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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 2 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE ........................................................ 5 2.1 Regiões e suas conquistas científicas........................................................ 5 2.2 As diversas ciências ................................................................................. 10 2.3 Classificações das ciências ...................................................................... 11 2.4 Interface da construção civil com outras áreas ........................................ 14 3 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL ........................................ 16 3.1 O surgimento da engenharia moderna ..................................................... 17 3.2 Da origem da construção e necessidade do ser humano ........................ 18 3.3 Engenharia civil ........................................................................................ 19 3.4 Fatos históricos ........................................................................................ 19 4 ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL .................................................................. 25 4.1 Engenharia e arquitetura .......................................................................... 27 4.2 As primeiras escolas de engenharia ........................................................ 27 4.3 Início da engenharia no Brasil .................................................................. 28 4.4 Comparando as escolas anteriores com as atuais ................................... 28 5 CARACTERIZAÇÃO DA PROFISSÃO DE ENGENHEIRO ............................ 30 5.1 Áreas da engenharia civil ......................................................................... 30 5.2 Câmara especializada .............................................................................. 34 5.3 Legislação ................................................................................................ 35 5.4 Definição de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) ................... 36 6 PERFIL PSICOPROFISSIONAL DO ENGENHEIRO ..................................... 37 6.1 Perfil do profissional de engenharia civil .................................................. 37 6.2 Ética ......................................................................................................... 38 3 6.3 Habilidades .............................................................................................. 38 6.4 Código de Ética do engenheiro ................................................................ 39 7 ÁREAS DE ATUAÇÃO E ATRIBUIÇÕES ....................................................... 40 7.1 Áreas de atuação ..................................................................................... 40 7.2 Atribuições: Resolução no 218 ................................................................. 40 7.3 Responsabilidades técnicas ..................................................................... 42 8 O EMPREENDIMENTO DE ENGENHARIA E SUAS FASES ........................ 44 8.1 Planta, plano e projeto ............................................................................. 45 8.2 Características da construção civil ........................................................... 46 8.3 Materiais de construção ........................................................................... 47 8.4 Construção pesada .................................................................................. 48 9 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 53 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 CIÊNCIA, TECNOLOGIA E SOCIEDADE Evolução e origens na história das sociedades humanas Segundo Bazzo, (1990) a ciência e a tecnologia baseiam-se em valores do cotidiano de cada época, que põem em questão as nossas convicções e o nosso conhecimento de mundo. Elas são, na maioria de seus aspectos, a aplicação sistemática de alguns valores humanos, tais como a diligência, a dúvida, a curiosidade, a abertura para novas ideias, a imaginação, e de outros, como a disciplina e a perseverança, que precisam ser despertados em todos os seres humanos. Não são apenas os cientistas ou os tecnólogos que devem respeitá-las ou entendê-las. É preciso que todas as pessoas sejam conscientizadas do amplo universo que a ciência e a tecnologia incorporam e como os seus valores demonstram dramaticamente o seu grau de importância no avanço do conhecimento, do bem-estar e também de riscos e prejuízos. Por conseguinte, se a ciência e a tecnologia forem ensinadas e construídas nessas perspectivas junto a todos, o resultado será o reforço dos valores humanos indispensáveis para nossa compreensão de mundo. 2.1 Regiões e suas conquistas científicas Mesopotâmia Bazzo, (1990) afirma que a região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, onde atualmente é o Iraque. Nesta região, tem a primeira citação da existência de uma esteira movimentada sobre troncos. O povo sumério já nessa época apresentava conhecimentos para construção de muralhas e casas para as suas cidades. Existem registros de 2000 a.C. que descrevem o uso de um astrolábio, instrumento de astronomia que consistia em haste deslizante e círculo graduado em 60 segmentos, base do sistema numérico por eles utilizado. Esse 6 sistema serviu de base para o nosso sistema atual de 360 graus. Uma das contribuições substanciais desse povo foi o Código de Hamurabi, que representa o conjunto de leis escritas. Uma das valiosas contribuições registradas na Mesopotâmia é, sem dúvida, o Código de Hamurabi, um dos reis da Babilônia, que entre outras leis, especificava a respeito das construções ás seguintes leis: 1. “O construtor que erguer uma casa e que tal casa sofra desabamento causando a morte de seu dono será também penalizado com a morte”; 2. “Se o desabamento causar a morte do filho do dono da casa, o filho do construtor será penalizado com a morte”; 3. “Caso a casa desabe sem perdas humanas, o construtor deverá reerguer a casa às suas próprias expensas”; Podemos observar o rigor nas penalidades pelos erros cometidos pelos profissionais da época, em qualquer tempo a preservação a vida e bem-estar são obrigatórios; uma das ações dos construtores da Mesopotâmia é também a construção de canais de irrigação, cujos traços permanecem ainda hoje. Há registros de canais com aproximadamente 120 m por 360 km. (BAZZO, 1990). Os egípcios Um povo que, por muito tempo, intrigou em suas obras pela precisão, complexidade e grandiosidade de suas construções para época. O construtor, no Egito antigo, tinha tanta importância que a ele era dispensado o título de “chefe dos trabalhos”, assegurando-lhe, inclusive,um símbolo nas escritas hieroglíficas. O povo egípcio dominava as técnicas de irrigação e de agricultura; construíram diques, dominavam o transporte através dos rios. Foi o povo que construiu as maiores e mais resistentes estruturas até hoje, sendo as pirâmides as mais famosas, Os túmulos dos faraós deveriam refletir toda sua importância. O povo egípcio acreditava em vida após a morte e, como tal, esta deveria ter continuidade. Uma das grandiosidades das pirâmides é que podiam chegar a ter dois milhões de 7 blocos, cada um com 2,5 toneladas. Umas das principais pirâmides construídas foram: Sakara, Quéops, Quéfren e Miquerinos. (SNOW, 1994) Os gregos Nenhum povo do mundo antigo contribuiu tanto para a riqueza e a compreensão da Política, no seu sentido mais amplo, como fizeram os gregos. Os nomes de Sócrates, Platão e Aristóteles, no campo da teoria, de Péricles e de Demóstenes, na arte da oratória, estão presentes em qualquer estudo erudito que se faça a respeito, e até mesmo nos mais singelos manuais de divulgação. (SNOW, 1994) Aristóteles formalizou o pensamento lógico dedutivo. Na Idade Média, este pensamento lógico dedutivo foi usado em abundância pelos filósofos escolásticos, e o resultado foi um total vazio científico durante essa época. Francis Bacon, na Renascença, afirmava que: “A lógica de Aristóteles é ótima para criar brigas e contendas, mas totalmente incapaz de produzir algo de útil para a humanidade.”