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BACTERIOLOGIA 1. Características gerais São microorganismos pertencentes ao Reino Monera, unicelulares ou raramente multicelulares e conhecidos como seres procariontes. São desprovidos de núcleo e as demais organelas celulares. Podem ser encontrados em todos os ambientes terrestres. Isto deve-se ao fato de poderem suportar grandes pressões, temperaturas elevadas, concentrações osmóticas mortais para outros organismos e valores diferentes de pH. Atualmente muitos autores consideram oportuna a separação das bactérias em Arqueobactérias (bactérias primitivas) e Eubactérias (bactérias gerais e cianobactérias). INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA As bactérias estão em qualquer ambiente INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Temperaturas acima de 80oC Bactéria visualizada dentro de bolsão de água em geleiras marinhas à -15oC. (a) cristais de gelo e água salgada entre eles; (b) aumento de área selecionada; (c) coloração com DAPI. Junge et al. Annals of Glaciology, vol 33, 2001 Temperaturas abaixo de 0oC INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Yellowstone National Park, Wyoming USA. Condições de vida neste ambiente semelhantes a da Terra ~ 2 bilhões de anos atrás. Nestas fontes de água quente, as cores laranja, amarelo e marron são devidas a pigmentos fotossintéticos de bactéria. Bactérias não-fotossíntéticas, termófilas e acidófilas também residem neste ambiente. Altas concentrações de NaCl (3 – 25%) INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA O que faz a água ficar vermelha? Isto não ocorre devido à substâncias químicas na água, mas sim é causada por bactérias halófitas que produzem um pigmento carotenóide similar ao beta-caroteno. pH ácido pH alcalino INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Estômago Fendas hidrotermais pH ~2,8 Outros habitats INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Pressões altas e baixas INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Flora bacteriana normal do corpo humano Pele Boca e trato respiratório superior Trato intestinal Vagina Olho Corynebacterium Estreptococos Estreptococos Bacilo de Doderlein Corynebacterium xerosis Propionibacterium Estafilococos aureus Lactobacilos Lactobacilos Neissérias Estafilococos epidermidis Estafilococos epidermidis Outros bacilos Outros bacilos Bacilo Morax-Axenfeld Peptococos Diplococos Gram-negativos Cocos Gram-positivos Cocos Estafilococos Bacilos Gram-positivos Lactobacilos Bacteróides Clostridios Estreptococos Estreptococos viridans Espiroquetas anaeróbicos Clostridios Estreptococos anaeróbicos Estreptococos faecalis Actinomicetos Coliformes Gram-negativos Estreptococos aeróbicos Bacilos Gram-negativos Vibriões Enterococos Coliformes Acinetobacter Pneumococos Pseudomonas Listeria Micrococos Proteus Micobactérias Neissérias Estafilococos Enterobacter Escherichia coli Números de organismos por grama de tecido ou fluido ou por cm2 de pele. Corpo humano: 1013 células 1014 bactérias Flora microbiana normal relativamente estável Número de bactérias colonizando regiões do corpo humano INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Flora normal - riscos e oportunismo “Condições clínicas causadas por membros da flora normal humana” INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Principais enfermidades humanas causadas por bactérias Agente bacteriano causador Tuberculose Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch) Hanseníase (lepra) Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen) Difteria Corynebacterium diphytheriae (bacilo diftérico) Coqueluche Bordetella pertussis Pneumonia bacteriana Streptococcus pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Haemophilus influenzae Escarlatina Streptococcus pyogenes Tétano Clostridium tetani Leptospirose Leptospira interrogans Tracoma Chlamydia trachomatis Gonorréia Neisseria gonorrhoeae Sífilis Treponema pallidum Meningite meningocócica Neisseria meningitidis Cólera Vibrio cholerae Febre tifóide Salmonella typhimurium Desinteria sangrenta Shigella dysenteria Placa bacteriana / tártaro Streptococcus mutans Septicemia Streptococcus pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis 1. Características gerais A eubactéria é a forma mais abundante de vida na terra em biomassa e diversidade: - Em 1 g de solo fértil: ~109 células bacterianas (104 X superior ao número de células eucarióticas). - No mar: bactérias constituem ~90% do peso total de todos os organismos. Tamanho da célula bacteriana: Célula típica: 1 – 5 μm de comprimento; 0,5 – 2 μm de diâmetro. Nanobactéria: 20 – 500 nm de diâmetro. Megabactéria: até 750 μm de diâmetro. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Como enxergamos as bactérias? Microscopia óptica INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Microscopia eletrônica 1. Características gerais O fóssil mais antigo de procariontes de que se tem conhecimento neste momento data de 3,5 bilhões de anos (estromatólitos); em contraste, o registro mais antigo de eucariontes têm aproximadamente 1,5 bilhões de anos. Os procariontes vivem em conjunto com os eucariontes de muitas formas: por exemplo, as mitocôndrias e os cloroplastos são considerados derivados de procariontes (teoria endosimbiótica); as plantas fazem simbiose com bactérias nos seus nódulos radiculares e seres animais contêm uma variedade de bactérias e arqueobactérias no seu sistema digestivo. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Esquema da teoria endosimbiótica INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 1. Características gerais Embora várias espécies sejam patogênicas, muitas são essenciais à vida no planeta. Se este reino desaparecesse, todos os restantes lhe seguiriam, pois alguns ciclos químicos cruciais para a vida (como por exemplo o ciclo do nitrogênio) seriam interrompidos. Utilizamos muitas espécies de bactérias e algumas arqueobactérias em aplicações tão diversas como a produção de queijo, picles, molho de soja, vinagre, vinho e iogurte, o tratamento de esgotos e com técnicas de Biotecnologia já foram “criadas” bactérias capazes de produzir antibióticos, hormônios, vitaminas, solventes orgânicos e para a biodegradação de lixos tóxicos, incluindo derrames de hidrocarbonetos. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Esquema simplificado do cíclo do nitrogênio 2. História da Bacteriologia Descobertas por Anton Van Leeuvenhoek em 1683, as bactérias foram incialmente classificadas como pertencentes ao reino vegetal, sendo agrupadas com os fungos; em 1894, Ernst Haeckel incluiu-as no reino Protista e atualmente as bactérias compõem um reino próprio. A palavra bacterium foi introduzida pelo microbiologista alemão Fhrenberg, em 1828. Louis Pasteur (1822-1895) e Robert Koch (1843-1910) foram os primeiros cientistas a descrever o papel das bactérias como vetores de várias doenças. Em 1977, Carl Woese dividiu os procariotas em dois grupos, com base nas seqüências “16S/18S” do r-RNA, que chamou os reinos Eubacteria e Arqueobacteria, atualmente denominados Bacteria e Archaea. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Proc Natl Acad Sci USA, 87 (12): 4576–9. Classificação baseada no ssrRNA 3. Morfologia bacteriana Coco – de forma arredondada Bacilo – Alongada, em forma de bastonete Vibrião – em forma de virgula Espirilo/Espiroqueta – de forma espiralada/ondulada/helicoidal Quadrada As formas não são constantes, podendo variar de acordo com o meio e com o tipo de associação. Geralmente, uma mudança de forma decorre da perda da parede celular. Tal mudança pode ser classificada em: Involução: mudança de forma devido a condições desfavoráveis, como mudança de pH, ausência ou presença de oxigênio, contato com produtos tóxicos etc... Pleomorfismo: mesmo em condições favoráveis à sua sobrevivência, a bactéria não apresenta morfologia única. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Escherichia coli Vibrio cholerae Leptospira interrogans Heliobacter pilori Estreptococos pyogenes Estafilococos epidermidis INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Componentes estruturais de uma bactéria4. Citologia bacteriana 4. Citologia bacteriana Citoplasma: Líquido com consistência de gel, com sais, açúcares, vitaminas, ácidos nucleicos e seus precursores, proteínas e seus precursores, ácidos graxos, etc... Pode apresentar grânulos de reserva de açúcares. Ribossomos 70S (subunidades 30S e 50S) Eventos no citoplasma incluem vias metabólicas diversas, síntese de proteínas, replicação do cromossomo e dos plasmidios, etc... INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Material genético: Replicon: molécula de DNA que se replica com auxílio de enzimas. Possui uma orígem de replicação. Ex: DNA cromossomal e plasmídios. (Nucleóide): Consiste em uma única grande molécula de DNA (ou em raras exceções, mais de uma molécula de DNA), circular (em raras exceções linear) e de fita dupla, com proteínas associadas. O seu tamanho varia de espécie para espécie. Escherichia coli e maioria das bactérias: genoma é uma única molécula circular (3 x 109 bp) Vibrio cholerae: duas moléculas circulares Borrelia burgdorferi: molécula linear única Agrobacterium tumefaciens: uma molécula circular e uma linear Nucleóides observados em células de Escherichia coli. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Comparação DNA – tamanho celular INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Plasmídios: Moléculas pequenas circulares/lineares de DNA extracromossomal; Visíveis somente ao microscópio eletrônico; Capazes de autoduplicação independente da duplicação da bactéria; São comumente trocados na "reprodução sexual" bacteriana; Os plasmidios possuem vários genes, incluindo aqueles que conferem resistência à antibióticos. Quanto maior, menos cópias na célula (tamanho médio dos plasmídios: 103 - 104 bp) Plasmídio F´ Fator sexual; Possui região TRA (forma a fímbria sexual). Plasmídios R ou RTF - Possuem genes de resistência à antibióticos. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA DNAs bacterianos INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Estrutura geral do DNA Pareamento de nucleotídeos nas fitas de DNA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 4. Citologia bacteriana Orígem da resistência as drogas: Orígem não-genética (estrutura da superfície); Orígem genética (resistência cromossômica: mutações e extracromosômica: plasmídios). OBS: resistência cruzada O genótipo de uma bactéria pode ser modificado por mutações que são alterações hereditárias no material genético. Lesões no DNA- qualquer alteração na estrutura do DNA; pode incidir sobre o grupamento fosfato, desoxirribose ou base nitrogenada. Não são hereditárias (não se perpetuam entre as células filhas); podem ser corrigidas por mecanismos de reparo específico ou acabam por levar a célula à morte ou a dar origem a mutações. Mutações- alterações no conteúdo informacional do DNA (bases nitrogenadas); modificações na sequência ou número de bases. São hereditárias . INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Detecção de mutantes pode ser feita pelo uso de meio seletivo ou diferencial. Meio seletivo-específico permite o crescimento de certas cepas mas não de outras. Ex: meio contendo antibióticos Meio diferencial- permite o crescimento de várias cepas, mas crescem de modo diferente. Ex: Meio McConkey–lactose - células Lac+ e Lac- crescem, mas formam colônias de cores diferentes. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Orígem das mutações Mutações podem ocorrer: - Espontaneamente - Induzidas por tratamento com material químico, físico ou biológico Organismos escolhidos como cepas referências são chamados selvagens, seus derivados com mutações, são os mutantes. genótipo- abreviações em letras minúsculas, selvagem: itálico/(+), ex: lacZ + mutante: lacZ fenótipo- símbolos com iniciais em letras maiúsculas selvagem: Lac+ mutante: Lac- INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Mutação espontânea: pareamento anormal de bases Mutação resultante de um pareamento errôneo de bases Forma “enol” do T Depurinação e Depirimidinação Perda de uma base do DNA Purinas (adenina e guanina) mais que pirimidinas (citosina e timina) Quebra da ligação entre base nitrogenada e desoxirribose (N-glicosídica) Cria sítios AP (apurínicos ou apirimidínicos) Perda de informação genética Taxa aumentada em baixo pH Cada célula tem uma perda de ~ 100s de purinas/dia… INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Depurinação A ligação N-glicosil entre a base e a pentose pode ser hidrolisada. A taxa de hidrólise é maior para purinas que para pirimidinas. Hidrólise * Alkylation can enhance leaving group ability of the base and promote hydrolysis As bases dos nucleotídeos podem perder os grupos amino (-NH2). Deaminação da citosina no DNA gera uracil- ocorrência ~ 1 em 107 resíduos de citidinas/24h. Deaminação de A and G ocorre a taxa menor. Desaminação de bases * WC hydrogen face changed Pareamento de bases desaminadas Citosina é convertida em uracil, que pareia com adenina (GCAT) Adenina é convertida em hipoxantina que pareia com a citosina (AT GC) INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Mutação gerada por desaminação de bases Mutação gerada por depurinação de bases INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Adição e deleção de bases no DNA – erros na replicação Fontes de mutações induzidas Produtos químicos Naturais: toxinas (aflatoxina de fungos), fumo, produtos gerados pela queima de proteínas, etc… Artificiais: conservantes, corantes, agrotóxicos, etc… Agentes físicos Radiações ionizantes: raios cósmicos, gama, X, partículas beta, etc… U.V. Elementos biológicos Elementos de transposição (transposons) INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Efeito mutagênico do análogo 5-Bromouracil (5BU) Agentes alquilantes Adicionam grupo alquil (CH3) ou (CH3-CH2) ao DNA. Agentes alquilantes: gases tóxicos (gás mostarda), EES, EMS, etc Normalmente reagem com grupo ceto (C=O) de bases nitrogenadas INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Pareamento de bases alquiladas A base nitrogenada alquilada forma pareamento incorreto no DNA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Agentes intercalantes Estruturas com anéis aromáticos conjugados Causam insersões/deleções durante a replicação do DNA Presente no amendoim Presente no cigarro INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Benzopireno Aflatoxina Dímeros de timina induzidos por luz UV. Radiações ionizantes (raios-X e gama) quebram ligações na molécula do DNA - UV (254-260 nm) causa formação de dímeros de purinas e pirimidinas e alterações na estrutura do DNA. T-T não pareia com outras bases e provoca parada da replicação do DNA. * resistência a penicilina Transposons (elementos genéticos móveis) São elementos que não existem independentemente, mas apenas integrados no DNA cromossomal ou plasmidial. - transposase e resolvase: enzimas necessárias para a transposição sequências invertidas e repetidas nas extremidades Transposons podem gerar mutações por: Inserção dentro de um gene Deleções e inversões de DNA Recombinações que podem resultar em duplicação da sequência do transposon. Inserção dentro de um gene INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA transposon mutagenesis: Mesossomo: Invaginação de membrana, onde o DNA cromossomal está geralmente associado e onde ocorre a duplicação do DNA cromossomal. Na divisão celular são formados mesossomos septais. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA O citoesqueleto celular: Formado por proteínas com função similar às proteínas do citoesqueleto de eucariontes. As proteínas do citoesqueleto de procariontes apresentam alta homologia com as de eucariontes. Homólogos de actina Segregação de material genético INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Inclusões citoplasmáticas: Distintas ao microscópio. Funções: reserva de energia, blocos moleculares para produção de moléculas. Contém açúcares, polifosfato, ferro (magnetotaxia), enxofre, PHA (polihidroxialcanoato), este último sendo produzido por Ralstonia eutropha, Alcaligenes latus, Azotobacter vinelandii e diversas espécies de Pseudomonas. Glóbulos de enxofre PHA Polifosfato Membrana plasmática: ~30% lipídios (fosfolipídios), ~70% proteínas. Funções: permeabilidade seletiva, transporte de substâncias pela célula, bioenergética, biossíntese, reconhecimento celular, excreção de enzimas etc... INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Membrana plasmática de procariontes Membrana plasmática de eucariontes INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Permeabilidade seletiva Reconhecimento celular INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Transporte através da membrana plasmática INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Transporte através da membrana plasmática Parede Celular: Rígida, inelástica, porém deformável. Funções: -Dá forma à célula; -Promove resistência a choques mecânicos e osmóticos (impede que a célula arrebente em meios hipotônicos mas não a protege de meios hipertônicos); -Serve de sítio de adsorção de vírus; -Determinante da especificidade antigênica; - Responsável pela classificação das bactérias em Gram + e Gram - INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Gram positiva: - Peptidoglicano (ácido murâmico, N-acetil glicosamina e tetrapeptídeo); até 40 camadas de peptidoglicano. - Ácido teicóico (polímero de ribitol ou glicerol unidos por ligações fosfodiester); contém alanina e monosacarídeos ligados; antígeno de superfície. - Ácido teicurônico (polímeros semelhantes aos ácidos teicóicos, mas com açúcares ácidos ao invés de açúcares fosfóricos). Obs: ácido lipoteicóico (se estende da membrana até a parede celular) INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Estrutura do peptidoglicano Peptidoglicano de S. aureus (diferente de E. coli) INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Gram negativa: - Lipoproteína: (57 aminoácidos e componente lipídico na membrana externa); ancora membrana externa ao peptidoglicano - Membrana externa: semelhante a membrana plasmática, mas contendo LPS na camada voltada para o exterior e fosfolipídios na camada voltada para o espaço periplasmático; possui porinas. - Lipopolissacarídeos: formados pelo lipídio A (ácidos graxos de cadeia longa + glicosamina fosforilada), porção central e antígeno O (ambos açúcares). São conhecidos como endotoxinas bacterianas. - Espaço periplásmico: possui pouco peptidoglicano, enzimas hidrolíticas e alguns oligossacarídeos. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Hans Cristian Joachim Gram (1853-1938) Gram-positiva Gram-negativa INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA São exemplos de bactérias Gram-positivas várias espécies de: - Estreptococos Estafilococos Enterococos São exemplos de bactérias Gram-negativas: - Vibrião Colérico Escherichia coli Salmonelas INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Cápsula: Envoltório viscoso, externo à parede celular; Função: resistência, patogenicidade, proteção contra fagocitose e vírus que podem adsorver à célula; O poder adesivo da cápsula à superfícies sólidas é um grande fator de iniciação de um processo patogênico. Composição: geralmente polissacarídica (glicocálix). Obs: “camada de muco”: mais afastada que a cápsula. Neisseria meningitidis INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Placa bacteriana INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Composição química da cápsula de algumas bactérias INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Flagelos: Classificação: monotríqueo (em apenas um lado), anfitríqueo (em ambos os lados), lofotríqueo (tufos de flagelos nas extremidades), peritríqueo (em toda a extensão) e interno; Composição: Proteína flagelina; Função: mobilidade; Importância: identificação de patogênos. Ex: vibrião colérico, Salmonela. OBS: As bactérias móveis deslocam-se também por alterações da sua flutuabilidade. As bactérias podem mover-se por reação a certos estímulos, um comportamento chamado “taxia” (também presentes nas plantas), como por exemplo fototaxia, magnetotaxia, etc... INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Vibrio metchnikovii, uma bactéria com flagelo monotriquio Spirillum serpens, uma bactéria com flagelo lofotriquio Proteus vulgaris, uma bactéria com flagelo peritriquio Flagelos bacterianos INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Fímbrias: Composição: Proteína pilina; Finas, curtas, retas e numerosas; Funções: aderência (Pili I), conjugação (Pili Sexual), patogênese, absorção e ancoramento. Neisseria gonorrhoeae Apendices de superfície da bactéria. Micrografia eletrônica de Escherichia coli mostrando 3 tipos de apêndices: pili I (cerdas curtas e retas), um pili sexual (mais longo, flexível) e vários flagelos (os mais