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INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE – CAMPUS CONCÓRDIA BACHARELADO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS RELATÓRIO AULA PRÁTICA: TECNOLOGIA DE CARNES E DERIVADOS. CONCÓRDIA – SC 2018 ALISON STEIN BRUNA ROSALEM CRISLAINE DE LIMA RELATÓRIO AULA PRÁTICA: TECNOLOGIA DE CARNES E DERIVADOS. Trabalho apresentado ao Instituto Federal Catarinense - Campus Concórdia, como avaliação da disciplina de Tecnologia de Carnes e Derivados ministrada pelo professor Eduardo Huber. CONCÓRDIA – SC 2018 1 INTRODUÇÃO A carne é um alimento com grande valor nutricional, comercial e social, mas apresenta uma limitada vida de prateleira. Visando a preservação da carne, foram desenvolvidos alguns procedimentos como a secagem, salga e fermentação (VIOTT et al., 2006). Entende-se por salame um produto cárneo industrializado, elaborado de carnes suínas ou suínas e bovinas, toucinho, adicionado de ingredientes, moídos em granulometria média entre 6 e 9mm, embutido em envoltórios naturais ou artificiais, curado, defumado ou não, fermentado, maturado e dessecado por tempo indicado pelo processo de fabricação (BRASIL, 2000). A presença de “mofos” característicos, é consequência natural do seu processo tecnológico de fabricação (BRASIL, 2000). O salame é caracterizado pelas suas propriedades organolépticas, nutricionais, químicas e microbiológicas. Dois fatores básicos tornam esse produto diferente dos demais embutidos: baixo teor de umidade e presença de ácido láctico que confere um sabor característico (GRIS et al., 2002). Os efeitos mais comuns no salame são a formação de película seca por dentro do invólucro, a presença de buracos na massa do salame, a rancificação, o recobrimento total de mofos e a coloração escura. Geralmente, ocorrem nas fases de cura, fermentação e secagem (GALLI, 1993). Na sua composição são definidos os ingredientes obrigatórios e opcionais. Como obrigatórios a carne suína, toucinho, sal, nitrito e/ou nitrato de sódio e/ou potássio. Os opcionais a carne bovina, leite em pó, açúcares, maltodextrinas, proteínas lácteas, aditivos intencionais, vinhos, condimentos, aromas e especiarias, substâncias glaceantes (revestimento externo) (BRASIL, 2000). Das características físico-químicas, os valores máximos e mínimos aceitáveis são: gordura (máx) 35%, proteína (mín) 20%, carboidratos totais (máx) 1,5%, atividade de água (máx) 0,92 e umidade (máx) 40% (BRASIL, 2000). Entende-se por linguiça, o produto cárneo industrializado, elaborado exclusivamente a partir de carnes suínas, adicionado de toucinho, ingredientes, moído em granulometria variável, embutida em envoltório natural, curado, que sofre um processo rápido de fermentação, defumado e dessecado por tempo indicado pelo processo de fabricação (BRASIL, 2000). Linguiça Calabresa é o produto obtido exclusivamente de carnes suína, curado, adicionado de ingredientes, devendo ter o sabor picante característico da pimenta calabresa submetidas ou não ao processo de estufagem ou similar para desidratação e ou cozimento, sendo o processo de defumação opcional (BRASIL, 2000). Linguiça Toscana é o produto cru e curado obtido exclusivamente de carnes suína, adicionada de gordura suína e ingredientes (BRASIL, 2000). Na sua composição são definidos os ingredientes obrigatórios e opcionais. Como obrigatórios a carne suína, toucinho, sal, nitrito e/ou nitrato de sódio e/ou potássio. Os opcionais a carne bovina, leite em pó, açúcares, maltodextrinas, proteínas lácteas, aditivos intencionais, vinhos, condimentos, aromas e especiarias, substâncias glaceantes (revestimento externo) (BRASIL, 2000). Das características físico-químicas, os valores máximos e mínimos aceitáveis são: gordura (máx) 30%, proteína (mín) 18% e carboidratos totais (máx) 1,5% (BRASIL, 2000). Entende-se por Hambúrguer o produto cárneo industrializado, obtido da carne moída dos animais de açougue, adicionado ou não de tecido