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FUNDAMENTOS-E-APLICAÇÕES-EM-ENGENHARIA-CIVIL

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 
2 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE ........................................................ 5 
2.1 Regiões e suas conquistas científicas........................................................ 5 
2.2 As diversas ciências ................................................................................. 10 
2.3 Classificações das ciências ...................................................................... 11 
2.4 Interface da construção civil com outras áreas ........................................ 14 
3 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL ........................................ 16 
3.1 O surgimento da engenharia moderna ..................................................... 17 
3.2 Da origem da construção e necessidade do ser humano ........................ 18 
3.3 Engenharia civil ........................................................................................ 19 
3.4 Fatos históricos ........................................................................................ 19 
4 ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL .................................................................. 25 
4.1 Engenharia e arquitetura .......................................................................... 27 
4.2 As primeiras escolas de engenharia ........................................................ 27 
4.3 Início da engenharia no Brasil .................................................................. 28 
4.4 Comparando as escolas anteriores com as atuais ................................... 28 
5 CARACTERIZAÇÃO DA PROFISSÃO DE ENGENHEIRO ............................ 30 
5.1 Áreas da engenharia civil ......................................................................... 30 
5.2 Câmara especializada .............................................................................. 34 
5.3 Legislação ................................................................................................ 35 
5.4 Definição de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ................... 36 
6 PERFIL PSICOPROFISSIONAL DO ENGENHEIRO ..................................... 37 
6.1 Perfil do profissional de engenharia civil .................................................. 37 
6.2 Ética ......................................................................................................... 38 
 
 
3 
 
6.3 Habilidades .............................................................................................. 38 
6.4 Código de Ética do engenheiro ................................................................ 39 
7 ÁREAS DE ATUAÇÃO E ATRIBUIÇÕES ....................................................... 40 
7.1 Áreas de atuação ..................................................................................... 40 
7.2 Atribuições: Resolução no 218 ................................................................. 40 
7.3 Responsabilidades técnicas ..................................................................... 42 
8 O EMPREENDIMENTO DE ENGENHARIA E SUAS FASES ........................ 44 
8.1 Planta, plano e projeto ............................................................................. 45 
8.2 Características da construção civil ........................................................... 46 
8.3 Materiais de construção ........................................................................... 47 
8.4 Construção pesada .................................................................................. 48 
9 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor 
e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. 
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos 
ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, 
as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE 
Evolução e origens na história das sociedades humanas 
 
Segundo Bazzo, (1990) a ciência e a tecnologia baseiam-se em valores do 
cotidiano de cada época, que põem em questão as nossas convicções e o nosso 
conhecimento de mundo. Elas são, na maioria de seus aspectos, a aplicação 
sistemática de alguns valores humanos, tais como a diligência, a dúvida, a 
curiosidade, a abertura para novas ideias, a imaginação, e de outros, como a 
disciplina e a perseverança, que precisam ser despertados em todos os seres 
humanos. Não são apenas os cientistas ou os tecnólogos que devem respeitá-las 
ou entendê-las. É preciso que todas as pessoas sejam conscientizadas do amplo 
universo que a ciência e a tecnologia incorporam e como os seus valores 
demonstram dramaticamente o seu grau de importância no avanço do 
conhecimento, do bem-estar e também de riscos e prejuízos. Por conseguinte, se a 
ciência e a tecnologia forem ensinadas e construídas nessas perspectivas junto a 
todos, o resultado será o reforço dos valores humanos indispensáveis para nossa 
compreensão de mundo. 
 
2.1 Regiões e suas conquistas científicas 
Mesopotâmia 
Bazzo, (1990) afirma que a região compreendida entre os rios Tigre e 
Eufrates, onde atualmente é o Iraque. Nesta região, tem a primeira citação da 
existência de uma esteira movimentada sobre troncos. O povo sumério já nessa 
época apresentava conhecimentos para construção de muralhas e casas para as 
suas cidades. Existem registros de 2000 a.C. que descrevem o uso de um 
astrolábio, instrumento de astronomia que consistia em haste deslizante e círculo 
graduado em 60 segmentos, base do sistema numérico por eles utilizado. Esse 
 
 
6 
 
sistema serviu de base para o nosso sistema atual de 360 graus. Uma das 
contribuições substanciais desse povo foi o Código de Hamurabi, que representa o 
conjunto de leis escritas. Uma das valiosas contribuições registradas na 
Mesopotâmia é, sem dúvida, o Código de Hamurabi, um dos reis da Babilônia, que 
entre outras leis, especificava a respeito das construções ás seguintes leis: 
1. “O construtor que erguer uma casa e que tal casa sofra desabamento 
causando a morte de seu dono será também penalizado com a morte”; 
2. “Se o desabamento causar a morte do filho do dono da casa, o filho 
do construtor será penalizado com a morte”; 
3. “Caso a casa desabe sem perdas humanas, o construtor deverá 
reerguer a casa às suas próprias expensas”; 
Podemos observar o rigor nas penalidades pelos erros cometidos pelos 
profissionais da época, em qualquer tempo a preservação a vida e bem-estar são 
obrigatórios; uma das ações dos construtores da Mesopotâmia é também a 
construção de canais de irrigação, cujos traços permanecem ainda hoje. Há 
registros de canais com aproximadamente 120 m por 360 km. (BAZZO, 1990). 
Os egípcios 
Um povo que, por muito tempo, intrigou em suas obras pela precisão, 
complexidade e grandiosidade de suas construções para época. O construtor, no 
Egito antigo, tinha tanta importância que a ele era dispensado o título de “chefe dos 
trabalhos”, assegurando-lhe, inclusive,um símbolo nas escritas hieroglíficas. O 
povo egípcio dominava as técnicas de irrigação e de agricultura; construíram diques, 
dominavam o transporte através dos rios. Foi o povo que construiu as maiores e 
mais resistentes estruturas até hoje, sendo as pirâmides as mais famosas, Os 
túmulos dos faraós deveriam refletir toda sua importância. O povo egípcio 
acreditava em vida após a morte e, como tal, esta deveria ter continuidade. Uma 
das grandiosidades das pirâmides é que podiam chegar a ter dois milhões de 
 
 
7 
 
blocos, cada um com 2,5 toneladas. Umas das principais pirâmides construídas 
foram: Sakara, Quéops, Quéfren e Miquerinos. (SNOW, 1994) 
 
Os gregos 
Nenhum povo do mundo antigo contribuiu tanto para a riqueza e a 
compreensão da Política, no seu sentido mais amplo, como fizeram os gregos. Os 
nomes de Sócrates, Platão e Aristóteles, no campo da teoria, de Péricles e de 
Demóstenes, na arte da oratória, estão presentes em qualquer estudo erudito que 
se faça a respeito, e até mesmo nos mais singelos manuais de divulgação. (SNOW, 
1994) 
Aristóteles formalizou o pensamento lógico dedutivo. Na Idade Média, este 
pensamento lógico dedutivo foi usado em abundância pelos filósofos escolásticos, 
e o resultado foi um total vazio científico durante essa época. Francis Bacon, na 
Renascença, afirmava que: “A lógica de Aristóteles é ótima para criar brigas e 
contendas, mas totalmente incapaz de produzir algo de útil para a humanidade.”. 
(SNOW, 1994) 
A Cloaca Massima ou “Grande Esgoto”, em Roma é uma grande rede 
subterrânea que foi construída no final do Século VI a.C, para receber esgoto e lixo, 
águas pluviais, e funcionam até os dias de hoje, com mais de dois milênios de 
existência. Os engenheiros civis romanos desenvolviam projetos de construção de 
pontes em arcos constituídos por blocos de rochas, estradas pavimentadas, 
palácios, entre outras grades projetos de engenharia civil e arquitetura, que 
permanecem até hoje. (SNOW, 1994) 
Heron de Alexandria. Geômetra e engenheiro grego, Heron esteve ativo 
em torno do ano 62. É especialmente conhecido pela fórmula que leva seu nome e 
aplica-se ao cálculo da área do triângulo. Seu trabalho mais importante no campo 
da geometria, Metrica, permaneceu desaparecido até 1896. Ficou conhecido por 
inventar um mecanismo para provar a pressão do ar sobre os corpos, que ficou para 
a história como o primeiro motor a vapor documentado, a eolípila. (SNOW, 1994) 
 
 
 
8 
 
 
Os romanos 
Diferentemente da arquitetura grega, na romana a solução dos engenheiros 
era predominante. As soluções para novos modelos de construção são mais 
importantes que a decoração artística, de forma que a funcionalidade sobressai. 
Ainda hoje, temos exemplos desse traço da arquitetura romana nas ruínas de vários 
edifícios, pontes, aquedutos e outras obras. (SNOW, 1994) 
Entre as inovações técnicas, pode-se destacar: a construção de aquedutos, 
arenas, templos, torres, piscinas públicas, entre diversas outras obras com grande 
durabilidade. Observa-se que os romanos baseavam-se mais na experiência 
prática do que na teoria. Tinham em sua solução a utilização da hidráulica e o 
cimento. (SNOW, 1994) 
 
Idade Média 
Na Idade Média, o pensamento lógico alheio ao fato experimental já se 
demonstrou ineficiente para criação de teorias científicas e para descrever a 
natureza. (MEIRELLES 1996) 
René Descartes, já afirmava que: “Matemática é uma ferramenta para se 
fazer ciência, mas não é uma ciência”. (MEIRELLES 1996) 
A matemática – inclusa a lógica – é a linguagem com a qual se descreve a 
natureza. Sócrates, Platão e Demócrito defendiam que somente a matemática traz 
clareza ao pensamento. (MEIRELLES 1996) 
Meirelles (1996) relata que principiou com a edificação urbana, estendeu-
se gradativamente a todos os domínios da atividade pacífica do homem como fator 
de progresso e elemento de civilização. Transformou-se em indústria – a indústria 
da construção civil descobriu novos campos, aplicou novas técnicas, utilizou novos 
materiais, solicitou novas especializações, ensejando, assim, o florescer da 
Engenharia Civil e da Arquitetura e, paralelamente, o alvorecer do Urbanismo. 
Finalmente, a complexidade da vida urbana e a trama das metrópoles converteram 
a construção numa atividade eminentemente técnica e especializada, privativa de 
 
