoza acaba ao mesmo tempo em que rompe com 
uma concepção mais aceita e compreendida, criando um siste-
ma que se baseia em um monismo natural, e que atribui a uma 
natureza comum e única, não só o conceito de Deus em si, mas 
sua potência e força para existir, em outras palavras, esta única 
substância, além de Deus, é este mundo, ou seja, a natureza.
A partir da leitura do texto podemos afirmar que Deus, 
segundo Spinoza:
a) é contingente;
c) transcendente;
e) inexistente.
b) imanente;
d) intrascendente;
08.11. Deus para Spinoza é o único motivo da existência de 
todas as coisas. Deus é a substância única e nenhuma outra 
realidade existe fora de Deus. Ele é a fonte única e Dele surgem 
todos os outros elementos. Deus existe em si e foi gerado por 
si, para existir ele não necessita de nenhuma outra realidade. 
A essência de Deus pressupõe a sua existência. A substância 
divina é infinita e não é limitada por nenhuma outra, ela é a 
causa de todas as coisas existentes, que por consequência são 
manifestações de Deus. A partir desta noção, Espinoza propõem:
a) um Deus transcendente;
b) um Deus racional;
c) um Deus contingente;
d) um Deus empírico;
e) um Deus imanente.
08.12. Assinale a alternativa que melhor apresenta a ideia 
de Imanência de Deus, segundo Spinoza. 
a) Deus e Natureza são nomes diferentes usados para se 
referir à mesma realidade, a saber, a única substância 
em que consiste o universo e do qual todas as entidades 
menores constituem modalidades ou modificações.
b) Deus está completamente além dos limites cosmológicos;
c) Deus como princípio criador, uma autoconsciência que 
está externa ao mundo exercendocontrole sobre todas 
as coisas e sobre todas as criaturas.
d) Deus como um ser externo ao mundo que criou o mundo 
da imanifesto.
Aula 08
13Filosofia 4
Aprofundamento
08.13. Em sua obra filosófica, Spinoza:
a) defendeu que Deus e Natureza eram dois nomes para a 
mesma realidade;
b) negou a possibilidade de o homem ter acesso às coisas 
de Deus;
c) concordou com Aristóteles no conceito de substância;
d) procurou separar a alma do corpo;
e) negou a imanência de Deus.
08.14. 
“Desta guerra de todos os homens contra todos os ho-
mens também isto é consequência: que nada pode ser 
injusto. As noções de certo e de errado, de justiça e 
injustiça, não podem aí ter lugar. Onde não há poder 
comum não há lei, e onde não há lei não há injustiça. 
(...) A justiça e a injustiça não fazem parte das facul-
dades do corpo ou do espírito.”
(HOBBES. Leviatã. XIII)
“Nós estabelecemos anteriormente que todas as coisas são 
determinadas e que na Natureza não há bem nem mal.” 
(ESPINOSA. Tratado breve. IV)
Sobre a existência em si mesma ou não de noções éticas, 
pode-se dizer que Hobbes e Spinoza concordam que:
a) existem em si mesmas e devem ser inteligidas, como tais, 
pelos homens.
b) não existem em si mesmas e tampouco podem ser cons-
truídas pelos homens.
c) não sabemos se existem ou não, pois são inacessíveis ao 
intelecto humano.
d) não existem em si mesmas, mas são construídas pelos 
homens.
08.15. Leia o fragmento: 
“É muito conhecida a célebre frase de Pascal, filósofo 
francês do século XVII: “O coração tem razões que a 
razão desconhece”. Nessa frase, as palavras razões e 
razão não têm o mesmo significado, indicando coisas 
diversas. Razões são os motivos do coração, enquanto 
razão é algo diferente de coração; este é o nome que 
damos para as emoções e paixões, enquanto “razão” é 
o nome que damos à consciência intelectual e moral”. 
(Marilena Chauí, Convite à Filosofia, p.70).
Uma vez que Pascal declara que a razão desconhece as razões 
do coração, é correto afirmar que
a) a razão possui níveis diversos de manifestação. 
b) as paixões que dominam o homem não se tornam objeto 
à compreensão intelectual. 
c) as emoções movem o coração, enquanto que a razão é 
movida pela vontade de conhecer. 
d) há um conceito tradicional de razão que não estabelece 
nenhum vínculo relacional com o irracional. 