adiposo e ingredientes, moldado e submetido a processo tecnológico adequado. Trata-se de um produto que pode ser produzido cru, semi-frito, cozido, frito, congelado ou resfriado (O Hambúrguer e sua Formulação, 2004). Alguns ingredientes podem ser acrescentados na formulação do Hambúrguer, eles são denominados como ingredientes opcionais: gordura animal, gordura vegetal, água, sal, proteínas de origem animal e/ou vegetal, leite em pó, açúcares, maltodextrinas, aditivos intencionais, condimentos, aromas e especiarias, vegetais, queijos (O Hambúrguer e sua Formulação, 2004). Entende-se por presunto cozido, o produto cárneo industrializado obtido exclusivamente com o pernil de suínos, desossado, adicionado de ingredientes, e submetido a um processo de cozimento adequado (TREMARIN, 2006). Para a produção do presunto é utilizada a carne do pernil resfriado, limpo de excesso de gorduras, glândulas e nervos. No processo de preparação do presunto cozido, primeiramente acontece a preparação da carne, essa preparação é composta por três etapas que são a desossa, o corte e o aparamento (TREMARIN, 2006). Entende-se por Mortadela, o produto cárneo industrializado, obtido de uma emulsão das carnes de animais de açougue, acrescido ou não de toucinho, adicionado de ingredientes, embutido em envoltório natural ou artificial, em diferentes formas, e submetido ao tratamento térmico adequado. (IN M N° 4, 2000). De acordo com a composição da matéria-prima e das técnicas de fabricação: Mortadela - Carnes de diferentes espécies de animais de açougue, carnes mecanicamente separadas, até o limite máximo de 60%; miúdos comestíveis de diferentes espécies de animais de açougue (Estômago, Coração, Língua, Fígado, Rins, Miolos), pele e tendões no limite de 10% (máx) e gorduras. Entende-se por Empanado, o produto cárneo industrializado, obtido a partir de carnes de diferentes espécies de animais de açougue, acrescido de ingredientes, moldado ou não, e revestido de cobertura apropriada que o caracterize. (BRASIL, 2001). Segundo GL (2002), “os sistemas de cobertura são qualquer combinação de ingredientes à base de cereal ou não cereal, que reveste um substrato proteico ou não proteico, fornecendo ao produto acabado atributos como sabor, textura e aparência”. 2 OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL ● Elaboração de Salame. ● Elaboração de Linguiça frescal suína. ● Elaboração de Hambúrguer. ● Elaboração de Presunto. ● Elaboração de Mortadela. ● Elaboração de Empanado. 2.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ● Elaboração de salame com diferentes tipos de condimentos: natural e industrial. ● Elaboração de linguiças toscana e calabresa. ● Elaboração de hambúrguer bovino. ● Elaboração do Presunto cozido suíno. ● Elaboração de Mortadela suína. ● Elaboração de Empanado de frango. 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 MATERIAIS ● moedor de carne/embutidora; ● facas; ● balança; ● copo medidor; ● bacias; ● tripas; ● placas de petri; ● saco plástico; ● formas; ● papel alumínio; ● tumblr; ● liquidificador; ● cutter; ● fritadeira; 3.1.1 Formulação condimento natural ● 4,0 kg de carne de paleta suína com gordura; ● 20 g de conservante a base de nitrato e nitrito de sódio kerry; ● 20 g de antioxidante a base de eritorbato de sódio kerry; ● 120 g de sal; ● 35 g de açúcar; ● 15 g de alho em pó; ● 10 g de pimenta; ● 1 g de noz moscada. 3.1.2 Formulação condimento industrial ● 4,0 kg de carne de paleta suína com gordura; ● 40 g de condimento salame italiano kerry composto por sal (95%), açúcar, pimenta, alho, cravo e páprica; ● 20 g de conservante a base de nitrato e nitrito de sódio kerry; ● 20 g de antioxidante a base de eritorbato de sódio kerry; ● 80 g de sal;● 25 g de açúcar. 3.1.3 Formulação Linguiça Toscana ● 3,0 kg de carne suína; ● 0,47 g de toucinho; ● 0,30 ml de água gelada; ● 47,0 g de sal; ● 20 g de sal de cura; ● 20 g de antioxidante eritorbato; ● 20 g de estabilizante polifosfato; ● 25 g de condimento linguiça toscana; ● 7 g de açúcar; ● 2 ml de fumaça líquida. 