 
9 
 
profissionais habilitados, que porfiam em adaptar a estrutura e a forma à função 
social que a construção desempenha em nossos dias. 
Fatos marcantes da ciência e da tecnologia 
1637 – Descarte publicou o primeiro tratado da geometria analítica e formula 
as leis da refração; 
1642 – Pascal lança a primeira máquina de calcular; 
1660 – Lei de Hooke para resistência dos materiais; 
1674 – Cálculo infinitesimal por Newton e Leibniz; 
1745 – Von Kleist inventa o capacitor; 
1752 – Franklin inventa o para-raios; 
1768 – Monge inventa a Geometria Descritiva; 
1789 – Lei da Conservação das Massas por Lavoisier; 
1800 – Primeira bateria elétrica por Alessandro Volta; 
1802 – Gay Lussac formula a Lei de Dilatação dos Gases; 
1805 – Fourier cria as suas séries; 
1831 – Faraday descobre a indução eletromagnética; 
1834 – Babbage inventa a máquina analítica, ancestral do computador; 
1837 – Morse inventa o telégrafo; 
1878 – Tomas Edison inventa a lâmpada elétrica; 
1891 – A primeira linha de transmissão de energia alternada é construída 
Princípios na ciência 
Segundo ASTOLFI, (1995) Pode-se dizer que a ciência apoia-se 
basicamente, entre outros, sobre cinco pilares: 
1. Princípio fundamental: o principal objetivo da ciência é compreender 
o universo em sua realidade e totalidade. 
2. Princípio uno: a ciência é única, pois o universo tangível também o 
é. 
 
 
10 
 
3. Princípio naturalista: nunca usar o sobrenatural para descrever a 
natureza e o universo. As ideias propostas devem manter-se compulsoriamente 
atadas a fatos naturalmente verificáveis; devem ser inequivocamente corroboradas 
por tantos quanto os possíveis, e por pelo menos um. 
4. Princípio da falseabilidade: as hipóteses devem ser sempre 
testáveis (falseáveis); apenas um novo fato verificável, contudo, contraditório, é 
suficiente para que as ideias teóricas conflitantes sejam compulsoriamente 
recicladas ou abandonadas. 
5. Princípio da generalidade e simplicidade: as teorias científicas 
devem ser as mais simples e abrangentes possíveis. Trata-se da conhecida navalha 
de ockham: “se em tudo o mais forem idênticas às várias explicações de um 
fenômeno, a mais simples é a melhor” (William de Ockham). Igualmente, se assume 
que: se em tudo o mais forem igualmente complicadas as várias explicações para 
um conjunto de fenômenos em enfoque, a mais abrangente é a melhor. 
 
2.2 As diversas ciências 
Semelhante à indagação filosófica, o saber científico também é racional e é 
produzido mediante a investigação da realidade, seja por meio de experimentos, 
seja por meio da busca do entendimento lógico de fatos, fenômenos, relações, 
coisas, seres e acontecimentos que ocorrem na realidade cósmica, humana e 
natural. Trata-se de um conhecimento que é sistemático, metódico e que não é 
realizado de maneira espontânea, intuitiva, baseada na fé ou simplesmente na 
lógica racional. Ele prevê, ainda, experimentação, validação e comprovação daquilo 
a que chega a título de representação do real. Mediante as leis que formula, o 
conhecimento científico possibilita ao ser humano elaborar instrumentos que são 
utilizados para intervir na realidade e transformá-la para melhor ou para pior. 
(ASTOLFI, J. P. & DEVELAY, M, 1995) 
 
 
11 
 
O termo ciência pode ser encarado sob dois pontos de vista: objetivo e 
subjetivo. 
» Objetivo: a ciência é um conjunto de verdades certas e logicamente 
encadeadas entre si, de maneira que forme um sistema coerente. 
» Subjetivo: a ciência é o conhecimento certo das coisas por suas 
causas ou por suas leis.(A pesquisa das causas propriamente ditas (ou o 
porquê das coisas) é reservada principalmente à Filosofia.). Só existe ciência 
do geral e do necessário. Isto resulta da própria definição da ciência. 
As ciências da natureza são disciplinas particulares, abrangendo os 
diferentes domínios do real. Seu número é indefinido e elas não cessam de se 
multiplicar na medida em que o estudo da natureza chega a colocar em evidência a 
complexidade dos fenômenos naturais. (ASTOLFI, J. P. & DEVELAY, M, 1995) 
A classificação das ciências tem por objeto determinar e ordenar 
logicamente esses grupos ou categorias. 
2.3 Classificações das ciências 
As diferentes classificações 
Os filósofos, há muito procuram classificar racionalmente as ciências. Tal 
classificação teria, com efeito, a vantagem de dar uma espécie de quadro 
ordenado de todo o real. Os principais ensaios de classificação são os seguintes: 
» Classificação de Aristóteles. Aristóteles distribui as diversas ciências 
em teórica (Física, Matemática, Metafísica) e práticas (Lógica e Moral). 
» Classificação de Bacon. Bacon divide as ciências segundo as 
faculdades que elas fazem intervir: ciências de memória (história), de 
imaginação (poesia), de razão (filosofia ). 
» Classificação de Ampare. Ampare classifica as ciências em 
cosmológicas (ou ciências da natureza) e noológicas (ou ciências do espírito). 
» Classificação de Augusto Comte. As classificações precedentes 
não são rigorosas, porque as divisões que propõem não são irredutíveis (15). A 
 
 
12 
 
classificação de Augusto Comte é melhor porque se baseia num princípio mais 
rigoroso. Consiste em classificar as ciências segundo sua complexidade 
crescente e sua generalidade decrescente, o que dá a ordem seguinte 
(corrigindo e completando a de Augusto Comte): Matemática, Mecânica, 
Física, Química, Biologia, Psicologia, Sociologia. (ASTOLFI, J. P. & 
DEVELAY, M, 1995) 
As ciências 
O homem é objeto de estudo das diversas ciências, como Filosofia, Física, 
Biologia, Psicologia, Sociologia, Antropologia, etc., que procuram descrever e 
explicar os aspectos multitemáticos de sua vida, e suas necessidades são objeto de 
estudos em outras ciências, mas todas têm como objetivo melhorar a qualidade de 
vida ou entender a dinâmica do problema. (ASTOLFI, J. P. & DEVELAY, M, 1995) 
Filosofia 
Segundo Meirelles (1996) a Filosofia é um termo com variadas definições. 
A filosofia busca o saber absoluto, as causas de todas as coisas, a essência do ser, 
a realidade total e absoluta. As primeiras ideias foram desenvolvidas no século VI 
a.C, com o filósofo grego Tales de Mileto e, mais tarde, com Platão, Sócrates e 
Aristóteles. 
Eis alguns dos principais filósofos: 
 Tales de Mileto (c. 630-545 a.C.), matemático e filósofo grego; 
 Sócrates (470-399 a.C.); 
 Demócrito (460-370 a.C.); 
 Platão (428-348 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), filósofos gregos; 
 Roger Bacon (1214-1294) e Francis Bacon (1561-1626), filósofos 
ingleses; 
 Descartes (1596-1650), filósofo francês; 
 La Mattrie (1709-1751); 
 
 
13 
 
 Kant (1724-1804), filósofo alemão. 
 Física 
Física é a ciência que estuda os fenômenos naturais e as propriedades das 
matérias, segundo ordem e critérios teóricos e experimentais. Os mais importantes 
físicos: (MEIRELLES 1996) 
 Arquimedes (287-212 a.C.); 
 Ptolomeu (100-178); 
 Copérnico (1473-1543); 
 Galileu (1564-1642); 
 Kepler (1571-1630); 
 Newton (16421727), matemático, físico e astrônomo inglês Suas 
pesquisas causaram uma verdadeira revolução na história de diversas ciências; 
 Bessel (1784-1846); 
 Einsten (1879-1955), um dos maiores cientistas do século XX. 
Biologia 
Biologia é a ciência que estuda a estrutura, a função e a evolução dos 
seres vivos. Destacaram-se nesse ramo da ciência: (MEIRELLES 1996) 
 Hipócrates (460-380 a.C.), considerado o pai da Medicina; 
 Herófilo e Erasistrato (século III a.C.); 
 Galeno (século II); 
 Vesálio (1514-1564); 
 Harvey (1578-1657); 
 Van Leeuwenhoek 
(1632-1723); 
 Lineu (1707-1778). 
 
