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SUBJETIVIDADES PÓS-MODERNAS – AULA 4 Profa. Carolina Chaves Ferro PÓS-MODERNIDADE E SUBJETIVIDADE • Nosso tempo se define pela ausência de sentido. • Pós-modernidade como momento de Instabilidade. • Seria a pós modernidade o fim dos valores universais, das totalizações representativas e da confirmação de uma nova potência coletiva? • Ou será o despedaçamento do sentido, fragmentando qualquer tentativa de construção social e política, lugar de um não sentido que afunda continuamente, uma destruição perpétua? FREDRIC JAMESON (PÓS-MODERNIDADE: A LÓGICA CULTURAL DO CAPITALISMO TARDIO, 1991) • Pós-modernidade como lógica cultural do capitalismo tardio. • Reivindica uma leitura dialética de nossos tempos (uma leitura marxista capaz de apreender o capitalismo atual como uma totalidade). • Pós-modernidade entendida como ideologia das diferenças, do hibridismo e do simulacro. FREDRIC JAMESON • Para identificarmos saídas para a sociedade capitalista pós- moderna é preciso utilizar-se do poder da abstração, sair do concreto. Do contrário, não conseguiremos pensar alternativas. • SUJEITO PÓS-MODERNO: É o que pretende, através da crítica do individualismo burguês, ter superado o caráter centralizador e unificante do “eu”. FREDRIC JAMESON • A nova subjetividade é engajada em jogos de diferenças flexíveis, celebrando o fim das identidades estáveis, tidas como opressoras. Ex: identidade proletária, identidade burguesa. • Jameson diz que essa subjetividade é esquizofrênica, apontando que a flexibilização pós-moderna deve ser compreendida através do recalque do problema da totalidade. Ou seja, da incapacidade de relacionar o individual ao coletivo. FREDRIC JAMESON • O jogo das diferenças entra em contradição com a unificação realizada pelo mercado global, servindo mesmo para intensifica-la, pois o repúdio a pensar a totalização permite a abertura completa da subjetividade para a mercantilização generalizada. Ex: Determinados grupos consomem produtos que os diferenciam de outros grupos. • A subjetividade pós moderna não pode ser múltipla porque ela é capitalista. FREDRIC JAMESON • A multiplicidade das subjetividades serve para intensificar a dominação do capitalismo. • Proposta do autor: reintrodução, no debate contemporâneo, das categorias pretensamente superadas do individual e do coletivo, da relação contraditória e dialética (retorno à discussão de classes sociais e não grupos). DAVID HARVEY (A CONDIÇÃO DA PÓS MODERNIDADE, 1989) • Procura compreender a pós-modernidade e os novos modelos subjetivos que emergiram a partir do final dos anos 60 e começo dos anos 70 através das transformações econômicas da época, já que a ascensão do pós modernismo reflete uma mudança na maneira de operação do capitalismo em nossos dias. DAVID HARVEY • Rejeita a “atividade de mascaramento e dissimulação, todos os fetichismos de localidade, de lugar ou de grupo social”, que associa ao pós- modernismo. • As novas subjetividades, ao pregar a flexibilidade e liberdade subjetivas e celebrar a diferença, torna-se cego à inédita mercantilização da vida, e mesmo colabora para a expansão do capital, observada a partir dos anos 70. DAVID HARVEY • O capitalismo é um sistema que homogeniza o campo social, mas assim o faz através da produção de diferenças, de sua capacidade de fabricar (não apenas mercadorias), mas também subjetividades consumidoras de que o mercado necessita para expandir-se. • Na acumulação flexível (da economia atual), as reivindicações trabalhistas são abafadas através da flexibilização e precarização do trabalho. DAVID HARVEY • Os Estados, privados de sua força regulamentadora e previdenciária, inclinam- se à política neoliberal, comprometida em criar um “clima favorável aos negócios, e, portanto, otimizar as condições para a acumulação capitalista, não importando as consequências para o emprego e o bem estar social. • Mudança de uma economia fordista-keynesiana (onde as pessoas ganham poder aquisitivo e tem os mesmos anseios de consumo) para uma economia de acumulação flexível que expande o mercado devido à necessidade de aumento dos lucros do capitalista. DAVID HARVEY • Principais transformações à partir da década de 70: desenvolvimento tecnológico, crescente demanda por flexibilidade geográfica e temporal do trabalhador, precarização dos contratos laborais, o ocaso do Estado previdenciário e a emergência de governos neoliberais e a progressiva dissolução do poder sindical. • A subjetividade múltipla pós-moderna permite a mobilidade requerida para postos de trabalho cada vez mais precários, a expansão dos