3.1.4 Formulação Linguiça Calabresa ● 3,0 kg de carne suína; ● 0,47 g de toucinho; ● 0,30 ml de água gelada; ● 47,0 g de sal; ● 20 g de sal de cura; ● 20 g de antioxidante eritorbato; ● 20 g de estabilizante polifosfato; ● 25 g de condimento linguiça calabresa; ● 2 ml de fumaça líquida. 3.1.5 Formulação Hambúrguer bovino ● 3,0 kg de carne bovina; ● 0,50 g de toucinho; ● 0,40 ml de água; ● 50 g de Mix Hambúrguer Duas Rodas; ● 125 g de proteína texturizada de soja; ● 50 g de sal; ● 2 ml de aroma de fumaça; 3.1.6 Formulação Presunto Cozido Suíno ● 3000 g de pernil suíno (2250 g bem picados e 750 g moídos em discos de 8mm); Para a salmoura: ● 600 ml de água gelada; ● 18 g de conservante a base de nitrato e nitrito de sódio kerry; ● 18 g de antioxidante eritorbato de sódio kerry; ● 18 g de estabilizante a base de polifosfato de sódio kerry; ● 54 g de sal; ● 11 g de açúcar; ● 36 g de condimento Califórnia kerry; ● 12 g de polvilho doce; 3.1.7 Formulação da Mortadela ● 620 g de carne suína; ● 200 g de toucinho; ● 140 ml de água gelada; ● 15 g de sal; ● 5 g de estabilizante a base de polifosfatos 201/12; ● 5 g de conservante a base de nitrito/nitrato Kerry; ● 1 g de açúcar; ● 10 g de condimento Mortadela especial Kerry; ● 1 g de alho; ● 5 g de antioxidante a base de eritorbato de sódio Kerry; ● 0,5 ml de aroma natural de fumaça; ● 4 g de polvilho doce. 3.1.8 Formulação do Empanado de frango ● 5 kg de carne de peito de frango em pedaços (iguais); Marinado: ● 12 g de marinador Kerry para cada 1 kg de carne; ● 18 g de sal para cada 1 kg de carne; ● 50 mL de água gelada para cada 1 kg de carne. 3.2 MÉTODOS 3.2.1 Salame condimento natural Moeu-se 4,0 kg de carne resfriada em disco de 8mm (figura 1). Misturou-se a carne moída com o conservante, o sal, o alho, a pimenta, a noz moscada, o açúcar, o antioxidante. Tratou-se a tripa em uma solução aquosa de vinagre por vinte minutos. Em seguida introduziu-se a massa previamente preparada em tripa artificial. Após o embutimento o salame foi transferido para a defumação natural onde permaneceu por um dia, em seguida foi para a câmara de maturação onde permaneceu por vinte e um dias. 3.2.2 Salame condimento industrial Moeu-se 4,0 kg de carne resfriada em disco de 8mm (figura 1). Misturou-se a carne moída com o mix de condimentos. Tratou-se a tripa em uma solução aquosa de vinagre por vinte minutos. Em seguida introduziu-se a massa previamente preparada em tripa artificial. Após o embutimento o salame foi transferido para a defumação natural onde permaneceu por um dia, em seguida foi para a câmara de maturação onde permaneceu por vinte e um dias. 3.2.3 Linguiça Toscana Moeu-se 3,0 kg de carne suína em disco de 8mm (figura 1). Misturou-se a carne moída, o toucinho, água gelada (adicionada aos poucos), sal, estabilizante, sal de cura, condimento linguiça toscana, açúcar, homogeneizando-os bem. Em seguida adicionou-se o antioxidante, misturando até uma boa liga, juntamente com os condimentos adicionou-se a fumaça líquida. Tratou-se as tripas suínas em uma solução aquosa de vinagre de 7% por trinta minutos. Em seguida introduziu-se a massa previamente preparada em tripa suína. Após o embutimento a linguiça foi resfriada. E em 7 dias após o preparo da linguiça, assou-se e degustou-se. 3.2.4 Linguiça Calabresa Moeu-se 3,0 kg de carne suína em disco de 8mm, juntamente com o toucinho (figura 1). Misturou-se a carne moída, o toucinho, água gelada (adicionada aos poucos), sal, estabilizante, sal de cura, condimento linguiça calabresa, homogeneizando-os bem. Em seguida adicionou-se o antioxidante, misturando até uma boa liga, juntamente com os condimentos adicionou-se a fumaça líquida. Tratou- se as tripas suínas em uma solução aquosa de vinagre de 7% por trinta minutos. Em seguida introduziu-se a massa previamente preparada em tripa suína. Após o embutimento a linguiça foi resfriada. E em 7 dias