 
14 
 
2.4 Interface da construção civil com outras áreas 
Diversas são as interações da engenharia civil com outras áreas à medida 
que para a sua implementação faz-se necessário ou o conhecimento ou uso do 
objeto de estudo. Uma vez que podemos exemplificar com a produção de materiais 
de construção que dependem, em grande parte, da Química. Para melhor 
desempenhar suas funções, os profissionais da área de construção civil procuram 
formação complementar em tecnologia dos materiais. O crescimento do emprego 
de polímeros na construção civil demanda profissionais que atuem nessa interface. 
Esta interação está presente, também, na produção de cimento, aço, cerâmica, 
vidro, elastômeros e tintas. (TAVARES, 2008) 
Agropecuária, a interface da construção civil dá-se, por exemplo, no que se 
refere ao extrativismo da madeira, quanto à especificação de seus tipos, às suas 
propriedades físicas e mecânicas, às técnicas de beneficiamento, conservação e 
estocagem, à resistência ao ataque de térmitas e fungos, etc. (TAVARES, 2008) 
A informática ou tecnologia computacional é uma área que praticamente 
está interagindo com todas as áreas profissionais; na construção civil, está 
caracterizada no uso e no desenvolvimento de ferramentas computacionais para 
auxílio e intervenção na execução em projetos. (TAVARES, 2008) 
Na área de artes, a engenharia auxilia na execução de manutenção e 
restauração, em que patrimônios e obras de valor histórico e artístico exigem 
conhecimentos de história da arte e de técnicas; questão de uso corrente, por 
exemplo, entre pintores e escultores. (TAVARES, 2008) 
A geomática interage com a área de construção civil auxiliando no 
posicionamento e no anteprojeto de grandes obras, como barragens, estradas, 
canais, etc. A utilização de bancos de dados georreferenciados possibilita a 
prevenção e o controle de riscos ambientais, definindo as obras necessárias e as 
formas de execução destas. (TAVARES, 2008) 
A interação da construção civil com a área de telecomunicações ocorre na 
definição do projeto de instalações, possibilitando a definição de posicionamentos 
em consonância com o projeto elétrico, de modo a não interferir nos sinais que 
 
 
15 
 
circulam pela rede. A utilização de conhecimentos em telecomunicações, 
especialmente quanto às especificidades de ductos, cabos e conectores, definirão 
as obras necessárias e as formas de execução. (TAVARES, 2008) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
3 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL 
Da necessidade de proteção das variações ambientais, habitando em 
cavernas, mesmo que temporariamente, o homem por sua necessidade de abrigo, 
inventou o conceito de habitação. Com a concentração de indivíduos em uma 
mesma área ou região, surgiram as comunidades e a formação de aldeias, tribos e 
feudos. (BERGSON, 1964) 
Os homens das cavernas criavam, com galhos e pedras, lanças para ajudar 
na caça e na pesca, com a necessidade contínua de proteção e expansão territorial. 
Devido ao aumento de população das comunidades, começaram a desenvolver 
ferramentas rudimentares, porém mais elaboradas; eram artefatos que auxiliariam 
nas atividades domésticas ou para proteção. (BERGSON, 1964) 
Dessa permanência mais constante pelo homem em uma única região, veio 
a necessidade de proteger e posteriormente expandir seus territórios. Inicialmente, 
existiam apenas duas classificações para a engenharia, quais sejam: civil e militar; 
o que as diferenciava eram as naturezas das construções; a engenharia militar 
destinava-se apenas a construções de equipamentos militares como muralhas e 
fortes, e a engenharia civil destinava-se às construções de obras que beneficiariam 
os demais cidadãos (habitação, canais, igrejas etc). (BERGSON, 1964) 
A engenharia antiga inicialmenteera baseada na observação, na 
necessidade direta ou no problema, na utilização de recursos naturais existentes e, 
fundamentalmente, na experiência prática acumulada dos seus mestres, 
construindo-se, assim, pontes, fortificações, canais, estradas, entre outros, 
posteriormente. Esse fato divide a história da engenharia em: a pedra fundamental 
científica da engenharia moderna. (BERGSON, 1964) 
Já engenharia moderna baseia-se na aplicação generalizada dos 
conhecimentos científicos, na solução dos problemas, na construção das mesmas 
obras da engenharia antiga, porém pautados na ciência e no auxílio da tecnologia 
e em conhecimentos como estrutura da matéria, fenômenos eletromagnéticos, leis 
da mecânica, modelagens matemáticas e modelos físicos. (BERGSON, 1964) 
 
 
 
17 
 
Marcos históricos 
 
Principais marcos históricos 
 
 1510: Leonardo da Vinci, entre diversos outros projetos criados, 
inventou uma roda horizontal que aproveitava uma queda d´água cujo princípio de 
funcionamento foi utilizado para a construção da turbina hidráulica; 
 1590: Galileu, entre diversos outros feitos, criou o experimento 
científico por meio da experimentação com queda livre de corpos de massas 
diferentes. 
 1638: Galileu calculou e determinou o valor da resistência à flexão que 
uma viga poderia suportar, estando esta viga engastada a uma parede de um lado 
e submetida a um peso do outro. 
 1642-1727: Newton formulou suas três leis e mais a Lei da Gravitação 
Universal, inventou o cálculo, e descobriu os segredos da luz e das cores. 
 1663-1729: Thomas Newcomen criou as primeiras máquinas a vapor. 
Um dos grandes responsáveis pela “Revolução Industrial” foi a utilização da 
máquina a vapor na tecelagem em 1782, e a criação, por Cartwright, em 1785, do 
tear mecânico. 
 1832: Pixii criou o primeiro gerador elétrico, e Gramme, 
definitivamente, em 1871, deu a partida nos motores elétricos como fontes de 
energia. 
3.1 O surgimento da engenharia moderna 
No século XVIII, com o desenvolvimento da Matemática e da compreensão 
dos fenômenos da Física, nasceu a engenharia moderna, dentro dos exércitos; as 
descobertas dos elementos químicos, que permitiram maior poder de fogo, 
obrigaram a uma completa modificação nas obras de fortificação, que, 
principalmente a partir do século XVII, passaram a exigir profissionais habilitados 
para o seu planejamento e sua execução. (BERGSON, 1964) 
 
 
18 
 
A necessidade de realizar construções que fossem ao mesmo tempo 
sólidas e econômicas e, também, estradas, pontes e portos para fins militares forçou 
o surgimento dos oficiais engenheiros e a criação de corpos especializados de 
engenharia nos exércitos. Isso ocorreu na França, em 1716, por iniciativa de 
Vauban, e em Portugal, em 1763, no reinado de D. José I, como parte da 
reorganização do exército português, promovida pelo Conde de Lipe, contratado 
para esse fim pelo Marquês de Pombal. (BERGSON, 1964) 
 
Em Portugal, desde o início do século XVIII, havia começado um surto de 
progresso da engenharia e ciências afins (astronomia, cartografia etc.), por iniciativa 
do Rei D. João V. Para esse progresso muito contribuíram Manoel de Azevedo 
Fortes, engenheiro-mor do reino, e o Colégio de Santo Antão, dirigido pelos padres 
jesuítas, no qual, desde o século XVI, havia a Aula da Esfera, na qual se ensinava 
matemática aplicada à navegação e as fortificações, e de onde provieram muitos 
dos engenheiros militares que atuaram no Brasil-colônia. (BERGSON, 1964) 
Nesse Colégio, o Rei D. João V mandou instalar, em 1739, um observatório 
astronômico que era tido como um dos melhores da Europa no seu tempo. Azevedo 
Fortes nunca esteve no Brasil, mas a sua influência foi grande na nossa engenharia, 
pelos projetos; principalmente pelo seu livro clássico O Engenheiro Português, 
verdadeira enciclopédia de todos os conhecimentos de engenharia de sua época. 
(BERGSON, 1964) 
3.2 Da origem da construção e necessidade do ser humano 
Sabemos que a construção remonta às origens da humanidade. Meirelles 
(1996) enfatiza que a intuição do perigo e o instinto de conservação levaram o 
homem a procurar abrigo nos recôncavos da natureza. Depois, escavou a rocha e 
habitou a caverna; abateu a árvore e fez a choupana; lascou a pedra e construiu a 
casa; manipulou a areia e fez a argamassa e ergueu o palácio; forjou o ferro e 
levantou o arranha-céu, num lento e perene aprimoramento da técnica de construir, 
que marcou o advento da Engenharia e da Arquitetura. Cada vez mais, percebe-se 
 
 
19 
 
que no futuro é necessário tratar a questão da qualidade habitacional como a busca 
do atendimento à satisfação das necessidades sociais, do bem-estar e da qualidade 
de vida do ser humano. 
3.3 Engenharia civil 
A engenharia civil é uma das mais antigas profissões da humanidade. O 
engenheiro civil é o profissional da área na indústria da construção civil; o resultado 
do trabalho do profissional permanece por longo período de tempo servindo a 
humanidade, como uma estrada, um edifício, uma rede de abastecimento de água, 
uma rede de esgotos, uma ponte, um túnel etc. (MEIRELLES 1996) 
O exercício desta profissão exige uma série de conhecimentos científicos e 
tecnológicos, principalmente nas áreas de física, matemática, informática, química, 
geologia, topografia, meio ambiente, administração, produção, logística, economia, 
arquitetura, urbanismo, ética profissional, humanidades e, modernamente, até 
biologia, entre outras. (MEIRELLES 1996) 
A história da engenharia civil confunde-se com a história da humanidade e, 
portanto, com a da civilização, desde a idade antiga até a era moderna. A 
engenharia civil é uma profissão-fim, pois é responsável pelo planejamento, 
coordenação, projeto, fiscalização, construção, operação e manutenção de 
qualquer obra ou atividade ligada à indústria da construção civil. (MEIRELLES 1996) 
Contemporaneamente, denomina-se engenharia o conjunto sistemático de 
conhecimentos e técnicas aplicadas ao projeto, construção e manutenção de 
estruturas materiais, quer se trate das edificações de natureza habitacional, 
industrial, militar e especial. (MEIRELLES 1996) 
3.4 Fatos históricos 
A primeira denominação para a engenharia civil vem dos romanos Ingenium 
Civitas, isto é, Engenharia das Cidades ou Engenharia da Civilização, pois era a 
profissão que durante o Império Romano era responsável por projetar e construir as 
 
