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Universidade Federal de Lavras GQI130 - Química Ambiental Iara Guimarães iaraguimaraes@ufla.br ATIVIDADE 3 1 Desreguladores Endócrinos 1. Introdução aos desreguladores endócrinos Um desregulador endócrino é uma substância exógena ou uma mistura de substâncias, naturais ou sintéticas, que podem danificar diretamente um órgão endócrino, alterar diretamente a função de um órgão endócrino, interagir com um receptor de hormônios ou alterar o metabolismo de um hormônio em um órgão endócrino e, consequentemente, causar efeitos adversos à saúde de um organismo, de sua prole, ou ainda de uma população. Os DEs estão difundidos nas cadeias alimentares e no ambiente e incluem substâncias naturais e sintéticas Os desreguladores endócrinos são encontrados em muitos produtos do cotidiano, incluindo algumas garrafas e recipientes de plástico, revestimentos de latas de metal para comida, detergentes, retardadores de chama, alimentos, brinquedos, cosméticos e pesticidas. Alguns produtos químicos desreguladores endócrinos demoram a se decompor no meio ambiente. Essa característica os torna potencialmente perigosos ao longo do tempo. A primeira pista de que existiam substâncias no ambiente capazes de afetar o sistema endocrinológico foi publicada pela bióloga americana Rachel Carson no livro Primavera Silenciosa, de 1962. Na obra, a autora relatou como os pesticidas, especialmente o DDT, prejudicavam a reprodução e até matavam os pássaros. Dez anos depois, o uso desse pesticida na agricultura foi proibido nos Estados Unidos. 2. Principais classes de desreguladores endócrinos Os desreguladores endócrinos podem ser agrupados em duas classes: I. SUBSTÂNCIAS SINTÉTICAS utilizadas na agricultura e seus subprodutos, como pesticidas, herbicidas, fungicidas; substâncias utilizadas nas indústrias e seus subprodutos, como dioxinas, bifenilas policloradas (PCB), alquilfenóis e seus subprodutos, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (HAP), ftalatos, bisfenol A e metais pesados; compostos farmacêuticos, como os estrogênios sintéticos dietilestilbestrol (DES) e α-etinilestradiol; dioxina: subproduto de inseticidas clorados; II. SUBSTÂNCIAS NATURAIS derivada de plantas – fitoestrogênios, tais como genisteína e metaresinol, e estrogênios naturais, como 17β-estradiol, estrona e estriol. mailto:iaraguimaraes@ufla.br Universidade Federal de Lavras GQI130 - Química Ambiental Iara Guimarães iaraguimaraes@ufla.br ATIVIDADE 3 2 3. Algumas moléculas modelos, com atenção para estrutura e origem Figura 2. Estrutura de Ftalato Figura 3. Estrutura do Bisfenol A Figura 4. Estrutura da Dioxina 4. Principais efeitos adversos I. Efeitos relatados em animais silvestres e de laboratório Vários estudos relacionam a poluição ambiental das águas naturais com anomalias no sistema reprodutivo e no desenvolvimento de espécies de animais. A exposição aos desreguladores endócrinos pode ser responsável por alterações fisiológicas e histológicas em animais silvestres e de laboratório, feminização de peixes machos, indução ao hermafroditismo, inibição no desenvolvimento das gônadas e declínio na reprodução; II. Efeitos relatados em humanos Uma variedade de substâncias químicas é suspeita de causar efeitos adversos na saúde humana, resultando em alterações no sistema endócrino, incluindo efeitos no sistema reprodutivo feminino (diferenciação sexual, função dos ovários, aumento no risco de câncer de mama e de vagina, ovários policísticos e endometriose) e no sistema reprodutivo masculino (redução na produção de esperma, aumento do risco de câncer testicular e de próstata, infertilidade e alterações nos níveis hormonais da tireoide); III. Efeitos em fetos ou espécies jovens Durante estágios prematuros da vida, na fase fetal e no desenvolvimento jovem, os hormônios são os principais responsáveis pelo controle e