após o preparo da linguiça, assou- se e degustou-se. 3.2.5 Hambúrguer Bovino Hidratou-se a proteína com a água da formulação, de acordo com a orientação do fabricante, por no mínimo 15 minutos. Em seguida moeu-se 3,0 kg de carne bovina em disco de 5mm, juntamente com o toucinho. Misturou-se a carne bovina, o toucinho, a proteína hidratada, efetuou-se a mistura sem pressão em excesso. Após a mistura, moldou-se os hambúrgueres e levou-se ao forno, em seguida degustou-se. 3.2.6 Presunto Cozido Suíno Moeu-se 750 g em disco 8mm e picou-se 2250 g. Em seguida elaborou-se a salmoura em liquidificador e misturou-se com a carne. Colocou-se a mistura e efetuou- se um tambleamento, a vácuo por 30 minutos, até completa extração das proteínas e absorção total da salmoura. Acondicionou-se em tripas plásticas para presunto, colocou-se em recipiente fechado e resfriou-se em refrigerador por no mínimo 24 horas de cura. Após a cura, cozinhou-se em tanque com água quente durante 60 minutos a 60°C e por mais 60 minutos a 65°C. Aumentou-se a temperatura para 80°C e cozinhou-se à temperatura do centro até atingir 73°C. Resfriou-se em água fria por 15 minutos. Colocou-se no resfriador. 3.2.7 Mortadela Moeu-se 620 g de carne suína e 200 g toucinho em disco 8mm. Em seguida colocou-se no cutter a carne suína e o toucinho moídos e parte da água gelada e triturou-se. Em seguida adicionou-se o sal, o conservante e o estabilizante e triturou- se, após isso adicionou-se os demais ingredientes com o resto da água gelada e triturou-se. Controlou-se a temperatura da emulsão para que não ultrapassasse os 14ºC. Embutiu-se firmemente em tripas plásticas, com a melhor remoção de ar possível. Cozinhou-se até o centro da mortadela atingir uma temperatura de 73ºC. Em seguida resfriou-se e degustou-se. 3.2.8 Empanado de frango Para o preparo dos empanados, limpou-se a mesa e todos os utensílios que seriam utilizados, pesou-se todos os ingredientes de acordo com os valores descritos. Elaborou-se a salmoura utilizando os ingredientes e misturou-se com a carne de frango. Em seguida cobriu-se suavemente e sacudiu-se para retirar o excesso de predust. Preparou-se o batter utilizando água gelada e mistura para batter, testou-se proporções para se obter uma viscosidade semelhante à massa de panqueca, em seguida, mergulhou-se as peças e retirou-se do batter evitando excesso do mesmo. Cobriu-se toda a superfície, garantindo aderência e sacudiu-se para retirar o excesso de breading. Em seguida, realizou-se a fritura em óleo quente à uma temperatura de aproximadamente 175ºC. Fluxograma do Processo Produtivo do Salame: Carne suína resfriada ↓ Moagem ↓ Mistura dos condimentos ↓ Embutimento ↓ Defumação ↓ Maturação Fluxograma do Processo Produtivo da Linguiça Frescal: Carne suína resfriada ↓ Moagem ↓ Mistura dos condimentos ↓ Embutimento ↓ Preparo dos gomos ↓ Descanso e cura Fluxograma do Processo Produtivo do Hambúrguer Bovino: Carne bovina resfriada ↓ Moagem ↓ Mistura dos condimentos ↓ Moldagem ↓ Resfriamento Fluxograma do Processo Produtivo do Presunto Cozido Suíno: Carne suína resfriada ↓ Moagem e cortes ↓ Salmoura ↓ Mistura dos condimentos ↓ Tumbleamento ↓ Embutimento ↓ Cozimento ↓ Resfriamento Fluxograma do Processo Produtivo da Mortadela: Carne suína resfriada ↓ Moagem ↓ Mistura dos condimentos em cutter ↓ Embutimento ↓ Cozimento ↓ ResfriamentoFluxograma do Processo Produtivo do Empanado de frango: Moldagem ↓ Pré-enfarinhamento ↓ Battering ↓ Breading ↓ Fritura ↓ Congelamento Figura 1: Moagem da carne. Fonte: Autores, 2018. Figura 2: Salame condimento natural. Figura 3: Salame condimento industrial. Fonte: Autores, 2018. Fonte: Autores, 2018. Figura 4: Linguiça Frescal Calabresa. Figura 5: Linguiça Frescal Toscana. Fonte: Autores, 2018. Fonte: Autores, 2018. Figura 6: Salame com condimento natural e industrial embutido. Fonte: Autores, 2018. Figura 7: Linguiça Frescal Calabresa e Toscana embutidas. Fonte: Autores, 2018. Figura 8: Hambúrguer Bovino. Fonte: Autores, 2018. Figura 9: Presunto cozido suíno embutido. Fonte: Autores, 2018. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 O PROCESSO DE CURA DO SALAME No processo do salame utilizou-se vários aditivos como: conservantes (nitrato, nitrito) usados para retardar ou impedir alterações dos alimentos que são provocados por microrganismos ou enzimas, estabilizam a cor vermelha, contribuem para o sabor da carne curada, retardam a rancidez; antioxidantes (eritorbato) usados para retardar o aparecimento de alterações oxidativas nos alimentos, evitando o sabor de ranço; condimentos, aromatizantes e especiarias (alho, pimenta, noz moscada) usados para atribuir sabor e aroma tornando-os mais saborosos e desejáveis ao paladar. Durante o processo ocorrem várias reações na coloração da carne, observa-se a figura 12 e figura 13. Figura 10: Mudanças químicas da mioglobina durante as reações de cura. Fonte: Price & Schweigert, 1994. Figura 11: Transformação de nitrito em nitrato. Fonte: Huber, 2018. 4.2 O PROCESSO DE MATURAÇÃO DO SALAME Depois de curados, transferiu-se os salames para a sala de maturação e secagem. O processo transcorreu-se em duas fases: na primeira fase há fermentação, acidificação o que resulta na queda de pH e formação de cor durante sete dias, já na segunda fase há desidratação, onde se reduz a atividade de água durante vinte dias. No fim desse período, os salames devem apresentar perda de peso de 25 a 30%, pH entre 5,2 e 5,4, atividade de água inferior a 0,90. Ambas fases ocorrem na câmara de maturação sob condições de umidade relativa, temperatura, velocidade do ar controladas. 4.3 ANÁLISE SENSORIAL DO SALAME Avaliou-se as qualidades sensoriais dos salames com condimento natural e industrial, observando a dureza, cor e sabor. Em relação à dureza, observou-se que o salame com condimento natural estava mais consistente comparado ao industrial, pelo fato de não apresentar umidade e atividade de água, apresentou também boa fatiabilidade e firmeza no corte, que são características desejáveis para textura. Já em relação à cor, observou-se que o salame com condimento industrial obteve uma coloração mais intensa comparado com o de condimento natural, devido a ação do nitrato (nitrosomioglobina). Percebeu-se maior intensidade de sabores no salame com condimento natural e o de condimento industrial apresentou um sabor moderado. Figura 12: Salame com condimento natural e industrial após 21 dias de maturação. Fonte: Autores, 2018. 4.4 O PROCESSO DE CURA DA LINGUIÇA Moeu-se a carne resfriada, pois uma vez que ao moer as carnes aumenta-se a superfície de contato com bactérias e carnes que são moídas quentes podem acelerar o processo de deterioração, como também ajudar na formação de uma pasta indesejável para o produto. Na etapa de condimentação há a adição de água preferencialmente gelada, mantendo baixa a temperatura da massa, para não comprometer sua conservação, juntamente com seus condimentos que são constituídos de: sal para o processo de cura (pó húngaro III) conserva de carnes por mais tempo frescas, também é responsável pela retirada de proteínas miofibrilares; antioxidante (eritorbato) que retarda o aparecimento de alterações oxidativas, evitando o sabor de ranço; açúcar confere um aspecto caramelizado ao produto que será preparado e tem papel no combate a adstringência; estabilizante (polifosfato) mantém as características físicas, evitando que os ingredientes se separem com o tempo, aumentam a capacidade de retenção e umidade da carne. 4.5 ANÁLISE SENSORIAL DA LINGUIÇA FRESCAL A avaliação sensorial proporciona informação integral sobre a qualidade dos alimentos e quando um consumidor seleciona um alimento, está de alguma forma julgando se as características do produto satisfazem suas expectativas e se estas correspondem suas exigências (TEIXEIRA, 2001). Avaliou-se os dois produtos: linguiça frescal calabresa e linguiça frescal toscana. Observou-se que a linguiça frescal calabresa apresentou um sabor mais picante característico da pimenta calabresa, no entanto a linguiça frescal toscana apresentou um sabor mais leve. Textura e aparência significativamente agradáveis. Figura 13: Linguiça Frescal Fonte: Autores, 2018. 