. (SNOW, 1994) A Cloaca Massima ou “Grande Esgoto”, em Roma é uma grande rede subterrânea que foi construída no final do Século VI a.C, para receber esgoto e lixo, águas pluviais, e funcionam até os dias de hoje, com mais de dois milênios de existência. Os engenheiros civis romanos desenvolviam projetos de construção de pontes em arcos constituídos por blocos de rochas, estradas pavimentadas, palácios, entre outras grades projetos de engenharia civil e arquitetura, que permanecem até hoje. (SNOW, 1994) Heron de Alexandria. Geômetra e engenheiro grego, Heron esteve ativo em torno do ano 62. É especialmente conhecido pela fórmula que leva seu nome e aplica-se ao cálculo da área do triângulo. Seu trabalho mais importante no campo da geometria, Metrica, permaneceu desaparecido até 1896. Ficou conhecido por inventar um mecanismo para provar a pressão do ar sobre os corpos, que ficou para a história como o primeiro motor a vapor documentado, a eolípila. (SNOW, 1994) 8 Os romanos Diferentemente da arquitetura grega, na romana a solução dos engenheiros era predominante. As soluções para novos modelos de construção são mais importantes que a decoração artística, de forma que a funcionalidade sobressai. Ainda hoje, temos exemplos desse traço da arquitetura romana nas ruínas de vários edifícios, pontes, aquedutos e outras obras. (SNOW, 1994) Entre as inovações técnicas, pode-se destacar: a construção de aquedutos, arenas, templos, torres, piscinas públicas, entre diversas outras obras com grande durabilidade. Observa-se que os romanos baseavam-se mais na experiência prática do que na teoria. Tinham em sua solução a utilização da hidráulica e o cimento. (SNOW, 1994) Idade Média Na Idade Média, o pensamento lógico alheio ao fato experimental já se demonstrou ineficiente para criação de teorias científicas e para descrever a natureza. (MEIRELLES 1996) René Descartes, já afirmava que: “Matemática é uma ferramenta para se fazer ciência, mas não é uma ciência”. (MEIRELLES 1996) A matemática – inclusa a lógica – é a linguagem com a qual se descreve a natureza. Sócrates, Platão e Demócrito defendiam que somente a matemática traz clareza ao pensamento. (MEIRELLES 1996) Meirelles (1996) relata que principiou com a edificação urbana, estendeu- se gradativamente a todos os domínios da atividade pacífica do homem como fator de progresso e elemento de civilização. Transformou-se em indústria – a indústria da construção civil descobriu novos campos, aplicou novas técnicas, utilizou novos materiais, solicitou novas especializações, ensejando, assim, o florescer da Engenharia Civil e da Arquitetura e, paralelamente, o alvorecer do Urbanismo. Finalmente, a complexidade da vida urbana e a trama das metrópoles converteram a construção numa atividade eminentemente técnica e especializada, privativa de 9 profissionais habilitados, que porfiam em adaptar a estrutura e a forma à função social que a construção desempenha em nossos dias. Fatos marcantes da ciência e da tecnologia 1637 – Descarte publicou o primeiro tratado da geometria analítica e formula as leis da refração; 1642 – Pascal lança a primeira máquina de calcular; 1660 – Lei de Hooke para resistência dos materiais; 1674 – Cálculo infinitesimal por Newton e Leibniz; 1745 – Von Kleist inventa o capacitor; 1752 – Franklin inventa o para-raios; 1768 – Monge inventa a Geometria Descritiva; 1789 – Lei da Conservação das Massas por Lavoisier; 1800 – Primeira bateria elétrica por Alessandro Volta; 1802 – Gay Lussac formula a Lei de Dilatação dos Gases; 1805 – Fourier cria as suas séries; 1831 – Faraday descobre a indução eletromagnética; 1834 – Babbage inventa a máquina analítica, ancestral do computador; 1837 – Morse inventa o telégrafo; 1878 – Tomas Edison inventa a lâmpada elétrica; 1891 – A primeira linha de transmissão de energia alternada é construída Princípios na ciência Segundo ASTOLFI, (1995) Pode-se dizer que a ciência apoia-se basicamente, entre outros, sobre cinco pilares: 1. Princípio fundamental: o principal objetivo da ciência é compreender o universo em sua realidade e totalidade. 2. Princípio uno: a ciência é única, pois o universo tangível também o é. 10 3. Princípio naturalista: nunca usar o sobrenatural para descrever a natureza e o universo. As ideias propostas devem manter-se compulsoriamente atadas a fatos naturalmente verificáveis; devem ser inequivocamente corroboradas por tantos quanto os possíveis, e por pelo menos um. 4. Princípio da falseabilidade: as hipóteses devem ser sempre testáveis (falseáveis); apenas um novo fato verificável, contudo, contraditório, é suficiente para que as ideias teóricas conflitantes sejam compulsoriamente recicladas ou abandonadas. 5. Princípio da generalidade e simplicidade: as teorias científicas devem ser as mais simples e abrangentes possíveis. Trata-se da conhecida navalha de ockham: “se em tudo o mais forem idênticas às várias explicações de um fenômeno, a mais simples é a melhor” (William de Ockham). Igualmente, se assume que: se em tudo o mais forem igualmente complicadas as várias explicações para um conjunto de fenômenos em enfoque, a mais abrangente é a melhor. 2.2 As diversas ciências Semelhante à indagação filosófica, o saber científico também é racional e é produzido mediante a investigação da realidade, seja por meio de experimentos, seja por meio da busca do entendimento lógico de fatos, fenômenos, relações, coisas, seres e acontecimentos que ocorrem na realidade cósmica, humana e natural. Trata-se de um conhecimento que é sistemático, metódico e que não é realizado de maneira espontânea, intuitiva, baseada na fé ou simplesmente na lógica racional. Ele prevê, ainda, experimentação, validação e comprovação daquilo a que chega a título de representação do real. Mediante as leis que formula, o conhecimento científico possibilita ao ser humano elaborar instrumentos que são utilizados para intervir na realidade e transformá-la para melhor ou para pior. (ASTOLFI, J. P. & DEVELAY, M, 1995) 11 O termo ciência pode ser encarado sob dois pontos de vista: objetivo e subjetivo. » Objetivo: a ciência é um conjunto de verdades certas e logicamente encadeadas entre si, de maneira que forme um sistema coerente. » Subjetivo: a ciência é o conhecimento certo das coisas por suas causas ou por suas leis.(A pesquisa das causas propriamente ditas (ou o porquê das coisas) é reservada principalmente à Filosofia.). Só existe ciência do geral e do necessário. Isto resulta da própria definição da ciência. As ciências da natureza são disciplinas particulares, abrangendo os diferentes domínios do real. Seu número é indefinido e elas não cessam de se multiplicar na medida em que o estudo da natureza chega a colocar em evidência a complexidade dos fenômenos naturais. (ASTOLFI, J. P. & DEVELAY, M, 1995) A classificação das ciências tem por objeto determinar e ordenar logicamente esses grupos ou categorias. 2.3 Classificações das ciências As diferentes classificações Os filósofos, há muito procuram classificar racionalmente as ciências. Tal classificação teria, com efeito, a vantagem de dar uma espécie de quadro ordenado de todo o real. Os principais ensaios de classificação são os seguintes: » Classificação de Aristóteles. Aristóteles distribui as diversas ciências em teórica (Física, Matemática, Metafísica) e práticas (Lógica e Moral). » Classificação de Bacon. Bacon divide as ciências segundo as faculdades que elas fazem intervir: ciências de memória (história), de imaginação (poesia), de razão (filosofia ). » Classificação de Ampare. Ampare classifica as ciências em cosmológicas (ou ciências da natureza) e noológicas (ou ciências do espírito). » Classificação de Augusto Comte. As classificações precedentes não são rigorosas, porque as divisões que propõem não são irredutíveis (15). A 12 classificação de Augusto Comte é melhor porque se baseia num princípio mais rigoroso. Consiste em classificar as ciências segundo sua complexidade crescente e sua generalidade decrescente, o que dá a ordem seguinte (corrigindo e completando a de Augusto Comte): Matemática, Mecânica, Física, Química, Biologia, Psicologia, Sociologia. (ASTOLFI, J. P. & DEVELAY, M, 1995) As ciências O homem é objeto de estudo das diversas ciências, como Filosofia, Física, Biologia, Psicologia, Sociologia, Antropologia, etc., que procuram descrever e explicar os aspectos multitemáticos de sua vida, e suas necessidades são objeto de estudos em outras ciências, mas todas têm como objetivo melhorar a qualidade de vida ou entender a dinâmica do problema. (ASTOLFI, J. P. & DEVELAY, M, 1995) Filosofia Segundo Meirelles (1996) a Filosofia é um termo com variadas definições. A filosofia busca o saber absoluto, as causas de todas as coisas, a essência do ser, a realidade total e absoluta. As primeiras ideias foram desenvolvidas no século VI a.C, com o filósofo grego Tales de Mileto e, mais tarde, com Platão, Sócrates e Aristóteles. Eis alguns dos principais filósofos: Tales de Mileto (c. 630-545 a.C.), matemático e filósofo grego; Sócrates (470-399 a.C.); Demócrito (460-370 a.C.); Platão (428-348 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.), filósofos gregos; Roger Bacon (1214-1294) e Francis Bacon (1561-1626), filósofos ingleses; Descartes (1596-1650), filósofo francês; La Mattrie (1709-1751); 13 Kant (1724-1804), filósofo alemão. Física Física é a ciência que estuda os fenômenos naturais e as propriedades das matérias, segundo ordem e critérios teóricos e experimentais. Os mais importantes físicos: (MEIRELLES 1996) Arquimedes (287-212 a.C.); Ptolomeu (100-178); Copérnico (1473-1543); Galileu (1564-1642); Kepler (1571-1630); Newton (16421727), matemático, físico e astrônomo inglês Suas pesquisas causaram uma verdadeira revolução na história de diversas ciências; Bessel (1784-1846); Einsten (1879-1955), um dos maiores cientistas do século XX. Biologia Biologia é a ciência que estuda a estrutura, a função e a evolução dos seres vivos. Destacaram-se nesse ramo da ciência: (MEIRELLES 1996) Hipócrates (460-380 a.C.), considerado o pai da Medicina; Herófilo e Erasistrato (século III a.C.); Galeno (século II); Vesálio (1514-1564); Harvey (1578-1657); Van Leeuwenhoek (1632-1723); Lineu (1707-1778). 