 
20 
 
estradas, pontes, aquedutos, palácios, sistemas de esgotos, termas, ou qualquer 
obra ligada à vida das pessoas em sociedade. (MEIRELLES 1996) 
Cloaca Massima ou “Grande Esgoto”, em Roma, é uma das obras 
monumentais da época dos romanos. Essa grande rede subterrânea foi construída 
no final do século VI a.C., para receber esgoto, lixo e as águas pluviais. 
(MEIRELLES 1996) 
Os engenheiros civis romanos também foram eficientes na construção de 
pontes em arcos constituídos por blocos de rochas, palácios, estradas 
pavimentadas, entre outras maravilhas da engenharia civil e da arquitetura, que 
permanecem até hoje. Durante a Idade Média, a engenharia civil passou a ser 
denominada somente de engenharia e incorporava tanto a parte civil como a militar. 
Nessa fase da história, foram construídas grandes catedrais e castelos e os 
profissionais começaram a se organizar em sociedades de construtores. 
(BERGSON, 1964) 
A partir do início do século XVIII, passou a ser utilizada a denominação 
Engenharia Civil, mais precisamente em 1744, na Politécnica de Paris, França, 
quando houve a separação entre engenharia militar e civil. Sendo nessa época, o 
engenheiro civil, considerado profissional responsável pelo projeto e construção das 
obras de infraestrutura para a sociedade civil, sendo, portanto, o engenheiro que 
construía para o bem da humanidade. 
Na Inglaterra, o primeiro engenheiro civil foi John Smeaton (1725-1792), 
criou o Institution of Civil Engineersde Londres, considerado modernamente o 
Patrono da Engenharia Civil. Observa-se, portanto, que a engenharia civil era, 
naquela época, e continua sendo nos dias atuais, uma profissão muito ampla e de 
grande importância para a sociedade civil moderna, implicando muita 
responsabilidade para quem a exerce. 
Ao longo da história, a engenharia civil teve inúmeros profissionais que 
contribuíram para o progresso das ciências e da engenharia e para o 
desenvolvimento da humanidade por meio da materialização de suas obras. 
 
 
 
21 
 
A seguir, são apresentados de forma resumida alguns engenheiros civis e 
sua contribuição na engenharia civil: (BERGSON, 1964) 
 
 William John Macquorn Rankine. Engenheiro civil escocês (1820-
1872), que deu enorme contribuição a diversos ramos da engenharia, incluindo a 
área de mecânica dos solos com a teoria sobre empuxos em maciços terrosos, 
denominada de método de Rankine, nas áreas de termodinâmica com a escala de 
Rankine, e em mecânica. Inicialmente, teve interesse pela matemática e pela 
música, e, em seguida, passou a trabalhar com projetos e com a construção de 
sistemas fluviais, hidráulica, ferrovias e portos. 
 
 Henry Philibert Gaspard Darcy (1803-1858). Engenheiro civil francês. 
Lançou as bases da hidráulica, publicando a Lei de Darcy, sobre a perda de carga 
de fluidos através de condutos. 
 
 Charles Augustin de Coulomb (1736-1806). Engenheiro civil, 
matemático e cientista francês. Graduou-se em 1761 pela École du Génie at 
Mézières, de Paris. Coulomb deu enorme contribuição à Engenharia e à Física, 
principalmente na área de resistência dos materiais. Como profissional, envolveu-
se em diversas áreas, como projeto de estruturas, mecânica dos solos, fortificações, 
entre outras. Projetou e construiu o Forte Bourbon. 
 
 Stephen Prokofyevich Timoshenko (1878-1972). Engenheiro 
mecânico e civil russo. Graduado pela St. Petersburg Railway Engineering Institute, 
em 1901. Dedicou-se ao estudo da resistência dos materiais e sistemas estruturais, 
desenvolvendo vários métodos, principalmente em estática e dinâmica das 
estruturas. O professor Timoshenko é considerado o pai da mecânica, 
principalmente em análise de estruturas. 
 
 Marie François Eugène Belgrand (1810-1878). Remodelou Paris: sob 
a administração do Barão Haussmann e a coordenação do engenheiro civil. Paris 
 
 
22 
 
passou por uma intensa reconstrução, tendo produzido grandes avenidas, edifícios 
majestosos e um dos mais fabulosos sistemas de esgotos do mundo. Grande parte 
da atual Paris deve-se a esses grandes profissionais que tiveram a ousadia e a 
capacidade de vislumbrar o futuro e criar uma das mais belas cidades do mundo 
moderno 
 
 Gustave Alexandre Eiffel (1832-1923). Engenheiro civil; projetou a 
Torre Eiffel: especializado em projetos de estruturas metálicas, tendo projetado 
centenas de outras obras famosas, como a estrutura da Estátua da Liberdade, em 
Nova York, o viaduto de Garabit, na França, e a ponte do Porto, em Portugal. Eiffel 
foi o primeiro engenheiro a construir um túnel de vento para análise de aerodinâmica 
dos primeiros aviões na década de 1910. 
 
 Ferdinand de Lesseps (1805-1894). Engenheiro civil francês. Projetou 
e construiu o Canal de Suess: ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, através 
do Egito. Foi também um dos primeiros idealizadores do Canal do Panamá que teve 
início entre 1881 e 1889 pelos franceses, com Lesseps à frente do projeto, tendo 
sido abandonado devido aos problemas enfrentados pela selva e as condições 
insalubres. A partir de 1904, as obras foram retomadas pelos Estados Unidos. 
 
 Karl Terzaghi (1883-1963). Em 1928, o Professor Karl Von Terzaghi 
publicou o primeiro livro denominado Soil Mechacnics, lançando os fundamentos da 
Mecânica dos Solos como ciência de Engenharia Civil. Nasceu em Praga, formouse 
engenheiro civil em Viena, na Áustria, onde publicou sua tese de doutoramento. 
Emigrou para os Estados Unidos, onde foi professor e pesquisador na Universidade 
de Harvard, no MIT (Massachusetts Institute of Technology), e, juntamente com 
outros pesquisadores, desenvolveu as bases da mecânica dos solos, publicando 
uma quantidade muito grande de artigos na área de geotécnica. Até o início do 
século XX, os trabalhos na área de geotécnica eram realizados com base na 
experiência do profissional. Terzaghi é considerado o pai da mecânica dos solos e 
um dos maiores engenheiros civis do século XX. A ASCE (American Society of Civil 
 
 
23 
 
Engineers) concede aos maiores especialistas em geotécnica, que tenham 
contribuído para o desenvolvimento da área, o prêmio Terzaghi Lecture. 
 
Eminentes engenheiros civis brasileiros 
 
Segundo Azevedo, 1963 a engenharia civil no Brasil é bem desenvolvida, 
equiparando-se à dos países mais desenvolvidos. Isto se deve à construção de 
grandes obras como usinas hidrelétricas, rodovias, pontes etc., e a centros de 
pesquisas avançadas nas diversas áreas da engenharia civil. Ao longo da história, 
o Brasil contou com inúmeros profissionais de elevada competência, entre eles, 
podem-se citar: 
 
 André Rebouças (1843-1898): nascido na Bahia, seguiu a carreira de 
engenheiro civil, tornando-se o responsável por importantes obras ferroviárias, 
portuárias e de saneamento em diversas províncias do Brasil. Foi militante do 
movimento abolicionista junto com José do Patrocínio, tendo fundado, com Joaquim 
Nabuco, o Centro Abolicionista da Escola Politécnica, onde era professor e 
jornalista. 
 
 Eugenio Gudin (1886-1986): engenheiro civil pela Escola Politécnica 
do Rio de Janeiro (1905). Professor da Universidade do Brasil. Atuou como 
Engenheiro na construção de Ribeirão das Lages; nas obras do Rio Carioca do 
abastecimento de água do Rio de Janeiro, da Exposição Nacional de 1908 e de 
várias outras obras, tais como na Construção da grande represa do Acarape no 
Ceará. Foi Presidente da Associação das Estradas de Ferro do Brasil da Companhia 
Paulista de Força e Luz e da Sociedade Brasileira de Economia Política. Doutor 
honoris causa pela Universidade de Dijon, França e pela Universidade da Bahia 
(1957), recebeu também, Diploma de Doutor honoris causa da Escola Superior de 
Guerra (1978). Professor da Universidade do Brasil (1957). Sócio honorário da 
American Economic Association. Homem Global (1973) e Homem Visão (1974). 
 
 
 
24 
 
 Francisco Paes Leme de Monlevade (1861-1944): engenheiro civil 
responsável pela primeira eletrificação ferroviária no Brasil. Diretor (1897) e inspetor 
geral da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (1907-1927), implantou a 
eletrificação da linha principal da Cia. Paulista, no interior do Estado de São Paulo. 
 