espessos). INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Esporos: Formas de resistência dos gêneros Bacillus (aeróbica) e Clostridium (anaeróbica); A transformação da forma natural para a de esporo dura aproximadamente 6 horas; Ocorre geralmente em condições adversas; Funções: resistência ao calor, ressecamento, radiação, congelamento e substâncias tóxicas. Estrutura do endosporo: Cerne: Citoplasma desidratado contendo DNA, ribossomos, enzimas, T-RNAs, proteínas de baixo peso molecular, glicerol 3-fosfato, etc... Metabolicamente inativo Cortex: Peptidoglicano com o maior número de ligações entre as cadeias. Presença de ácido dipicolínico quelado com Ca++. Camada externa: Camadas de proteínas INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Formação de esporo Esporo de bacilo Células esporuladas de Bacillus cereus Preparação de Bacillus subtilis, mostrando endosporos verdes e células vegetativas em vermelho INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Diferenças entre células vegetativas (normais) e endosporos INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Propriedades Vegetativas Endosporos Água citoplasmática Alta Muito baixa Atividade enzimática Presente Ausente Síntese de macromoléculas Presente Ausente Resistência ao calor Baixa Alta Resistência a ácidos Baixa Alta Resistência a agentes químicos Baixa Alta Resistência a radiação Baixa Alta Sensibilidade a lisozima Alta Baixa INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 5. Fisiologia bacteriana Temperatura: Psicrófilas: abaixo de 20oC Mesófilas: 20-50oC Termófilas: 50-60oC Hipertermófilas: acima de 60oC Microorganismo Temperatura (oC) mínimo ótimo máximo Pseudomonas fluorescens 4 25-30 40 Staphylococus aureus 6 30-37 46 Termoactinomyces vulgaris 27 60 70 Neisseria gonorreae 30 35-36 38,5 Thermophylus aquaticus 40 70-72 79 INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 5. Fisiologia bacteriana Atmosfera: Aeróbias: dependem de oxigênio para sobreviver; proliferação na superfície do líquido (por exemplo em tubo de ensaio) ou solo. Nos animais, situa-se, normalmente, na pele ou sistema respiratório.. Ex: Micobacterium tuberculosis. Anaeróbias: dependem da quantidade baixa ou ausência de oxigênio para sobreviver; proliferação no fundo do tubo de ensaio ou em outros ambientes com pouco ou ausência de oxigênio, ou seja, nos animais costuma se situar nas camadas profundas dos tecidos ou nas feridas. Ex: clostridium tetane e clostridium botulinum. Anaeróbias facultativas: podem crescer tanto na presença como na ausência de oxigénio; proliferação por todo o líquido ou solo. Ex: Enterobactérias. Ocorre em Lactobacilos Ocorre em bactérias do gênero Acetobacter Ocorre em bactérias como Zymomonas mobilis Toxicidade mediada por oxigênio Inativação dos radicais tóxicos de oxigênio INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 5. Fisiologia bacteriana Pressão osmótica: Halófitas: proliferação em meios com alta concentração de sal. Sacarófilas: proliferação em meios com alta concentração de açúcar. OBS: de conhecimento essencial para manutenção de alimentos. Não halófitos: não necessitam de sal e não toleram a presença no meio de cultura. Halotolerantes: não necessitam de sal mas toleram a presença no meio. Halófitos: necessitam de sal em concentração moderada. Halófitos extremos: necessitam de sal em altas concentrações. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 5. Fisiologia bacterianapH: 5,5 - 8,5: faixa ótima 4,0 - 10,0: faixa de tolerância. Bactérias acidófilas e alcalinófilas: vivem em ambientes ácidos e alcalinos respectivamente Microorganismo pH mínimo ótimo máximo Staphylococus aureus 4,2 7 - 7,5 9,3 Acetobacter aceti 4 5,4 - 6,3 8 Vibrião cholerae 7,5 8 – 9 9,5 INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 5. Fisiologia bacteriana Exigências nutritivas: São pouco exigentes (muita síntese para manutenção própria) ou muito exigentes (pouca síntese para manutenção própria); As bactérias podem ser autotróficas (necessitam apenas de dióxido de carbono como fonte de carbono) ou heterotróficas (são dependentes de uma fonte orgânica de carbono (açúcares) e podem ser parasitas ou saprofíticas); Outros requisitos nutricionais das bactérias incluem nitrogênio (aminoácidos), enxofre, fósforo, vitaminas e outros elementos (Na, K, Ca, Fe, Zn, Mg, Mn, Co, Cu e Ni). Algumas espécies necessitam ainda de pequenas quantidades adicionais de elementos como Se, Tg, Va ou Bo. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 5. Fisiologia bacteriana Resistência a agentes físicos e químicos: Calor; Radiação; Alcóois; Fenol; Metais pesados; Agentes oxidantes; Agentes alquilantes; Detergentes; Drogas antibacterianas. Principais antibacterianos Mecanismo de ação Origem do quimioterápico Cloranfenicol Inibe a síntese de proteínas Fungo Streptomyces venezuelae ou sintética Estreptomicina Inibe a síntese de proteínas Fungo Streptomyces griseus Amikacina Inibe a síntese de proteínas Sintética Tetraciclina Inibe a síntese de proteínas Sintética Gentamicina Inibe a síntese de proteínas Sintética Lincomicina Inibe a síntese de proteínas Fungo Streptomyces lincolnensis Neomicina Inibe a síntese de proteínas Sintética Kanamicina Inibe a síntese de proteínas Sintética