08.16. Para Spinoza não existe uma finalidade para a exis-
tência do homem e nem para a existência da natureza. Deus 
não criou as coisas para o uso dos homens, nem para agradá-
-los nem para que os homens agradem a Deus. Pensar que 
Deus criou as coisas com algum objetivo, como o de que os 
homens lhe agradem, é o mesmo que dizer que Deus tem 
necessidade do agradecimento dos homens, e isso é tornar 
Deus imperfeito. Na natureza tudo é perfeito, pois tudo vem 
de Deus e é parte dele. Seguindo esse raciocínio, Spinoza:
a) descarta a possibilidade da existência de milagres, pois 
se a natureza é divina e perfeita, qualquer mudança na 
natureza vai contra a perfeição divina.
b) reconhece que Deus tem uma natureza diferente daque-
las que compõem as criaturas do mundo.
c) sugere que a natureza forma um mundo separado da-
quele ocupado pelo próprio Deus.
d) endossa a tese de Sto. Agostinho que propõem a salvação 
do homem pelo reconhecimento de sua obra na Terra.
e) traz à discussão a antiga tese de Heráclito de que tudo no 
cosmos passa pela eterna mudança.
08.17. A “aposta” de Pascal é uma proposta argumentativa de 
filosofia apologética criada pelo filósofo, matemático e físico 
francês do século XVII Blaise Pascal. Ela postula que há mais a 
ser ganho pela suposição da existência de Deus do que pelo 
ateísmo, e que uma pessoa racional deveria pautar sua existência 
como se Deus existisse, mesmo que a veracidade da questão não 
possa ser conhecida de fato. A partir disto, podemos concluir, 
segundo a filosofia de Pascal, que a única alternativa falsa é:
a) se você acredita em Deus e estiver certo, você terá um 
ganho infinito;
b) se você acredita em Deus e estiver errado, você terá uma 
perda finita;
c) se você não acredita em Deus e estiver certo, você terá 
um ganho finito;
d) se você não acredita em Deus e estiver errado, você terá 
um ganho infinito.
08.18. Leia o texto que segue:
“Ou Deus existe ou não existe.
Mas qual das alternativas devemos escolher?
A razão não pode determinar nada: existe um infinito 
caos a nos dividir.
No ponto extremo desta distância infinita, uma 
moeda está sendo girada e terminará por cair como 
cara ou coroa.
Em que você aposta?
(…) Não se pode provar que Deus existe.
Mas se Deus existe, o crente ganha
tudo (céu) e o descrente perde tudo (inferno).
Se Deus não existe, o crente
nada perde e o descrente nada ganha.
Portanto, há tudo a ganhar e nada
a perder ao acreditar em Deus.”
Blaise Pascal, Pensamentos (edição póstuma, 1844).
14 Semiextensivo
A afirmações que seguem podem ou não serem possibilida-
des possíveis da famosa Aposta de Pascal:
I. Se apostarmos na existência de Deus e ganharmos, isto 
é, se Deus existir, ganhamos a vida eterna – um excelente 
prêmio. O que perdemos se apostarmos nesta opção e 
verificarmos que Deus não existe não é muito, se com-
pararmos com a possibilidade da vida eterna: podemos 
perder alguns prazeres mundanos, perder muitas horas 
a rezar e viver as nossas vidas debaixo de uma ilusão. 
II. Se apostarmos na opção da inexistência de Deus e ga-
nharmos, isto é, se Deus não existir, viveremos uma vida 
sem ilusão e teremos a liberdade de gozar os prazeres 
desta vida sem medo do castigo divino.
III. Se apostarmos na inexistência de Deus, e perdermos, isto 
é, se Deus existir, perdemos pelo menos a possibilidade 
da vida eterna e podemos mesmo correr o risco da con-
denação eterna.
IV. Se apostarmos na existência de Deus e não tivermos 
razão, não estaremos em posição de perder tanto quanto 
estaríamos se escolhêssemos acreditar na inexistência de 
Deus e não tivéssemos razão.
V. Se quisermos maximizar os nossos ganhos possíveis e 
minimizar as nossas perdas possíveis, devemos acreditar 
na existência de Deus.
São possibilidades válidas para a Aposta de Pascal as afir-
mações:
a) I, II,III e V somente;
b) III e V somente;
c) nenhuma das afirmações;
d) todas as afirmações;
e) I, III, IV e V somente.
Discursivos
08.19. Por que razão acha Pascal que só nos resta apostar de modo a justificar a crença em Deus?
08.01. b
08.02. c
08.03. e
08.04. e
08.05. d
08.06. b
08.07. e
08.08. e
08.09. a
08.10. b
08.11. e
08.12. a
08.13. a
08.14. d
08.15. c
08.16. a
08.17. d
08.18. d
08.19. Pascal defendeu que, enquanto aposta-
dores perante estas opções, a ação mais 
racional será acreditar que Deus existe. 
Assim, se tivermos razão, estaremos em 
posição de obter a vida eterna. Se apos-
tarmos na existência de Deus e não tiver-
mos razão, não estaremos em posição 
de perder tanto quanto estaríamos se 
escolhêssemos acreditar na inexistência 
de Deus e não tivéssemos razão. Logo, se 
queremos maximizar os nossos ganhos 
possíveis e minimizar as nossas perdas 
possíveis, devemos acreditar na existên-
cia de Deus.
Gabarito

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