Este feito fez com que de 1921 a 1926, o Brasil ganhasse uma ferrovia 
eletrificada com o sistema mais moderno existente na época, superando então 
quase todos os demais países. 
Entre outros iminentes engenheiros civis brasileiros, podem-se citar, ainda: 
Figueiredo Ferraz, Prestes Maia, Odair Grillo, Ramos de Azevedo, Teodoro 
Sampaio, Aarão Reis, Lucas Nogueira Garces, Falcão Bauer, Milton Vargas etc. 
A história da engenharia civil confunde-se com a história da humanidade e, 
portanto, com a história da civilização, desde a idade antiga até a era moderna. 
Cada livro de história descreve o homem inserido com suas manifestações 
arquitetônicas, disputas territoriais, políticas etc. (AZEVEDO, 1963) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25 
 
4 ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL 
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por meio 
do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), considera não apenas a dimensão 
econômica, mas as sociais, políticas e culturais, que são aferidos anualmente, tendo 
como indicador não apenas o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, mas a 
longevidade e a educação trazem consigo critérios diretamente ligados à 
expectativa de vida e à taxade alfabetização. Como medida de avaliação da 
qualidade de vida das pessoas, os números têm influência sob praticamente todos 
os vetores do desenvolvimento: saneamento, habitação, infraestrutura, agricultura, 
produção. (AZEVEDO, 1963) 
 
Engenharia civil 
Lembremos que contemporaneamente, denomina-se engenharia o 
conjunto sistemático de conhecimentos e técnicas aplicadas ao projeto, construção 
e manutenção de estruturas, quer se trate das edificações de natureza habitacional 
ou viária, funcional ou produtiva, quer se trate de máquinas de produção em série, 
instrumentos, veículos, aparelhos ou máquinas para o prolongamento da vida 
humana. O nome também designa a profissão de quem se ocupa de um ou mais 
desses campos do saber e fazer tecnológico. (AZEVEDO, 1963) 
Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se 
tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma 
personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um 
senso prático daquilo que vale a pena ser apreendido, 
daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser 
assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos 
profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura 
harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a 
compreender as motivações dos homens, suas quimeras e 
suas angústias para determinar com exatidão seu lugar 
exato em relação a seus próximos e à comunidade. Estas 
reflexões essenciais, comunicadas à jovem geração graças 
aos contatos vivos com os professores, de forma alguma se 
encontram escritas nos manuais. É assim que expressa e se 
forma de início toda a cultura. Quando aconselho com ardor 
‘as Humanidades’, quero recomendar esta cultura viva e não 
um saber fossilizado, sobretudo em história e filosofia. Os 
excessos do sistema de competição e de especialização 
prematura, sob o falacioso pretexto da eficácia, assassinam 
 
 
26 
 
o espírito, impossibilitam qualquer vida cultural e chegam a 
suprimir os progressos nas ciências do futuro. É preciso, 
enfim, tendo em vista a realização de uma educação, 
desenvolver o espírito crítico na inteligência do jovem. Ora, 
a sobrecarga do espírito pelo sistema de notas entrava e 
necessariamente transforma a pesquisa em superficialidade 
e falta de cultura. “O ensino deveria ser assim: quem o 
receba o recolha como um dom inestimável, mas nunca 
como uma obrigação penosa” (Einstein, 1981, p. 29). 
Convém destacar, como apresentamos anteriormente, que a engenharia 
civil é uma das mais antigas profissões da humanidade. Para a engenharia civil, 
uma definição geral é: “engenharia civil é a arte da aplicação da ciência e da 
tecnologia na utilização racional dos recursos naturais em benefício do homem em 
sociedade”. (AZEVEDO, 1963) 
Durante a Idade Média, a engenharia civil passou a ser denominada 
somente de engenharia e incorporava tanto a parte civil como a militar. Nessa fase 
da história, foram construídas grandes catedrais e castelos e os profissionais 
começaram a se organizar em sociedades de construtores. Modernamente, a 
denominação de engenharia civil passou a ser utilizada a partir do início do século 
XVIII, mais precisamente em 1744, na Politécnica de Paris, França, quando houve 
a separação entre engenharia militar e civil. Sendo nessa época, o engenheiro civil 
considerado o profissional responsável pelo projeto e construção das obras de 
infraestrutura para a sociedade civil, sendo, portanto, o engenheiro que construía 
para o bem da humanidade. Na Inglaterra, o primeiro engenheiro civil foi John 
Smeaton (1725-1792), que criou o Institution of Civil Engineers de Londres, 
considerado modernamente o Patrono da Engenharia Civil. Observa-se, portanto, 
que a engenharia civil era, naquela época, e continua sendo nos dias atuais, uma 
profissão muito ampla e de grande importância para a sociedade civil moderna, 
implicando muita responsabilidade para quem a exerce. A engenharia civil é uma 
profissão-fim, pois é responsável pelo planejamento, coordenação, projeto, 
fiscalização, construção, operação e manutenção de qualquer obra ou atividade 
ligada à indústria da construção civil. Na história moderna, a engenharia civil 
produziu e produz mudanças na geografia da Terra, com a construção de grandes 
canais, como o Canal do Panamá, que liga o Oceano Atlântico ao Pacifico, e o Canal 
 
 
27 
 
de Suez, ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, construção de grandes 
túneis submarinos, pontes, ferrovias transcontinentais, ilhas artificiais para grandes 
aeroportos etc. (AZEVEDO, 1963) 
4.1 Engenharia e arquitetura 
Tudo indica que, desprezando alguns séculos, a engenharia e a arquitetura, 
áreas de uma mesma raiz científica, como exemplos, são tantas, às vezes, em que 
os projetos arquitetônicos exigem esbeltez dos pilares, das vigas, das lajes etc., 
mas o engenheiro civil compromissado com a estática, com os princípios científicos, 
com a segurança e com a normalização faz robustecer aquelas estruturas, 
causando polêmicas, tanto teóricas como no dia a dia da atuação profissional. Mas, 
ao mesmo tempo, devido a essas mesmas discussões e às provocações 
arquitetônicas, a engenharia civil estrutural tem evoluído, buscando sempre 
responder aos desafios (de encontrar soluções ousadas) que sua «irmã arquitetura» 
apresenta-lhe. Arquitetura pode ser definida de acordo com vários autores em 
diversas partes do mundo, como a arte de planejar o espaço, tanto no meio 
ambiente, como em edifícios e obras, dentro de um partido funcional e estético, 
procurando atender às necessidades do ser humano e respeitando as 
peculiaridades do meio ambiente. (BARROS NETO, 2003) 
4.2 As primeiras escolas de engenharia 
Em 1747, atendendo à demanda de conhecimentos para resolver as 
crescentes conquistas como extração de minérios, siderurgia, metalurgia, 
construção de pontes, estradas e canais, surge a primeira escola, a École des Ponts 
et Chaussées. 
Em 1774 surge a École Polytechnique, na França, apoiada em estudiosos 
como Poisson, Navier, Poncelet e outros, para ensinar aplicações matemáticas para 
problemas de Engenharia, surgindo, ainda, outras escolas pela França. 
 
 
28 
 
No século XIX, surgem as primeiras escolas fora da França, no caso na 
Alemanha e nos Estados Unidos (MIT – 1865 West Point – 1794/1802 e outras); 
4.3 Início da engenharia no Brasil 
Obra de Engenharia, como já era entendida na época do Descobrimento, 
foi de fato iniciada com a chegada dos oficiais engenheiros europeus destacados 
para construírem edificações civis e religiosas. A Engenharia no Brasil não contou 
com grandes avanços no começo, pois a economia era baseada na escravidão, fato 
que não propiciava a criação de indústrias. O provável primeiro registro de ensino 
de Engenharia data de 1648, quando foi contratado Miguel Timermans, um 
holandês, para transmitir seus conhecimentos. A primeira escola criada foi a Real 
Academia de Artilharia, Fortificações e Desenho, em 1792; daquela época em 
diante, foi recebendo diversos nomes, modificando seu enfoque, até que, por fim, 
em 1858, tornou-se a Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Surgiram após, fora do 
Rio de Janeiro, outras escolas, como a Politécnica de São Paulo, em 1893, entre 
outras. (LINSINGEN, 1997) 
4.4 Comparando as escolas anteriores com as atuais 
A missão francesa chegou ao Rio de Janeiro no início de 1816, chefiada por 
Le Breton que reunia entre diversos artistas de renome da Europa, o arquiteto 
Grandjean de Montigny, acompanhado de dois assistentes e de diversos artífices. 
(LINSINGEN, 1997) 
 
O objetivo de D. João VI era utilizar os mestres europeus para: 
estabelecer no Brasil uma Escola Real de Ciências, Artes e 
Ofícios, em que se promova e difunda a instrução e 
conhecimentos indispensáveis aos homens destinados não 
só aos empregos públicos da administração do Estado, mas 
também ao progresso da agricultura, mineralogia, indústria 
e comércio, fazendose, portanto necessário aos habitanteso estudo das Belas Artes com aplicação referente aos 
ofícios mecânicos cuja prática, perfeição e utilidade 
 
 
29 
 
dependem dos conhecimentos teóricos daquelas artes e 
difusivas luzes das ciências naturais, físicas e exatas 
Decreto de 12 de agosto de 1816. Citado em TAUNAY, A. A 
Missão Artística de 1816 – publicação do Sphan – Rio de 
Janeiro. 
No período do governo de Aires de Saldanha foi construído um aqueduto 
que trazia a água das nascentes do rio da Carioca, ao longo das encostadas da 
serra, até o atual Largo da Carioca. Para atravessar o vale existente entre o morro 
de Santo Antônio e o de Santa Teresa, foi executada a obra arquitetônica mais 
notável do Brasil, no período colonial: uma construção ciclópica de alvenaria, com 
dupla arcada e considerável extensão. (LINSINGEN, 1997) 
Em resumo, a engenharia civil está presente em todos os lugares da Terra 
onde existe a presença da civilização e em todos os momentos da nossa vida, 
enquanto cidadãos. Está presente quando dirigimos nosso automóvel por uma 
rodovia, circulamos por uma rua ou avenida, no Metrô em que viajamos, no edifico 
em que trabalhamos, na residência em que vivemos; na água potável que bebemos 
e utilizamos, no lixo ou no esgoto que descartamos; na energia elétrica que 
consumimos nos aeroportos, que decolamos e aterrissamos com as aeronaves, nos 
portos onde são feitos os transbordos de mercadorias, nas ferrovias que 
transportam passageiros e cargas, nas hidrovias, nos túneis, no trânsito urbano, no 
planejamento dos sistemas de transportes de passageiros e de mercadorias, no 
planejamento urbano e territorial, nas barragens e diques, nas pontes e viadutos, 
nas escolas, nos hospitais, nas indústrias, nas fundações dos edifícios e pontes, 
nas áreas de lazer que frequentamos, enfim, em qualquer espaço construído ou 
modificado pelo homem na superfície e subsuperfície terrestre. (LINSINGEN, 1997) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30 
 
5 CARACTERIZAÇÃO DA PROFISSÃO DE ENGENHEIRO 
5.1 Áreas da engenharia civil 
A engenharia civil é uma profissão de extrema importância e está tão 
intimamente ligada à sociedade moderna e à segurança do ser humano nos 
diversos espaços construídos, que pode ser considerada uma engenharia social, 
pois dela depende, em grande parte, a vida do homem em sociedade. (BARROS 
NETO, 2003) 
As principais áreas da engenharia civil são: 
 Estruturas; 
 Estradas e transportes; 
 Geotécnica; 
 Hidráulica e saneamento; 
 Materiais; 
 Construção civil; 
 Meio ambiente. 
 