Eritromicina Inibe a síntese de proteínas Fungo Streptomyces erythreus Cefalosporina Inibe a síntese da parede celular Fungo Cephalosporium acremonium Espectinomicina Inibe a síntese da parede celular Sintética Ampicilina Inibe a síntese da parede celular Sintética Amoxicilina Inibe a síntese da parede celular Sintética Penicilina Inibe a síntese da parede celular Fungo Penicillum notatum Vancomicina Inibe a síntese da parede celular Fungo Streptomyces orientalis Bacitracina Inibe a síntese da parede celular Bactéria Bacillus subtillis Sulfonamida Inibe a síntese de ácidos nucleicos Sintética Trimetoprim Inibe a síntese de ácidos nucleicos Sintético Novobiocina Inibe a síntese de DNA e de ácido teicóico Fungo Streptomyces niveus Polimixina Inibe a função permeabilizadora da membrana Sintética Bactéria Drogas de primeira escolha Outras drogas Cocos Gram-negativos Gonococos Penicilina, ampicilina Tetraciclina, espectinomicina Meningococos Penicilina Cloranfenicol, sulfonamida Cocos Gram-positivos Pneumococos Penicilina Eritromicina + Cefalosporina Estreptococos Penicilina, ampicilina Eritromicina, cefalosporina, vancomicina Estafilococos Penicilina Cefalosporina, vancomicina Bastonetes Gram-negativos Escherichia coli Kanamicina, sulfonamida, gentamicina Cefalosporina, ampicilina, cefalexina Haemophylus influenzae Penicilina, cloranfenicol Ampicilina Pseudomonas aeruginosa Gentamicina, polimixina Carbenicilina, amikacina Salmonella Tiphymurium Cloranfenicol, ampicilina Co-trimoxazole Bastonetes Gram-negativos Bacillus antraz Penicilina Eritromicina Clostridium tetane Penicilina Eritromicina, tetraciclina Bastonetes ácido-resistentes Mycobacterium tuberculosis INH + Rifampina, etambutol Outras drogas antituberculose Mycobacterium laprae Dapsone, sulfozone Sulfonamida, amitiozone Espiroquetas e vibriões Leptospira interrogans Penicilina Tetraciclina Treponema Penicilina Eritromicina, tetraciclina Vibrio cholerae Tetraciclina Co-trimoxazole INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 6. Reprodução bacteriana Em média entre 15 e 40 minutos dependendo das condições acima; poucas bectérias levam horas para a duplicação. Pode ser do tipo sexuada ou assexuada. Assexuada (bipartição): Nesse processo a célula bacteriana duplica seu cromossomo e se divide ao meio, originando duas novas bactérias idênticas à original. Fases de crescimento: A: Fase lag: adaptação ao ambiente. B: Fase log: crescimento celular exponencial. C: Fase estacionária: crescimento impedido. D: Fase de declínio e morte. OBS: Fase de esporo (durante a fase lag ou entre a estacionária e a de declínio). INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 6. Reprodução bacteriana Sexuada ou transmissão genética: Conjugação Consiste na passagem (ou troca) de material genético entre duas bactérias através de uma ponte citoplasmática formada pelas fímbrias; Ocorre entre bactérias Gram -. Transformação A bactéria absorve moléculas de DNA disperso no meio. Esse DNA pode ser proveniente, por exemplo, de bactérias mortas. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 6. Reprodução bacteriana Sexuada ou transmissão genética: Transdução As moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria a outra usando vírus (bacteriófagos) como vetores; Esses vírus podem ser de DNA ou RNA; O mais conhecido é o bacteriófago λ; 2 ciclos: - Lisogênico: vírus adsorve à célula e libera seu material genético dentro dela. Materiais genéticos de ambas se misturam e ocorre divisão celular. Lítico: vírus adsorve à célula e libera seu material genético dentro dela. Este replica-se e gera novos vírus que arrebentam a célula e saem ou durante cíclo lisogênico ocorre indução para cíclo lítico. A transdução realmente ocorre quando o vírus sai da bactéria e infecta outra, liberando o DNA bacteriano nesta nova bactéria. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Conjugação bacteriana Conjugação Transferência de DNA de uma doadora (macho) para uma célula receptora (fêmea) por meio de contato direto entre elas. Direção de transferência do DNA unidirecional: macho fêmea Entre bactérias Gram– doadora- célula que possue fator F (fertilidade, 1-3 cópias)- um plasmídeo circular que se replica independentemente F carrega genes tra para a síntese do pilus F (ponte citoplasmática) e transferência. Receptora- F-, possui receptor para F INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Mecanismo de conjugação 1. Um sítio no plasmídeo F, oriT (origem de transferência) é quebrado por uma endonucelase específica (um dos produtos do genes tra ) 2. Um poro se forma entre as duas células e uma das fitas do DNA é transferida para a outra célula (5´3´) 3. A fita simples do DNA é replicada dando origem a uma fita dupla. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Transformação bacteriana INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Transdução bacteriana INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 7. Identificação laboratorial 1. Recolha de amostras a partir dos tecidos ou secreções infectadas do doente. Assim, numa enterite usam-se amostras fecais, numa pneumonia, expectoração, em órgãos internos, biópsia, etc... 2. As amostras são cultivadas em placas de Petri (placas de vidro) com os nutrientes e fatores necessários ao seu crescimento. 