desenvolvimento de alguns tecidos e órgãos, incluindo os sistemas reprodutivo, imunológico e nervoso. As crianças e animais jovens são as espécies que apresentam os maiores riscos quando expostos aos desreguladores endócrinos, pois, durante este estágio crítico de desenvolvimento, desequilíbrios hormonais podem acarretar problemas que podem ser pronunciados mais tarde. Como o desenvolvimento dos sistemas reprodutivos feminino e masculino ocorre na fase fetal, as anomalias podem estar relacionadas ao aumento da exposição de substâncias mailto:iaraguimaraes@ufla.br Universidade Federal de Lavras GQI130 - Química Ambiental Iara Guimarães iaraguimaraes@ufla.br ATIVIDADE 3 3 estrogênicas in útero. 5. Métodos de remediação ambiental aplicados aos desreguladores Atualmente, a presença de micro poluentes na água que podem causar danos à saúde humana e de animais é uma preocupação mundial. Tecnologias de tratamentos que podem eficientemente remover esses poluentes têm sido bastante estudadas, e algumas serão apresentadas a seguir. A ozonização tem sido considerada como uma tecnologia promissora na remoção de estrogênios naturais e sintéticos de água potável e efluentes de ETE. Esses estudos indicam que os estrogênios são rapidamente oxidados com as baixas doses de ozônio que são usadas em estações de tratamento de água potável, alcançando altas remoções (> 97%); O sistema de filtro biológico em conjunto com o óxido de manganês (MnO2) foi empregado na oxidação de desreguladores endócrinos. Neste sistema biocatalítico, o MnO2 e as bactérias que oxidam o manganês são integrados. O MnO2 oxida os micros poluentes em moléculas menores, que junto com o Mn2+ são degradados biologicamente e o manganês reoxidado é redepositado no MnO2. Com esse sistema de tratamento foi alcançado a remoção de 81,7% de atividade estrogênica do 17α-etinilestradiol em solução aquosa; Os Processos Oxidativos Avançados (POA) investigados na remoção de desreguladores endócrinos de ambientes aquáticos são: O3/H2O2, fotocatálise, H2O2/UV; O carvão ativado é comumente usado no tratamento de água potável para remoção de micropoluentes. Alguns autores investigaram o uso de processos de filtração com carvão ativado na remoção dos DE, tais como, 17β-estradiol, bisfenol A e 17α-etinilestradiol. Os resultados mostraram que são alcançadas remoções (> 99%) em baixíssimas concentrações iniciais do poluente. A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (US.EPA) realizou um estudo para avaliar quais processos usados no tratamento de água podem ser usados para remoção de alguns DE. Concluiu que a melhor tecnologia disponível no tratamento de água para remoção de pesticidas (ex. metoxicloro, endosulfano e DDT), ftalatos (ex. DEHP e DEP), alquilfenóis e alquilfenóis etoxilados (ex. nonilfenol) e PCB é o processo de filtração em CAG (Carvão Ativado Granular). A aplicação de processos com membranas de nanofiltração (NF) e osmose reversa (OR) em plantas de tratamento de água aumentou significativamente. Processos de NF e OR são particularmente efetivos na remoção de micropoluentes inorgânicos (tais como, nitrato, arsênico e flúor) e orgânicos (tais como, pesticidas, estrogênios entre outros). 6. Referências I. Bila, Daniele Maia, and Márcia Dezotti. "Desreguladores endócrinos no meio ambiente: efeitos e conseqüências." Química nova 30.3 (2007): 651-666. II. Meyer, Armando, et al. "Os agrotóxicos e sua ação como desreguladores endócrinos." Peres F, Moreira JC. É veneno ou é remédio: agrotóxicos, saúde e ambiente. Rio de Janeiro: Fiocruz (2003): 101-20. III. Bianco, Bianca, et al. "O papel dos desreguladores endócrinos na fisiopatologia da endometriose: revisão da literatura." Arquivos Brasileiros de Ciências da Saúde 35.2 (2010). IV. https://www.niehs.nih.gov/health/topics/agents/endocrine/ mailto:iaraguimaraes@ufla.br
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