O engenheiro civil 
É o engenheiro da indústria da construção civil, sendo, portanto, um 
engenheiro pleno. Suas realizações trazem enorme gratificação ao engenheiro civil, 
na prática da profissão, pois é uma área em que o resultado do trabalho do 
profissional permanece por longo período de tempo servindo a humanidade, como 
uma estrada, um edifício, uma rede de abastecimento de água, uma rede de 
esgotos, uma ponte, um túnel etc. (BARROS NETO, 2003) 
O exercício dessa profissão exige uma série de conhecimentos científicos 
e tecnológicos, principalmente nas áreas de física, matemática, informática, 
química, geologia, topografia, meio ambiente, administração, produção, logística, 
economia, arquitetura, urbanismo, ética profissional, humanidades e, 
modernamente, até biologia, entre outras. (BARROS NETO, 2003) 
 
 
 
31 
 
 
Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966 
Do exercício profissional da engenharia, da arquitetura e da agronomia 
A Lei no 5.194 regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e 
Engenheiro-Agrônomo, e dá outras e providências 
As Atividades Profissionais na Seção I apresentam a caracterização e 
exercício das profissões no seu art. 1o descrito a seguir: 
Art. 1o As profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo são 
caracterizadas pelas realizações de interesse social e humano que 
importem na realização dos seguintes empreendimentos: 
a) aproveitamento e utilização de recursos naturais; 
b) meios de locomoção e comunicações; 
c) edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos 
seus aspectos técnicos e artísticos; 
d) instalações e meios de acesso a costas, cursos, e massas de água e 
extensões terrestres; 
e) desenvolvimento industrial e agropecuário. 
Art. 2o O exercício, no País, da profissão de engenheiro, arquiteto ou 
engenheiro agrônomo, observadas as condições de capacidade e demais 
exigências legais, é assegurado: 
a) aos que possuam, devidamente registrado, diploma de faculdade ou 
escola superior de Engenharia, Arquitetura ou Agronomia, oficiais ou 
reconhecidas, existentes no País; 
b) aos que possuam, devidamente revalidados e registrados no País, 
diploma de faculdade ou escola estrangeira de ensino superior de 
Engenharia, Arquitetura ou Agronomia, bem como os que tenham esse 
exercício amparado por convênios internacionais de intercâmbio; 
 
 
32 
 
c) aos estrangeiros contratados que, a critério dos Conselhos Federal e 
Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, considerados a 
escassez de profissionais de determinada especialidade e o interesse 
nacional, tenham seus títulos registrados temporariamente. 
Parágrafo único. O exercício das atividades de engenheiro, arquiteto e 
engenheiro agrônomo é garantido, obedecidos os limites das respectivas 
licenças e excluídas as expedidas, a título precário, até a publicação desta 
Lei, aos que, nesta data, estejam registrados nos Conselhos Regionais. 
Na Seção II da Lei aborda-se o uso do Título Profissional 
 
Art. 3o São reservadas exclusivamente aos profissionais referidos nesta 
Lei as denominações de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo, 
acrescidas, obrigatoriamente, das características de sua formação básica. 
Parágrafo único. As qualificações de que trata este artigo poderão ser 
acompanhadas de designações outras referentes a cursos de 
especialização, aperfeiçoamento e pós-graduação. 
Art. 4o As qualificações de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo 
só podem ser acrescidas à denominação de pessoa jurídica composta 
exclusivamente de profissionais que possuam tais títulos. 
Art. 5o Só poderá ter em sua denominação as palavras engenharia, 
arquitetura ou agronomia a firma comercial ou industrial cuja diretoria for 
composta, em sua maioria, de profissionais registrados nos Conselhos 
Regionais. 
 
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) 
Segundo o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia 
(Confea), surgiram oficialmente com esse nome em 11 de dezembro de 1933, por 
 
 
33 
 
meio do Decreto no 23.569, promulgado pelo então presidente da República, 
Getúlio Vargas e é considerado marco na história da regulamentação profissional e 
técnica no Brasil. 
Em sua concepção atual, o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e 
Agronomia é regido pela Lei n° 5.194, de 1966, e representa também os geógrafos, 
geólogos, meteorologistas, tecnólogos dessas modalidades, técnicos industriais e 
agrícolas e suas especializações, num total de centenas de títulos profissionais. 
O Confea zela pelos interesses sociais e humanos 
de toda a sociedade e, com base nisso, regulamenta 
e fiscaliza o exercício profissional dos que atuam 
nas áreas que representa, tendo ainda como 
referência o respeito ao cidadão e à natureza. 
(CONFEA, 2009) 
 
Ainda segundo o site da instituição, em seus cadastros, o Sistema 
Confea/Crea tem registrado, até a data atual, 900 mil profissionais que respondem 
por cerca de 70% do PIB brasileiro, e movimentam um mercado de trabalho cada 
vez mais acirrado e exigente nas especializações e conhecimentos da tecnologia, 
alimentada intensamente pelas descobertas técnicas e científicas do homem. 
O Conselho Federal é a instância máxima à qual um profissional pode 
recorrer no que se refere ao regulamento do exercício profissional. (CONFEA, 
2009). 
Segundo oConfea (2009), no seu endereço eletrônico é possível encontrar 
os normativos que regulamentam e regem o exercício profissional da Engenharia, 
Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, dos tecnólogos e dos 
técnicos industriais e agrícolas, e o funcionamento do Confea e dos Creas, tais 
como: 
Lei: norma geral de conduta que disciplina as relações de fato incidentes 
no direito, e cuja observância é imposta pelo poder estatal, sendo elaborada pelo 
Poder Legislativo, por meio do processo adequado. 
Decreto: ato do Presidente da República para estabelecer e aprovar o 
regulamento de lei, facilitando a sua execução. 
 
 
34 
 
Decreto-Lei: norma baixada pelo Presidente da República que se restringia 
a certas matérias e estava sujeita ao controle do Congresso Nacional. 
Resolução: ato normativo de competência exclusiva do Plenário do 
Confea, destinado a explicitar a lei, para sua correta execução e para disciplinar os 
casos omissos. 
Decisão Normativa: ato de caráter imperativo, de exclusiva competência 
do Plenário. 
Decisão Plenária: ato de competência dos Plenários dos Conselhos para 
instrumentar sua manifestação em casos concretos. 
 
O Confea é destinado a fixar entendimentos ou a determinar procedimentos 
a serem seguidos pelos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura (Creas), 
visando à uniformidade de ação. 
 
5.2 Câmara especializada 
Câmara Especializada é órgão decisório da estrutura básica do Crea-RJ. 
Constitui a primeira instância de julgamento no âmbito da jurisdição do Conselho 
Regional. 
Segundo o art. 46 da Lei no 5.194/1966, são atribuições da Câmara: 
a. julgar os casos de infração da presente lei, no âmbito de sua competência 
profissional específica; 
b. julgar as infrações do Código de Ética; 
c. aplicar as penalidades e multas previstas; 
d. apreciar e julgar os pedidos de registro de profissionais, das firmas, das 
entidades de direito público, das entidades de classe e das escolas ou faculdades 
na Região; 
e. elaborar as normas para a fiscalização das respectivas profissões; 
f. opinar sobre os assuntos de interesse comum de duas ou mais 
especializações profissionais, encaminhando-os ao Conselho Regional. 
 
 
35 
 
5.3 Legislação 
Lei n° 4.643, de 31 de maio de 
1965 
Determina a inclusão da especialização de engenheiro florestal na 
enumeração do art. 16 do Decreto-Lei no 8.620, de 10 de janeiro de 
1946. 
Lei n° 4.950-A, de 22 de abril de 
1966 
Dispõe sobre a remuneração de profissionais diplomados em 
Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária. 
Lei n° 5.194, de 24 de dezembro 
de 1966 
Regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e 
Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências. 
Lei n° 6.496, de 7 de dezembro de 
1977 
Institui a “Anotação de Responsabilidade Técnica” na prestação de 
serviços de Engenharia, de Arquitetura e Agronomia; autoriza a 
criação, pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e 
Agronomia (Confea), de uma Mútua de Assistência Profissional, e dá 
outras providências. 
Lei n° 6.619, de 16 de Dezembro 
de 1978 
Altera dispositivos da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e dá 
outras providências. 
Lei n° 6.838, de 29 de outubro de 
1980 
Dispõe sobre o prazo prescricional para a punibilidade de profissional 
liberal, por falta sujeita a processo disciplinar, a ser aplicada por órgão 
competente. 
Lei n° 6.839, de 30 de outubro de 
1980 
Dispõe sobre o registro de empresas nas entidades fiscalizadoras do 
exercício de profissões. 
Lei n° 7.270, de 10 de dezembro 
de 1984 
Acrescenta parágrafos ao artigo 145 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro 
de 1973 (Código de Processo Civil). 
Lei n° 7.802, de 11 de julho de 
1989 
Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a 
embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a 
comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, 
a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a 
classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, 
seus componentes e afins, e dá outras providências. 
Lei n° 8.078, de 11 de setembro 
de 1990 
Dispõe sobre a proteção do consumidor, e dá outras providências. 
Lei n° 8.195, de 26 de junho de 
1991 
Altera a Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966, que regula o 
exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro 
Agrônomo, dispondo sobre eleições diretas para Presidente dos 
Conselhos Federal e Regionais de Engenharia, Arquitetura e 
Agronomia, e dá outras providências. 
Lei n° 8.666, de 21 de junho de 
1993 
Com as alterações introduzidas pela Lei no 8.883, de 8 de junho de 
1994 (DOU de 9/6/1994) Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da 
Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da 
Administração Pública e dá outras providências. 
Lei n° 8.734, de 25 de novembro 
de 1993 
Acrescenta parágrafo ao artigo 3o e revoga o artigo 4o da Lei no 6.994, 
de 25 de maio de 1982. 
Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 
1998 
Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de 
condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras 
providências. 
 