3. São retiradas colônias bacterianas e espalhadas numa lâmina, onde são fixadas e coloridas (por exemplo com a técnica de Gram ou de Ziehl-Neelsen). O tipo de colônia pode sugerir o organismo em questão: de uma forma geral, os bacilos gram negativos apresentam colônias brilhantes, úmidas ou cremosas; os estafilococos apresentam colônias médias opacas e os estreptococos colônias pequenas e opacas. 4. São observadas ao microscópio óptico, e identificadas por morfologia e coloração. 5. Se persistem dúvidas são usados testes bioquímicos e de crescimento na presença de antibióticos. Bacillus brevis, uma Gram-positiva Aeromonas hidrophyla, uma Gram-negativa INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA Crescimento em meio sólido em placa de Petri Coloração pela técnica de Gram Crescimento em meio líquido INTRODUÇÃOÀ BACTERIOLOGIA 8. Meios de contágio por bactérias Ar contaminado; Ingestão de água e alimentos contaminados; Mão contaminada; Através da pele, por feridas; Relação sexual; Transfusão de sangue contaminado; Pela placenta (de mãe para filho); Vetor animal. a. Surperfície da pele b. Mucosas em contato com o meio exterior, através de: i. ingestão ii. inalação iii. sexo c. Inoculação direta: trauma, picada, injeção, cirurgia, etc Entrada: contato inicial INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade A mera presença de bactérias em um tecido (infecção) não implica o desenvolvimento da doença. Esta dependerá da inter-relação dos seguintes fatores: número de células bacterianas; virulência; duração da agressão; e resistência do hospedeiro. Na indução de um processo infeccioso, bactérias utilizam uma série de fatores, que as permite prosseguir com as etapas desse processo. Referidos como fatores de virulência, tais fatores podem ser componentes estruturais ou moléculas produzidas e liberadas para o meio externo. Dentre estes podemos incluir LPS, cápsula, peptidoglicano, fímbrias, ácido teicóico, enzimas extracelulares, toxinas e os produtos do metabolismo celular. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Dinâmica do processo de infecção Para que bactérias possam induzir o desenvolvimento de uma alteração patológica, uma série de etapas devem ser cumpridas. Seqüencialmente, as etapas incluem: aderência, colonização, invasão, sobrevivência e dano tecidual. Este último é o responsável pela ocorrência dos sinais e sintomas de uma doença. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Dinâmica do processo de infecção Aderência: Na grande maioria das vezes, para a bactéria poder invadir um tecido e assim causar um processo infeccioso, ela primeiramente deve aderir a uma superfície. Esta pode ser a mucosa, a pele, o esmalte dentário, etc... Esta aderência pode ocorrer de várias formas: • Inespecífica: por aprisionamento em uma cavidade, por interações eletrostáticas, por interações hidrofóbicas e por meio de polissacarídeos extracelulares. • Específica: por adesinas, mormalente as fímbrias, que reconhecem uma determinada molécula de superfície no tecido ao qual a bactéria pode aderir. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Dinâmica do processo de infecção Colonização: Uma vez aderidas a uma superfície, as bactérias se multiplicam e a colonizam. O número de células bacterianas sobre a superfície torna-se, então, aumentado. Invasão: Colonizada a superfície, as bactérias passam a liberar enzimas extracelulares, como a colagenase, a hialuronidase e a condroitinase, que degradam a substância extracelular do tecido conjuntivo, permitindo o processo de invasão. O deslocamento bacteriano para o interior do tecido dá-se por motilidade (mediada por flagelos) ou por divisão celular, onde as células vão se multiplicando e avançando. Este último deslocamento, no caso das infecções endodônticas, é o mais comum, uma vez que a maior parte das bactérias presentes na cavidade oral não é dotada de motilidade. Células M da mucosa intestinal são fagocíticas e podem ser vir de porta de entrada para bactérias INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Dinâmica do processo de infecção Sobrevivência: Para a instalação de um processo infeccioso, é necessário que, uma vez localizadas no interior dos tecidos, as bactérias consigam sobreviver. Para isso, devem adquirir nutrientes adequados ao seu metabolismo, e que podem provir do próprio tecido (células degeneradas, glicoproteinas, produtos da degradação do colágeno etc.) ou de outras espécies bacterianas presentes em uma infecção mista. Além disso, a bactéria também deve evadir as defesas do hospedeiro, representadas pelas respostas inflamatória e imunológica. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Dinâmica do processo de infecção Dano tecidual: Na indução do dano tecidual, gerando uma lesão, existem fatores que agem diretamente sobre os tecidos, como enzimas e produtos do metabolismo, e aqueles que agem de forma indireta (LPS, o peptidoglicano e o ácido teicóico), estimulando a liberação de mediadores químicos por parte de células de defesa do hospedeiro. A destruição tecidual acarreta a geração de sinais e sintomas que caracterizam a instalação de uma doença infecciosa. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Enzimas extracelulares Colagenases: Envolvidas na obtenção de nutrientes, na invasão e no dano tecidual. Compõem um grupo de enzimas envolvidas na degradação do colágeno. Bactérias que produzem este tipo de enzima, têm a capacidade de invadir os tecidos e provocar a disseminação do processo infeccioso. Um exemplo claro ocorre em casos de abscessos com formação de celulite. Outrossim, a degradação do colágeno gera a formação de nutrientes na forma de peptídeos, que serão metabolizados por muitas bactérias. São produzidos por clostridios. Hialuronidase: Envolvida na invasão e no dano tecidual. É uma enzima que promove a hidrólise e conseqüente despolimerização do ácido hialurônico. Isso permite a progressão da infecção no tecido. São produzidos por muitas bactérias como estafilococos, estreptococos, clostridios, pneumococos, etc... INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Enzimas extracelulares Condroitinase: Também envolvida na invasão e no dano tecidual. É outra enzima envolvida no avanço da infecção no tecido conjuntivo por agir em outro componente da matriz extracelular, o sulfato de condroitina. Fibrinolisina: Participa na invasão tecidual. Geralmente, no decorrer de um processo inflamatório, a área acometida é delimitada do restante do organismo pela formação de uma rede de fibrina. A fibrinolisina promove a lise desta rede, criando um potencial para a disseminação do processo infeccioso. Geralmente produzida por estreptococos. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Enzimas extracelulares Hemolisina: Tem participação no dano tecidual e na obtenção de nutrientes. É uma enzima com ação na lise de eritrócitos, resultando na liberação da hemoglobina, fonte de ferro, o qual é essencial às bactérias envolvidas em processos infecciosos. São produzidos por estafilococos, estreptococos e bastonetes Gram-negativos. Fosfatase ácida: Envolvida no dano tecidual. Esta enzima pode exercer, junto a outros mediadores, um papel no processo de reabsorção óssea e na degradação da matriz do tecido conjuntivo. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Enzimas extracelulares Coagulase: Com ação na evasão das defesas do hospedeiro. Esta enzima age de forma contrária à fibrinolisina, isto é, ela promove a coagulação do plasma, criando uma rede de fibrina ao redor da colônia bacteriana que a produziu. Esse coágulo, atuando como um "escudo protetor", pode dificultar e, mesmo, impedir o processo de fagocitose, permitindo a manutenção da infecção. Geralmente produzidos por estafilococos. Proteases: Estão envolvidas na obtenção de nutrientes e na evasão das defesas do hospedeiro. São enzimas proteoliticas que clivam moléculas de anticorpos e de componentes do sistema complemento, inativando-as. Como essas moléculas estão envolvidas na resposta imune humoral, as defesas do hospedeiro ficam prejudicadas. Outrossim, nutrientes na forma de peptídeos são gerados por essa clivagem. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Produtos metabólicos Vários produtos resultantes do metabolismo bacteriano e liberados para o meio externo são tóxicos para células eucarióticas e podem causar a degradação de constituintes da matriz extracelular, induzindo, assim, o dano tecidual. Muitos deles (principalmente compostos sulfurados) também são os responsáveis pelo odor fétido, característico de infecções anaeróbicas. Os principais produtos metabólicossão listados a seguir: Ácidos graxos de cadeia curta: estes incluem, principalmente, ácidos propiônico, butírico, isobutírico, acético, isovalérico e fenilacético. A maioria deles resulta de processos fermentativos. Amônia: resultante do catabolismo de aminoácidos. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 9. Mecanismos de patogenicidade Produtos metabólicos Compostos sulfurados: sulfeto de hidrogênio (oriundo da dessulfuração do aminoácido cisteína) e metil mercaptaria. (por dessulfuração do aminoácido metionina). Indol: oriundo da desaminação de aminoácidos. Poliaminas: oriundas da descarboxilação de aminoácidos. Podem inibir a quimiotaxia para neutrófilos polímorfonucleares. Ex.: cadaverina, putrescina, espermina, espermidina. INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 10. Mecanismos de resistência inespecífica do hospedeiro Barreiras fisiológicas na porta de entrada: Pele: secreções sudoríparas e sebáceas; lisozima... Mucosas: lisozima, pH ácido... Resposta inflamatória e fagocitose: Leucócitos do sangue, macrófagos, fagócitos do fígado, baço, medula-óssea, pulmão etc... Constituintes bioquímicos dos tecidos: Polipeptídeos antibacterianos, beta-lisinas, corticosteróides, etc... INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA 11. Mecanismos de resistência específica do hospedeiro Imunidade natural: Imunidade espécie-específico e raça-específico; Resistência individual; Diferenças devido a idade; Influências hormonais e metabólicas. Imunidade adquirida: Imunidade passiva; Imunidade ativa. - Imunidade humoral: anticorpos - Imunidade celular: células T e B, leucócitos do sangue, macrófagos... Correlação contaminação-proteção INTRODUÇÃO À BACTERIOLOGIA transposon mutagenesis transposon mutagenesis : :
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