territórios abrangidos pelo capital, como o comportamento, a sexualidade, a própria sociabilidade do homem e o individualismo generalizado com a consequente dissolução dos laços coletivos, como o dos sindicatos. Ex: Já viram discussão sobre as relações trabalhistas serem discutidas entre empregado e patrão e não baseada em leis que servem para todos? DAVID HARVEY • Harvey não condena completamente o discurso pós-moderno. Ele pretende incluir no debate o sistema capitalista que, como sistema totalizante, é agente de contínua homogeneização das diferenças celebradas pelas teorias pós- modernas. • O papel da crítica não pode, portanto, ser reduzido a lutas locais, dispersas pelo campo social, como às dos homossexuais, das mulheres, dos negros, etc. • É necessário que as lutas se articulem numa totalidade, num novo sentido de coletividade, pois só superando seu isolamento elas poderão provocar transformações na homogeneização perpetrada pelo mercado. JEAN BAUDRILLARD (PARA UMA CRÍTICA DA ECONOMIA POLÍTICA DO SIGNO, 1995) • A subjetividade contemporânea é condicionada pela progressiva falência da função simbólica (a ordem cultural, a tradição, a história). • A subjetividade torna-se consumidora passiva de mercadorias fantasmagóricas que não possuem qualquer relação com algum valor de uso, mas que produzem mil diferenciações na subjetividade consumista. Ex: produtos que compramos e que não possuem função prática. JEAN BAUDRILLARD • Vivemos uma sociedade cuja moral é o “direito natural à abundância”, chamada por Baudrillard de “Fun Morality”. • Nunca existe satisfação completa. O consumo passa a ser eterno e insaciável círculo vicioso. • A sociedade capitalista produz a crença subjetiva de satisfação absoluta. Sendo assim, a satisfação plena torna-se mais do que simplesmente possível. Torna-se um dever, uma obrigação. JEAN BAUDRILLARD • Os objetos de consumo trazem uma satisfação temporária. • O capitalismo pós-moderno, ao produzir na subjetividade a promessa de satisfação absoluta vinculada ao consumo de mercadorias e signos, recai num equívoco fundamental: falsifica a imagem do desejo humano, apresentando-o como absolutamente positivo. • O capitalismo pós-moderno, ao negar este núcleo de negatividade, constrói uma moral de hiper-atividade e hiper-consumo. Moral incapaz de provocar transformações reais no mundo. JEAN BAUDRILLARD • Sintoma depressivo ou violento – quando as pessoas recebem um não dentro de uma sociedade, tendo em vista que o capitalismo moderno diz a você que o não pode não existir. • É necessário revelar o vazio constituinte dessa ordem de que a pessoa é capaz de tudo, para que a subjetividade possa engajar-se num processo de transformação real. SLAVOJ ZIZEK (VIVENDO NO FIM DOS TEMPOS, 2012) • Pensa o capitalismo como um sistema que impede o encontro da subjetividade com o núcleo traumático, a negatividade pura. • O sujeito é um vazio constitutivo, vazio que é fonte para qualquer transformação real, mas que a presença das aparências vem preencher de forma ilusória, adiando o encontro com a realidade irrepresentável do trauma. SLAVOJ ZIZEK • A característica fundamental da sociedade de hoje é o antagonismo inconciliável entra a Totalidade e o indivíduo. • O particularnão necessita mais identificar-se perante um “outro” que sanciona (limita) sua posição subjetiva. Ex: eu não preciso me identificar com um proletário braçal. • Se o “Outro” não existe, tudo se torna, aparentemente permitido. SLAVOJ ZIZEK • Os sujeitos se sentem na obrigação de se divertir, de curtir a vida como se isso fosse uma espécie de dever e, consequentemente, se sentem culpados quando não são felizes. • Zizek critica o discurso de uma revolução não violenta/traumática, que não seja confrontada, devido à importância do trauma para o sujeito se transformar. ZYGMUNT BAUMAN (MODERNIDADE LÍQUIDA, 2000) • Adentramos uma nova “modernidade líquida”, que tem como principal característica a fluidez e a contingência, tanto de mercadorias, como de relações humanas e instituições. • Nada na sociedade pós-moderna é feito para durar, pois quando algo dura, o capitalismo perde seu lucro. • Principais sintomas da modernidade líquida: hibridez, leveza e ausência de vínculos estáveis. ZYGMUNT BAUMAN • Bauman liga esses sintomas a um poder coercitivo (o capitalismo) que, contraditoriamente sustenta negar qualquer coerção. • Falsa sensação de que a escolha dos homens é livre e individual (gosto não se discute). • É preciso retomar esses laços mais fortes que unem os homens para que haja transformação social da realidade. FIM FIM
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