14 2.4 Interface da construção civil com outras áreas Diversas são as interações da engenharia civil com outras áreas à medida que para a sua implementação faz-se necessário ou o conhecimento ou uso do objeto de estudo. Uma vez que podemos exemplificar com a produção de materiais de construção que dependem, em grande parte, da Química. Para melhor desempenhar suas funções, os profissionais da área de construção civil procuram formação complementar em tecnologia dos materiais. O crescimento do emprego de polímeros na construção civil demanda profissionais que atuem nessa interface. Esta interação está presente, também, na produção de cimento, aço, cerâmica, vidro, elastômeros e tintas. (TAVARES, 2008) Agropecuária, a interface da construção civil dá-se, por exemplo, no que se refere ao extrativismo da madeira, quanto à especificação de seus tipos, às suas propriedades físicas e mecânicas, às técnicas de beneficiamento, conservação e estocagem, à resistência ao ataque de térmitas e fungos, etc. (TAVARES, 2008) A informática ou tecnologia computacional é uma área que praticamente está interagindo com todas as áreas profissionais; na construção civil, está caracterizada no uso e no desenvolvimento de ferramentas computacionais para auxílio e intervenção na execução em projetos. (TAVARES, 2008) Na área de artes, a engenharia auxilia na execução de manutenção e restauração, em que patrimônios e obras de valor histórico e artístico exigem conhecimentos de história da arte e de técnicas; questão de uso corrente, por exemplo, entre pintores e escultores. (TAVARES, 2008) A geomática interage com a área de construção civil auxiliando no posicionamento e no anteprojeto de grandes obras, como barragens, estradas, canais, etc. A utilização de bancos de dados georreferenciados possibilita a prevenção e o controle de riscos ambientais, definindo as obras necessárias e as formas de execução destas. (TAVARES, 2008) A interação da construção civil com a área de telecomunicações ocorre na definição do projeto de instalações, possibilitando a definição de posicionamentos em consonância com o projeto elétrico, de modo a não interferir nos sinais que 15 circulam pela rede. A utilização de conhecimentos em telecomunicações, especialmente quanto às especificidades de ductos, cabos e conectores, definirão as obras necessárias e as formas de execução. (TAVARES, 2008) 16 3 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA ENGENHARIA CIVIL Da necessidade de proteção das variações ambientais, habitando em cavernas, mesmo que temporariamente, o homem por sua necessidade de abrigo, inventou o conceito de habitação. Com a concentração de indivíduos em uma mesma área ou região, surgiram as comunidades e a formação de aldeias, tribos e feudos. (BERGSON, 1964) Os homens das cavernas criavam, com galhos e pedras, lanças para ajudar na caça e na pesca, com a necessidade contínua de proteção e expansão territorial. Devido ao aumento de população das comunidades, começaram a desenvolver ferramentas rudimentares, porém mais elaboradas; eram artefatos que auxiliariam nas atividades domésticas ou para proteção. (BERGSON, 1964) Dessa permanência mais constante pelo homem em uma única região, veio a necessidade de proteger e posteriormente expandir seus territórios. Inicialmente, existiam apenas duas classificações para a engenharia, quais sejam: civil e militar; o que as diferenciava eram as naturezas das construções; a engenharia militar destinava-se apenas a construções de equipamentos militares como muralhas e fortes, e a engenharia civil destinava-se às construções de obras que beneficiariam os demais cidadãos (habitação, canais, igrejas etc). (BERGSON, 1964) A engenharia antiga inicialmenteera baseada na observação, na necessidade direta ou no problema, na utilização de recursos naturais existentes e, fundamentalmente, na experiência prática acumulada dos seus mestres, construindo-se, assim, pontes, fortificações, canais, estradas, entre outros, posteriormente. Esse fato divide a história da engenharia em: a pedra fundamental científica da engenharia moderna. (BERGSON, 1964) Já engenharia moderna baseia-se na aplicação generalizada dos conhecimentos científicos, na solução dos problemas, na construção das mesmas obras da engenharia antiga, porém pautados na ciência e no auxílio da tecnologia e em conhecimentos como estrutura da matéria, fenômenos eletromagnéticos, leis da mecânica, modelagens matemáticas e modelos físicos. (BERGSON, 1964) 17 Marcos históricos Principais marcos históricos 1510: Leonardo da Vinci, entre diversos outros projetos criados, inventou uma roda horizontal que aproveitava uma queda d´água cujo princípio de funcionamento foi utilizado para a construção da turbina hidráulica; 1590: Galileu, entre diversos outros feitos, criou o experimento científico por meio da experimentação com queda livre de corpos de massas diferentes. 1638: Galileu calculou e determinou o valor da resistência à flexão que uma viga poderia suportar, estando esta viga engastada a uma parede de um lado e submetida a um peso do outro. 1642-1727: Newton formulou suas três leis e mais a Lei da Gravitação Universal, inventou o cálculo, e descobriu os segredos da luz e das cores. 1663-1729: Thomas Newcomen criou as primeiras máquinas a vapor. Um dos grandes responsáveis pela “Revolução Industrial” foi a utilização da máquina a vapor na tecelagem em 1782, e a criação, por Cartwright, em 1785, do tear mecânico. 1832: Pixii criou o primeiro gerador elétrico, e Gramme, definitivamente, em 1871, deu a partida nos motores elétricos como fontes de energia. 3.1 O surgimento da engenharia moderna No século XVIII, com o desenvolvimento da Matemática e da compreensão dos fenômenos da Física, nasceu a engenharia moderna, dentro dos exércitos; as descobertas dos elementos químicos, que permitiram maior poder de fogo, obrigaram a uma completa modificação nas obras de fortificação, que, principalmente a partir do século XVII, passaram a exigir profissionais habilitados para o seu planejamento e sua execução. (BERGSON, 1964) 18 A necessidade de realizar construções que fossem ao mesmo tempo sólidas e econômicas e, também, estradas, pontes e portos para fins militares forçou o surgimento dos oficiais engenheiros e a criação de corpos especializados de engenharia nos exércitos. Isso ocorreu na França, em 1716, por iniciativa de Vauban, e em Portugal, em 1763, no reinado de D. José I, como parte da reorganização do exército português, promovida pelo Conde de Lipe, contratado para esse fim pelo Marquês de Pombal. (BERGSON, 1964) Em Portugal, desde o início do século XVIII, havia começado um surto de progresso da engenharia e ciências afins (astronomia, cartografia etc.), por iniciativa do Rei D. João V. Para esse progresso muito contribuíram Manoel de Azevedo Fortes, engenheiro-mor do reino, e o Colégio de Santo Antão, dirigido pelos padres jesuítas, no qual, desde o século XVI, havia a Aula da Esfera, na qual se ensinava matemática aplicada à navegação e as fortificações, e de onde provieram muitos dos engenheiros militares que atuaram no Brasil-colônia. (BERGSON, 1964) Nesse Colégio, o Rei D. João V mandou instalar, em 1739, um observatório astronômico que era tido como um dos melhores da Europa no seu tempo. Azevedo Fortes nunca esteve no Brasil, mas a sua influência foi grande na nossa engenharia, pelos projetos; principalmente pelo seu livro clássico O Engenheiro Português, verdadeira enciclopédia de todos os conhecimentos de engenharia de sua época. (BERGSON, 1964) 3.2 Da origem da construção e necessidade do ser humano Sabemos que a construção remonta às origens da humanidade. Meirelles (1996) enfatiza que a intuição do perigo e o instinto de conservação levaram o homem a procurar abrigo nos recôncavos da natureza. Depois, escavou a rocha e habitou a caverna; abateu a árvore e fez a choupana; lascou a pedra e construiu a casa; manipulou a areia e fez a argamassa e ergueu o palácio; forjou o ferro e levantou o arranha-céu, num lento e perene aprimoramento da técnica de construir, que marcou o advento da Engenharia e da Arquitetura. Cada vez mais, percebe-se 19 que no futuro é necessário tratar a questão da qualidade habitacional como a busca do atendimento à satisfação das necessidades sociais, do bem-estar e da qualidade de vida do ser humano. 3.3 Engenharia civil A engenharia civil é uma das mais antigas profissões da humanidade. O engenheiro civil é o profissional da área na indústria da construção civil; o resultado do trabalho do profissional permanece por longo período de tempo servindo a humanidade, como uma estrada, um edifício, uma rede de abastecimento de água, uma rede de esgotos, uma ponte, um túnel etc. (MEIRELLES 1996) O exercício desta profissão exige uma série de conhecimentos científicos e tecnológicos, principalmente nas áreas de física, matemática, informática, química, geologia, topografia, meio ambiente, administração, produção, logística, economia, arquitetura, urbanismo, ética profissional, humanidades e, modernamente, até biologia, entre outras. (MEIRELLES 1996) A história da engenharia civil confunde-se com a história da humanidade e, portanto, com a da civilização, desde a idade antiga até a era moderna. A engenharia civil é uma profissão-fim, pois é responsável pelo planejamento, coordenação, projeto, fiscalização, construção, operação e manutenção de qualquer obra ou atividade ligada à indústria da construção civil. (MEIRELLES 1996) Contemporaneamente, denomina-se engenharia o conjunto sistemático de conhecimentos e técnicas aplicadas ao projeto, construção e manutenção de estruturas materiais, quer se trate das edificações de natureza habitacional, industrial, militar e especial. (MEIRELLES 1996) 3.4 Fatos históricos A primeira denominação para a engenharia civil vem dos romanos Ingenium Civitas, isto é, Engenharia das Cidades ou Engenharia da Civilização, pois era a profissão que durante o Império Romano era