 
36 
 
5.4 Definição de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) 
A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) não é apenas uma 
obrigação legal para todos os profissionais vinculados ao Crea. Ela valoriza o 
exercício profissional, confere legitimidade documental e assegura, com fé pública, 
a autoria e os limites da responsabilidade e participação técnica em cada obra ou 
serviço; gera as garantias jurídicas de um contrato. Com o registro da ART, todo 
profissional constrói seu Acervo Técnico. Esse documento é o espelho de suas 
realizações, de sua carreira. Tem efeito legal; é indispensável em licitações e 
representa um grande diferencial de sucesso individual. (CREA- RJ, 2009) 
Empresas e profissionais são distinguidos no mercado quando comprovam 
atividades técnicas de que participaram quando apresentam seu Atestado de 
Acervo Técnico. 
ART. online – no site do Crea, a situação cadastral de profissionais e 
empresas registrados pode ser conferida e, em caso de necessidade, todo 
procedimento para a emissão da ART pode ser feito de maneira simples e em 
poucos minutos, da residência ou escritório, por meio da ART. eletrônica, pela 
Internet. (CREA- RJ, 2009) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
6 PERFIL PSICOPROFISSIONAL DO ENGENHEIRO 
A engenharia civil é uma profissão de extrema importância e está tão 
intimamente ligada à sociedade moderna e à segurança do ser humano nos 
diversos espaços construídos, que pode ser considerada uma engenharia social, 
pois dela depende, em grande parte, a vida do homem em sociedade. O profissional 
que aceita o desafio que as demandas das profissões impõem, deve corresponder 
em eficácia e eficiência para melhor atender à sociedade. (BRUGER, 1987) 
O engenheiro 
A apropriação do termo engenheiro, pessoa que tinha engenho, inteligente, 
criador de artefatos, aquele que “aprende as ciências e artes mais dificultosas, 
inventa e obra muitas cousas”, tal qual Arquimedes foi qualificado por Tito Lívio 
como exímio engenheiro (BLUTEAU, 1717). A criatividade e a busca por soluções 
são os principais desafios do profissional de engenharia. 
6.1 Perfil do profissional de engenharia civil 
O perfil desejado para o profissional de engenharia civil é o de uma sólida 
formação científica e profissional com capacidade para apresentar propostas e 
soluções de problemas técnicos e experimentais, aplicando os conceitos absorvidos 
em situações do dia a dia, em seu campo de atuação. (BRUGER, 1987) 
O profissional da área deverá ter formação humanística e cultural para que 
lhe possibilite relacionamento humano adequado com os diferentes grupos com os 
quais, obrigatoriamente, terá contato. (BRUGER, 1987) 
Deverá estar apto a ocupar cargos de chefia e coordenação junto a 
empresas públicase privadas. A liderança e o dinamismo são características 
prioritárias no perfil dos engenheiros egressos, uma vez que o papel desempenhado 
no exercício profissional os colocará, continuamente, diante de situações em que 
 
 
38 
 
são exigidas posturas arrojadas, iniciativa e firme comunicação dos seus pontos de 
vista. (BRUGER, 1987) 
6.2 Ética 
Ética é um conjunto de princípios ou padrões pelos nos quais se pautam a 
conduta humana. Algumas vezes, a ética é chamada de “moral”, e por extensão, 
seu estudo frequentemente chamado de Filosofia Moral. Assim, como um ramo da 
Filosofia, Ética é considerada uma ciência normativa, já que trata de normas da 
conduta humana, em diferença às ciências formais (como Matemática e Lógica) e 
às ciências empíricas, como a Química e a Física. (BRUGER, 1987) 
Como se trata de um padrão de comportamento e conduta, a ética ou moral 
tem características próprias em cada civilização (a exemplo da Oriental e Ocidental) 
e em cada cultura. Por todo o tempo em que a humanidade tem vivido em grupos, 
a regulamentação moral tem sido necessária para o bem-estar desses grupos. 
Apesar de que a moral foi formalizada e transformada em padrões arbitrários de 
conduta, ela desenvolveu-se, algumas vezes irracionalmente, depois de que tabus 
religiosos foram violados, ou por meio de comportamentos fortuitos que se tornaram 
hábito e então regra, ou de leis impostas por chefes a fim de prevenir desarmonia 
em suas tribos. Mesmo as grandes civilizações egípcias e sumérias não geraram 
uma ética sistematizada; máximas e preceitos criados por líderes seculares 
misturaram-se com uma religião rígida que afetou o comportamento de cada 
egípcio. Na China, as máximas de Confúcio foram aceitas como código moral. 
(BRUGER, 1987) 
6.3 Habilidades 
Segundo Chassot, 1994 o profissional de engenharia civil deve ter as 
seguintes habilidades no exercício de sua função: 
 Compromisso com a ética profissional; 
 Iniciativa empreendedora; 
 
 
39 
 
 Disposição para auto aprendizado e educação continuada; 
 Comunicação oral e escrita; 
 Leitura, interpretação e expressão por meios gráficos; 
 Visão crítica de ordens de grandeza; 
 Domínio de técnicas computacionais; 
 Domínio de língua estrangeira; 
 Conhecimento da legislação pertinente; 
 Capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares; 
 Capacidade de identificar, modelar e resolver problemas; 
 Compreensão dos problemas administrativos, socioeconômicos e do 
meio ambiente; 
 Responsabilidade social e ambiental; 
 Pensar globalmente, agir localmente. 
 
6.4 Código de Ética do engenheiro 
O Código de Ética Profissional enuncia os fundamentos éticos e as 
condutas necessárias à boa e honesta prática das profissões da Engenharia, da 
Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia e relaciona 
direitos e deveres correlatos de seus profissionais, e tem alcance sobre os 
profissionais em geral, quaisquer que sejam seus níveis de formação, modalidades 
ou especializações. (CHASSOT, 1994) 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
7 ÁREAS DE ATUAÇÃO E ATRIBUIÇÕES 
A engenharia civil está presente em todos os lugares da Terra onde exista 
a presença da civilização e em todos os momentos da nossa vida, enquanto 
cidadãos. Em qualquer espaço construído ou modificado pelo homem na superfície 
e subsuperfície terrestre. Ao longo dos tempos, foi necessária maior capacitação e 
especialização dos profissionais para melhorar e garantir a qualidade dos 
resultados objetivos. Um dos desafios era nivelar e normalizar o comportamento 
profissional para atuação junto à sociedade. (FERRAZ, 1983) 
7.1 Áreas de atuação 
O engenheiro civil projeta e acompanha todas as etapas de uma construção 
e/ou reabilitação (reformas). Cabe-lhe garantir a segurança da edificação, exigindo 
que os materiais empregados na obra estejam de acordo com as normas técnicas 
em vigor. A engenharia civil tem, de alguma forma, relação com todas as atividades 
humanas, notadamente com a Arquitetura. (FERRAZ, 1983) 
Deve estudar as características dos materiais, do solo, incidência do vento, 
destino (ou ocupação) da construção. Com base nesses dados, desenvolve o 
projeto dimensionando e especifica as estruturas, hidros sanitárias e gás, bem como 
os materiais a serem utilizados. No gabinete de obra, chefia as equipes, 
supervisionando os prazos, os custos e o cumprimento das normas de segurança, 
de saúde e de meio ambiente. (FERRAZ, 1983) 
7.2 Atribuições: Resolução no 218 
A Resolução Confea no 218, de 29/6/1973 estabelece em seu art. 1o que 
para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes 
modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível 
médio, ficam designadas as seguintes atividades: 
 
 
41 
 
1. Supervisão, coordenação e orientação técnica; 
2. Estudos, planejamento, projeto e especificação; 
3. Estudos de viabilidade técnica e econômica; 
4. Assistências, assessoria e consultoria; 
5. Direções de obra e serviço técnico; 
6. Vistorias, perícia, avaliação, arbitramento, laudo, parecer técnico; 
7. Desempenhos de cargo e função técnica; 
8. Ensinos, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica, 
extensão; 
9. Elaborações de orçamento; 
10. Padronizações, mensuração e controle de qualidade; 
11. Execuções de obra e serviço técnico; 
12. Fiscalizações de obra e serviço técnico; 
13. Produções técnica especializada; 
14. Conduções de trabalho técnico; 
15. Conduções de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou 
manutenção; 
16. Execuções de instalação, montagem e reparo; 
17. Operação e manutenção de equipamento e instalação; 
18. Execuções de desenho técnico. 
 