4.6 ADITIVOS NO PREPARO DO HAMBÚRGUER BOVINO Para o preparo do hambúrguer utilizou-se aditivos para complementar a estrutura da massa, como: estabilizante com o intuito de aumentar a CRA E CRG do produto, aumenta seu rendimento e torna a superfície mais seca e firme, aumentando a viscosidade e consistência; emulsificante com objetivo de proporcionar mais liga, evitando esmigalhamento ao fritar ou assar, auxilia no fatiamento, melhorando a consistência; fixador de cor que são substâncias redutoras que impedem as reações de oxidação que podem alterar a cor do produto, além de acelerar o processo de cura; realçador de sabor com finalidade de potencializar o sabor do produto, encobrimento sabores indesejáveis. 4.7 ANÁLISE SENSORIAL DO HAMBÚRGUER BOVINO Analisou-se nos hambúrgueres diversos parâmetros como, textura, sabor, aroma, suculência, aparência. O resultado final ficou como esperado, as características atenderam os requisitos. Figura 14: Hambúrguer bovino assado. Fonte: Autores, 2018. 4.8 PRESUNTO COZIDO SUÍNO No Brasil os ingredientes obrigatórios na produção de presunto cozido são: carne, sal, nitrito e ou nitrato de sódio e ou potássio em forma de salmoura. Os ingredientes considerados opcionais são: proteínas de origem animal e ou vegetal, açúcares, maltodextrina, condimentos, aromas, especiarias e aditivos intencionais (BRASIL, 2000). Os ingredientes tem por finalidade melhorar a eficiência na retenção de água , o que influencia diretamente na maciez e na suculência, (PARDI, 2007). Usualmente adicionado a níveis de 2,5 a 3,0%, o sal é utilizado para preservar e melhorar o flavor dos alimentos, participando também do processo de cura da carne e da solubilização das proteínas (OCKERMAN, 1994). O açúcar é um conservante eficaz e retarda o crescimento bacteriano, serve para proporcionar um aroma agradável, evita o salgamento excessivo, ao mesmo tempo diminuindo a umidade e modera o sabor (ORDONEZ, 2007). De acordo com Ordonez (2007) a função dos nitratos e nitritos são para: estabilizar a cor, desenvolver o aroma característico da carne curada, inibir o crescimento de algumas bactérias, especialmente o Clostridium botulinum, retardar o desenvolvimento da rancificação. O primeiro efeito da adição do nitrito em produtos cárneos é o desenvolvimento da coloração de carne curada (SEBRANEK & BACUS, 2007). Em produtos reestruturados, como os presuntos, os fosfatos contribuem para o rompimento das fibras do músculo facilitadas pelo massageamento, na solubilização das proteínas miofibrilares e a produção de um exsudato rico em proteínas solúveis, reduzem perda por cozimento, melhora textura e suculência, especialmente pelo aumentoda CRA, retardam rancidez oxidativa, Essas proteínas do exsudado ligam os pedaços de carne entre si (PUOLANNE et al., 2001). O eritorbato de sódio é acelerador da transformação do nitrito a óxido nitroso e estabilizante da cor formada por aquecimento a nitrosohemocromo (BARRINGER et al, 2005). 4.8.1 Cozimento do presunto cozido O aquecimento 65 a 70°C induz a ligação proteína-proteína o que transforma o extrato protéico viscoso na matriz tridimensional durante o processamento da carne (LI, 2006). Este extrato une os músculos e torna o presunto uma peça compacta (CASIRAGHI, 2007) favorecendo o aparecimento da textura desejada. Segundo Li (2006), objetivo do cozimento é o desenvolvimento das características sensoriais desejadas: sabor, textura e cor no caso dos produtos curados e cozidos. 4.9 ANÁLISE SENSORIAL DO PRESUNTO COZIDO SUÍNO A análise sensorial tem desempenhado uma importante função na avaliação e interpretação das propriedades sensoriais de alimentos (textura, sabor, aroma, aparência e cor), em função de sua composição química, de processamento, condições de embalagem e armazenamento. Suas características desejáveis, sendo um produto de carnes nobres. Figura 15: Presunto cozido suíno Fonte: Autores, 2018. 