responsável por projetar e construir as 20 estradas, pontes, aquedutos, palácios, sistemas de esgotos, termas, ou qualquer obra ligada à vida das pessoas em sociedade. (MEIRELLES 1996) Cloaca Massima ou “Grande Esgoto”, em Roma, é uma das obras monumentais da época dos romanos. Essa grande rede subterrânea foi construída no final do século VI a.C., para receber esgoto, lixo e as águas pluviais. (MEIRELLES 1996) Os engenheiros civis romanos também foram eficientes na construção de pontes em arcos constituídos por blocos de rochas, palácios, estradas pavimentadas, entre outras maravilhas da engenharia civil e da arquitetura, que permanecem até hoje. Durante a Idade Média, a engenharia civil passou a ser denominada somente de engenharia e incorporava tanto a parte civil como a militar. Nessa fase da história, foram construídas grandes catedrais e castelos e os profissionais começaram a se organizar em sociedades de construtores. (BERGSON, 1964) A partir do início do século XVIII, passou a ser utilizada a denominação Engenharia Civil, mais precisamente em 1744, na Politécnica de Paris, França, quando houve a separação entre engenharia militar e civil. Sendo nessa época, o engenheiro civil, considerado profissional responsável pelo projeto e construção das obras de infraestrutura para a sociedade civil, sendo, portanto, o engenheiro que construía para o bem da humanidade. Na Inglaterra, o primeiro engenheiro civil foi John Smeaton (1725-1792), criou o Institution of Civil Engineersde Londres, considerado modernamente o Patrono da Engenharia Civil. Observa-se, portanto, que a engenharia civil era, naquela época, e continua sendo nos dias atuais, uma profissão muito ampla e de grande importância para a sociedade civil moderna, implicando muita responsabilidade para quem a exerce. Ao longo da história, a engenharia civil teve inúmeros profissionais que contribuíram para o progresso das ciências e da engenharia e para o desenvolvimento da humanidade por meio da materialização de suas obras. 21 A seguir, são apresentados de forma resumida alguns engenheiros civis e sua contribuição na engenharia civil: (BERGSON, 1964) William John Macquorn Rankine. Engenheiro civil escocês (1820- 1872), que deu enorme contribuição a diversos ramos da engenharia, incluindo a área de mecânica dos solos com a teoria sobre empuxos em maciços terrosos, denominada de método de Rankine, nas áreas de termodinâmica com a escala de Rankine, e em mecânica. Inicialmente, teve interesse pela matemática e pela música, e, em seguida, passou a trabalhar com projetos e com a construção de sistemas fluviais, hidráulica, ferrovias e portos. Henry Philibert Gaspard Darcy (1803-1858). Engenheiro civil francês. Lançou as bases da hidráulica, publicando a Lei de Darcy, sobre a perda de carga de fluidos através de condutos. Charles Augustin de Coulomb (1736-1806). Engenheiro civil, matemático e cientista francês. Graduou-se em 1761 pela École du Génie at Mézières, de Paris. Coulomb deu enorme contribuição à Engenharia e à Física, principalmente na área de resistência dos materiais. Como profissional, envolveu- se em diversas áreas, como projeto de estruturas, mecânica dos solos, fortificações, entre outras. Projetou e construiu o Forte Bourbon. Stephen Prokofyevich Timoshenko (1878-1972). Engenheiro mecânico e civil russo. Graduado pela St. Petersburg Railway Engineering Institute, em 1901. Dedicou-se ao estudo da resistência dos materiais e sistemas estruturais, desenvolvendo vários métodos, principalmente em estática e dinâmica das estruturas. O professor Timoshenko é considerado o pai da mecânica, principalmente em análise de estruturas. Marie François Eugène Belgrand (1810-1878). Remodelou Paris: sob a administração do Barão Haussmann e a coordenação do engenheiro civil. Paris 22 passou por uma intensa reconstrução, tendo produzido grandes avenidas, edifícios majestosos e um dos mais fabulosos sistemas de esgotos do mundo. Grande parte da atual Paris deve-se a esses grandes profissionais que tiveram a ousadia e a capacidade de vislumbrar o futuro e criar uma das mais belas cidades do mundo moderno Gustave Alexandre Eiffel (1832-1923). Engenheiro civil; projetou a Torre Eiffel: especializado em projetos de estruturas metálicas, tendo projetado centenas de outras obras famosas, como a estrutura da Estátua da Liberdade, em Nova York, o viaduto de Garabit, na França, e a ponte do Porto, em Portugal. Eiffel foi o primeiro engenheiro a construir um túnel de vento para análise de aerodinâmica dos primeiros aviões na década de 1910. Ferdinand de Lesseps (1805-1894). Engenheiro civil francês. Projetou e construiu o Canal de Suess: ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, através do Egito. Foi também um dos primeiros idealizadores do Canal do Panamá que teve início entre 1881 e 1889 pelos franceses, com Lesseps à frente do projeto, tendo sido abandonado devido aos problemas enfrentados pela selva e as condições insalubres. A partir de 1904, as obras foram retomadas pelos Estados Unidos. Karl Terzaghi (1883-1963). Em 1928, o Professor Karl Von Terzaghi publicou o primeiro livro denominado Soil Mechacnics, lançando os fundamentos da Mecânica dos Solos como ciência de Engenharia Civil. Nasceu em Praga, formouse engenheiro civil em Viena, na Áustria, onde publicou sua tese de doutoramento. Emigrou para os Estados Unidos, onde foi professor e pesquisador na Universidade de Harvard, no MIT (Massachusetts Institute of Technology), e, juntamente com outros pesquisadores, desenvolveu as bases da mecânica dos solos, publicando uma quantidade muito grande de artigos na área de geotécnica. Até o início do século XX, os trabalhos na área de geotécnica eram realizados com base na experiência do profissional. Terzaghi é considerado o pai da mecânica dos solos e um dos maiores engenheiros civis do século XX. A ASCE (American Society of Civil 23 Engineers) concede aos maiores especialistas em geotécnica, que tenham contribuído para o desenvolvimento da área, o prêmio Terzaghi Lecture. Eminentes engenheiros civis brasileiros Segundo Azevedo, 1963 a engenharia civil no Brasil é bem desenvolvida, equiparando-se à dos países mais desenvolvidos. Isto se deve à construção de grandes obras como usinas hidrelétricas, rodovias, pontes etc., e a centros de pesquisas avançadas nas diversas áreas da engenharia civil. Ao longo da história, o Brasil contou com inúmeros profissionais de elevada competência, entre eles, podem-se citar: André Rebouças (1843-1898): nascido na Bahia, seguiu a carreira de engenheiro civil, tornando-se o responsável por importantes obras ferroviárias, portuárias e de saneamento em diversas províncias do Brasil. Foi militante do movimento abolicionista junto com José do Patrocínio, tendo fundado, com Joaquim Nabuco, o Centro Abolicionista da Escola Politécnica, onde era professor e jornalista. Eugenio Gudin (1886-1986): engenheiro civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro (1905). Professor da Universidade do Brasil. Atuou como Engenheiro na construção de Ribeirão das Lages; nas obras do Rio Carioca do abastecimento de água do Rio de Janeiro, da Exposição Nacional de 1908 e de várias outras obras, tais como na Construção da grande represa do Acarape no Ceará. Foi Presidente da Associação das Estradas de Ferro do Brasil da Companhia Paulista de Força e Luz e da Sociedade Brasileira de Economia Política. Doutor honoris causa pela Universidade de Dijon, França e pela Universidade da Bahia (1957), recebeu também, Diploma de Doutor honoris causa da Escola Superior de Guerra (1978). Professor da Universidade do Brasil (1957). Sócio honorário da American Economic Association. Homem Global (1973) e Homem Visão (1974). 24 Francisco Paes Leme de Monlevade (1861-1944): engenheiro civil responsável pela primeira eletrificação ferroviária no Brasil. Diretor (1897) e inspetor geral da Companhia Paulista de Estradas de Ferro (1907-1927), implantou a eletrificação da linha principal da Cia. Paulista, no interior do Estado de São Paulo. Este feito fez com que de 1921 a 1926, o Brasil ganhasse uma ferrovia eletrificada com o sistema mais moderno existente na época, superando então quase todos os demais países. Entre outros iminentes engenheiros civis brasileiros, podem-se citar, ainda: Figueiredo Ferraz, Prestes Maia, Odair Grillo, Ramos de Azevedo, Teodoro Sampaio, Aarão Reis, Lucas Nogueira Garces, Falcão Bauer, Milton Vargas etc. A história da engenharia civil confunde-se com a história da humanidade e, portanto, com a história da civilização, desde a idade antiga até a era moderna. Cada livro de história descreve o homem inserido com suas manifestações arquitetônicas, disputas territoriais, políticas etc. (AZEVEDO, 1963) 25 4 ENGENHARIA CIVIL NO BRASIL O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), por meio do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), considera não apenas a dimensão econômica, mas as sociais, políticas e culturais, que são aferidos anualmente, tendo como indicador não apenas o Produto Interno Bruto (PIB) per capita, mas a longevidade e a educação trazem consigo critérios diretamente ligados à expectativa de vida e à taxade alfabetização. Como medida de avaliação da qualidade de vida das pessoas, os números têm influência sob praticamente todos os vetores do desenvolvimento: saneamento, habitação, infraestrutura, agricultura, produção. (AZEVEDO, 1963) Engenharia civil Lembremos que