 
42 
 
7.3 Responsabilidades técnicas 
Toda obra depende, para sua legalidade, da Anotação de Responsabilidade 
Técnica (ART). Esta define para efeitos legais, os responsáveis técnicos, pela 
execução de obras ou prestações de serviços de engenharia, objeto do contrato; 
protege e limita a responsabilidade do profissional, identifica para o proprietário, em 
caso de discussões futuras, as possíveis responsabilidades por danos no projeto, 
obra ou serviço contratado. O engenheiro civil, ao se responsabilizar tecnicamente 
por uma construção tem por obrigação acompanhar a execução do projeto, 
fiscalizando tudo, desde a qualidade dos materiais empregados até a sua aplicação 
na obra. Assume, também, a responsabilidade de cumprir as leis do Código de 
Obras. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo demonstrar que a 
responsabilidade do engenheiro civil na Anotação de Responsabilidade Técnica. 
Para tanto, utilizasse do método dedutivo bibliográfico tendo como referências 
bibliográficas, doutrinas, legislação, artigos de revistas especializadas e 
jurisprudências. (FERRAZ, 1983) 
Direito de construir e a harmonia na vida comunitária 
Meirelles (1996) bem inicia sua composição literária, descrevendo que o 
direito de propriedade é o que afeta diretamente as coisas corpóreas – móveis ou 
imóveis, subordinando-as à vontade do homem. O direito de propriedade é real, no 
sentido de que incide imediatamente sobre a coisa e a segue em todas as suas 
mutações e, o domínio particular vem-se socializando ao encontro da afirmativa de 
Léon Duguit, de que: “a propriedade não é mais o direito subjetivo do proprietário; 
é a função social do detentor da riqueza”. 
Alves (1999) destaca: “Com efeito, o direito de propriedade é considerado 
não ilimitado e de exercício condicionado. Sempre o fora, mas, hoje, o elemento 
social, nele implícito, aflora de modo palmar”. 
Inegavelmente, a afirmativa de René Dekkers, transcrita por Alves (1999), 
procede em todos os seus termos, em progressos da tecnologia e o êxodo. 
 
 
43 
 
Direito de propriedade: função e evolução 
Do campo à cidade densificaram a sociedade, de tal modo que os conflitos 
entre vizinhos tornaramse praticamenteinevitáveis, e que, a vizinhança, como 
círculo social, organismo social, antecedeu a propriedade imóvel. Essa surgiu com 
a intervenção operada pelo elemento territorial, causa mesma de evolução do grupo 
social. (MEIRELLES,1996) 
Construção ou edificação – qual a diferença? 
Inicialmente, impõe-se a fixação de alguns conceitos técnicos da 
construção civil. 
Alves (1999) trata o termo construção que, a exemplo de edificação, é 
obra. Toma-se, com ele, a obra pelo gênero, de que espécie são a edificação, a 
demolição, a reforma, a reconstrução e a reparação. Destina-se, coberta, a abrigar 
atividade humana ou qualquer instalação, equipamento e material, a obra de 
construção denomina-se edificação. 
O significado de “prédio” 
Comumente, ouvimos e até tratamos, genericamente, em mais de um termo 
o significado de construção: o termo construção propriamente dito, a edificação, e 
atribuímos um terceiro termo: prédio mais às edificações de médio a grande porte, 
principalmente quando possui mais de um pavimento. O vocábulo prédio, em 
Direito, significa, genericamente, a propriedade fundiária: a terra com suas 
construções e servidões; mas, na linguagem comum, o termo prédio vem se 
tornando privativo da construção, ou mais propriamente, da edificação, em que se 
encontra com frequência nas escrituras de alienação, a referência específica: 
“terreno e prédio nele construído. (MEIRELLES, 1996). 
Alves (1999) bem complementa que no conceito de prédio integram-se o de 
subsolo, solo e sobressolo. Ainda, o de edificação ou, mais largamente, o de 
 
 
44 
 
construção. A ideia de prédio é mais ampla que a de terreno, pedaço da terra, que 
está no substrato. (MEIRELLES,1996) 
8 O EMPREENDIMENTO DE ENGENHARIA E SUAS FASES 
Contemporaneamente, denomina-se engenharia o conjunto de 
conhecimentos e técnicas aplicadas ao projeto, construção e manutenção de 
estruturas materiais, quer se trate das edificações de natureza habitacional ou 
viária, funcional ou produtiva, quer se trate de máquinas de produção em série, 
instrumentos, veículos, aparelhos ou máquinas para o prolongamento da vida 
humana. O nome também designa a profissão de quem se ocupa de um ou mais 
desses campos do saber e fazer tecnológico. O projeto e a construção de estruturas 
são áreas da engenharia civil nas quais muitos engenheiros civis especializam-se. 
Estes são os chamados engenheiros estruturais. A engenharia estrutural trata do 
planejamento, projeto, construção e manutenção de sistemas estruturais para 
transporte, moradia, trabalho e lazer. (MEIRELLES,1996) 
 
Engenharia civil 
Conceitos 
É o ramo da engenharia que projeta e executa obras como edifícios, pontes, 
viadutos, estradas, barragens e outras obras especiais. 
Todas as etapas de uma construção devem ser projetadas e 
acompanhadas por um engenheiro civil. Cabe-lhe garantir a segurança da 
edificação, exigindo que os materiais empregados na obra estejam de acordo com 
as normas técnicas em vigor. No gabinete de obra, chefia as equipes, supervisiona 
os prazos, controla os custos e fiscaliza o cumprimento das normas de segurança, 
saúde e meio ambiente. (BAZZO, 1990) 
 
 
 
 
45 
 
8.1 Planta, plano e projeto 
 Projeto: projeto de uma construção é o conjunto de documentos 
constituídos por estudos, cálculos e desenhos necessários à expressão técnica da 
obra a ser executada. 
O projeto abrange: 
› estudos preliminares, tais como medições do terreno, sondagens do 
subsolo e ensaios de laboratório; 
› os cálculos estruturais dos elementos de fundações, vigas, pilares, lajes e 
demais elementos estruturais; 
› desenhos representativos de todos os projetos, como de fundações, 
estruturas, instalações hidráulicas e sanitárias, instalações elétricas e 
comunicações, etc., com plantas, cortes, fachadas e detalhamentos; 
› especificações técnicas, com descrição detalhada dos materiais e das 
técnicas a serem utilizadas, de acordo com as teorias consagradas e as normas 
técnicas de todos os projetos, no que diz respeito à execução da obra; 
› memórias de cálculo; 
› orçamentos e cronogramas financeiros e executivos. 
Todos os projetos têm que ser confeccionados seguindo as melhores 
técnicas consagradas em todas as áreas da engenharia civil, tanto do ponto de vista 
teórico quanto experimental e científico. Além disso, devem estar de acordo com as 
normas técnicas relativas às metodologias, materiais e sistemas construtivos, 
relativos a cada área e descrito de forma detalhada por meio de memória de cálculo. 
(BAZZO, 1990) 
Todos os documentos dos projetos devem ser acompanhados da respectiva 
Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). 
Planta: é a representação gráfica e em escala de toda a obra ou de cada 
parte, na horizontal e em cortes, com detalhes que possam ilustrar e tornar o projeto 
fácil de entender e executar. 
 
 
46 
 
Escala: é a relação existente entre as dimensões do objeto real e as do 
desenho. As escala dos desenhos e as dimensões das folhas são normalizadas 
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 
Plano: no sentido amplo da palavra, dentro da construção civil é usado para 
a designação urbanística ou de outra área, como Plano Viário, Plano Urbanístico, 
Plano Diretor, Plano de Zoneamento, etc., mais utilizado pelo poder publico para a 
ordenação física regional e social de determinadas áreas. (VERGNA 2007) 
8.2 Características da construção civil 
Estrutura do setor 
Segundo os autores Filha, Costa e Rocha, a análise da cadeia produtiva da 
construção civil precisa levar em consideração as especificidades desse setor. 
Vergna (2007) lembra que o setor difere dos demais, dado que seus outputs são 
projetos únicos e há uma significativa complexidade de relacionamentos ao longo 
da cadeia produtiva. 
A figura a seguir, de Deconcic/Fiesp (2008), mostra um esquema geral da 
cadeia produtiva da construção civil, que se divide em duas edificações e 
construção pesada, ambas tendo o setor de materiais de construção como início de 
seu processo produtivo (elo a montante das cadeias). Os demais elos a montante e 
a jusante ou são prestadores de serviços (subcontratados) ou comerciantes e 
distribuidores. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Deconcic/Fiesp (2008), p. 13. 
Nesse contexto, entende-se que existem três principais subsetores a serem 
estudados: materiais de construção, construção pesada e edificações, que 
englobavam, em 2008, 80% do PIB total da cadeia, segundo trabalho desenvolvido 
por Abramat/FGV (2009). 
8.3 Materiais de construção 
Segundo Filha, Rocha, Costa, 2007 cada material de construção tem sua 
própria cadeia produtiva, o que contribui para a heterogeneidade do padrão de 
concorrência dos segmentos. Materiais cujo mercado é constituído por grandes 
empresas de capital intensivo e grande produtividade, como o cimento, coexistem 
com outros em que os produtos são fornecidos por empresas em que os processos 
produtivos ainda se baseiam em produção com pouco valor agregado, baixa 
 
 
48 
 
produtividade e pouca qualificação de mão de obra, como as olarias e a extração 
de areia. 
8.4 Construção pesada 
Para Filha, Costa e Rocha, 2007 o subsetor de construção pesada abrange 
atividades ligadas à construção de infraestrutura, ou seja, obras de construção de 
ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, relacionados à estrutura de transportes, 
além da construção de centrais de abastecimento de água, instalação de redes de 
esgoto e pavimentação de ruas, vinculadas à estrutura urbana. As atividades de 
construção de usinas de geração de energia (hidrelétricas, termelétricas, nucleares 
etc.) e das redes de distribuição de energia, assim como a execução de projetos 
relacionados a serviços de telecomunicações e a montagem de instalações 
industriais, também estão incluídas nesse subsetor. 
O principal cliente das obras de construção pesada

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