4.9 MORTADELA SUÍNA A composição da mortadela tem como ingredientes obrigatórios: Carne de diferentes espécies animais e sal. Como ingredientes opcionais: água, gordura animal ou vegetal, proteína vegetal ou animal, aditivos intencionais, agentes de liga, açúcares, aromas, especiarias e condimentos vegetais. Segundo (BRESSAN 2004) o sal de cura é essencial nos produtos curados, para dar as características de cor no produto final. O derivado cárneo, na qual seus constituintes passam por meio de uma mistura finamente dividida e dispersa, juntamente com uma suspensão de gordura em água, é considerado uma emulsão. Dispersa em duas fases, as emulsões, apresentam gotículas de gordura com solução de proteínas e sais. A propriedade mais importante de um produto emulsionado, sua estabilidade, é dependente de fatores como: temperatura, ph e viscosidade, que estão diretamente relacionadas à qualidade da carne após abate e a quantidade de água e gordura dessa carne (CENCI, 2013). 4.10 EMPANADO DE FRANGO Segundo Bortoluzzi(2006) para se produzir empanados é de extrema importância conhecer as características do substrato, deve-se considerar seu conteúdo de água, formato, tamanho, temperatura, textura, composição química, tipo de superfície e seu potencial de adesão. A quantidade de proteína dos empanados está diretamente relacionada à qualidade do produto, pois quando se prioriza a proteína na formulação significa que ingredientes menos nobres estão sendo adicionados em menor quantidade. A função do líquido de empanar traduz-se inicialmente pela sua adesão ao produto e a farinha de cobertura (breading). É fundamental, pois é responsável pelas características funcionais e econômicas do produto, influenciando diretamente na espessura da cobertura (Bortoluzzi, 2006). Figura 16: Empanado de frango cru Fonte: Autores, 2018. 5 CONCLUSÃO Conclui se que as aulas práticas realizadas, oferecem um maior aprendizado para todos os integrantes da turma, com objetivo de ensinar conforme o processo produtivo de alguns produtos industrializados, desde sua matéria prima, ingredientes que são utilizados para o processamento. Neste presente trabalho discutiu se sobre os processos de salames, mortadela, presunto, hambúrguer e empanados. Ambos processos, foram realizados de forma a garantir a qualidade, adotando as boas práticas de fabricação, avaliando sabor, textura e aroma, sendo assim realizado a degustação dos produtos fabricados, e avaliados. 6 REFERÊNCIAS BORGES, Belimar Cleyde da Silva. Produção do salame e principais defeitos. Universidade de Brasília, Brasília, 2007. BORTOLUZZI, R. C. 2006. Empanados. In: R. OLIVO (ed.), O mundo do frango: cadeia produtiva da carne de frango. BRASIL, Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento Regulamento técnico de identidade e qualidade de empanados. Instrução normativa n.º6, de 15 de fevereiro de 2001. BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA). Instrução normativa n.4, 31 março de 2000. Aprova os Regulamentos Técnicos de Identidade e Qualidade de Carne Mecanicamente Separada, de Mortadela, de Lingüiça e de Salsicha. Diário Oficial da União, Brasília, seção 1, p.6-10, 2000. BRESSAN, M. C. 2004. Produtos cárneos curados e defumados. GL- LABORATORIESWORLDWIDE. Guia completo para sistemas de cobertura. Guarulhos, Ed. do Autor,41 p.2002. CENCI, D. F. 2013. Estudo de influência de variáveis do processo emulsificação de mortadela de frango . GALINA, E.P. Desenvolvimento de presunto cozido com redução de sódio. Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. Erechim - RS, 2014. OLIVEIRA, Bruno Augusto. Avaliação e monitoramento da produção da linguiça toscana. Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba, 2010.
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