contemporaneamente, denomina-se engenharia o conjunto sistemático de conhecimentos e técnicas aplicadas ao projeto, construção e manutenção de estruturas, quer se trate das edificações de natureza habitacional ou viária, funcional ou produtiva, quer se trate de máquinas de produção em série, instrumentos, veículos, aparelhos ou máquinas para o prolongamento da vida humana. O nome também designa a profissão de quem se ocupa de um ou mais desses campos do saber e fazer tecnológico. (AZEVEDO, 1963) Não basta ensinar ao homem uma especialidade. Porque se tornará assim uma máquina utilizável, mas não uma personalidade. É necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo que vale a pena ser apreendido, daquilo que é belo, do que é moralmente correto. A não ser assim, ele se assemelhará, com seus conhecimentos profissionais, mais a um cão ensinado do que a uma criatura harmoniosamente desenvolvida. Deve aprender a compreender as motivações dos homens, suas quimeras e suas angústias para determinar com exatidão seu lugar exato em relação a seus próximos e à comunidade. Estas reflexões essenciais, comunicadas à jovem geração graças aos contatos vivos com os professores, de forma alguma se encontram escritas nos manuais. É assim que expressa e se forma de início toda a cultura. Quando aconselho com ardor ‘as Humanidades’, quero recomendar esta cultura viva e não um saber fossilizado, sobretudo em história e filosofia. Os excessos do sistema de competição e de especialização prematura, sob o falacioso pretexto da eficácia, assassinam 26 o espírito, impossibilitam qualquer vida cultural e chegam a suprimir os progressos nas ciências do futuro. É preciso, enfim, tendo em vista a realização de uma educação, desenvolver o espírito crítico na inteligência do jovem. Ora, a sobrecarga do espírito pelo sistema de notas entrava e necessariamente transforma a pesquisa em superficialidade e falta de cultura. “O ensino deveria ser assim: quem o receba o recolha como um dom inestimável, mas nunca como uma obrigação penosa” (Einstein, 1981, p. 29). Convém destacar, como apresentamos anteriormente, que a engenharia civil é uma das mais antigas profissões da humanidade. Para a engenharia civil, uma definição geral é: “engenharia civil é a arte da aplicação da ciência e da tecnologia na utilização racional dos recursos naturais em benefício do homem em sociedade”. (AZEVEDO, 1963) Durante a Idade Média, a engenharia civil passou a ser denominada somente de engenharia e incorporava tanto a parte civil como a militar. Nessa fase da história, foram construídas grandes catedrais e castelos e os profissionais começaram a se organizar em sociedades de construtores. Modernamente, a denominação de engenharia civil passou a ser utilizada a partir do início do século XVIII, mais precisamente em 1744, na Politécnica de Paris, França, quando houve a separação entre engenharia militar e civil. Sendo nessa época, o engenheiro civil considerado o profissional responsável pelo projeto e construção das obras de infraestrutura para a sociedade civil, sendo, portanto, o engenheiro que construía para o bem da humanidade. Na Inglaterra, o primeiro engenheiro civil foi John Smeaton (1725-1792), que criou o Institution of Civil Engineers de Londres, considerado modernamente o Patrono da Engenharia Civil. Observa-se, portanto, que a engenharia civil era, naquela época, e continua sendo nos dias atuais, uma profissão muito ampla e de grande importância para a sociedade civil moderna, implicando muita responsabilidade para quem a exerce. A engenharia civil é uma profissão-fim, pois é responsável pelo planejamento, coordenação, projeto, fiscalização, construção, operação e manutenção de qualquer obra ou atividade ligada à indústria da construção civil. Na história moderna, a engenharia civil produziu e produz mudanças na geografia da Terra, com a construção de grandes canais, como o Canal do Panamá, que liga o Oceano Atlântico ao Pacifico, e o Canal 27 de Suez, ligando o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho, construção de grandes túneis submarinos, pontes, ferrovias transcontinentais, ilhas artificiais para grandes aeroportos etc. (AZEVEDO, 1963) 4.1 Engenharia e arquitetura Tudo indica que, desprezando alguns séculos, a engenharia e a arquitetura, áreas de uma mesma raiz científica, como exemplos, são tantas, às vezes, em que os projetos arquitetônicos exigem esbeltez dos pilares, das vigas, das lajes etc., mas o engenheiro civil compromissado com a estática, com os princípios científicos, com a segurança e com a normalização faz robustecer aquelas estruturas, causando polêmicas, tanto teóricas como no dia a dia da atuação profissional. Mas, ao mesmo tempo, devido a essas mesmas discussões e às provocações arquitetônicas, a engenharia civil estrutural tem evoluído, buscando sempre responder aos desafios (de encontrar soluções ousadas) que sua «irmã arquitetura» apresenta-lhe. Arquitetura pode ser definida de acordo com vários autores em diversas partes do mundo, como a arte de planejar o espaço, tanto no meio ambiente, como em edifícios e obras, dentro de um partido funcional e estético, procurando atender às necessidades do ser humano e respeitando as peculiaridades do meio ambiente. (BARROS NETO, 2003) 4.2 As primeiras escolas de engenharia Em 1747, atendendo à demanda de conhecimentos para resolver as crescentes conquistas como extração de minérios, siderurgia, metalurgia, construção de pontes, estradas e canais, surge a primeira escola, a École des Ponts et Chaussées. Em 1774 surge a École Polytechnique, na França, apoiada em estudiosos como Poisson, Navier, Poncelet e outros, para ensinar aplicações matemáticas para problemas de Engenharia, surgindo, ainda, outras escolas pela França. 28 No século XIX, surgem as primeiras escolas fora da França, no caso na Alemanha e nos Estados Unidos (MIT – 1865 West Point – 1794/1802 e outras); 4.3 Início da engenharia no Brasil Obra de Engenharia, como já era entendida na época do Descobrimento, foi de fato iniciada com a chegada dos oficiais engenheiros europeus destacados para construírem edificações civis e religiosas. A Engenharia no Brasil não contou com grandes avanços no começo, pois a economia era baseada na escravidão, fato que não propiciava a criação de indústrias. O provável primeiro registro de ensino de Engenharia data de 1648, quando foi contratado Miguel Timermans, um holandês, para transmitir seus conhecimentos. A primeira escola criada foi a Real Academia de Artilharia, Fortificações e Desenho, em 1792; daquela época em diante, foi recebendo diversos nomes, modificando seu enfoque, até que, por fim, em 1858, tornou-se a Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Surgiram após, fora do Rio de Janeiro, outras escolas, como a Politécnica de São Paulo, em 1893, entre outras. (LINSINGEN, 1997) 4.4 Comparando as escolas anteriores com as atuais A missão francesa chegou ao Rio de Janeiro no início de 1816, chefiada por Le Breton que reunia entre diversos artistas de renome da Europa, o arquiteto Grandjean de Montigny, acompanhado de dois assistentes e de diversos artífices. (LINSINGEN, 1997) O objetivo de D. João VI era utilizar os mestres europeus para: estabelecer no Brasil uma Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, em que se promova e difunda a instrução e conhecimentos indispensáveis aos homens destinados não só aos empregos públicos da administração do Estado, mas também ao progresso da agricultura, mineralogia, indústria e comércio, fazendose, portanto necessário aos habitanteso estudo das Belas Artes com aplicação referente aos ofícios mecânicos cuja prática, perfeição e utilidade 29 dependem dos conhecimentos teóricos daquelas artes e difusivas luzes das ciências naturais, físicas e exatas Decreto de 12 de agosto de 1816. Citado em TAUNAY, A. A Missão Artística de 1816 – publicação do Sphan – Rio de Janeiro. No período do governo de Aires de Saldanha foi construído um aqueduto que trazia a água das nascentes do rio da Carioca, ao longo das encostadas da serra, até o atual Largo da Carioca. Para atravessar o vale existente entre o morro de Santo Antônio e o de Santa Teresa, foi executada a obra arquitetônica mais notável do Brasil, no período colonial: uma construção ciclópica de alvenaria, com dupla arcada e considerável extensão. (LINSINGEN, 1997) Em resumo, a engenharia civil está presente em todos os lugares da Terra onde existe a presença da civilização e em todos os momentos da nossa vida, enquanto cidadãos. Está presente quando dirigimos nosso automóvel por uma rodovia, circulamos por uma rua ou avenida, no Metrô em que viajamos, no edifico em que trabalhamos, na residência em que vivemos; na água potável que bebemos e utilizamos, no lixo ou no esgoto que descartamos; na energia elétrica que consumimos nos aeroportos, que decolamos e aterrissamos com as aeronaves, nos portos onde são feitos os transbordos de mercadorias, nas ferrovias que transportam passageiros e cargas, nas hidrovias, nos túneis, no trânsito urbano, no planejamento dos sistemas de transportes de passageiros e de mercadorias, no planejamento urbano e territorial, nas barragens e diques, nas pontes e viadutos, nas escolas, nos hospitais, nas indústrias, nas fundações dos edifícios e pontes, nas áreas de lazer que frequentamos, enfim, em qualquer espaço construído ou modificado pelo homem na superfície e subsuperfície terrestre. (LINSINGEN, 1997) 30 5 CARACTERIZAÇÃO DA PROFISSÃO DE ENGENHEIRO 5.1 Áreas da engenharia civil A engenharia civil é uma profissão de extrema importância e está tão intimamente ligada à sociedade moderna e à segurança do ser humano nos diversos espaços construídos, que pode ser considerada uma engenharia social, pois dela depende, em grande parte, a vida do homem em sociedade. (BARROS NETO, 2003) As principais áreas da engenharia civil são: Estruturas; Estradas e transportes; Geotécnica; Hidráulica e saneamento; Materiais; Construção civil; Meio ambiente. O engenheiro civil É o engenheiro da indústria da construção civil, sendo, portanto, um engenheiro pleno. Suas realizações trazem enorme gratificação ao engenheiro civil, na prática da profissão, pois é uma área em que o resultado do trabalho do profissional permanece por longo período de tempo servindo a humanidade, como uma estrada, um edifício, uma rede de abastecimento de água, uma rede de esgotos, uma ponte, um túnel etc. (BARROS NETO, 2003) O exercício dessa profissão exige uma série de conhecimentos científicos e tecnológicos, principalmente nas áreas de física, matemática, informática, química, geologia, topografia, meio ambiente, administração, produção, logística, economia, arquitetura, urbanismo, ética profissional, humanidades e, modernamente, até biologia, entre outras. (BARROS NETO, 2003) 31 Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966 Do exercício profissional da engenharia, da arquitetura e da agronomia A Lei no 5.194 regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras e providências As Atividades Profissionais na Seção I apresentam a caracterização e exercício das profissões no seu art. 1o descrito a seguir: Art. 1o As profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo são caracterizadas pelas realizações de interesse social e humano que importem na realização dos seguintes empreendimentos: a) aproveitamento e utilização de recursos naturais; b) meios de locomoção e comunicações; c) edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos; d) instalações e meios de acesso a costas, cursos, e massas de água e extensões terrestres; e) desenvolvimento industrial e agropecuário. Art. 2o O exercício, no País, da profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro agrônomo, observadas as condições de capacidade e demais exigências legais, é assegurado: a) aos que possuam, devidamente registrado, diploma de faculdade ou escola superior de Engenharia, Arquitetura ou Agronomia, oficiais ou reconhecidas, existentes no País; b) aos que possuam, devidamente revalidados e registrados no País, diploma de faculdade ou escola estrangeira de ensino superior de Engenharia, Arquitetura ou Agronomia, bem como os que tenham esse exercício amparado por convênios internacionais de intercâmbio; 32 c) aos estrangeiros contratados que, a critério dos Conselhos Federal e Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, considerados a escassez de profissionais de determinada especialidade e o interesse nacional, tenham seus títulos registrados temporariamente. Parágrafo único. O exercício das atividades de engenheiro, arquiteto e engenheiro agrônomo é garantido, obedecidos os limites das respectivas licenças e excluídas as expedidas, a título precário, até a publicação desta Lei, aos que, nesta data, estejam registrados nos Conselhos Regionais. Na Seção II da Lei aborda-se o uso do Título Profissional Art. 3o São reservadas exclusivamente aos profissionais referidos nesta Lei as denominações de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo, acrescidas, obrigatoriamente, das características de sua formação básica. Parágrafo único. As qualificações de que trata este artigo poderão ser acompanhadas de designações outras referentes a cursos de especialização, aperfeiçoamento e pós-graduação. Art. 4o As qualificações de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo só podem ser acrescidas à denominação de pessoa jurídica composta exclusivamente de profissionais que possuam tais títulos. Art. 5o Só poderá ter em sua denominação as palavras engenharia, arquitetura ou agronomia a firma comercial ou industrial cuja diretoria for composta, em sua maioria, de profissionais registrados nos Conselhos Regionais. Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) Segundo o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), surgiram oficialmente com esse nome em 11 de dezembro de 1933, por 33 meio do Decreto no 23.569, promulgado pelo então presidente da República, Getúlio Vargas e é considerado marco na história da regulamentação profissional e técnica no Brasil. Em sua concepção atual, o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia é regido pela Lei n° 5.194, de 1966, e representa também os geógrafos, geólogos, meteorologistas, tecnólogos dessas modalidades, técnicos industriais e agrícolas e suas especializações, num total de centenas de títulos profissionais. O Confea zela pelos interesses sociais e humanos de toda a sociedade e, com base nisso, regulamenta e fiscaliza o exercício profissional dos que atuam nas áreas que representa, tendo ainda como referência o respeito ao cidadão e à natureza. (CONFEA, 2009) Ainda segundo o site da instituição, em seus cadastros, o Sistema Confea/Crea tem registrado, até a data atual, 900 mil profissionais que respondem por cerca de 70% do PIB brasileiro, e movimentam um mercado de trabalho cada vez mais acirrado e exigente nas especializações e conhecimentos da tecnologia, alimentada intensamente pelas descobertas técnicas e científicas do homem. O Conselho Federal é a instância máxima à qual um profissional pode recorrer no que se refere ao regulamento do exercício profissional. (CONFEA, 2009). Segundo oConfea (2009), no seu endereço eletrônico é possível encontrar os normativos que regulamentam e regem o exercício profissional da Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, dos tecnólogos e dos técnicos industriais e agrícolas, e o funcionamento do Confea e dos Creas, tais como: Lei: norma geral de conduta que disciplina as relações de fato incidentes no direito, e cuja observância é imposta pelo poder estatal, sendo elaborada pelo Poder Legislativo, por meio do processo adequado. Decreto: ato do Presidente da República para estabelecer e aprovar o regulamento de lei, facilitando a sua execução. 34 Decreto-Lei: norma baixada pelo Presidente da República que se restringia a certas matérias e estava sujeita ao controle do Congresso Nacional. Resolução: ato normativo de competência exclusiva do Plenário do Confea, destinado a explicitar a lei, para sua correta execução e para disciplinar os casos omissos. Decisão Normativa: ato de caráter imperativo, de exclusiva competência do Plenário. Decisão Plenária: ato de competência dos Plenários dos Conselhos para instrumentar sua manifestação em casos concretos. O Confea é destinado a fixar entendimentos ou a determinar procedimentos a serem seguidos pelos Conselhos Regionais de Engenharia e Arquitetura (Creas), visando à uniformidade de ação. 5.2 Câmara especializada Câmara Especializada é órgão decisório da estrutura básica do Crea-RJ. Constitui a primeira instância de julgamento no âmbito da jurisdição do Conselho Regional. Segundo o art. 46 da Lei no 5.194/1966, são atribuições da Câmara: a. julgar os casos de infração da presente lei, no âmbito de sua competência profissional específica; b. julgar as infrações do Código de Ética; c. aplicar as penalidades e multas previstas; d. apreciar e julgar os pedidos de registro de profissionais, das firmas, das entidades de direito público, das entidades de classe e das escolas ou faculdades na Região; e. elaborar as normas para a fiscalização das respectivas profissões; f. opinar sobre os assuntos de interesse comum de duas ou mais especializações profissionais, encaminhando-os ao Conselho Regional. 35 5.3 Legislação Lei n° 4.643, de 31 de maio de 1965 Determina a inclusão da especialização de engenheiro florestal na enumeração do art. 16 do Decreto-Lei no 8.620, de 10 de janeiro de 1946. Lei n° 4.950-A, de 22 de abril de 1966 Dispõe sobre a remuneração de profissionais diplomados em Engenharia, Química, Arquitetura, Agronomia e Veterinária. Lei n° 5.194, de 24 de dezembro de 1966 Regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências. Lei n° 6.496, de 7 de dezembro de 1977 Institui a “Anotação de Responsabilidade Técnica” na prestação de serviços de Engenharia, de Arquitetura e Agronomia; autoriza a criação, pelo Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), de uma Mútua de Assistência Profissional, e dá outras providências. Lei n° 6.619, de 16 de Dezembro de 1978 Altera dispositivos da Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e dá outras providências. Lei n° 6.838, de 29 de outubro de 1980 Dispõe sobre o prazo prescricional para a punibilidade de profissional liberal, por falta sujeita a processo disciplinar, a ser aplicada por órgão competente. Lei n° 6.839, de 30 de outubro de 1980 Dispõe sobre o registro de empresas nas entidades fiscalizadoras do exercício de profissões. Lei n° 7.270, de 10 de dezembro de 1984 Acrescenta parágrafos ao artigo 145 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). Lei n° 7.802, de 11 de julho de 1989 Dispõe sobre a pesquisa, a experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o transporte, o armazenamento, a comercialização, a propaganda comercial, a utilização, a importação, a exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o registro, a classificação, o controle, a inspeção e a fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências. Lei n° 8.078, de 11 de setembro de 1990 Dispõe sobre a proteção do consumidor, e dá outras providências. Lei n° 8.195, de 26 de junho de 1991 Altera a Lei no 5.194, de 24 de dezembro de 1966, que regula o exercício das profissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro Agrônomo, dispondo sobre eleições diretas para Presidente dos Conselhos Federal e Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, e dá outras providências. Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993 Com as alterações introduzidas pela Lei no 8.883, de 8 de junho de 1994 (DOU de 9/6/1994) Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Lei n° 8.734, de 25 de novembro de 1993 Acrescenta parágrafo ao artigo 3o e revoga o artigo 4o da Lei no 6.994, de 25 de maio de 1982. Lei n° 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. 36 5.4 Definição de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) A Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) não é apenas uma obrigação legal para todos os profissionais vinculados ao Crea. Ela valoriza o exercício profissional, confere legitimidade documental e assegura, com fé pública, a autoria e os limites da responsabilidade e participação técnica em cada obra ou serviço; gera as garantias jurídicas de um contrato. Com o registro da ART, todo profissional constrói seu Acervo Técnico. Esse documento é o espelho de suas realizações, de sua carreira. Tem efeito legal; é indispensável em licitações e representa um grande diferencial de sucesso individual. (CREA- RJ, 2009) Empresas e profissionais são distinguidos no mercado quando comprovam atividades técnicas de que participaram quando apresentam seu Atestado de Acervo Técnico. ART. online – no site do Crea, a situação cadastral de profissionais e empresas registrados pode ser conferida e, em caso de necessidade, todo procedimento para a emissão da ART pode ser feito de maneira simples e em poucos minutos, da residência ou escritório, por meio da ART. eletrônica, pela Internet. (CREA- RJ, 2009) 37 6 PERFIL PSICOPROFISSIONAL DO ENGENHEIRO A engenharia civil é uma profissão de extrema importância e está tão intimamente ligada à sociedade moderna e à segurança do ser humano nos diversos espaços construídos, que pode ser considerada uma engenharia social, pois dela depende, em grande parte, a vida do homem em sociedade. O profissional que aceita o desafio que as demandas das profissões impõem, deve corresponder em eficácia e eficiência para melhor atender à sociedade. (BRUGER, 1987) O engenheiro A apropriação do termo engenheiro, pessoa que tinha engenho, inteligente, criador de artefatos, aquele que “aprende as ciências e artes mais dificultosas, inventa e obra muitas cousas”, tal qual Arquimedes foi qualificado por Tito Lívio como exímio engenheiro (BLUTEAU, 1717). A criatividade e a busca por soluções são os principais desafios do profissional de engenharia. 6.1 Perfil do profissional de engenharia civil O perfil desejado para o profissional de engenharia civil é o de uma sólida formação científica e profissional com capacidade para apresentar propostas e soluções de problemas técnicos e experimentais, aplicando os conceitos absorvidos em situações do dia a dia, em seu campo de atuação. (BRUGER, 1987) O profissional da área deverá ter formação humanística e cultural para que lhe possibilite relacionamento humano adequado com os diferentes grupos com os quais, obrigatoriamente, terá contato. (BRUGER, 1987) Deverá estar apto a ocupar cargos de chefia e coordenação junto a empresas públicase privadas. A liderança e o dinamismo são características prioritárias no perfil dos engenheiros egressos, uma vez que o papel desempenhado no exercício profissional os colocará, continuamente, diante de situações em que 38 são exigidas posturas arrojadas, iniciativa e firme comunicação dos seus pontos de vista. (BRUGER, 1987) 6.2 Ética Ética é um conjunto de princípios ou padrões pelos nos quais se pautam a conduta humana. Algumas vezes, a ética é chamada de “moral”, e por extensão, seu estudo frequentemente chamado de Filosofia Moral. Assim, como um ramo da Filosofia, Ética é considerada uma ciência normativa, já que trata de normas da conduta humana, em diferença às ciências formais (como Matemática e Lógica) e às ciências empíricas, como a Química e a Física. (BRUGER, 1987) Como se trata de um padrão de comportamento e conduta, a ética ou moral tem características próprias em cada civilização (a exemplo da Oriental e Ocidental) e em cada cultura. Por todo o tempo em que a humanidade tem vivido em grupos, a regulamentação moral tem sido necessária para o bem-estar desses grupos. Apesar de que a moral foi formalizada e transformada em padrões arbitrários de conduta, ela desenvolveu-se, algumas vezes irracionalmente, depois de que tabus religiosos foram violados, ou por meio de comportamentos fortuitos que se tornaram hábito e então regra, ou de leis impostas por chefes a fim de prevenir desarmonia em suas tribos. Mesmo as grandes civilizações egípcias e sumérias não geraram uma ética sistematizada; máximas e preceitos criados por líderes seculares misturaram-se com uma religião rígida que afetou o comportamento de cada egípcio. Na China, as máximas de Confúcio foram aceitas como código moral. (BRUGER, 1987) 6.3 Habilidades Segundo Chassot, 1994 o profissional de engenharia civil deve ter as seguintes habilidades no exercício de sua função: Compromisso com a ética profissional; Iniciativa empreendedora; 39 Disposição para auto aprendizado e educação continuada; Comunicação oral e escrita; Leitura, interpretação e expressão por meios gráficos; Visão crítica de ordens de grandeza; Domínio de técnicas computacionais; Domínio de língua estrangeira; Conhecimento da legislação pertinente; Capacidade de trabalhar em equipes multidisciplinares; Capacidade de identificar, modelar e resolver problemas; Compreensão dos problemas administrativos, socioeconômicos e do meio ambiente; Responsabilidade social e ambiental; Pensar globalmente, agir localmente. 6.4 Código de Ética do engenheiro O Código de Ética Profissional enuncia os fundamentos éticos e as condutas necessárias à boa e honesta prática das profissões da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Geologia, da Geografia e da Meteorologia e relaciona direitos e deveres correlatos de seus profissionais, e tem alcance sobre os profissionais em geral, quaisquer que sejam seus níveis de formação, modalidades ou especializações. (CHASSOT, 1994) 40 7 ÁREAS DE ATUAÇÃO E ATRIBUIÇÕES A engenharia civil está presente em todos os lugares da Terra onde exista a presença da civilização e em todos os momentos da nossa vida, enquanto cidadãos. Em qualquer espaço construído ou modificado pelo homem na superfície e subsuperfície terrestre. Ao longo dos tempos, foi necessária maior capacitação e especialização dos profissionais para melhorar e garantir a qualidade dos resultados objetivos. Um dos desafios era nivelar e normalizar o comportamento profissional para atuação junto à sociedade. (FERRAZ, 1983) 7.1 Áreas de atuação O engenheiro civil projeta e acompanha todas as etapas de uma construção e/ou reabilitação (reformas). Cabe-lhe garantir a segurança da edificação, exigindo que os materiais empregados na obra estejam de acordo com as normas técnicas em vigor. A engenharia civil tem, de alguma forma, relação com todas as atividades humanas, notadamente com a Arquitetura. (FERRAZ, 1983) Deve estudar as características dos materiais, do solo, incidência do vento, destino (ou ocupação) da construção. Com base nesses dados, desenvolve o projeto dimensionando e especifica as estruturas, hidros sanitárias e gás, bem como os materiais a serem utilizados. No gabinete de obra, chefia as equipes, supervisionando os prazos, os custos e o cumprimento das normas de segurança, de saúde e de meio ambiente. (FERRAZ, 1983) 7.2 Atribuições: Resolução no 218 A Resolução Confea no 218, de 29/6/1973 estabelece em seu art. 1o que para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades: 41 1. Supervisão, coordenação e orientação técnica; 2. Estudos, planejamento, projeto e especificação; 3. Estudos de viabilidade técnica e econômica; 4. Assistências, assessoria e consultoria; 5. Direções de obra e serviço técnico; 6. Vistorias, perícia, avaliação, arbitramento, laudo, parecer técnico; 7. Desempenhos de cargo e função técnica; 8. Ensinos, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica, extensão; 9. Elaborações de orçamento; 10. Padronizações, mensuração e controle de qualidade; 11. Execuções de obra e serviço técnico; 12. Fiscalizações de obra e serviço técnico; 13. Produções técnica especializada; 14. Conduções de trabalho técnico; 15. Conduções de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; 16. Execuções de instalação, montagem e reparo; 17. Operação e manutenção de equipamento e instalação; 18. Execuções de desenho técnico. 42 7.3 Responsabilidades técnicas Toda obra depende, para sua legalidade, da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Esta define para efeitos legais, os responsáveis técnicos, pela execução de obras ou prestações de serviços de engenharia, objeto do contrato; protege e limita a responsabilidade do profissional, identifica para o proprietário, em caso de discussões futuras, as possíveis responsabilidades por danos no projeto, obra ou serviço contratado. O engenheiro civil, ao se responsabilizar tecnicamente por uma construção tem por obrigação acompanhar a execução do projeto, fiscalizando tudo, desde a qualidade dos materiais empregados até a sua aplicação na obra. Assume, também, a responsabilidade de cumprir as leis do Código de Obras. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo demonstrar que a responsabilidade do engenheiro civil na Anotação de Responsabilidade Técnica. Para tanto, utilizasse do método dedutivo bibliográfico tendo como referências bibliográficas, doutrinas, legislação, artigos de revistas especializadas e jurisprudências. (FERRAZ, 1983) Direito de construir e a harmonia na vida comunitária Meirelles (1996) bem inicia sua composição literária, descrevendo que o direito de propriedade é o que afeta diretamente as coisas corpóreas – móveis ou imóveis, subordinando-as à vontade do homem. O direito de propriedade é real, no sentido de que incide imediatamente sobre a coisa e a segue em todas as suas mutações e, o domínio particular vem-se socializando ao encontro da afirmativa de Léon Duguit, de que: “a propriedade não é mais o direito subjetivo do proprietário; é a função social do detentor da riqueza”. Alves (1999) destaca: “Com efeito, o direito de propriedade é considerado não ilimitado e de exercício condicionado. Sempre o fora, mas, hoje, o elemento social, nele implícito, aflora de modo palmar”. Inegavelmente, a afirmativa de René Dekkers, transcrita por Alves (1999), procede em todos os seus termos, em progressos da tecnologia e o êxodo. 43 Direito de propriedade: função e evolução Do campo à cidade densificaram a sociedade, de tal modo que os conflitos entre vizinhos tornaramse praticamenteinevitáveis, e que, a vizinhança, como círculo social, organismo social, antecedeu a propriedade imóvel. Essa surgiu com a intervenção operada pelo elemento territorial, causa mesma de evolução do grupo social. (MEIRELLES,1996) Construção ou edificação – qual a diferença? Inicialmente, impõe-se a fixação de alguns conceitos técnicos da construção civil. Alves (1999) trata o termo construção que, a exemplo de edificação, é obra. Toma-se, com ele, a obra pelo gênero, de que espécie são a edificação, a demolição, a reforma, a reconstrução e a reparação. Destina-se, coberta, a abrigar atividade humana ou qualquer instalação, equipamento e material, a obra de construção denomina-se edificação. O significado de “prédio” Comumente, ouvimos e até tratamos, genericamente, em mais de um termo o significado de construção: o termo construção propriamente dito, a edificação, e atribuímos um terceiro termo: prédio mais às edificações de médio a grande porte, principalmente quando possui mais de um pavimento. O vocábulo prédio, em Direito, significa, genericamente, a propriedade fundiária: a terra com suas construções e servidões; mas, na linguagem comum, o termo prédio vem se tornando privativo da construção, ou mais propriamente, da edificação, em que se encontra com frequência nas escrituras de alienação, a referência específica: “terreno e prédio nele construído. (MEIRELLES, 1996). Alves (1999) bem complementa que no conceito de prédio integram-se o de subsolo, solo e sobressolo. Ainda, o de edificação ou, mais largamente, o de 44 construção. A ideia de prédio é mais ampla que a de terreno, pedaço da terra, que está no substrato. (MEIRELLES,1996) 8 O EMPREENDIMENTO DE ENGENHARIA E SUAS FASES Contemporaneamente, denomina-se engenharia o conjunto de conhecimentos e técnicas aplicadas ao projeto, construção e manutenção de estruturas materiais, quer se trate das edificações de natureza habitacional ou viária, funcional ou produtiva, quer se trate de máquinas de produção em série, instrumentos, veículos, aparelhos ou máquinas para o prolongamento da vida humana. O nome também designa a profissão de quem se ocupa de um ou mais desses campos do saber e fazer tecnológico. O projeto e a construção de estruturas são áreas da engenharia civil nas quais muitos engenheiros civis especializam-se. Estes são os chamados engenheiros estruturais. A engenharia estrutural trata do planejamento, projeto, construção e manutenção de sistemas estruturais para transporte, moradia, trabalho e lazer. (MEIRELLES,1996) Engenharia civil Conceitos É o ramo da engenharia que projeta e executa obras como edifícios, pontes, viadutos, estradas, barragens e outras obras especiais. Todas as etapas de uma construção devem ser projetadas e acompanhadas por um engenheiro civil. Cabe-lhe garantir a segurança da edificação, exigindo que os materiais empregados na obra estejam de acordo com as normas técnicas em vigor. No gabinete de obra, chefia as equipes, supervisiona os prazos, controla os custos e fiscaliza o cumprimento das normas de segurança, saúde e meio ambiente. (BAZZO, 1990) 45 8.1 Planta, plano e projeto Projeto: projeto de uma construção é o conjunto de documentos constituídos por estudos, cálculos e desenhos necessários à expressão técnica da obra a ser executada. O projeto abrange: › estudos preliminares, tais como medições do terreno, sondagens do subsolo e ensaios de laboratório; › os cálculos estruturais dos elementos de fundações, vigas, pilares, lajes e demais elementos estruturais; › desenhos representativos de todos os projetos, como de fundações, estruturas, instalações hidráulicas e sanitárias, instalações elétricas e comunicações, etc., com plantas, cortes, fachadas e detalhamentos; › especificações técnicas, com descrição detalhada dos materiais e das técnicas a serem utilizadas, de acordo com as teorias consagradas e as normas técnicas de todos os projetos, no que diz respeito à execução da obra; › memórias de cálculo; › orçamentos e cronogramas financeiros e executivos. Todos os projetos têm que ser confeccionados seguindo as melhores técnicas consagradas em todas as áreas da engenharia civil, tanto do ponto de vista teórico quanto experimental e científico. Além disso, devem estar de acordo com as normas técnicas relativas às metodologias, materiais e sistemas construtivos, relativos a cada área e descrito de forma detalhada por meio de memória de cálculo. (BAZZO, 1990) Todos os documentos dos projetos devem ser acompanhados da respectiva Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). Planta: é a representação gráfica e em escala de toda a obra ou de cada parte, na horizontal e em cortes, com detalhes que possam ilustrar e tornar o projeto fácil de entender e executar. 46 Escala: é a relação existente entre as dimensões do objeto real e as do desenho. As escala dos desenhos e as dimensões das folhas são normalizadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Plano: no sentido amplo da palavra, dentro da construção civil é usado para a designação urbanística ou de outra área, como Plano Viário, Plano Urbanístico, Plano Diretor, Plano de Zoneamento, etc., mais utilizado pelo poder publico para a ordenação física regional e social de determinadas áreas. (VERGNA 2007) 8.2 Características da construção civil Estrutura do setor Segundo os autores Filha, Costa e Rocha, a análise da cadeia produtiva da construção civil precisa levar em consideração as especificidades desse setor. Vergna (2007) lembra que o setor difere dos demais, dado que seus outputs são projetos únicos e há uma significativa complexidade de relacionamentos ao longo da cadeia produtiva. A figura a seguir, de Deconcic/Fiesp (2008), mostra um esquema geral da cadeia produtiva da construção civil, que se divide em duas edificações e construção pesada, ambas tendo o setor de materiais de construção como início de seu processo produtivo (elo a montante das cadeias). Os demais elos a montante e a jusante ou são prestadores de serviços (subcontratados) ou comerciantes e distribuidores. 47 Fonte: Deconcic/Fiesp (2008), p. 13. Nesse contexto, entende-se que existem três principais subsetores a serem estudados: materiais de construção, construção pesada e edificações, que englobavam, em 2008, 80% do PIB total da cadeia, segundo trabalho desenvolvido por Abramat/FGV (2009). 8.3 Materiais de construção Segundo Filha, Rocha, Costa, 2007 cada material de construção tem sua própria cadeia produtiva, o que contribui para a heterogeneidade do padrão de concorrência dos segmentos. Materiais cujo mercado é constituído por grandes empresas de capital intensivo e grande produtividade, como o cimento, coexistem com outros em que os produtos são fornecidos por empresas em que os processos produtivos ainda se baseiam em produção com pouco valor agregado, baixa 48 produtividade e pouca qualificação de mão de obra, como as olarias e a extração de areia. 8.4 Construção pesada Para Filha, Costa e Rocha, 2007 o subsetor de construção pesada abrange atividades ligadas à construção de infraestrutura, ou seja, obras de construção de ferrovias, rodovias, portos e aeroportos, relacionados à estrutura de transportes, além da construção de centrais de abastecimento de água, instalação de redes de esgoto e pavimentação de ruas, vinculadas à estrutura urbana. As atividades de construção de usinas de geração de energia (hidrelétricas, termelétricas, nucleares etc.) e das redes de distribuição de energia, assim como a execução de projetos relacionados a serviços de telecomunicações e a montagem de instalações industriais, também estão incluídas nesse subsetor. O principal cliente das obras de construção pesada
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